83aluno realiza a sua condição <strong>de</strong> ser social interagindo, principalmente por meio dapalavra, pois, como <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> Bakhtin (1996 p.118), ela “é uma espécie <strong>de</strong> ponte lançadaentre mim e os outros”.Desta forma transforma-se o ato <strong>de</strong> ler <strong>em</strong> práticas que possam realmentelevar o aluno à reflexão sobre outros pontos <strong>de</strong> vista diferentes do seu, e possibilit<strong>em</strong>,principalmente, a leitura como ponto <strong>de</strong> partida para a dialogia entre professor - aluno ealuno-aluno, numa ativida<strong>de</strong> que estimule o pensar, a troca e o <strong>de</strong>bate.Amparando-se nestes pressupostos com relação à leitura literária, partiu-seentão para verificar a prática dos professores, objeto da pesquisa. Por meio dasrespostas dadas aos questionários anteriormente entregues a eles, as duas professorascujas aulas seriam objeto <strong>de</strong> observação pu<strong>de</strong>ram ser escolhidas.Após a escolha, manteve-se um contato prévio com as docentes, explicitandoquais os pontos eram objeto <strong>de</strong> interesse do trabalho e ambas se dispuseram acolaborar com a pesquisa, ministrando aulas <strong>de</strong> literatura nos dias <strong>de</strong>stinados àobservação.Seguindo o procedimento adotado na análise das entrevistas para preservaçãoda i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> das docentes participantes, igualmente utilizaram-se nomes <strong>de</strong>personagens <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis para nomeá-las. Doravante a professora da turmada manhã <strong>de</strong>nominar-se-á Marcela e a da turma da noite, Eugênia.No primeiro encontro tomou-se o cuidado <strong>de</strong> explicitar também aos alunos otrabalho <strong>de</strong>senvolvido nas observações, principalmente para se dirimir qualquer dúvidaquanto à presença estranha à ativida<strong>de</strong> cotidiana. Tanto <strong>em</strong> uma sala como <strong>em</strong> outra, arecepção ao trabalho foi favorável, chegando mesmo a pesquisadora a rever a posiçãoinicial que era <strong>de</strong> somente observar, pois foi chamada algumas vezes a opinar ouesclarecer uma ou outra questão. Em nenhuma das visitas pareceu que as professorasse mostrass<strong>em</strong> incomodadas com a presença <strong>de</strong> uma observadora, ao contrário, toda apesquisa se <strong>de</strong>u aparent<strong>em</strong>ente s<strong>em</strong> interferência ao andamento usual.Ambas, ao apresentar<strong>em</strong> a investigadora, valorizaram o trabalho perante osalunos e comentaram da importância da leitura na vida <strong>de</strong>les. Aliás, pô<strong>de</strong>-se observarque as duas docentes esforçavam-se para manter o bom relacionamento com osestudantes, ensejando um ambiente agradável e tranqüilo.
84De um modo geral as aulas foram expositivas e centradas na figura doprofessor, <strong>em</strong>bora <strong>de</strong>ixass<strong>em</strong> algum t<strong>em</strong>po para os alunos <strong>de</strong>senvolver<strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s<strong>em</strong> grupo ou individualmente. As duas professoras apresentaram domínio naorganização do contexto <strong>de</strong> aula explicitando no início <strong>de</strong> cada aula os objetivos queseriam estudados.A professora Marcela do período matutino o fazia s<strong>em</strong>pre oralmente, já aprofessora Eugênia do noturno escrevia no quadro todos os pontos a ser<strong>em</strong> abordadosna aula. Quando perguntada informalmente do porquê <strong>de</strong> explicitá-los por escrito,respon<strong>de</strong>u que os alunos costumavam atrasar-se no início das aulas <strong>de</strong>vido aotrabalho, então, <strong>de</strong>ssa forma, procurava manter ocupados os presentes, b<strong>em</strong> comoensejar àqueles que estavam atrasados copiar a matéria.A organização inicial, <strong>de</strong> acordo com Cunha (1989), foi valorizada pelos alunosquando esta pesquisou as características do bom professor e as práticas utilizadas porele <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula.Notou-se um esforço, tanto <strong>de</strong> uma quanto <strong>de</strong> outra, <strong>em</strong> manter uma aulaparticipativa. A interação entre as duas professoras e os alunos era bastante amistosa,observou-se <strong>em</strong>penho <strong>de</strong>las <strong>em</strong> aproximar<strong>em</strong>-se dos educandos, quer no modo gentil<strong>de</strong> falar, quer no interesse <strong>de</strong>monstrado por eles. Um primeiro ponto, o qual mereceu aatenção, foi o tipo <strong>de</strong> diálogo mantido pelas docentes quando da leitura <strong>de</strong> textos ou <strong>de</strong>uma explicação que <strong>de</strong>sejavam reforçar.Retiraram-se dois ex<strong>em</strong>plos para melhor elucidar este t<strong>em</strong>a. O primeiro ocorreuno período da manhã uma aula <strong>de</strong> Literatura Brasileira quando a professora Marcelaestava lendo o conto A Cartomante, <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis e perguntou para os alunos:M: Por que Rita foi à cartomante? Por quê?A1: Para ver o que estava acontecendo.M: Por quê?A2: Para saber do futuro.M: Para ver se ele ainda gostava <strong>de</strong>la!!(Notas do DC <strong>de</strong> 28/04/08)
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