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mudanças climáticas globais e seus impactos sobre os ... - SOBER

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MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS E SEUS IMPACTOS SOBRE O USO DOSOLO NO BRASILj<strong>os</strong>e.feres@ipea.gov.brApresentação Oral-Agropecuária, Meio-Ambiente, e Desenvolvimento SustentávelJOSÉ GUSTAVO FÉRES; EUSTÁQUIO JOSÉ REIS; JULIANA SIMÕES SPERANZA.IPEA, RIO DE JANEIRO - RJ - BRASIL.MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS E SEUS IMPACTOSSOBRE OS PADRÕES DE USO DO SOLO NO BRASIL 1Grupo de Pesquisa: Agropecuária, Meio Ambiente e Desenvolvimento SustentávelResumoO objetivo deste trabalho é avaliar o impacto esperado das mudanças climáticas <strong>sobre</strong> opadrão de uso da terra n<strong>os</strong> estabeleciment<strong>os</strong> agrícolas brasileir<strong>os</strong>. Para tanto, especifica esimula um modelo econométrico que permite avaliar de que modo as mudanças climáticasafetam a alocação de terras segundo três tip<strong>os</strong> de uso – lavouras, pasto e floresta. Asimulação baseia-se n<strong>os</strong> valores das temperaturas e precipitações futuras segundo asprojeções do modelo regionalizado PRECIS para <strong>os</strong> cenári<strong>os</strong> de emissões A2 e B2definid<strong>os</strong> pelo IPCC. Os resultad<strong>os</strong> apontam uma redução significativa das áreas deflorestas e matas n<strong>os</strong> estabeleciment<strong>os</strong> agrícolas, com a conversão das áreas florestais parao uso na pecuária e um aumento da pressão por desmatamento na região Amazônica. Assimulações sugerem ainda que, devido à heterogeneidade espacial das mudançasclimáticas, <strong>seus</strong> efeit<strong>os</strong> serão radicalmente distint<strong>os</strong> nas diferentes regiões do país.Palavras-chaves: mudanças climáticas, uso do solo, desmatamento.AbstractThis paper aims at evaluating the impacts of climate change on land use patterns in Brazil.To this purp<strong>os</strong>e, we specify and estimate an econometric land use model to assess howclimate variables affect land allocation decisions according to three types of use: cropland,pasture and forestland. Based on the econometric model estimates, we then simulate howfarmers will adapt their land use choices to future climate scenari<strong>os</strong>. Climate projectionsare based on the PRECIS model, developed by the Hadley Center, which provides data onfuture temperature and precipitation at a 50 km X 50 km resolution for the Brazilianterritory. Simulation results suggest that climate change may induce a significantconversion of forest to pastureland and this conversion pattern may increase the1 Este estudo foi financiado pelo convênio IPEA/DFID, no âmbito do projeto “Economia do Clima”.Agradecem<strong>os</strong> à Thaís Barcell<strong>os</strong> e Yanna Braga pelo eficiente trabalho de assistência a esta pesquisa.Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural1


deforestation pressure in the Amazon region. Moreover, the spatial differences in climatechange are likely to imply a heterogeneous pattern of land use responses that vary byregion.Key Words: climate change, land use models, deforestation.1. IntroduçãoHá evidências científicas cada vez mais consistentes de que o aumento deconcentração d<strong>os</strong> gases de efeito estufa na atm<strong>os</strong>fera conduzirá a temperaturas maiselevadas e variações no nível de precipitação ao longo do século XXI. Essas mudanças, porsua vez, deverão acarretar <strong>impact<strong>os</strong></strong> econômic<strong>os</strong> significativ<strong>os</strong> <strong>sobre</strong> divers<strong>os</strong> setores deatividade.Neste contexto, o setor agropecuário destaca-se como um setor particularmentesensível a<strong>os</strong> efeit<strong>os</strong> das mudanças climáticas. Em regiões onde são registradas baixastemperaturas, o aquecimento global pode criar condições climáticas mais propícias apráticas agropecuárias e levar a um aumento da produtividade do setor. Nestas regiões, aadaptação d<strong>os</strong> produtores rurais às condições climáticas mais favoráveis poderá levar a umavanço das áreas de lavoura e à conversão de florestas em áreas agrícolas, acelerando oprocesso de desmatamento. Já em regiões de clima quente, onde as altas temperaturas estãopróximas ao limite de tolerância das culturas agrícolas, o aquecimento global poderáacarretar quedas de produtividade agrícola, implicando também em significativasmudanças na estrutura produtiva e no padrão de uso da terra. Em vista da heterogeneidadeespacial das mudanças climáticas e <strong>seus</strong> efeit<strong>os</strong> <strong>sobre</strong> a rentabilidade das atividadesagrícolas, é de se esperar importantes variações regionais nas estratégias de adaptação d<strong>os</strong>produtores rurais.Até o presente momento, a literatura científica tem analisado de que maneiraalterações n<strong>os</strong> padrões de uso do solo podem afetar as mudanças climáticas. Como odesmatamento é uma das principais fontes de emissão de CO 2 , o aquecimento globaldepende em boa parte da dinâmica deste processo. Um aumento na taxa de desmatamentocontribui para uma maior emissão de CO 2 e consequentemente um agravamento dasmudanças climáticas. Contudo, pouca atenção tem sido dada à questão de como asalterações do clima vão afetar as decisões de produção e de alocação da terra para <strong>os</strong>diferentes tip<strong>os</strong> de uso. Avaliar <strong>os</strong> efeit<strong>os</strong> das mudanças climáticas <strong>sobre</strong> <strong>os</strong> padrões de usoda terra é fundamental para se entender o impacto das mudanças climáticas <strong>sobre</strong> asatividades agropecuárias e também <strong>sobre</strong> a dinâmica do desmatamento.O objetivo deste trabalho é avaliar <strong>os</strong> efeit<strong>os</strong> das mudanças climáticas <strong>sobre</strong> asáreas de lavoura, pasto e floresta d<strong>os</strong> estabeleciment<strong>os</strong> agrícolas brasileir<strong>os</strong>. A metodologiaconsiste na estimação de um modelo de uso da terra em nível municipal a partir d<strong>os</strong> dad<strong>os</strong>do Censo Agropecuário 1995/1996 do IBGE. A estimação d<strong>os</strong> parâmetr<strong>os</strong> do modeloeconométrico permite analisar de que forma as alocações de terra entre estes três tip<strong>os</strong> deuso (lavoura/pasto/floresta) respondem a<strong>os</strong> fatores climátic<strong>os</strong>. Em seguida, estesparâmetr<strong>os</strong> são utilizad<strong>os</strong> para simular <strong>os</strong> <strong>impact<strong>os</strong></strong> das mudanças climáticas <strong>sobre</strong> avariação das áreas de lavoura, pasto e floresta d<strong>os</strong> estabeleciment<strong>os</strong> agrícolas. A simulaçãoPorto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural2


aseia-se n<strong>os</strong> valores das temperaturas e precipitações futuras segundo as projeções domodelo regionalizado PRECIS para <strong>os</strong> cenári<strong>os</strong> de emissões A2 e B2 definid<strong>os</strong> pelo IPCC.Com o objetivo de avaliar o impacto econômico das mudanças climáticas <strong>sobre</strong> <strong>os</strong>etor agrícola brasileiro, simularam-se ainda <strong>os</strong> efeit<strong>os</strong> das mudanças climáticas previstaspelo modelo PRECIS <strong>sobre</strong> a produtividade média de sete culturas: arroz, cana, feijão,fumo, milho, soja e trigo.Os resultad<strong>os</strong> das simulações apontam uma redução significativa das áreas deflorestas e matas n<strong>os</strong> estabeleciment<strong>os</strong> agrícolas, com a conversão das áreas florestais parao uso na pecuária, e um aumento da pressão por desmatamento na região Amazônica. Assimulações sugerem ainda que, devido à heterogeneidade espacial das mudançasclimáticas, <strong>seus</strong> efeit<strong>os</strong> serão radicalmente distint<strong>os</strong> nas diferentes regiões do país. Naregião Sul, por exemplo, estima-se um aumento significativo da área de lavoura emdetrimento das áreas de past<strong>os</strong> e florestas. Esta conversão de past<strong>os</strong> em lavoura está deacordo com as estimativas do modelo de produtividade agrícola, que sugerem que asmudanças climáticas tendem a tornar as condições da região Sul mais propícias à práticaagrícola, com um aumento da produtividade média para boa parte das culturas nesta região.Já na região Centro-Oeste observa-se uma conversão de áreas agrícolas em áreas depastagem, o que está de acordo com as estimações de perda de produtividade das culturasnesta região.O artigo está estruturado da seguinte forma. Após esta seção introdutória, a seção 2apresenta uma revisão da literatura <strong>sobre</strong> <strong>os</strong> efeit<strong>os</strong> das mudanças climáticas na agricultura.A seção 3 apresenta o modelo econométrico e a base de dad<strong>os</strong> utilizada nas estimações. Aquarta seção discute <strong>os</strong> resultad<strong>os</strong> das simulações. Por fim, a seção 5 sintetiza as principaisconclusões do artigo e apresenta algumas recomendações de política pública.2. Revisão da literaturaExiste uma vasta literatura econômica <strong>sobre</strong> <strong>os</strong> efeit<strong>os</strong> das mudanças climáticas<strong>globais</strong> na agricultura. Os estud<strong>os</strong> pioneir<strong>os</strong> adotaram a chamada abordagem da função deprodução, ou modelo agronômico 2 . Ela especifica a função de produção de determinadacultura e analisa de que forma mudanças nas variáveis climáticas afetam a produtividadeda planta. A abordagem da permite estimar sem viés <strong>os</strong> efeit<strong>os</strong> da variação d<strong>os</strong> fatoresclimatológic<strong>os</strong> <strong>sobre</strong> a produtividade de uma cultura específica, uma vez que tod<strong>os</strong> <strong>os</strong>demais fatores que influenciam a produtividade da planta são mantid<strong>os</strong> fix<strong>os</strong> durante oexperimento. Contudo, estes model<strong>os</strong> não levam em conta as diferentes p<strong>os</strong>sibilidades deadaptação d<strong>os</strong> agricultores frente a variações do clima. Por exemplo, em resp<strong>os</strong>ta a umaumento de temperatura, <strong>os</strong> agricultores podem mudar a quantidade de fertilizanteutilizada, ou abandonar o cultivo de determinado produto e passar a produzir culturas maistolerantes a temperaturas elevadas. Como estas estratégias adaptativas não sãoconsideradas no modelo agronômico, esta abordagem tende a <strong>sobre</strong>stimar o impacto dasmudanças climáticas no setor agrícola.2 Decker et al. (1986), entre outr<strong>os</strong>.Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural3


O modelo hedônico 3 prop<strong>os</strong>to por Mendelsonh et al. (1994) procura corrigir atendência à <strong>sobre</strong>stimação observada n<strong>os</strong> model<strong>os</strong> agronômic<strong>os</strong>. Ao invés de analisar oimpacto das variáveis climáticas <strong>sobre</strong> uma cultura específica, <strong>os</strong> autores examinam comoo clima, em diferentes áreas geográficas, afeta o valor das terras agrícolas. O modelohedônico pressupõe que <strong>os</strong> mercad<strong>os</strong> de terra são eficientes e, portanto, o preço da terrareflete o fluxo descontado das rendas agrícolas futuras. Estes model<strong>os</strong> consideram aindaque <strong>os</strong> produtores rurais alocam suas terras para <strong>os</strong> us<strong>os</strong> mais lucrativ<strong>os</strong> levando em contaas condições econômicas e agroclimáticas e, desta forma, o preço da terra seria capaz deincorporar também o efeito do clima <strong>sobre</strong> a atividade agrícola. Assim, a abordagemhedônica abrange tanto <strong>os</strong> <strong>impact<strong>os</strong></strong> diret<strong>os</strong> do clima n<strong>os</strong> rendiment<strong>os</strong> de diferentes culturasquanto <strong>os</strong> <strong>impact<strong>os</strong></strong> indiret<strong>os</strong> decorrentes da substituição entre culturas face a variaçõesclimáticas. Divers<strong>os</strong> estud<strong>os</strong> aplicaram a abordagem hedônica para analisar o setor agrícolanorte-americano 4 obtendo resultad<strong>os</strong> bastante divergentes quanto à magnitude do impactodas mudanças climáticas <strong>sobre</strong> o preço da terra.As estimações d<strong>os</strong> model<strong>os</strong> hedônic<strong>os</strong> estão sujeitas ao viés de variável omitida,uma vez que variáveis não observadas que afetam o preço da terra são excluídas daespecificação d<strong>os</strong> model<strong>os</strong>. Desta forma, <strong>os</strong> coeficientes das variáveis climáticas estariamincorporando <strong>os</strong> efeit<strong>os</strong> das variáveis omitidas e forneceriam estimativas viesadas doimpacto d<strong>os</strong> fatores climátic<strong>os</strong> <strong>sobre</strong> o preço da terra.Deschênes e Greenstone (2007) propuseram um modelo de efeit<strong>os</strong> fix<strong>os</strong> queexplora a variação aleatória da temperatura e da precipitação ao longo d<strong>os</strong> an<strong>os</strong> paraestimar <strong>os</strong> <strong>impact<strong>os</strong></strong> das mudanças climáticas <strong>sobre</strong> o lucro e a produtividade agrícola. Osefeit<strong>os</strong> atribuíd<strong>os</strong> a<strong>os</strong> fatores climátic<strong>os</strong> são identificad<strong>os</strong> a partir de desvi<strong>os</strong> de temperaturae precipitação observad<strong>os</strong> em determinado ano em relação às suas médias históricas. Essesdesvi<strong>os</strong> não podem ser antecipad<strong>os</strong> pel<strong>os</strong> produtores agrícolas, e são portanto sup<strong>os</strong>tamenteortogonais a<strong>os</strong> determinantes não-observáveis d<strong>os</strong> lucr<strong>os</strong> agrícolas. Desta forma, o modelooferece uma p<strong>os</strong>sível solução ao problema de viés de variável omitida apresentado pelaabordagem hedônica 5 .No que tange as aplicações ao setor agrícola brasileiro, <strong>os</strong> resultad<strong>os</strong> de Sanghi etal. (1997), que utiliza um modelo hedônico, assim como as estimativas pelo método dafunção de produção apresentadas por Siqueira et al. (1994), fornecem evidências empíricasde que <strong>os</strong> estad<strong>os</strong> situad<strong>os</strong> na região Centro-Oeste serão <strong>os</strong> mais negativamente afetad<strong>os</strong>pelas mudanças climáticas. De fato, nesta região encontram-se as áreas de cerrado,caracterizadas por elevadas temperaturas e baixa pluvi<strong>os</strong>idade, e portanto bastantevulneráveis a<strong>os</strong> efeit<strong>os</strong> das mudanças climáticas. Já <strong>os</strong> estad<strong>os</strong> localizad<strong>os</strong> na região Sul,por p<strong>os</strong>suírem temperaturas mais amenas, poderiam até mesmo se beneficiar com aelevação da temperatura.3 O modelo hedônico também recebe a denominação de abordagem ricardiana.4 Mendelsonh, Nordhaus e Shaw (1999), Schelenker, Hanemann e Fischer (2006), dentre outr<strong>os</strong>5 As estimações de Deschênes e Greenstone (2007) sugerem que as mudanças climáticas conduzirão a umaumento de 4,0% n<strong>os</strong> lucr<strong>os</strong> anuais do setor agrícola norte-americano. Deschênes e Greenstone (2007)estimaram ainda um modelo hedônico e verificaram que <strong>os</strong> resultad<strong>os</strong> encontrad<strong>os</strong> não são robust<strong>os</strong> amudanças na especifição do modelo. Os autores interpretam este resultado como uma evidência empírica dapresença de viés de variável omitida no modelo hedônico.Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural4


Evenson e Alves (1998) analisam <strong>os</strong> efeit<strong>os</strong> das mudanças climáticas <strong>sobre</strong> <strong>os</strong>padrões de uso da terra. Os autores estimam um modelo econométrico de alocação de terrapara seis tip<strong>os</strong> de uso, e <strong>seus</strong> resultad<strong>os</strong> indicam que um aumento uniforme de 3ºC detemperatura e 3% n<strong>os</strong> níveis pluviométric<strong>os</strong> levariam a uma redução de 1,84% da área defloresta natural e a um aumento de 2,76% das áreas de pastagem.Por fim, Féres et al. (2007) avaliam o impacto das mudanças climáticas nalucratividade do setor agrícola brasileiro através do uso de um modelo de efeit<strong>os</strong> fix<strong>os</strong>. Osautores estimam que o impacto das mudanças climáticas seja relativamente modesto anível nacional no médio prazo: de acordo com as projeções d<strong>os</strong> model<strong>os</strong> climátic<strong>os</strong> para operíodo 2040-2069, a lucratividade agrícola se reduziria aproximadamente em 3%.Contudo, <strong>os</strong> efeit<strong>os</strong> são bastante heterogêne<strong>os</strong> entre as diversas regiões do país, e alémdisto muito mais sever<strong>os</strong> para o clima projetado para o período de 2070-2099, quando seestima que as perdas de lucratividade agrícola p<strong>os</strong>sam alcançar 26% a nível nacional.De maneira geral, pode-se dizer que <strong>os</strong> estud<strong>os</strong> que analisam a agricultura brasileirasugerem que <strong>os</strong> efeit<strong>os</strong> das mudanças climáticas <strong>globais</strong> no setor agrícola serãoradicalmente diferentes nas diversas regiões do país. Os estud<strong>os</strong> identificam as regiõesNorte, Nordeste e parte da região Centro-Oeste como as mais vulneráveis a<strong>os</strong> efeit<strong>os</strong> dasmudanças climáticas. Já municípi<strong>os</strong> localizad<strong>os</strong> nas regiões Sul poderiam se beneficiarcom as temperaturas mais elevadas projetadas pel<strong>os</strong> model<strong>os</strong> climatológic<strong>os</strong>.3. MetodologiaEsta seção está subdividida em duas partes. A primeira parte descreve aespecificação econométrica do modelo de uso da terra adotado neste estudo e <strong>os</strong> métod<strong>os</strong>de estimação/simulação utilizad<strong>os</strong>. Na segunda parte é descrita a metodologia utilizada naanálise d<strong>os</strong> <strong>impact<strong>os</strong></strong> das mudanças climáticas <strong>sobre</strong> a produtividade agrícola.3.1 Modelo de uso da terraComo observado na revisão da literatura, em n<strong>os</strong>so conhecimento, apenas otrabalho de Evenson e Alves (1998) propõe um modelo de uso da terra que incorporafatores econômic<strong>os</strong> para avaliar o impacto das mudanças climáticas no Brasil. O modeloadotado em n<strong>os</strong>so estudo apresenta basicamente duas inovações em relação ao trabalho deEvenson e Alves (1998). Em primeiro lugar, n<strong>os</strong>so trabalho propõe um modeloeconométrico estrutural para analisar a questão, o qual é consistente com <strong>os</strong> pressup<strong>os</strong>t<strong>os</strong>teóric<strong>os</strong> da teoria microeconômica para o comportamento d<strong>os</strong> agentes. Além disso, <strong>os</strong>istema de equações de alocação da terra para <strong>os</strong> diferentes tip<strong>os</strong> de uso é estimadofazendo-se uso de métod<strong>os</strong> de estimação simultânea. A adoção de métod<strong>os</strong> de estimaçã<strong>os</strong>imultânea parece-n<strong>os</strong> mais apropriado, uma vez que a decisão d<strong>os</strong> produtores <strong>sobre</strong>quanto alocar de terra para diferentes tip<strong>os</strong> de uso devam ser interdependentes. Essas duasinovações representam uma importante contribuição à literatura <strong>sobre</strong> model<strong>os</strong>econométric<strong>os</strong> para a análise de padrões de uso da terra.Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural5


3.1.1 Modelo econômicoO modelo de uso da terra é derivado a partir do problema de maximização de lucrodo produtor rural, que decide a alocação de suas terras entre três diferentes tip<strong>os</strong> de uso:lavoura, pasto e floresta. Dad<strong>os</strong> <strong>os</strong> preç<strong>os</strong> d<strong>os</strong> produt<strong>os</strong>, o custo d<strong>os</strong> insum<strong>os</strong> e ascaracterísticas agroclimáticas, o produtor escolhe a quantidade de área a ser alocada paracada uso de modo a maximizar o lucro de suas atividades, respeitando a restrição de que asoma das áreas alocadas para <strong>os</strong> três us<strong>os</strong> não pode ultrapassar a área total doestabelecimento agrícola. Este processo decisório pode ser representado pelo seguinteproblema de otimização restrita:Max⎛⎜⎝m∑Πm⎞( pi, r,ni, X ):∑ ni= N ⎟⎠in1, n2,..., nm i= 1 i=1(1)onde o índice i representa o tipo de uso/atividade. Em n<strong>os</strong>sa aplicação, como consideram<strong>os</strong>três tip<strong>os</strong> de uso (lavoura, pasto e floresta), tem<strong>os</strong> m = 3. Já n i representa a área alocadapara o uso i, Π i representa o lucro obtido com a atividade i, p i é o preço do produto relativoà atividade i, r é o vetor de preç<strong>os</strong> d<strong>os</strong> insum<strong>os</strong>, X é um vetor de variáveis agroclimáticasque influenciam a lucratividade e N é a área total do estabelecimento agrícola.forma:L =m∑O Lagrangeano do problema de otimização expresso em (1) é escrito da seguinteΠm⎛ ⎞, + µ ⎜ N − ∑ ni⎟(2)⎝ ⎠( p r,n,X )i ii= 1 i=1As condições de primeira ordem para uma solução interior do problema de maximizaçã<strong>os</strong>ão expressas por∂L∂Π=∂n i∂nN −m∑ n ii=1ii− µ = 0i = 1,2, …, m (3)= 0 . (4)A partir das condições de primeira ordem, podem<strong>os</strong> derivar as alocações ótimas deterra para cada tipo de uso i, representadas pelo símbolo n * i . Estas áreas ótimas sãodeterminadas pelo preço d<strong>os</strong> produt<strong>os</strong> e d<strong>os</strong> insum<strong>os</strong>, pela área total do estabelecimento e*pelas variáveis agroclimáticas ni( pi, r,N,X ) . Desta forma, obtem<strong>os</strong> três equações dealocações ótimas para <strong>os</strong> três tip<strong>os</strong> de uso: n * lavoura, n * pasto e n * floresta.Finalmente, é importante observar que substituindo as alocações ótimas n * i nacondição de primeira ordem (4) e diferenciando-se esta expressão, tem<strong>os</strong>Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural6


m∑∂n*ii= 1 Nm *m *( pi, r,N,X ) ∂ni( pi,r,N,X ) ∂ni( pi,r,N,X )= 1; ∑= 0 ; ∑= 0∂∂∂i= 1 pi= 1 rm *∂ni( pi,r,N,X )e ∑= 0 . (5)∂i= 1 XAs equações acima podem ser interpretadas da seguinte forma: caso haja umaumento de 1 hectare na área do estabelecimento, essa área adicional deve ser alocada detal forma que as variações de área d<strong>os</strong> três tip<strong>os</strong> de uso também somem 1 hectare. Poroutro lado, caso haja mudanças n<strong>os</strong> preç<strong>os</strong> ou nas condições agroclimáticas, as realocaçõesde área entre <strong>os</strong> três tip<strong>os</strong> de uso devem se compensar, resultando num efeito líquido nulo.Por exemplo, caso uma variação p<strong>os</strong>itiva no preço das lavouras leve a um aumento de xhectares na área alocada para este uso, a soma das variações das áreas de pasto e florestadevem corresponder a –x, de tal forma que a área total (lavoura + pasto + floresta) não semodifique. As condições expressas em (5) garantem a consistência lógica do modelo.3.1.2 Especificação econométrica e estimaçãoPara a derivação do modelo empírico de estimação das alocações ótimas de área,considera-se que a função lucro Π i é representada por uma função quadrática normalizada.A escolha desta forma funcional para a especificação da função lucro justifica-se por trêsmotiv<strong>os</strong>. Em primeiro lugar, esta é uma forma funcional flexível que não restringe aselasticidades de substituição entre insum<strong>os</strong>. Em segundo lugar, a função quadráticanormalizada é consistente com as propriedades da teoria econômica, como homogeneidadede grau um n<strong>os</strong> preç<strong>os</strong>. Por fim, as funções de alocação de terra derivadas a partir dafunção quadrática normalizada são lineares n<strong>os</strong> parâmetr<strong>os</strong>. A resolução do problema deotimização prop<strong>os</strong>to em (1) com o uso da função quadrática normalizada gera as seguintesequações de alocação ótima:n*ij= iiiiβ + ∑ β + ∑ β + β + ∑i0 1 fpf2krk3N β4lXl+ εf = 1tk = 1sujeito às restrições paramétricas3∑i= 13∑i=1sl=1i = 1,2,3 (6)iiiiβ 1; β 0 ; β 0 e β 0(7)3=3∑i=13∑i= 11 f=3∑i= 12 k=3∑i= 14 l=ifβ = β . (8)1 f1iAs restrições observadas em (7) correspondem às condições de otimizaçãoexpressas nas equações (5) para o caso particular da função quadrática normalizada,enquanto as restrições em (8) são decorrência da propriedade de simetria desta formafuncional.Tem<strong>os</strong> portanto um sistema de três equações representando a alocação ótima paracada tipo de uso (n * lavoura, n * pasto e n * floresta), sujeito às restrições paramétricas expressas em(7) e (8).Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural7


Para a estimação deste sistema, foi escolhido um método de estimação simultânea.Tal escolha parece-n<strong>os</strong> adequada por dois motiv<strong>os</strong>. Em primeiro lugar, é de se esperar queas decisões d<strong>os</strong> produtores <strong>sobre</strong> quanto alocar de terra para lavoura, past<strong>os</strong> e florestasdevam ser interdependentes, o que implica em uma potencial correlação n<strong>os</strong> term<strong>os</strong> de erroε das três equações. Um método de estimação simultânea permite levar em conta acorrelação entre estes err<strong>os</strong>. Já métod<strong>os</strong> que estimam cada equação isoladamente ignoram acorrelação entre as equações e portanto não são eficientes. Além disso, apenas a utilizaçãode métod<strong>os</strong> de estimação simultânea é capaz de impor as restrições expressas em (7) e (8),que envolvem coeficientes de diferentes equações. Portanto, o uso de um método deestimação simultâneo m<strong>os</strong>tra-se mais adequado do que estimar o sistema expresso em (6)equação por equação.Um segundo aspecto econométrico importante a observar é que as restriçõesexpressas em (7) fazem com que o sistema a ser estimado seja singular. Para solucionareste problema, estimam-se duas das equações especificadas em (6), enquanto <strong>os</strong>parâmetr<strong>os</strong> para a equação omitida são recuperad<strong>os</strong> através das restrições em (7). Em n<strong>os</strong>saaplicação, foram estimadas as equações de área para lavoura e pasto, enquanto <strong>os</strong>parâmetr<strong>os</strong> para a equação de florestas foram recuperad<strong>os</strong> através das restrições.A estimação do modelo foi feita através do método Seemingly Unrelated Equationsiterado (ISUR). Este método de estimação simultânea é eficiente na presença de correlaçãode resídu<strong>os</strong> nas equações de alocação de terra e permite impor as restrições entrecoeficientes de diferentes equações, conforme discutido acima. Além disso, a iteração demétodo SUR faz com que a estimação d<strong>os</strong> parâmetr<strong>os</strong> seja robusta em relação à equaçãoomitida. Em outras palavras, independente da equação que for omitida na estimação d<strong>os</strong>istema, a utilização do método ISUR garante que <strong>os</strong> parâmetr<strong>os</strong> recuperad<strong>os</strong> semprep<strong>os</strong>suam o mesmo valor.Os parâmetr<strong>os</strong> estimad<strong>os</strong> para as equações de pasto, lavoura e floresta permitemanalisar de que maneira as alocações de terra para estes três tip<strong>os</strong> de uso reagem avariações das diferentes variáveis explicativas do modelo (preço d<strong>os</strong> produt<strong>os</strong>, preço d<strong>os</strong>insum<strong>os</strong>, fatores agroclimátic<strong>os</strong>). A partir destes parâmetr<strong>os</strong>, é p<strong>os</strong>sível simular o impactodas mudanças climáticas <strong>sobre</strong> as variações de área.3.1.3 Método de simulaçãoPrimeiramente, são simuladas as áreas destinadas a cada um d<strong>os</strong> três tip<strong>os</strong> de usoconsiderando-se as médias das temperaturas e precipitações projetadas pelo modeloPRECIS para o período base (em n<strong>os</strong>so caso, o período base corresponde a 1960-1991)^ *ni,BASEonde^j∑f = 1^t∑i iii ii= β + β p + β r + β β N + β X(9)01 ffk = 1^2kk^33s∑l=1^4ll,BASE^ *n i,BASE corresponde a área estimada para o uso do tipo i dadas as característicasclimáticas projetadas para o período base pelo modelo PRECIS,^β são <strong>os</strong> coeficientesPorto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural8


estimad<strong>os</strong> no modelo econométrico e X l,BASE é o vetor de variáveis agroclimáticas no qualas variáveis climáticas são as projetadas pelo modelo PRECIS para o período base.Em seguida, simulam-se as áreas alocadas para cada tipo de uso considerando-se asmudanças climáticas projetadas pelo modelo PRECIS em determinado período quedenominam<strong>os</strong> T1^ *ni,T1^j∑f = 1^t∑k = 1∑i iii ii= β + β p + β r + β β N + β X(10)^ *01 ff^2kk^33sl=1onde n i,T1corresponde a área estimada para o uso do tipo i dadas as característicasclimáticas projetadas para o período T1 pelo modelo PRECIS, e X l,T1 é o vetor de variáveisagroclimáticas no qual as temperaturas e precipitações são as projetadas pelo modeloPRECIS para T1.Por fim, a variação percentual da área destinada ao uso i decorrente das mudançasclimáticas pode ser calculada através da fórmula^ ** ni,T1−ni,BASE∆ n =X 100 . (11)i^ *n^ *i,BASEObtem<strong>os</strong> assim as variações estimadas^4ll,T1*n lavouramudanças climáticas previstas pelo modelo PRECIS.3.2 Produtividade Agrícola∆ , ∆ e*n pasto*∆ n florestasdecorrentes das3.2.1 Especificação econométrica e estimaçãoO efeito das mudanças climáticas <strong>sobre</strong> a produtividade agrícola é avaliado emterm<strong>os</strong> das variações de produtividade física das culturas (por exemplo, em kg/ha).Pressupõe-se aqui que a produtividade física é basicamente determinada por fatoresagroclimátic<strong>os</strong> e independem de fatores econômic<strong>os</strong>. Desta forma, não éespecificado um modelo estrutural para analisar a questão 6 , optando-se pelaestimação de uma equação de produtividade em forma reduzida.A especificação das equações parte do pressup<strong>os</strong>to de que a produtividade édeterminada pela temperatura, precipitação e características agronômicas tais como o tipo6 Na verdade, pode-se argumentar que <strong>os</strong> investiment<strong>os</strong> em pesquisa e desenvolvimento têm impacto <strong>sobre</strong> aprodutividade agrícola, e esses investiment<strong>os</strong> podem depender das condições de mercado (preç<strong>os</strong> agrícolas,etc). No entanto, como não há dad<strong>os</strong> consolidad<strong>os</strong> disponíveis <strong>sobre</strong> investiment<strong>os</strong> em pesquisa edesenvolvimento, tal questão não poderia ser incorporada em n<strong>os</strong>sa pesquisa. Ademais, a incorporação devariáveis econômicas implicaria em problemas de endogeneidade e o conseqüente viés de n<strong>os</strong>s<strong>os</strong>estimadores.Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural9


de solo. Desta forma, a equação de produtividade de determinada cultura p<strong>os</strong>sui a seguinteforma geral:PRODMED = f(TEMP, PREC, Z) (12)onde PROMED é a produtividade média de determinada cultura, TEMP é a temperatura eZ é um vetor contendo diversas características agronômicas. Para controlar para asquestões de sazonalidade e não linearidade d<strong>os</strong> efeit<strong>os</strong> d<strong>os</strong> fatores climátic<strong>os</strong>, as variáveisde temperatura e precipitação são especificadas em função de suas médias trimestrais e sãoincluíd<strong>os</strong> term<strong>os</strong> lineares e quadrátic<strong>os</strong>. São também incluíd<strong>os</strong> efeit<strong>os</strong> fix<strong>os</strong> para asunidades da federação, para controlar para a p<strong>os</strong>sível heterogeneidade regional. Estasquestões serão discutidas mais detalhadamente adiante. A estimação da equação (12) éfeita pelo método de mínim<strong>os</strong> quadrad<strong>os</strong> ordinári<strong>os</strong>, ponderado pela área d<strong>os</strong>estabeleciment<strong>os</strong> agrícolas.3.2.2 Método de simulaçãoPara a simulação d<strong>os</strong> efeit<strong>os</strong> das mudanças climáticas <strong>sobre</strong> a produtividade médiade determinada cultura, primeiramente calcula-se PRODMEDBASE, que corresponde àprodutividade média estimada pela equação (12) considerando-se no vetor Z astemperaturas e precipitações observadas no período 1970-1996, que denominam<strong>os</strong> períodobase. Em seguida, simula-se a produtividade média PRODMEDT1, que corresponde àprodutividade média estimada por (12) considerando-se no vetor Z as mudanças climáticasprojetadas pelo modelo PRECIS em determinado período que denominam<strong>os</strong> T1.Finalmente, a variação percentual da produtividade média é obtida pela fórmula:PRODMEDT1−PRODMEDBASE∆ PRODMED =X 100 . (13)∧PRODMED3.3 Base de dad<strong>os</strong>∧BASE∧∧∧As estimações do modelo de uso da terra e das equações de produtividade foramrealizadas com observações em nível municipal. A construção das variáveis utilizadas naestimação d<strong>os</strong> model<strong>os</strong> envolveu a consolidação e compatibilização de bases de dad<strong>os</strong>provenientes de diferentes fontes 7 . As informações agro-econômicas foram obtidas a partirdo IPEADATA, que coletou dad<strong>os</strong> agronômic<strong>os</strong> fornecid<strong>os</strong> pela EMBRAPA e <strong>os</strong> dad<strong>os</strong>municipais d<strong>os</strong> Cens<strong>os</strong> Agropecuári<strong>os</strong> do IBGE d<strong>os</strong> an<strong>os</strong> de 1970, 1975, 1980, 1985 e1995/96. As informações <strong>sobre</strong> temperatura e precipitação observadas foram obtidas a7 Andersen e Reis (2007) foram responsáveis por parte considerável da compatibilzação da base de dad<strong>os</strong>utilizada neste estudo.Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural10


partir da base de dad<strong>os</strong> CL 2.0 10'do Climate Research Unit (CRU/University of EastAnglia). Já <strong>os</strong> dad<strong>os</strong> climátic<strong>os</strong> para o período 2010-2100 correspondem às projeções detemperatura e precipitação oriundas do modelo regionalizado PRECIS, fornecid<strong>os</strong> peloCPTEC/INPE. A construção das variáveis é descrita em detalhes abaixo.Uso da terraAs variáveis relativas a<strong>os</strong> três tip<strong>os</strong> de uso – lavoura, pasto e florestas - foramconstruídas a partir d<strong>os</strong> dad<strong>os</strong> municipais do Censo Agropecuário do IBGE. A área delavoura corresponde à soma das áreas d<strong>os</strong> estabeleciment<strong>os</strong> agrícolas de determinadomunicípio utilizadas para o plantio de lavouras temporárias, lavouras permanentes e dasterras em descanso 8 . A área de pastagem foi calculada como a soma das pastagens naturaise plantadas. Já a área de floresta corresponde ao total das áreas d<strong>os</strong> estabeleciment<strong>os</strong>ocupadas por florestas naturais, florestas plantadas e pelas terras produtivas não utilizadas.Optou-se por computar as terras produtivas não utilizadas como áreas de floresta pois,pel<strong>os</strong> critéri<strong>os</strong> de classificação do IBGE, as terras “produtivas e não utilizadas”correspondem a áreas que estão fora de uso por período superior a quatro an<strong>os</strong>.Produtividade agrícolaA variável relativa à produtividade agrícola foi calculada em term<strong>os</strong> deprodutividade média municipal, correspondendo à razão entre a quantidade colhida e a áreacolhida em determinado município segundo <strong>os</strong> dad<strong>os</strong> do Censo Agropecuário. Foramcalculadas e analisadas as produtividades médias relativas a sete culturas: arroz, cana-deaçúcar,feijão, fumo, milho, soja e trigo. Estas culturas foram escolhidas por representaremparcela significativa da produção agrícola nacional. As produtividades médias estãoexpressas em term<strong>os</strong> de kg/ha.Preço d<strong>os</strong> produt<strong>os</strong>: lavoura, pasto e florestaO preço representativo d<strong>os</strong> produt<strong>os</strong> da lavoura foi construído através do cálculo deum índice de preç<strong>os</strong> de Laspeyres regionalizado, no qual foram utilizad<strong>os</strong> <strong>os</strong> dad<strong>os</strong>municipais de preç<strong>os</strong> e quantidades para as sete culturas já mencionadas (arroz, cana,feijão, fumo, milho, soja e trigo). O preço representativo das atividades relacionadas àpastagem corresponde ao preço médio municipal do gado, calculado pela razão entre ovalor total d<strong>os</strong> bovin<strong>os</strong> vendid<strong>os</strong> e abatid<strong>os</strong> em determinado município e o número total decabeças vendidas e abatidas. Já o preço das florestas foi representado como o preço médioda madeira, dado pelo valor total da madeira extraída em determinado município divididopela quantidade extraída (em m 3 ). Pressupõe-se que o preço da madeira seja uma boa proxypara o custo de oportunidade da floresta em pé, uma vez que o proprietário rural leva emconta a receita da extração da madeira e <strong>os</strong> preç<strong>os</strong> das atividades alternativas(pecuária/lavoura) ao decidir pela conservação ou a derrubada das florestas localizadas emseu estabelecimento. N<strong>os</strong> municípi<strong>os</strong> onde não havia informação <strong>sobre</strong> o valor e/ou a8 As terras em descanso são habitualmente utilizadas para o plantio de lavouras temporárias.Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural11


quantidade de madeira extraída, considerou-se o preço médio da madeira no estado onde omunicípio está localizado.Preço d<strong>os</strong> insum<strong>os</strong>Foram incluíd<strong>os</strong> nas estimações <strong>os</strong> preç<strong>os</strong> relativ<strong>os</strong> a dois insum<strong>os</strong>: mão-de-obra eterra. O preço da mão-de-obra foi representado pelo salário médio rural municipal,calculado como o total de salári<strong>os</strong> pag<strong>os</strong> a<strong>os</strong> trabalhad<strong>os</strong> rurais dividido pelo número totalde pessoas ocupadas nas atividades rurais em determinado município 9 . Devido àinexistência de dad<strong>os</strong> relativ<strong>os</strong> ao preço da terra no Censo Agropecuário de 1995/96, foiutilizado como proxy o preço médio da terra arrendada, calculado pela razão entre adespesa total com o arrendamento de terras e a área total arrendada em determinadomunicípio. Já a falta de informações <strong>sobre</strong> o estoque de capital d<strong>os</strong> estabeleciment<strong>os</strong> ruraise das quantidades de fertilizantes adquirida imp<strong>os</strong>sibilitou a inclusão do preço do capital ed<strong>os</strong> fertilizantes em n<strong>os</strong>sa análise.Variáveis climáticasAs variáveis climáticas utilizadas nas análises foram temperatura (ºC) eprecipitação (mm). Em n<strong>os</strong>sa modelagem, supõe-se que variações climáticas em diferentesestações do ano tenham efeit<strong>os</strong> distint<strong>os</strong> <strong>sobre</strong> as alocações de terra e a produtividade dasculturas. Por exemplo, é de se esperar que um aumento de 1ºC nas temperaturas n<strong>os</strong> mesesde verão tenha um impacto distinto ao de uma variação de 1ºC que ocorra n<strong>os</strong> meses deinverno. Para incorporar a questão da sazonalidade d<strong>os</strong> efeit<strong>os</strong> climátic<strong>os</strong> em n<strong>os</strong>saanálise, foram construídas variáveis relativas às médias trimestrais de temperatura eprecipitação: dezembro a fevereiro (representativas do período de verão), março a maio(representativas do período de outono), junho a ag<strong>os</strong>to (representativas do período deinverno) e setembro a novembro (representativas do período de primavera). Ademais,supõe-se que a relação entre as variáveis climáticas e a produtividade das culturas p<strong>os</strong>sa sercaracterizada por não-linearidades. Em vista dessa p<strong>os</strong>sibilidade, inclui-se também nasespecificações econométricas das equações de produtividade <strong>os</strong> term<strong>os</strong> quadrátic<strong>os</strong> dasmédias trimestrais de temperatura e precipitação.As variáveis climáticas para o período 1960-1996 foram extraídas da base de dad<strong>os</strong>CRU CL 2.0 10', do Climate Research Center (CRU/University of East Anglia). Esta basefornece dad<strong>os</strong> georeferenciad<strong>os</strong> das temperaturas e precipitações mensais com umaresolução espacial de aproximadamente 0,5º X 0,5º para todo o território nacional. Asobservações foram espacializadas com o uso do software ArcGis <strong>sobre</strong> a malha municipalde 2000 do IBGE, de modo a se obter as variáveis de temperatura e precipitação em nívelmunicipal.Para a simulação d<strong>os</strong> efeit<strong>os</strong> das mudanças climáticas, foram utilizadas as projeçõesde temperatura e precipitação oriundas do modelo regionalizado PRECIS, desenvolvidopelo CPTEC/INPE no âmbito do projeto ECCB. A base de dad<strong>os</strong> fornecida p<strong>os</strong>sui umaresolução espacial de 50 Km X 50 Km, com observações mensais para o período 2010-2100. Assim como no caso d<strong>os</strong> dad<strong>os</strong> do CRU, as projeções de temperatura e precipitação9 Neste cálculo foi considerada também a mão-de-obra familiar.Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural12


do modelo PRECIS foram espacializadas com o uso do software ArcGis <strong>sobre</strong> a malhamunicipal de 2000 do IBGE 10 .Variáveis agronômicas e outras variáveis de interesseDiversas variáveis agronômicas foram incluídas n<strong>os</strong> model<strong>os</strong> econométric<strong>os</strong> de usoda terra e produtividade média. Dentre elas, destacam-se as variáveis relativas ao tipo desolo, altitude e diversas variáveis indicadoras de restrições do uso de solo para atividadesagrícolas (baixa disponibilidade de nutrientes, alta declividade, alto grau de limitação àmecanização, etc.). Além das variáveis agronômicas, também foram incluídas nasespecificações econométricas variáveis relacionadas a outr<strong>os</strong> fatores considerad<strong>os</strong>importantes para explicar a alocação de terra entre diferentes us<strong>os</strong>, tais como estradaspavimentadas e a área total irrigada.4 Resultad<strong>os</strong>O modelo econométrico de uso da terra é formado pelo sistema de três equações dealocação de área (lavoura, pasto e floresta), cuja especificação geral é descrita na equação(6), sujeitas às restrições paramétricas expressas em (7) e (8). Devido à singularidade d<strong>os</strong>istema, foram estimadas as equações de área para lavoura e pasto, enquanto <strong>os</strong>coeficientes para a equação de florestas foram recuperad<strong>os</strong> através das restriçõesparamétricas. A condição de homogeneidade de grau um n<strong>os</strong> preç<strong>os</strong> foi imp<strong>os</strong>ta através dautilização do preço da floresta como numerário, sendo portanto <strong>os</strong> preç<strong>os</strong> da lavoura e dopasto express<strong>os</strong> como preç<strong>os</strong> relativ<strong>os</strong>. As estimações foram realizadas a partir de dad<strong>os</strong>em nível municipal para o ano censitário 1995/96. Os resultad<strong>os</strong> do modelo são exibid<strong>os</strong>no Apêndice 1.O modelo apresentou uma boa capacidade de ajuste e <strong>os</strong> coeficientes das variáveisp<strong>os</strong>suem <strong>os</strong> sinais esperad<strong>os</strong>. Na equação da área de lavoura, o sinal p<strong>os</strong>itivo do coeficienteda variável prel_lav indica que um aumento do preço relativo das culturas leva <strong>os</strong>produtores rurais a alocar mais área para a lavoura. Da mesma forma, na equação da áreade pasto, o sinal p<strong>os</strong>itivo da variável prel_gado indica que um aumento do preço relativod<strong>os</strong> produt<strong>os</strong> pecuári<strong>os</strong> leva <strong>os</strong> produtores a aumentarem as áreas de pastagem.Nas equações das áreas de lavoura e pasto, <strong>os</strong> coeficientes das variáveis relativas àstemperaturas e precipitações médias trimestrais são na maioria d<strong>os</strong> cas<strong>os</strong> estatisticamentesignificativas. Isto significa que de fato estas variáveis climáticas afetam a decisão d<strong>os</strong>produtores em relação à alocação de terra para <strong>os</strong> diferentes us<strong>os</strong>. Ademais, pode-seobservar que variações de temperatura e precipitação em diferentes épocas do ano têm<strong>impact<strong>os</strong></strong> distint<strong>os</strong> <strong>sobre</strong> a alocação de áreas, como m<strong>os</strong>tra a alternância de sinal d<strong>os</strong>coeficientes trimestrais. Isto m<strong>os</strong>tra que é importante levar em conta a sazonalidade d<strong>os</strong>efeit<strong>os</strong> climátic<strong>os</strong> <strong>sobre</strong> <strong>os</strong> padrões de uso da terra, não sendo adequada a utilização dedad<strong>os</strong> anuais em análises econométricas.10N<strong>os</strong> polígon<strong>os</strong> correspondentes a<strong>os</strong> municípi<strong>os</strong> sem informação, utilizou-se a técnica degeoreferenciamento que imputa o valor da observação mais próxima ao polígono sem informação.Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural13


Vale ainda observar que o teste de Breusch-Pagan rejeita a hipótese de que <strong>os</strong> err<strong>os</strong>das duas equações estimadas não estão correlacionad<strong>os</strong>. Tal resultado fornece evidênciaempírica de que a decisão d<strong>os</strong> produtores <strong>sobre</strong> quanto alocar de terra para diferentes tip<strong>os</strong>de uso devam ser interdependentes, e que neste caso o uso de métod<strong>os</strong> de estimaçã<strong>os</strong>imultânea como o aqui prop<strong>os</strong>to m<strong>os</strong>tra-se mais eficiente do que a estimação de cadaequação do sistema isoladamente, como realizado por Evenson e Alves (1998).A partir d<strong>os</strong> parâmetr<strong>os</strong> do modelo econométrico estimado, foram realizadas assimulações para se avaliar de que forma as alocações de terra se comportariam frente a<strong>os</strong>cenári<strong>os</strong> de mudanças climáticas projetad<strong>os</strong> pelo modelo PRECIS. As simulações devemser interpretadas como uma resp<strong>os</strong>ta à seguinte conjectura: dadas as estruturas produtivas etecnológicas relativas ao ano de 1995, caso f<strong>os</strong>sem alteradas as variáveis climáticas detemperatura e precipitação conforme projetadas pelo modelo climatológico PRECIS, deque forma se comportariam as alocações de terra para lavouras, past<strong>os</strong> e florestas?As simulações foram realizadas para as projeções climáticas d<strong>os</strong> cenári<strong>os</strong> deemissões A2 e B2, conforme definid<strong>os</strong> pelo Painel Intergovernamental de MudançasClimáticas (IPCC). Para cada um destes cenári<strong>os</strong>, foram considerad<strong>os</strong> três períod<strong>os</strong> para aavaliação: (i) a média das temperaturas e precipitações projetadas para o período 2010-2040; (ii) a média das temperaturas e precipitações projetadas para o período 2040-2070; e(iii) a média das temperaturas e precipitações projetadas para o período 2070-2100. Optousepor trabalhar com as médias das variáveis climáticas projetadas para interval<strong>os</strong> de 30an<strong>os</strong> por dois motiv<strong>os</strong>. Em primeiro lugar, as decisões quanto à alocação de terra levam emconsideração o comportamento de longo prazo do clima, e não se baseiam nas ocorrênciasde temperatura e precipitação de um ano particular. Em segundo lugar, a utilização damédia é uma maneira de se reduzir as incertezas associadas às projeções d<strong>os</strong> model<strong>os</strong>climatológic<strong>os</strong>.Os resultad<strong>os</strong> das simulações d<strong>os</strong> efeit<strong>os</strong> das mudanças climáticas <strong>sobre</strong> as variaçõesde área de lavoura, pasto e floresta em nível nacional e para as diferentes regiõesencontram-se nas Tabelas 1 e 2. As variações percentuais p<strong>os</strong>suem como período dereferência o ano de 1995. É importante ainda observar que as variações de área em hectaressão calculadas em relação às áreas d<strong>os</strong> estabeleciment<strong>os</strong> agrícolas do Censo Agropecuáriode 1995/96.Tabela 1:Variações de áreas de lavoura, pasto e floresta n<strong>os</strong> estabeleciment<strong>os</strong> agrícolas - cenárioA2Região2010-2040 2040-2070 2070-2100lavoura pasto floresta lavoura pasto floresta lavoura pasto floresta+11,1% -17,1% +3,1% +11,1% -19,36% +11,0% +6,5% -15,4%(19,7 x 10 6 ha) (-18,9 x 10 6 ha) (1,6 x 10 6 ha) (19,9 x 10 6 ha) (-21,4 x 10 6 ha) (5,5 x 10 6 ha) (11,5 x 10 6 ha)(-17,0 x 10 6 ha)Brasil -1,7%(-0,9 x 10 6 ha)Norte - 2,4%(-0,1 x 10 6 ha)Nordeste -27,6%(-4,0 x 10 6 ha)Sudeste -7,0%(-0,8 x 10 6 ha)Sul +27,9%(3,8 x 10 6 ha)Centro-Oeste-6,4%(-0,5 x 10 6 ha)+17,7%(4,3 x 10 6 ha)+28,3%(9,1 x 10 6 ha)+4,9%(1,9 x 10 6 ha)-6,0%(-1,2 x 10 6 ha)+8,4%(5,2 x 10 6 ha)-14,6%(-4,2 x 10 6 ha)-17,9%(-5,1 x 10 6 ha)-23,2%(-2,7 x 10 6 ha)-32,2%(-2,5 x 10 6 ha)-14,2%(-4,8 x 10 6 ha)+17,9%(0,5 x 10 6 ha)-18,9%(-2,7 x 10 6 ha)+11,1%(1,3 x 10 6 ha)+30,4%(4,1 x 10 6 ha)-7,1%(-0,5 x 10 6 ha)+16,7%(4,1 x 10 6 ha)+25,1%(8,1 x 10 6 ha)+5,9%(2,2 x 10 6 ha)-4,6%(-1,0 x 10 6 ha)+10,2%(6,4 x 10 6 ha)-15,8%(-4,6 x 10 6 ha)-18,7%(-5,3 x 10 6 ha)-30,6%(-3,5 x 10 6 ha)-40,2%(-3,1 x 10 6 ha)-17,4%(-5,9 x 10 6 ha)+44,1%(1,4 x 10 6 ha)+31,8%(4,6 x 10 6 ha)-7,6%(-0,9 x 10 6 ha)+33,4%(4,5 x 10 6 ha)-12,0%(-0,9 x 10 6 ha)+10,4%(2,5 x 10 6 ha)+9,8%(3,1 x 10 6 ha)+9,6%(3,6 x 10 6 ha)-16,8%(-3,5 x 10 6 ha)+9,3%(5,8 x 10 6 ha)-13,3%(-3,9 x 10 6 ha)-27,2%(-7,7 x 10 6 ha)-23,8%(-2,7 x 10 6 ha)-13,1%(-1,0 x 10 6 ha)-14,7%(-4,9 x 10 6 ha)Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural14


Tabela 2:Variações de áreas de lavoura, pasto e floresta n<strong>os</strong> estabeleciment<strong>os</strong> agrícolas - cenário B2Região2010-2040 2040-2070 2070-2100lavoura pasto floresta lavoura pasto floresta lavoura pasto florestaBrasil +0,5%(0,3 x 10 6 ha)Norte +4,0%(0,1 x 10 6 ha)Nordeste -26,6%(-3,8 x 10 6 ha)Sudeste +13,6%(1,6 x 10 6 ha)Sul +22,6%(3,0 x 10 6 ha)Centro-Oeste-5,1%(-0,4 x 10 6 ha)+9,9%(17,7 x 10 6 ha)+13,0%(3,2 x 10 6 ha)+25,5%(8,2 x 10 6 ha)+3,5%(1,3 x 10 6 ha)-2,7%(-0,6 x 10 6 ha)+8,0%(5,0 x 10 6 ha)-16,2%(-18,0 x 10 6 ha)-11,3%(-3,3 x 10 6 ha)-15,3%(-4,3 x 10 6 ha)-25,2%(-2,9 x 10 6 ha)-31,8%(-2,5 x 10 6 ha)-13,8%(-4,6 x 10 6 ha)+2,7%(1,3 x 10 6 ha)+10,3%(0,3 x 10 6 ha)-23,5%(-3,4 x 10 6 ha)+16,3%(1,9 x 10 6 ha)+27,1%(3,7 x 10 6 ha)-9,1%(-0,7 x 10 6 ha)+10,6%(18,8 x 10 6 ha)+15,5%(3,8 x 10 6 ha)+25,1%(8,1 x 10 6 ha)+3,7%(1,4 x 10 6 ha)-1,7%(-0,4 x 10 6 ha)9,6%(6,0 x 10 6 ha)-18,2%(-20,2 x 10 6 ha)-14,0%(-4,1 x 10 6 ha)-16,4%(-4,7 x 10 6 ha)-28,6%(-3,3 x 10 6 ha)-42,1%(-3,3 x 10 6 ha)-15,9%(-5,3 x 10 6 ha)-3,0%(-1,5 x 10 6 ha)24,9%(0,8 x 10 6 ha)+12,6%(1,8 x 10 6 ha)-20,3%(-2,4 x 10 6 ha)+15,9%(2,1 x 10 6 ha)-15,2%(-1,1 x 10 6 ha)+10,1%(18,1 x 10 6 ha)12,8%(3,1 x 10 6 ha)+14,1%(4,5 x 10 6 ha)+13,6%(5,1 x 10 6 ha)-8,6%(-1,8 x 10 6 ha)+10,0%(6,3 x 10 6 ha)-15,0%(-16,6 x 10 6 ha)-13,3%(-3,9 x 10 6 ha)-22,3%(-6,3 x 10 6 ha)-24,0%(-2,8 x 10 6 ha)-4,7%(-0,4 x 10 6 ha)-15,3%(-5,1 x 10 6 ha)Em nível nacional, tanto n<strong>os</strong> cenári<strong>os</strong> A2 e B2 de emissões, observa-se umaredução significativa das áreas de florestas e matas n<strong>os</strong> estabeleciment<strong>os</strong> agrícolas. Assimulações apontam para uma redução entre 15% e 20% das áreas florestais, variand<strong>os</strong>egundo o cenário e o horizonte temporal considerado. Observa-se ainda que o processo dedesmatamento já ocorre com o clima projetado para o período 2010-2040. A análise dasvariações das áreas em hectares permite ainda verificar que a conversão das áreas florestaisse dará <strong>sobre</strong>tudo para o uso na pecuária, como m<strong>os</strong>tra o significativo aumento d<strong>os</strong> past<strong>os</strong>em term<strong>os</strong> de área.Em amb<strong>os</strong> <strong>os</strong> cenári<strong>os</strong> A2 e B2, as simulações indicam um aumento da área depastagens no Brasil. As simulações sugerem que o avanço da área de pastagem se dará emdetrimento das áreas de florestas, como observado acima. As variações estimadas nas áreasde pastagem situam-se entre 6% e 11%, variando segundo o cenário e o horizonte temporalconsiderado.O impacto das mudanças climáticas projetadas no cenário B2 <strong>sobre</strong> a variação dasáreas de lavoura não é muito significativo, com pouca <strong>os</strong>cilação em relação às áreasobservadas no período de referência (1995). Já no cenário A2, o impacto é pouc<strong>os</strong>ignificativo no período 2010-2040, mas as simulações para <strong>os</strong> períod<strong>os</strong> 2040-2070 e2070-2100 m<strong>os</strong>tram que as áreas de lavoura tendem a se expandir a partir de 2050. Estaexpansão se concentrará <strong>sobre</strong>tudo na região Sul.A análise d<strong>os</strong> resultad<strong>os</strong> por regiões permite observar que o impacto das mudançasclimáticas apresenta importantes variações regionais. Na região Norte, observa-se umavariação p<strong>os</strong>itiva nas áreas de lavoura e pasto, com a conseqüente redução das áreas defloresta n<strong>os</strong> estabeleciment<strong>os</strong> agrícolas. As simulações sugerem portanto que as mudançasclimáticas resultarão em mudanças no uso do solo na direção de uma maior pressão pordesmatamento na região Amazônica, como decorrência do processo de adaptação d<strong>os</strong>produtores rurais de região às novas condições climáticas. Como pode ser observado pelasvariações de área em hectares, a maior parte das áreas florestais serão convertidas empastagens.As simulações para a região Nordeste apontam para uma expressiva redução dasregiões de florestas/matas e um aumento das áreas de pastagem. De fato, <strong>os</strong> model<strong>os</strong>sugerem que a região da caatinga e a chamada região do cerrado Nordestino (sul doPorto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural15


Maranhão, sul do Piauí e Oeste da Bahia) parecem ser particularmente afetadas pelasmudanças climáticas, com a conseqüente degradação das terras e conversão de áreas dematas em past<strong>os</strong> de baixa rentabilidade. Já as áreas de lavoura apresentam variaçõesnegativas significativas n<strong>os</strong> períod<strong>os</strong> de 2010-2040 e 2040-2070, mas um aumento noperíodo 2070-2100.A região Sudeste apresenta um aumento da área destinada à pecuária e uma reduçãodas áreas de florestas em <strong>seus</strong> estabeleciment<strong>os</strong> agrícolas n<strong>os</strong> dois cenári<strong>os</strong>. Os efeit<strong>os</strong> dasmudanças climáticas <strong>sobre</strong> as áreas agrícolas variam conforme o cenário e o horizontetemporal.A característica mais importante observada nas simulações para a região Sul é oaumento significativo da área de lavoura, em detrimento das áreas de past<strong>os</strong> e florestas. Defato, esta região apresenta boa capacidade de adaptação às mudanças climáticas: asestimativas de produtividade média (ver análise abaixo) sugerem que as mudançasclimáticas tendem a tornar as condições da região mais propícias à prática agrícola.Consequentemente, é de se esperar um aumento da rentabilidade da atividade agrícola e aconversão de past<strong>os</strong> em lavoura, o que está de acordo com <strong>os</strong> resultad<strong>os</strong> das simulaçõespara a região Sul.Observa-se na região Centro-Oeste, em amb<strong>os</strong> <strong>os</strong> cenári<strong>os</strong> A2 e B2, uma reduçãoda área de lavoura e um aumento na área de pastagem. De fato, esta região é caracterizadapelo clima quente, onde as altas temperaturas estão próximas ao limite de tolerância dasculturas agrícolas. Nestas regiões, as mudanças climáticas poderão acarretar quedas deprodutividade agrícola. De fato, as estimativas de produtividade média (ver análise abaixoe Apêndice 5) sugerem que as mudanças climáticas tendem a reduzir significativamente aprodutividade agrícola das principais culturas da região. Com isso, é de se esperar umaqueda de rentabilidade das atividades agrícolas e a conversão de áreas de lavoura empast<strong>os</strong>, o que está de acordo com <strong>os</strong> resultad<strong>os</strong> das simulações para a região.Produtividade médiaAs simulações do impacto das mudanças climáticas <strong>sobre</strong> a produtividade médiadas culturas foram realizadas utilizando <strong>os</strong> dad<strong>os</strong> municipais d<strong>os</strong> Cens<strong>os</strong> Agropecuári<strong>os</strong> de1970, 1975, 1980, 1985 e 1995/96. Os resultad<strong>os</strong> das simulações devem ser interpretad<strong>os</strong>como uma resp<strong>os</strong>ta à seguinte conjectura: qual seria o impacto <strong>sobre</strong> a produtividademédia se houvesse apenas mudanças nas temperaturas e precipitações conforme previstaspelo modelo PRECIS, dadas as condições tecnológicas atuais? A produtividade média dereferência, com a qual são comparadas as produtividades estimadas, é calculada de acordocom <strong>os</strong> dad<strong>os</strong> do Censo Agropecuário de 1995/96.Foram analisad<strong>os</strong> <strong>os</strong> <strong>impact<strong>os</strong></strong> <strong>sobre</strong> a produtividade média de sete culturas: arroz,cana-de-açúcar, feijão, fumo, milho, trigo e soja. Os resultad<strong>os</strong> das simulações estãoapresentad<strong>os</strong> na Tabela 3.Em geral, observa-se que as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste são afetadasnegativamente pelas mudanças climáticas em term<strong>os</strong> de produtividade agrícola. Nestasregiões, n<strong>os</strong> diferentes cenári<strong>os</strong> e períod<strong>os</strong> considerad<strong>os</strong>, foram estimadas quedas deprodutividade média para a maioria das culturas analisadas. Em particular, a queda previstade produtividade das culturas de subsistência (arroz, milho, feijão) no Nordeste poderá terPorto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural16


importantes consequências socioeconômicas, uma vez que atinge diretamente a agriculturafamiliar.Com exceção do milho, estima-se na região Sul um aumento da produtividademédia para todas as demais culturas analisadas. Este resultado está de acordo com <strong>os</strong>encontrad<strong>os</strong> no modelo de uso da terra, que apontam para um aumento da área de lavourasna região Sul, com conversão de áreas de pastagens para atividades agrícolas.As simulações sugerem ainda que as produções de arroz e trigo não serão afetadasem escala nacional, uma vez que <strong>os</strong> resultad<strong>os</strong> m<strong>os</strong>tram um aumento da produtividadedessas culturas na região Sul, onde está concentrada a maior parte da produção de arroz etrigo do país. Por fim, merece destaque o aumento de produtividade média da sojaestimado na região Norte, o que pode levar a uma maior presença desta cultura na região eo decorrente aumento da pressão por desmatamento.Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural17


Tabela 3: variação da produtividade por culturaCenario A2Cenario B2Arroz 2010-2040 2040-2070 2070-2100 2010-2040 2040-2070 2070-2100Região Norte -26.6% -23.4% -9.9% -30.3% -26.8% -9.9%Região Nordeste -28.9% -26.0% -11.0% -27.1% -24.3% -15.4%Região Sudeste -1.3% -0.7% 19.5% 9.2% 6.2% 15.0%Região Sul 46.4% 44.4% 8.2% 48.5% 46.2% 5.8%Região Centro-Oeste -13.5% -12.3% -12.1% -14.1% -14.4% -5.9%CanaRegião Norte -36.4% -36.7% -54.8% -33.4% -31.7% -54.8%Região Nordeste -2.3% -4.3% -7.1% -0.9% -3.9% -4.6%Região Sudeste 32.8% 34.5% 45.6% 37.4% 34.3% 47.5%Região Sul 39.5% 66.5% -36.6% -14.1% -17.7% -59.6%Região Centro-Oeste -1.7% -1.1% -5.8% -2.7% -3.6% -3.0%FeijãoRegião Norte -25.3% -27.1% -19.0% -29.7% -26.5% -19.0%Região Nordeste -29.9% -30.5% -30.3% -27.7% -31.1% -29.2%Região Sudeste 27.3% 32.6% 30.7% 32.8% 27.9% 27.4%Região Sul 37.0% 36.8% 30.8% 36.5% 38.5% 34.7%Região Centro-Oeste -8.0% -7.6% -7.9% -6.5% -7.3% -5.6%FumoRegião Norte -46.6% -43.8% -40.9% -46.0% -47.1% -40.9%Região Nordeste -24.9% -23.0% -28.7% -20.3% -17.2% -31.8%Região Sudeste 29.8% 29.1% 22.0% 31.8% 33.4% 19.4%Região Sul 25.0% 22.1% 30.9% 25.7% 23.3% 45.8%Região Centro-Oeste -17.9% -18.5% -20.6% -21.5% -21.4% -27.1%MilhoRegião Norte 31.8% 29.6% 31.1% 29.7% 29.0% 28.9%Região Nordeste -26.7% -26.7% -17.4% -21.7% -26.3% -16.8%Região Sudeste 10.8% 18.7% 20.9% 21.7% 16.5% 17.5%Região Sul -8.5% -9.5% -12.1% -8.2% -10.8% -14.4%Região Centro-Oeste -11.9% -13.5% -7.9% -12.4% -13.6% -6.1%SojaRegião Norte 34.7% 40.4% 43.6% 37.6% 26.1% 45.6%Região Nordeste -10.6% -6.4% -37.5% -7.7% -10.8% -34.4%Região Sudeste -14.5% -15.5% -21.9% -13.6% -11.3% -22.0%Região Sul 30.7% 21.3% 38.3% 28.8% 33.2% 42.0%Região Centro-Oeste -5.5% -0.7% 2.9% -1.8% -3.5% 2.1%TrigoRegião Norte -20.9% -18.3% -32.3% -30.1% -24.4% -40.0%Região Nordeste -17.6% 2.3% -41.0% -17.8% 13.3% -49.9%Região Sudeste 26.4% 37.6% 2.0% 33.5% 22.6% 14.4%Região Sul 30.3% 33.0% 19.5% 31.3% 22.8% 18.0%Região Centro-Oeste 8.6% 1.6% -5.4% 9.0% -4.6% 0.4%Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural18


5 ConclusãoEste trabalho teve como objetivo avaliar o impacto esperado das mudançasclimáticas <strong>sobre</strong> o padrão de uso da terra n<strong>os</strong> estabeleciment<strong>os</strong> agrícolas brasileir<strong>os</strong>. Paratanto, foi especificado e simulado um modelo econométrico que permite avaliar de quemodo as mudanças climáticas afetam a alocação de terras segundo três tip<strong>os</strong> de uso –lavouras, pasto e floresta.Os resultad<strong>os</strong> das simulações sugerem que <strong>os</strong> <strong>impact<strong>os</strong></strong> das mudanças climáticas<strong>sobre</strong> o uso da terra e a estrutura produtiva no Brasil são significativ<strong>os</strong>, sendo previstasimportantes variações regionais nas áreas de lavoura, pasto e florestas, bem comomudanças nas produtividades médias das culturas. Em nível nacional, tanto n<strong>os</strong> cenári<strong>os</strong>A2 e B2 de emissões, observa-se uma redução significativa das áreas de florestas e matasn<strong>os</strong> estabeleciment<strong>os</strong> agrícolas. As simulações apontam para uma redução entre 15% e20% das áreas florestais, variando segundo o cenário e o horizonte temporal considerado.A análise das variações das áreas em hectares permite ainda verificar que a conversão dasáreas florestais se dará <strong>sobre</strong>tudo para o uso na pecuária, como m<strong>os</strong>tra o significativoaumento d<strong>os</strong> past<strong>os</strong> em term<strong>os</strong> de área.As simulações sugerem ainda que, devido à heterogeneidade espacial das mudançasclimáticas, <strong>seus</strong> efeit<strong>os</strong> serão radicalmente distint<strong>os</strong> nas diferentes regiões do país. Naregião Norte, as simulações sugerem que as mudanças climáticas resultarão em mudançasno uso do solo na direção de uma maior pressão por desmatamento na região Amazônica.O modelo previu ainda para a região Sul um aumento significativo da área de lavoura, emdetrimento das áreas de past<strong>os</strong> e florestas. Tal resultado é compatível com a boacapacidade de adaptação da produção agrícola na região às mudanças climáticas. Já assimulações para a região Centro-Oeste indicam uma redução da área de lavoura e umaumento na área de pastagem, o que é compatível com a previsão de que as mudançasclimáticas poderão acarretar quedas de produtividade agrícola nesta região.Os potenciais efeit<strong>os</strong> das mudanças climáticas <strong>sobre</strong> o uso da terra e aprodutividade agrícola apontad<strong>os</strong> neste estudo podem gerar importantes <strong>impact<strong>os</strong></strong> sócioambientais.Em vista disso, apresentam<strong>os</strong> aqui algumas recomendações com o objetivo desubsidiar políticas para minimizar estes <strong>impact<strong>os</strong></strong>.Primeiramente, <strong>os</strong> resultad<strong>os</strong> de n<strong>os</strong>sas simulações sugerem que as mudançasclimáticas podem levar a uma redução significativa das áreas florestais n<strong>os</strong>estabeleciment<strong>os</strong> agrícolas, aumentando a pressão por desmatamento na Amazônia. Emvista desta tendência, faz-se necessária a implementação e o monitoramento de políticas deordenamento de uso de solo, de modo a garantir o cumprimento das metas de redução dedesmatamento definidas pelo governo brasileiro.Em segundo lugar, o fato de <strong>os</strong> efeit<strong>os</strong> das mudanças climáticas seremespacialmente diferenciad<strong>os</strong> no Brasil tem a implicação de que as desigualdades regionaisbrasileiras, já grandes, podem vir a se tornar ainda maiores, demandando atenção por partedas políticas públicas. Em particular, as perdas de produtividade agrícola nas culturas desubsistência na região Nordeste podem afetar severamente o rendimento da agriculturafamiliar. O desenvolvimento de tecnologia com vistas à adaptação d<strong>os</strong> cultivares acondições climáticas mais adversas é fundamental para reduzir a vulnerabilidade d<strong>os</strong>produtores agrícolas.Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural19


Por fim, <strong>os</strong> resultad<strong>os</strong> das simulações m<strong>os</strong>tram que adaptações do setor agrícolafrente a<strong>os</strong> cenári<strong>os</strong> de mudanças climáticas podem resultar em mudanças significativas nopadrão de uso da terra. Estas mudanças, por sua vez, podem repercutir nas taxas dedesmatamento e emissões de carbono. Estes efeit<strong>os</strong> decorrentes das adaptações d<strong>os</strong> agentesdevem ser incorporad<strong>os</strong> nas projeções model<strong>os</strong> de circulação geral, de modo a torná-l<strong>os</strong>mais precis<strong>os</strong> na definição d<strong>os</strong> cenári<strong>os</strong> climátic<strong>os</strong> futur<strong>os</strong>.BibliografiaAnderson, K and E. Reis. (2007). The Effects of Climate Change on Brazilian AgriculturalProfitability and Land Use: Cr<strong>os</strong>s-Sectional Model with Census Data. Final report toWHRC/IPAM for LBA project Global Warming, Land Use, and Land Cover Changes inBrazil.Decker, W.L., V. Jones, and R. Achtuni. (1986). The Impact of Climate Change fromIncreased Atm<strong>os</strong>pheric Carbon Dioxide on American Agriculture. DOE/NBB-0077.Washington, DC: U.S. Department of Energy.Dêschenes, Olivier and Michael Greenstone (2007). “The Economic Impacts of ClimateChange: Evidence from Agricultural Output and Random Fluctuations in Weather”.American Economic Review, 97(1): 354-85.Evenson, R.E. & D.C.O. Alves (1998). Technology, climate change, productivity and landuse in Brazilian agriculture. Planejamento e Políticas Públicas, 18, pp.223-258.Féres, J., E. Reis e J. Speranza (2007). Assessing the Impact of Climate Change on theBrazilian Agricultural Sector. In: Proceedings of the 16 th Annual EAERE AnnualConference. Gothemburg: EAERE.Mendelsohn, R., W. Nordhaus, e D. Shaw (1994). The Impact of Global Warming onAgriculture: A Ricardian Analysis. American Economic Review. 84(4): 753-71Mendelsohn, Robert, W. Nordhaus and D. Shaw (1999). “The Impact of Climate Variationon US Agriculture”. In The Impact of Climate Change on the United States Economy, ed.Robert Mendelsohn and James Neumann, 55-74. Cambridge: Cambridge University Press.Sanghi, A., D. Alves, R. Evenson, and R. Mendelsohn (1997). Global warming impacts onBrazilian agriculture: estimates of the Ricardian model. Economia Aplicada, v.1,n.1,1997.Schlenker, W., W. M. Hanemann and A. C. Fisher (2005). Will U.S. Agriculture ReallyBenefit from Global Warming? Accounting for Irrigation in the Hedonic Approach,"American Economic Review (March) 395-406.Siqueira, O.J.F. de, J.R.B. de Farias, and L.M.A. Sans (1994). Potential effects of globalclimate change for Brazilian agriculture, and adaptive strategies for wheat, maize, andsoybeans. Revista Brasileira de Agrometeorologia, Santa Maria, v.2 pp. 115-129.Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural20


APÊNDICE 1: RESULTADOS – ESTIMAÇÃO DO MODELO DE USO DO SOLOMétodo de estimação: Iterated Seemingly Unrelated Regressions (ISUR)Equation Obs Parms RMSE "R - sq" chi2lavoura 2846 46 92141,36 0,9545 59739,32pasto 2846 46 366093,7 0,969 89000,43Variável explicativaEquation: lavouraEquation: pastoCoef. Std. Error t-statistic Coef. Std. Error t-statisticprel_lav 537,34 288,21 1,86 3587,65 2599,28 1,38prel_gado 3587,65 2599,28 1,38 68636,61 30288,68 2,27prel_terra -16,00 62,42 -0,26 76,11 248,03 0,31prel_trabalho -623,38 147,87 -4,22 1443,18 603,07 2,39tmp30djf 34762,81 7619,05 4,56 -102519,90 30279,63 -3,39tmp30mam -39612,18 8229,03 -4,81 42998,77 32697,55 1,32tmp30jja 46660,09 6659,29 7,01 -115500,30 26458,92 -4,37tmp30son -30350,94 6782,15 -4,48 170312,30 26954,73 6,32pre30djf -198,00 105,45 -1,88 1621,34 419,10 3,87pre30mam 11,41 122,00 0,09 -3847,55 484,80 -7,94pre30jja 413,76 123,44 3,35 3609,76 490,47 7,36pre30son 102,95 123,87 0,83 -1701,83 492,19 -3,46variáveis agronômicassimsimBreusch-Pagan test of independence: chi2(1) = 1099,62Código das variáveis:prel_lav: preço relativo da lavouraprel_gado: preço relativo do gadoprel_terra: preço da terraprel_trabalho: preço do trabalhotmp30djf: temperatura média trimestre dez/jan/fev n<strong>os</strong> an<strong>os</strong> 1960-1991tmp30mam: temperatura média trimestre março/abril/maio n<strong>os</strong> an<strong>os</strong> 1960-1991tmp30jja: temperatura média trimestre junho/julho/ag<strong>os</strong>to n<strong>os</strong> an<strong>os</strong> 1960-1991tmp30son: temperatura média trimestre set/out/nov n<strong>os</strong> an<strong>os</strong> 1960-1991pre30djf: precipitação média trimestre dez/jan/fev n<strong>os</strong> an<strong>os</strong> 1960-1991pre30mam: precipitação média trimestre março/abril/maio n<strong>os</strong> an<strong>os</strong> 1960-1991pre30jja: precipitação média trimestre junho/julho/ag<strong>os</strong>to n<strong>os</strong> an<strong>os</strong> 1960-1991pre30son: precipitação média trimestre set/out/nov n<strong>os</strong> an<strong>os</strong> 1960-1991Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural21

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