INTRODUÇÃO:A tecnologia <strong>de</strong> produção agrícola <strong>de</strong> alimentos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> agrotóxicos e <strong>de</strong> outros insumos químicos, tem criado novosproblemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública. Com relação aos agrotóxicos, há uma crescente preocupação quanto à magnitu<strong>de</strong> <strong>da</strong>s intoxicações agu<strong>da</strong>se crônicas <strong>de</strong>correntes <strong>da</strong> exposição e <strong>da</strong> ingestão diária <strong>de</strong> alimentos contaminados. Muitos países têm estabelecido programas <strong>de</strong>monitoramento <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong> agrotóxicos, com análises contínuas e programa<strong>da</strong>s. Po<strong>de</strong>-se afirmar que atualmente é freqüente ai<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong> agrotóxicos nos alimentos e, em muitos casos, se <strong>de</strong>tectam concentrações <strong>de</strong>stes acima dos limites máximos<strong>de</strong> resíduos autorizados.Frente à necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se controlar a exposição <strong>da</strong> população a estes agentes químicos tóxicos, a Agência Nacional <strong>de</strong>Vigilância Sanitária - ANVISA/MS criou o Programa <strong>de</strong> Análise <strong>de</strong> Resíduos <strong>de</strong> Agrotóxicos em Alimentos - PARA, no ano <strong>de</strong> 2000, no qualo Estado do Paraná participa.METODOLOGIA:O Programa <strong>de</strong> Análise <strong>de</strong> Resíduos <strong>de</strong> Agrotóxicos em Alimentos PARA, no Estado do Paraná, coletou e analisou, no período <strong>de</strong>maio a outubro <strong>de</strong> 2006, um total <strong>de</strong> 67 amostras <strong>de</strong> hortícolas (alface, batata, laranja, maçã, morango e tomate) oriun<strong>da</strong>s <strong>da</strong> produçãoagrícola paranaense e <strong>de</strong> outros estados <strong>da</strong> fe<strong>de</strong>ração, que foram coleta<strong>da</strong>s em supermercados no Município <strong>de</strong> Curitiba.As amostras foram analisa<strong>da</strong>s pelo Laboratório Central <strong>da</strong> Secretaria <strong>de</strong> Estado <strong>da</strong> Saú<strong>de</strong> do Paraná LACEN/PR, que analisou58 princípios ativos no morango, 59 na alface e 64 no tomate; Fun<strong>da</strong>ção Ezequiel Dias FUNED/MG que analisou 83 princípios ativos nomorango, 85 na maçã e 86 na batata e o Instituto Adolfo Lutz - IAL/SP, que analisou 82 princípios ativos na maçã e 84 na laranja.O método <strong>de</strong> multi-resíduos selecionado e vali<strong>da</strong>do para este trabalho foi <strong>de</strong>senvolvido pelo laboratório oficial <strong>de</strong> praguici<strong>da</strong>s <strong>da</strong>Holan<strong>da</strong> (De Kok e col.,1998; De Kok e Hiemstra, 1998).RESULTADOS:Das 67 amostras analisa<strong>da</strong>s, 31 (46,3%) apresentaram resíduos <strong>de</strong> agrotóxicos. Destacam-se os resultados encontrados para aalface e o morango, pela presença <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong> agrotóxicos acima dos limites máximos <strong>de</strong> resíduos (LMR) estabelecidos e/ou nãoautorizados (NA).A maçã e o tomate apesar <strong>de</strong> não apresentarem resíduos acima do LMR ou NA, apresentaram um maior número <strong>de</strong> amostrascom resíduos em relação ao total, ou seja, em 10 amostras <strong>de</strong> maçã, oito continham resíduos e no tomate sete <strong>da</strong>s 10 amostras. Na laranjanão foram <strong>de</strong>tectados resíduos <strong>de</strong> agrotóxicos para os princípios ativos pesquisados. (Figura 1).Figura 1 - Resultado <strong>da</strong>s Análises <strong>de</strong> Resíduos <strong>de</strong> Agrotóxicos emAmostras <strong>de</strong> Alimentos - Paraná, maio a outubro/2006.Nº <strong>de</strong> amostras181614121086420Totals/ resíduosc/ resíduosc/ resíduos>LMR e/ou NAAlfaceBatataLaranjaMorangoTomateFonte: SESA/SVS/DEVS/DVVSA – 2007.
Também para o morango observou-se, além <strong>de</strong> um maior número <strong>de</strong> amostras com resíduos <strong>de</strong> agrotóxicos, um maior número <strong>de</strong>resíduos <strong>de</strong> agrotóxicos numa mesma amostra, chegando a sete princípios ativos. (figura 2)Figura 2 - Número <strong>de</strong> Resíduos <strong>de</strong> Agrotóxicos <strong>de</strong>tectados nasAmostras <strong>de</strong> Alimentos - Paraná, maio a outubro/2006.8N.º <strong>de</strong> amostras765432AlfaceBatataMaçãMorangoTomate101 2 3 4 5 6 7N.º <strong>de</strong> resíduos na amostraFonte: SESA/SVS/DEVS/DVVSA – 2007.A rastreabili<strong>da</strong><strong>de</strong> até o produtor rural foi <strong>de</strong> 100% para a alface e atingiu o nível mais baixo na maçã, on<strong>de</strong> em apenas 10% foipossível i<strong>de</strong>ntificar o produtor rural (figura 3).Figura 3 - Rastreabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s Amostras Coleta<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Alimentos -Paraná, maio a outubro - 2006.Rastreabili<strong>da</strong><strong>de</strong>100%90%80%70%60%50%40%30%20%10%0%DistribuidorProdutor ruralAlfaceBatataLaranjaMorangoTomateTotalFonte: SESA/SVS/DEVS/DVVSA – 2007.A distribuição dos princípios ativos nas amostras, em função do preconizado na legislação, quanto aos Limites Máximos <strong>de</strong>Resíduos e autorizações <strong>de</strong> uso, está <strong>de</strong>monstra<strong>da</strong> na Tabela 1.O grupo químico dos ditiocarbamatos é o que mais aparece nos diversos alimentos analisados, sendo <strong>de</strong>tectado 20 vezes, o querepresenta 36,4% <strong>da</strong> presença total <strong>de</strong> princípios ativos <strong>de</strong>tectados nas amostras. Segundo CASARETT (2000), a etilenotiuréia,metabólito dos ditiocarbamatos, tem sido associa<strong>da</strong> ao bloqueio do funcionamento <strong>da</strong> tireói<strong>de</strong>, sendo levanta<strong>da</strong> suspeitas sobre esteagente, requerendo portanto estudos mais aprofun<strong>da</strong>dos.Alface e morango, foram os alimentos que apresentaram resíduos <strong>de</strong> agrotóxicos não autorizados, duas amostras <strong>de</strong> alfaceapresentaram resíduos <strong>de</strong> ditiocarbamatos e <strong>de</strong>z amostras <strong>de</strong> morango apresentaram pelo menos um dos seguintes princípios ativosnão autorizados, acefato, captana, clorpirifós, endossulfan, metamidofós, procloraz, e profenofós.A presença <strong>de</strong> resíduo <strong>de</strong> endossulfan em morango é consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> grave, pois é um agrotóxico classificado pela InternationalUnion of Pure and Applied Chemistry - IUPAC como sendo uma substância química pertencente ao grupo químico dos organoclorados.