35G: E por que foi que o senhor <strong>de</strong>cidiu estudar aqui?Moisés: Bom, eu trabalhei durante 38 anos, ven<strong>de</strong>ndo livros, eu liamuito... Só às vezes algumas palavras que eu não sabia o significado,eu tinha que ter um dicionário para po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>cifrar o significado.G: O senhor vê alguma dificulda<strong>de</strong> <strong>em</strong> voltar estudar nessa ida<strong>de</strong>?Moisés: Não... Eu s<strong>em</strong>pre quis... Mas nunca pu<strong>de</strong>. Agora que meusfilhos estão criados posso me <strong>de</strong>dicar aos estudos.O aluno Clari <strong>de</strong> 58 anos confirma:G: Você está se adaptando a voltar a estudar, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 30 anos?Como está sendo isso para você?Clari: Ah! Eu me sinto b<strong>em</strong>, tomei muita amiza<strong>de</strong>, tanto com os colegase com os professores, não tenho reclamação <strong>de</strong> ninguém... Eu achoque isso aqui é muito útil... Pretendo continuar e fazer segundo grau e<strong>de</strong>pois uma faculda<strong>de</strong>Essa <strong>de</strong>dicação, <strong>de</strong>terminação e constância aos estudos somados àassiduida<strong>de</strong> com que freqüentam as aulas reflet<strong>em</strong>-se na aprendizag<strong>em</strong>, comoresultantes da valorização da oportunida<strong>de</strong>. Geralmente relacionam-se b<strong>em</strong> com osmais jovens e procuram s<strong>em</strong>pre ajudá-los, conforme afirma o aluno Élson, <strong>de</strong> 21 anos,instrutor <strong>de</strong> informática:G: Como você se sente com relação às pessoas mais velhasconvivendo na sala <strong>de</strong> aula?Elson: Eles são muito bons, dão conselhos, incentivam e isso é muitobom, muito bom.Para melhor ilustrar a constância e persistência do aluno idoso que estuda nolocus investigado, cita-se o ex<strong>em</strong>plo do aluno Antonio Bernardino, <strong>de</strong> 83 anos, centro<strong>de</strong> uma matéria veiculada pelo jornal Gazeta do Povo 4 após ter passado no vestibular<strong>de</strong> Sociologia. No artigo o idoso promete <strong>de</strong>dicar-se aos estudos e vê a faculda<strong>de</strong> comoum <strong>de</strong>safio a superar, pois, segundo ele, “o conhecimento é fundamental e se chegueiaté aqui com saú<strong>de</strong>, tenho <strong>de</strong> aproveitar esse t<strong>em</strong>po para realizar os sonhos”.Matéria veiculada no dia 02/12/2008 sob o título “T<strong>em</strong>po para os sonhos”.
363.3 LEITURA LITERÁRIA E A RECEPÇÃO PELO ALUNO DA EJAAo propor-se uma análise da recepção da obra literária pelo aluno <strong>de</strong> EnsinoMédio da EJA, levou-se <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração a teoria da Estética da Recepção formuladapor Hans Robert Jauss, o qual se <strong>de</strong>dicou, a partir dos anos 60, com bastantediss<strong>em</strong>inação, porém, nas décadas <strong>de</strong> 1970 e 1980, à reflexão sobre o papel do leitorna tría<strong>de</strong> autor-obra-leitor, pois para ele <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XIX a estética estava centradana apresentação da Arte e da História da Arte como história das obras e <strong>de</strong> seusautores.Jauss, inspirado no trabalho <strong>de</strong> Hans Jans Gadamer, seu ex-professor, pesquisao papel do intérprete ou leitor, reconhecendo que a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>le influi nacompreensão e no entendimento da recepção da obra <strong>de</strong> arte. Rompendo com osmétodos marxistas e formalistas que se <strong>de</strong>bruçavam ora no autor, ora na obra, propôsque o papel do leitor fosse consi<strong>de</strong>rado, pon<strong>de</strong>rando que nenhum autor escrevesomente por escrever, pois necessita <strong>de</strong> um público e é a ele a qu<strong>em</strong> primeiro é dirigidaa obra literária. Para ele:No triângulo formado pelo autor, a obra e o público, este último não é <strong>de</strong>forma alguma um el<strong>em</strong>ento passivo, que apenas reagiria <strong>em</strong> ca<strong>de</strong>ia,mas antes uma fonte <strong>de</strong> energia que contribui para fazer a própriahistória. A vida da obra na história não é pensável s<strong>em</strong> a participaçãoativa daqueles a qu<strong>em</strong> se dirige. (JAUSS, 1993, p.53).Dados os conceitos do teórico al<strong>em</strong>ão, consi<strong>de</strong>rou-se importante um recortedos livros mencionados pelos alunos pesquisados na pergunta <strong>de</strong> número treze dosquestionários que lhes foram entregues (apêndice 2I). Foi possível estabelecer, aprincípio, sete categorias compostas por livros <strong>de</strong> auto-ajuda, esotéricos, históricos,religiosos, romances <strong>de</strong> ficção, romances policiais e romances românticos compondoseo quadro a seguir.
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