Geni Alberini Roters - Programa de Pós-Graduação em Educação ...
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41que lê, pois, enquanto leitor, já tem uma história de leituras construídas a partir de tudoque já leu e pela maneira com a qual se relacionou com o lido.O segundo conceito tem a ver com o que teórico alemão considera saber préviodo leitor, e de acordo com ele, a obra literária não é um objeto que existaindependentemente do leitor, pois cada época atribui a ela um olhar particular:Uma obra não se apresenta nunca, nem mesmo no momento em queaparece, como uma absoluta novidade, num vácuo de informação,predispondo antes o seu público para uma forma bem determinada derecepção, através de informações, sinais mais ou menos manifestos,indícios familiares ou referências implícitas. (JAUSS, 1993, p.66)Com relação a este saber, Zilberman (2008) explica que, para a Estética daRecepção formulada por Jauss, as obras quando publicadas são inseridas em umasérie de normas estéticas e códigos sociais que a determinam, fato este que“condiciona a recepção do texto em certa época ou dentro de um grupo social”permitindo assim que os leitores atuem de modo “coeso” refletindo ou refratandodeterminadas obras.Em busca de uma maior aproximação desses dois conceitos criados por Jaussàs obras lidas pelos educandos da escola investigada, procedeu-se, primeiramente auma análise mais detalhada dos questionários entregues aos alunos, fazendo-se umrecorte das respostas daqueles que se declararam leitores e citaram obras que leramou estavam lendo.O segundo passo foi a elaboração de um questionário (apêndice 4) cujasperguntas tiveram como base uma pesquisa encomendada pelo Instituto Pró-livro 6(IPL), desenvolvida em âmbito nacional para traçar um perfil do leitor brasileiro,juntamente com um roteiro de entrevista (apêndice 5). Procurou-se verificar se haviauma aproximação da leitura que efetivamente fazem e a leitura que é pedida pelaescola.6 Pesquisa encomendada ao IBOPE com a finalidade de traçar um perfil do leitor brasileiro. Divulgada no SeminárioNacional em maio de 2008 em Brasília-DF.
42Para empreender essa nova fase da pesquisa foram escolhidos dez alunos(sete do sexo feminino e três do sexo masculino) respondentes da primeira pesquisa,na qual se declararam leitores, para aplicação dos questionários. Para as entrevistasforam chamados cinco estudantes (três alunas e dois rapazes) apontados como bonsleitores pelas respectivas professoras.Após a aplicação dos questionários, alguns pontos já puderam ser explicitados.É o que se tratará a seguir.Os educandos buscam um livro para ler tendo como principal critério deseleção o assunto da obra, porém não descartaram a publicidade em torno dela comoum fator que também os influencia. Quando perguntados sobre o que os motiva a lerum livro, todos ressaltaram ser o prazer que sentem ao escolher e ler as obras comoponto essencial para que a leitura feita por eles se concretize.Ao apontarem o prazer como o principal objetivo nas leituras que fazem, osalunos, sem o saber, abordam a questão do prazer da fruição estética, sobre a qualreflete Jauss:Outrora, o prazer justificava, como um modo de domínio do mundo e deautoconhecimento e, a seguir, como conceito de filosofia da história e dapsicanálise, as relações com a arte. Hoje, para muitos a experiênciaestética só é vista como genuína quando se priva de todo o prazer e seeleva ao nível da reflexão estética. (2002, p.92).O teórico observa ainda que, historicamente, o prazer estético está constituídoem três categorias fundamentais: Poiesis, Aisthesis e Katharsis, sendo a primeiraconcernente ao autor em função do leitor, já a segunda e a terceira atendo-se ao papeldo leitor.A Poiesis é entendida pelo autor no sentido aristotélico de “faculdade poética” ese relaciona ao prazer ante a obra que o sujeito realiza. Conforme Jauss este conceitode prazer modificou-se ao longo do tempo, pois para Santo Agostinho o prazer na arteera direcionado para Deus e no Renascimento foi reivindicado cada vez mais pelosartistas. Jauss observa ainda que a visão de Hegel sobre a arte era de que, por meiodela, o sujeito podia satisfazer a sua necessidade de “sentir-se em casa no mundo”.
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