935 CONSIDERAÇÕES FINAISUm galo sozinho não tece uma manhã:ele precisará s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong> outros galos.De um que apanhe esse grito que ele lançoue o lance a outro; <strong>de</strong> um outro galoque apanhe o grito <strong>de</strong> um galo antese o lance a outro; e <strong>de</strong> outros galosque com muitos outros galos se cruz<strong>em</strong>os fios <strong>de</strong> sol <strong>de</strong> seus gritos <strong>de</strong> galo,para que a manhã, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> uma teia tênue,se vá tecendo, entre todos os galos.João Cabral <strong>de</strong> Melo NetoEste estudo procurou investigar <strong>de</strong> que forma a leitura literária está sendotrabalhada <strong>em</strong> uma escola <strong>de</strong> EJA <strong>em</strong> Curitiba, que práticas pedagógicas utilizam osprofessores e quais representações permeiam suas práticas cotidianas. Buscou-se umaprofundamento do t<strong>em</strong>a tendo como contraponto o olhar do aluno.Tomou-se a leitura literária enquanto prática social e Mikhail Bakhtin comoreferencial teórico. Nesse sentido, o estudo foi orientado pelos pressupostos bakhtianos<strong>de</strong> que a língua vai além <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a abstrato <strong>de</strong> formas e a linguag<strong>em</strong> seestabelece na interação entre falantes, colocando assim, <strong>em</strong> <strong>de</strong>staque o seu aspectohistórico e social.Durante o <strong>de</strong>senvolvimento da pesquisa, pô<strong>de</strong>-se verificar que as práticas <strong>de</strong>leitura literária na escola investigada pautam-se <strong>em</strong> um mo<strong>de</strong>lo tradicional com aulascentradas na figura do professor, que visam o ensino <strong>de</strong> teoria literária somada àhistória da literatura. Permeadas por datas e nomes <strong>de</strong> autores, essas práticas utilizamsedo texto literário, na maioria das vezes, somente para ex<strong>em</strong>plificar <strong>de</strong>terminadomovimento literário.Quanto ao incentivo à leitura, a gran<strong>de</strong> maioria dos educandos afirmou que osprofessores “mandam” ou “pe<strong>de</strong>m” que os alunos leiam alguma obra, po<strong>de</strong>ndo indicarque o que se faz <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula é falar “sobre” a leitura.Com relação a essa prática, pô<strong>de</strong>-se verificar junto aos estudantes que as alunasconsi<strong>de</strong>raram a leitura indicada “boa” e “útil” e são mais receptivas às solicitações <strong>de</strong>
94leitura feita pelos professores. Uma explicação possível po<strong>de</strong> estar no fato <strong>de</strong> elastrazer<strong>em</strong> consigo uma bagag<strong>em</strong> leitora mais firme que a dos estudantes do gêneromasculino, fato comprovado pela relação <strong>de</strong> obras citadas por elas, na qual aparec<strong>em</strong>nomes <strong>de</strong> nove clássicos brasileiros, enquanto apenas dois títulos <strong>de</strong> literaturabrasileira na listag<strong>em</strong> do gênero masculino. Além disso, eles argumentaram não sesentir<strong>em</strong> impelidos para esse tipo <strong>de</strong> literatura, consi<strong>de</strong>rando-a difícil e não atrativa.Embora constatada essa diferença, tanto eles quanto elas <strong>de</strong>clararam que, aoescolher um título para ler <strong>de</strong> forma in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e fora do ambiente escolar, não sesent<strong>em</strong> atraídos pelas indicações feitas pelos professores. Prefer<strong>em</strong> as escolhaspróprias, as indicadas por parentes e amigos, ou mesmo obras <strong>em</strong> <strong>de</strong>staque na mídia,ponto que v<strong>em</strong> <strong>de</strong>monstrar a força do grupo social sobre o indivíduo.Po<strong>de</strong>-se acrescentar ainda com relação à preferência leitora, o gosto das alunase dos alunos leitores pelos best sellers estrangeiros e a receptivida<strong>de</strong> da produçãointelectual <strong>de</strong> Paulo Coelho. Os alunos entrevistados e os respon<strong>de</strong>ntes dosquestionários informaram não ser prática dos professores incluir <strong>em</strong> suas aulas aexibição <strong>de</strong> minisséries inspiradas <strong>em</strong> obras literárias.Outro ponto consi<strong>de</strong>rado importante na recolha <strong>de</strong> informações é a constatação<strong>de</strong> que oito dos doze professores entrevistados ensinam leitura para <strong>de</strong>spertar o“gosto”, enten<strong>de</strong>ndo ser esta função primordial para formar leitores.Com relação às leituras literárias feitas pelos professores, esses atribuíram adificulda<strong>de</strong> <strong>em</strong> ler mais ao custo do material impresso e ao <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> conciliar ajornada <strong>de</strong> trabalho s<strong>em</strong>anal e um t<strong>em</strong>po para leitura. A maioria <strong>de</strong>les consi<strong>de</strong>ra-seleitor porque lê um texto dialogando com o autor e, por meio da leitura, consegueampliar os seus horizontes. Também associam o fato <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> leitores à freqüênciacom que lê<strong>em</strong> e ao material variado a que recorr<strong>em</strong>. Esta recolha <strong>de</strong> informaçõesevi<strong>de</strong>ncia que a maioria dos profissionais que trabalha nesta escola t<strong>em</strong> uma visão <strong>de</strong>leitor que vai além do ato mecânico <strong>de</strong>sprovido <strong>de</strong> envolvimento do leitor.Quando perguntados sobre o livro que estavam lendo, <strong>de</strong>z professores citaramtítulos <strong>de</strong> leitura literária, uma afirmou estar lendo um livro sobre prática <strong>de</strong> ensino e aoutra, um livro <strong>de</strong> auto-ajuda. Po<strong>de</strong>-se inferir, portanto, que a maioria dos professoresentrevistados, enquanto leitores, privilegiam a leitura literária. No entanto, conforme
- Page 1 and 2:
GENI ALBERINI ROTERSLEITURA LITERÁ
- Page 3 and 4:
DedicoÀ minha filha Elisa com amor
- Page 5 and 6:
à Profª Dra. Maria do Carmo Guede
- Page 7 and 8:
RESUMOEstudo sobre a leitura liter
- Page 9 and 10:
SUMÁRIO1 INTRODUÇÃO.............
- Page 11 and 12:
10consideravam mais importante nest
- Page 13 and 14:
122 TRAJETÓRIA METODOLÓGICAVocê
- Page 15 and 16:
14Outrossim, foram realizadas entre
- Page 17 and 18:
16estabelecimentos que ofertam EJA
- Page 19 and 20:
18poder que existe na sociedade da
- Page 21 and 22:
20consideração, neste sentido, a
- Page 23 and 24:
22estudantes pesquisados afirmaram
- Page 25 and 26:
243 LEITURA: UM TEMA, VÁRIOS DESDO
- Page 27 and 28:
26Dessa forma, ao embasar o ensino
- Page 29 and 30:
28desigualdades sociais e econômic
- Page 31 and 32:
30Com a leitura das respostas dos q
- Page 33 and 34:
323.2.2 Os AdultosPara Palácios (1
- Page 35 and 36:
343.2.3 Os IdososApesar da Organiza
- Page 37 and 38:
363.3 LEITURA LITERÁRIA E A RECEP
- Page 39 and 40:
38Com relação ao gênero de livro
- Page 41 and 42:
40Em geral, pôde ser observado que
- Page 43 and 44: 42Para empreender essa nova fase da
- Page 45 and 46: 44Das entrevistas elaboradas retira
- Page 47 and 48: 46Nesta questão a aluna Cristina r
- Page 49 and 50: 48Fica clara a noção de boa liter
- Page 51 and 52: 50Ou seja, uma coisa é esperar que
- Page 53 and 54: 52Mesmo em se tratando de uma pesqu
- Page 55 and 56: 54artigos que deram início a refle
- Page 57 and 58: 563.7 LEITURA LITERÁRIA E PRÁTICA
- Page 59 and 60: 58nasceu logo após a Proclamação
- Page 61 and 62: 60a Língua materna, pois o utiliza
- Page 63 and 64: 62alteridade tão caro a Bakhtin qu
- Page 65 and 66: 64são muitas, mas invariavelmente
- Page 67 and 68: 66interesse, tais como: clubes de l
- Page 69 and 70: 68GRÁFICO 06 - LOCAL DE NASCIMENTO
- Page 71 and 72: 70GRÁFICO 08 - IDADE COM QUE INICI
- Page 73 and 74: 72Aliás, o conhecimento prévio do
- Page 75 and 76: 74Fazendo críticas mais contundent
- Page 77 and 78: 76Dois professores vêem na leitura
- Page 79 and 80: 78disciplinas não se cobra que o a
- Page 81 and 82: 80Dos doze respondentes, dez consid
- Page 83 and 84: 82Já na faculdade fui muito incent
- Page 85 and 86: 84De um modo geral as aulas foram e
- Page 87 and 88: 86questionamento, a discussão e a
- Page 89 and 90: 88literária, pois, conforme aponta
- Page 91 and 92: 90Constatou-se por meio das observa
- Page 93: 92desta ou daquela época da litera
- Page 97 and 98: 96“mandam” os alunos lerem, adm
- Page 99 and 100: 98REFERÊNCIASADORNO,T. W Teoria da
- Page 101 and 102: 100FARIA, M. A. Parâmetros curricu
- Page 103 and 104: 102PALACIOS, J. O desenvolvimento a
- Page 105 and 106: 104_____________.Estética da recep
- Page 107 and 108: 106Apêndice IMestrado em Educaçã
- Page 109 and 110: 108APÊNDICE IIMestrado em Educaç
- Page 111 and 112: 110Apêndice IIIMestrado em Educaç
- Page 113 and 114: 112APÊNDICE VRoteiro para entrevis
- Page 115 and 116: 1141. FILOSOFIA E PRINCÍPIOS DIDÁ
- Page 117 and 118: 116III. Os conteúdos específicos
- Page 119 and 120: 118Para que o processo seja executa