Geni Alberini Roters - Programa de Pós-Graduação em Educação ...
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45Eu gosto de escolher porque escolho livros bons. (Cristina) (grifo nosso)A independente, porque eu me identifico com o assunto, procuro sempre temasatuais. (Vitor) (grifo nosso)Independentemente, porque eu faço porque eu quero. Eu procuro um assuntoque eu gosto. (Lucélia).A leitura que eu faço é melhor porque tem mais a ver com suspense e as daescola não têm. (Patrik)Outro ponto importante que pôde ser observado nas entrevistas feitas comalunos leitores é de que, quando perguntados sobre quais estratégias ajudariam aincentivar a leitura feita pela escola, apontaram velhas fórmulas presentes no cotidianoescolar, tais como: obrigação de ler e depois responder questionários e resenhas.Com a pergunta seis procurou-se investigar como os alunos percebiam aliteratura de entretenimento nas práticas dos professores, os cinco alunos não selembraram de livros de entretenimento (best sellers) terem sido trabalhados em sala deaula, dois alunos mencionaram que as suas professoras comentaram sobre a obra dePaulo Coelho, no entanto de uma forma pejorativa, desencorajando-os a ler o tipo deliteratura produzida por ele.seguinte:Quando perguntados se tinham idéia do porquê isto ocorria, mencionaram oEu acho que essa literatura é mais consumista não é indicada para o ensino.(Silvana).Aqui na escola eles trabalham com livros mais antigos. Eu acho que a gentetem que aprender a história dos livros. (Vítor)Não, porque ela deve falar sobre bons livros.(Lucélia) (grifo nosso)Acho que por causa do currículo, que não permite ver outros autores e é própriodo sistema de educação que não dá liberdade para o professor. (Patrick)
46Nesta questão a aluna Cristina respondeu não ter idéia do porquê istoacontecia.Com relação a essa pergunta percebeu-se que os alunos consideram natural ofato de não serem trabalhados outros livros senão os cânones literários brasileiros.Tratar-se-á mais detalhadamente esse modo de pensar sobre a leitura literária nopróximo subcapítulo por se considerar importante essa reflexão.3.4 LITERATURA CANÔNICA X LITERATURA DE MASSA: DO SAGRADO AOPROFANOVisto esta pesquisa ter como tema central a leitura literária, torna-seimprescindível uma reflexão sobre o que seria afinal literatura, e é esta discussão quemerecerá um olhar mais apurado que se proporá a seguir.Em face de uma grande polêmica do que seja literatura, Lajolo (2002, p.13)pondera que “esse debate se altera ao longo do tempo e desperta paixões” pois o queera considerado literatura no passado, hoje pode perfeitamente não ser. Em movimentocontrário, lembra Paes (2001, p. 31), os romances hoje considerados cânones nasescolas, eram folhetins publicados em capítulos terminando num lance de suspensepara aguçar a curiosidade do leitor impelido-o a comprar o próximo número do jornal. Éo caso do romance A Moreninha de José Joaquim de Macedo, para só ficar comexemplo brasileiro, visto ser esta prática largamente disseminada pelo mundo ocidentale revelando autores hoje consagrados como Alexandre Dumas e Edgar Allan Poe.Para Jauss as obras literárias consideradas “obras-primas” se opõem àexpectativa do seu “primeiro público” causando admiração e perplexidade e formandoaos poucos um público leitor, quebrando assim o “horizonte de expectativa” do públicopara que foi criada e permanecendo através do tempo, possibilitando novos olhares etornando-se assim original.Esta originalidade passa ao largo das obras literárias da cultura de massa, poisestas visam satisfazer ao maior número de pessoas “consumidoras” deste tipo de
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46Nesta questão a aluna Cristina respon<strong>de</strong>u não ter idéia do porquê istoacontecia.Com relação a essa pergunta percebeu-se que os alunos consi<strong>de</strong>ram natural ofato <strong>de</strong> não ser<strong>em</strong> trabalhados outros livros senão os cânones literários brasileiros.Tratar-se-á mais <strong>de</strong>talhadamente esse modo <strong>de</strong> pensar sobre a leitura literária nopróximo subcapítulo por se consi<strong>de</strong>rar importante essa reflexão.3.4 LITERATURA CANÔNICA X LITERATURA DE MASSA: DO SAGRADO AOPROFANOVisto esta pesquisa ter como t<strong>em</strong>a central a leitura literária, torna-seimprescindível uma reflexão sobre o que seria afinal literatura, e é esta discussão qu<strong>em</strong>erecerá um olhar mais apurado que se proporá a seguir.Em face <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> polêmica do que seja literatura, Lajolo (2002, p.13)pon<strong>de</strong>ra que “esse <strong>de</strong>bate se altera ao longo do t<strong>em</strong>po e <strong>de</strong>sperta paixões” pois o queera consi<strong>de</strong>rado literatura no passado, hoje po<strong>de</strong> perfeitamente não ser. Em movimentocontrário, l<strong>em</strong>bra Paes (2001, p. 31), os romances hoje consi<strong>de</strong>rados cânones nasescolas, eram folhetins publicados <strong>em</strong> capítulos terminando num lance <strong>de</strong> suspensepara aguçar a curiosida<strong>de</strong> do leitor impelido-o a comprar o próximo número do jornal. Éo caso do romance A Moreninha <strong>de</strong> José Joaquim <strong>de</strong> Macedo, para só ficar comex<strong>em</strong>plo brasileiro, visto ser esta prática largamente diss<strong>em</strong>inada pelo mundo oci<strong>de</strong>ntale revelando autores hoje consagrados como Alexandre Dumas e Edgar Allan Poe.Para Jauss as obras literárias consi<strong>de</strong>radas “obras-primas” se opõ<strong>em</strong> àexpectativa do seu “primeiro público” causando admiração e perplexida<strong>de</strong> e formandoaos poucos um público leitor, quebrando assim o “horizonte <strong>de</strong> expectativa” do públicopara que foi criada e permanecendo através do t<strong>em</strong>po, possibilitando novos olhares etornando-se assim original.Esta originalida<strong>de</strong> passa ao largo das obras literárias da cultura <strong>de</strong> massa, poisestas visam satisfazer ao maior número <strong>de</strong> pessoas “consumidoras” <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong>