10Ahmadinejad naUniversidade deColumbia, usando nopescoço o lençopalestinoVISÃO JUDAICA • outubro de 2007 • Chesvan / Kislev • 5768ColumbiaO que Ahmadinejad ouviu e não gostou,mas muita gente vibrou na universidadeuando o presidente do Irã,Mahmoud Ahmadinejad foifalar na Universidade deColumbia, a convite do suplentedecano, John Coatsworth,da Escola de AssuntosPúblicos e Internacionais, daquelauniversidade de Nova York, no início datarde do dia 24 de setembro de 2007,estava muito satisfeito. Afinal, haviasido convidado para falar num país queconsidera um arquiinimigo, na ONU, noClube Nacional de Imprensa e até numadas mais importantes universidades domundo. Acostumado a dizer o que pensa,muitas vezes grosseiras ameaçasnão ouvidas desde Hitler, e mentiras arespeito dos judeus e de Israel, outrasvezes alucinações messiânicas — julga-seum predestinado em sua religião,o islamismo — em reinstituir o GrandeCalifado, o pequeno ditador de Teerã,ouviu o que não quis, e certamente nãogostou nada do que ouviu num territóriodemocrático. O autor da façanha foio corajoso Lee Bollinger, presidente daUniversidade de Columbia.Nervoso, mas tentando aparentar calmo,Ahmadinejad teve seus comentáriostraduzidos por intérprete, não respondeudiretamente a nada do que foi acusado.Negou tudo o que lhe foi dito, usou detodos os subterfúgios possíveis, fugiusempre pela tangente, mas mesmo assimuma parte da imprensa esquerdistadisse que ele se saíra bem. Reproduzimosaqui somente alguns dos trechos datranscrição original do texto que possuimais de 15 páginas, especialmente a parteem que Lee Bollinger, o presidente daColumbia o critica e o desafia a responderaos seus questionamentos. É de lavaralma ler as palavras de Bollinger quesoaram como uma chibata no lombo dotiranete do Irã, que a cada pronunciamentoameaçador contra Israel e os judeus,não ouve nenhum líder político, paísou organismo internacional censurá-lo,numa atitude de consentimento, o que otem levado repetir seus ataques, uma eoutra vez, impunemente.Bollinger, depois de começar agradecendoa todos os que possibilitaram eorganizaram o evento, disse que seupapel é o de treinar futuros líderes, eque tem um enorme trabalho a cumprir,que é o de ajudar a melhor entender acomplexa geopolítica atual. Antes defalar diretamente com o presidente doIrã, abordou alguns pontos, enfatizandoo Foro de Líderes Mundiais de 2003, umatradição há muito existente na Columbia,de servir como um foro principal paraum debate, especialmente em assuntosglobais. “Nunca se deveria pensar quesomente escutar idéias de qualquer tiposignificasse nosso endosso dessas idéiasou nossa fraqueza em resistir a essasidéias, ou ainda nossa ingenuidade sobreos reais perigos que tais idéias representem.Isso é lamentável”, observou.Aos que acreditam que este eventonunca deveria ter acontecido, que é imprópriopara uma universidade, querodizer que entendo sua perspectiva e respeitoisto como sendo razoável. Porém,também desejo dizer que é a coisa certaa fazer, são normas da liberdade de expressãoouvir os outros, normas seguidaspela Universidade Columbia.Quero ainda deixar claro que esteevento não tem nada a ver com qualquerdireito do orador, mas só com nossodireito escutar e falar. Fazemos istopara nós mesmos. E fazemos na tradiçãoda franqueza que definiu esta nação.Precisamos entender o mundo emque vivemos. Precisamos ter a coragemde confrontar a mente do mal, e preparar-separa agir com o temperamentocerto. No momento, os argumentosda liberdade de expressão parecerãonunca equivaler o potencial dos argumentoscontrários. Não podemos nosretirar de compromissos cujas idéias repugnamosou tememos. Nisto reside amente do gênio do ideal americano daliberdade de expressão. Nas universidadesnós temos o compromisso profundoe quase determinado de procurara verdade. Não temos acesso às alavancasde poder, não podemos fazerguerra ou paz, nós só podemos formarmentes, para fazer isto temos que tera maior liberdade de pensamento, expressãoe pesquisa.Agora, volto-me ao Sr. Ahmadinejad.Primeiro, sobre a repressão brutalaos estudantes, jornalistas e defensoresdos direitos humanos. Seu governolibertou durante nas últimas duas semanas,a dra. Haleh Esfandiari e ParnazAzima, e há dois dias atrás, KianTajbakhsh, um diplomado em Columbiacom um PhD em Planejamento Urbano.Mas o dr. Tajbakhsh permanece em Teerãem prisão domiciliar, e ele ainda nãosabe se será acusado de um crime oulhe será permitido deixar o país.Deixe-me dizer isto para registro.Apelo ao presidente que assegure queKian possa livremente viajar para forado Irã como ele deseja. (Aplausos). Tambémquero informar que estamos estendendoum convite a Kian para quese junte à nossa faculdade como professorvisitante em Planejamento Urbanoaqui em seu alma mater na EscolaSuperior de Arquitetura, Planejamentoe Preservação, e nós esperamos que elepossa unir-se a nós no semestre quevem. (Aplausos).A apreensão e prisão destes americanosiranianos sem nenhuma boa razão,não só é injustificada, como correcompletamente contra os mesmos valoresque permitem ao orador de hojevir aqui neste campus. Mas, pelo menoseles estão vivos.De acordo com Anistia Internacional210 pessoas foram executadas aolongo deste ano até agora no Irã, 21delas só na manhã de 5 de setembro.Este total inclui duas crianças, e atéprova em contrário, como afirma o HumanRights Watch (Organização Internacionalde Direitos Humanos), o Irã liderano mundo a execução de crianças.Há mais. O Irã enforcou mais de 30pessoas entre julho e agosto durante umarepressão contra a criação de uma sociedademais democrática. Muitas destasexecuções foram levadas a cabo às vistado público, em flagrante violação da ConvençãoInternacional de Direitos Civis ePolíticos da qual o Irã faz parte. Essasexecuções, e outras, coincidiram comuma perseguição aos ativistas estudantese acadêmicos, acusados de tentarfomentar uma chamada revolução-soft.Houve encarceramento de estudantes eacadêmicos foram forçados a se aposentar.Como a dra. Esfandiari disse então,numa entrevista divulgada após sualibertação, ela ficou presa numa solitáriadurante 105 dias porque o governoacredita que os EUA estejam planejandouma revolução de veludo no Irã.No ano passado aprendemos algosobre as revoluções de veludo, por VaclavHavel nesta mesma sala, e ouviremosprovavelmente o mesmo da nossaoradora no Foro de Líderes Mundiais hojeà noite, a presidente Michelle Bachelet,do Chile. Ambos, por suas extraordináriashistórias, nos lembram que nãoexistem suficientes prisões para deteruma sociedade inteira que quer a liberdadede alcançá-la.Nesta universidade não fomos tímidosem protestar e desafiar — e o desafioaos fracassos do nosso próprio governopara viver pelos nossos valores, e nósnão seremos tímidos em criticar o seu(referindo-se a Ahmadinejad). Então, sejamos,no princípio, bem claros. SenhorPresidente. Você exibe todos os sinais deum ditador insignificante e cruel. Sendoassim, eu pergunto — (aplausos) — eulhe pergunto, por que há mulheres, membrosda fé Baha’i, homossexuais e tantosde nossos colegas acadêmicos alvos deperseguição em seu país? Por que, numacarta, na semana passada, ao secretário-geralda ONU, Akbar Ganji, o líder dosdissidentes políticos do Irã, e assinadapor mais de 300 conhecidos intelectuais,escritores e laureados com Prêmio Nobel,é expressa a séria preocupação deque sua inflamada disputa nuclear como Ocidente está distraindo a atenção domundo das condições intoleráveis em seuregime no Irã, em particular o uso da leide imprensa para proibir os escritoresde criticar o sistema governante? Por quevocê tem tanto medo de que cidadãosiranianos expressem suas opiniões sobremudanças?Em nosso país, você é entrevistadopor nossa imprensa e pediu falar aquihoje. Eu proponho que mais tarde mepermita levar uma delegação de estudantesda Universidade de Columbiapara falar em suas universidades sobreliberdade de expressão com a mesmaliberdade que nós lhe damos aqui ehoje. (Aplausos).Segundo, a negação do Holocausto.Em dezembro de 2005 num programa daTV estatal, você descreveu o Holocaustocomo “uma lenda fabricada”. Um anodepois, patrocinou a conferência de negadoresdo Holocausto. Para o analfabetoe o ignorante, esta é uma propagandaperigosa.Quando vem a um lugar como este,isto faz de você, simplesmente, um ridículo.Você é apenas um provocadordescarado ou alguém espantosamenteignorante. Deveria saber — (aplausos)— por favor — você deveria saber quea Columbia é o centro mundial de estudosjudaicos — nós somos um centromundial, e agora parceiros do Institutode Estudos de Holocausto.Desde os anos 30, provemos um larintelectual aos incontáveis refugiados esobreviventes do Holocausto, bem comoaos seus filhos e netos. A verdade é queo Holocausto é o evento mais bem documentadoda história humana. Por causadisto, e por muitas outras razões, seusabsurdos comentários acerca do debatedo Holocausto, desafiando a verdade histórica,fazem tudo para que continuemostemendo a capacidade humana parao mal, ocluindo nossa memória. Você vaiparar com esta afronta?A destruição de Israel. Você tem ditoque o Estado de Israel não pode continuara existir. E ecoou isto em váriasdeclarações inflamadas que tem feitonos últimos dois anos, incluindo a deoutubro de 2005, quando disse que Israeldeveria “ser apagado o mapa”. AUniversidade de Columbia tem mais de800 diplomados que moram atualmenteem Israel. Como instituição, nós temosligações profundas com nossos colegasde lá. Falei pessoalmente que soucontrário ao boicote estudantes e acadêmicosisraelenses nas universidades,dizendo que tal boicote pode acabar incluindoa Columbia. (Aplausos).Mais de 400 — vejam bem, mais de400 — mais de 400 presidentes de faculdadese universidades deste país sejuntaram à minha declaração. Minhapergunta então é: Você planeja nos apagartambém do mapa? (Aplausos).Financiando o terrorismo. De acordocom relatórios do Conselho de RelaçõesExteriores, é bem-documentadoque o Irã patrocina o terror, que financiagrupos violentos como o Hezbolá libanês,que o Irã ajudou a organizar nosanos 80, o Hamas palestino e o JihadIslâmico palestinos. Enquanto seu governoantecessor foi fundamental emproporcionar aos EUA inteligência eapoio de base na campanha de 2001contra o Talibã no Afeganistão, seugoverno está minando tropas americanasno Iraque, ao armar e prover trânsitoseguro aos líderes insurgentes comoMuqtada al-Sadr e suas forças. Há váriosrelatórios indicando que seu governo seune aos esforços da Síria para desestabilizaro hesitante governo libanês naviolência e no assassinato de políticos.Minha pergunta é: Por que apóia asbem-conhecidas organizações terroristasque continuam golpeando a paz e ademocracia no Oriente Médio, ao mesmotempo em que destroem vidas e asociedade civil da região?
A guerra por procuração contra astropas americanas no Iraque. Numa entrevistaespecífica no Clube Nacional deImprensa, dias atrás ainda este mês, ogeneral David Petraeus informou sobrearmamento proveniente do Irã, incluindofoguetes de 240 mm e projéteis explosivos,estão contribuindo, para “umasofisticação dos ataques que não seriampossíveis sem o apoio iraniano”. Váriosdiplomados em Columbia e estudantesatualmente encontram-se entre os valentesdo nosso exército que está servindoou serviu no Iraque e no Afeganistão.Eles, como outros americanos comfilhos, filhas, pais, maridos e esposasque servem em combate, vêem o seugoverno justamente como um inimigo.Você pode nos dizer, e dizer a eles,por que o Irã está lutando uma guerrapor procuração no Iraque, armando amilícia xiita e pretendendo matar soldadosnorte-americanos?E finalmente, o programa nuclear doIrã e as sanções internacionais: Estasemana, nas Nações Unidas, o Conselhode Segurança está estudando se ampliaas sanções pela terceira vez, por causada recusa de seu governo em suspenderseu programa de enriquecimento de urânio.O senhor continua desafiando esteorganismo mundial, reivindicando o direitode desenvolver energia nuclearpacífica, mas isto não resiste um mínimoquando você continua fazendo ameaçasmilitares a vizinhos. <strong>Sem</strong>ana passada,o presidente francês Sarkozy claramenteperdeu a paciência gasta comsuas manobras táticas, e a até a Rússiae a China mostram preocupação.Por que seu país continua se recusandoa aderir aos padrões internacionaispara verificação de armas nucleares,em desafio aos acordos que vocêfez com a agência nuclear da ONU? Epor que você escolheu fazer das pessoasde seu país vítimas dos efeitos dassanções econômicas internacionais, eameaça engolfar o mundo numa aniquilaçãonuclear? (Aplausos).Deixe-me terminar com um comentário.Francamente, eu concluo, senhorpresidente, duvidando que você tenhacoragem intelectual para responder a estasperguntas. Mas evitar respondê-lasvão por si próprias ser significantes paranós. Espero que exiba a mentalidade fanáticaque caracteriza tanto do que vocêdiz e faz. Fui alertado por peritos emseu país que isso arruinaria sua posiçãono futuro no Irã, que tem muitas pessoasgenerosas e inteligentes lá.Há um ano atrás — e falo com confiança— suas absurdas e agressivas declaraçõesneste país, durante reunião doConselho das Relações Exteriores, cidadãosiranianos tão sensatos quanto envergonhados,fizeram com que isso levasseà derrota o seu partido nas eleiçõesmajoritárias de dezembro. Que istopossa se repetir mais. (Aplausos).Sou só um professor que também éum presidente de uma universidade.E hoje sinto todo o peso da ânsiada moderna civilização mundial em expressara repulsa pelo que sente. Eu sódesejo que se faça o melhor. Obrigado.(Vivas e longos aplausos).MENTIRAS E SUBTERFÚGIOSDepois o presidente da Repúblicaislâmica de Irã, Mahmoud Ahmadinejad,iniciou, o intérprete declarou queele estava recitando versos do Alcorãoem árabe. (Não foi traduzido).“Decano distinto, queridos professorese estudantes, senhoras e senhores.Ao iniciar, gostaria de estenderminhas saudações a todos vocês. Agradeçoao Todo-Poderoso por me proporcionara oportunidade de estar num ambienteacadêmico, onde se busca averdade e se esforça para promover aciência e o conhecimento.Quero reclamar um pouco da pessoaque leu essa declaração políticacontra mim. No Irã, a tradição exigeque quando alguém é convidado, nós arespeitemos e a ouçamos antes de fazerum julgamento dela.Penso a leitura do texto pelo cavalheiroaqui, a mim dirigido é um insulto.Numa universidade, temos que permitirque as pessoas falem permitindo que omundo conheça a verdade por inteira.Certamente ele levou mais tempo do queo reservado para que eu fale.Em muitas partes de sua fala, houvemuitos insultos e colocações incorretas.Claro que, tudo isso é influenciadopela mídia do tipo político de linhapopular. No entanto, eu não deveriacomeçar sendo influenciado por estetratamento hostil. Aos seus questionamentosestarei satisfeito em prover respostas.Mas para um dos assuntos queele mencionou, eu precisaria elaborarmais de forma a mostrar como coisasrealmente funcionam.<strong>Sem</strong>pre que a ciência e o conhecimentosão preservados, a dignidade dosacadêmicos e pesquisadores é respeitada,e a humanidade deu grandes passospara sua a promoção material e espiritual.Em contraste, sempre que foramnegligenciados, os seres humanos viveramna escuridão e na ignorância. A naturezahumana é um presente concedidopelo Todo-Poderoso.Meus queridos amigos: Em todasas palavras e mensagens dos profetasdivinos, de Abraão a Isaac e Jacob paraDavid e Salomão, e de Moisés para Jesuse Maomé, os humanos sempre estiveramentregues à ignorância, negligência,superstições, comportamento poucoético e modos corruptos de pensarcom respeito ao conhecimento e umcaminho à luz e a ética legítima. Nanossa cultura, a palavra “ciência” estevedefinida como “iluminação.” Na realidade,a “ciência” significa “brilho” e areal ciência é uma ciência que salva oser humano de ignorância e o beneficia.E continuou por longo tempo falandodos profetas, da ciência, desfiando seusmessianismo religioso, antes de entrarnas questões que lhe foram cobradas.Falou dos malfeitores que “usam todasas oportunidades para o seu próprio benefício,enganam as pessoas usando métodoscientíficos e ferramentas. Que desejamjustificar os próprios males que representam,criando os inimigos inexistentes,e tentando controlar tudo em nomedo combate ao terrorismo”. Para muitos,referia-se ao governo norte-americano ea também a Israel, ou aos judeus. Justificousua corrida para energia nuclearassim: “não querem ver o progresso deoutras sociedades e nações. Eles vêm milharesde razões, fazem alegações, adotamsanções econômicas para impedir queoutras nações se desenvolvam e avancem”.Em outro trecho declarou: “Com omonopólio procuram impedir outras naçõesde alcançar aquela tecnologia”."Eu gostaria de responder agora, adois pontos feitos na introdução sobremim, e então estarei aberto para qualquerpergunta.Há dois anos atrás, levantei duasquestões. Meu trabalho principal é professoruniversitário. Mesmo como presidentedo Irã, sou diplomado em pedagogiacom Ph.D., e ministro cursos semanalmente.Meus estudantes trabalhamcomigo em campos científicos.Assim, sou um acadêmico falando comvocês de um ponto de vista acadêmico.E levantei duas questões. Mas emvez de uma resposta, recebi uma ondade insultos e alegações contra mim, quevieram principalmente de grupos queafirmam acreditar na liberdade de expressãoe na liberdade da informação.A Palestina é uma ferida aberta quetem 60 anos de idade.Durante 60 anos deslocaram aquelaspessoas; mataram essas pessoas;diariamente durante 60 anos, há conflitoe terror; são destruídas famílias,mulheres inocentes e crianças mortascom helicópteros e aviões que arrasamas casas sobre suas cabeças; durante60 anos, crianças de jardins de infância,estudantes nas escolas secundáriassão presas e torturadas; durante60 anos a segurança no Oriente Médioestá em perigo; durante 60 anos, o slogande expansionismo do Nilo até o Eufratestem sido cantado por certos gruposnaquela parte do mundo.Como acadêmico, faço duas perguntas,os mesmos questionamentos queeu farei aqui novamente. E vocês julgarãopor si próprios se a resposta aestas perguntas deveriam ser os insultos,e todo o tipo de propaganda negativa,ou se realmente deveríamos enfrentarestas perguntas e respondê-las.Minha primeira pergunta é: “Se oHolocausto é uma realidade do nossotempo, uma história que aconteceu, porque não há pesquisa suficiente para quepossamos chegar a diferentes perspectivas?Recorre-se a 1930 como o pontoda partida para este desenvolvimento;porém, acredito que o Holocausto, doque lemos, aconteceu durante a SegundaGuerra Mundial, depois de 1930 eentre os anos 40. Assim, temos verdadeiramenteque localizar esse evento”.Minha pergunta era simples. Há pesquisadoresque querem abordar o assuntode uma perspectiva diferente. Por quesão colocados na prisão? Agora mesmohá vários acadêmicos europeus presosporque tentaram escrever sobre o Holocausto,de uma perspectiva diversa,questionando certos aspectos. Por quenão abrir todas as formas de pesquisa?Disseram-me que já há pesquisas suficientessobre o tema. E eu digo, bem, quandoo assunto é liberdade, democracia,conceitos e normas divinas, religião, físicaou química, também há muita pesquisa,mas nós ainda continuamos pesquisandoesses assuntos. Encorajamos isto.Entretanto, por que não encorajamos maispesquisa de um evento histórico que setornou a raiz, a causa de muitas catástrofesno Oriente Médio? Por que não termais pesquisas sobre isso?E minha segunda pergunta, levandoem conta que esse evento histórico sejauma realidade, precisamos ainda questionarse os palestinos deveriam estar pagandopor isto ou não. Afinal de contas,VISÃO JUDAICA • outubro de 2007 • Chesvan / Kislev • 5768aconteceu na Europa. Os palestinos nãotiveram nenhum papel nisso. Assim, porque os palestinos têm que pagar o preçode algo que não teve nada com eles?Os palestinos não cometeram nenhumcrime. Eles não desempenharamnenhum papel na Segunda Guerra Mundial.Viviam em paz com comunidadesjudaica e cristã. E não tinham nenhumproblema. Os judeus, os cristãos e osmuçulmanos também vivem hoje em diano mundo inteiro em fraternidade. Maspor que os inocentes palestinos têm quepagar o preço? 5 milhões de pessoasdeslocadas permanecem refugiados deguerra depois de 60 anos — isto não éum crime? Por que deve um acadêmicocomo eu, receber insultos quando façoperguntas assim? Isto é o que vocêschamam de liberdade e é apoiar a liberdadede pensamento?Agora, outro tema, o assunto nucleardo Irã — eu sei, há prazos, maspreciso de tempo. Eu quero falar, mastomaram muito do meu tempo.Nós somos membros da Agência deEnergia Atômica Internacional. Há maisde 33 anos que somos um país membroda AIEA. A legislação da agência dizexplicitamente que todos osestados-membros têm direitoà tecnologia pacíficade combustível nuclear.A AIEA é responsávelpelas inspeções. Somos umdos países que mantêm omais alto nível de cooperaçãocom a agência. Eles tiveramhoras, dias e semanasem nosso país. E inúmerasvezes, os relatóriosda agência indicam que asatividades do Irã são pacíficas, que elesnão descobriram nenhuma divergência,e receberam cooperação positiva do Irã.Mas, dois ou três monopolizadores dopoder, egoístas, querem se sobrepor aosiranianos e negar-lhes seu direito.Nós queremos ter o direito à energianuclear pacífica. Eles nos dizem: “nãofaça isto ou não daremos isso a você”.Bem, no passado, eu digo, tivemoscontratos com o governo norte-americano,com o governo britânico, o governofrancês, o governo alemão e ogoverno canadense na área de desenvolvimentonuclear para propósitos pacíficos.Mas unilateralmente, todos ecada um deles cancelou seus contratosconosco, e como resultado disso os iranianostiveram que pagar um custo pesadoem bilhões de dólares.Por que precisamos desse combustível?Nem mesmo nos fornecem peçasde aviões disponíveis que precisamospara a aviação, nesses últimos 28 anos,sob o nome do embargo e sanções,porque somos, por exemplo, contra osdireitos humanos ou a liberdade? Sobesse pretexto os americanos nos negamessa tecnologia?Queremos ter o direito a autodeterminaçãodo nosso futuro. Queremos serindependentes. Não interfiram conosco.Se vocês não nos fornecem peças sobressalentepara aviação civil, qual é aexpectativa que nos dariam combustívelpara desenvolvimento nuclear pacífico?(A seguir o presidente do Irã, passou aresponder perguntas do auditório. Como otexto é longo, publicaremos, numa segundaparte, na próxima edição).11Charge publicada emjornal de Nova Yorkcontrário a visita dopresidente do Irã