47literatura, s<strong>em</strong> muitos questionamentos e idéias que se afast<strong>em</strong> do “gosto médio”.Essas obras, segundo o teórico al<strong>em</strong>ão aten<strong>de</strong>m o “horizonte <strong>de</strong> expectativa” do leitor enão traz<strong>em</strong> nenhuma provocação, apenasrespon<strong>de</strong>ndo antes, perfeitamente , à expectativa suscitada pelasorientações do gosto reinante: satisfaz o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ver o beloreproduzido sob formas familiares, confirma os hábitos da sensibilida<strong>de</strong>,sanciona os <strong>de</strong>sejos do público. (JAUSS, 1993, p.72).Paes (2001, p. 26) ressalta a existência <strong>de</strong> outro critério nesse tipo <strong>de</strong> literaturaque chamou “esforço”, já que procura poupar ao leitor qualquer dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong>entendimento que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m cognitiva ou <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong>, buscando s<strong>em</strong>pre ocaminho mais fácil, ou seja, uma leitura prazerosa. Já na leitura <strong>de</strong> proposta ou eruditahá uma gran<strong>de</strong> probl<strong>em</strong>atização <strong>de</strong> valores, <strong>de</strong>safiando o raciocínio do leitor eaguçando-lhe a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crítica sobre o que está sendo proposto pelo autor.Não satisfeito com essa primeira análise, Paes (2001, p.27) observa ainda quena cultura <strong>de</strong> massa é possível distinguir entre os livros <strong>de</strong> entretenimento, categoriasdistintas, a saber, <strong>de</strong> ‘nível popular’ e <strong>de</strong> ‘ nível médio’. Na literatura popular o autorsitua romances como Sabrina e Julia e os livros <strong>de</strong> ação e <strong>de</strong> ficção vendidos <strong>em</strong>bancas <strong>de</strong> jornal, conhecidos como “livros <strong>de</strong> bolso”. Já os livros best sellers sãoincluídos na categoria nível médio que são conforme ele:obras <strong>de</strong> honestos e competentes artesãos que, longe <strong>de</strong> quererigualar-se aos criadores <strong>de</strong> Arte com A maiúsculo, não preten<strong>de</strong>m maisdo que suprir as necessida<strong>de</strong>s do ‘consumidor médio’ (PAES, 2001,p.27)No entanto, apesar <strong>de</strong> ser lida e apreciada pelos alunos, não é prática dosdocentes da escola investigada trabalhar com ela. A cultura da escola Forquin (1993)se evi<strong>de</strong>ncia quando os alunos não estranham o fato da leitura literária feita por eles serconsi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong> menor valor pelos professores, pois <strong>em</strong> suas respostas afirmaram que aescola não po<strong>de</strong> conter <strong>em</strong> seu currículo uma literatura que não seja “boa” e “útil”.
48Fica clara a noção <strong>de</strong> boa literatura e <strong>de</strong> má literatura, mas o que (ou qu<strong>em</strong>) as<strong>de</strong>fine <strong>de</strong>ssa maneira? A esse respeito esclarece Lajolo (2001) há uma espécie <strong>de</strong>cartório que confere a “literalização” <strong>de</strong> certos textos <strong>em</strong> <strong>de</strong>trimento a outros. Essecartório, segundo ela, constitui-se <strong>de</strong> intelectuais, <strong>de</strong> professores, da crítica, dapropaganda das editoras <strong>de</strong> prestígio, dos cursos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professores,organizadores <strong>de</strong> programas para vestibular e <strong>de</strong> outras instâncias mais.Porém, afirma, a mais importante instância que certifica a “valida<strong>de</strong>” ou não <strong>de</strong>uma obra é s<strong>em</strong> sombra <strong>de</strong> dúvidas a escola, pois lhe cabe com maior eficiência e hámais t<strong>em</strong>po que qualquer outra, ser “avalista e fiadora do que é literatura”. Nela asobras se sagram como “clássicas” ou uma literatura somente <strong>de</strong> consumo, por isso <strong>de</strong>menor valor, e, na compreensão dos próprios alunos, “uma má leitura” com cujaexistência a escola não po<strong>de</strong> “per<strong>de</strong>r t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> seu currículo”.A autora acrescenta ainda que a palavra clássico, indicando livrosrecomendados nasceu da palavra classis, significando classe da escola. Este conceitor<strong>em</strong>ete à época na qual os alunos liam obrigatoriamente autores latinos e gregos, isto é,leituras recomendadas às classes. (LAJOLO, 2001, p.20)Des<strong>de</strong> Platão, houve uma intensa procura por critérios que possam <strong>de</strong>finir a“literarida<strong>de</strong>” <strong>de</strong> um texto: o tipo <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong>, a intenção do autor, o t<strong>em</strong>a ou assuntoda obra, o efeito que produz (LAJOLO, 2001, p. 25), mas esses critérios são válidosdurante um certo t<strong>em</strong>po, bastando que haja mudanças no panorama literário para quesejam revistos e transformados. A respeito disso reflete:...um texto literário não é como uma aranha que é aranha <strong>de</strong>s<strong>de</strong> quenasce e para s<strong>em</strong>pre, que foi aranha no Egito antigo, entre os índios doArizona e continua a ser aranha nos cybercafés. Um texto po<strong>de</strong> vir a serou <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser literatura ao longo do t<strong>em</strong>po. Por isso é muito maisdivertido discutir literatura do que aranhas... (LAJOLO, 2001, p.13).Na atualida<strong>de</strong>, há autores que, <strong>em</strong>bora sejam ignorados e muitas vezesachincalhados pelos “Guardiões da Literatura”, são lidos <strong>em</strong> diversos países e seuslivros alcançam uma enorme tirag<strong>em</strong> <strong>de</strong> livros. No Brasil o melhor ex<strong>em</strong>plo é PauloCoelho, autor cuja obra um aluno entrevistado afirmou ter lido a coleção inteira e o
- Page 1 and 2: GENI ALBERINI ROTERSLEITURA LITERÁ
- Page 3 and 4: DedicoÀ minha filha Elisa com amor
- Page 5 and 6: à Profª Dra. Maria do Carmo Guede
- Page 7 and 8: RESUMOEstudo sobre a leitura liter
- Page 9 and 10: SUMÁRIO1 INTRODUÇÃO.............
- Page 11 and 12: 10consideravam mais importante nest
- Page 13 and 14: 122 TRAJETÓRIA METODOLÓGICAVocê
- Page 15 and 16: 14Outrossim, foram realizadas entre
- Page 17 and 18: 16estabelecimentos que ofertam EJA
- Page 19 and 20: 18poder que existe na sociedade da
- Page 21 and 22: 20consideração, neste sentido, a
- Page 23 and 24: 22estudantes pesquisados afirmaram
- Page 25 and 26: 243 LEITURA: UM TEMA, VÁRIOS DESDO
- Page 27 and 28: 26Dessa forma, ao embasar o ensino
- Page 29 and 30: 28desigualdades sociais e econômic
- Page 31 and 32: 30Com a leitura das respostas dos q
- Page 33 and 34: 323.2.2 Os AdultosPara Palácios (1
- Page 35 and 36: 343.2.3 Os IdososApesar da Organiza
- Page 37 and 38: 363.3 LEITURA LITERÁRIA E A RECEP
- Page 39 and 40: 38Com relação ao gênero de livro
- Page 41 and 42: 40Em geral, pôde ser observado que
- Page 43 and 44: 42Para empreender essa nova fase da
- Page 45 and 46: 44Das entrevistas elaboradas retira
- Page 47: 46Nesta questão a aluna Cristina r
- Page 51 and 52: 50Ou seja, uma coisa é esperar que
- Page 53 and 54: 52Mesmo em se tratando de uma pesqu
- Page 55 and 56: 54artigos que deram início a refle
- Page 57 and 58: 563.7 LEITURA LITERÁRIA E PRÁTICA
- Page 59 and 60: 58nasceu logo após a Proclamação
- Page 61 and 62: 60a Língua materna, pois o utiliza
- Page 63 and 64: 62alteridade tão caro a Bakhtin qu
- Page 65 and 66: 64são muitas, mas invariavelmente
- Page 67 and 68: 66interesse, tais como: clubes de l
- Page 69 and 70: 68GRÁFICO 06 - LOCAL DE NASCIMENTO
- Page 71 and 72: 70GRÁFICO 08 - IDADE COM QUE INICI
- Page 73 and 74: 72Aliás, o conhecimento prévio do
- Page 75 and 76: 74Fazendo críticas mais contundent
- Page 77 and 78: 76Dois professores vêem na leitura
- Page 79 and 80: 78disciplinas não se cobra que o a
- Page 81 and 82: 80Dos doze respondentes, dez consid
- Page 83 and 84: 82Já na faculdade fui muito incent
- Page 85 and 86: 84De um modo geral as aulas foram e
- Page 87 and 88: 86questionamento, a discussão e a
- Page 89 and 90: 88literária, pois, conforme aponta
- Page 91 and 92: 90Constatou-se por meio das observa
- Page 93 and 94: 92desta ou daquela época da litera
- Page 95 and 96: 94leitura feita pelos professores.
- Page 97 and 98: 96“mandam” os alunos lerem, adm
- Page 99 and 100:
98REFERÊNCIASADORNO,T. W Teoria da
- Page 101 and 102:
100FARIA, M. A. Parâmetros curricu
- Page 103 and 104:
102PALACIOS, J. O desenvolvimento a
- Page 105 and 106:
104_____________.Estética da recep
- Page 107 and 108:
106Apêndice IMestrado em Educaçã
- Page 109 and 110:
108APÊNDICE IIMestrado em Educaç
- Page 111 and 112:
110Apêndice IIIMestrado em Educaç
- Page 113 and 114:
112APÊNDICE VRoteiro para entrevis
- Page 115 and 116:
1141. FILOSOFIA E PRINCÍPIOS DIDÁ
- Page 117 and 118:
116III. Os conteúdos específicos
- Page 119 and 120:
118Para que o processo seja executa