Geni Alberini Roters - Programa de Pós-Graduação em Educação ...

Geni Alberini Roters - Programa de Pós-Graduação em Educação ... Geni Alberini Roters - Programa de Pós-Graduação em Educação ...

13.07.2015 Views

59Diante de tantas transformações, uma mudança na legislação fez-senecessária, foi assim que a lei 5.692/71 foi promulgada no início dos anos setenta,tentando atender a um novo tipo de aluno, procurando oferecer meios para inseri-lo nomercado de trabalho.A partir de então, buscando novas perspectivas rumo à modernidade, pautou-seo enfoque da disciplina Língua Portuguesa na Teoria da Comunicação, baseando-seprincipalmente nos estudos de Jakobson. A disciplina passa então a chamar-se deComunicação e Expressão de 1ª a 4ª, Comunicação e Expressão em LínguaPortuguesa para 5ª a 8ª série e Língua Portuguesa e Literatura Brasileira no EnsinoMédio. (DCE/PR, p.16).Conforme Lajolo (2006, p.70), na esteira da pedagogia tecnicista e do adventodo ensino profissionalizante, a literatura virou um produto de consumo, especialmentecom a introdução dos resumos de romances para o vestibular e as provas de múltiplaescolha.Ainda segundo a autora, nesta época, houve uma espécie de simplificação deanálise literária pela qual se fazia um escrutínio estrutural do texto e questionários paraidentificação de personagens principais, tempo e espaço das narrativas, modelo quepersiste até hoje, com pequenas alterações.Houve um movimento contrário ao ensino de gramática que passou a sersinônimo de anacronismo. Ao adotar a Teoria da Comunicação privilegiaram-se ostextos de cultura popular, ensinavam-se elementos de comunicação e funções dalinguagem e as antologias foram substituídas por textos ilustrados, abandonando-se aformatação preta e branca. Inicialmente, como aponta Belmiro (2000) utilizando um tommarrom-avermelhado acompanhado do preto, e depois gradativamente utilizando cores,essa tendência observa a autora foi irreversível.O uso do livro didático para o ensino da Língua Portuguesa e da Literatura,desde aquela época, é fruto de reflexão e polêmica entre os estudiosos, pois se parauns o livro didático é um “meio e não um fim em si mesmo” (SILVA, 2007), para outros éfonte de alienação, gerando a unificação do educando sob um único material, sendoque os mesmos possuem inúmeras variantes e mereceriam um tratamentodiferenciado, Há, ainda, a “falsificação“ que tira o real trabalho do professor de ensinar

60a Língua materna, pois o utiliza como “muleta pedagógica para a realização de suasatribuições”. (GERALDI, 2007)”.Por outro lado, no livro didático do Ensino Médio “o ensino de literatura serestringe a uma equívoca coleção de informações de história literária em que o textopropriamente dito aparece como simples exemplo.” (BUENO,2002, p. 3) O autor afirmaque o historicismo norteia todo ensino de literatura cabendo ao professor trabalhar osmovimentos literários seguindo a linha do tempo, recheando-os com datas, autores eobras.Além disso, Colomer e Camps (2002) apontam a ambigüidade na definição dosobjetivos dados aos textos literários pela escola que, por um lado insiste para que osalunos adquiram “prazer” na atividade de leitura e de outro a converte em ponto departida para exercícios e trabalhos escolares. De fato, a leitura literária escolarizada temsido marcada por exigências dos professores que querem mensurá-la de todas asformas, seja através de fichas de leitura, seja através de resumos ou análises de obraslidas, servindo de pretexto para memorização de regras gramaticais ou conteúdosfragmentados, reproduzindo apenas superficialmente a intenção do autor.Há um outro tipo de leitura muito utilizada nas práticas escolares, apontadacomo igualmente ineficaz: aquela com data marcada, antes de um exame de vestibularou em datas comemorativas. A crítica se estende àquela leitura quantitativa, na qual oaluno deve demonstrar que leu uma quantidade considerável de livros para que oprofessor, conforme seus critérios pessoais, possa considerá-lo leitor.Este procedimento só cumpre o papel do retorno de leitura dado ao professor eponto, pois dificilmente o aluno achará prazer em responder perguntas e maisperguntas sobre o que leu, ou ler somente para mostrar ao professor que leu. Esteconceito equivocado da escola leva o educando muitas vezes a sentir-se fracassadonessa atividade, pois não consegue converter-se em um leitor entusiasta.

59Diante <strong>de</strong> tantas transformações, uma mudança na legislação fez-senecessária, foi assim que a lei 5.692/71 foi promulgada no início dos anos setenta,tentando aten<strong>de</strong>r a um novo tipo <strong>de</strong> aluno, procurando oferecer meios para inseri-lo nomercado <strong>de</strong> trabalho.A partir <strong>de</strong> então, buscando novas perspectivas rumo à mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, pautou-seo enfoque da disciplina Língua Portuguesa na Teoria da Comunicação, baseando-seprincipalmente nos estudos <strong>de</strong> Jakobson. A disciplina passa então a chamar-se <strong>de</strong>Comunicação e Expressão <strong>de</strong> 1ª a 4ª, Comunicação e Expressão <strong>em</strong> LínguaPortuguesa para 5ª a 8ª série e Língua Portuguesa e Literatura Brasileira no EnsinoMédio. (DCE/PR, p.16).Conforme Lajolo (2006, p.70), na esteira da pedagogia tecnicista e do adventodo ensino profissionalizante, a literatura virou um produto <strong>de</strong> consumo, especialmentecom a introdução dos resumos <strong>de</strong> romances para o vestibular e as provas <strong>de</strong> múltiplaescolha.Ainda segundo a autora, nesta época, houve uma espécie <strong>de</strong> simplificação <strong>de</strong>análise literária pela qual se fazia um escrutínio estrutural do texto e questionários parai<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> personagens principais, t<strong>em</strong>po e espaço das narrativas, mo<strong>de</strong>lo quepersiste até hoje, com pequenas alterações.Houve um movimento contrário ao ensino <strong>de</strong> gramática que passou a sersinônimo <strong>de</strong> anacronismo. Ao adotar a Teoria da Comunicação privilegiaram-se ostextos <strong>de</strong> cultura popular, ensinavam-se el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> comunicação e funções dalinguag<strong>em</strong> e as antologias foram substituídas por textos ilustrados, abandonando-se aformatação preta e branca. Inicialmente, como aponta Belmiro (2000) utilizando um tommarrom-avermelhado acompanhado do preto, e <strong>de</strong>pois gradativamente utilizando cores,essa tendência observa a autora foi irreversível.O uso do livro didático para o ensino da Língua Portuguesa e da Literatura,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> aquela época, é fruto <strong>de</strong> reflexão e polêmica entre os estudiosos, pois se parauns o livro didático é um “meio e não um fim <strong>em</strong> si mesmo” (SILVA, 2007), para outros éfonte <strong>de</strong> alienação, gerando a unificação do educando sob um único material, sendoque os mesmos possu<strong>em</strong> inúmeras variantes e mereceriam um tratamentodiferenciado, Há, ainda, a “falsificação“ que tira o real trabalho do professor <strong>de</strong> ensinar

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!