55ler) esse fenômeno resulta na concepção <strong>de</strong> que aluno-leitor é aquele que consegue<strong>de</strong>codificar os signos <strong>de</strong> forma mecânica e inconseqüente.Foucambert (1997) explica que a diferença entre analfabetismo e iletrismoconsiste <strong>em</strong> que no primeiro há <strong>de</strong>sconhecimento das técnicas <strong>de</strong> utilização da escrita;já no segundo há falta <strong>de</strong> familiarida<strong>de</strong> com o mundo da escrita, uma “exclusão <strong>em</strong>relação ao todo ou a parte <strong>de</strong>sse modo <strong>de</strong> comunicação”. O autor <strong>de</strong>nuncia que para osgovernantes não é interessante formar leitores, mas “neo-ex-analfabetos” pois oinvestimento é muito menor além <strong>de</strong> que jamais terão, por meio da escrita, acesso àformação que acompanha o saber e reflete queO seu saber precário, <strong>de</strong>vido ao esforço dispensado para obtê-lo,apenas garante aos nossos olhos que eles serão administrados maisadministráveis e consumidores mais dóceis. Esses, pelo menos nãoterão ido longe <strong>de</strong>mais nos caminhos da marginalida<strong>de</strong>.(FOUCAMBERT,1997,p.25)Em conformida<strong>de</strong> com esse pensamento, Zilberman (2000) l<strong>em</strong>bra que a partirdo século XIX e mais intensamente no século XX, houve um enorme interesse dosespecialistas <strong>em</strong> criar teorias <strong>de</strong> alfabetização que se <strong>de</strong>senvolveram, segundo aautora, principalmente <strong>em</strong> países pobres nos quais era imperativa a busca porcrescimento econômico e tecnológico.Essas teorias, afirma ela, mesmo as mais progressistas, caso <strong>de</strong> Paulo Freireou <strong>de</strong> Emilia Ferreiro e Ana Teberoski, têm apenas interesse na alfabetização <strong>em</strong> si enão como um primeiro <strong>de</strong>grau rumo à passag<strong>em</strong> para a literatura, como tinha sidohistoricamente até então.O resultado disso, afirma ela, é <strong>de</strong> que as camadas populares são alfabetizadassimplesmente para enten<strong>de</strong>r textos escritos, pois <strong>de</strong>les se exige apenas que saibam lere n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre a literatura fará parte da sua vida. Já a leitura literária é <strong>de</strong>stinada aoensino das elites dos quais espera-se familiarida<strong>de</strong> no mundo das letras.
563.7 LEITURA LITERÁRIA E PRÁTICAS ESCOLARES: ELEMENTOS HISTÓRICOSÉ inegável o valor do texto literário na promoção e no <strong>de</strong>senvolvimento daintelectualida<strong>de</strong> do ser humano, na medida <strong>em</strong> que o horizonte <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> lê é ampliadoatravés dos olhos <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> escreve. Ao concordar-se ou discordar-se do texto lido,estar-se-á travando um diálogo interior possibilitando uma outra forma <strong>de</strong> observar arealida<strong>de</strong>.Ao refletir sobre o romance, Bakhtin (1998, p. 73) o caracteriza como “umfenômeno pluriestílistico, plurilíngüe e plurivocal, englobando diversas formas literáriasatravés do discurso do autor que po<strong>de</strong> se valer <strong>de</strong> escritos morais, filosóficos,científicos, além <strong>de</strong> estilizações <strong>de</strong> diversas formas <strong>de</strong> narrativas escritas consi<strong>de</strong>radass<strong>em</strong>iliterárias, tais como cartas e diários e tudo isso somado ao discurso dospersonagens” estilisticamente individualizados” confere-lhe uma originalida<strong>de</strong> estilística.Para o teórico russo o romance retrata a diversida<strong>de</strong> social da linguag<strong>em</strong>organizada <strong>de</strong> forma ímpar que permite <strong>de</strong>svelara estratificação interna <strong>de</strong> uma língua nacional única <strong>em</strong> dialetossociais, maneirismos <strong>de</strong> grupos, jargões profissionais, linguagens <strong>de</strong>gêneros, fala das gerações, das ida<strong>de</strong>s, das tendências, dasautorida<strong>de</strong>s, dos círculos e das modas passageiras, das linguagens <strong>de</strong>certos dias e mesmo <strong>de</strong> certas horas (cada dia t<strong>em</strong> sua palavra <strong>de</strong>or<strong>de</strong>m, seu vocabulário, seus acentos), enfim toda a estratificaçãointerna <strong>de</strong> cada língua <strong>em</strong> cada momento dado <strong>de</strong> sua existênciahistórica. (BAKHTIN, 1998, p.74).O estilo romanesco conta, conforme o autor, da intercalação <strong>de</strong> discursos donarrador e dos personagens (dialogizados <strong>em</strong> maior ou <strong>em</strong> menor grau). Com relação àlinguag<strong>em</strong> literária Bakhtin <strong>de</strong>staca que mesmo sendo sua essência freqüent<strong>em</strong>entehomogênea e i<strong>de</strong>ntificando-se com a linguag<strong>em</strong> falada e escrita <strong>de</strong> um grupo socialdominante, conserva a diversida<strong>de</strong> da estratificação social que, segundo ele, po<strong>de</strong> serb<strong>em</strong> expressiva <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminadas épocas históricas.O romance admite a adição <strong>de</strong> outros gêneros que po<strong>de</strong>m ser introduzidos nasua estrutura tais como “a confissão, o diário, o relato <strong>de</strong> viagens, a biografia, as cartas
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