Geni Alberini Roters - Programa de Pós-Graduação em Educação ...
Geni Alberini Roters - Programa de Pós-Graduação em Educação ...
Geni Alberini Roters - Programa de Pós-Graduação em Educação ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
48Fica clara a noção <strong>de</strong> boa literatura e <strong>de</strong> má literatura, mas o que (ou qu<strong>em</strong>) as<strong>de</strong>fine <strong>de</strong>ssa maneira? A esse respeito esclarece Lajolo (2001) há uma espécie <strong>de</strong>cartório que confere a “literalização” <strong>de</strong> certos textos <strong>em</strong> <strong>de</strong>trimento a outros. Essecartório, segundo ela, constitui-se <strong>de</strong> intelectuais, <strong>de</strong> professores, da crítica, dapropaganda das editoras <strong>de</strong> prestígio, dos cursos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professores,organizadores <strong>de</strong> programas para vestibular e <strong>de</strong> outras instâncias mais.Porém, afirma, a mais importante instância que certifica a “valida<strong>de</strong>” ou não <strong>de</strong>uma obra é s<strong>em</strong> sombra <strong>de</strong> dúvidas a escola, pois lhe cabe com maior eficiência e hámais t<strong>em</strong>po que qualquer outra, ser “avalista e fiadora do que é literatura”. Nela asobras se sagram como “clássicas” ou uma literatura somente <strong>de</strong> consumo, por isso <strong>de</strong>menor valor, e, na compreensão dos próprios alunos, “uma má leitura” com cujaexistência a escola não po<strong>de</strong> “per<strong>de</strong>r t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> seu currículo”.A autora acrescenta ainda que a palavra clássico, indicando livrosrecomendados nasceu da palavra classis, significando classe da escola. Este conceitor<strong>em</strong>ete à época na qual os alunos liam obrigatoriamente autores latinos e gregos, isto é,leituras recomendadas às classes. (LAJOLO, 2001, p.20)Des<strong>de</strong> Platão, houve uma intensa procura por critérios que possam <strong>de</strong>finir a“literarida<strong>de</strong>” <strong>de</strong> um texto: o tipo <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong>, a intenção do autor, o t<strong>em</strong>a ou assuntoda obra, o efeito que produz (LAJOLO, 2001, p. 25), mas esses critérios são válidosdurante um certo t<strong>em</strong>po, bastando que haja mudanças no panorama literário para quesejam revistos e transformados. A respeito disso reflete:...um texto literário não é como uma aranha que é aranha <strong>de</strong>s<strong>de</strong> quenasce e para s<strong>em</strong>pre, que foi aranha no Egito antigo, entre os índios doArizona e continua a ser aranha nos cybercafés. Um texto po<strong>de</strong> vir a serou <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser literatura ao longo do t<strong>em</strong>po. Por isso é muito maisdivertido discutir literatura do que aranhas... (LAJOLO, 2001, p.13).Na atualida<strong>de</strong>, há autores que, <strong>em</strong>bora sejam ignorados e muitas vezesachincalhados pelos “Guardiões da Literatura”, são lidos <strong>em</strong> diversos países e seuslivros alcançam uma enorme tirag<strong>em</strong> <strong>de</strong> livros. No Brasil o melhor ex<strong>em</strong>plo é PauloCoelho, autor cuja obra um aluno entrevistado afirmou ter lido a coleção inteira e o