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MIRA DE AIRENatal com tradiçãoFOTOS: DREm Mira <strong>de</strong> Aire, as fortes tradições mantêm vivas as chamas do futuro. A gran<strong>de</strong> festa <strong>de</strong> Natal,que se prolonga até ao Dia <strong>de</strong> Reis, é uma das mais tradicionais da região, reunindo à sua volta ummar <strong>de</strong> gente que ali bebeu optimismo, solidarieda<strong>de</strong> e muito espírito natalício. Dia 1 <strong>de</strong> Janeiro, háum grupo <strong>de</strong> Quarentões que termina o mandato, passando o testemunho a outros que não po<strong>de</strong>mquebrar a tradição! Para que não morram os sonhos e as fantasias das crianças… e dos adultos!Este suplemento faz parte integrante da edição 1485 do JORNAL DE LEIRIA, <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2012 e não po<strong>de</strong> ser vendido separadamente


MIRA DE AIRE - Natal com tradição 28 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 20121 | 2 | 3 | 4 |Mira <strong>de</strong> Aire comemora ausentes com Nossa Senhora do AmparoNATAL TRADICIONAL MANTÉMVIVA A CHAMA DO FUTUROO Natal em Mira <strong>de</strong> Aire é uma festa que acontece durante todo o ano. Tem um Pai Natal que ofereceprendas a todas as crianças presentes na noite da Baiuca, uma das maiores fogueiras da região,<strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> duen<strong>de</strong>s, uma al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Natal e muita animação… Até ao Dia <strong>de</strong> Reis, aquele que é umdos mais tradicionais eventos da região, tem ainda muita fantasia para mostrar a um mundo on<strong>de</strong>ainda há espaço para sonhar com o optimismo e com a esperança no futuro. A mensagem surge <strong>de</strong>um punhado <strong>de</strong> quarentões que mostram que as tradições têm gran<strong>de</strong> significado naquele pedaço <strong>de</strong>terra preguiçosamente plantado na Serra <strong>de</strong> Aire e Can<strong>de</strong>eiros!PUBA Baiuca <strong>de</strong> Mira <strong>de</strong> Aire vestiu-se <strong>de</strong> gente na noite <strong>de</strong> Natal. Milhares <strong>de</strong> pessoasreceberam o Pai Natal montado no seu trenó, transportando um enormesaco <strong>de</strong> presentes para fazer as <strong>de</strong>lícias das centenas <strong>de</strong> crianças presentes.Acompanhado <strong>de</strong> 40 duen<strong>de</strong>s, a longa viagem começara um ano antes, não naLapónia mas ali mesmo, na Serra <strong>de</strong> Aire, com uma preparação cuidada e minuciosa,para cumprir os sonhos <strong>de</strong> uma das datas mais importantes do calendáriolocal.Ao longo <strong>de</strong> um percurso <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> partilha, cerca <strong>de</strong> quatro <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> quarentões- nascidos em 1972 - entregaram-se à tarefa <strong>de</strong> organizar esta festa <strong>de</strong>Natal que, além dos duen<strong>de</strong>s e do Pai Natal, contou com presentes para mais <strong>de</strong>600 crianças, com os três Reis Magos, palhaços, uma Al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Natal, teatro,música, gastronomia e muitas outras surpresas que <strong>de</strong>correrão até ao dia 1 <strong>de</strong>Janeiro. Será mais uma festa que ficará na história <strong>de</strong> uma freguesia que já nãosabe viver sem gran<strong>de</strong>s emoções.O Natal é, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> há muitos anos, uma festa única e sempre inovadora em Mira<strong>de</strong> Aire. É solenizado em paralelo com os festejos anuais em honra da PadroeiraNossa Senhora do Amparo, apresentando ingredientes que só as gentes daquelaterra estendida preguiçosamente na última vertente do planalto <strong>de</strong> S. Mame<strong>de</strong>sabem “confeccionar”.Só que Natal em Mira <strong>de</strong> Aire não é apenas no dia 25 <strong>de</strong> Dezembro. No dia 1 domesmo mês já o grupo <strong>de</strong> pessoas que este ano completara quarenta anos, e aquem coube a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organizar a festa, anunciava a época natalícia,mostrando à vila e a toda a freguesia que o Natal estava pronto para avançar.Como? Inaugurando uma vila iluminada, com uma gran<strong>de</strong> árvore <strong>de</strong> Natal naBaiuca, junto à igreja, numa gran<strong>de</strong> cerimónia com a fanfarra dos BombeirosVoluntários.Acreditando que o Natal é todos os dias, nessa mesma noite, os Quarentões <strong>de</strong>72 mostraram mais uma vez o espírito solidário que mantiveram ao longo <strong>de</strong> todoo ano <strong>de</strong> preparação da festa, organizando a sua Noite Solidária. Em parceria como Clube União Mirense, com a Associação <strong>de</strong> Pais do Agrupamento <strong>de</strong> Escolas<strong>de</strong> Mira <strong>de</strong> Aire e Alvados e com o grupo sócio caritativo da Igreja Paroquial <strong>de</strong>Mira <strong>de</strong> Aire, esta noite traduziu-se na venda <strong>de</strong> produtos por parte dos participantese na oferta <strong>de</strong> alimentos e <strong>de</strong> outros bens pela população para serementregues posteriormente às famílias mais carenciadas da freguesia.A própria entrega <strong>de</strong> presentes pelo Pai Natal na noite <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong> Dezembro acabariapor se traduzir numa festa solidária. As cerca <strong>de</strong> 450 prendas dadas àscrianças <strong>de</strong> várias ida<strong>de</strong>s permitiram a única oportunida<strong>de</strong> para muitas <strong>de</strong> receberemo seu presente na noite <strong>de</strong> Natal. “As prendas fazem parte da tradição <strong>de</strong>stafesta e este ano tivemos a ‘sorte’ <strong>de</strong> conseguirmos comprar a maioria dos presentespor atacado a uma empresa que estava insolvente”, explica Cristina Ver<strong>de</strong>,referindo-se a bonecas e outros brinquedos. “Procurou-se dividir os presentespor ida<strong>de</strong>s, para que cada um recebesse uma prenda adaptada à sua faixa etáriae a enten<strong>de</strong>sse como um verda<strong>de</strong>iro presente <strong>de</strong> Natal”, diz, lembrando a existência<strong>de</strong> muitas famílias carenciadas para quem este foi um momento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>alegria para si e para as suas crianças. Ao todo, a organização reuniu cerca <strong>de</strong>600 presentes, pelo que os restantes estão a ser distribuídos na Al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Natalàs crianças que não tiveram oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> receber a prenda na noite do dia 24.“Até ao fim da festa, o Pai Natal passeia as crianças no seu trenó”, conta, referindoque estes passeios e a Al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Natal foram novida<strong>de</strong>s muito bem recebidaspelos mais pequenos.ALDEIA DE NATAL CONSTRUÍDA PELOS QUARENTÕESA al<strong>de</strong>ia, com as suas seis casinhas, foi totalmente fabricada pelos 40 quarentões,permitindo que a pequenada brinque, jogue, receba presentes, leia e ouçahistórias <strong>de</strong> encantar, pinte, manuseie plasticina… e tenha oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> viverFICHA TÉCNICAEDIÇÃO: JORLIS - EDIÇÕES E PUBLICAÇÕES, LDA. / Director interino: João Nazário Redacção: Lur<strong>de</strong>s Trinda<strong>de</strong> / ServiçosComerciais: Maria Nunes / Paginação: Isilda Trinda<strong>de</strong> e Rita Carlos/ Impressão: Grafedisport / Tiragem: 15.000 exemplares /Nº <strong>de</strong> registo: 109980 / Depósito legal nº: 5628/84 / JORNAL DE LEIRIA, Edição n.º 1485, 28 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2012


MIRA DE AIRE - Natal com tradição 28 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 20121 | 2 | 3 | 4 |FOTOS: DRum sem número <strong>de</strong> fantasias que só uma pequenaal<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> sonhos po<strong>de</strong> proporcionar, sempre com oPai Natal a rodopiar <strong>de</strong> uma ponta da vila à outra ecom crianças a passear!Para os mais adultos, foi construída uma casinha <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira com vendas <strong>de</strong> doces, azeite, licores e artesanatotípico <strong>de</strong> Mira <strong>de</strong> Aire. Numa outra casinha aolado, um pequeno bar, com o café da avó, o chá e ochocolate quente, e as filhós <strong>de</strong> Natal!FOGUEIRA ARDE ATÉ AO DIA DE REISNada fica ao acaso nesta gran<strong>de</strong> festa <strong>de</strong> Natal. Amissa do Galo é um dos ex-libris do ano, com igrejaà pinha e muita gente na rua. O que valeu foi a enormefogueira, acesa umas horas antes, pelos duen<strong>de</strong>sque então eram apenas os quarentões, vestidoscom uma bela capa e munidos <strong>de</strong> tochas.Imagine-se, pois, um enorme monte <strong>de</strong> lenha, comgran<strong>de</strong>s troncos, revestidos <strong>de</strong> carrascas. À sua volta,quarenta homens e mulheres e uma multidãoimensa que se <strong>de</strong>slocou <strong>de</strong> vários pontos do concelho,do distrito e até do País para assistir a uma dasmaiores fogueiras <strong>de</strong> sempre! Às 19 horas surgiu osinal e eis que 40 tochas foram atiradas para o fogoque começou a crepitar com tal intensida<strong>de</strong>, que quemlhe estava próximo foi obrigado a afastar-se. E cantou-seo hino <strong>de</strong> Mira <strong>de</strong> Aire e a “Ternura dos 40”. Ecaíram lágrimas, tal a emoção que resultou <strong>de</strong> “tantotrabalho, <strong>de</strong> tanta união e tanto empenho ao longo<strong>de</strong> um ano <strong>de</strong> partilha”, conta Cristina Ver<strong>de</strong>, emocionada.Uma fogueira enorme, carregada <strong>de</strong> simbolismo,e que se vai manter viva até ao Dia <strong>de</strong> Reis!Antes, já os quarentões tinham saído à rua com a ban<strong>de</strong>ira<strong>de</strong> Nossa Senhora do Amparo e envergando asopas (capas vermelhas), anunciando o início da gran<strong>de</strong>festa, aproveitando para mais um peditório <strong>de</strong> rua.Já tinha sido inaugurada a Al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Natal e umaexposição com trabalhos elaborados pelas criançasdas escolas do agrupamento e dos idosos da CasaAbrigo, intitulada “Olhar o Natal”. Já tinham sido feitosespectáculos para crianças, com teatro, músicae palhaços. E os Reis Magos tinham surgido tambémna calada da noite, enquanto a fogueira crepitava e oPai Natal se preparava para a sua entrada triunfal.Vieram entregar os seus presentes ao Menino Jesus<strong>de</strong>itado no gran<strong>de</strong> presépio junto à igreja, como sinal<strong>de</strong> que, afinal, esta é uma festa on<strong>de</strong> a religião temuma componente bastante vincada.No dia 25, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma noite que terminou com aentrega <strong>de</strong> lembranças a todos os presentes na missado galo – um quadro em vidro com a imagem <strong>de</strong>Nossa Senhora do Amparo - e com uma sessão <strong>de</strong>fogo-<strong>de</strong>-artifício, o dia acordou com uma missa solene,seguindo-se uma gran<strong>de</strong> procissão.Este ano, Nossa Senhora do Amparo “resolveu” convidaros outros santos padroeiros da sua paróquiapara a procissão, cumprindo-se um ritual que emocionouos habitantes <strong>de</strong> Alvados, S. Bento, do Covãoda Carvalha e até <strong>de</strong> Mira <strong>de</strong> Aire. São Silvestre e NossaSenhora da Boa Morte entraram na procissão solenemente,ficando na igreja até ao final dos festejos.No final, a venda dos bens doados à comissão. Semleilão não há Natal, diz-se em Mira <strong>de</strong> Aire. Começadia 25, com os bens perecíveis, prossegue no dia 26e continua no dia 1 <strong>de</strong> Janeiro. São leiloadas todas asofertas feitas à comissão, os bens que os andorestransportam na procissão e tudo o que seja vendávele que possa resultar em lucro para a festa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>mantas, louças, vinhos, enchidos, azeite, roupas, sapatos,entre outros.ÉPOCA PARA RECORDAR OS AUSENTESO Natal é época <strong>de</strong> reencontro das pessoas que seencontram espalhados pelo Mundo. Em Mira <strong>de</strong> Aire,dia 26 é especialmente <strong>de</strong>dicado aos emigrantes eaos ausentes da freguesia. Terra <strong>de</strong> emigrantes, sobretudopara os Estados Unidos da América, para o Canadá,Angola ou Moçambique, Mira <strong>de</strong> Aire homenageiaas pessoas que não estão a viver na freguesia ou quejá faleceram. Curiosamente, a festa <strong>de</strong> Natal tem asua génese na figura <strong>de</strong> um “juiz” que habitualmenteestava emigrado, ou seja, era organizada por apenasuma pessoa, cuja vida lhe corria bem do ponto<strong>de</strong> vista financeiro e que normalmente se encontravano estrangeiro. Só mais tar<strong>de</strong>, essa pessoa (juiz)seria substituída por uma comissão mais alargada(ver caixa na página seguinte), contando com a colaboração<strong>de</strong> muitos elementos que se encontram tambémemigrados e participam graças às novas tecnologias(re<strong>de</strong>s sociais, skype e outros). ●PUBIndustria e comércio <strong>de</strong> <strong>de</strong>sperdício e trapos em algodão para limpezaProdutos para manutenção industrialDeseja aos seus Clientes e AmigosBoas Festase umPróspero Ano NovoRua 10 <strong>de</strong> Junho, 8 . Apartado 144 . 2485-999 MIRA DE AIRETel. 244 441 095 . Fax. 244 449 495 . Tm. 962 747 732Email: info@eneves.com . www.eneves.com


MIRA DE AIRE - Natal com tradição 28 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 20121 | 2 | 3 | 4 |Testemunho é passado no dia 1 <strong>de</strong> JaneiroQUARENTÕES TRABALHAMARDUAMENTE TODO O ANOAfinal, quando é que começa a azáfama dos quarentões?Tudo se inicia e termina no dia 1 <strong>de</strong> Janeiro,com a passagem do "testemunho", simbolizada pelaban<strong>de</strong>ira com a imagem <strong>de</strong> Nossa Senhora do Amparo,ao grupo que ficará responsável pela festa do anoseguinte. Este ano, a festa coube às pessoas resi<strong>de</strong>ntesou naturais <strong>de</strong> Mira <strong>de</strong> Aire que nasceram em1972 e que terão <strong>de</strong> entregar a ban<strong>de</strong>ira aos nascidosem 1973.Dia 1 <strong>de</strong> Janeiro, a nova comissão começa a mostraro que vale, com a árdua tarefa <strong>de</strong> promover um almoçoconvívio para cerca <strong>de</strong> 400 pessoas, entre comissãocessante e familiares, pessoas que participarame ajudaram na festa anterior e colectivida<strong>de</strong>s da freguesia.Cristina Ver<strong>de</strong>, porta-voz da comissão Quarentões<strong>de</strong> 72, explica que esta é uma das mais complicadasmissões, pois o grupo está a acabar <strong>de</strong> chegare tem <strong>de</strong> começar do zero. “Não existe qualquer fundo<strong>de</strong> maneio para começar, a comissão tem <strong>de</strong> fazerpeditórios, realizar activida<strong>de</strong>s para angariação <strong>de</strong>fundos, festas, ser criativo para conseguir chegar atéao fim e apresentar uma festa inovadora”, explica. Dequalquer forma, adianta, “as pessoas da freguesiasão muito solidárias e apoiam as comissões em tudoo que po<strong>de</strong>m”. Apesar das dificulda<strong>de</strong>s financeirasCRISE DITOU FIM DOS JUÍZESDRque o País enfrenta e que se esten<strong>de</strong>m a Mira <strong>de</strong> Aire,fruto do encerramento <strong>de</strong> empresas da indústria têxtile do acentuado <strong>de</strong>semprego, a população respon<strong>de</strong><strong>de</strong> uma forma muito positiva aos peditórios.Depois do dia 1 <strong>de</strong> Janeiro, surgem as Janeiras pelosvários locais da freguesia, on<strong>de</strong> os Quarentões <strong>de</strong> 73,Já lá vai o tempo em que era o juiz o responsável pelafesta em honra <strong>de</strong> Nossa Senhora do Amparo. Ohomem mais rico da terra ou aquele cuja vida lhetinha sorrido, no País ou no estrangeiro. Organizavasozinho ou com a ajuda <strong>de</strong> amigos – os “afilhados” -aquele que é consi<strong>de</strong>rado o maior evento da freguesia<strong>de</strong> Mira <strong>de</strong> Aire e que coinci<strong>de</strong> com a gran<strong>de</strong> festatradicional <strong>de</strong> Natal. Carlos Alberto, ex-comandantedos Bombeiros Voluntário e hoje responsávelpelas grutas <strong>de</strong> Mira <strong>de</strong> Aire, recorda os seus tempos<strong>de</strong> meninice, em que este gran<strong>de</strong> encontro erapromovido pela pessoa com mais posses da freguesia.“Muitas vezes a pessoa encontrava-se no estrangeiro,para on<strong>de</strong> tinha partido em busca <strong>de</strong> melhorescondições <strong>de</strong> vida”, conta, lembrando que ser juiz<strong>de</strong>sta festa significava o cumprir <strong>de</strong> uma promessa.Os afilhados que o ro<strong>de</strong>avam eram também pessoasque cumpriam promessas, lembra. Normalmentetratava-se <strong>de</strong> gente que tinha vivido problemas <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>. “Imagine-se uma mulher com problemas nagravi<strong>de</strong>z ou no parto… se no final tudo tivesse corridobem, esse podia ser um motivo para ser afilhado<strong>de</strong> Nossa Senhora do Amparo”.Então, a festa realizava-se nos dias 24, 25 e 26 <strong>de</strong>Dezembro, tal como acontece actualmente, com ascerimónias pagãs e religiosas em perfeita harmonia.A fogueira assumia especial <strong>de</strong>staque neste eventoe, claro, o Pai Natal era uma figura menor ou mesmoausente no dia 24. O Menino Jesus no presépioera protagonista. “Mudam-se os tempos e, obviamentetenta-se inovar, mas a tradição, na sua essência,mantém-se, o que é muito bom”, consi<strong>de</strong>ra CarlosAlberto, lembrando que em 1993, <strong>de</strong>vido às dificulda<strong>de</strong>seconómicas sentidas no País, optou-se poralterar o figurino dos organizadores da Festa <strong>de</strong> Natal.“Era <strong>de</strong>masiado pesado e violento para uma pessoaapenas, pelo que se <strong>de</strong>cidiu entregar a organizaçãoa um grupo <strong>de</strong> pessoas e surgiu a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> o fazer aquem fizesse 40 anos no ano da festa”, conta.Nos anos <strong>de</strong> 1960 chegou a haver listas <strong>de</strong> esperapara juízes <strong>de</strong>sta festa. A freguesia estava no seu augedo ponto <strong>de</strong> vista socioeconómico. A indústria têxtilvivia o seu apogeu, com várias fábricas a <strong>de</strong>stacarem-seno panorama nacional, além <strong>de</strong> muitas pessoasa residir no estrangeiro com as suas vidas organizadas.Nos anos 90, com o encerramento <strong>de</strong> fábricase o <strong>de</strong>semprego consequente, registou-se falta <strong>de</strong>juízes e até <strong>de</strong> afilhados, pelo que houve necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> remo<strong>de</strong>lar a forma <strong>de</strong> organização das festas,<strong>de</strong> modo a não <strong>de</strong>ixar morrer a tradição.E assim foi. Surgiram os quarentões que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1993introduziram novos elementos, como as Janeiras, queenriqueceram uma tradição que já não vai morrer,pelo contrário, rejuvenesceu.Hoje, cada festa <strong>de</strong> Natal é uma festa diferente e única.Porque todos os anos a sua organização cabe auma comissão diferente que tem a “obrigação” <strong>de</strong>repensar o trabalho que vai apresentar à população,mantendo a tradição mas inovando, sempre! E nuncaesquecendo o espirito solidário com os mais carenciadose, ainda, o seu contributo para com a paróquiaque lhe tem dado guarida ao longo <strong>de</strong>stes anos. ●cerca <strong>de</strong> 27, quase meta<strong>de</strong> dos da colheita <strong>de</strong> 72, serãorecebidos com comida e bebidas pelas pessoas dasal<strong>de</strong>ias. E a partir daí, surge um ano <strong>de</strong> trabalho intenso,com mais ou menos inovação, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo dacriativida<strong>de</strong> dos elementos <strong>de</strong> cada comissão. Há,contudo, festas que são incontornáveis, como as Sopas& Companhia, os Almoços <strong>de</strong> Morcela e muitos outros.Este ano, foi introduzido o 1º Encontro <strong>de</strong> Sabor e Arte,a Noite Branca, uma noite <strong>de</strong> Fados, uma <strong>de</strong>sgarradaminhota, um almoço do Dia da Mãe e a própriaAl<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Natal, cujas casinhas po<strong>de</strong>m ser reaproveitadaspara o Natal do próximo ano.Depois <strong>de</strong>ste ano intenso <strong>de</strong> trabalho, Cristina Ver<strong>de</strong>lembra que a entrega da ban<strong>de</strong>ira e, posteriormente,da chave da Baiuca da Piação (o quartel generaldos Quarentões) será muito emotivo. “Vamos ter sauda<strong>de</strong>sdos momentos que passámos juntos, do trabalhoque tivemos, das discussões, das votações… <strong>de</strong>tudo. Foi muito intenso”.De facto, a maioria das mais <strong>de</strong> 40 pessoas que constituíramo grupo dos quarentões <strong>de</strong> 72, à semelhançado que acontece com os restantes grupos, teve aoportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se rever, após longos anos <strong>de</strong> ausência.Uns porque estão no estrangeiro, outros porqueresi<strong>de</strong>m noutros locais do País e outros porque avida não permitiu que os encontros se suce<strong>de</strong>ssem.“Mesmo à distância, os ausentes participavam emtudo, através da página que criámos no facebook.Estivemos sempre muito próximos durante um anoe encontramo-nos todos no Natal”, sublinha a porta-vozdo grupo para quem “o Natal é também isto:a partilha <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias, encontros, emoções e muita alegria”.Como diz o presi<strong>de</strong>nte da Junta <strong>de</strong> Freguesia, ArturVieira, este espírito natalício que se vive em Mira <strong>de</strong>Aire nesta época é transversal a todas as faixas etáriase a todos os estratos sociais, sem quaisquerdiferenças. “Os próprios quarentões, que provêm <strong>de</strong>várias origens socioeconómicas, se mantêm unidosnum único objectivo, o que é muito positivo”, explicao autarca, para quem as tradições ainda são oque mantêm vivo o optimismo das pessoas e a esperançano futuro. ●

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