49muito citado pelos alunos <strong>em</strong> suas leituras, tanto os do sexo f<strong>em</strong>inino quanto domasculino.Levando-se <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração as idéias postas até aqui e o que foi levantadosobre o gosto <strong>de</strong> leitura dos educandos, constatou-se que os livros consi<strong>de</strong>rados bestsellers faz<strong>em</strong> muito mais parte da experiência leitora <strong>de</strong>les do que os livrosconsi<strong>de</strong>rados canônicos, <strong>em</strong>bora não seja uma prática fazer análises sobre este gênero<strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula.A única explicação possível para que isso ocorra seria a <strong>de</strong> que o professor t<strong>em</strong><strong>em</strong> mente que “cabe à escola fazer com que o aluno conheça b<strong>em</strong> ou mal um certonúmero <strong>de</strong> clássicos e que, a partir <strong>de</strong>sse conhecimento, ele possa encontrar livros comque se afine mais ou menos e que pass<strong>em</strong> a ser os clássicos <strong>de</strong>les” (CALVINO, 2004,p.13), no entanto, se não se está conseguindo formar leitores proficientes <strong>de</strong>stamaneira torna-se necessário um repensar <strong>de</strong>ssas práticas.Nesse sentido a escola, ignorando a leitura literária que faz<strong>em</strong> os alunos econsi<strong>de</strong>rando-a <strong>de</strong> menor valor, não está levando <strong>em</strong> conta nas práticas <strong>de</strong> leitura aalterida<strong>de</strong> que r<strong>em</strong>ete <strong>em</strong> primeiro lugar ao respeito e à tolerância como base para oentendimento do outro. Isto significa, entre outras coisas, humanizar o estudantereconhecendo que ele, mesmo com uma trajetória leitora não muito firme ao longo <strong>de</strong>sua vida, já se apropriou <strong>de</strong> uma gama <strong>de</strong> conhecimentos disponibilizados no mundosocial e letrado e que suas leituras po<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser aproveitadas.Cabe também indagar, a esta altura, qual seria o objetivo do professor noensino <strong>de</strong> leitura literária da EJA: trabalhá-la apenas esperando que o aluno <strong>de</strong>senvolva“gosto” a uma literatura com a qual muitas vezes não se i<strong>de</strong>ntifica (haja vista o caso dainsistência na leitura da obra <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis) sendo que isto po<strong>de</strong> nunca vir aacontecer, e ainda, insistir <strong>em</strong> um mo<strong>de</strong>lo que utiliza o texto somente como umpretexto, tendo como objetivo maior m<strong>em</strong>orizar datas e nomes?Ou utilizar práticas que realmente ensej<strong>em</strong> a alunos jovens, adultos e idososler<strong>em</strong> e compreen<strong>de</strong>r<strong>em</strong> os textos literários, como quer Bueno (2002) não sóenten<strong>de</strong>ndo suas formas <strong>de</strong> construção e apreciando a criativida<strong>de</strong> do autor, mastambém lhes oportunizando a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ler, enten<strong>de</strong>r e discutir o texto literário,lendo-o ou <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lê-lo por opção e não por incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazê-lo?
50Ou seja, uma coisa é esperar que por meio <strong>de</strong> suas práticas literárias os alunos<strong>de</strong>ix<strong>em</strong> o Ensino Médio <strong>de</strong> EJA ávidos por literatura brasileira e que “am<strong>em</strong> Machado<strong>de</strong> Assis, assim como eu amo” conforme afirmou a professora Eugênia. Outra é setrabalhar a leitura literária como prática social, buscando-se melhorar as estratégiasleitoras do educando <strong>de</strong>ntro do possível, partindo do que faz parte do mundo social<strong>de</strong>le, para que não se sinta um “estrangeiro” (FORQUIN, 1993), <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula. Unsconsi<strong>de</strong>rando as leituras que faz<strong>em</strong> inferiores e ruins e, outros, o que é pior, sentindoseinferiorizados por não conseguir sequer enten<strong>de</strong>r os textos trabalhados na escola.Conforme o caminho escolhido pelo professor estar-se-á ou não, realmentefazendo diferença na vida estudantil, pessoal, social, e por que não, profissional doaluno. Neste sentido, alerta Freire (1983), ensinar a ler, antes <strong>de</strong> ser encarado como umato cognitivo <strong>de</strong>ve ser visto como ato político.3.5 LEITURA, MÍDIA E ESCOLA: PARCERIA INCOMPATÍVEL?O t<strong>em</strong>a leitura versus mídia é relevante e não po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> constar nestetrabalho, pois é senso comum que os alunos não lê<strong>em</strong> porque outras mídias (tv ecomputador, principalmente) ocupam o espaço que <strong>de</strong>veria ser <strong>de</strong>stinado à leitura, eque os estudantes lê<strong>em</strong> cada dia menos.No entanto, a leitura faz parte do cotidiano dos seres humanos: lê-se paraampliar conhecimentos, obter informações simples ou complexas, por diversão ou<strong>de</strong>scontração, ou seja, ao ler estamos alcançando alguma finalida<strong>de</strong>. O ato <strong>de</strong> ler é,antes <strong>de</strong> tudo, uma ativida<strong>de</strong> que se processa entre autor/texto/leitor, é através dainteração <strong>de</strong>sses el<strong>em</strong>entos que se atribui um significado ao que se lê. Embora oconteúdo do texto seja o mesmo, duas pessoas com objetivos diferenciados po<strong>de</strong>m<strong>de</strong>le extrair informações distintas, pois como observa Smith (1991, p.43) “o significadoreal s<strong>em</strong>pre está além das palavras”. Este pensamento vai ao encontro do que pensaBakhtin quando afirma que o significado não está nas palavras, mas na interação que éfeita entre os interlocutores.
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