Geni Alberini Roters - Programa de Pós-Graduação em Educação ...
Geni Alberini Roters - Programa de Pós-Graduação em Educação ... Geni Alberini Roters - Programa de Pós-Graduação em Educação ...
91 INTRODUÇÃOA preocupação com a leitura literária sempre esteve presente na caminhadaprofissional desta educadora, de quando lecionou para crianças de EnsinoFundamental à posterior experiência no Ensino Médio, na modalidade Educação deJovens e Adultos (EJA).Na época em que atuava junto às crianças, acreditava que incentivá-las a lerera um meio excepcional para desenvolvimento da língua culta. Mais tarde, com otrabalho junto a jovens, adultos e idosos trabalhadores, percebeu que desenvolver aleitura literária era muito mais que isso, pois, para aqueles alunos, aprender a lercriticamente significava ampliar a sua visão do mundo; significava, também, libertá-losdas amarras do desconhecimento e da subserviência a que estavam submetidos nasdiversas instâncias de sua vida profissional e pessoal, livrá-los do iletrismo que oscondenava ao estado de massa de manobra da política, da religião e da mídia.Na mesma medida em que se deu conta da importância do papel do professorno trabalho com a leitura literária para esse aluno que vem de um ensino fragmentado,marcado por idas e vindas ao ambiente escolar, percebeu que as atividades com aleitura praticadas não alcançavam os objetivos esperados, ou, em outras palavras, osalunos, mesmo os mais motivados, não evidenciavam melhora em suas estratégiasleitoras.Perguntou-se como era possível o professor trabalhar a leitura em sala de aulae não conseguir ampliar as estratégias leitoras do educando, e decidiu investigar aspráticas utilizadas pelos docentes, supondo que a dificuldade do ensino-aprendizagemda leitura encontrava-se nas relações que se estabeleciam a partir deste objeto deensino, as quais podiam dificultar ou mesmo impedir o aluno de se tornar um leitor.Entendendo ser necessária, a priori, uma análise das concepções erepresentações singularizadas que os professores faziam da leitura literária, maisprecisamente da prática desta, optou por investigar se os professores de LínguaPortuguesa valorizavam o texto literário ou tinham preferência por outro tipo de texto, seeles se consideravam leitores ou apenas ledores de textos. Buscou investigar, também,quais objetivos desejavam alcançar ao incentivar os estudantes a ler, o que
10consideravam mais importante nesta prática e se seguiam em sua prática cotidiana oque estabelecem as Diretrizes Estaduais de Educação.Considerou que a busca por respostas de como a prática de leitura literária seprocessava era importante, pois, conforme Freire (2003, p. 22), “a reflexão crítica sobrea prática se torna uma exigência da relação Teoria/Prática sem a qual a teoria pode irvirando blábláblá e a prática, ativismo”.Para melhor desenvolver o presente trabalho, elegeu Mikhail Bakhtin comointerlocutor, devido ao enfoque social que dá à linguagem, compreendida como umaprodução humana que se constrói no processo histórico das interações sociais.O trabalho está organizado em cinco capítulos. Seguindo a parte introdutória, osegundo capítulo tratou da trajetória metodológica e de situar o leitor neste universo tãocheio de contrastes como é um Centro de Educação Básica de Jovens, Adultos eIdosos (CEEBJA).No terceiro, procurou-se elaborar um perfil do aluno da EJA e verificar asrepresentações dos alunos sobre a leitura literária, os tipos de leitura que faziam e arelação de suas leituras com a escola. Esta busca serviu como contraponto à práticadocente. Nesse capítulo, ampliou-se o assunto leitura literária como produção históricae social do ser humano e buscou-se averiguar como esse tema tem se refletido naescola. Essa discussão promoveu o diálogo com autores que apontam as dificuldadesque a escola enfrenta no ensino da leitura, principalmente a literária, entre eles ÂngelaKleiman, Ezequiel Theodoro Silva, José Paulo Paes, Magda Soares, Marisa Lajolo eRegina Zilberman.O quarto capítulo foi reservado à investigação das práticas de leitura literária noambiente escolar, observando sobretudo o “não dito” e o “não documentado” de quefalam Rockwell e Ezpeleta (1989), pois é “através do que não é oficial que a escolatoma forma material, ganha vida”. Com apoio de instrumentos de observação,entrevistas, questionários e análise documentária, procurou-se chegar ao que dizem e oque efetivamente fazem os sujeitos da pesquisa nas práticas de leitura literária. Integraesse capítulo a forma como os professores administram suas práticas cotidianas noensino de leitura literária, analisada à luz das concepções teóricas a esse respeito.
- Page 1 and 2: GENI ALBERINI ROTERSLEITURA LITERÁ
- Page 3 and 4: DedicoÀ minha filha Elisa com amor
- Page 5 and 6: à Profª Dra. Maria do Carmo Guede
- Page 7 and 8: RESUMOEstudo sobre a leitura liter
- Page 9: SUMÁRIO1 INTRODUÇÃO.............
- Page 13 and 14: 122 TRAJETÓRIA METODOLÓGICAVocê
- Page 15 and 16: 14Outrossim, foram realizadas entre
- Page 17 and 18: 16estabelecimentos que ofertam EJA
- Page 19 and 20: 18poder que existe na sociedade da
- Page 21 and 22: 20consideração, neste sentido, a
- Page 23 and 24: 22estudantes pesquisados afirmaram
- Page 25 and 26: 243 LEITURA: UM TEMA, VÁRIOS DESDO
- Page 27 and 28: 26Dessa forma, ao embasar o ensino
- Page 29 and 30: 28desigualdades sociais e econômic
- Page 31 and 32: 30Com a leitura das respostas dos q
- Page 33 and 34: 323.2.2 Os AdultosPara Palácios (1
- Page 35 and 36: 343.2.3 Os IdososApesar da Organiza
- Page 37 and 38: 363.3 LEITURA LITERÁRIA E A RECEP
- Page 39 and 40: 38Com relação ao gênero de livro
- Page 41 and 42: 40Em geral, pôde ser observado que
- Page 43 and 44: 42Para empreender essa nova fase da
- Page 45 and 46: 44Das entrevistas elaboradas retira
- Page 47 and 48: 46Nesta questão a aluna Cristina r
- Page 49 and 50: 48Fica clara a noção de boa liter
- Page 51 and 52: 50Ou seja, uma coisa é esperar que
- Page 53 and 54: 52Mesmo em se tratando de uma pesqu
- Page 55 and 56: 54artigos que deram início a refle
- Page 57 and 58: 563.7 LEITURA LITERÁRIA E PRÁTICA
- Page 59 and 60: 58nasceu logo após a Proclamação
91 INTRODUÇÃOA preocupação com a leitura literária s<strong>em</strong>pre esteve presente na caminhadaprofissional <strong>de</strong>sta educadora, <strong>de</strong> quando lecionou para crianças <strong>de</strong> EnsinoFundamental à posterior experiência no Ensino Médio, na modalida<strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>de</strong>Jovens e Adultos (EJA).Na época <strong>em</strong> que atuava junto às crianças, acreditava que incentivá-las a lerera um meio excepcional para <strong>de</strong>senvolvimento da língua culta. Mais tar<strong>de</strong>, com otrabalho junto a jovens, adultos e idosos trabalhadores, percebeu que <strong>de</strong>senvolver aleitura literária era muito mais que isso, pois, para aqueles alunos, apren<strong>de</strong>r a lercriticamente significava ampliar a sua visão do mundo; significava, também, libertá-losdas amarras do <strong>de</strong>sconhecimento e da subserviência a que estavam submetidos nasdiversas instâncias <strong>de</strong> sua vida profissional e pessoal, livrá-los do iletrismo que oscon<strong>de</strong>nava ao estado <strong>de</strong> massa <strong>de</strong> manobra da política, da religião e da mídia.Na mesma medida <strong>em</strong> que se <strong>de</strong>u conta da importância do papel do professorno trabalho com a leitura literária para esse aluno que v<strong>em</strong> <strong>de</strong> um ensino fragmentado,marcado por idas e vindas ao ambiente escolar, percebeu que as ativida<strong>de</strong>s com aleitura praticadas não alcançavam os objetivos esperados, ou, <strong>em</strong> outras palavras, osalunos, mesmo os mais motivados, não evi<strong>de</strong>nciavam melhora <strong>em</strong> suas estratégiasleitoras.Perguntou-se como era possível o professor trabalhar a leitura <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aulae não conseguir ampliar as estratégias leitoras do educando, e <strong>de</strong>cidiu investigar aspráticas utilizadas pelos docentes, supondo que a dificulda<strong>de</strong> do ensino-aprendizag<strong>em</strong>da leitura encontrava-se nas relações que se estabeleciam a partir <strong>de</strong>ste objeto <strong>de</strong>ensino, as quais podiam dificultar ou mesmo impedir o aluno <strong>de</strong> se tornar um leitor.Enten<strong>de</strong>ndo ser necessária, a priori, uma análise das concepções erepresentações singularizadas que os professores faziam da leitura literária, maisprecisamente da prática <strong>de</strong>sta, optou por investigar se os professores <strong>de</strong> LínguaPortuguesa valorizavam o texto literário ou tinham preferência por outro tipo <strong>de</strong> texto, seeles se consi<strong>de</strong>ravam leitores ou apenas ledores <strong>de</strong> textos. Buscou investigar, também,quais objetivos <strong>de</strong>sejavam alcançar ao incentivar os estudantes a ler, o que