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Os Operadores de Sistemas de Aeronaves Não-Tripuladas da Força ...

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<strong>Os</strong> <strong>Operadores</strong> <strong>de</strong> <strong>Sistemas</strong> <strong>de</strong> <strong>Aeronaves</strong>Não-<strong>Tripula<strong>da</strong>s</strong> <strong>da</strong> Força Aérea:Como Romper os ParadigmasTenente-Coronel Houston R. Cantwell - USAFIntroduçãoMinha preocupação é que as Forças Arma<strong>da</strong>s ain<strong>da</strong> não estão agindo <strong>de</strong> forma dinâmica emperíodos <strong>de</strong> guerra para fornecer os recursos agora necessários em campo <strong>de</strong> batalha. Labuto hámeses para obter maiores meios <strong>de</strong> ISR em teatro. É como arrancar <strong>de</strong>ntes, porque o pessoal estápreso a antigas formas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho (...). Tudo isso requer nova análise <strong>de</strong> suposições e priori<strong>da</strong><strong>de</strong>sacerca <strong>de</strong> missões que exigem ou não pilotos certificados.Robert M. Gates, Secretário <strong>de</strong> Defesa, Base Aérea Maxwell, Alabama50


52 AIR & SPACE POWER JOURNALUAS é justificativa suficiente. O Coronel MichaelMcKinney, ex-Coman<strong>da</strong>nte do Grupo <strong>de</strong>Operações Pre<strong>da</strong>tor [Pre<strong>da</strong>tor Operations Group]apoia a criação <strong>de</strong> nova especiali<strong>da</strong><strong>de</strong>, semelhanteà proposta na 17XX. <strong>Os</strong> jovens oficiaisiniciariam o Treinamento <strong>de</strong> Pilotos Especializados[Specialized Un<strong>de</strong>rgraduate Pilot Training –SUPT] passando, logo após, à UASs. Continuariama <strong>de</strong>senvolver a experiência com essetipo <strong>de</strong> aeronaves durante to<strong>da</strong> a carreira.Acredita que existem formas alternativas <strong>de</strong>aperfeiçoar a arte e que os Militares <strong>da</strong> ForçaAérea po<strong>de</strong>m apren<strong>de</strong>r a obter uma percepçãotri-dimensional <strong>de</strong> tela bi-dimensional. 6O Coronel Stephen Wilson, ex-oficial <strong>de</strong>operações adjunto no Comando <strong>de</strong> Educaçãoe Treinamento <strong>da</strong> Aeronáutica [Air Educationand Training Command – AETC], que contribuiuà formulação do currículo 17XX, ofereceabor<strong>da</strong>gem pragmática para com o treinamentonessas aeronaves. Ao reconhecer que ai<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s essenciais e otreinamento apropriado <strong>de</strong> estu<strong>da</strong>ntes contribuiriampara produzir o manual do SUPTalega que processo similar ocorreria com osoperadores <strong>de</strong> UAS. O processo <strong>de</strong>terminariao conjunto <strong>de</strong> habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s requeri<strong>da</strong>s, articulariao manual <strong>de</strong> treinamento com enfoquenessas competências, selecionando as pessoasmais a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s para cumprir com a missão.Só, então, iniciaria o treinamento. 7Além <strong>de</strong> reconhecer a nova série <strong>de</strong> habili<strong>da</strong><strong>de</strong>snecessárias, a proposta do Coronel Wilsontambém abor<strong>da</strong> um dos gran<strong>de</strong>s problemaspeculiares à Força, relacionado aopessoal. Des<strong>de</strong> a fase inicial do Pre<strong>da</strong>tor, AForça Aérea batalha para encontrar númerosuficiente <strong>de</strong> voluntários <strong>de</strong> alta capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>.A fim <strong>de</strong> explicar certas complexi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>organização, o Coronel Wilson divi<strong>de</strong> o sistema<strong>de</strong> classificação do coman<strong>da</strong>nte <strong>de</strong> pessoalem três categorias: I, II e III. 8 O Pessoal<strong>de</strong> Nível I é aquele que o coman<strong>da</strong>nte preten<strong>de</strong>manter no sistema [principal] <strong>de</strong> armas.Esses indivíduos superaram os pares epossuem maior potencial para funções emfutura li<strong>de</strong>rança. O Pessoal <strong>de</strong> Nível II estálogo abaixo do Nível I. Em geral, esses indivíduostambém contam com excelente <strong>de</strong>sempenho,mas simplesmente não possuem onecessário para chegar ao Nível I. <strong>Os</strong> coman<strong>da</strong>ntesincentivam esse grupo a servir <strong>de</strong> instrutores<strong>de</strong> voo. Normalmente, os <strong>de</strong> Nível III<strong>de</strong>sempenharam bem a missão, mas simplesmenteforam ultrapassados pelos pares. Normalmentesão persuadidos a aceitar <strong>de</strong>signaçõesem UAS. Um posto <strong>de</strong> carreira distintoevitaria tal tendência. Além disso, reconheceque a complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> ca<strong>da</strong> vez maior <strong>da</strong>s missõesexige pessoal <strong>de</strong>dicado. Ao observar queao estabelecer os esquadrões <strong>de</strong> UAS predominantementecom o pessoal cuja primeiraopção era ser piloto, a Força acaba causandomuitos problemas, o Coronel Wilson afirma:“Que tal se propuséssemos preencher os postos<strong>de</strong> esquadrões <strong>de</strong> F-16 e B-1 <strong>de</strong>ssa maneira?Diriam que somos loucos.” 9 Um novo posto<strong>de</strong> carreira proporcionaria a necessária continui<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> Força.Em 2001, o Coronel Tom Ehrhard, Reformado,<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u uma tese <strong>de</strong> doutorado,digna <strong>de</strong> nota, referente ao <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> UAS nas Forças Arma<strong>da</strong>s para a Johns HopkinsUniversity. Apoia, por completo, o estabelecimento<strong>de</strong> nova especiali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Reconhecedois elementos fun<strong>da</strong>mentais noconceito <strong>de</strong> novo setor <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Primeiro,<strong>de</strong>ve satisfazer os requisitos técnicos para operaras UAS <strong>de</strong> forma eficiente e eficaz, tantoem combate quanto em espaço aéreo controlado,repleto <strong>de</strong> aeronaves <strong>de</strong> todos os tipos.Em segundo lugar, e <strong>de</strong> igual importância, osucesso a longo prazo exige integração cultural.Todo novo setor <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>senvolver pessoalque manterá a credibili<strong>da</strong><strong>de</strong> profissional como restante <strong>da</strong> força aérea <strong>de</strong> combate. Essesoficiais, por sua vez, formariam uma divisão<strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> Força que promoveria sistemas <strong>de</strong>acompanhamento. Ehrhard propõe a abertura<strong>de</strong> posto em UAS a indivíduos fisicamentenão qualificados para pilotar os aviões <strong>da</strong>Força Aérea, mas que passaram o exame físicoclasse III <strong>da</strong> FAA, cujos requisitos são mais lenientes.Abriria a especiali<strong>da</strong><strong>de</strong> a novo grupo.O importante é que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, esses indivíduosseriam voluntários altamente motivados.10 O Coronel Ehrhard também reconhecea importância <strong>da</strong> manutenção <strong>de</strong> credibili<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> voo e habili<strong>da</strong><strong>de</strong> em pilotagem e navegação<strong>de</strong> aeronaves. Recomen<strong>da</strong> a adição


54 AIR & SPACE POWER JOURNALprego do Pre<strong>da</strong>tor obrigou a máxima eficiênciaoperacional em to<strong>da</strong>s as operações. A fim <strong>de</strong>assegurar a disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> contingentecompleto <strong>de</strong> pessoal para operações duranteperíodos <strong>de</strong> crise, os esquadrões avaliaram,cui<strong>da</strong>dosamente, os programas <strong>de</strong> treinamento,incorporando mu<strong>da</strong>nças importantes.Ao comparar tais programas com aqueles <strong>de</strong>aeronaves tripula<strong>da</strong>s tradicionais existem, nomínimo, duas diferenças dignas <strong>de</strong> menção. Aprimeira é que os esquadrões operacionais doPre<strong>da</strong>tor e Reaper passam 99% do tempo emoperações reais <strong>de</strong> contingência e não conseguemencontrar tempo para satisfazer as exigências<strong>de</strong> treinamento. A segun<strong>da</strong> é que asoperações <strong>de</strong> contingência ininterruptas colocamem dúvi<strong>da</strong> a pertinência do treinamentorotineiro <strong>de</strong> atualização para pilotos. A eliminação<strong>de</strong> treinamento para manter-se em diaem <strong>de</strong>colagem e aterrissagem geraram gran<strong>de</strong>smu<strong>da</strong>nças no manual <strong>de</strong> treinamento doPre<strong>da</strong>tor.A interminável <strong>de</strong>man<strong>da</strong> <strong>de</strong> apoio pelo Pre<strong>da</strong>tor,acopla<strong>da</strong> à limita<strong>da</strong> disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>pessoal levou os esquadrões operacionais a eliminaro treino contínuo [continuation-training– CT] <strong>de</strong> surti<strong>da</strong>s [sorties]. A <strong>de</strong>man<strong>da</strong> para missões<strong>de</strong> contingência é tal e a disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> tripulação para o Pre<strong>da</strong>tor é tão ínfima, quequalquer tentativa <strong>de</strong>dica<strong>da</strong> à outras operaçõesreduz a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> do esquadrão em fornecercobertura <strong>de</strong> ISR. 17 A falta <strong>de</strong> CT não pareceser tão importante, <strong>da</strong>do que a maioria dosvoos <strong>de</strong> Pre<strong>da</strong>tor ocorre com a utilização <strong>de</strong> pilotoautomático durante a compilação <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o.Mas, a verificação mais <strong>de</strong>talha<strong>da</strong> dos tipos<strong>de</strong> missão do 15 o Esquadrão <strong>de</strong>Reconhecimento [15th Reconnaissance Squadron– RS] revela que, além <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o, <strong>de</strong>sempenhamcertos tipos <strong>de</strong> missões classifica<strong>da</strong>s, <strong>da</strong>quelasmais exigentes. Rotineiramente, os esquadrões<strong>de</strong> Pre<strong>da</strong>tors <strong>de</strong>sempenham missões <strong>de</strong> apoioaéreo aproximado, interdição aérea, apoio àforças especiais e <strong>de</strong> reconhecimento, e <strong>de</strong>struição.18 Em comparação, os pilotos <strong>de</strong> A-10 eF-16 mantêm meticulosamente as exigências<strong>de</strong> treinamento, a fim <strong>de</strong> manter-se em diapara tais eventos complexos. Deveria o treinamento<strong>de</strong> operadores <strong>de</strong> UAS seguir tal exemploou será que o custo <strong>de</strong> retirá-los <strong>da</strong> escala<strong>de</strong> voo <strong>de</strong> combate seria <strong>de</strong>masiado gran<strong>de</strong>?O Reaper disputa esses paradigmas <strong>de</strong> treinamentoa grau ain<strong>da</strong> mais elevado. Seus operadoressão obrigados a empregar uma série<strong>de</strong> armas, inclusive mísseis Hellfire e bombasguia<strong>da</strong>s a laser, em gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> possíveiscenários. Além disso, <strong>de</strong>vem compilar ví<strong>de</strong>ocontínuo, 24 horas ao dia, em apoio a requisitos<strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> inteligência. <strong>Os</strong> requisitospara manter-se em dia com o treinamentoentram em conflito com o apoio às operações<strong>de</strong> contingência. Isso só vai aumentar, à medi<strong>da</strong>que a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> do Reaper também continuaa evoluir.Em 2003 as operações do Pre<strong>da</strong>tor passarampor gran<strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça com o advento <strong>da</strong>s OperaçõesRemotas Dividi<strong>da</strong>s [Remote-Split Operations– OSR], um conceito que permite que amaioria do esquadrão apoie diretamente oteatro <strong>de</strong> operações, operando <strong>de</strong> área central,através <strong>de</strong> comando e controle em re<strong>de</strong>.Cui<strong>da</strong>dosa observação revela que essa capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>afetou o treinamento <strong>de</strong> modo notável.Antigamente, as tripulações <strong>de</strong> Pre<strong>da</strong>tors eram<strong>de</strong>staca<strong>da</strong>s à áreas <strong>de</strong> conflito, essencialmentecomo esquadrão <strong>de</strong> apoio à operações <strong>de</strong>contingência, <strong>de</strong>sempenhando todo tipo <strong>de</strong>missões. Uma vez no teatro, as tripulações realizavamtodo gênero <strong>de</strong> tarefas, <strong>de</strong> <strong>de</strong>colagemà execução <strong>da</strong> missão e aterrissagem.Após as RSO ficarem firmemente estabeleci<strong>da</strong>s,tornou-se rapi<strong>da</strong>mente evi<strong>de</strong>nte que osoperadores <strong>de</strong> Pre<strong>da</strong>tors, localizados no posto<strong>de</strong> controle <strong>de</strong> missão (MCE) na Base AéreaNellis, Neva<strong>da</strong>, não necessitavam <strong>de</strong>colar ouaterrissar. Essa parte <strong>da</strong> missão era <strong>de</strong>sempenha<strong>da</strong>somente pelo pessoal distribuído <strong>de</strong>ntrodo teatro, durante operações <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong>linha <strong>de</strong> visão [in Line-of-Sight] e não via SA-TCOM. Portanto, a única equipe que necessitavamanter-se em dia em <strong>de</strong>colagens e aterrissagensera o pessoal do posto <strong>de</strong> lançamentoe recuperação [Launch and Recovery Element –LRE]. <strong>Os</strong> indivíduos <strong>de</strong>stacados às áreas <strong>de</strong>conflito receberiam o treinamento necessárioem <strong>de</strong>colagem e aterrissagem pouco tempoantes <strong>da</strong> parti<strong>da</strong>. Muitos consi<strong>de</strong>ram esse treinamentoa parte mais difícil <strong>da</strong> formação inicial.Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong> tomava quase um terço <strong>de</strong>


COMO ROMPER OS PARADIGMAS 55todo o manual. 19 Ao eliminar essa exigência, adisponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> operadores aumentou,adicionando, assim, maior número <strong>de</strong> patrulhasaéreas <strong>de</strong> combate (CAP) em apoio aocombatente.Nem a todos caiu bem a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> eliminartal treinamento do currículo. O Ten Cel JamesGear, coman<strong>da</strong>nte do 11 th RS, <strong>de</strong> inícioera contra, afirmando: “É aí que se apren<strong>de</strong> apilotar o avião. É aí que se adquire competênciaem manete e leme.” 20 Mais tar<strong>de</strong>, contudo,veio a perceber que a maior parte do tempo<strong>de</strong> voo no Pre<strong>da</strong>tor ocorre durante o controle<strong>de</strong> missão [Mission Control Element – MCE] empiloto automático: “A conclusão é que o sucessonão <strong>de</strong>pendia em ensinar <strong>de</strong>colagem eaterrissagem (...) <strong>de</strong>ve-se abor<strong>da</strong>r tudo com oUAV em mente e <strong>de</strong>ixar os velhos paradigmas<strong>de</strong> lado.” 21 No 11 th RS existe a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>um piloto instrutor não qualificado a pousar aaeronave, <strong>de</strong>sempenhar missão <strong>de</strong> treinamentoem Neva<strong>da</strong> e experimentar problemascom o motor. O Coronel Gear reconheceu orisco, discutindo-o com a li<strong>de</strong>rança do 432 oGrupo <strong>de</strong> Operações [432nd Operations Group].Aceitou a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> que, se ocorrerpane, o operador do Pre<strong>da</strong>tor será obrigado achamar alguém qualificado do outro lado docorredor para assumir controle o mais rápidopossível ou ver se consegue aterrissar elemesmo, “<strong>da</strong>ndo uma tenta<strong>da</strong>”. Reconheceuque, em alguns casos , “<strong>da</strong>r uma tenta<strong>da</strong>” seriaa solução aceita em operações <strong>de</strong> UAS. 22Muitos anos <strong>de</strong> operações com o Pre<strong>da</strong>toraju<strong>da</strong>ram a i<strong>de</strong>ntificar as habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s pertinentes.De acordo com o Brig Gen Charles Lyon“menos <strong>de</strong> 50% <strong>de</strong> habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> piloto <strong>de</strong>Pre<strong>da</strong>tor <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m em manete e leme. A maiorparte tem a ver com a experiência operacionalque tripulantes qualificados adquiriram previamente,voando aeronaves e operando <strong>de</strong>ntrodo ambiente.” 23 À medi<strong>da</strong> que o Pre<strong>da</strong>tor tornasemais automatizado, com a adição <strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s,tais como auto-<strong>de</strong>colagem e autoaterrissagem,a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> habili<strong>da</strong><strong>de</strong> emmanete e leme diminuirá ain<strong>da</strong> mais. O MajorThomas Meeks, ex-operador <strong>de</strong> Pre<strong>da</strong>tor, acreditaque “tem sentido separar a competênciatécnica <strong>de</strong> habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s em discernimento emUAV.” 24 <strong>Os</strong> pilotos <strong>de</strong> aeronaves tradicionais<strong>de</strong>vem, <strong>de</strong>vido a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>senvolver ahabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do uso <strong>de</strong> manete e leme e o discernimentoe habili<strong>da</strong><strong>de</strong> aérea ao mesmo tempo(porque, fisicamente, sempre <strong>de</strong>vem estar abordo para isso). <strong>Os</strong> operadores <strong>de</strong> Pre<strong>da</strong>torrefinam o discernimento e a habili<strong>da</strong><strong>de</strong> aéreain<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> competência técnica.Na maioria dos casos, o computador solucionaos problemas <strong>de</strong> leme e manete. O Maj Meeksacrescenta que “os pilotos trazem a perspicáciainicial do ambiente aéreo, <strong>da</strong> integração <strong>de</strong>vários meios aéreos e entendimento básico doemprego do po<strong>de</strong>r aéreo.” 25 O tempo gasto noPre<strong>da</strong>tor continua a <strong>de</strong>senvolver várias habili<strong>da</strong><strong>de</strong>saéreas básicas, inclusive a melhor maneira<strong>de</strong> integrar a plataforma ao espaço aéreo, oapoio à tropas terrestres, bem como o modo <strong>de</strong>assegurar a recuperação segura do veículo. O<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> discernimentoocorre, em gran<strong>de</strong> parte, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<strong>da</strong> habili<strong>da</strong><strong>de</strong> em manejo <strong>de</strong> leme e manete,<strong>de</strong>vido ao advento <strong>de</strong> funções mais sofistica<strong>da</strong>s<strong>de</strong> piloto automático. Embora existam similari<strong>da</strong><strong>de</strong>s,a habili<strong>da</strong><strong>de</strong> requeri<strong>da</strong> <strong>de</strong> operador <strong>de</strong>Pre<strong>da</strong>tor difere <strong>da</strong>quelas <strong>de</strong> pilotos, a qual, porsua vez, difere <strong>da</strong>quelas <strong>de</strong> operadores <strong>de</strong> GlobalHawk.O elemento humano do Global Hawk tambémbatalha para <strong>de</strong>terminar os requisitosa<strong>de</strong>quados <strong>de</strong> treinamento. Em entrevista recente,o Coman<strong>da</strong>nte do 18 th RS, o Ten CelChristopher Jella, <strong>de</strong>stacou vários obstáculosenfrentados pelas operações do Global Hawk.A longa duração <strong>da</strong>s missões e as gran<strong>de</strong>s altitu<strong>de</strong>s(mais <strong>de</strong> 50.000 pés) previnem que osoperadores <strong>de</strong>senvolvam competências normalmenteassocia<strong>da</strong>s aos pilotos <strong>da</strong> Força Aérea:a interação com os controladores <strong>de</strong> tráfegoaéreo [Air Traffic Controllers – ATC], comotransitar em espaço aéreo controlado, bemcomo aterrissagem e <strong>de</strong>colagem. A missão típica<strong>de</strong> 24 horas requer apenas 30 minutos <strong>de</strong>interação com o ATC, à medi<strong>da</strong> que a aeronavevai e volta <strong>da</strong> superfície a 18.000 pés. 26Devido a turnos rotativos <strong>de</strong> 8 horas em missõesque duram 24 horas, os operadores normalmenteinteragem com o ATC apenas umavez a ca<strong>da</strong> dois meses. 27 Por outro lado, gran<strong>de</strong>parte do tempo gasto em missões envolve tentativas<strong>de</strong> aproveitar, ao máximo, a compilação


56 AIR & SPACE POWER JOURNAL<strong>de</strong> <strong>da</strong>dos. Durante essas “tarefas ad hoc”, osoperadores equilibram os pedidos <strong>de</strong> compilação<strong>de</strong> última hora com as tarefas anteriores.Ao <strong>de</strong>sempenhar as funções <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> ca<strong>de</strong>ia<strong>de</strong> comando, constantemente revisam o plano<strong>de</strong> coleta para aproveitar, ao máximo, os resultadosobtidos em ca<strong>da</strong> missão.O elevado grau <strong>de</strong> automatização utilizadoem Global Hawks apresentou novos problemasem formulação <strong>de</strong> esquemas a<strong>de</strong>quados <strong>de</strong>treinamento. Ao contrário do Pre<strong>da</strong>tor, o GlobalHawk já emprega a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> auto<strong>de</strong>colageme pouso mas não <strong>de</strong> manete eleme. O piloto simplesmente monitora asoperações <strong>da</strong> aeronave para fazer com que osistema <strong>de</strong>sempenhe as funções <strong>de</strong> acordocom as or<strong>de</strong>ns, conceito que <strong>de</strong>safia o <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> habili<strong>da</strong><strong>de</strong> aérea, ou até mesmocomo <strong>de</strong>fini-la. <strong>Os</strong> pilotos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> experiênciaprévia em gran<strong>de</strong>s sistemas <strong>de</strong> armas,a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver o discernimento necessário.Quanto mais tempo passam com a nave,maior é a per<strong>da</strong> <strong>de</strong> habili<strong>da</strong><strong>de</strong> aérea porque,tipicamente, não é necessária durante as missões.28 Segundo o Cel Jella: “Após um ano, aver<strong>da</strong><strong>de</strong> é que o nível <strong>de</strong> experiência retroce<strong>de</strong>.<strong>Os</strong> caras experientes são aqueles que chegamnovinhos em folha com habili<strong>da</strong><strong>de</strong> aérea e sabemcomo manter-se cientes <strong>da</strong> situação. Apóscerto período <strong>de</strong> tempo tornam-se complacentes.”29 Primariamente, o perfil <strong>da</strong>s missões é enviaraviões em rotas pré-programa<strong>da</strong>s, cui<strong>da</strong>dosamentemonitora<strong>da</strong>s pelos pilotos. Uma <strong>da</strong>smaiores dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s em voar o Global Hawk,dissimilar do voo tradicional <strong>de</strong> aeronaves tripula<strong>da</strong>sé sempre ter em mente, e muito bem,o procedimento pré-planejado quando ocorreper<strong>da</strong> em elo <strong>de</strong> comunicações, que mu<strong>da</strong>mao longo do perfil <strong>de</strong> voo e exigem que o operadoresteja sempre ciente <strong>da</strong> situação. Já queos procedimentos automáticos e controles <strong>de</strong>piloto automático <strong>de</strong> ponta governam o controlebásico <strong>da</strong> aeronave, a habili<strong>da</strong><strong>de</strong> do operador<strong>de</strong> Global Hawk raramente entra emjogo durante missões rotineiras. Portanto,quando ocorrem anomalias, a experiência é<strong>de</strong> arrepiar.Embora as operações normais talvez nãotestem, em <strong>de</strong>masia, a habili<strong>da</strong><strong>de</strong> aérea dosindivíduos, a natureza <strong>da</strong>s operações exigeque os pilotos <strong>de</strong>stilem ca<strong>da</strong> gotinha <strong>de</strong> habili<strong>da</strong><strong>de</strong>para manerar tais anomalias. Comparadoaos pilotos <strong>de</strong> aeronaves tradicionais, osque voam o Global Hawk do outro lado domundo <strong>de</strong>vem li<strong>da</strong>r com uma miría<strong>de</strong> <strong>de</strong> problemasextra-curriculares, quando ocorremproblemas <strong>de</strong> manutenção. Em primeiro lugar,a avaliação <strong>da</strong> situação aumenta em dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>uma vez que não po<strong>de</strong>m “sentir” areação <strong>da</strong> aeronave. Tudo que sabem é a informaçãotransmiti<strong>da</strong> ao posto <strong>de</strong> controleterrestre, somente com os instrumentos à suadisposição. Até mesmo algo tão simples comoturbulência é fácil confundir com anomalia<strong>de</strong> controle <strong>de</strong> voo. 30 Em segui<strong>da</strong>, <strong>de</strong>vido alonga duração <strong>da</strong>s missões, piloto algum possuicontinui<strong>da</strong><strong>de</strong> durante to<strong>da</strong> a missão. Emborao relatório <strong>de</strong>talhado seja passado <strong>de</strong> uma outro, com a transferência <strong>de</strong> controles éimpossível captar completamente o <strong>de</strong>sempenho<strong>da</strong> aeronave durante o curso completo<strong>da</strong> missão. O Brig Gen H.D. Polumbo, o coman<strong>da</strong>nte<strong>da</strong> 9 a Ala <strong>de</strong> Reconhecimento [9thReconnaissance Wing], acredita que “quando seopera uma aeronave em emergência, a milhares<strong>de</strong> quilômetros <strong>de</strong> distância, a 60.000 pés,com pane em sistemas críticos (...) é melhorcontar com ótima habili<strong>da</strong><strong>de</strong> aérea para garantira recuperação segura <strong>da</strong> aeronave.” 31Várias questões cruciais ain<strong>da</strong> continuam semresposta: “Como a Força Aérea consegue <strong>de</strong>linearas diferenças entre aviação tripula<strong>da</strong> enão-tripula<strong>da</strong>? E, será que é possível <strong>de</strong>senvolverhabili<strong>da</strong><strong>de</strong> aérea exclusivamente através<strong>da</strong> operação remota <strong>de</strong> aeronaves?”A última questão relaciona<strong>da</strong> ao GlobalHawk tem a ver com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>habili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos pilotos em toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão.Um aspecto único <strong>da</strong> aviação não-tripula<strong>da</strong> éa capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> acessar perícia adicional. Issoquer dizer que os indivíduos em controle <strong>da</strong>aeronave sempre po<strong>de</strong>m telefonar para pediraju<strong>da</strong> ou, na maioria dos casos, até mesmo levaro perito, em pessoa, ao Centro <strong>de</strong> Controle.Entretanto, isso cria problemas a longoprazo. O fato <strong>de</strong> ser possível requisitar a assistência<strong>de</strong> coman<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> alto nível para ofereceropiniões em questões difíceis, faz comque acabemos passando tudo mastigado aosjovens pilotos. <strong>Os</strong> Coman<strong>da</strong>ntes <strong>de</strong> mais alto


COMO ROMPER OS PARADIGMAS 57escalão estão sempre disponíveis para pesar<strong>de</strong>cisões importantes. Devido a localização físicado piloto, um observador informal frequentementeobteria a mesma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>da</strong>dos referentes à situação, que o piloto. Duranteos pedidos <strong>de</strong> assessoria, o piloto já nãopo<strong>de</strong> criticar as tropas terrestres, acusando-as<strong>de</strong> não terem a mínima i<strong>de</strong>ia do que ocorreno cockpit. Todo o pessoal pertinente chega aprópria toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> consciência <strong>da</strong> situação, apartir <strong>da</strong> mesma série <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos à disposição.O Cel Jella observa que se discute tal problemaem minúcia em simpósios <strong>de</strong> gerenciamento<strong>de</strong> recursos <strong>de</strong> tripulação [Crew-Resource-Management – CRM]. A li<strong>de</strong>rança do esquadrão<strong>de</strong>ve enten<strong>de</strong>r que não necessita <strong>de</strong> experiência,mas que o coman<strong>da</strong>nte <strong>da</strong> aeronavesim (...). Dessa forma, verifique a situação,compreen<strong>da</strong>-a, dê ao piloto seus insumos eafaste-se (...) é essencial possibilitarmos a ele,que [em última palavra] é o indivíduo responsávelpela toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões, pelo <strong>de</strong>senvolvimento<strong>da</strong> sequência <strong>de</strong> seu raciocínio lógicoe <strong>da</strong> habili<strong>da</strong><strong>de</strong> em solucionar problemas,enfim à sua experiência, que a li<strong>de</strong>rança doesquadrão não lhe passe tudo triturado duranteo processo <strong>de</strong> toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão. 32Esses exemplos obtidos do ambiente operacionaldo Pre<strong>da</strong>tor, Reaper e Global Hawk <strong>de</strong>stacama divergência entre aviação tripula<strong>da</strong> ea não-tripula<strong>da</strong>. Ain<strong>da</strong> <strong>de</strong> maior importânciaa qualquer discussão em torno do <strong>de</strong>senvolvimentoprofissional <strong>de</strong> futuros operadores <strong>de</strong>UAS é o ilustre histórico do voo tripulado <strong>da</strong>Força Aérea.Consi<strong>de</strong>rações CulturaisO estudo <strong>de</strong> percepções referente às <strong>de</strong>signaçõespara postos <strong>de</strong> UAS revela várias questõesimportantes. A Força Aérea, a instituiçãoper se, <strong>de</strong>senvolve várias normas para os pilotose seu <strong>de</strong>senvolvimento em li<strong>de</strong>rança. Porsua vez, os pilotos cultivam expectativas <strong>de</strong>carreira como profissionais. A adição <strong>de</strong> UASao inventário coloca em dúvi<strong>da</strong> as muitas normastradicionais.<strong>Os</strong> pilotos adoram voar. Uma passagem <strong>de</strong>Mark Wells em Courage and Air Warfare capta ovínculo emocional entre o piloto e o voo: “Asensação visual e sinestésica parece inebriar. Oresto é maravilha, uma alegria combina<strong>da</strong> àexaltação, a sensação <strong>de</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong> sem limites,<strong>de</strong> alcançar os confins do céu. Quantos pilotosexperimentaram este êxtase que <strong>de</strong>safia <strong>de</strong>scriçãoa<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>! Sem dúvi<strong>da</strong>, o instante emque percebem que o céu é realmente seu paravoar flutuar, <strong>de</strong>slizar e mergulhar é um momento<strong>de</strong> exuberância incomparável.” 33Po<strong>de</strong> ser que os pilotos <strong>da</strong> Força Aérea adoremvoar, mas também seguem tal carreira,<strong>de</strong>vido ao prestígio social: “Des<strong>de</strong> os primórdios<strong>da</strong> aviação, os pilotos são consi<strong>de</strong>radosmembros <strong>de</strong> elite.” 34 Hoje, a tradição <strong>da</strong> Forçaapoia tal percepção. <strong>Os</strong> pilotos estão sujeitos arigorosos exames físicos e <strong>de</strong>vem passar porárduo treinamento durante o período <strong>de</strong> umano para “receber as asas”. Em simples palavras,fazem parte <strong>de</strong> grupo seleto <strong>de</strong> especialistas.O advento do “voo não-tripulado” requerque os Militares <strong>da</strong> Força Aérea <strong>de</strong>sistam<strong>da</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> voar, abandonando a filiaçãojunto à Fraterni<strong>da</strong><strong>de</strong>. Para alguns, voarsignifica mais ain<strong>da</strong> do que o serviço <strong>de</strong> militarprofissional. 35 O Ten Cel James Dawkinsresume muito bem as consi<strong>de</strong>rações que circun<strong>da</strong>mas operações não-tripula<strong>da</strong>s: “A própriafraterni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> Força Aérea aumentaa perspectiva <strong>de</strong> que a carreira em UAVé algo ina<strong>de</strong>quado. É a clique na qual os operadoresi<strong>de</strong>ntificam-se mais com as plataformasdo que com a profissão em si. Se perguntarmosa um aviador o que faz na Força Aérea,provavelmente respon<strong>de</strong>rá “sou piloto <strong>de</strong>bombar<strong>de</strong>iro” ou “sou piloto Viper (F-16).” Algunsaté mesmo consi<strong>de</strong>ram-se, em primeirolugar, pilotos e só <strong>de</strong>pois, oficiais <strong>da</strong> Força Aérea.Mas, pergunte a piloto <strong>de</strong> Pre<strong>da</strong>tor o quevoa e provavelmente dirá “sou ex-piloto Viper(Eagle, C-5, B-1), mas agora opero Pre<strong>da</strong>tors.” 36Não se po<strong>de</strong> ignorar a percepção em torno<strong>de</strong> sistemas não-tripulados. Des<strong>de</strong> o início, aForça Aérea sente orgulho em sua naturezaheróica. Afinal <strong>de</strong> contas, tornou possível aeliminação <strong>da</strong>quelas trincheiras <strong>da</strong> PrimeiraGuerra Mundial. A conexão íntima entre ohomem e o avião é, <strong>de</strong> certo modo, semelhanteà relação existente na Cavalaria entre ocavaleiro e seu corcel. Carl Buil<strong>de</strong>r observaque “quando surgiram outros meios, tais


58 AIR & SPACE POWER JOURNALcomo aeronaves não-tripula<strong>da</strong>s, mísseis teleguiadose veículos espaciais, foram os aviadoresque revelaram, com ações mais do quecom palavras, que seu real afeto era para comas aeronaves e não para com o conceito <strong>de</strong>potência aérea.” 37 É claro que existe tensãoentre os jovens pilotos que sonham em se <strong>de</strong>sembaraçardos tênebres laços terrestres eaqueles <strong>de</strong>signados a permanecer em estações<strong>de</strong> controle <strong>de</strong> Pre<strong>da</strong>tor – no solo. O resultado?O fluxo contínuo <strong>de</strong> pilotos circulando pelassalas <strong>de</strong> aula <strong>de</strong> Pre<strong>da</strong>tor, completando uma sóturnê operacional, retornando, imediatamente,ao sistema <strong>de</strong> armas principal. Um cicloque <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> preencher as exigências <strong>de</strong>tripulações para o Pre<strong>da</strong>tor.O pessoal que ingressa à Força Aérea como objetivo <strong>de</strong> voar prefere pilotar aviões e nãoUAS. <strong>Os</strong> últimos <strong>de</strong>z anos que registram as<strong>de</strong>signações <strong>de</strong> operadores <strong>de</strong> Pre<strong>da</strong>tor <strong>de</strong>monstramque os pilotos estão <strong>de</strong>terminadosa continuar no cockpit e não em postos <strong>de</strong>controle terrestres. Reiteramos, a opção primeiraé o cockpit. Só então, o pessoal relegadoao nível III preenche as vagas restantes. AForça Aérea necessita concentrar-se, <strong>de</strong>forma dinâmica, a motivar voluntários a seguircarreira em UAS. Um posto distinto solucionariaos muitos obstáculos que agora afligema força. O esprit <strong>de</strong> corps e a <strong>de</strong>dicação ao<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> aeronaves não-pilota<strong>da</strong>saumentariam se, no futuro, as pessoas ingressassemà Força Aérea com a expectativa <strong>de</strong>fazê-las voar. 38 As InferênciasAo longo dos anos, uma série bem <strong>de</strong>fini<strong>da</strong><strong>de</strong> competências técnicas e associações culturaiscombinaram-se para forjar a imagem dopiloto <strong>da</strong> Força Aérea. Ele necessita compreen<strong>de</strong>ras tensões fisiológicas <strong>de</strong> voo, do ar, em si e,naturalmente, do avião. Abriga espírito in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nteque lhe permite tomar <strong>de</strong>cisões,muitas vezes isolado, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> sua cabine <strong>de</strong>comando. Juntamente com os aspectos técnicosinerentes, a associação cultural tambémacompanha o título. Deve satisfazer padrõesfísicos rigorosos e completar anos <strong>de</strong> treinamentopreciso. Associado ao voo encontram-seos riscos inerentes à vi<strong>da</strong> e à integri<strong>da</strong><strong>de</strong> física.Assim, o título traz consigo o prestígio.A maioria <strong>de</strong>ssas características não seaplica aos operadores <strong>de</strong> UAS, que requeremtalentos normalmente não associa<strong>da</strong>s a pilotos.<strong>Os</strong> operadores não necessitam compreen<strong>de</strong>ras tensões fisiológicas <strong>de</strong> voo. Devem conheceros aviões, mas também <strong>de</strong>vemcompreen<strong>de</strong>r mais que isso, a fim <strong>de</strong> levar acabo as operações não-tripula<strong>da</strong>s, <strong>de</strong> formasegura. Requerem firme percepção <strong>da</strong> vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong>e flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do vínculo entre aaeronave e a estação <strong>de</strong> controle terrestre. Aocontrário <strong>de</strong> aviões tripulados, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>da</strong>segurança <strong>de</strong> peças do espectro eletromagnéticopertinentes para o controle básico.O principal é que a percepção cultural entrepilotos e operadores difere – e muito. Afraterni<strong>da</strong><strong>de</strong> dos aviadores comparte o amorpelo voo, é vista como grupo intrépido <strong>de</strong>elite que <strong>de</strong>tém exclusiva posição social naForça. <strong>Os</strong> operadores <strong>de</strong> UAS que não partilhamessas características <strong>de</strong>vem estabelecerclasse própria. Qualquer referência a “piloto<strong>de</strong> UAS” apenas ofusca o que seria clara distinçãoentre duas profissões distintas, ca<strong>da</strong> qualimbuí<strong>da</strong> em suas próprias normas. Está claroque um estigma cultural negativo envolve osoperadores <strong>de</strong> UAS. Contudo, à medi<strong>da</strong> quecontinuam a comprovar seu calibre em operações<strong>de</strong> combate ao redor do globo, essesoperadores <strong>de</strong>monstrarão seu valor, ganhandoo respeito do resto <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>combatente. A <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> piloto só provocahostili<strong>da</strong><strong>de</strong> e confusão.A in<strong>de</strong>pendência, o símbolo dos aviadoresmilitares é contesta<strong>da</strong> pela filiação às UAS. OGeneral Billy Mitchell disse: “O combate real<strong>da</strong> aeronave requer quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s morais nuncaantes exigi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> ser humano. Em primeirolugar, o piloto está completamente sozinho.Não existe outra pessoa a seu lado, oferecendoapoio.” 39 A aviação militar exige dos combatentesin<strong>de</strong>pendência jamais vista em campo<strong>de</strong> batalha. A inter-conexão <strong>de</strong> sistemas nãotripuladosoferece novo conceito ao aviadorin<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. O fato <strong>de</strong> que os operadoresnunca estão sozinhos é outra distinção. Porum lado, as surti<strong>da</strong>s dos caças <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m, emgran<strong>de</strong> parte, <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> tripulação se-


60 AIR & SPACE POWER JOURNALaeronaves não-tripula<strong>da</strong>s. O estabelecimento<strong>de</strong> novo e específico posto <strong>de</strong> carreira é a melhormaneira <strong>de</strong> solucionar o problema. O orgulho<strong>de</strong> tradições e normas <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong>finem,em parte, a gran<strong>de</strong>za <strong>da</strong> Força. Mastambém correm o risco potencial <strong>de</strong> impedirseu avanço. De acordo com as observações doSecretário Gates, o Gen Thomas White, ex-Notas1. Gen John P. Jumper, ex-Chefe do Estado-Maior <strong>da</strong>Força Aérea em entrevista com o autor, 20 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<strong>de</strong> 2006.2. Thomas Ehrhard, “Unmanned Aerial Vehicles inthe United States Armed Services: A Comparative Studyof Weapon System Innovation” (Defesa <strong>de</strong> tese <strong>de</strong> Doutorado,Johns Hopkins University, 2001), 593.3. Embora o enfoque <strong>de</strong>ste artigo seja o operador <strong>de</strong>UAS, não <strong>de</strong>ve diminuir a importância <strong>de</strong> treinamentoapropriado dos operadores recrutados para operar ossensores <strong>de</strong> UAS. A contribuição que oferecem ao cumprimento<strong>da</strong> missão possui a mesma importância e sualuta pelo reconhecimento não é menos significativa.4. Gen John P. Jumper, Chefe do Estado-Maior <strong>da</strong>Força Aérea dos Estados Unidos, “Chief’s Sight Picture,”10 March 2003.5. Ten Gen Carrol H. Chandler, Chefe Adjunto doEstado-Maior, Air, Space, and Information Operations,Plans, and Requirements, Headquarters US Air Force,Washington, DC, memorando registrado, 13 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<strong>de</strong> 2006. O programa selecionou três candi<strong>da</strong>tos <strong>de</strong>grupo <strong>de</strong> voluntários: 2 nd Lt Leslie McPeak, Cap ThomasBean e Cap <strong>Os</strong>wald Bonilla.6. Cel Michael McKinney, Diretor, Air Force Operationsand Training em entrevista com o autor, 18 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<strong>de</strong> 2006.7. Cel Stephen Wilson, ex-oficial <strong>de</strong> operações adjunto,Air Education and Training Command, em entrevistacom o autor, 6 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2006.8. Ibid.9. Ibid.10. Cel Thomas Ehrhard, USAF, Reformado, SeniorFellow, Center for Strategic and Budgetary Assessments,em entrevista com o autor, 20 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2006.11. Ibid.12. Jumper, entrevista.13. Ibid.14. Gen Michael E. Ryan, ex-Chefe do Estado-Maior<strong>da</strong> Força Aérea em entrevista com o autor, 19 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<strong>de</strong> 2006.15. Gen Richard Hawley, ex-coman<strong>da</strong>nte, Air CombatCommand em entrevista com o autor, 3 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong>2007.16. Ibid.CSAF adverte que “a <strong>de</strong>dicação dos oficiais lí<strong>de</strong>res<strong>da</strong> Força Aérea ao avião está profun<strong>da</strong>menteenraiza<strong>da</strong>, e com razão, mas nunca<strong>de</strong>vemos permitir que resulte em cavalo <strong>de</strong>batalha. Não po<strong>de</strong>mos nos <strong>da</strong>r ao luxo <strong>de</strong> ignoraro preceito básico <strong>de</strong> que to<strong>da</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>mu<strong>da</strong> com o tempo.” ❏17. Lt Cel John Harris, ex-coman<strong>da</strong>nte, 15th ReconnaissanceSquadron em entrevista com o autor, 26 <strong>de</strong> janeiro<strong>de</strong> 2007.18. Ten Cel Christopher Plamp, coman<strong>da</strong>nte, 15thReconnaissance Squadron em entrevista com o autor, 23<strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2007.19. Maj Thomas Meeks, ex-operador <strong>de</strong> Pre<strong>da</strong>tor,15th Reconnaissance Squadron em entrevista com o autor,20 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2007.20. Ten Cel James Gear, coman<strong>da</strong>nte, 11th ReconnaissanceSquadron em entrevista com o autor, 25 <strong>de</strong> janeiro<strong>de</strong> 2007.21. Ibid.22. Ibid.23. Brig Gen Charles Lyon, ex-coman<strong>da</strong>nte, 57thOperations Group em entrevista com o autor, 19 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<strong>de</strong> 2006.24. Meeks, entrevista.25. Ibid.26. Ten Cel Christopher Jella, coman<strong>da</strong>nte, 18th ReconnaissanceSquadron em entrevista com o autor, 22 <strong>de</strong>janeiro <strong>de</strong> 2007.27. Ibid.28. Ibid.29. Ibid.30. Brig Gen H. D. Polumbo, coman<strong>da</strong>nte, 9th ReconnaissanceWing em entrevista com o autor, 22 <strong>de</strong> janeiro<strong>de</strong> 2007.31. Ibid.32. Jella, entrevista.33. Mark K. Wells, Courage and Air Warfare: The AlliedAircrew Experience in the Second World War (Portland, OR:Frank Cass, 1995), 92.34. Ibid., 4.35. James R. FitzSimonds e Thomas G. Mahnken,“Military Officer Attitu<strong>de</strong>s toward the Adoption of UnmannedSystems” (trabalho apresentado durante a AnnualMeeting of the International Studies Association,San Diego, CA, 22 March 2006).36. Ten Cel James C. Dawkins, “Unmanned CombatAerial Vehicles: Examining the Political, Moral, and SocialImplications” (tese <strong>de</strong> Mestrado, School of AdvancedAir and Space Studies, Air University, Base Aérea Maxwell,Alabama, 2005), 42.


COMO ROMPER OS PARADIGMAS 6137. Carl H. Buil<strong>de</strong>r, The Icarus Syndrome: The Role of AirPower Theory in the Evolution and Fate of the U.S. Air Force(New Brunswick, NJ: Transaction Publishers, 1994), 32.38. As iniciativas atuais <strong>da</strong> Força Aérea para gerenciaros operadores <strong>de</strong> UAS incluem dois programas nãovoluntários:Tactical Aircrew Management Initiative 21 euma diretriz <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> posto não permanente <strong>da</strong>Base Aérea Creech, Neva<strong>da</strong>. Ca<strong>da</strong> uma <strong>de</strong>staca os problemas<strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> instituição relacionados a como atraire manter número suficiente <strong>de</strong> operadores <strong>de</strong> Pre<strong>da</strong>tor.Ambas são soluções a curto prazo com efeitos a longoprazo.39. William Mitchell, Winged Defense: The Developmentand Possibilities of Mo<strong>de</strong>rn Air Power—Economic and Military(1925; repr., Mineola, NY: Dover Publications, 1988), 163.40. Ehrhard, entrevista.41. As diretrizes <strong>de</strong> pessoal <strong>de</strong> UAS mu<strong>da</strong>m rapi<strong>da</strong>mente.A li<strong>de</strong>rança superior recentemente tomou a <strong>de</strong>cisão<strong>de</strong> diretamente <strong>de</strong>signar os graduados do SUPT àsUASs. Um programa experimental “Beta” acaba <strong>de</strong> iniciar.Leva não pilotos diretamente ao grupo UAS.O Ten Cel Houston R. Cantwell (Bacharelado, University of Virginia; Mestrado,George Washington University; Mestrado em Artes e Ciências em Operações Militares[Master of Military Operational Art and Science – MMOAS], Escola Superior<strong>de</strong> Comando e Estado Maior <strong>da</strong> Força Aérea [Air Command and Staff College];Mestrado em Arte e Ciências em Po<strong>de</strong>r Aéreo [Master of Airpower Art andScience – MAAS], Escola Superior <strong>de</strong> Estudos Aeroespaciais Avançados [Schoolof Advanced Air and Space Studies] <strong>de</strong>sempenhou o cargo <strong>de</strong> planejador operacionalno Quartel-General <strong>da</strong> 3ª Força Aérea, Base Aérea Ramstein, Alemanha.É piloto instrutor <strong>de</strong> F-16. Piloto na Base Aérea <strong>Os</strong>an, Coréia do Sul, BaseAérea Moody, Georgia e Base Aérea Misawa, Japão. No Pentágono, trabalhouem vários gabinetes, inclusive o Gabinete do Secretário <strong>de</strong> Defesa Adjunto[Office of the Deputy Secretary of Defense for Personnel and Readiness] – Diretrizes parao Pessoal Militar [Military Personnel Policy] e no Estado-Maior para o Chefe <strong>de</strong>Segurança <strong>da</strong> Força Aérea [Air Staff for the Air Force Chief of Safety]. Na EscolaSuperior <strong>da</strong> Aeronáutica [Air University], redigiu várias dissertações sobre oavanço <strong>de</strong> aeronaves não-tripula<strong>da</strong>s. Piloto durante a Operação Southern Watch,recentemente serviu no Quartel-General do Estado-Maior, 1ª Divisão Blin<strong>da</strong><strong>da</strong>[1st Armor Division] durante a Operação Iraqi Freedom e no Estado-Maiordo elemento <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação do componente aéreo durante a Operação EnduringFreedom.

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