Nesta edição, o boletim epi<strong>de</strong>miológicodivulga o resultado do alcance <strong>da</strong>s <strong>metas</strong> <strong>da</strong>Programação Pactua<strong>da</strong> Integra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Vigilância emSaú<strong>de</strong> – PPI-VS - Paraná – 2.006.Essa avaliação mostra <strong>da</strong>dos e analisa <strong>de</strong>forma sintética as principais ações <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s naárea <strong>de</strong> vigilância epi<strong>de</strong>miológica, ambiental e <strong>de</strong>controle <strong>de</strong> doenças, sistemas <strong>de</strong> informaçõesepi<strong>de</strong>miológicas, laboratório e ações básicas <strong>de</strong>vigilância sanitária.Enten<strong>de</strong>ndo-se que a PPI-VS é umconjunto <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, <strong>de</strong> <strong>metas</strong> e recursosfinanceiros, pactuados entre a Secretaria <strong>de</strong> Vigilânciaem Saú<strong>de</strong>, Secretarias Estaduais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> eSecretarias Municipais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.A febre amarela tem sido manchete na mídianacional e no Estado. O tema “O risco <strong>da</strong> febreamarela” informa sobre os <strong>de</strong>talhes relacionados aosaspectos epi<strong>de</strong>miológicos, a situação atual no Brasil,no Paraná e as recomen<strong>da</strong>ções para esse momentoepi<strong>de</strong>miológico.Traz também, uma análise <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong>agrotóxicos em alimentos no Paraná e mostra que vemcrescendo a preocupação sobre a magnitu<strong>de</strong> <strong>da</strong>sintoxicações agu<strong>da</strong>s e crônicas <strong>de</strong>correntes <strong>da</strong>exposição e <strong>da</strong> ingestão diária <strong>de</strong> alimentoscontaminados.Estão presentes, quadros que mostram onúmero <strong>de</strong> nascimentos, óbitos, doenças e agravos <strong>de</strong>notificação obrigatória do território paranaense. Ossistemas <strong>de</strong> informação em saú<strong>de</strong> SINASC, SIM eSINAN, tiveram uma gran<strong>de</strong> evolução tanto nasensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> como na quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s informações.Este é um gran<strong>de</strong> instrumento para<strong>de</strong>finições <strong>de</strong> priori<strong>da</strong><strong>de</strong>s e intervenção na Saú<strong>de</strong> .Gilberto Berguio MartinSecretário <strong>de</strong> Estado <strong>da</strong> Saú<strong>de</strong>SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDER. Piquiri, 170 Curitiba – ParanáCEP: 80.230-140Fone: (41) 3330-4567 3330-4570Fax: (41) 3330-4569www.sau<strong>de</strong>.pr.gov.brSecretário <strong>de</strong> Estado <strong>da</strong> Saú<strong>de</strong>Gilberto Berguio MartinDiretor GeralAndré PegorerSuperintendência <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong> - SVSJosé Lúcio dos SantosDepartamento <strong>de</strong> Vigilância Epi<strong>de</strong>miológica - DEVEInês VianDivisão <strong>de</strong> Informações Epi<strong>de</strong>miológicas - DVIEPRaul Junior BelyDivisão <strong>de</strong> Vigilância <strong>de</strong> Doenças Transmissíveis - DVVTRNilce Deiko Kuniyoshi Haí<strong>da</strong>Divisão <strong>de</strong> Vigilância <strong>de</strong> Programa <strong>de</strong> Imunizações - DVVPIBeatriz Bastos ThielDivisão <strong>da</strong> Vigilância <strong>da</strong>s Doenças não Transmissíveis – DVDNTAlice Eugênia TisserrantEquipe TécnicaAyako Matono Casagran<strong>de</strong>Cléia Beatriz Garcia LazzarottoJosé Luiz S. <strong>de</strong> Aben AtharNelson Ricetti Xavier <strong>de</strong> NazarenoEliana <strong>da</strong> Silva ScucatoMárcia Gil Al<strong>de</strong>nucciAngela Maron <strong>de</strong> MelloFrancisco Aparecido RitaEliane M. C. P. MalufAssessoria <strong>de</strong> Comunicação SocialGibran Men<strong>de</strong>sDiagramação e Arte Final - N.I.I.Shannon Paterno CoutinhoCTP e Impressão- - -TiragemVocê também po<strong>de</strong>rá fazer a leitura on-line doBoletim Epi<strong>de</strong>miológico através do site:www.sau<strong>de</strong>.pr.gov.br
1- Aspectos epi<strong>de</strong>miológicosO vírus <strong>da</strong> febre amarela é um arbovírus do gênero Flavivirus, família Flaviviri<strong>da</strong>e com diferenças antigênicas entre os vírusafricanos e americanos. É transmitido para seres humanos apenas através <strong>da</strong> pica<strong>da</strong> <strong>de</strong> mosquitos infectados. A doença se manifesta comamplo espectro clínico, variando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> uma doença febril auto limita<strong>da</strong> até um quadro íctero febril hemorrágico <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> uma severainsuficiência hepato renal, com alta letali<strong>da</strong><strong>de</strong>. O vírus <strong>da</strong> febre amarela jamais foi i<strong>de</strong>ntificado fora <strong>da</strong> África ou <strong>da</strong>s Américas. Atualmente ainfecção é limita<strong>da</strong> ao ciclo silvestre nas Américas. A infecção é enzoótica nas selvas on<strong>de</strong> circula entre mosquitos e primatas não humanos(PNH) e provavelmente outros mamíferos. Na América do Sul a área <strong>de</strong> maior ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> do vírus se dá na região amazônica . A febreamarela silvestre se <strong>de</strong>sloca constantemente a partir <strong>da</strong>s áreas enzoóticas para regiões adjacentes através dos mosquitos vetores ehospe<strong>de</strong>iros vertebrados.A Organização Mundial <strong>da</strong> Saú<strong>de</strong> (OMS) estima a ocorrência <strong>de</strong> 200.000 casos e 30.000 óbitos anualmente com 90% <strong>de</strong>ssescasos e óbitos ocorrendo na África. Na América do Sul o número <strong>de</strong> casos notificados é <strong>de</strong> 200 casos em média todos os anos. No Brasilpara o período <strong>de</strong> 1990 a 2006 foram confirmados 478 casos com amplas variações <strong>de</strong> incidência anual.A febre amarela silvestre é caracteristicamente uma doença ocupacional atingindo principalmente indivíduos jovens do sexomasculino. São caçadores, pescadores, trabalhadores rurais, seringueiros e garimpeiros em ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> nas matas, ou suas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s,on<strong>de</strong> circula o vírus. Essas populações moradoras nas áreas enzoóticas apresentam maior resistência ao vírus comparativamente aosindivíduos <strong>da</strong>s áreas in<strong>de</strong>nes. Nos últimos anos em razão <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nças sócio- econômico-culturais, um novo grupo <strong>de</strong> risco altamentesuscetível ao vírus tem sido acometido pela doença: os atualmente <strong>de</strong>nominados ecoturistas.Tradicionalmente a febre amarela é classifica<strong>da</strong> em duas mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s: silvestre e urbana. Trata-se na reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> mesmadoença do ponto <strong>de</strong> vista etiológico, fisiopatológico, imunológico, e clínico. A diferença <strong>da</strong>s duas mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s é especificamenteepi<strong>de</strong>miológica em relação às espécies <strong>de</strong> hospe<strong>de</strong>iros vertebrados normalmente infectados e os vetores envolvidos.O ciclo urbano <strong>da</strong> doença consiste na transmissão do vírus através do Ae<strong>de</strong>s aegypti para o homem em áreas urbanas. Essamo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> transmissão não ocorre no Brasil <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1942.Consi<strong>de</strong>rando a presença do A. aegypti na maioria <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s brasileiras, as coberturas vacinais nem sempre a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s ehomogêneas e a persistência do vetor <strong>de</strong>corrente do fracasso nas ações <strong>de</strong> erradicação, o risco <strong>de</strong> reemergência <strong>da</strong> forma urbana épermanente.A forma atual <strong>de</strong> ocorrência <strong>da</strong> doença, a febre amarela silvestre, apresenta variações sazonais com maior incidência nos meseschuvosos na região endêmica/enzoótica amazônica. Por razões ain<strong>da</strong> não a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>mente esclareci<strong>da</strong>s, são também observa<strong>da</strong>svariações cíclicas <strong>de</strong> incidência, com intervalos variáveis. No Brasil, a partir do ano <strong>de</strong> 1999, o vírus até então confinado à regiãoamazônica inicia um ciclo <strong>de</strong> expansão geográfica com a ocorrência <strong>de</strong> epizootias e epi<strong>de</strong>mias nos Estados do Piauí, Bahia, Minas Gerais,São Paulo e Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. No período <strong>de</strong> 1999-2003 foram notificados ao Ministério <strong>da</strong> Saú<strong>de</strong> (MS) 281 casos humanos e <strong>de</strong>sses66% (185/281) ocorreram fora <strong>da</strong> região amazônica. Essa nova situação epi<strong>de</strong>miológica obriga o MS a reclassificar as regiões geográficasbrasileiras quanto ao risco <strong>de</strong> transmissão.A febre amarela silvestre é uma infecção zoonótica que circula entre primatas não humanos (PNH) e mosquitos vetores nasflorestas tropicais e equatoriais <strong>da</strong>s Américas e África. O conhecimento sobre a fisiopatologia e sintomatologia <strong>da</strong> doença em PNH ébaseado em experimentos com animais em cativeiro. As várias espécies <strong>de</strong> primatas apresentam graus diferentes <strong>de</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> aovírus. Os estudos i<strong>de</strong>ntificaram seis gêneros <strong>de</strong> primatas neotropicais sensíveis ao vírus. A infecção é geralmente fatal para os gênerosAlouatta sp. (bugios) e Ateles sp. (macaco –aranha). A sintomatologia e patogenia em macacos e humanos é similar comcomprometimento principalmente hepato-renal. Na América latina o principal vetor do vírus é o mosquito Haemagogus principalmenteHaemagogus janthinomys e H. spegazzini, habitantes comuns <strong>da</strong>s copas <strong>da</strong>s arvores. Várias espécies do gênero são diurnas e <strong>de</strong>scem aonível do solo em áreas <strong>de</strong> mata facilitando a transmissão para humanos.O conhecimento sobre o reservatório do vírus é ain<strong>da</strong> incompleto.Acredita-se que o vírus <strong>da</strong> febre amarela <strong>de</strong>sloca-se através dos mosquitos infectados atingindo as diversas espécies hospe<strong>de</strong>iras emflorestas. Os macacos do gênero Alouatta são muito sensíveis ao vírus e apresentam alta letali<strong>da</strong><strong>de</strong> em epizootias. A ausência <strong>de</strong> sons <strong>de</strong>vocalização, característicos <strong>de</strong>sses animais, em uma região, são sinalizadores <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> viral. Os PNH são <strong>de</strong>finidos como hospe<strong>de</strong>irosamplificadores, pois um único animal po<strong>de</strong> ser fonte <strong>de</strong> infecção para um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> vetores.Contudo as populações normalmenteesparsas e <strong>de</strong> baixa <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> não permitem sua atuação como reservatório do vírus. Macacos do gênero Cebus sp são mais resistentesà infecção com menor letali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Nas regiões <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> casos humanos foi observado que as populações <strong>de</strong> PNH apenas, sãoinsuficientes para a manutenção dos ciclos <strong>de</strong> transmissão suspeitando-se que outras populações animais como, por exemplo, marsupiaisarborícolas, po<strong>de</strong>m contribuir na epizootiologia <strong>da</strong> doença. Em resumo, po<strong>de</strong>mos dizer que a febre amarela silvestre é uma doençaessencialmente dos animais selvagens e o homem é um hospe<strong>de</strong>iro aci<strong>de</strong>ntal.Um aspecto fun<strong>da</strong>mental relacionado à vigilância <strong>da</strong> doença é o papel <strong>de</strong> animal sentinela, <strong>de</strong>sempenhado pelos PNH. Assim, aocorrência <strong>de</strong> óbitos <strong>de</strong> macacos é consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> evidência presuntiva <strong>da</strong> circulação do vírus <strong>da</strong> febre amarela.::Boletim Epi<strong>de</strong>miológico::