57e outros gêneros” (BAKHTIN, 1998, p. 124), que entram como el<strong>em</strong>ento estrutural<strong>de</strong>terminando-lhe a forma e o transformando <strong>em</strong> “romance-epistolar, romance-diário,romance confissão, etc”. Conferindo-lhe o que o autor <strong>de</strong>nominou <strong>de</strong> plurilingüismoPlurilingüismo, aliás, que é <strong>de</strong>finido por ele como “o discurso <strong>de</strong> outr<strong>em</strong> nalinguag<strong>em</strong> <strong>de</strong> outr<strong>em</strong>, que serve para refratar a expressão das intenções do autor”.(BAKHTIN, 1998, p.127). O discurso exprime ao mesmo t<strong>em</strong>po duas intençõesdiferentes: a intenção daquele que escreve e da personag<strong>em</strong> que fala, criando-se<strong>de</strong>ssa forma vozes dialogicamente relacionadas, “como se conhecess<strong>em</strong> uma à outra...como se conversass<strong>em</strong> entre si”.Toda essa singularida<strong>de</strong> do texto literário com certeza foi percebida pelascivilizações antigas, pois historicamente utilizar a literatura com um enfoquepedagógico, não é invenção da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Já na Grécia literatura era sinônimo <strong>de</strong>poesia e antes mesmo <strong>de</strong> utilizar<strong>em</strong> a escrita para fins literários, os gregos já faziampoesia para ser cantada ou recitada. Até o século XVIII a literatura foi vista comoeducativa, porém, com o advento da Renascença, per<strong>de</strong>u seu caráter humanitário.Na escola mo<strong>de</strong>rna, porém, a sua aprendizag<strong>em</strong> tornou-se obrigatória.Primeiramente a literatura integrou-se ao currículo, dissolvendo-se entre a Gramática, aLógica e a Retórica. Depois disso serviu <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo para o estudo das línguas grega elatina e após a Revolução Francesa foi introduzida como literatura nacional, estudadasobre a perspectiva <strong>de</strong> História Literária. Nesta época a escola utilizava a literaturacomo veículo <strong>de</strong> difusão da língua, da cultura e da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional (ZLBERMAN,1990).Razzini (2000) dá conta <strong>de</strong> que o ensino da língua e da literatura nacional, noséculo XIX, era pautado pelo ensino das línguas clássicas, evi<strong>de</strong>nciando-se o Latim. Aliteratura nacional era dividida por gêneros e sua apresentação feita segundo critériosda Retórica e da Poética. Em 1895 evi<strong>de</strong>nciou-se a publicação da Antologia Nacionalque
58nasceu logo após a Proclamação da República, quando novos ventossopravam a favor da implantação <strong>de</strong> uma cultura nacional na escolabrasileira, reservando ao ensino <strong>de</strong> Português e <strong>de</strong> Literatura o papel<strong>de</strong> representar a pátria. (RAZZINI, 2000, p.11)Razzini (2000) acrescenta ainda que a Antologia Nacional <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> FaustoBarreto e Carlos <strong>de</strong> Laet (ambos professores <strong>de</strong> Português do Colégio Pedro II) foipublicada pela primeira vez <strong>em</strong> 1895 e atingiu 43 edições <strong>em</strong> 1969, tendo o seuconsumo se estendido rapidamente para outras escolas, marcando a leitura escolar <strong>de</strong>várias gerações.Soares (2007) reflete que o ensino <strong>de</strong> Língua Portuguesa nesta época era “arespeito” da língua, isto é, ensinava-se somente a gramática da língua a uma camadaprivilegiada da população que já tinha acesso à norma culta através da família.No início do século XX oficializou-se e legalizou-se um número muito gran<strong>de</strong><strong>de</strong> normas e reformas, entre elas a reforma ortográfica. (SOUZA; MARIANI, 1996).Em meados dos anos sessenta, porém, o panorama educacional começa atransformar-se <strong>de</strong>vido a condições sociais e políticas, pois se verifica um êxodo rural euma gran<strong>de</strong> expansão industrial, no contexto da ditadura militar.Nesta época houve um aumento <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda nas escolas e o alunado mudou.On<strong>de</strong> antes predominava a burguesia, havia agora alunos <strong>de</strong> classes populares, estefato evi<strong>de</strong>nciou o <strong>de</strong>spreparo dos professores <strong>em</strong> lidar com um outro tipo <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong>e cultura (SOARES, 2007). Concomitant<strong>em</strong>ente houve um <strong>de</strong>sinteresse da classeburguesa <strong>em</strong> lecionar. A busca por outras ativida<strong>de</strong>s indicava que a profissão <strong>de</strong>professor não tinha o mesmo prestígio social e já não era tão b<strong>em</strong> r<strong>em</strong>unerada.Outro fator a ser mencionado foi <strong>de</strong> que as escolas necessitavam <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong>número <strong>de</strong> profissionais para dar conta da <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> alunos, as vagas foramocupadas então por profissionais advindos <strong>de</strong> meios pouco letrados (Soares, 2007),menos exigidos <strong>em</strong> sua formação pedagógica. Para suprir esta carência, os livrosdidáticos foram produzidos <strong>em</strong> escala industrial passando a ser um guia para oprofessor, muitas vezes tirando-lhe a autonomia <strong>de</strong> trabalho e <strong>de</strong>sobrigando-o <strong>de</strong> refletirsobre suas práticas pedagógicas.
- Page 1 and 2:
GENI ALBERINI ROTERSLEITURA LITERÁ
- Page 3 and 4:
DedicoÀ minha filha Elisa com amor
- Page 5 and 6:
à Profª Dra. Maria do Carmo Guede
- Page 7 and 8: RESUMOEstudo sobre a leitura liter
- Page 9 and 10: SUMÁRIO1 INTRODUÇÃO.............
- Page 11 and 12: 10consideravam mais importante nest
- Page 13 and 14: 122 TRAJETÓRIA METODOLÓGICAVocê
- Page 15 and 16: 14Outrossim, foram realizadas entre
- Page 17 and 18: 16estabelecimentos que ofertam EJA
- Page 19 and 20: 18poder que existe na sociedade da
- Page 21 and 22: 20consideração, neste sentido, a
- Page 23 and 24: 22estudantes pesquisados afirmaram
- Page 25 and 26: 243 LEITURA: UM TEMA, VÁRIOS DESDO
- Page 27 and 28: 26Dessa forma, ao embasar o ensino
- Page 29 and 30: 28desigualdades sociais e econômic
- Page 31 and 32: 30Com a leitura das respostas dos q
- Page 33 and 34: 323.2.2 Os AdultosPara Palácios (1
- Page 35 and 36: 343.2.3 Os IdososApesar da Organiza
- Page 37 and 38: 363.3 LEITURA LITERÁRIA E A RECEP
- Page 39 and 40: 38Com relação ao gênero de livro
- Page 41 and 42: 40Em geral, pôde ser observado que
- Page 43 and 44: 42Para empreender essa nova fase da
- Page 45 and 46: 44Das entrevistas elaboradas retira
- Page 47 and 48: 46Nesta questão a aluna Cristina r
- Page 49 and 50: 48Fica clara a noção de boa liter
- Page 51 and 52: 50Ou seja, uma coisa é esperar que
- Page 53 and 54: 52Mesmo em se tratando de uma pesqu
- Page 55 and 56: 54artigos que deram início a refle
- Page 57: 563.7 LEITURA LITERÁRIA E PRÁTICA
- Page 61 and 62: 60a Língua materna, pois o utiliza
- Page 63 and 64: 62alteridade tão caro a Bakhtin qu
- Page 65 and 66: 64são muitas, mas invariavelmente
- Page 67 and 68: 66interesse, tais como: clubes de l
- Page 69 and 70: 68GRÁFICO 06 - LOCAL DE NASCIMENTO
- Page 71 and 72: 70GRÁFICO 08 - IDADE COM QUE INICI
- Page 73 and 74: 72Aliás, o conhecimento prévio do
- Page 75 and 76: 74Fazendo críticas mais contundent
- Page 77 and 78: 76Dois professores vêem na leitura
- Page 79 and 80: 78disciplinas não se cobra que o a
- Page 81 and 82: 80Dos doze respondentes, dez consid
- Page 83 and 84: 82Já na faculdade fui muito incent
- Page 85 and 86: 84De um modo geral as aulas foram e
- Page 87 and 88: 86questionamento, a discussão e a
- Page 89 and 90: 88literária, pois, conforme aponta
- Page 91 and 92: 90Constatou-se por meio das observa
- Page 93 and 94: 92desta ou daquela época da litera
- Page 95 and 96: 94leitura feita pelos professores.
- Page 97 and 98: 96“mandam” os alunos lerem, adm
- Page 99 and 100: 98REFERÊNCIASADORNO,T. W Teoria da
- Page 101 and 102: 100FARIA, M. A. Parâmetros curricu
- Page 103 and 104: 102PALACIOS, J. O desenvolvimento a
- Page 105 and 106: 104_____________.Estética da recep
- Page 107 and 108: 106Apêndice IMestrado em Educaçã
- Page 109 and 110:
108APÊNDICE IIMestrado em Educaç
- Page 111 and 112:
110Apêndice IIIMestrado em Educaç
- Page 113 and 114:
112APÊNDICE VRoteiro para entrevis
- Page 115 and 116:
1141. FILOSOFIA E PRINCÍPIOS DIDÁ
- Page 117 and 118:
116III. Os conteúdos específicos
- Page 119 and 120:
118Para que o processo seja executa