Geni Alberini Roters - Programa de Pós-Graduação em Educação ...

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71“um elo em uma cadeia muito complexa de outros enunciados”, e “em toda parte temoso texto virtual ou o real e a compreensão que ele requer”.Nesta perspectiva a pesquisa nas ciências humanas então, segundo o autor,torna-se interrogação e troca, ou seja, diálogo. Ao fazer interrogações, de certa maneirao pesquisador interroga-se a si próprio e ao se interrogar organiza as observações quefez e as experiências pessoais que possui, procurando assim obter uma resposta.Os sujeitos da pesquisa, quando perguntados sobre as principais diferençasentre o ensino regular e o da EJA, apontaram a heterogeinedade dos alunos comrelação primeiramente à faixa etária e aos conhecimentos e vivência já adquiridas.Ressaltam que os alunos da EJA chegam à escola com vontade de aprender, sabendoo que querem. São motivados e disciplinados. A soma desses fatores resulta, segundoa maioria dos professores entrevistados em aulas mais proveitosas, nas quais oprofessor sente-se mais valorizado.São unânimes em afirmar preferir enfrentar as limitações dos alunos adultoscom uma história escolar acidentada e fragmentada a trabalhar com o ensino regular,sobre o qual afirmam Janeiro e Julho:No ensino regular somos expostos à falta de limites e de respeito. Os alunosparecem não saber porque estão na escola, não fazem as atividades, pois sãopreguiçosos.Os alunos do regular não são esforçados e sempre demonstram desinteresseno aprender. A turma no regular tem mais alunos, dificulta o trabalho.Com relação a este ponto de vista, em entrevista informal, o diretor doestabelecimento demonstra preocupação com a grande demanda de professores queanualmente procuram o ensino de jovens e adultos, para segundo ele, escapar darealidade adversa do ensino regular sem ter noção dos desafios que enfrentarão comos alunos jovens, adultos e idosos, os quais exigem uma postura do professortotalmente diferente, gerando conflitos quando não observada e muitas vezesocasionando até a desistência do aluno, que não gosta de ser tratado como criança equer ter o seu ponto de vista respeitado.

72Aliás, o conhecimento prévio do aluno e respeito ao seu saber anterior àescola foi apontado pela maioria dos docentes como papel primordial do professor daEJA, conforme se pode observar pela fala de Dezembro:Para realizar a aprendizagem como educador do EJA é necessárioconhecer os alunos, saber as suas dificuldades, partindo dos elementosque compõem a realidade autêntica do educando, pois é um serpensante e membro atuante da sociedade. A ação do educador deveencaminhar o adulto a criar por si mesmo sua consciência crítica,criando melhores condições de vida e de maior expansão culturalNeste sentido houve alusão à teoria bakhtiniana para explicar a importância dosaber adquirido do educando, conforme se observa na fala de Julho: “Ter consciênciade que está trabalhando com uma pessoa que traz valores, culturas e saberes diversos,portanto precisa desenvolver um trabalho levando em consideração tudo isso”.Embora para Bakhtin a interação não se dê entre os falantes e o meioambiente, mas pelas relações com o “extralingüístico” e a sociedade, este conceito foilembrado por Fevereiro como justificativa de valorização do saber prévio do educando:Ensinar, isto é, proporcionar um ambiente de interação aproveitando osconhecimentos advindos dos alunos, partilhando o que sabem eaprendendo o que ainda não sabem, pois segundo estudiosos doCírculo de Bakhtin o conhecimento acontece a partir das constantesinterações com o meio ambiente.Apenas uma professora, entre os doze que responderam ao questionário,apontou como papel primordial do professor de jovens, adultos e idosos a importânciapolítica e social da educação, como quer Freire (2006), quando afirma que não háneutralidade na educação e convoca os educadores e educadoras a assumirem umaopção, que é política e serem coerentes com ela na prática. Essa professora demonstrater optado quando afirma:O educador deve estar consciente de que sua ação educativa, além depedagógica, também é política e social, devendo partir dos interesses enecessidades dos alunos, visando ao sucesso na aprendizagem e aoexercício da plena cidadania. (Agosto)

72Aliás, o conhecimento prévio do aluno e respeito ao seu saber anterior àescola foi apontado pela maioria dos docentes como papel primordial do professor daEJA, conforme se po<strong>de</strong> observar pela fala <strong>de</strong> Dez<strong>em</strong>bro:Para realizar a aprendizag<strong>em</strong> como educador do EJA é necessárioconhecer os alunos, saber as suas dificulda<strong>de</strong>s, partindo dos el<strong>em</strong>entosque compõ<strong>em</strong> a realida<strong>de</strong> autêntica do educando, pois é um serpensante e m<strong>em</strong>bro atuante da socieda<strong>de</strong>. A ação do educador <strong>de</strong>veencaminhar o adulto a criar por si mesmo sua consciência crítica,criando melhores condições <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong> maior expansão culturalNeste sentido houve alusão à teoria bakhtiniana para explicar a importância dosaber adquirido do educando, conforme se observa na fala <strong>de</strong> Julho: “Ter consciência<strong>de</strong> que está trabalhando com uma pessoa que traz valores, culturas e saberes diversos,portanto precisa <strong>de</strong>senvolver um trabalho levando <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração tudo isso”.Embora para Bakhtin a interação não se dê entre os falantes e o meioambiente, mas pelas relações com o “extralingüístico” e a socieda<strong>de</strong>, este conceito foil<strong>em</strong>brado por Fevereiro como justificativa <strong>de</strong> valorização do saber prévio do educando:Ensinar, isto é, proporcionar um ambiente <strong>de</strong> interação aproveitando osconhecimentos advindos dos alunos, partilhando o que sab<strong>em</strong> eapren<strong>de</strong>ndo o que ainda não sab<strong>em</strong>, pois segundo estudiosos doCírculo <strong>de</strong> Bakhtin o conhecimento acontece a partir das constantesinterações com o meio ambiente.Apenas uma professora, entre os doze que respon<strong>de</strong>ram ao questionário,apontou como papel primordial do professor <strong>de</strong> jovens, adultos e idosos a importânciapolítica e social da educação, como quer Freire (2006), quando afirma que não háneutralida<strong>de</strong> na educação e convoca os educadores e educadoras a assumir<strong>em</strong> umaopção, que é política e ser<strong>em</strong> coerentes com ela na prática. Essa professora <strong>de</strong>monstrater optado quando afirma:O educador <strong>de</strong>ve estar consciente <strong>de</strong> que sua ação educativa, além <strong>de</strong>pedagógica, também é política e social, <strong>de</strong>vendo partir dos interesses enecessida<strong>de</strong>s dos alunos, visando ao sucesso na aprendizag<strong>em</strong> e aoexercício da plena cidadania. (Agosto)

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