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Sem título-4 - Visão Judaica

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12Cristián, o guiaturístico: judeu chilenoque vive em OsloVista do interior daSinagoga Dohány, emBudapestVISÃO JUDAICA • outubro de 2007 • Chesvan / Kislev • 5768Sara Schulman *stou voltando de um passeioturístico extremamentesignificativo, emque assumi como objetivoprincipal nas horas livresdas excursões, visitaras sinagogas existentes naquelespaíses que fazem parte da comunidadeeuropéia e que hoje, finalmente,estão livres do tacão soviéticoe do nazismo.Minha primeira visita foi à Sinagoga.Dohány, de Budapest. Orientadapelo guia da excursão, Cristián,cheguei à Sinagoga num fim detarde do mês de setembro, dias antesdo Rosh Hashaná, quando já estavafazendo frio na Europa, começodo outono.Cristián, como o nome induz aacreditar, num primeiro momento,pensei ser cristão, para logo em seguidadescobrir que era judeu; jovemnão muito alto, moreno, de seustrinta e poucos anos, chileno, fala alíngua do paísque estávamosvisitando, etambém o russo,checo, finlandês,sueco,inglês, hebraico,alémdo espanhol –me explicaque, em mui-Nahum Sirotsky *O Hamas pressiona países árabespara não participarem da ConferênciaInternacional convocada pelopresidente dos Estados Unidos GeorgeW. Bush. Será em novembro próximo.O Hezbolá, a maior força militarno Líbano, também.O Hezbolá é da seita xiita, minoritáriaentre muçulmanos, mas fortena região.O Hamas, sunita, tem em seuprograma a destruição do Estado deIsrael. Ambos são reconhecidamenteapoiados pelo Irã, cujo presidenteassume o mesmo objetivo em todosos seus discursos. A tese de dois estados,um judeu e outro palestino,um ao lado do outro, é defendidapelos israelenses, Estados Unidos,União Européia, Rússia e NaçõesUnidas. A tese do Quarteto. Em termos,a mesma que foi aprovada em1947 na Partilha da Palestina emdois países e jamais aplicada. E ainternacionalização de Jerusalém doslugares santos. Hipótese que os gruposfundamentalistas, como Hamas,Hezbolá, Al Qaeda, xiitas iranianos eetc., rejeitam.Num exame frio das circunstânciassó se pode concluir que, ou secaminha para os dois estados comoViagem ao Leste Europeutas ocasiões e ainda agora, quer trocaro seu nome, dado por sua mãenuma época de medo por causa darepressão no Chile, no tempo de Pinochet.O endereço particular deCristián é em Oslo, na Finlândia, ondereside com uma companheira israelense,bióloga, especializada em biologiamolecular, assunto sobre o qualdá aulas na Universidade de Oslo.Mas, vejam, o surpreendente de todaessa história! Foi o seguinte:Quando pedi a Cristián orientaçãopara chegar à Sinagoga Dohánye ele se revelou um judeu, me apresenteicom meu nome e com a cidadeonde vivo, Curitiba, no Brasil. Porum momento, Cristián ficou pensativoe então disse: “Curitiba? Não éa cidade que tem um jornal chamado<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>?” Foi minha vez deficar silenciosa, surpresa, e por uminstante fiquei desorientada; pergunteientão: “Como é que você sabesobre esse jornal”?— Ah, o <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>? — elerespondeu: “eu acompanho pela internet.Quero saber o que pensam osjudeus do outro lado do mundo”.Que tal, meus amigos? Estão surpresos,como eu fiquei?A explicação do Cristián é a seguinte:A maior parte das sinagogas naEuropa são ortodoxas e muito poucassão liberais. Os mais jovens queremque isso se modifique, eles sentemnecessidade de se abrir para oA fachada da Sinagoga Dohány, tesouro daarquitetura húngararesto do mundo e se organizam emgrupos que têm idéias mais liberais.Cristián faz parte de um desses grupos,que é encabeçado por um brasileiro,Carlito (cujo site éwww.shirhatzafon.dk, da Dinamarca).Acompanha pela Internet? — pensoeu — muito bem, vamos ver como éisso, viajando o tempo todo. MasCristián corresponde: durante todaa nossa viagem, em Budapest, Praga,Moscou, St. Petersburgo, Helsinkie Estocolmo – nos intervalos dasexcursões, vejo Cristián no computador,no hall dos hotéis em que ficamoshospedados.O Hamas espera IsraelExcelente guia, profissional, simpático,muito bem organizado, metódico,atencioso. E culto. Em conversa,me confessa que pretende fundarsua própria companhia de excursõespela Europa. Sugiro então, queorganize, em sua futura companhia,programas de visitas às sinagogas; eele me responde que não há muitopúblico para isso. Penso comigo:como é possível? Não sou ortodoxa,muito pelo contrário; no entanto,estar nessas sinagogas tão antigas —é verdade, são pobres comparadas àsigrejas católicas que visitamos naquelespaíses, - mas que contam a históriade nossos irmãos e da vida queviveram por lá, desde tempos imemoriais;paredes que contam da vida dodia-a-dia, das comemorações, dasemoções dos dias pungentes, de afliçãoe oração; das alegrias dos diasde festa; do Golem – linda estória. Edo medo, das perseguições do comunismo,do anti-semitismo, - tudo issome ocorre nessas visitas, e me faz sentirser um como eles, junto a eles, eu- um pontinho insignificante – masum elo de uma corrente eterna; eu -irmanada a esses judeus do mundo,como não sinto com mais ninguém.* Sara Schulman é farmacêuticabioquímica,presidente do InstitutoCultural Judaico BrasileiroBernardo Schulman, que fundouem 1988 e colaboradoradeste jornal.solução do conflito, ou se ingressanuma etapa de conflitos armadoscom forte atuação dos grupos insurgentese guerrilheiros namais perigosa das guerras.Tais grupos podem chegar a disporde armas químicas, biológicas enucleares. A chamada guerra assimétrica,nas quais as forças de estadossão limitadas pela lei internacionaise a opinião pública, mas que forçasnão sendo reconhecidas como legaisnão precisam considerar tais fatoresem sua estratégia. Os chamados terroristasnão foram derrotados porforça alguma até agora. Iraque e Afeganistão,Al Qaeda, são apenas oscasos mais conhecidos.O Hamas quer evitar a realizaçãoda Conferência Internacional, poisinclui o risco de acordo que leve auma paz entre israelenses e palestinos,a aplicação da tese dos doispaíses, a inviabilidade final da teseoposta, de um só país palestino noqual poderia ser aceita uma minoriajudaica como de outras crenças nãoislâmicas.Assim são todos os paísesdo Oriente Médio, todos incluemminorias étnicas e religiosas. Não sãopaíses de uma só nação, são de povosdiversos.A Conferência Internacional, cujosucesso ainda está longe de ser asseguradopela relativa moderaçãodas respostas militares aos diáriosataques de mísseis vindos de Gaza,inclusive os de mais longo alcance,conclui-se que Israel prefere o confrontopolítico da Conferência Internacionalàs conseqüências deuma invasão da Faixa de Gaza paratentar neutralizar as fontes dos mísseisdo Hamas.As informações que circulam emboas fontes locais sobre o queacontece em Gaza, foram confirmadaspela observação direta de JuanMiguel Muñoz, do El País, jornal espanholincluído na pequena lista dosmelhores do mundo. “Num númeroincontável de túneis subterrâneos osmilicianos do Hamas esperam a invasãode Israel”. E que “no hay quebuscar demasiado para toparse compequenos promontórios de arena queutilizan para colocar minas,granadas”. Sabe-se da existência de“dezenas de túneis” construídos depoisque Israel qualificou o Hamasde entidade inimiga. Tudo se faz naescuridão da noite, com o mínimode ruído. O contrabando de armasconfirma ele, se faz por túneis porbaixo da fronteira do Egito.Centenas dos milicianos do Hamasforam treinados nas táticas deguerrilha na Síria e Irã, gente dispostae determinada, pronta a sesacrificar. E o dinheiro vivochega pelos mesmos meios. Na guerraleva-se em conta a equação decusto/beneficio.Atacar Gaza com tropas regularese enfrentar as táticas guerrilheirasterá, sem dúvida, elevados custoshumanos de todos os lados. A guerrilha,disse Mao Tsé Tung, o líder darevolução chinesa, é como peixe dentroda água. A questão fica sendo decomo eliminar sua fonte de sobrevivência.O povo no meio do qual vive.Os sucessivos apertos militares eeconômicos de Israel não têm sidosuficientes. Não é aceitável a estados-membrosdas Nações ir muito longecom destruições. A opinião públicanão aprova como se verificou naguerra com o Hezbolá do Líbano.Israel deve ir à Conferência. Sódepois, se não houver ataque doHamas com resultados trágicos, éque virão as decisões políticas quedefinem destinos. Paz? Guerrasem quartel?* Nahum Sirotsky é jornalista,correspondente da RBS e do ÚltimoSegundo/IG em Israel. A publicaçãoexclusiva desta coluna tem aautorização do autor.

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