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Influência das Mudanças Climáticas no Cálculo da ...

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AGRADECIMENTOSPrimeiramente eu agradeço a DEUS, pelos dons que ele me concede a ca<strong>da</strong> dia: a vi<strong>da</strong>,a perseverança, a esperança e a fé, pois fomos criados a sua imagem e semelhança, portantonão resta dúvi<strong>da</strong> que tudo de bom que o homem traz consigo provém e re<strong>no</strong>va-seconstantemente por DEUS.Aos meus Pais, que nas ações e gestos, nunca deixaram faltar amor, compreensão,valores morais e incentivos.Aos professores que pelos seus ensinamentos e conhecimentos transmitidos forammuito importantes em <strong>no</strong>ssa formação acadêmica.Aos meus amigos de curso que colaboraram para um aproveitamento acadêmico <strong>no</strong>sentido de conhecimento e companheirismo, essencial para um futuro engenheiro.A minha orientadora, Ana Cláudia Fernandes Medeiros Braga que aceitou colaborarnessa etapa final do curso, <strong>da</strong>ndo todo o suporte e material para realizar as pesquisas e obteros <strong>da</strong>dos necessários ao trabalho.i


RESUMOAs mu<strong>da</strong>nças climáticas interferem <strong>no</strong> ciclo hidrológico, afetando a quanti<strong>da</strong>de deágua disponível nas bacias hidrográficas, pois existem modificações na temperatura, naschuvas, nas vazões e na evapotranspiração. A evapotranspiração é uma variável importante,pois é considera<strong>da</strong> <strong>no</strong> cálculo <strong><strong>da</strong>s</strong> deman<strong><strong>da</strong>s</strong> <strong><strong>da</strong>s</strong> culturas agrícolas, <strong>no</strong> balanço hídrico dosreservatórios e é <strong>da</strong>do de entra<strong>da</strong> em modelos hidrológicos que simulam a vazão. Nessesentido, este trabalho tem por objetivo avaliar o impacto <strong><strong>da</strong>s</strong> mu<strong>da</strong>nças climáticas naevapotranspiração de uma região semi-ári<strong>da</strong> <strong>no</strong> estado <strong>da</strong> Paraíba. Para isso, estimou-se aevapotranspiração para o clima atual (com base em <strong>da</strong>dos observados), avaliou-se asa<strong>no</strong>malias de temperatura e umi<strong>da</strong>de relativa do ar projeta<strong><strong>da</strong>s</strong> por três modelos globais doIPCC-AR4 (Painel Intergovernamental de <strong>Mu<strong>da</strong>nças</strong> <strong>Climáticas</strong>) para três períodos de climasfuturos (2010-2039, 2040-2069 e 2070-2099) e avaliou-se o uso dos métodos deThornthwaite, Blaney-Criddle e Hargreaves para a estimativa <strong><strong>da</strong>s</strong> a<strong>no</strong>malias percentuais deevapotranspiração para os climas futuros. Entre os resultados, encontrou-se que o método deThornthwaite superestima a evapotranspiração já <strong>no</strong> clima atual, que os três modelos doIPCC-AR4 mostram tendências crescentes do aumento <strong>da</strong> temperatura para os climas futurose que as a<strong>no</strong>malias percentuais futuras são influencia<strong><strong>da</strong>s</strong> pelo método de cálculo <strong>da</strong>evapotranspiração. As a<strong>no</strong>malias estima<strong><strong>da</strong>s</strong> a partir de Thornthwaite foram bastante eleva<strong><strong>da</strong>s</strong>e as estima<strong><strong>da</strong>s</strong> por Blaney-Criddle e Hargreaves ficaram bastante semelhantes e indicamaumento médio <strong>da</strong> evapotranspiração ao longo dos períodos declimas futuros de 2,2% (2010-2039), 4,3% (2040-2069) e 6,3% (2070-2099).Palavras-chave: mu<strong>da</strong>nças climáticas; evapotranspiração; semi-árido.ii


ABSTRACTClimate changes affect the hydrological cycle and the available water in river basins,as there are changes in temperature, rainfall, flow and evapotranspiration. Evapotranspirationis an important variable because it is considered in the calculation of the agricultural cropsdemands, in reservoir water balance and is input <strong>da</strong>ta in hydrological models. This study aimsto assess the impact of climate change on evapotranspiration in a semiarid region of Paraíbastate. For this purpose, it was estimated evapotranspiration for the current climate (based o<strong>no</strong>bserved <strong>da</strong>ta), it was evaluated the temperature and relative humidity a<strong>no</strong>malies of threeglobal models designed by the IPCC-AR4 (Intergovernmental Panel on Climate Change) forthree future climates (2010-2039, 2040 -2069 and 2070-2099) and it was evaluated the usingThornthwaite, Blaney-Criddle and Hargreaves methods for the estimation ofevapotranspiration rates for future climates. Among the results, it was found thatThornthwaite method overestimates the evapotranspiration in the current climate, the threeIPCC-AR4 models show increasing trends of temperature for future climates, and that thepercentage of future a<strong>no</strong>malies are influenced by the method of evapotranspirationcalculation. A<strong>no</strong>malies estimated from Thornthwaite were quite high and estimated byBlaney-Criddle and Hargreaves were very similar and indicate an average increase ofevapotranspiration over the future climates of 2.2% (2010-2039), 4.3% (2040 -2069) and6.3% (2070-2099).Key words: climate change; evapotranspiration; semiarid;iii


SUMÁRIOAGRADECIMENTOS.........................................................................................................iRESUMO..............................................................................................................................iiABSTRACT.........................................................................................................................iiiSUMÁRIO............................................................................................................................ivLISTA DE TABELAS.........................................................................................................vLISTA DE FIGURAS.........................................................................................................vi1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 12. OBJETIVOS ................................................................................................................. 32.1 Objetivo Geral ..................................................................................................... 32.2 Objetivos Específicos .......................................................................................... 33. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................... 43.1 Evapotranspiração ............................................................................................... 43.2 Estimativa <strong>da</strong> evapotranspiração ......................................................................... 83.3 <strong>Mu<strong>da</strong>nças</strong> <strong>Climáticas</strong> .......................................................................................... 94. ÁREA DE ESTUDO E BASE DE DADOS .............................................................. 104.1 Área de Estudo .................................................................................................. 104.2 Base de Dados ................................................................................................... 105. METODOLOGIA ....................................................................................................... 135.1 Modelos de circulação geral <strong>da</strong> atmosfera ........................................................ 135.2 Extração dos <strong>da</strong>dos ........................................................................................... 155.3 <strong>Cálculo</strong> <strong>da</strong> Evapotranspiração ........................................................................... 165.4 <strong>Cálculo</strong> <strong>da</strong> Evapotranspiração Futura ............................................................... 206. ANÁLISE DE RESULTADOS .................................................................................. 216.1 <strong>Cálculo</strong> <strong>da</strong> evapotranspiração com base <strong>no</strong>s <strong>da</strong>dos observados ....................... 216.2 Análise <strong>da</strong> temperatura e umi<strong>da</strong>de do ar futura ................................................ 236.3 Evapotranspiração futura .................................................................................. 267. CONCLUSÕES ........................................................................................................... 318. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 339. ANEXOS ...................................................................................................................... 35iv


LISTA DE TABELASTabela 1 - Dados climatológicos dos postos de São Gonçalo e Cajazeiras ................................... 11Tabela 2 – Série Histórica de Evapotranspiração <strong>no</strong> período de 1961 a 1978 ......................... 12Tabela 3 – Evapotranspiração média <strong>no</strong> período de 1963-1967 .............................................. 12Tabela 4 – MCGs disponibilizados pelo IPCC ......................................................................... 14Tabela 5 - Fator de correção (Fc) do Método de Thornthwaite (UNESCO, 1982) .............. 1720Tabela 6 – Valores <strong>da</strong> porcentagem mensal <strong><strong>da</strong>s</strong> horas de luz solar (p), para latitudes Norte eSul, segundo Blaney-Criddle .................................................................................................... 18Tabela 7 - Fator de evapotranspiração potencial (F), para ETP em mm/mês. (Fonte:HARGREAVES, 1974) ............................................................................................................ 19Tabela 8 – Dados de temperatura e umi<strong>da</strong>de relativa do ar para o clima atual ....................... 20Tabela 9 – Evapotranspiração calcula<strong>da</strong> com base <strong>no</strong>s <strong>da</strong>dos observados............................... 20Tabela 10 – Correlação entre os <strong>da</strong>dos calculados e observados ............................................. 21Tabela 11 – A<strong>no</strong>malias de temperatura e umi<strong>da</strong>de do ar futuras ............................................. 23Tabela 12 – Temperatura para os três climas futuros ............................................................... 24Tabela 13 – Evapotranspiração futura (em milímetros) para o período 2010-2039, modelosBCM2 ....................................................................................................................................... 25Tabela 14 – Comportamento <strong>da</strong> evapotranspiração (em milímetros) <strong>no</strong>s diferentes períodospara o modelo BCM2 ............................................................................................................... 28Tabela 15 – A<strong>no</strong>malias percentuais <strong>da</strong> evapotranspiração <strong>no</strong>s diferentes períodos do modeloBCM2 ....................................................................................................................................... 29Tabela A.1 – Evapotranspiração Futura (em milímetros) para o período 2010-2039, modeloGIAOM ..................................................................................................................................... 36Tabela A.2 - Evapotranspiração Futura (em milímetros) para o período 2010-2039, modeloMIMR ....................................................................................................................................... 36v


1. INTRODUÇÃOAs mu<strong>da</strong>nças <strong>no</strong> clima estão sendo discuti<strong><strong>da</strong>s</strong> em todo o mundo. Diversos fenôme<strong>no</strong>smeteorológicos extremos reforçam essa idéia. No Brasil, por exemplo, podem ser cita<strong><strong>da</strong>s</strong> assecas que ocorreram na Amazônia <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s de 2005 e 2010 e as cheias que assolaram oestado de Pernambuco <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s de 2009 e 2011. O Painel Intergovernamental de <strong>Mu<strong>da</strong>nças</strong><strong>Climáticas</strong> (IPCC) associa essas mu<strong>da</strong>nças <strong>no</strong> clima ao aquecimento global causado por gasesque intensificam o efeito estufa. Esses gases são conhecidos como gases de efeito estufa(meta<strong>no</strong>, vapor d’água, ozônio, gás carbônico, entre outros).O impacto <strong><strong>da</strong>s</strong> mu<strong>da</strong>nças climáticas se dá principalmente nas variáveis hidrológicasque sofrem interferência com o aumento <strong>da</strong> temperatura global. Um aumento na temperaturaglobal pode causar alterações nas quanti<strong>da</strong>des de chuva, evapotranspiração e vazão escoa<strong>da</strong>nas bacias hidrográficas. A determinação dos impactos sobre essas variáveis é importante paraa gestão de recursos hídricos, pois altera a quanti<strong>da</strong>de de água disponível nas baciashidrográficas.Assim, bacias hidrográficas em diferentes regiões do mundo, sofrerão impactostambém diferentes. A estimativa dos impactos nas variáveis hidrológicas é realiza<strong>da</strong> porModelos Atmosféricos Globais (MCGs) que simulam o clima em todo o globo. Esses MCGspossuem resolução que variam de 100 a 300 km e são simulados para o clima presente e parao clima futuro. Como a incerteza existente na simulação do modelo atmosférico interfere <strong>no</strong>sresultados, em geral, toma-se a a<strong>no</strong>malia como a alteração futura. A a<strong>no</strong>malia é a diferençaentre a simulação para o clima futuro e a alteração do clima. Assim, tem-se apenas o impactona variável sem interferência <strong>da</strong> simulação do modelo atmosférico e pode-se aplicar aa<strong>no</strong>malia à série histórica observa<strong>da</strong>. O IPCC disponibiliza em seu site as a<strong>no</strong>maliasestima<strong><strong>da</strong>s</strong> por 23 modelos atmosféricos globais para variáveis como temperatura, chuva eumi<strong>da</strong>de relativa.Essas variáveis influenciam a evapotranspiração. A evapotranspiração é a forma pelaqual a água <strong>da</strong> superfície terrestre passa para a atmosfera <strong>no</strong> estado de vapor, tendo papelimportantíssimo <strong>no</strong> Ciclo Hidrológico em termos globais. Esse processo envolve aevaporação <strong>da</strong> água de superfícies de água livre (rios, lagos, represas, ocea<strong>no</strong>, etc), dos solos e<strong>da</strong> vegetação úmi<strong>da</strong> (que foi intercepta<strong>da</strong> durante uma chuva) e a transpiração dos vegetais.(SENTELHAS – 2009).1


2. OBJETIVOS2.1 Objetivo GeralAvaliar as influências <strong><strong>da</strong>s</strong> mu<strong>da</strong>nças climáticas <strong>no</strong> cálculo <strong>da</strong> evapotranspiração <strong>no</strong>semi-árido <strong>da</strong> Paraíba.2.2 Objetivos EspecíficosSão objetivos específicos:- Comparar e avaliar o valor <strong>da</strong> evapotranspiração calcula<strong>da</strong> a partir de diferentesmétodos com base em <strong>da</strong>dos observados;- Avaliar as a<strong>no</strong>malias de temperaturas estima<strong><strong>da</strong>s</strong> para o clima futuro;- Calcular e avaliar a evapotranspiração para o clima futuro, em especial com relaçãoaos efeitos causados pelo emprego dos diferentes métodos.3


3. REVISÃO DE LITERATURA3.1 EvapotranspiraçãoSegundo (PORTO, 2000), evapotranspiração é o conjunto evaporação <strong>da</strong> água desuperfícies livres e do solo mais a per<strong>da</strong> de água <strong><strong>da</strong>s</strong> plantas por transpiração (Figura 1). Otermo evapotranspiração foi utilizado, por Thornthwaite, <strong>no</strong> início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 40, paraexpressar essa ocorrência simultânea.Figura 1 - Esquema <strong>da</strong> Evapotranspiração (www.hsw.uol.com.br).Existem conceitos distintos de evapotranspiração que devem ser observados:a) Evapotranspiração Potencial (ETp): per<strong>da</strong> de água por evaporação e transpiração de umasuperfície natural tal que esta esteja totalmente coberta e o conteúdo de água <strong>no</strong> solo estejapróximo à capaci<strong>da</strong>de de campo;b) Evapotranspiração de Referência (ETo): per<strong>da</strong> de água de uma extensa superfície cultiva<strong>da</strong>com grama, com altura de 0,08 a 0,15 m, em crescimento ativo, cobrindo totalmente o solo esem deficiência de água.4


c) Evapotranspiração Real (ETr): per<strong>da</strong> de água por evaporação e transpiração nas condiçõesreinantes (atmosféricas e de umi<strong>da</strong>de do solo).O cálculo <strong>da</strong> evapotranspiração pode ser feito tanto na prática, através de medições emcampo, como também pode ser estimado, através de equações.A primeira equação para o cálculo <strong>da</strong> evaporação de uma superfície foi proposta porDalton (1928), segundo a Equação 1:E = C.( es - ea ) (1)em que C é um coeficiente empírico, relativo a elementos meteorológicos; es é a pressão desaturação à temperatura <strong>da</strong> superfície; e ea é a pressão de vapor do ar.Os fatores que mais afetam a evapotranspiração são: umi<strong>da</strong>de do ar, temperatura do ar,veloci<strong>da</strong>de do vento, radiação solar, tipo de solo, vegetação (transpiração).Umi<strong>da</strong>de do arA umi<strong>da</strong>de do ar é o conteúdo de água presente <strong>no</strong> ar atmosférico, ela está mistura<strong>da</strong>com o mesmo de forma homogênea <strong>no</strong> estado gasoso. Como qualquer outra substância o artem um limite de absorção, este limite se de<strong>no</strong>mina saturação. Assim, ar com umi<strong>da</strong>de relativade 100% está saturado de vapor, e ar com umi<strong>da</strong>de relativa de 0% está completamente isentode vapor (Collischonn, 1998). A Equação 2 mostra a forma para o cálculo <strong>da</strong>evapotranspiração.wUR 100. (%) (2)w sOnde, UR é a umi<strong>da</strong>de relativa; w é a massa de vapor pela massa de ar e w s é a massa devapor por massa de ar <strong>no</strong> ponto de saturação.A umi<strong>da</strong>de relativa também pode ser expressa em termos de pressão parcial de vapor.De acordo com a lei de Dalton ca<strong>da</strong> gás que compõe a mistura exerce uma pressão parcial,independente <strong>da</strong> pressão dos outros gases, igual à pressão que se fosse o único gás a ocupar ovolume. No ponto de saturação a pressão parcial do vapor corresponde à pressão de saturaçãodo vapor <strong>no</strong> ar, e a equação anterior pode ser reescrita (Equação 3):5


eUR 100.(%) (3)e sOnde, UR é a umi<strong>da</strong>de relativa; e é a pressão parcial de vapor <strong>no</strong> ar e e s é pressão de saturação<strong>no</strong> ar atmosférico. Se o ar estiver mais seco, haverá mais evaporação, se o ar estiver maisúmido haverá me<strong>no</strong>s evaporação.VentoO vento re<strong>no</strong>va o ar em contato com a superfície que está evaporando (superfície <strong>da</strong> água,superfície do solo, superfície <strong>da</strong> folha <strong>da</strong> planta). Se os ventos estiverem fortes, a turbulênciaé maior e a transferência para regiões mais altas <strong>da</strong> atmosfera é mais rápi<strong>da</strong>, e a umi<strong>da</strong>depróxima à superfície é me<strong>no</strong>r, aumentando a taxa de evaporação (Figura 2). (Collischonn,1998).Figura 2 - <strong>Influência</strong> dos ventos na evapotranspiração (Fonte: Modificado de Kimmins,1987 apud Barros, 2006).Radiação SolarA quanti<strong>da</strong>de de energia solar que atinge a Terra <strong>no</strong> topo <strong>da</strong> atmosfera está na faixa<strong><strong>da</strong>s</strong> on<strong><strong>da</strong>s</strong> curtas. Na atmosfera e na superfície terrestre a radiação solar é refleti<strong>da</strong> e sofretransformações. Da energia recebi<strong>da</strong> na superfície <strong>da</strong> Terra, aproxima<strong>da</strong>mente 20% é refleti<strong>da</strong>pelas nuvens e partículas atmosféricas, enquanto outra parte é absorvi<strong>da</strong> pela superfícieterrestre (solo, vegetação etc.). Da radiação líqui<strong>da</strong> disponível, 40% é utiliza<strong>da</strong> naevapotranspiração e somente 2% desta é usa<strong>da</strong> <strong>no</strong> processo <strong>da</strong> fotossíntese que resulta <strong>no</strong>desenvolvimento e crescimento dos vegetais.6


Parte <strong>da</strong> energia incidente é refleti<strong>da</strong> pelo ar e pelas nuvens e parte é absorvi<strong>da</strong> pelapoeira, pelo ar e pelas nuvens. Parte <strong>da</strong> energia que chega à superfície é refleti<strong>da</strong> de volta parao espaço ain<strong>da</strong> sob a forma de on<strong><strong>da</strong>s</strong> curtas (4% do total de energia incidente <strong>no</strong> topo <strong>da</strong>atmosfera).A energia absorvi<strong>da</strong> pelas massas continentais e pelos ocea<strong>no</strong>s contribui para oaquecimento destas superfícies que emitem radiação de on<strong><strong>da</strong>s</strong> longas. Além disso, oaquecimento <strong><strong>da</strong>s</strong> superfícies contribui para o aquecimento do ar que está em contato, gerandoo fluxo de calor sensível (ar quente), e o fluxo de calor latente (evaporação).Finalmente, a energia absorvi<strong>da</strong> pelo ar, pelas nuvens e a energia dos fluxos de calorlatente e sensível retornam ao espaço na forma de radiação de on<strong>da</strong> longa, fechando o balançode energia.SoloOs solos are<strong>no</strong>sos úmidos têm evaporação maior do que solos argilosos úmidos. Parte <strong>da</strong>água reti<strong>da</strong> <strong>no</strong> solo é perdi<strong>da</strong> por evaporação e/ou evapotranspiração e, em função <strong>da</strong>capaci<strong>da</strong>de de infiltração e retenção de água do solo e <strong>da</strong> intensi<strong>da</strong>de <strong><strong>da</strong>s</strong> chuvas, parte podeexceder e ser perdi<strong>da</strong> por escoamento superficial. Dependendo do volume e <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong>dedeste escoamento, pode ocorrer o arraste de partículas de solo e dos insumos nele aplicados,sedimentando-se em baixa<strong><strong>da</strong>s</strong>, lagos e rios, o que afeta gra<strong>da</strong>tivamente a capaci<strong>da</strong>de produtivado solo, reduzindo entre outros fatores, a sua fertili<strong>da</strong>de, a capaci<strong>da</strong>de de infiltração e aretenção de água.VegetaçãoA vegetação controla a transpiração, podendo agir <strong>no</strong> fechamento dos estômatos e nabusca de umi<strong>da</strong>de de cama<strong><strong>da</strong>s</strong> profun<strong><strong>da</strong>s</strong> do solo, o que altera o evapotranspiração.TemperaturaAo aumento <strong>da</strong> temperatura <strong>da</strong> água está associado o aumento <strong>da</strong> energia vibracional<strong><strong>da</strong>s</strong> suas moléculas e, conseqüentemente, o aumento <strong>da</strong> taxa de escape <strong><strong>da</strong>s</strong> moléculas <strong>da</strong> faselíqui<strong>da</strong> para a fase vapor. Por isso, o aumento <strong>da</strong> temperatura <strong>da</strong> água correlaciona-sediretamente com o aumento <strong>da</strong> taxa de evaporação (Porto, 2000).7


A temperatura do ar está associa<strong>da</strong> à radiação solar e correlaciona-se positivamentecom a evapotranspiração, isto é, quanto maior a temperatura do ar maior a evaporação. Assimocorre porque com o aumento <strong>da</strong> temperatura do ar tem-se o aumento na quanti<strong>da</strong>de de vapord’água que pode estar presente num <strong>da</strong>do volume, quando for atingido o grau de saturaçãodeste.Desta forma, infere-se que, para a estimativa <strong>da</strong> evapotranspiração quanto mais fatoresum método de cálculo considerar, mais precisa será essa estimativa.3.2 Estimativa <strong>da</strong> EvapotranspiraçãoUma forma de medir a evapotranspiração é através de equipamentos específicos, comopor exemplo, os lisímetros (tanques inseridos <strong>no</strong> solo e plantados com vegetação) ou a partirde tanques Classe A.Os <strong>da</strong>dos do tanque classe A podem ser usados para avaliar a evapotranspiraçãopotencial, corrigindo-os com o coeficiente do tanque Kt (Equação 4):ET P = E x K t (4)onde os valores de K t são estimados para as diferentes regiões onde os tanques estãolocalizados, para o semi-árido, esse valor é de 0,75.Outra forma para estimar a evapotranspiração seria com base <strong>no</strong>s <strong>da</strong>dosmeteorológicos disponíveis. Na literatura especializa<strong>da</strong> encontra-se a descrição de algunsmétodos para estimar a evapotranspiração, baseados apenas na temperatura como os deThornthwaite e Blaney-Criddle, outros que já incorporam a umi<strong>da</strong>de do ar, como o método deHargreaves, e existem outros que consideram mais variáveis em seu cálculo como o dePenman-Monteith, recomen<strong>da</strong>do pela FAO (Organização <strong><strong>da</strong>s</strong> Nações Uni<strong><strong>da</strong>s</strong> para aAgricultura e Alimentação). O problema <strong>no</strong> uso de métodos que consideram mais variáveisem seu cálculo reside muitas vezes na dificul<strong>da</strong>de <strong>da</strong> obtenção dos <strong>da</strong>dos.8


3.3 <strong>Mu<strong>da</strong>nças</strong> <strong>Climáticas</strong>Muito se tem escrito e falado sobre a mu<strong>da</strong>nça climática <strong>no</strong> planeta como resultado <strong><strong>da</strong>s</strong>emissões de dióxido de carbo<strong>no</strong> e de outros gases. Embora não haja uma certeza de como abiosfera irá responder à acumulação desses gases, grande parte <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de científicaacredita que deva acontecer uma elevação média dos níveis dos ocea<strong>no</strong>s (CAMPOS, 2001).A despeito de to<strong><strong>da</strong>s</strong> as incertezas envolvi<strong><strong>da</strong>s</strong>, algumas tendências <strong>no</strong> ciclo hidrológicoparecem prováveis de ocorrer, como um aumento <strong>da</strong> temperatura do ar levará ao aumento <strong>da</strong>evapotranspiração e assim, como resultado, uma intensificação do ciclo hidrológico. SegundoHoff (2001), um aumento de 20°C na temperatura global, acarretará um aumento de até 40%na evapotranspiração potencial.O Nordeste Brasileiro pode ser pensado como uma região inseri<strong>da</strong> entre as maisvulneráveis do mundo às adversi<strong>da</strong>des climáticas. As freqüentes secas e as crises <strong>no</strong>s estoquesde águas dos reservatórios provam essa assertiva. Torna-se então, altamente relevante osestudos dos impactos dessas prospectivas mu<strong>da</strong>nças climáticas.Porém, os impactos <strong><strong>da</strong>s</strong> mu<strong>da</strong>nças climáticas devem ser previstos e ser baseados nasimulação de cenários. Cenários de mu<strong>da</strong>nças climáticas são descrições do clima factíveis deexistir <strong>no</strong> futuro próximo. A presente inabili<strong>da</strong>de de se prever com garantia o clima cinqüentaou cem a<strong>no</strong>s <strong>no</strong> futuro significa que vários cenários alternativos podem ser imaginados comoigualmente factíveis, embora eles sejam totalmente diferentes entre si (MEDEIROS, 2003).Segundo Fernandes et al. (2008), <strong>no</strong> contexto <strong><strong>da</strong>s</strong> mu<strong>da</strong>nças climáticas, algumasdiferenças são observa<strong><strong>da</strong>s</strong> <strong>no</strong>s cenários climáticos produzidos pelos diferentes Modelos deCirculação Global (MCGs) utilizados pelo Painel Intergovernamental sobre <strong>Mu<strong>da</strong>nças</strong><strong>Climáticas</strong> (IPCC), o que, conseqüentemente, pode gerar impactos hidrológicos distintos.Neste contexto, é importante a realização de mais estudos que estimem impactos sobrevariáveis hidrológicas, como a evapotranspiração de bacias hidrográficas, a partir dos cenáriosde mu<strong>da</strong>nças climáticas.9


4. ÁREA DE ESTUDO E BASE DE DADOS4.1 – Área de estudoO semi-árido brasileiro tem 1.142.000 km² de extensão e reúne cerca de 1.500municípios de diversos Estados.O estudo foi realizado na região do Alto Piranhas, localiza<strong>da</strong> <strong>no</strong> oeste do estado <strong>da</strong>Paraíba. A área possui perímetros irrigados e reservatórios de água, utilizados paraabastecimento de água, irrigação e geração de energia. O reservatório Coremas-Mãe-d’água éum desses, sendo o de maior volume <strong>no</strong> estado <strong>da</strong> Paraíba, com 1,358 bilhões de m 3 de água.Outro reservatório importante é o de São Gonçalo que tem capaci<strong>da</strong>de de absorver 44 milhõesde m³ de água. A região do Alto Piranhas recebe águas também do açude Engenheiro Ávidosque tem capaci<strong>da</strong>de de 255 milhões de m 3 de água. Os rios Piranhas e Umari são os dre<strong>no</strong>sprincipais dos açudes citados. Mais de 100.000 metros de canais distribuem a água parairrigação em 3.200 ha. Os açudes estão localizados na região do semi-árido do Estado <strong>da</strong>Paraíba.Segundo Paraíba (1997), a bacia do açude de São Gonçalo apresenta alto índice dedegra<strong>da</strong>ção por interferência humana (agricultura e pastagens), com um nível de intervençãoantrópica de aproxima<strong>da</strong>mente 80% <strong>da</strong> área total. Essa reali<strong>da</strong>de acrescenta<strong>da</strong> <strong><strong>da</strong>s</strong> mu<strong>da</strong>nças<strong>no</strong> clima pode diminuir a vazão afluente aos açudes e, consequentemente, comprometer adisponibili<strong>da</strong>de de água nesses reservatórios restringindo os usos <strong>da</strong> água. Neste contexto, aevapotranspiração tem um papel preponderante e é fun<strong>da</strong>mental analisá-la <strong>no</strong> contexto <strong><strong>da</strong>s</strong>mu<strong>da</strong>nças climáticas.4.2 Base de DadosOs <strong>da</strong>dos observados de temperatura e umi<strong>da</strong>de relativa do ar foram coletados <strong>no</strong>Departamento de Ciências Atmosféricas <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal de Campina Grande –DCA/UFCG (www.dca.ufcg.edu.br/clima/urpb.htm)Os <strong>da</strong>dos de temperatura, veloci<strong>da</strong>de de vento, umi<strong>da</strong>de relativa do ar e evaporaçãosão do Posto meteorológico de São Gonçalo, considerado representativo <strong>da</strong> região. Já os<strong>da</strong>dos de insolação global foram obtidos do posto de Cajazeiras com valor médio de 482,5cal/cm 2 /dia. Um resumo com os <strong>da</strong>dos de clima <strong>da</strong> região encontra-se na Tabela 1. O clima <strong>da</strong>10


egião é do tipo Bsh <strong>da</strong> classificação de Köppen, semi-árido quente. A precipitação médiaanual registra<strong>da</strong> na região gira em tor<strong>no</strong> de 870 mm (Braga, 2001), com distribuição <strong>no</strong> tempoe espaço irregular, estando concentra<strong>da</strong> em quatro meses do a<strong>no</strong> (fevereiro a maio).Tabela 1 - Dados climatológicos dos postos de São Gonçalo e CajazeirasDados Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezTemperatura (ºC) 27,5 26,5 26,2 26,0 25,8 25,3 25,3 26,3 27,2 27,8 27,8 27,9Um. Relativa* (%) 60,3 57,7 72,1 71,4 68,4 64,6 60,3 55,8 54,0 53,3 54,8 56,0Vel. vento (m/s) 1,33 1,04 1,05 1,07 1,29 1,73 1,75 2,14 2,04 2,11 1,73 1,44Irradiação Global(cal/cm -2 /dia)488 499 482 464 424 399 410 501 527 553 537 506* Média <strong>da</strong> umi<strong>da</strong>de relativa <strong>no</strong>s três horáriosFonte: www.dca.ufpb.brO relevo varia de pla<strong>no</strong> a suave ondulado. Predominam, na área do perímetro irrigado,as coberturas sedimentares, representa<strong><strong>da</strong>s</strong> pelos aluviões.Os solos aluvionais, dominantes na área do perímetro irrigado, são profundos, detextura média a argilosa. Aparecem, ain<strong>da</strong>, com certa representativi<strong>da</strong>de, os vertissolos, comtextura argilosa, medianamente profundos e os podzólicos, com textura que vai de are<strong>no</strong>sa aargilosa, e fertili<strong>da</strong>de natural variando de boa a média (DNOCS, 2011).A taxa de evaporação potencial na região assume valor de 1554,4 mm por a<strong>no</strong>,tomando como base o posto de São Gonçalo e considerando para o cálculo <strong>da</strong> evaporaçãopotencial, um coeficiente do tanque Classe A igual a 0,75 para a região semi-ári<strong>da</strong>. Os <strong>da</strong>dosdo tanque, encontram-se na Tabela 2.Os <strong>da</strong>dos de evaporação obtidos foram coletados diretamente do posto localizado nabacia hidrográfica do açude de São Gonçalo, e são referentes à série histórica de 1961 a 1978(Tabela 3).11


Tabela 2 - Série histórica de evaporação <strong>no</strong> período de 1961 a 1978 do posto de SãoGonçaloA<strong>no</strong> Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez1961 127,5 74,1 94,5 87,9 103,5 153,7 188,5 230,2 230,9 269,9 245,8 204,51962 172,8 69,2 49,3 59,2 126,6 138,3 207,2 258,2 239,1 251,3 181,6 192,11963 131,7 70,3 71,3 63,1 162,0 165,0 182,5 183,4 188,8 210,6 176,9 146,01964 120,2 123,1 110,2 76,0 146,0 157,4 161,0 215,4 209,6 257,5 248,7 249,41965 211,8 205,5 186,5 127,8 176,7 143,6 199,0 234,5 222,4 186,4 214,4 202,81966 208,6 130,5 181,1 193,9 202,8 129,9 187,4 235,5 232,7 230,7 217,5 222,91967 197,4 68,4 66,0 60,1 72,9 133,5 148,1 193,9 240,4 246,7 211,7 212,51968 158,2 150,0 66,8 110,2 86,3 103,4 155,9 163,4 192,4 230,2 224,8 227,61969 185,1 101,4 71,5 73,9 104,8 120,1 155,8 162,3 169,5 150,6 151,4 153,31970 156,3 149,2 61,6 88,1 137,4 153,2 150,6 205,9 190,0 187,0 162,3 186,01971 143,4 86,2 54,8 37,0 80,9 76,7 111,4 168,2 180,3 159,7 177,3 193,61972 163,2 69,7 64,5 70,5 78,0 109,2 146,1 174,8 228,6 244,6 254,5 216,81973 151,2 133,9 82,8 66,6 90,5 110,6 166,0 212,9 245,4 223,8 247,4 213,61974 143,7 66,0 73,4 56,1 73,5 107,4 172,9 215,0 220,8 203,6 194,1 203,81975 205,8 78,0 77,6 85,3 85,6 120,3 120,5 263,1 252,0 223,6 232,9 206,71976 203,7 89,8 77,8 89,4 124,1 167,8 229,7 235,2 244,2 181,0 193,3 244,41977 122,0 72,5 69,6 62,8 81,2 91,3 124,4 204,0 277,7 385,4 363,4 268,01978 173,5 119,2 144,2 107,2 144,2 162,5 196,9 267,7 303,9 347,9 359,5 280,9Como base para os cálculos, foi escolhido o período de 1963 a 1967, em que foiobservado um comportamento variado entre os <strong>da</strong>dos coletados, mesma base de <strong>da</strong>dosutiliza<strong>da</strong> por Braga (2001).Tabela 3 - Evapotranspiração média <strong>no</strong> período de 1963-1967Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezMédia(63a67) 173,9 119,6 123,0 104,2 152,1 145,9 175,6 212,5 218,8 226,4 213,8 206,7ETP (63a67) 130,45 89,67 92,26 78,13 114,0 109,41 131,7 159,40 164,08 169,78 160,38 155,0412


5. METODOLOGIA5.1 Modelos de circulação geral <strong>da</strong> atmosferaModelos de Circulação Geral <strong>da</strong> Atmosfera são ferramentas que simulam os processosfísicos <strong>da</strong> atmosfera, ocea<strong>no</strong> e superfície <strong>da</strong> terra (DDC/IPCC - http://www.ipcc-<strong>da</strong>ta.org/) emescala global e desta forma, simular as condições de tempo e clima. Estas simulaçõespermitem que se possa prever o comportamento <strong>da</strong> atmosfera e estimar as variáveisatmosféricas como temperatura, chuva e umi<strong>da</strong>de relativa do ar. Esta previsão permite que seantecipem os impactos, fazendo-se alertas.Os MCGs também são utilizados para realizar projeções e obter respostas do sistemaclimático global frente ao incremento <strong>da</strong> concentração de gases de efeito estufa. Neste caso,tem-se uma projeção de longo prazo, para a previsão do clima futuro.Para facilitar o acesso aos cenários climáticos, incentivar estudos relacionados àsmu<strong>da</strong>nças <strong>no</strong> clima e distribuir os resultados <strong><strong>da</strong>s</strong> projeções climáticas dos MCGs que serviramde base para a elaboração dos relatórios de avaliação de mu<strong>da</strong>nças climáticas do PainelIntergovernamental sobre <strong>Mu<strong>da</strong>nças</strong> <strong>Climáticas</strong> (IPCC), foi fun<strong>da</strong>do pelo IPCC em 1998 oData Distribution Centre – DDC (http://www.ipcc-<strong>da</strong>ta.org/). O DDC/IPCC disponibiliza,além de outros, o Quarto Relatório de <strong>Mu<strong>da</strong>nças</strong> <strong>Climáticas</strong> (AR4) e cenários climáticos para<strong>no</strong>ve variáveis, resultado <strong><strong>da</strong>s</strong> projeções de 23 modelos dos principais centros de modelagemdo clima <strong>no</strong> mundo (IPCC-TGICA, 2007).A Tabela 4 lista os modelos disponibilizados pelo IPCC e que foram utilizados paraelaboração do Quarto Relatório de <strong>Mu<strong>da</strong>nças</strong> <strong>Climáticas</strong>, a documentação de ca<strong>da</strong> modelopode ser encontra<strong>da</strong> em: http://www-cmdi.llnl.gov/ipcc/model_documentation/ipcc_model_documentation.php.Em geral, esses MCGs concor<strong>da</strong>m com a tendência de aumento <strong>da</strong> temperatura <strong>no</strong>Nordeste do Brasil (embora com valores diferentes), já que a temperatura é uma <strong><strong>da</strong>s</strong> variáveisbem simula<strong><strong>da</strong>s</strong> por esses modelos. No entanto, <strong>no</strong> que concerne à precipitação não existe umatendência única, o que é decorrente <strong>da</strong> formulação de ca<strong>da</strong> modelo (Ramos et al., 2006). Porisso, Silveira et al. (2011) apresentaram uma forma de classificação desses modelos <strong>no</strong> quetange à precipitação com a premissa de que os modelos que representassem melhor o climaatual também representariam o clima futuro. E, <strong>no</strong> presente trabalho, foram selecionados três13


modelos, a partir <strong>da</strong> classificação feita por Silveira et al. (2011): BCM2, MIMR e GIAOM(destacados na Tabela 4). Esses modelos ocupam a primeira colocação (o que melhorrepresentou), a <strong>no</strong>na e a vigésima terceira colocação (o penúltimo colocado). Não foramselecionados apenas os primeiros colocados, pois era desejado avaliar o efeito naevapotranspiração <strong>da</strong> seleção de um modelo que não representa bem o clima <strong>da</strong> região, ouseja, o efeito de se tomar o modelo não recomen<strong>da</strong>do para a projeção futura.Tabela 4 - MCGs disponibilizados pelo IPCC, com indicação em vermelhos os modelosutilizados <strong>no</strong> trabalho.MODELOGRUPO DE MODELAGEMBCCM1BCC-CM1, Beijing Climate Centre, ChinaBCM2BCCR-BCM2.0, Bjerknes Centre for Climate Research, NoruegaCGMRCGCM3.1(T47), Canadian Centre for Climate Modelling & Analysis, Cana<strong>da</strong>CGHRCGCM3.1(T63), Canadian Centre for Climate Modelling & Analysis, Cana<strong>da</strong>CNCM3CNRM-CM3, Météo-France, FranceCSMK3CSIRO-Mk3.0, CSIRO Atmospheric Research, AustraliaECHOGFGOALSGFCM20GFCM21GIAOMGIEHGIERHadCM3HADGEMINCM3IPCM4MIHRMIMRMPEH5MRCGCMNCCCSMNCPCMECHO-G, Meteorological Institute of the University of Bonn, Meteorological Research Instituteof KMA, and Model and Data group, Germany/KoreaFGOALS-g1.0, LASG / Institute of Atmospheric Physics, ChinaGFDL-CM2.0, US Dept. of Commerce / NOAAA / Geophysical Fluid DynamicsLaboratory, USAGFDL-CM2.1, US Dept. of Commerce / NOAAA / Geophysical Fluid DynamicsLaboratory, Estados UnidosGISS-AOM, NASA / God<strong>da</strong>rd Institute for Space Shuttles, Estados UnidosGISS-EH, NASA / God<strong>da</strong>rd Institute for Space Shuttles, Estados UnidosGISS-ER, NASA / God<strong>da</strong>rd Institute for Space Shuttles, Estados UnidosUKMO-HadCM3, Hadley Centre for Climate Prediction and Research / Met Office, Rei<strong>no</strong> UnidoUKMO-HadGEM1, Hadley Centre for Climate Prediction and Research / Met Office, Rei<strong>no</strong>UnidoINM-CM3.0, Institute for Numerical Mathematics, RússiaIPSL-CM4, Institut Pierre Simon Laplace, FrançaMIROC3.2(hires), Center for Climate System Research(The University of Tokyo),National Institute for Environmental Studies, and Frontier Research Center for GlobalChange (JAMSTEC), JapãoMIROC3.2(medres), Center for Climate System Research(The University of Tokyo),National Institute for Environmental Studies, and Frontier Research Center for GlobalChange (JAMSTEC), JapãoECHAM5/MPI-OM, Max Planck Institute for Meteorology, AlemanhaMRI-CGCM2.3.2, Meteorological Research Institute, JapãoCCSM3, National Center for Atmospheric Research, Estados UnidosPCM, National Center for Atmospheric Research, Estados Unidos14


Os modelos disponibilizados pelo IPCC são ro<strong>da</strong>dos com diferentes cenários, que sãodefinidos de acordo com a emissão de gases de efeito estu<strong>da</strong> na atmosfera (Figura 3). Essescenários estão descritos <strong>no</strong> Special Report on Emissions Scenarios – SRES(http://www.gri<strong>da</strong>.<strong>no</strong>/climate/ipcc/emission/) e podem ser diferenciados de acordo com omaior ou me<strong>no</strong>r impacto com base <strong>no</strong> desenvolvimento <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de (eco<strong>no</strong>mia) e o empregode tec<strong>no</strong>logias limpas. Aqui foi utilizado um cenário intermediário, o A1B. É em cenário quedescreve um mundo convergente com a mesma população global onde ocorre a introdução detec<strong>no</strong>logias limpas. A ênfase está em soluções globais para a sustentabili<strong>da</strong>de econômica,social e ambiental.Figura 3 – Cenários do SRES (A<strong>da</strong>ptado de: IPCC-TGICA, 2007)5.2 Extração dos <strong>da</strong>dosOs MCGs são ro<strong>da</strong>dos em uma resolução bastante grosseira, que varia entre 200 e 300km, visto que são feitas simulações para todo o globo terrestre. Para trazer a informação paraa escala <strong>da</strong> bacia hidrográfica. Esse processo é conhecido como desagregação dos <strong>da</strong>dos oudownscaling. O termo downscaling pode ser definido melhor como “uma projeção sensível <strong>da</strong>informação de grande escala sobre a escala regional” (Zorita e Von Storch, 1999).Diversos métodos de downscalings têm sido propostos <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s e podem serdivididos em duas categorias gerais: método dinâmico, baseado em modelos, e método15


estatístico, baseado em diferentes funções estatísticas de transferência. Neste trabalho, para odownscaling foi utilizado um arcabouço computacional montado em licença GPL2(http://mu<strong>da</strong>ncasclimaticas.seghidro.lsd.ufcg.edu.br) pela Universi<strong>da</strong>de Federal de CampinaGrande (UFCG), através do Projeto SegHidro II (CT-Info/FINEP- Financiadora de Estudos eProjetos), para facilitar e gerar cenários de impactos regionais a partir dos cenários demu<strong>da</strong>nças climáticas do IPCC. Nesta aplicação, é feito um downscaling estatístico através deum script de interpolação bilinear que permite a extração de múltiplas séries sintéticas devariáveis climáticas seleciona<strong><strong>da</strong>s</strong> (por exemplo, temperatura e precipitação) para regiões deinteresse (são informa<strong><strong>da</strong>s</strong> as coordena<strong><strong>da</strong>s</strong> geográficas). O que facilita a aplicação deste tipo dedesagregação de <strong>da</strong>dos.Os <strong>da</strong>dos são obtidos em forma de a<strong>no</strong>malias. O termo a<strong>no</strong>malia é usado paradescrever as diferenças entre dois períodos. Geralmente as a<strong>no</strong>malias são apresenta<strong><strong>da</strong>s</strong> paraum período futuro relativo ao cenário de referência ou baseline (ex.: 1961-1990). Assim, é adiferença entre o clima futuro e o atual. Isso permite com que a incerteza decorrente dosMCGAs na simulação sejam extraí<strong><strong>da</strong>s</strong> e fiquem nas a<strong>no</strong>malias apenas os impactos natemperatura decorrentes do aumento dos gases de efeito estufa.Essas a<strong>no</strong>malias são forneci<strong><strong>da</strong>s</strong> para ca<strong>da</strong> clima futuro em valores médios. Assim,tem-se um grupo de a<strong>no</strong>malias mensais para ca<strong>da</strong> período futuro selecionado: 2010-2039,2040-2069 e 2070-2099, totalizando 9 grupos de a<strong>no</strong>malias para ca<strong>da</strong> variável a ser extraí<strong>da</strong>(3 períodos de tempo futuros para ca<strong>da</strong> modelo). As variáveis extraí<strong><strong>da</strong>s</strong> foram temperatura eumi<strong>da</strong>de relativa do ar, seleciona<strong><strong>da</strong>s</strong> de acordo com os métodos de cálculo <strong>da</strong>evapotranspiração selecionados (como será mostrado a seguir).Essa etapa permite a avaliação <strong><strong>da</strong>s</strong> a<strong>no</strong>malias de temperatura e umi<strong>da</strong>de relativa do arprojeta<strong><strong>da</strong>s</strong> pelos MCGs selecionados para o clima futuro.5.3 <strong>Cálculo</strong> <strong>da</strong> evapotranspiraçãoPara o cálculo <strong>da</strong> evapotranspiração foram utilizados métodos simples, que utilizavamapenas a temperatura e a umi<strong>da</strong>de relativa do ar. Métodos que utilizam mais variáveis, como ode Penman-Monteith, embora estimem mais precisamente a evapotranspiração, requerem umamaior quanti<strong>da</strong>de de <strong>da</strong>dos, o que dificulta seu uso.16


Dentre os métodos mais conhecidos, destacam-se os de Thornthwaite, Blaney-Criddlee Hargreaves, dos quais se faz uma breve exposição (PORTO, 2000). Como aqui será feitauma comparação dos métodos de cálculo com os <strong>da</strong>dos observados, pode-se avaliar asincertezas envolvi<strong><strong>da</strong>s</strong> na estimativa <strong><strong>da</strong>s</strong> variáveis por ca<strong>da</strong> método.Método de ThornthwaiteA equação de Warren Thornthwaite é uma <strong><strong>da</strong>s</strong> mais antigas expressões de estimativa<strong>da</strong> evapotranspiração potencial. Constitui-se em um modelo simples baseado em <strong>da</strong>dos detemperatura média do ar e do fotoperíodo (comprimento do dia) de áreas secas dos EstadosUnidos.Para a evapotranspiração potencial de ca<strong>da</strong> mês o modelo escreve-se com a seguinte<strong>no</strong>tação matemática (Equação 5):a T ETP Fc16 10 (5) I Onde ETP é a evapotranspiração potencial (mm/mês); F c é o fator de correção em função <strong>da</strong>latitude e mês do a<strong>no</strong> (Tabela 5); a = 6,75 . 10 -7 . I 3 – 7,71 . 10 -5 . I 2 + 0,01791 . I + 0,492(mm/mês); I é o índice anual de calor, correspondente à soma de doze índices mensais; T é atemperatura média mensal ( o C).O índice anual de calor é calculado pela Equação (6):T i1,51412 I (6)i1 5 17


Tabela 5 - Fator de correção Fc do método de Thornthwaite (UNESCO,1982)Método de Blaney-CriddleFoi desenvolvido originalmente para estimativas de uso consultivo em regiões semiári<strong><strong>da</strong>s</strong>,e utiliza a Equação 7:ETP = (0,457 . T + 8,13) . p (7)Onde, p é a percentagem de horas diurnas do mês sobre o total de horas diurnas do a<strong>no</strong>(Tabela 6)18


Tabela 6 - Valores <strong>da</strong> porcentagem mensal <strong><strong>da</strong>s</strong> horas de luz solar (p), para as latitudesNorte e Sul, segundo Blaney-CriddleMétodo de HargreavesO Método de Hargreaves tem sido comumente utilizado <strong>no</strong> Nordeste Brasileiro para ocálculo <strong>da</strong> evapotranspiração potencial. De fácil utilização, o método fornece a ETP emfunção <strong>da</strong> temperatura média compensa<strong>da</strong>, <strong>da</strong> umi<strong>da</strong>de relativa do ar e de um coeficiente decorreção que depende <strong>da</strong> latitude do local considerado, conforme Equação 8:(8)Onde, F é um fator dependente <strong>da</strong> latitude (adimensional) (Tabela 7); Tcomp é a temperaturamédia compensa<strong>da</strong> em °C; U é a umi<strong>da</strong>de relativa do ar (%) (Equação 9):U = (U12:00 + U18:00 + 2xU24:00)/4 (9)Onde U12:00, U18:00 e U24:00 representam os valores de umi<strong>da</strong>de relativa do ar em ca<strong>da</strong>período de tempo.19


Tabela 7 - Fator de evapotranspiração potencial (F), para ETP em mm/mês. (Fonte:HARGREAVES, 1974)5.4 <strong>Cálculo</strong> <strong>da</strong> evapotranspiração futuraA evapotranspiração futura foi estima<strong>da</strong> a partir <strong><strong>da</strong>s</strong> a<strong>no</strong>malias <strong>da</strong> temperatura eumi<strong>da</strong>de relativa do ar extraí<strong><strong>da</strong>s</strong> dos MCGs. De posse dos grupos de <strong>da</strong>dos já extraídos,estimou-se a temperatura futura para os meses de Janeiro a Dezembro (Equação 10):(10)Onde T fut é a temperatura futura e T obs é a temperatura observa<strong>da</strong>.O mesmo foi realizado para a umi<strong>da</strong>de relativa do ar (Equação 11):(11)Onde UR fut é a temperatura futura e UR obs é a temperatura observa<strong>da</strong>.Os <strong>no</strong>vos valores de temperatura e umi<strong>da</strong>de relativa foram usados como <strong>da</strong>dos deentra<strong>da</strong> <strong>no</strong>s métodos de evapotranspiração listados <strong>no</strong> item anterior.20


6. ANÁLISE DE RESULTADOS6.1 <strong>Cálculo</strong> <strong>da</strong> Evapotranspiração com base <strong>no</strong>s <strong>da</strong>dos observados.Para o cálculo <strong>da</strong> evapotranspiração atual foram coletados <strong>da</strong>dos de temperatura eumi<strong>da</strong>de relativa do ar <strong>no</strong> site do Departamento de Ciências Atmosféricas <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>deFederal de Campina Grande (Tabela 8)Tabela 8 – Dados de temperatura e umi<strong>da</strong>de relativa do ar para o clima atual do postode São Gonçalo.Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezT(°C) 27,5 26,5 26,2 26,0 25,8 25,3 25,3 26,3 27,2 27,8 27,8 27,9U12:00 64,1 70,9 74 72,3 68,7 65,6 62,7 59,5 58,1 57,5 59,1 60,2U18:00 48,1 53,9 58,5 58,2 55,5 53,4 48,8 44 42,3 41,3 43 43,8U24:00 68,7 48,4 83,7 83,5 81,1 74,8 69,5 63,9 61,7 61,1 62,2 64Os <strong>da</strong>dos observados foram utilizados para estimar a evapotranspiração potencialpelos métodos de Thornthwaite, Blaney-Criddle e Hargreaves e os resultados sãoapresentados na Tabela 9.Tabela 9 – Evapotranspiração calcula<strong>da</strong> com base <strong>no</strong>s <strong>da</strong>dos observados.Método* Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez1 413,0 310,7 318,3 292,3 286,5 249,7 258,1 318,1 370,0 435,8 429,2 452,82 178,8 172,4 171,2 164,4 161,2 159,3 159,3 165,5 168,9 177,4 177,4 180,43 195,3 186,5 147,9 132,5 129,7 125,5 142,2 169,5 188,4 210,8 204,2 208,0* 1 – Thornthwaite; 2 – Blaney-Criddle e 3 - HargreavesUma medi<strong>da</strong> estatística bastante comum para comparação de grupos de <strong>da</strong>doscalculados e observados é a correlação entre esses grupos, o valor máximo <strong>da</strong> correlação é 1.A Tabela 10 mostra as correlações calcula<strong><strong>da</strong>s</strong> para ca<strong>da</strong> um dos métodos. Percebe-se que ométodo de Blaney-Criddle foi o que apresentou a me<strong>no</strong>r correlação com os <strong>da</strong>dos observados,seguido por Thornthwaite e Hargreaves. No entanto, a correlação entre esses dois últimosmétodos é praticamente a mesma.21


Evapotranspiração (mm)Tabela 10 – Correlação entre <strong>da</strong>dos calculados e observados.Métodos CorrelaçãoThornthwaite 0,65Blaney-Criddle 0,40Hargreaves 0,67A Figura 4 ilustra o comportamento <strong>da</strong> evapotranspiração calcula<strong>da</strong> ao longo do a<strong>no</strong>para os três métodos. O método de Hargreaves é o que melhor representa a evapotranspiraçãoem termos de grandeza de valores e na distribuição dos valores ao longo do a<strong>no</strong>. O método deThornthwaite, embora tenha apresentado uma correlação muito próxima a de Hargreaves,superestima de forma demasia<strong>da</strong> os <strong>da</strong>dos. Já o método de Blaney-Criddle, embora acerte agrandeza dos valores, coloca uma variação muito pequena <strong>da</strong> evapotranspiração ao longo doa<strong>no</strong>, o que não é condizente com os valores observados.5004504003503002502001501005001 3 5 7 9 11Tempo (meses)Hargreaves Thornthwaite Blaney-Criddle Evapotranspiração Observa<strong>da</strong>Figura 4 – Comparação entre as evapotranspirações calcula<strong><strong>da</strong>s</strong> pelos diferentesmétodos.Os métodos aqui utilizados levam em consideração apenas a temperatura ou <strong>no</strong>máximo a temperatura e a umi<strong>da</strong>de relativa do ar. Percebe-se que a utilização <strong>da</strong> umi<strong>da</strong>derelativa em Hargreaves já melhora consideravelmente a evapotranspiração calcula<strong>da</strong> emcomparação aos dois outros métodos apenas baseados na temperatura.22


A<strong>no</strong>malias (°C)6.2 Análise <strong>da</strong> temperatura e umi<strong>da</strong>de do ar futuraA extração dos <strong>da</strong>dos foi feita com a utilização <strong>da</strong> plataforma SegHidro, com ocenário SRA1B, para três climas futuros: 2010 a 2039, 2040 a 2069 e 2070 a 2099, para osmodelos: BCM2, GIAOM e MIMR.As temperaturas foram analisa<strong><strong>da</strong>s</strong> em termos de suas a<strong>no</strong>malias (Tabela 11). AFigura 5 mostra as a<strong>no</strong>malias de temperatura para o período de 2010 a 2039. Todos osmodelos apresentam a<strong>no</strong>malias positivas de temperatura, ou seja, indicam que irá haveraumento de temperatura <strong>no</strong> período 2010-2039.2,502,001,501,000,500,00A<strong>no</strong>malias de TemperaturaModelo BCM2Modelo GIAOMModelo MIMRMesesFigura 5 – A<strong>no</strong>malias de temperaturas para o período 2010-2039.A Figura 6 mostra as a<strong>no</strong>malias de umi<strong>da</strong>de do ar para o período de 2010 a 2039.Os modelos BCM2 e GIOM apresentam a<strong>no</strong>malias positivas de umi<strong>da</strong>de do ar, o querepresenta um aumento na umi<strong>da</strong>de do ar <strong>no</strong> período futuro. Já o modelo MIMR, apresentaalgumas a<strong>no</strong>malias negativas em alguns meses, o que representa uma que<strong>da</strong> na umi<strong>da</strong>de doar <strong>no</strong> período futuro.23


A<strong>no</strong>malias0,200,150,100,050,00-0,05-0,10-0,15A<strong>no</strong>malias <strong>da</strong> Umi<strong>da</strong>de Relativa do ArMesesModelo BCM2Modelo GIAOMModelo MIMRFigura 6 – A<strong>no</strong>malias de umi<strong>da</strong>de relativa do ar para o período 2010-2039.As a<strong>no</strong>malias do modelo MIMR foram superiores aos demais, embora ele tenha umaclassificação mediana quanto à sua representação <strong>da</strong> precipitação <strong>no</strong> clima atual (Silveira etal., 2011), superior ao do modelo GIAOM, por exemplo. Isso revela que o fato de o modelorepresentar melhor a chuva <strong>no</strong> clima atual não é indício de uma a<strong>no</strong>malia me<strong>no</strong>r detemperatura <strong>no</strong> clima futuro.Tabela 11 - A<strong>no</strong>malias de Temperatura e Umi<strong>da</strong>de do Ar futurasANOMALIAS FUTURAS DE TEMPERATURATemperaturas (ºC) JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ2010 BCM2 0,94 0,62 0,65 0,40 0,63 1,08 0,89 1,20 1,30 1,20 1,32 0,82a GIAOM 0,64 0,64 0,67 0,70 0,73 0,69 0,72 0,66 0,82 0,79 0,70 0,642039 MIMR 1,98 1,50 1,36 1,52 1,69 1,89 1,98 2,01 2,24 2,28 1,99 2,222040a20692070a2099BCM2 2,11 1,61 1,45 1,10 1,20 1,75 1,89 2,18 2,47 2,42 2,35 1,87GIAOM 1,27 1,25 1,34 1,42 1,43 1,39 1,46 1,51 1,65 1,50 1,45 1,37MIMR 3,25 2,62 2,43 2,61 2,99 3,00 3,06 3,07 3,35 3,57 3,33 3,39BCM2 2,78 2,32 2,20 2,26 2,52 2,92 2,81 3,12 3,31 3,17 3,42 2,98GIAOM 2,04 1,98 2,01 2,06 2,14 2,10 2,08 2,15 2,36 2,24 2,12 2,07MIMR 4,40 3,70 3,38 3,49 3,85 3,95 4,09 4,01 4,12 4,40 4,27 4,40ANOMALIAS FUTURAS DE UMIDADE RELATIVA DO ARUmi<strong>da</strong>de do Ar JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ2010 BCM2 0,14 0,06 0,06 0,05 0,06 0,07 0,03 0,04 0,04 0,04 0,03 0,09a GIAOM 0,06 0,06 0,06 0,07 0,06 0,06 0,06 0,05 0,06 0,01 0,07 0,062039 MIMR 0,002 0,05 0,04 -0,02 -0,07 -0,10 -0,07 -0,07 -0,01 0,04 0,03 -0,092040a20692070a2099BCM2 0,17 0,17 0,15 0,11 0,12 0,07 0,06 0,07 0,09 0,10 0,13 0,22GIAOM 0,13 0,13 0,13 0,14 0,14 0,13 0,12 0,11 0,13 0,13 0,12 0,13MIMR 0,08 0,17 0,14 0,04 -0,05 -0,06 -0,04 -0,02 0,06 0,11 0,10 0,03BCM2 0,33 0,25 0,22 0,23 0,23 0,16 0,12 0,12 0,12 0,15 0,19 0,31GIAOM 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 0,18 0,17 0,20 0,19 0,20 0,20MIMR 0,16 0,26 0,26 0,15 0,04 -0,01 0,04 0,06 0,13 0,19 0,21 0,1024


A Tabela 12 mostra as temperaturas futuras para ca<strong>da</strong> um dos modelos e seus valoresmédios. Pode-se observar um aumento considerável na média <strong><strong>da</strong>s</strong> temperaturas futuras, emca<strong>da</strong> modelo, em relação à temperatura atual.Tabela 12 – Temperaturas para os três climas futuros.DADOS ATUAISMÉDIAT(°C) 27,5 26,5 26,2 26,0 25,8 25,3 25,3 26,3 27,2 27,8 27,8 27,9 26,4Temperaturas(ºC)2010a20392040a20692070a2099JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ MÉDIABCM2 28,4 27,1 26,9 26,4 26,4 26,4 26,2 27,5 28,5 29,0 29,1 28,7 27,3GIAOM 28,1 27,1 26,9 26,7 26,5 26,0 26,0 27,0 28,0 28,6 28,5 28,5 27,1MIMR 29,5 28,0 27,6 27,5 27,5 27,2 27,3 28,3 29,4 30,1 29,8 30,1 28,2BCM2 29,6 28,1 27,7 27,1 27,0 27,1 27,2 28,5 29,7 30,2 30,2 29,8 28,3GIAOM 28,8 27,8 27,5 27,4 27,2 26,7 26,8 27,8 28,9 29,3 29,3 29,3 27,8MIMR 30,8 29,1 28,6 28,6 28,8 28,3 28,4 29,4 30,6 31,4 31,1 31,3 29,2BCM2 30,3 28,8 28,4 28,3 28,3 28,2 28,1 29,4 30,5 31,0 31,2 30,9 29,1GIAOM 29,5 28,5 28,2 28,1 27,9 27,4 27,4 28,5 29,6 30,0 29,9 30,0 28,5MIMR 31,9 30,2 29,6 29,5 29,7 29,3 29,4 30,3 31,3 32,2 32,1 32,3 30,3Aumento <strong>da</strong> Temperatura Média Futura (%)em relação a Temperatura Média Atual16%14%12%10%8%6%4%2%0%15%11%10%7%7%8%5%3%2%2010-2039 2040-2069 2070-2099BCM2GIAOMMIMRFigura 7 – Aumento <strong><strong>da</strong>s</strong> médias <strong><strong>da</strong>s</strong> temperaturas futuras <strong>no</strong>s três modelos em relação àsmédias <strong><strong>da</strong>s</strong> temperaturas atuais25


6.3 Evapotranspiração futuraApós obter os <strong>da</strong>dos de variáveis climáticas futuros, foram aplica<strong><strong>da</strong>s</strong> em ca<strong>da</strong> modelo asequações empíricas de Thornthwaite, Blaney-Criddle e Hargreaves, a fim de obter os valores deevapotranspiração futuros para ca<strong>da</strong> período.A Tabela 13 demonstra os valores <strong>da</strong> evapotranspiração futura <strong>no</strong> cenário SRA1B, <strong>no</strong>modelo BCM2 e <strong>no</strong> período 2010-2039. Como já era esperado, o método de Thornthwaitesuperestimou as evapotranspirações em relação aos dois outros métodos. Percebe-se aí que ouso dessa equação conduziria a um aumento muito maior <strong>no</strong> valor <strong>da</strong> evapotranspiração futura,visto que os dois outros métodos foram alimentados com a mesma a<strong>no</strong>malia de temperatura.Para os outros modelos (MIMR e GIAOM) detectou-se o mesmo comportamento (ANEXO A).Tabela 13 – Evapotranspiração futura (em milímetros) para o período 2010-2039,modelo BCM2.Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezThornthwaiteETP (mm) 490,8 349,8 361,0 316,1 324,3 309,5 308,3 400,0 470,3 541,5 544,7 525,4Blaney-CriddleETP (mm) 182,5 174,8 173,7 165,9 163,5 163,3 162,6 170,0 173,7 182,1 182,6 183,6HargreavesETP (mm) 199,0 189,0 149,8 133,6 131,5 128,5 145,1 174,0 193,8 216,2 210,1 211,5As Figuras 8, 9 e 10 mostram os gráficos <strong>da</strong> evapotranspiração futura para o período2010-2039, para os métodos de Thornthwaite, Blaney-Criddle e Hargreaves. Observa-se que,independente do método de cálculo <strong>da</strong> evapotranspiração, o modelo GIAOM apresentou osme<strong>no</strong>res valores de evapotranspiração futura, o modelo BCM2 valores intermediários e omodelo MIMR apresentou os maiores valores.No entanto, se avaliarmos os métodos de cálculo <strong>da</strong> evapotranspiração entre si, percebe-seque o método de Thornthwaite foi o que conduziu às maiores diferenças entre os modelosatmosféricos (Figura 8). Isso acontece, pois o método se mostra mais sensível às variações detemperatura que Blaney-Criddle e Hargreaves. Os três métodos representam bem a distribuição<strong>da</strong> evapotranspiração ao longo do a<strong>no</strong>, fato que pode ser explicado pela utilização <strong><strong>da</strong>s</strong>a<strong>no</strong>malias em conjunto com as temperaturas observa<strong><strong>da</strong>s</strong> (Equação 10). Mas o método deHargreaves foi o que melhor conduziu a uniformi<strong>da</strong>de entre os modelos, o que é justificadoprincipalmente pelo fato de que Hargreaves considerar uma variável a mais do que as outras26


Evapotranspiração(mm)Evapotranspiração(mm)duas equações, que consideram apenas a temperatura, enquanto Hargreaves considera atemperatura e a umi<strong>da</strong>de relativa do ar, para efeito de cálculo.8007006005004003002001000ThornthwaiteEVT AtualModelo BCM2Modelo GIAOMModelo MIMRMesesFigura 8 - Comparação entre o cálculo <strong>da</strong> evapotranspiração futura pelo Método deThornthwaite <strong>no</strong> cenário SRA1B, entre os modelos <strong>no</strong> período 2010-2039.195190185180175170165160155150145140Blaney-CriddleEVT AtualModelo BCM2Modelo GIAOMModelo MIMRMesesFigura 9 - Comparação entre o cálculo <strong>da</strong> evapotranspiração futura pelo Método deBlaney-Criddle <strong>no</strong> cenário SRA1B, entre os modelos <strong>no</strong> período 2010-2039.27


Evapotranspiração(mm)250Hargreaves200150100500EVT AtualModelo BCM2Modelo GIAOMModelo MIMRMesesFigura 10 - Comparação entre o cálculo <strong>da</strong> evapotranspiração futura pelo Método deHargreaves <strong>no</strong> cenário SRA1B, entre os modelos <strong>no</strong> período 2010-2039.A Tabela 14 mostra o comportamento <strong>da</strong> evapotranspiração para os três climasfuturos, pelos métodos para o modelo global BCM2. Confirma-se a superestimativa pelométodo Thornthwaite, já <strong>no</strong> clima atual, com um total anual de 4134 mm, podendo-severificar que os totais anuais estimados por esse método são irreais, pois indicam que aevapotranspiração pode alcançar um valor de 6962 mm entre os a<strong>no</strong>s de 2070-2099. O usodessa equação só poderia ser feita mediante o uso de a<strong>no</strong>malias de evapotranspiração.Os totais anuais dos métodos de Blaney-Criddle e Hargreaves são bastantesemelhantes e indicam aumento médio <strong>da</strong> evapotranspiração ao longo dos climas futuros de2,2% (2010-2039), 4,3% (2040-2069) e 6,3% (2070-2099). A Tabela 14 mostra apenas osresultados para o modelo BCM2, ressalta-se que o modelo de Hargreaves mostra-se maisrobusto para o comportamento dos demais modelos, como foi mostrado na Figura 10.28


Tabela 14 - Comportamento <strong>da</strong> evapotranspiração (em milímetros) <strong>no</strong>s diferentesperíodos para o modelo BCM2.THORNTHWAITEMODELO BCM2Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez TotalAtual 412,96 310,65 318,34 292,26 286,53 249,69 258,1 318,09 369,98 435,8 429,18 452,77 4134,362010-2039490,79 349,85 361,05 316,1 324,34 309,5 308,27 400,04 470,27 541,48 544,69 525,43 4941,822040-2069603,22 420,3 419,83 361,59 361,92 352,07 373,71 478,89 578,25 669,16 651,18 631,87 5901,992070-2099677,29 478,12 481,72 448,48 462,49 437,63 443,39 565,83 667,43 758,97 778,96 762,62 6962,93BLANEY-CRIDDLEMODELO BCM2Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez TotalAtual 178,79 172,38 171,21 164,35 161,17 159,33 159,33 165,47 168,85 177,44 177,44 180,37 2036,142010-2039182,5 174,79 173,74 165,85 163,5 163,32 162,62 169,98 173,73 182,11 182,58 183,61 2078,342040-2069187,1 178,63 176,86 168,48 165,61 165,8 166,31 173,66 178,12 186,86 186,59 187,75 2121,772070-2099189,77 181,41 179,78 172,83 170,49 170,12 169,72 177,18 181,28 189,78 190,75 192,14 2165,24HARGREAVESMODELO BCM2Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez TotalAtual 195,3 186,54 147,85 132,48 129,72 125,52 142,2 169,51 188,42 210,81 204,25 207,97 2040,562010-2039198,98 189,03 149,84 133,56 131,46 128,52 145,07 174,04 193,77 216,25 210,08 211,46 2082,072040-2069203,92 192,94 152,26 135,52 133,01 130,48 148,32 177,74 198,57 221,76 214,46 215,91 2124,882070-2099206,38 195,77 154,56 138,69 136,67 133,7 151,24 181,25 202,01 225,1 219,08 220,72 2165,16Para mostrar o efeito do uso <strong><strong>da</strong>s</strong> diferentes equações sobre a evapotranspiração foramcalcula<strong><strong>da</strong>s</strong> as a<strong>no</strong>malias percentuais para o modelo BCM2 (Tabela 15). Podemos observar aque o uso do método de Thornthwaite conduz a grandes variações <strong>da</strong> evapotranspiraçãoenquanto que os métodos de Blaney-Criddle e Hargreaves apresentam a<strong>no</strong>malias percentuaisme<strong>no</strong>res. Isso pode ser explicado pela sensibili<strong>da</strong>de de ca<strong>da</strong> modelo à temperatura. Os demaisgráficos são mostrados <strong>no</strong> Anexo D.29


Tabela 15 – A<strong>no</strong>malias percentuais <strong>da</strong> evapotranspiração <strong>no</strong>s diferentes períodos domodelo BCM2.2010-20392040-20692070-20992010-20392040-20692070-20992010-20392040-20692070-2099THORNTHWAITEMeses Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezETP(mm)18,8% 12,6% 13,4% 8,2% 13,2% 24,0% 19,4% 25,8% 27,1% 24,2% 26,9% 16,0%ETP(mm)46,1% 35,3% 31,9% 23,7% 26,3% 41,0% 44,8% 50,5% 56,3% 53,5% 51,7% 39,6%ETP(mm)64,0% 53,9% 51,3% 53,5% 61,4% 75,3% 71,8% 77,9% 80,4% 74,2% 81,5% 68,4%BLANEY-CRIDDLEMeses Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezETP(mm)2,1% 1,4% 1,5% 0,9% 1,4% 2,5% 2,1% 2,7% 2,9% 2,6% 2,9% 1,8%ETP(mm)4,6% 3,6% 3,3% 2,5% 2,8% 4,1% 4,4% 4,9% 5,5% 5,3% 5,2% 4,1%ETP(mm)6,1% 5,2% 5,0% 5,2% 5,8% 6,8% 6,5% 7,1% 7,4% 7,0% 7,5% 6,5%HARGREAVESMeses Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezETP(mm)1,9% 1,3% 1,4% 0,8% 1,3% 2,4% 2,0% 2,7% 2,8% 2,6% 2,9% 1,7%ETP(mm)4,4% 3,4% 3,0% 2,3% 2,5% 4,0% 4,3% 4,9% 5,4% 5,2% 5,0% 3,8%ETP(mm)5,7% 4,9% 4,5% 4,7% 5,4% 6,5% 6,4% 6,9% 7,2% 6,8% 7,3% 6,1%30


7. CONCLUSÕESEsta pesquisa buscou avaliar os efeitos <strong><strong>da</strong>s</strong> mu<strong>da</strong>nças climáticas <strong>no</strong> cálculo <strong>da</strong>evapotranspiração <strong>no</strong> semi-árido paraiba<strong>no</strong>, através <strong>da</strong> criação de um cenário climático,baseados em resultados gerados por Modelos de Circulação Global (MCGs), disponibilizadospelo IPCC (AR4), para três períodos de climas futuros: 2010-2039, 2040-2069 e 2070-2099.Foram utiliza<strong><strong>da</strong>s</strong> três equações empíricas para o cálculo <strong>da</strong> evapotranspiração: Thornthwaite,Blaney-Criddle e Hargreaves e três MCGs que representam bem (modelo BCM2), de formamediana (MIMR) e não representam bem (GIAOM), as chuvas <strong>no</strong> Nordeste do Brasilsegundo classificação apresenta<strong>da</strong> por Silveira (2011).Na aplicação aos <strong>da</strong>dos observados, o método de Hargreaves foi o que melhorrepresentou a evapotranspiração atual. Tal explicação é <strong>da</strong><strong>da</strong> pelo fato de Hargreaves terconsiderado uma variável a mais em sua equação, a umi<strong>da</strong>de relativa do ar. Thornthwaitesuperestimou demasia<strong>da</strong>mente a evapotranspiração e Blaney-Criddle não representou bem adistribuição inter-anual <strong>da</strong> variável.As projeções de temperatura para os três períodos de climas futuros foi crescente. Omodelo GIAOM, embora não represente bem as chuvas para o Nordeste foi o que apresentoume<strong>no</strong>res a<strong>no</strong>malias de temperatura, seguido pelo modelo BCM2. O modelo MIMR foi o queapresentou as maiores a<strong>no</strong>malias. Isso é uma indicação que o modelo que representa bem aschuvas <strong>no</strong> Nordeste não necessariamente é aquele que tem as me<strong>no</strong>res a<strong>no</strong>malias detemperatura.Já a umi<strong>da</strong>de relativa do ar apresentou um comportamento crescente <strong>no</strong>s modelosBCM2 e GIAOM; e uma que<strong>da</strong> <strong>no</strong> modelo MIMR. Ain<strong>da</strong> assim, a evapotranspiração teveresultados crescentes para o período futuro <strong>no</strong> Método de Hargreaves, único que utiliza aumi<strong>da</strong>de relativa como parâmetro de cálculo.A evapotranspiração futura é bastante influencia<strong>da</strong> pela equação utiliza<strong>da</strong> para seucálculo. As a<strong>no</strong>malias percentuais estima<strong><strong>da</strong>s</strong> por Thornthwaite foram bastante eleva<strong><strong>da</strong>s</strong> e asestima<strong><strong>da</strong>s</strong> por Blaney-Criddle e Hargreaves ficaram bastante semelhantes e indicam aumentomédio <strong>da</strong> evapotranspiração ao longo dos climas futuros de 2,2% (2010-2039), 4,3% (2040-2069) e 6,3% (2070-2099). No entanto, a equação de Hargreaves, mostrou-se mais uniformequando <strong>da</strong> aplicação dos diferentes modelos atmosféricos. Isso deve acontecer pelo fato de ela31


ser me<strong>no</strong>s sensível à variações de temperatura e, assim, amorteceu as diferenças nasa<strong>no</strong>malias climáticas previstas pelos modelos.Recomen<strong>da</strong>-se em trabalhos futuros a aplicação de outros métodos de cálculo <strong>da</strong>evapotranspiração como o de Penman-Monteith, que utiliza mais variáveis climáticas como<strong>da</strong>dos de entra<strong>da</strong> e espera-se que represente melhor a evapotranspiração <strong>da</strong> região e conduza aoutros valores de a<strong>no</strong>malias futuras. Para uma melhor estimativa dos impactos <strong>da</strong>evapotranspiração sobre o gerenciamento dos recursos hídricos <strong>da</strong> região se faça um balançohídrico dos reservatórios existentes, para os efeitos <strong><strong>da</strong>s</strong> mu<strong>da</strong>nças <strong>da</strong> evapotranspiraçãoisola<strong>da</strong>mente e depois em conjunto com mu<strong>da</strong>nças <strong>da</strong> precipitação e vazão.Esses trabalhos são extremamente importantes para regiões como o semi-árido que jásofre com escassez de chuvas e, desta forma, pode-se estimar impactos futuros devido àsmu<strong>da</strong>nças climáticas.32


8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBARROS, T.C.P. (2000) Vento e o desmatamento <strong>da</strong> Amazônia Mato-Grossense: umaanálise preliminar. Dissertação de mestrado. Programa de Pós-Graduação em Geografia.UFMS.BRAGA, A. C. F. M. (2001). Efeitos de fatores climáticos e uso do solo sobre oescoamento em uma região semi-ári<strong>da</strong> <strong>da</strong> Paraíba. Dissertação de Mestrado. Programa dePós-Graduação em Engenharia Civil. UFPB ParaíbaCAMPOS, J. N. B. ; STUDART, T. M. C. (2001). Variabili<strong>da</strong>des <strong>Climáticas</strong> e TendênciasHidrológicas em Climas Semi-Áridos. In: III Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste,2001, Santiago. Anais do III Encontro de Águas. Santiago,: Instituto Internacional deCooperação para a Agricultura.COLLISCHONN, W. (1998). Apostila de Hidrologia Aplica<strong>da</strong>. Evaporação eEvapotranspiração. Ed. UFRGS/IPH Rio Grande do SulCOSTA, J. P. R., AQUINO, C. M., MORAES, J. C. (1989). Avaliação do comportamento<strong>da</strong> evapotranspiração em área de floresta tropical úmi<strong>da</strong> <strong>da</strong> Amazônia. CongressoBrasileiro de Meteorologia. CBMET.FERNANDES, R. O., NÓBREGA, R. L. B, GALVÃO, C. O. 2008. Impacto <strong><strong>da</strong>s</strong>mu<strong>da</strong>nças climáticas globais na evaporação em um reservatório <strong>no</strong> semi-árido. In: Anaisdo IX Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste. Salvador: ABRH. Em CD-Rom.HARGREAVES, G. H. (1974). Potential Evapotransipiration and Irrigation Requirementsfor Northeast Brazil. Utah State Unversity, Logan, UT.HOFF, H. (2001). Climate Change an d Water Avaiability. IN: Lozán, J.L., Grabl H. andHupter, P. In: Climate ot the 21st Century: Changes ans Risk. WissenschaftlicheAuswertungen. Hamburg.KIMMINS, J.P. (1987) Forest Ecology. New York: Macmillan Publishing Company.531p. apud.http://www.dca.ufpb.br. Dados climatológicos do Estado <strong>da</strong> Paraíba. Disponível online.Em 31/10/201133


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9. ANEXOSAnexo A: Tabelas de cálculos <strong>da</strong> evapotranspiração futuraAnexo B: Gráficos <strong><strong>da</strong>s</strong> a<strong>no</strong>malias futurasAnexo C: Aumento <strong>da</strong> umi<strong>da</strong>de relativa do ar <strong>no</strong>s três modelos em relação ao clima atualAnexo D: Comportamento <strong>da</strong> evapotranspiração ao longo dos a<strong>no</strong>s em relação ao a<strong>no</strong>atual36


A<strong>no</strong>malias (°C)Anexo ATabela A.1 – Evapotranspiração futura (em milímetros) para o período 2010-2039,modelo GIAOM.Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezThornthwaiteETP (mm) 464,8 351,2 362,4 335,0 330,7 286,7 298,1 361,3 431,0 503,3 487,7 508,7Blaney-CriddleETP (mm) 181,3 174,9 173,8 167,0 163,9 161,9 162,0 168,0 171,9 180,5 180,2 182,9HargreavesETP (mm) 197,9 189,1 149,9 134,4 131,7 127,4 144,5 172,0 191,7 214,4 207,2 210,7Tabela A.2 – Evapotranspiração futura (em milímetros) para o período 2010-2039,modelo MIMR.Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezThornthwaiteETP (mm) 590,2 412,2 412,9 391,3 397,0 361,5 380,1 464,4 555,6 653,4 612,2 671,0Blaney-CriddleETP (mm) 186,6 178,2 176,5 170,1 167,4 166,3 166,6 173,0 177,3 186,3 185,2 189,1HargreavesETP (mm) 203,8 192,8 152,3 137,1 134,9 131,2 148,9 177,4 197,8 221,3 213,1 218,3Anexo B4,03,53,02,52,01,51,00,50,0A<strong>no</strong>malias de Temperatura - Período 2040-2069Modelo BCM2Modelo GIAOMModelo MIMRMesesFigura B.1 – A<strong>no</strong>malias de temperaturas para o período 2040-206937


TemperaturasTemperaturasA<strong>no</strong>malias (°C)A<strong>no</strong>malias de Temperatura - Período 2070-20995,04,03,02,01,00,0Modelo BCM2Modelo GIAOMModelo MIMRMesesFigura B.2 – A<strong>no</strong>malias de temperaturas para o período 2070-20990,300,20A<strong>no</strong>malias <strong>da</strong> Umi<strong>da</strong>de Relativa do Ar0,100,00-0,10Modelo BCM2Modelo GIAOMModelo MIMRMesesFigura B.3 – A<strong>no</strong>malias de umi<strong>da</strong>de do ar para o período 2040-2069A<strong>no</strong>malias <strong>da</strong> Umi<strong>da</strong>de Relativa do Ar0,400,300,200,100,00-0,10Modelo BCM2Modelo GIAOMModelo MIMRMesesFigura B.4 – A<strong>no</strong>malias de umi<strong>da</strong>de do ar para o período 2070-209938


Anexo C0,60%0,50%0,40%0,30%0,20%0,10%0,00%-0,10%-0,20%Aumento <strong>da</strong> Umi<strong>da</strong>de do Ar Média Futura (%)em relação a Umi<strong>da</strong>de do Ar Atual0,19%0,10%-0,08%0,32%0,22%0,09%2010-2039 2040-2069 2070-20990,53%0,33%0,22%BCM2GIAOMMIMRFigura C – Aumento <strong>da</strong> umi<strong>da</strong>de relativa do ar <strong>no</strong>s três modelos em relação ao clima atualAnexo DThornthwaite - Crescimento <strong>da</strong> Evapotranspiraçãoem relação aos <strong>da</strong>dos atuais2010-2039 2040-2069 2070-209964,0%46,1%18,8%53,9%51,3% 53,5%35,3%31,9%23,7%12,6% 13,4%8,2%61,4%26,3%13,2%75,3%41,0%24,0%71,8%44,8%19,4%77,9%80,4%56,3%50,5%25,8% 27,1%81,5%74,2%53,5% 51,7%24,2%26,9%68,4%39,6%16,0%Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezFigura D.1 – Comportamento <strong>da</strong> evapotranspiração calcula<strong>da</strong> pelo Método deThornthwaite <strong>no</strong>s três períodos e pelo modelo BCM2 em relação ao clima atual39


Blaney-Criddle - Crescimento <strong>da</strong>Evapotranspiração em relação aos <strong>da</strong>dos atuais2010-2039 2040-2069 2070-20996,1%4,6%2,1%5,2%5,0% 5,2%3,6%3,3%2,5%1,4% 1,5%0,9%5,8%2,8%1,4%6,8%4,1%2,5%6,5%4,4%2,1%7,4%7,5%7,1%7,0%5,5% 5,3%4,9%5,2%2,7% 2,9%2,9%2,6%6,5%4,1%1,8%Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezFigura D.2 – Comportamento <strong>da</strong> evapotranspiração calcula<strong>da</strong> pelo Método de Blaney-Criddle <strong>no</strong>s três períodos e pelo modelo BCM2 em relação ao clima atualHargreaves - Crescimento <strong>da</strong> Evapotranspiraçãoem relação aos <strong>da</strong>dos atuais2010-2039 2040-2069 2070-20995,7%4,4%1,9%4,9%4,5% 4,7%3,4%3,0%2,3%1,3% 1,4%0,8%5,4%2,5%1,3%6,5% 6,4%4,0%4,3%2,4%2,0%7,2%6,9%5,4%4,9%2,7% 2,8%6,8%5,2%2,6%7,3%5,0%2,9%6,1%3,8%1,7%Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezFigura D.3 – Comportamento <strong>da</strong> evapotranspiração calcula<strong>da</strong> pelo Método de Hargreaves<strong>no</strong>s três períodos e pelo modelo BCM2 em relação ao clima atual40

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