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Sem título-4 - Visão Judaica

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VISÃO JUDAICA • outubro de 2007 • Chesvan / Kislev • 5768Liturgia teocrática, ideologia niilista17Pilar Rahola *ode existir um niilismode talho teocrático?<strong>Sem</strong> dúvida é um autênticooximoro, comnotáveis méritos para fazerparte dos grandes opostos dalinguagem. Pareceria que a exaltaçãoaté o paroxismo da transcendênciaespiritual, não podedesembocar no nada absoluto,como se tentássemos juntar SantaTeresa de Jesus e Nietzsche, epretendêssemos não afundar naintenção. O filósofo alemão gostavade dizer que vivia no abismopermanente e, em troca, osgrandes místicos, asseguram viverna plenitude. É, talvez, a plenitudeespiritual uma outra formade abismo? Seja como for, nãopareceria fácil juntar ambas asconstruções mentais se não fossepelo fato, de que sobre a filosofiaestá a realidade, e esta sempresupera as expectativas. Hoje,o fenômeno ideológico mais sério,mais trágico, mais perigosoO LEITORESCREVEArtigo daprofessora JanePrezada Jane,Caros amigos do <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>:Parabéns pelo artigo da professoraJane Bichmacher de Glasman, que realmenteinovou! Adorei a questão donunca começar do zero, uma nova visãoque eu ainda não havia ouvido,nem lido a respeito.E parabéns também ao jornal peladivulgação do valioso artigo.Gmar Tov a todos!Marcos SusskindSão Paulo – SPHebron judaicaSenhores redatores:É com muita satisfação que tenhoo prazer de cumprimentá-los pela publicaçãodo brilhante artigo “Os eternosvínculos judaicos com Hebron”.A história ali contada renova nossoespírito e amor pelo lugar, tão sagradoao povo judeu, que durantemilênios nos foi roubado. É com ocoração entristecido que recordo oe, sem dúvida, mais letal que atuano mundo, encontrou a fórmula parasomar o amor a D-us com o amor anada, e a partir do nada, considerarque a vida não tem outro valor queo valor de tirá-la. Os guerreiros doislamismo jihadista, treinados numacultura de ódio e morte, são niilistasde manual, autênticas encarnaçõesdo vazio absoluto e, no entanto,sua linguagem, sua liturgia, seucenário é, todo ele, religioso. Emcerto sentido são os anti-heróis dohomem que Albert Camus procuravaem Os justos, que não duvidam comoduvidava seu personagem Kaliayev,mas como êmulos de Stepan, matame morrem sem nenhuma fratura interna.<strong>Sem</strong> pergunta alguma. <strong>Sem</strong>alma. Certamente, trata-se de umasocialização da morte como paradigma,e só a partir dessa socialização,se pode entender a essência do fenômenoe se pode calibrar sua enormedimensão.Nestes últimos meses, algunscolegas, que até agora consideravampessoas que escrevem, e interessadasno jihadismo islâmico háfato de que até 1967, quando acidade era ocupada pelos jordanianos,era terminantementeproibido que algum judeu dela seaproximasse, assim como por séculos,a nós foi negada a possibilidadede orar na Caverna deMachpelach, onde estão sepultadosnossos principais patriarcase matriarcas. Parabéns por nosproporcionar esse belo artigo.David M. AizenSão Paulo - SPDo começo ao fimAmigos editores:Quero dizer que adoro o jornal etodos os artigos são motivo de satisfação.Acho que todos os elogios sãopoucos. Espero com ansiedade achegada de um novo número equando ele chega, leio todos osartigos do começo ao fim.Vocês estão de parabéns!Edith BlumembergCuritiba - PRPara escrever ao jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>basta passar um fax pelo telefone: 0**41 3018-8018ou um e-mail para visaojudaica@visaojudaica.com.branos, como uns demagogos, ou unsalarmistas sem fundamento, ou talvezdiretamente agentes infiltradosdo Mossad — como esses vendedoresde santos de Olot 1 , que PereCalders assegurava que eram espiõesjaponeses —, estes notáveiscolegas acabam de ver a luz e descobrira ameaça. E qual cogumelosdepois da chuva, aparecem sob asárvores e enchem os microfones desisudas explicações que, dando-as,conseguem dar todas as respostasque alguns de nós levaram anos procurando.Para problemas complexos,soluções simples, diz o catecismo dobom populista, e deve ser um catecismomuito lido nas cátedras universitárias.Porque se o jihadismofosse explicado com os argumentosque ouvi estes dias até à saciedade,especialmente na boca dos intelectuaisorgânicos do progressismo, acoisa seria de rir, enquanto choramosde pena. De entrada, e como erade se esperar, parece que o terrorismoislâmico não é mais que uma reaçãoviolenta ao imperialismo ianque,que certamente é o responsável portodos os males que envolvem o mundoislâmico. Ao mesmo tempo, o islãnão é culpado de nada, só de sofrerdurante décadas e finalmente sublevar-se.Todo o enfoque perverso nascedo Ocidente, e todo o vitimalismopaternalista se aplica ao Oriente,com a clássica visão beneméritapara com o terceiro mundo de Quicoo progressista. Projetada a visão maniqueísta,o planeta divide-se entreas responsabilidades americanas, alassidão européia, que vive sem vivernela, e os pobres países do islã.Certamente, explica-se o fenômenoem termos de pobreza, marginalizaçãoe desespero. Assim enquadram ossuicidas do Hamas palestino, os adolescentestreinados nos campos doHezbolá, os iraquianos degoladoresde pessoas e até os suicidas que aparecempelo sudeste asiático. Tratasede esboçar partes tópicas para organizarum quebra-cabeça que nãorompa nenhum dos esquemas da correçãopolítica. Bem. Como estou aquipara incomodar, e tenho a mania deanalisar a questão desde há décadas,me permitirei alguns matizes sensivelmentecorretores do dogma progressistasobre o jihadismo. Primeiro,o fenômeno, como ideologia demassas em sua versão moderna, nascena década de 1920 na Universidadedo Cairo, quando nem existiaIsrael, nem os Estados Unidos pintavamnada. Os grandes ideólogosforam condenados à morte logo emseguida, mas seus seguidores, egíp-cios e sírios em sua maioria, distribuíram-sepela Europa e foram acolhidos porbelos países como a Suíça e a Inglaterra,que viam neles uma clara oposiçãoaos regimes de estilo soviético. Logoreceberam dezenas de milhões de dólaresdos Emiratos e da Arábia, e sua atividade,sua logística, seus centros deestudos, seus mitos e toda a parafernáliado fundamentalismo islâmico cresceramcom extraordinária rapidez, portodo o âmbito mulçulmano. Quando, em2001, à raiz do 11 de Setembro, foramcongelados os fundos que financiavamo fenômeno a partir da Europa, os bancosislâmicos implicados tinham décadasde atividade. Não há espaço nesteartigo, para recordar o que significou aguerra fria, mas não se pode explicar ofundamentalismo islâmico sem falar daUnião Soviética. Ou sem falar do terrorismoiraniano, que matou dezenas depessoas na Argentina. Ou sem falar dopapel das ditaduras do petrodólar, ativasno financiamento de uma visão extremistado islã. Quando, na Palestina,começaram a doutrinar crianças para amorte, nas colônias de férias financiadaspelo Irã e, em seu momento, o Iraque,ninguém quis ver o fenômenocomo o que era: a derivação palestinado niilismo extremista, um niilismo quesuperava a idéia de um Estado palestino,para abraçar diretamente a repúblicaislâmica. E tivemos Bali, Beslam,Quênia, Turquia, centenas demortes até chegar ao primeiro atentadona Europa, Madrid, 11 de Março.Pelo caminho, Bush cometeu o graveerro de perpetrar uma guerra inútil.Mas para chegar a Atocha, o fenômenohavia atravessado mares e tinha seglobalizado. Em resumo acelerado: nãoé uma ideologia de pobres, mas profusamentefinanciada. Não é uma ideologiados marginalizados, ainda queuse a marginalização como munição.Não é uma ideologia libertadora, senãotudo ao contrário: seu objetivo éo domínio integral do ser humano. Nãopretende libertar povos, mas criar umaúnica Umma muçulmana. E, ainda queseja difícil de digerir, não nasce da maldadeamericana, porém muito antes, deum olhar regressivo, medieval e furibundamenteantilibertário do próprio islã.Usa os erros do Ocidente, mas nasce deseus próprios monstros. Tudo isso, emais, interage no fenômeno, e sem entendera complexidade de décadas, asúnicas coisas que conseguiremos serãoalgumas partos mentais, desses que caemtão bem nas tertúlias progressistas, simpáticas,politicamente corretas e totalmenteinúteis.Nota:1 Olot — Cidade capital da comarca deGarrocha, especialmente conhecida porseus atrativos de interesse natural.* Pilar Rahola éconhecida jornalista,escritora e temprograma na televisãoespanhola. Foi viceprefeitade Barcelona,deputada noParlamento Europeu edeputada noParlamento espanhol.Publicado no jornal LaNación, de BuenosAires. Tradução: SzyjaSorber.

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