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Abordagem Topológica de Transições de Fase no Modelo de Ising

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RELATÓRIO FINAL DE ATIVIDADES DO BOLSISTAPIBIC/CNPq, 2008.2-2009.1Instituição: UFPE<strong>Abordagem</strong> <strong>Topológica</strong> <strong>de</strong> <strong>Transições</strong> <strong>de</strong> <strong>Fase</strong><strong>no</strong> Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Ising</strong>Estudante: Jorge Armando Rehn Casierra(Bolsista do CNPq <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 2008; atualmente (2009.2) cursa o sextoperíodo da graduação <strong>no</strong> Bacharelado em Física, é bolsista <strong>de</strong> re<strong>no</strong>vação)Orientador: Maurício Domingues Coutinho FilhoProjeto <strong>de</strong> Pesquisa: Métodos <strong>de</strong> Física Estatística, Teoria <strong>de</strong> Campos e SimulaçãoNumérica em Sistemas <strong>de</strong> Matéria Con<strong>de</strong>nsada


I<strong>de</strong>ntificaçãoNome do Orientador:Nome do Estudante:Área/Sub-área do projeto:Título do projeto:Título do subprojeto:Maurício Domingues Coutinho FilhoJorge Armando Rehn CasierraTeoria da Matéria Con<strong>de</strong>nsadaMétodos <strong>de</strong> Física Estatística, Teoria <strong>de</strong> Campos e SimulaçãoNumérica em Sistemas <strong>de</strong> Matéria Con<strong>de</strong>nsada<strong>Abordagem</strong> <strong>Topológica</strong> <strong>de</strong> <strong>Transições</strong> <strong>de</strong> <strong>Fase</strong> <strong>no</strong> Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><strong>Ising</strong>Resumo do TrabalhoO trabalho visa abordar o problema das transições <strong>de</strong> fase sob o ponto <strong>de</strong> vista datopologia do espaço <strong>de</strong> configurações. Para tanto, um estudo prévio <strong>de</strong> conceitos importantesda mecânica estatística é feito. Logo em seguida é mencionado como o problema das transições<strong>de</strong> fase é tratado, utilizando-se do aparato fornecido pela teoria da mecânica estatística,i.e. a abordagem clássica, baseada na visualização <strong>de</strong> percas <strong>de</strong> analiticida<strong>de</strong> <strong>no</strong>s potenciaistermodinâmicos fornecidos pela mecânica estatística. Por fim apresentamos os resultados doestudo realizado <strong>no</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Ising</strong> unidimensional.IntroduçãoEstudos mais recentes [1, 2, 3, 4, 5] revelaram que o problema das transições <strong>de</strong> fase po<strong>de</strong> serabordado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong> vista mais "profundo", que procura explicar a sua origem <strong>de</strong>s<strong>de</strong>um estudo topológico <strong>de</strong> certos subconjuntos do espaço <strong>de</strong> fase. Este trabalho visa esten<strong>de</strong>rtal teoria para sistemas ainda não tratados, cujo espaço <strong>de</strong> fase é discreto, tal como ocorre <strong>no</strong>mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Ising</strong>, sobre o qual obtivemos uma enumeração exata <strong>de</strong> seus microestados, <strong>no</strong> casounidimensional, o que <strong>no</strong>s possibilitou o cálculo <strong>de</strong> certos invariantes topológicos sugeridos naliteratura para tal mo<strong>de</strong>lo específicamente [6].ObjetivosO trabalho visa criar uma <strong>no</strong>va perspectiva sobre transições <strong>de</strong> fase em mo<strong>de</strong>los cujo espaço<strong>de</strong> configuração é discreto. A meta é estabelecer uma adaptação <strong>de</strong> uma teoria existente, querelaciona a existência <strong>de</strong> transições <strong>de</strong> fase em certos mo<strong>de</strong>los, com mudanças da topologia<strong>de</strong> certos subconjuntos do espaço <strong>de</strong> configuração.A ênfase recai sobre o mo<strong>de</strong>lo <strong>Ising</strong>, para o qual algumas gran<strong>de</strong>zas topológicas são<strong>de</strong>finidas e calculadas computacionalmente.Por ser o primeiro trabalho do alu<strong>no</strong> na área <strong>de</strong> mecânica estatística, uma série <strong>de</strong> conceitostécnicos prévios são <strong>de</strong>senvolvidos, a fim <strong>de</strong> possibilitar o entendimento da teoria posterior.Metodologia do TrabalhoO trabalho consistiu, numa primeira fase do aprendizado das teorias subjacentes básicas, amecânica estatística e certas áreas da topologia. Numa segunda fase diversos artigos científicosdo campo foram revistos, <strong>de</strong> modo a sugerir idéias para a abordagem do problema. Numa2


terceira fase, o problema principal foi estudado, a ca<strong>de</strong>ia unidimensional <strong>de</strong> <strong>Ising</strong>, para o qualalguns resultados analíticos foram obtidos. Por fim os resultados foram implementados emprogramas <strong>de</strong> computador <strong>de</strong>senvolvidos pelo estudante, a fim <strong>de</strong> permitir cálculos numéricosdas gran<strong>de</strong>zas <strong>de</strong>finidas.Resultados e Discussão1 Mecânica EstatísticaA mecânica estatística [7, 8, 9, 10, 11] surgiu como uma tentativa <strong>de</strong> explicar a relaçãoentre os constituintes microscópicos da matéria e as proprieda<strong>de</strong>s macroscócipas da mesma.Tal relação é estabelecida a partir dos princípios da mecânica clássica, a qual supostamentegoverna o movimento das partes microscópicas da matéria. A mecânica clássica <strong>no</strong>s daria,a princípio, condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver completamente o movimento <strong>de</strong> todo o sistema <strong>de</strong>s<strong>de</strong>que conheçamos as condições iniciais do problema. Esta abordagem se revela, <strong>no</strong> entanto,extremamente ilusória, pois mesmo uma pequena quantida<strong>de</strong> macroscópica <strong>de</strong> matéria, éconstituída <strong>de</strong> uma e<strong>no</strong>rme quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> partes microscópicas (da or<strong>de</strong>m do n o <strong>de</strong> Avogrado).Deste modo uma <strong>de</strong>terminação das condições iniciais do problema, e até mesmo a solução <strong>de</strong>todas as equações diferenciais do movimento, envolve uma soberba complexida<strong>de</strong>.É <strong>no</strong>tório que tal quantida<strong>de</strong> e<strong>no</strong>rme <strong>de</strong> graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> micróscopicos permite <strong>no</strong>entanto uma abordagem estatística exata. Isto é, mesmo que não possamos <strong>de</strong>terminar exatamenteo comportamento <strong>de</strong> cada parte microscópica, a estatística <strong>no</strong>s garante que o sistemacomo um todo se comporta <strong>de</strong> uma forma bastante previsível, e isto é o suficiente, já que buscamosobter uma <strong>de</strong>scrição das proprieda<strong>de</strong>s macroscópicas da matéria, as quais são <strong>de</strong> fatoresultantes <strong>de</strong> "comportamentos médios" das partes microscópicas. A raíz <strong>de</strong>ste raciocínio seencontra em dois resultados muito importantes da estatística, a Lei dos Gran<strong>de</strong>s Números, eo Teorema do Limite Central [12].Suponha que o sistema macroscópico em questão seja constituído <strong>de</strong>N graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>microscópicos, <strong>de</strong>scritos pelas coor<strong>de</strong>nadas generalizadas q = (q 1 ,...,q N ), e vamos assumirque tal sistema constitua um sistema mecânico, <strong>de</strong> modo que ao introduzir os momentoscanônicos conjugados, p = (p 1 ,...,p N ), o sitema possua a função hamiltonianaH(q, p); entãoas equações <strong>de</strong> movimento do sistema são escritas como:∂H= q˙i ,∂p i∂H∂q i=−˙ p iPor tudo que foi comentado acima, a solução <strong>de</strong> todas estas equações é intratável (Né muito gran<strong>de</strong>). Assim po<strong>de</strong>mos tratar as coor<strong>de</strong>nadas (q, p) como variáveis aleatórias, e<strong>de</strong>sta forma introduzir uma medida <strong>no</strong> espaço amostral Γ ={(q, p)|q∈V}⊂R 2N , <strong>de</strong><strong>no</strong>minadoespaço <strong>de</strong> fase (V é o volume aon<strong>de</strong> as partículas encontram-se confinadas). Resta-<strong>no</strong>sportanto saber que tipo <strong>de</strong> medida sobre Γ <strong>no</strong>s daria resultados a serem confirmados experimentalmente.Neste relatório preocupamo-<strong>no</strong>s em <strong>de</strong>screver a mecânica estatística <strong>de</strong>corpos em equilíbrio, i.e. corpos cujas proprieda<strong>de</strong>s macroscópicas estão fixadas <strong>no</strong> <strong>de</strong>correrdo tempo. Tomamos ainda como uma das <strong>no</strong>ssas hipóteses <strong>de</strong> trabalho o fato <strong>de</strong> que asproprieda<strong>de</strong>s macroscópicas observadas são médias <strong>de</strong> certas funções das variáveis aleatórias,f(q, p). A dinâmica, por outro lado, fornece um conjunto <strong>de</strong> transformações (parametrizadaspelo tempo) sobre o espaço <strong>de</strong> fase. Um teorema muito importante, o Teorema <strong>de</strong> Liouville3


[8, 10], <strong>no</strong>s garante que se tomamos a medidadµ sobre Γ induzida pela medida <strong>de</strong> Lebesguesobre R 2N , então qualquer função integrável das variáveis aleatórias (q, p), que obe<strong>de</strong>cema dinâmica hamiltoniana, possui a média constante ao longo do tempo. Este teorema <strong>no</strong>sgarante uma possível medida para <strong>de</strong>screver corpos em equilíbrio. Na verda<strong>de</strong> ele ainda <strong>no</strong>sfornece muitas outras medidas, pois seA(q, p) é uma integral do movimento, então sendodµcomo acima, temos queA(q, p)dµ também é uma medida aceitável para <strong>de</strong>screver corpos emequilíbrio.1.1 Um breve estudo das distribuições <strong>de</strong> equilíbrioSuponhamos que <strong>de</strong>sejamos <strong>de</strong>screver estatisticamente um corpo em equilíbrio, constituídoporN graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> microscópicos, cuja energia total se conserve. A condição <strong>de</strong> quea energia é conservada e tem um valor E, <strong>no</strong>s diz que tal sistema está confinado a umavarieda<strong>de</strong> do espaço <strong>de</strong> fase Γ E ={(q, p)∈Γ|H(q, p) =E}, e a escolha mais simples paraa medida sobre tal varieda<strong>de</strong> é aquela induzida <strong>de</strong> Γ, i.e. seds(q, p) é um elemento <strong>de</strong>volume em Γ E , a medida procurada é do tipodµ((q, p)) = const.ds(q, p). Seja Ω Λ (E,N) =∫dqdp, segue que: ΩH(q, p)≤E′ Λ (E,N) = dΩ Λ(E,N)dE= ∫ dsΓ E |gradH| . Vemos portanto queq∈Λ Nenquanto Ω Λ (E,N) "conta" o n o <strong>de</strong> microestados com energia me<strong>no</strong>r do que E, temos queparaδE suficientemente peque<strong>no</strong>, segue que Ω ′ Λ (E,N)δE = Ω′ Λ(E,N)|gradH|dl "conta"o <strong>no</strong><strong>de</strong> microestados com energia E, on<strong>de</strong>dl é tal quedqdp =dsdl. Assim a medida <strong>no</strong>rmalizadapara a unida<strong>de</strong> sobre Γ E é:dµ(x) =ds(x)Ω ′ Λ (E,N)|gradH|,esta é a medida microcanônica (x = (q, p)). Vemos que <strong>de</strong> fato ela é uma distribuição <strong>de</strong>probabilida<strong>de</strong>s uniforme e condicional, dada a condição <strong>de</strong> que o sistema possui uma energiaE.A partir da distribuição microcanônica, Boltzmann foi capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>duzir uma lei muitointeressante. Ele percebeu que se tomamos um sistema Λ com energiaE, n o <strong>de</strong> partículasN, e volumeV , e nele separamos um subsistema Λ 1 cujo n o <strong>de</strong> partículasN 1 , e energiaE 1 ,po<strong>de</strong>m ser alterados pela interação com o subsistema complementar Λ 2 , então assumindoque a energia <strong>de</strong> interação entre as partículas em Λ 1 , e aquelas em Λ 2 é muito me<strong>no</strong>r quea energia <strong>de</strong>stes sistemas,E 1 eE 2 , <strong>de</strong> modo que a energia total em Λ possa ser escritacom boa aproximação comoH 1 (x [1] ) +H 2 (x [2] ) (x [i] refere-se às coor<strong>de</strong>nadas e momentosgeneralizados das partículas contidas <strong>no</strong> subsistema Λ i ,i∈{1, 2}), segue que se tomamos oslimitesE,N,V→∞ tal que E V →e, NV →n, come,n,N 1,E 1 ,V 1 finitos, então a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> conjunta para um estado (E 1 ,N 1 ) do sistema Λ 1 é proporcional a:e −βH 1(x [1] )+βµN 1Se fixamos o n o <strong>de</strong> partículas em um sistema, e permitimos que a sua energia varie, porcontato com um "banho térmico" (este foi o papel do subsistema Λ 2 na discussão acima, que<strong>no</strong> limite tomado para todo o sistema, fez com que este também tivesse a sua energia, n o<strong>de</strong> partículas e volume indo ao infinito, com a condição <strong>de</strong> que a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia e <strong>de</strong>partículas também permaneçam finitos, trata-se portanto <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>alização matemática), oresultado acima <strong>no</strong>s diz que a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser proporcional a:e −βH(x) .Normalizando para a unida<strong>de</strong>, teremos a seguinte <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong>:4


f(x) = e−βH(x)Z Λ (β,N) , on<strong>de</strong> Z Λ(β,N) = ∫ e −βH(x) dx,esta é a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> da medida canônica,Z Λ (β,N) é a função <strong>de</strong> partição,costuma receber a <strong>de</strong><strong>no</strong>tação pela letra Z <strong>de</strong>vido a sua <strong>de</strong>finição original, proposta por Planck,que lhe <strong>de</strong>signara como a Zustandssumme (soma <strong>de</strong> estados). É possível <strong>de</strong>monstrar que oparâmetroβ é o mesmo para vários sistemas macroscópicos em contato com um mesmobanho térmico. Trata-se <strong>de</strong> uma proprieda<strong>de</strong> que permanece constante entre diversos corposem equilíbrio. De fato, po<strong>de</strong>-se provar queβ <strong>de</strong>ve ser proporcional ao inverso da temperaturaabsoluta do sistema. Isto é intuitivamente razoável, se percebermos que sistemas a altastemperaturas (e portantoβ peque<strong>no</strong>) favorecem probabilisticamente estados <strong>de</strong> alta energia,o que já não ocorre para sistemas <strong>de</strong> baixa temperatura (e portantoβ gran<strong>de</strong>).Ao permitir que tanto a energia como o n o <strong>de</strong> partículas do sistema variem, a distribuição<strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong>s então obtida, é <strong>de</strong><strong>no</strong>minada como a distribuição grã-canônica (com a <strong>de</strong>vida<strong>no</strong>rmalização para a unida<strong>de</strong>). O parâmetroµrecebe a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> "potencial químico", e<strong>de</strong>termina se sistemas tem maior probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> concentrar mais graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> (átomos,moléculas), ou não.Para cada uma <strong>de</strong>stas distribuições <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong>, existem gran<strong>de</strong>zas a<strong>de</strong>quadas quefornecem a relação entre tais ensembles microscópicos, e as proprieda<strong>de</strong>s macroscópicas observadas.Vamos ver algumas <strong>de</strong>stas, a saber, a entropia microcanônica e a energia livre<strong>de</strong> Helmholtz, costumeiramente <strong>de</strong><strong>no</strong>tados em geral como potenciais termodinâmicos. A importância<strong>de</strong>stes na <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> observáveis macroscópicos (quantida<strong>de</strong>s termodinâmicas)será percebida através <strong>de</strong> princípios variacionais a serem estabelecidos.1.2 Relação entre a Mecânica Estatística e a TermodinâmicaToda a <strong>de</strong>scrição introdutória realizada na seção anterior po<strong>de</strong> ser convenientementeunificada através do formalismo do cálculo variacional, adicionado <strong>de</strong> um elegante argumentointuitivo [13]. Como vimos, ao ig<strong>no</strong>rarmos a forma exata da trajetória <strong>de</strong> fase do sistema,tivemos <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar as coor<strong>de</strong>nadas e momentos generalizados como variáveis aleatórias,sendo o espaço <strong>de</strong> fase Γ seu espaço amostral, digamos que a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong>sassociada sejaf(p, q). Tudo que sabemos sobre o sistema a priori está <strong>de</strong>scrito em termos<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>s macroscópicas que conseguimos medir. Façamos a 1 a hipótese <strong>de</strong> que taisvariáveis originam-se <strong>de</strong> valores médios <strong>de</strong> certas funçõesA j (p, q), com respeito a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>supracitada, i.e. estamos a medir os valores médios= ∫ Γ A j(p, q)f(p, q)dpdq. Nosperguntamos que tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>no</strong>s forneceria todos os valores observados para um corpoem equilíbrio. Esta pergunta foi respondida na seção anterior, quando apresentamos os trêsensembles principais da mecânica estatística. Mas aqui <strong>de</strong>duziremos todos eles com um únicoargumento.Quando conhecemos a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma variável aleatória, dizemos emgeral com que chance, i.e. com que certeza tal evento ocorrerá. Porém, conhecidas todas estascertezas, será que elas <strong>no</strong>s fornecem também uma forma <strong>de</strong> quantificar a <strong>no</strong>ssa incerteza sobrea variável aleatória estudada? Esta pergunta foi respondida na afirmativa por Shan<strong>no</strong>n, ele<strong>de</strong>finiu uma gran<strong>de</strong>za para quantificar tal incerteza. É possível estabeler uma série <strong>de</strong> axiomasque <strong>de</strong>sejaríamos que tal gran<strong>de</strong>za satisfaça, aqui omitimos esta bela teoria [14], e damos a<strong>de</strong>finição da incerteza, ou entropia, associada a distribuiçãof(p, q):∫S =− f(p, q) ln(f(p, q))dpdq.Γ5


Em seguida estabelecemos a seguinte hipótese crucial para o <strong>de</strong>senvolvimento da mecânicaestatística:O estado <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong> um sistema macroscópico, sobre o qual conhecemoso valor <strong>de</strong> alguns observáveis termodinâmicos, é aquele <strong>de</strong>scrito pela <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>f(p, q) tal que a entropia é máxima, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que os vínculos estabelecidos pelosobserváveis termodinâmicos conhecidos sejam satisfeitos.Agora possuímos um critério variacional para obter a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sejada.Este critério possui um apelo intuitivo muito claro: se a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> não maximizassea entropia, então saberíamos alguma informação a mais sobre o sistema, quando na verda<strong>de</strong>tudo que sabemos é aquilo <strong>de</strong>scrito pelas <strong>no</strong>ssas observações macroscópicas.Desejamos maximizarS <strong>de</strong>finido acima, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que os vínculos= ∫ Γ A j(p, q)f(p, q)dpdq,j =1,...,L e ∫ Γf(p, q)dpdq = 1 sejam satisfeitos; po<strong>de</strong>mos interpretar a condição <strong>de</strong> <strong>no</strong>rmalizaçãocomo sendo mais uma funçãoA 0 = 1, tal que= 1. Utilizamos o método dosmultiplicadores <strong>de</strong> Lagrange, e tomamos a função auxiliar:∫Y =S =−Γ⎛f(p, q) ⎝ln(f(p, q)) +uma variaçãoδf, <strong>no</strong>s fornece a variação em Y:⎛∫δY =− δf⎝ln(f) + 1 +Γ⎞L∑ L∑λ j A j (p, q) ⎠dpdq + λ j ,j=0 j=0L∑j=0λ j A j⎞⎠dpdq,e assim a condição <strong>de</strong> extremização éδY = 0 =⇒ ln(f) + 1 + ∑ Lj=0 λ j A j = 0 e portanto:f(p, q) = 1 Z exp(−∑ Lj=1 λ j A j (p, q)), on<strong>de</strong>Z =e 1+λ 0= ∫ LΓ e−∑ j=1 λ jA j (p,q) dpdqNote agora que 1 ∂ZZ∂λ j=−. Enquanto isso, a partir dos valores médios,também é possível obter os multiplicadores <strong>de</strong> lagrange, primeiramente <strong>no</strong>te que se substituímosa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> recém obtida em <strong>no</strong>ssa <strong>de</strong>finição original <strong>de</strong> entropia,obteremos que: S = ∑ Lj=1 λ j + lnZ, relação conhecida como a transformada <strong>de</strong>∂SLegendre. Disto segue que∂ =λ jO mais interessante <strong>de</strong> toda a discussão acima é que agora po<strong>de</strong>mos analisar caso a caso osensembles que obtemos conforme impomos os víncúlos a<strong>de</strong>quados. Por exemplo, se impormosunicamente a condição <strong>de</strong> <strong>no</strong>rmalização da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong>, a distribuição entãoobtida pelos argumentos acima <strong>de</strong>ve ser uma distribuição uniforme, i.e. se o sistema possuiW estados acessíveis temos que as probabilida<strong>de</strong>s dos diversos estados possíveis sãop i = 1 W ,e a entropia seráS=− ∑ Wi=1 W −1 lnW −1 = lnW, coincidindo com a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> entropiamicrocanônica, proposta originalmente por Boltzmann (a constante <strong>de</strong> boltzmann vale 1,<strong>de</strong>vido a <strong>de</strong>finição original que <strong>de</strong>mos para a entropia). Enquanto isto, se monitoramos aquantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia do sistema, é claro que estamos medindo o valor médio da funçãohamitoniana do sistema. Pelo que vimos acima este vínculo estabelece que a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>probabilida<strong>de</strong> é dada por: f(p, q) = 1 Z e−βH(p,q) , assim reobtemos o ensemble canônico, eo multiplicador <strong>de</strong> Lagrangeβ tem o significado físico <strong>de</strong> temperatura inversa; a função6


<strong>de</strong> partição éZ = ∫ Γ e−βH(p,q) dpdq. A relação entre a energia média (energia interna dosistema), e a temperatura do sistema, como foi visto acima, <strong>no</strong>s dá a equação <strong>de</strong> estado:=− ∂ lnZ∂β; enquanto que a transformada <strong>de</strong> Legendre <strong>no</strong>s dá:S = lnZ +β,uma bem conhecida relação da termodinâmica entre a entropia canônica e a energia livre <strong>de</strong>Helmholtz <strong>de</strong>finida porF =−β −1 lnZ. Por fim a última relação <strong>de</strong>senvolvida acima, <strong>no</strong>s<strong>de</strong>monstra que a <strong>de</strong>finição usual <strong>de</strong> temperatura absoluta a partir da entropia termodinâmica( dSdE = 1 T), coinci<strong>de</strong> com esta relação, lembrando queβ é a temperatura inversa do sistema:∂S∂E =β.Notamos agora que o ensemble canônico está relacionado com o microcanônico <strong>de</strong> umaforma bastante peculiar. Com efeito, sendoW(E), o n o <strong>de</strong> microestados com energiaE,vemos que o ensemble canônico <strong>no</strong>s diz que a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o sitema possuiruma energiaE, é dada porp(E) = W (E)Z βe −βE , logo a função <strong>de</strong> partição canônica será dadaporZ β = ∫ ∞0W(E)e −βE dE. Portanto a função <strong>de</strong> partição canônica é a transformada <strong>de</strong>Laplace da distribuição microcanônica. Veja ainda <strong>no</strong>toriamente que se o integrando for umafunção extremamente concentrada em tor<strong>no</strong> <strong>de</strong> um valor máximoW(Ē)e−βĒ, então a função<strong>de</strong> partição vale aproximadamenteZ β ≈W(Ē)e−βĒ, logoF =−β −1 lnZ β ≈Ē−β−1S(Ē),o que seria a transformada <strong>de</strong> Legendre, caso a entropia microcâ<strong>no</strong>nica coincidisse com aentropia canônica. Veremos mais adiante, ao discutir transições <strong>de</strong> fase, que este nem sempreé o caso. Porém para sistemas on<strong>de</strong> os diferentes graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> estão suficientemente nãocorrelacionados, <strong>de</strong> modo que o Teorema do Limite Central seja válido, existe um teoremafundamental da mecânica estatística que garante a equivalência entre tais ensembles [13],o Teorema <strong>de</strong> Van Hove, diz que para sistemas com interação <strong>de</strong> curto alcance, e com ashipóteses do Teorema do Limite Central, vale que <strong>no</strong> limite termodinâmico todos os ensemblessão equivalentes, i.e. um dado observável macroscópico previsto por qualquer ensemble <strong>de</strong>veter sempre o mesmo valor. Note como o problema da inequivalência <strong>de</strong> ensembles é importantedo ponto <strong>de</strong> vista experimental, pois <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do modo como uma medição é realizada(quais vínculos são estabelecidos, qual dos ensembles é estabelecido), po<strong>de</strong>mos ter diferentesvalores para a gran<strong>de</strong>za observada <strong>no</strong> mesmo tipo <strong>de</strong> sistema.Para finalizar esta discussão introdutória da mecânica estatística, faremos uma pequenaobservação sobre a entropia microcanônica, pois este fato será utilizado posteriormente <strong>no</strong>scálculos realizados. Vimos que a entropia microcanônica podia ser <strong>de</strong>finida como função daenergiaE, se pu<strong>de</strong>rmos "contar" todos os estados possíveis com esta energia. Se houveremW(E) estados, entãoS(E) = lnW(E). Utilizaremos as mesmas <strong>no</strong>tações da seção 1.1. Noteentão que:W(E) = Ω ′ Λ (E,N)δE≤ Ω Λ(E,N)≤Ω ′ Λ (E,N)E,a primeira <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> é clara, a última <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> é válida para todo E suficientementegran<strong>de</strong> se assumimos por exemplo que Ω Λ (E,N) é exponencialmente crescente emE, em geralisto é verda<strong>de</strong>iro para a gran<strong>de</strong> maioria dos sistemas, e a taxa <strong>de</strong> crescimento é proporcional aonúmero <strong>de</strong> graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> N (logo a entropia é proporcional a N). Tomando o logaritmo,estas <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>terminam cotas superiores para a entropia:S = ln(W(E))≤ln(Ω Λ (E,N))≤ln(Ω ′ Λ (E,N)E),tomamos a diferença entre o último e primeiro membros, obtendo ln( EδE) e aplicamos o limitetermodinâmicoN→∞. Portanto esta diferença, que assume um valor fixo, po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>sprezadaem relação a entropia que é proporcional a N. Portanto <strong>no</strong> limite termodinâmico,7


a entropia também po<strong>de</strong> ser calculada por qualquer um dos dois <strong>de</strong>mais membros da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>acima. Em cálculos computacionais é muito útil calcular a entropia pela expressãoS(E) = ln(Ω Λ (E,N)). Mais adiante neste relatório, <strong>de</strong>monstraremos a enumeração exataobtida para o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Ising</strong> unidimensional, e com isso calcularemos a entropia microcanônica<strong>de</strong>ste mo<strong>de</strong>lo, utilizando essa última fórmula.2 <strong>Transições</strong> <strong>de</strong> <strong>Fase</strong>A teoria das transições <strong>de</strong> fase [15] é uma espetacular aplicação da mecânica estatística,pois lida com fenôme<strong>no</strong>s presentes em muitos campos diferentes da física, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ferver<strong>de</strong> uma água, a criação <strong>de</strong> um imã magnético, ou a formação <strong>de</strong> uma estrela, todos estesfenôme<strong>no</strong>s são <strong>de</strong>scritos por meio <strong>de</strong> certos mo<strong>de</strong>los simplificados, utilizando-se a mecânicaestatística. Uma discussão porme<strong>no</strong>rizada <strong>de</strong> tal teoria não se faz possível <strong>no</strong> presente tratado.Mas po<strong>de</strong>mos, pelo me<strong>no</strong>s, <strong>de</strong>screver a ponta <strong>de</strong>ste e<strong>no</strong>rme iceberg, com base <strong>no</strong> formalismointroduzido anteriormente.Vimos que cada variável macroscópica está associada a uma variável intensiva (o seumultiplicador <strong>de</strong> Lagrange). No ensemble canônico, por exemplo, a energia interna estáconjugada a temperatura. Por outro lado, a variável macroscópica também está associada asua respectiva variável extensiva, a energia interna <strong>no</strong> ensemble canônico, nada mais é do quea média do hamiltonia<strong>no</strong>, a sua variável extensiva associada. Se a distribuição <strong>de</strong>sta variávelextensiva satisfaz as condições do Teorema do Limite Central, então temos a garantia <strong>de</strong>que <strong>no</strong> limite termodinâmico, a média correspon<strong>de</strong>nte está bem <strong>de</strong>finida, pois a distribuiçãose aproxima a <strong>de</strong> uma <strong>no</strong>rmal, com variância inversamente proporcional ao n o <strong>de</strong> graus <strong>de</strong>liberda<strong>de</strong>. No entanto, existem situações em que a medida que se varia o parâmetro intensivo,as correlações entre diferentes graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> se intensificam, <strong>de</strong> modo que o teorema dolimite central <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser válido. Na prática a distribuição da variável extensiva po<strong>de</strong> seconcentrar em tor<strong>no</strong> <strong>de</strong> dois ou mais valores, e isto é macroscopicamente visto como umacoexistência <strong>de</strong> várias fases distintas do sistema, estamos então presenciando uma transição<strong>de</strong> fase <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m, ou <strong>de</strong>scontínua.As observações experimentais <strong>de</strong> transições <strong>de</strong> fase geralmente se traduzem matematicamentepela perda <strong>de</strong> analiticida<strong>de</strong> <strong>no</strong>s potenciais termodinâmicos (apenas <strong>no</strong> limite termodinâmico,para os ensembles (grã)canônico; enquanto que <strong>no</strong> microcanônico, é possívelencontrar mo<strong>de</strong>los, para os quais tais percas <strong>de</strong> analiticida<strong>de</strong> aparecem mesmo para sistemas<strong>de</strong> tamanho finito [16, 17, 18, 19, 20]). Aqui reencontramos o problema da inequivalência <strong>de</strong>ensembles, equanto os potenciais termodinâmicos associados aos ensembles (grã)canônico <strong>de</strong>sistemas finitos sempre serão funções analíticas, conforme provado em [21], este não precisaser o caso para o ensemble microcanônico. Muito trabalho foi realizado neste campo, <strong>no</strong>que diz respeito a previsão da ocorrência, ou não, <strong>de</strong> transições <strong>de</strong> fase em certas classes<strong>de</strong> sistemas, sem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> computar um potencial termodinâmico. Trata-se <strong>de</strong> umabusca por condições necessárias e suficientes para a transição <strong>de</strong> fase. Neste sentido temoso teorema <strong>de</strong> Mermin-Wagner e suas generalizações [22, 23, 24], ou ainda critérios que permitemi<strong>de</strong>ntificar a existência <strong>de</strong> uma transição <strong>de</strong> fase tais como o argumento <strong>de</strong> Peierls [25],em ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> spin discreto, ou o limite <strong>de</strong> Fröhlich-Simon-Spencer [26]. Existem tambémteoremas que garantem a não existência <strong>de</strong> transição <strong>de</strong> fase em certos mo<strong>de</strong>los unidimensionais,[27, 28]. Todos estes resultados referem-se a classes específicas <strong>de</strong> sistemas, e nãoexplicam qual possível mecanismo estaria por trás do aparecimento <strong>de</strong> pontos não analíticos8


dos potenciais termodinâmicos. Um resultado muito famoso <strong>de</strong> Yang e Lee [29], relaciona adistribuição dos zeros da função <strong>de</strong> partição grã-canônica, <strong>no</strong> pla<strong>no</strong> complexo, com as nãoanaliticida<strong>de</strong>s da função termodinâmica correspon<strong>de</strong>nte.O estudo topológico das transições <strong>de</strong> fase surgiu ao fim da década <strong>de</strong> 90, a partir daformulação geométrica da dinâmica hamiltoniana <strong>no</strong> espaço <strong>de</strong> fase, uma boa referência parao estudo <strong>de</strong>sta teoria é o livro [2], e os reviews [1, 30]. Foi observado que as superfíciesequipotenciais <strong>no</strong> espaço <strong>de</strong> fase apresentam uma mudança na sua topologia <strong>no</strong> momento datransição <strong>de</strong> fase. E <strong>de</strong> fato foi provado que para certas classes <strong>de</strong> sistema, uma condiçãonecessária para ocorrer uma transição <strong>de</strong> fase é que a topologia <strong>de</strong> tais superfícies equipotenciaisse altere. Fazemos a seguir uma série <strong>de</strong> <strong>de</strong>finições topológicas convenientes para a<strong>de</strong>scrição resumida <strong>de</strong>sta teoria.3 Topologia do Espaço <strong>de</strong> <strong>Fase</strong>Um estudo porme<strong>no</strong>rizado <strong>de</strong> topologia não é possível neste relatório, um bom livrointrodutório é o [31]. Po<strong>de</strong>mos pelo me<strong>no</strong>s citar que os axiomas fundamentais da topologia,<strong>de</strong>finem o conceito <strong>de</strong> espaço topológico, e são utilizados para <strong>de</strong>finir um dos conceitosmais importantes da topologia, o <strong>de</strong> funções contínuas entre espaços topológicos. Este é umconceito muito importante, pois, em primeiro lugar, ele fornece uma relação <strong>de</strong> equivalência<strong>no</strong> conjunto <strong>de</strong> todos os espaços topológicos, o conceito <strong>de</strong> homeomorfismo (dois espaços sãohomeomorfos se existir uma bijeção contínua, <strong>de</strong> inversa contínua entre eles, esta bijeção écostumeiramente vizualizada como uma "<strong>de</strong>formação" <strong>de</strong>s<strong>de</strong> um espaço até o outro); e emsegundo lugar, a topologia se propõe a estudar aquelas proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> espaços topológicosque são compartilhadas entre espaços homeomorfos, <strong>de</strong><strong>no</strong>minados <strong>de</strong> invariantes topológicos.A topologia é um campo muito importante da matemática, e se faz muito presente <strong>no</strong> folclorematemático; a construção <strong>de</strong>sta teoria possibilitou a resolução <strong>de</strong> problemas famosos,tais como as sete pontes <strong>de</strong> Königsberg, o teorema das quatro cores, o lema <strong>de</strong> Jordan, arelação <strong>de</strong> Euler entre vértices, arestas e faces <strong>de</strong> poliedros. Este último problema conduziu a<strong>de</strong>finição do invariante topológico que mais adiante calcularemos <strong>no</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Ising</strong>, a saber,a característica <strong>de</strong> Euler. Uma <strong>de</strong>finição geral e precisa da característica <strong>de</strong> Euler necessitariado <strong>de</strong>senvolvimento da teoria <strong>de</strong> homologia, uma aplicação da álgebra à topologia. Para os<strong>no</strong>ssos propósitos (o <strong>de</strong> estudar a ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>Ising</strong> 1D), é suficiente <strong>de</strong>finir a característica <strong>de</strong>Euler para complexos celulares com celulas <strong>de</strong> dimensão não maior do que 1. Po<strong>de</strong>mos dizerque estes objetos são os familiares grafos, um conjunto <strong>de</strong> vértices e arestas. Pois bem, acaracterística <strong>de</strong> Eulerχpara um grafoGcom n o <strong>de</strong> vértices|V|, e <strong>de</strong> arestas|A|, é dadaporχ=|V|−|A|. Esta <strong>de</strong>finição é a única <strong>de</strong>finição da topologia utilizada para o estudotopológico do <strong>Ising</strong> 1D.Por outro lado existe uma teoria muito sofisticada <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> conceitos topológicospara o problema das transições <strong>de</strong> fase. Esta teoria se baseia na teoria <strong>de</strong> Morse [32], quepo<strong>de</strong>mos <strong>de</strong><strong>no</strong>minar como uma fusão da topologia e da análise. A principal <strong>de</strong>finição nateoria <strong>de</strong> Morse, é a <strong>de</strong> função <strong>de</strong> Morse, basicamente, po<strong>de</strong>mos dizer que tratam-se <strong>de</strong>funções <strong>de</strong> valores reais <strong>de</strong>finidas sobre varieda<strong>de</strong>s diferenciáveis, cujos pontos críticos (i.e. ospontos on<strong>de</strong> a primeira <strong>de</strong>rivada é nula) são não <strong>de</strong>generados (i.e. a hessiana calculada <strong>no</strong>ponto crítico é invertível, ou seja, não possui autovalores nulos). Esta <strong>de</strong>finição tem comoconsequência fundamental, o fato <strong>de</strong> que o conjunto <strong>de</strong> pontos críticos <strong>de</strong> uma função <strong>de</strong>Morse é um conjunto discreto (com respeito a mesma métrica da varieda<strong>de</strong> em questão).9


A teoria <strong>de</strong> Morse se utiliza das funções <strong>de</strong> Morse <strong>de</strong>finidas sobre uma varieda<strong>de</strong>, para oestudo da topologia <strong>de</strong>ste domínio. As funções <strong>de</strong> Morse, e a or<strong>de</strong>nação dos reais, fornecemuma maneira <strong>de</strong> "fatiar" a varieda<strong>de</strong>M em pedaços sucessívos, a saber, os conjuntos <strong>de</strong> nível:f −1 (a) =x∈M :f(x) =a. Tais conjuntos são <strong>de</strong><strong>no</strong>minados críticos, seafor um valor críticoparaf, i.e. existe algum ponto crítico <strong>de</strong>sta função, tal que o valor <strong>de</strong>sta função em tal pontocrítico éa.Os principais resultados da teoria <strong>de</strong> Morse são os seguintes:1. Se o intervalo [a,b] não contém valores críticos, entãof −1 (v) são todos espaços homeomorfosparav∈ [a,b]2. Se o intervalo [a,b] contém valores críticos, a topologia <strong>de</strong>f −1 ([a,v]) muda conformev assume valores críticos, e modifica-se <strong>de</strong> uma maneira especificada pelo formato daHessiana, através <strong>de</strong> cada ponto crítico.A aplicação <strong>de</strong>sta teoria para as transições <strong>de</strong> fase, envolve a hipótese <strong>de</strong> que a funçãohamiltoniana é uma função <strong>de</strong> Morse <strong>de</strong>finida sobre o espaço <strong>de</strong> fase. Esta hipótese po<strong>de</strong>parecer muito forte, <strong>no</strong> entanto, existe um resultado que garante que as funções <strong>de</strong> Morsesão <strong>de</strong>nsas sobre o conjunto <strong>de</strong> todas as funções <strong>de</strong> valores reais, <strong>de</strong>finidas sobre varieda<strong>de</strong>sdiferenciáveis. Desta forma, se a função hamiltoniana não for uma função <strong>de</strong> Morse, umaperturbação a tornaria (e muito possivelmente também <strong>de</strong>struiria a sua simetria, tornandoos cálculos muito mais fastidiosos). Deste modo, os espaços analisados são os conjuntosH −1 (−∞,E], conforme varia-se a energia, monitoram-se certos invariantes topológicos <strong>de</strong>stesespaços, os quais mudam conforme a topologia muda.Um dos principais resultados <strong>de</strong>sta teoria, envolve a <strong>de</strong>scrição da entropia microcanônicaem termos <strong>de</strong> invariantes topológicos [2], para certos tipos <strong>de</strong> sistema: com interação <strong>de</strong> curtoalcance e potencial não confinante. Com isso é provado, em tal classe <strong>de</strong> sistemas, que umacondição necessária para ocorrência <strong>de</strong> transições <strong>de</strong> fase é a <strong>de</strong> que a topologia dos conjuntosacima <strong>de</strong>finidos mu<strong>de</strong>. Uma série <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los foi estudada utilizando-se <strong>de</strong>sta teoria em [33].Nota-se porém que na prática, o critério topológico <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> acima referido revelase<strong>de</strong> difícil aplicabilida<strong>de</strong>, pois as mudanças topológicas acima referidas tornam-se cada vezmais frequentes, conforme o limite termodinâmico é tomado. Neste sentido, outro resultadoque especifica uma condição topológica necessária para a ocorrência <strong>de</strong> transições <strong>de</strong> fase,foi obtido em [34], o qual <strong>de</strong> certa forma <strong>no</strong>s diz para quais mudanças topológicas <strong>de</strong>vemosolhar, se estamos em busca da transição <strong>de</strong> fase. Em [34] <strong>de</strong>fine-se a gran<strong>de</strong>za geométrica<strong>de</strong><strong>no</strong>minada <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> jacobiana, que é uma função da energia do sistema, e prova-se que seo potencial é <strong>de</strong> curto alcance, não confinante e é uma função <strong>de</strong> Morse, então a divergênciada <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> jacobiana é necessária para a ocorrência da transição <strong>de</strong> fase. Portanto, <strong>de</strong>todos os pontos críticos do potencial, <strong>de</strong>vemos olhar apenas para aqueles em que a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>jacobiana diverge.No entanto esta teoria está bem posta para hamiltonia<strong>no</strong>s cujo espaço <strong>de</strong> fase é contínuo.A proposta <strong>de</strong>ste projeto é vislumbrar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong>sta teoria para o mo<strong>de</strong>lo<strong>de</strong> <strong>Ising</strong>, com espaço <strong>de</strong> fase discreto! Esta abordagem se revelou muito <strong>de</strong>safiadora comoveremos a seguir, e na verda<strong>de</strong> verificou-se ser mais conveniente estudar a topologia <strong>de</strong> cadaconfiguração da re<strong>de</strong> cristalina, do que propriamente a topologia do espaço <strong>de</strong> fase em questão,sobre o qual a teoria <strong>de</strong> Morse usual não é aplicável. Notou-se <strong>no</strong> entanto que a característica<strong>de</strong> Euler permanece tendo um comportamento semelhante à entropia do sistema.10


1. Se−•••−, então 2N − − 2 = 2N −− +N +−2. Se +•••+, então 2N − = 2N −− +N +−3. Se +•••−−•••+ , então 2N −− 1 = 2N −− +N +−Agora po<strong>de</strong>mos escrever a energia do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Ising</strong> como:H =−J(N ++ +N −− −N +− )−h(N + −N − )pois ∑ i σ i =N + −N − , e ∑ σ iσ j =N ++ +N −− −N +− . O n o <strong>de</strong> variáveis na expressãopara energia po<strong>de</strong> ser reduzido somente ao n o <strong>de</strong> sítios da ca<strong>de</strong>ia, ao n o <strong>de</strong> spins up, e aon o <strong>de</strong> domínios, utilizando todas as relações obtidas acima. Este fato será convenientementeutilizado na seção seguinte, pois fixaremos estes três valores, e enumeraremos as configuraçõesexistentes, <strong>de</strong>sta forma obtendo a distribuição microcanônica. Surpreen<strong>de</strong>ntemente a energiase escreve em termos <strong>de</strong>stes três valores segundo a mesma expressão, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dos trêscasos mencionados acima:H(N,N + ,D) = (h−J)N− 2hN + + 2JD−J4.1 Enumeração do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Ising</strong> 1-DVamos estudar a ca<strong>de</strong>ia linear sem impor condição <strong>de</strong> contor<strong>no</strong> periódica. Vimos que a energia<strong>de</strong> uma dada configuração <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> portanto dos parâmetrosN,D eN + . Vamos <strong>de</strong>terminarquantas configurações distintas po<strong>de</strong>mos obter, uma vez que fixemos tais parâmetros (e comisso, fixemos a energia). É conveniente dividir o estudo das enumerações em três casos:1 o CASO:D=1. Forçosamente <strong>de</strong>vemos ter que ouN + = 0, ouN + =N. Portanto existemduas configurações,w=2.2 o CASO:D=2k,k>0. Aqui existem, a princípio duas escolhas que po<strong>de</strong>mos fazer parao primeiro sítio, ou este pertence a um domínio up, ou este pertence a um domínio down.Seja qual for a escolha feita, vemos que k domínios possuirão spin up, e os <strong>de</strong>mais kpossuirão spin down.Isto <strong>no</strong>s mostra portanto que pelo me<strong>no</strong>s temos as seguintes restrições sobre o número <strong>de</strong>spins upN + ≥k=D/2,N − =N−N + ≥k=D/2, caso contrário algum domínio estariavazio, o que é um absurdo.Sabendo queN + satisfaz a restrição acima, <strong>no</strong>s perguntamos quantas configurações distintasexistem. Po<strong>de</strong>-se ver <strong>de</strong> imediato que tal pergunta equivale a saber <strong>de</strong> quantas maneirasdistintas o seguinte sistema <strong>de</strong> equações po<strong>de</strong> ser resolvido:{u1 + ... + u k = N + −kd 1 + ... + d k = N − −k =N−N + −k ,on<strong>de</strong>u j ,d j ∈ N∪{0},∀j, representam o número <strong>de</strong> spins up e down <strong>no</strong>j-ésimo domínio,respectivamente.É fácil mostrar (veja o apêndice) que o n o <strong>de</strong> soluções distintas para tal equação é dadopor: ( )( )N+ − 1 N− − 1l =k− 1 k− 112


Como observamos ao princípio, temos duas possibilida<strong>de</strong>s, ou o primeiro sítio é up, ou édown. Isto <strong>de</strong>monstra que o n o total <strong>de</strong> configurações distintas é:( )( )N+ − 1 N− − 1w = 2l = 2k− 1 k− 13 o CASO:D=2k + 1,k>0. Temos duas possibilida<strong>de</strong>s, se o primeiro domínio da ca<strong>de</strong>iaé up, o último também será, e então haverãok + 1 domínios up,kdomínios down. Digamosque este é o caso 3-a. Vamos <strong>de</strong><strong>no</strong>tar a situação análoga inversa <strong>de</strong> 3-b.Na situação 3-a vemos que existem as restrições:N + ≥k + 1 = (D + 1)/2,N−N + ≥k =(D− 1)/2. Na situação 3-b as restrições:N + ≥k = (D− 1)/2,N−N + ≥k + 1 = (D + 1)/2.Respon<strong>de</strong>r quantas configurações distintas existem na situação 3-a equivale a respon<strong>de</strong>rquantas soluções distintas o seguinte sistema possui:{u1 + ... + u k+1 = N + −k− 1d 1 + ... + d k = N − −k =N−N + −k ,on<strong>de</strong>u j ,d j ∈ N∪{0},∀j, <strong>no</strong>vamente representam o número <strong>de</strong> spins up e down <strong>no</strong>j-ésimodomínio, respectivamente.Segue do apêndice que o n o <strong>de</strong> soluções é dado por:( )( )N+ − 1 N− − 1l a =k k− 1Similarmente <strong>no</strong> caso 3-b obteríamos que o n o <strong>de</strong> configurações é:( )( )N+ − 1 N− − 1l b =k− 1 kVale ressaltar neste momento que a enumeração acima realizada, não foi encontrada emnenhuma referência a respeito do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Ising</strong> 1D, muito embora tenha sido <strong>de</strong> e<strong>no</strong>rmesimplicida<strong>de</strong> a sua <strong>de</strong>dução. Ela <strong>no</strong>s permite neste momento, entre várias outras coisas,calcular a entropia microcanônica (canônica), conforme prometido anteriormente. O gráficoencontra-se ilustrado na Fig. 1 (2). Para o cálculo da entropia microcanônica em funçãoda energia, utilizamos o seguinte algoritmo: Dado um valorE para a energia, verificamostodos os valores <strong>de</strong>N + ,N +− , tais que a energia associada a tais configurações seja me<strong>no</strong>r doque o valorE. Utilizando a enumeração realizada, somamos todas as multiplicida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> taisconfigurações. Calculando o logaritmo <strong>de</strong>sta soma, obtemos a entropia do sistema em funçãoda energiaE. Este procedimento claramente <strong>no</strong>s fornece uma curva monótona crescente, talque acima <strong>de</strong> um valor energético máximo para o sistema, a entropia é constante e igual aologaritmo da quantida<strong>de</strong> total <strong>de</strong> configurações na ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>Ising</strong> (2 N ). Os resultados obtidoscomputacionalmente por tal algoritmo <strong>de</strong>monstram exatamente este comportamento, sendoportanto uma comprovação da exatidão da enumeração acima realizada [Fig. 1]. Utilizandoeste algoritmo, po<strong>de</strong>mos ainda plotar a entropia canônica [Fig. 2], <strong>de</strong> um modo muito simples:sabemos a energia (canônica) e a temperatura estão relacionadas porE=− ∂∂β ln(Z N).Eliminamos a energia em favor da temperatura, e com isso obtemos a curva da entropia versustemperatura. Po<strong>de</strong>mos observar que por trás <strong>de</strong>sta <strong>de</strong>dução está a hipótese <strong>de</strong> que para talmo<strong>de</strong>lo existe uma equivalência entre os ensembles canônico, e microcanônico, pois estamospressupondo que a energia em ambos os ensembles é a mesma. A curva para tal entropia é13


comparada com a curva exata para a entropia canônica [Fig. 2]. A concordância dos resultados<strong>no</strong>s levam a concluir <strong>de</strong> imediato dois resultados: (I) A enumeração realizada é exata;(II) A equivalência <strong>de</strong> ensembles pressuposta é <strong>de</strong> fato uma hipótese razoável.4.2 Transição <strong>de</strong> <strong>Fase</strong> <strong>no</strong> <strong>Ising</strong> 1DNa próxima seção discutiremos a topologia da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>Ising</strong> unidimensional, e <strong>de</strong>finiremosum invariante a característica <strong>de</strong> Euler associada a spins up, a qual possui um valor bem<strong>de</strong>finido para cada configuração dos spins ao longo da ca<strong>de</strong>ia. Será então necessário proce<strong>de</strong>r<strong>de</strong> modo a calcular uma característica <strong>de</strong> Euler média, a qual <strong>no</strong>s dá o comportamentoesperado <strong>de</strong>ste observável. Para isso <strong>no</strong>s utilizaremos tanto da medida microcanônica, comoda medida canônica. A medida canônica requer um conhecimento da função <strong>de</strong> partiçãodo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Ising</strong> 1D. Nesta seção <strong>de</strong>duziremos uma expressão fechada para tal função <strong>de</strong>partição, e aproveitaremos a oportunida<strong>de</strong> para fazer uma rápida discussão da transição <strong>de</strong>fase <strong>no</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Ising</strong> 1D.A função <strong>de</strong> partição <strong>de</strong> uma ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>Ising</strong> unidimensional comN sítios é dada por:Z N = ∑ σ 1... ∑ σ Ne βJ∑ N−1i=1 σ iσ i+1 +βh ∑ Ni=1 σ iZ N = ∑ ±1N−1 ∏e βJσ ∏ Niσ i+1e βhσ ii=1 i=1Z N = cosh(βJ) N−1 cosh(βh) N∑ N−1 ∏ N∏(1 +σ i σ i+1 tanh(βJ)) (1 +σ i tanh(βh))±1 i=1 i=1on<strong>de</strong> utilizamos o fato <strong>de</strong> quee ±x = cosh(x)(1±tanh(x)). DefinaZ ′ (N) como a seguintegran<strong>de</strong>za:Z ′ (N) = 1 ∑ N−1 ∏2 N (1 +σ N tanh(βh)) (1 +σ i σ i+1 tanh(βJ))(1 +σ i tanh(βh))±1i=1a fim <strong>de</strong> obter uma recorrência, <strong>de</strong>screveremosZ ′ (N) em termos <strong>de</strong> duas parcelas, uma naqualσ N = +1,Z ′ +(N), e outra on<strong>de</strong>σ N =−1,Z ′ −(N). Desta forma, obviamenteZ ′ (N) =Z ′ +(N) +Z ′ −(N), e além disso:Z +(N) ′ = (1 + tanh(βh)) 1±1 (1 +σ N−1 tanh(βh))(1 +σ N−1 tanh(βJ))×× ∏ N−2i=1 (1 +σ iσ i+1 tanh(βJ))(1 +σ i tanh(βh))2 N ∑Z ′ +(N) = 1 2 [(1+tanh(βh))(1+tanh(βJ))Z′ +(N−1)+(1+tanh(βh))(1−tanh(βJ))Z ′ −(N−1)]e similarmente também temos a seguinte relação <strong>de</strong> recorrência:Z ′ −(N) = 1 2 [(1−tanh(βh))(1−tanh(βJ))Z′ +(N−1)+(1−tanh(βh))(1+tanh(βJ))Z ′ −(N−1)]po<strong>de</strong>mos expressar esse sistema <strong>de</strong> equações em termos da seguinte equação matricial:[ ]Z′+ (N)Z −(N)′ = 1 [ ][ ](1 + tanh(βh))(1 + tanh(βJ)) (1 + tanh(βh))(1−tanh(βJ)) Z′+ (N− 1)2 (1−tanh(βh))(1−tanh(βJ)) (1−tanh(βh))(1 + tanh(βJ)) Z −(N− ′ 1)14


e então iteramos esta equação, ou, por indução, segue que:[Z′+ (N)Z ′ −(N)]= 1[(1 + tanh(βh))(1 + tanh(βJ)) (1 + tanh(βh))(1−tanh(βJ))2 N−1 (1−tanh(βh))(1−tanh(βJ)) (1−tanh(βh))(1 + tanh(βJ))] N−1 [10]on<strong>de</strong> <strong>no</strong>tamos queZ +(1) ′ = 1,Z −(1) ′ = 0. A matriz obtida na relação <strong>de</strong> recorrência é<strong>de</strong><strong>no</strong>minada como a matriz <strong>de</strong> transferência:[ ](1 + tanh(βh))(1 + tanh(βJ)) (1 + tanh(βh))(1−tanh(βJ))M(βJ,βh) = 1 2(1−tanh(βh))(1−tanh(βJ))(1−tanh(βh))(1 + tanh(βJ))vemos portanto que[Z ′ (N) =Z +(N) ′ +Z −(N) ′ =1 1] [ Z ′ +(N)Z ′ −(N)][=1 1]M N−1 [10]tal produto "sanduíche", <strong>no</strong>s dá como resultado a soma dos elementos na primeira coluna namatriz do meio do "sanduíche". Esta assimetria provém do fato <strong>de</strong> não impormos condições <strong>de</strong>contor<strong>no</strong>. Se impusermos condições <strong>de</strong> contor<strong>no</strong> periódicas, temos uma expressão simétricaparaZ ′ (N), em termos do traço daN-ésima potência da matriz <strong>de</strong> transferência. Com efeito,<strong>de</strong><strong>no</strong>temos a primeira (segunda) linha da matriz <strong>de</strong> transferência por +1 (−1), e similarmentepara as colunas. Assim vale por exemplo queM +1,−1 é o elemento na 1 a linha, 2 a coluna.Com tal <strong>no</strong>tação, olhamos <strong>no</strong>vamente para a soma <strong>de</strong> partição, <strong>de</strong>sta vez com condição <strong>de</strong>contor<strong>no</strong> periódica, i.e.σ N+1 =σ 1 :Z N = [cosh(βJ) cosh(βh)] N∑ N∏(1 +σ i σ i+1 tanh(βJ))(1 +σ i tanh(βh))±1i=1= [2 cosh(βJ) cosh(βh)] N∑ Ni=1±1∏M σi ,σ i+1e agora fica fácil <strong>de</strong> ver que tal soma <strong>de</strong> produtos representa o traço da matrizM N . Portanto,seλ 1 eλ 2 são os autovalores da matriz <strong>de</strong> transferência, segue que a função <strong>de</strong> partição domo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Ising</strong> unidimensional, com condições <strong>de</strong> contor<strong>no</strong> periódicas é dada por:Z N = [2 cosh(βJ) cosh(βh)] N (λ N 1 +λ N 2 ).Po<strong>de</strong>mos calcular as singularida<strong>de</strong>s da energia livre <strong>de</strong> Helmholtz por sítio <strong>no</strong> limite termodinâmico:1−βF = limN→∞N ln(Z N) = ln[2 cosh(βJ) cosh(βh)] + ln(λ 1 ),on<strong>de</strong> admitimos sem perda <strong>de</strong> generalida<strong>de</strong> queλ 1 >λ 2 . Este autovalor po<strong>de</strong> ser calculadosem gran<strong>de</strong>s dificulda<strong>de</strong>s, e vale:λ 1 = 1 + tanh(βJ) + [(1 + tanh(βJ))2 − 4 tanh(βJ)(1−tanh(βh) 2 )] 1/2,2e entãoF po<strong>de</strong> ser reescrito como:( )F =−β −1 ln e βJ cosh(βh) +√e 2βJ sinh 2 (βh) +e −2βJ .15


Aqui já po<strong>de</strong>mos perceber que a energia livre por sítio é uma função analítica para todovalor real positivo <strong>de</strong>β, logo o sistema não po<strong>de</strong> apresentar transição <strong>de</strong> fase neste domínio.Clamamos <strong>no</strong> entanto que tal mo<strong>de</strong>lo apresenta magnetização espontânea emT = 0, <strong>de</strong>acordo com o argumento <strong>de</strong> Peierls [25]. Para isso calculamos a magnetização do material:M =− ∂F∂h =e βJ sinh(βh)√e 2βJ sinh 2 βh+e −2βJ,<strong>no</strong>tamos que se fazemos primeiramente a temperatura ir a zero, e <strong>de</strong>pois fazemos o limite docampo nulo, obtemos uma magnetização remanescente não nula do material, a saber:lim limM=±1,h→0T→0 tendo o mesmo sinal que o campo antes <strong>de</strong> fazermos a temperatura do sistema se anular.4.3 Topologia da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>Ising</strong>Para cada configuração da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Ising</strong>, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>stacar aqueles vértices ocupados porspins up, e aquelas ligações entre vizinhos imediatos do tipo up-up. Este procedimento <strong>no</strong>sfornece um grafo, sob o qual calculamos a característica <strong>de</strong> Euler, com respeito aos spins up,correspon<strong>de</strong>nte. Este mesmo procedimento po<strong>de</strong>ria ser realizado com os spins down, entãoobteríamos a característica <strong>de</strong> Euler com respeito aos spins down. Po<strong>de</strong>mos então introduzira medida microcanônica, ou a canônica a fim <strong>de</strong> computar uma característica <strong>de</strong> Euler médiapara o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Ising</strong>. Isto foi feito em [6], para a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Ising</strong> bidimensional utilizandosimulação Monte Carlo. Aqui faremos o cálculo da mesma gran<strong>de</strong>za, porém utilizando aenumeração exata obtida na última seção para a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Ising</strong> 1D.Note que a característica <strong>de</strong> Euler, com respeito aos spins up, é dada por,χ + =N + −N ++ ,e portanto:1. Se +•••+, entãoχ + = N +−2+ 1 = D+122. Se−•••−, entãoχ + = N +−2= D−123. Se +•••−−•••+ , entãoχ + = N +−+12= D 2Enquanto que a característica <strong>de</strong> Euler, com respeito aos spins down, é dada por,χ − =N − −N −− , e portanto:1. Se +•••+, entãoχ − = N +−2= D−122. Se−•••−, entãoχ − = N +−2+ 1 = D+123. Se +•••−−•••+ , entãoχ − = N +−+12= D 2Com isso computamos a característica <strong>de</strong> Euler (acumulada) média, como função da energia,<strong>no</strong> ensemble microcanônico da seguinte forma, fixada a energia E, verificamos todasaquelas configurações cuja energia é me<strong>no</strong>r do que E (por isso o termo "acumulada"), etomamos a média <strong>de</strong>stas, com respeito a medida microcanônica (distribuição <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong>suniforme). Ou seja, tal média é dada pela equação:16


χ + (E) =∑σ:H(σ)≤Eχ + (σ)P(σ),on<strong>de</strong>P(σ) é a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que a configuraçãoσ ocorra, a qual <strong>no</strong> ensemble microcanônicoé dada porP(σ) = 1 , para o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Ising</strong> comN sítios.2N Por outro lado a característica <strong>de</strong> Euler média com respeito a temperatura inversa é obtidautilizando-se a medida canônica. Neste caso os autores do artigo [6], conjecturaram, que seantes <strong>de</strong> uma certa temperatura inversa (β c ) a característica <strong>de</strong> Euler for sempre positiva,e se a partir <strong>de</strong> talβ c ela anular-se, então o sistema exibe uma transição <strong>de</strong> fase naquelatemperatura. A equação que fornece esta média é a seguinte:χ + (β) = ∑ σχ + (σ)P β (σ),on<strong>de</strong> agora a soma é sobre todas as configurações da ca<strong>de</strong>ia, e a probabilida<strong>de</strong> é a probabilida<strong>de</strong>canônica, a saber:P β (σ) = e−βH(σ)Z(β,N) .0,700,350,00-0,35S/Nln( +)/Nln(2)0,80,60,40,2S/Ns+/Nln(2)-0,70-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0E/N0,00 1 2 3 4 5TFigura 1: Logaritmo da Característica <strong>de</strong> Eulere Entropia microcanônica por sítio versusenergia por sítio, <strong>no</strong> <strong>Ising</strong> 1D, paraN =1000,J = 1,h = 0.Figura 2: Característica <strong>de</strong> Euler e Entropiacanônica por sítio versus temperatura absoluta,<strong>no</strong> <strong>Ising</strong> 1D, paraN = 1000,J = 1,h = 0.Assim são obtidos computacionalmente os seguintes resultados: O logaritmo da característica<strong>de</strong> Euler média, por sítio, com respeito ao Ensemble microcanônico [Fig. 1]; a característica<strong>de</strong> Euler média com respeito ao Ensemble canônico, versus temperatura absoluta[Fig. 2](a constante <strong>de</strong> Boltzmann foi colocada como unitária, por isso po<strong>de</strong>mos interpretara temperatura com unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> energia). Em cada figura colocamos também as respectivasentropias para efeito <strong>de</strong> comparação (os algoritmos utilizados para o cálculo <strong>de</strong> tais curvasforam <strong>de</strong>scritos ao fim da seção 4.1). Deve-se ressaltar que a entropia canônica por sítioplotadaS/N [Fig. 2], foi obtida a partir da enumeração realizada. Como comprovação daexatidão do resultado obtido, plotamos na mesma figura o gráfico da entropia canônica porsítio, a campo nulo (h = 0), <strong>no</strong> limite termodinâmico: s = lim N→∞ S/N, obtida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> afórmula analítica exata, a saber:s(T) = limN→∞1N∂∂T[ 1N)]β ln(Z = ln(2) + ln(cosh( J T ))−J T tanh(J T )17


ConclusõesO estudo da topologia <strong>no</strong> <strong>Ising</strong> 1D <strong>no</strong>s conduziu a um resultado em acordo com a conjecturado artigo [6], vemos que a característica <strong>de</strong> Euler média, <strong>no</strong> ensemble canônico, é tal que elanão se anula para nenhum valor finito <strong>de</strong>β, e seu valor ten<strong>de</strong> assintoticamente para zeroquandoβ vai a infinito, ou seja quando a temperatura é nula. Precisamente aquilo que ocorre<strong>no</strong> <strong>Ising</strong> 1D, o qual só possui transição <strong>de</strong> fase aT = 0.Notemos <strong>no</strong> entanto que esta abordagem se distancia um tanto da pretensão inicial, quebuscava olhar para a topologia do espaço <strong>de</strong> fase. Esta revelou-se completamente ineficaz nasituação atual pois toda a teoria <strong>de</strong> Morse usual não está <strong>de</strong>finida <strong>no</strong> espaço <strong>de</strong> fase <strong>de</strong> <strong>Ising</strong>.É <strong>de</strong> se esperar que possamos aplicar a mesma abordagem acima realizada para outrosmo<strong>de</strong>los discretos. No entanto <strong>no</strong>tamos que tal teoria ainda encontra-se muito situada <strong>no</strong>campo especulativo, existem conjecturas, mas pouco foi <strong>de</strong>monstrado. No mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Ising</strong>em particular, pu<strong>de</strong>mos ver que a característica <strong>de</strong> Euler é essencialmente igual ao número<strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s da ca<strong>de</strong>ia, assim é possível compreen<strong>de</strong>r, pelo me<strong>no</strong>s intuitivamente, a conjecturarealizada em [6], pois se este valor médio vai a zero, significaria portanto que a ca<strong>de</strong>ia nãoapresenta mais pare<strong>de</strong>s, i.e., existe uma tendência <strong>de</strong> os spins da ca<strong>de</strong>ia se alinharem, exibindoportanto magnetização espontânea.Sem dúvidas ainda existe muito a ser estudado, <strong>no</strong> que se refere à relação entre a topologia<strong>de</strong> tais sistemas discretos e suas transições <strong>de</strong> fase. Este é um campo ainda em aberto.Outros mo<strong>de</strong>los discretos <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> spins, para os quais o cálculo da distribuiçãomicrocanônica seja possível, também são sucetíveis ao mesmo tipo <strong>de</strong> abordagem. Estesresultados seriam úteis pelo fato <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrarem até que ponto a conjectura feita é válida, eentão uma tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong>sta seria o próximo passo, naquela classe <strong>de</strong> sistemason<strong>de</strong> verificou-se a sua valida<strong>de</strong>.AUm probleminha combinatórioO PROBLEMA: Suponha que <strong>no</strong>s seja fornecida uma equaçãox 1 +... +x n =y, on<strong>de</strong>x 1 ,...,x n ,y∈N∪{0}. Queremos <strong>de</strong>terminar, nestas condições, quantas soluções distintasexistem para tal equação.A SOLUÇÃO: Po<strong>de</strong>mos fazer uma analogia muito simples entre a equação dada e umarranjo <strong>de</strong> "pontos"e "barras". Dada a equação, tomemos, y "pontos"•, e n-1 "barras"|. Porexemplo, se a equação forx 1 +x 2 +x 3 = 5, tomamos 5 pontos•••••, e 2 barras ||. Cadaarranjo (levando em conta a or<strong>de</strong>m) <strong>de</strong>stes 7 objetos está em correspondência biunívoca comuma solução da equação dada. Por exemplo, o arranjo•••|••|, correspon<strong>de</strong> a soluçãox 1 = 3,x 2 = 2,x 3 = 0; enquanto que a soluçãox 1 = 1,x 2 = 3,x 3 = 1, correspon<strong>de</strong> ao arranjo•|•••|•.Com esta analogia o problema se resume a contar quantos arranjos distintos <strong>de</strong> tais pontose barras existem. Este é simplesmente o n o <strong>de</strong> permutações <strong>de</strong>y+n−1 objetos, sendoy en−1<strong>de</strong>les repetidos. Portanto o n o (y +n−1)!<strong>de</strong> soluções distintas da equação dada él= =( )y!(n−1)!y +n−1y18


BDificulda<strong>de</strong>s EncontradasA principal dificulda<strong>de</strong> do trabalho foi estabelecer o invariante topológico a ser calculado<strong>no</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>Ising</strong>. Por este ser um mo<strong>de</strong>lo discreto, não existe a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilizar-seda Teoria <strong>de</strong> Morse usual. Várias possibilida<strong>de</strong>s foram vislumbradas, porém muitos fracassos<strong>de</strong>sanimadores também ocorreram. Imagi<strong>no</strong>u-se em um momento, após a enumeração do <strong>Ising</strong>1D, que a mesma abordagem po<strong>de</strong>ria ser utilizada para o caso bidimensional. No entantoapós semanas <strong>de</strong> intenso estudo, verificou-se que a complexida<strong>de</strong> do caso 2-D é colossal, comrelação ao caso unidimensional, trivialmente tratado neste projeto. O estudante tambémteve <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a a utilizar softwares <strong>de</strong> computação algébrica, bem como a linguagem doLATEX, com o qual o presente relatório foi inteiramente escrito. Estes aprendizados serão, semdúvida alguma, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> benefício para todo o restante da futura carreira como pesquisador.Convém ressaltar aqui, a ajuda e companheirismo do Prof. orientador Maurício D. CoutinhoFilho, e <strong>de</strong> seu alu<strong>no</strong> <strong>de</strong> doutorado, Fernando A. Nóbrega Santos, os quais foram gran<strong>de</strong>sconselheiros e amigos durante toda a execução do projeto.CAtivida<strong>de</strong>s Paralelas Desenvolvidas pelo BolsistaForam cursadas as seguintes disciplinas (<strong>no</strong>tas) durante o primeiro semestre <strong>de</strong> 2009:Estrutura da Matéria 1 (8,7), Mecânica Geral 3 (9,65), Física Matemática 1 (10), Eletromagnetismo1 (10), Iniciação Científica 2 (10), Introdução às Eq. Diferenciais Parciais (10). Nofim do 1 o semestre <strong>de</strong> 2009, correspon<strong>de</strong>nte ao 5 o período do estudante, a sua média geralera <strong>de</strong> 9,59. O estudante também participou do curso <strong>de</strong> verão do IMPA, durante Janeiroe Fevereiro, <strong>no</strong> qual assistiu os seguinte cursos (<strong>no</strong>ta): Introdução à Álgebra Linear (A),Introdução à Probabilida<strong>de</strong> (A+).Referências[1] Casetti, L., M. Pettini, and E. G. D. Cohen, Geometric approach to Hamiltonian dynamics andstatistical mechanics, Phys. Rep. 337, 237 (2000).[2] Pettini, M., Geometry and Topology in Hamiltonian Dynamics and Statistical Mechanics, InterdisciplinaryApplied Mathematics Vol. 33 (Springer, New York, 2007).[3] R. Franzosi and M. Pettini, Phys. Rev. Lett. 92, 060601 (2004).[4] R. Franzosi, M. Pettini, and L. Spinelli, Nucl. Phys. B782, 189 (2007).[5] L. Caiani, L. Casetti, C. Clementi, and M. Pettini, Phys. Rev. Lett. 79, 4361 (1997).[6] Blanchard, P., Dobrovolny, C, Gandolfo, D., Ruiz, J, On the mean Euler characteristic and meanBetti’s numbers of the <strong>Ising</strong> mo<strong>de</strong>l with arbitrary spin, J. Stat. Mech., 03, PO3011 (2006).[7] Huang, K., Statistical Mechanics, (2ed, Wiley, 1987).[8] Landau and Lifshitz, Course of Theoretical Physics, Vol.5, Statistical Physics Part 1, (3ed, Elsevier,1980).[9] Atlee Jackson, E., Equillibrium Statistical Mechanics, (1ed, Dover, 1968).[10] Martin-Löf, A., Statistical Mechanics and the Foundations of Thermodynamics, (1ed, LectureNotes in Physics, 1940).[11] Maurício D. Coutinho Filho, Mecânica Estatística: Notas <strong>de</strong> Aula.[12] Barry James, Probabilida<strong>de</strong>: um curso em nível intermediário, (3ed, IMPA, 2008).19


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