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santas ou sedutoras? mães de heróis na bíblia hebraica ... - UEM

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Estudaremos também a aparente contradição entre o comportamento p<strong>ou</strong>coortodoxo das filhas <strong>de</strong> Ló e os padrões morais ditados para o comportamento femininono período formativo do cristianismo.Cremos ser este o momento em que se construíram os fundamentos morais queserviram <strong>de</strong> base para a valorização do feminino em todo o <strong>de</strong>senvolvimento posteriordo cristianismo e <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong> oci<strong>de</strong>ntal mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong>.Procuraremos <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>r quais sejam as exigências feitas para com a mulher <strong>na</strong>Bíblia Hebraica para que ela seja consi<strong>de</strong>rada “heroí<strong>na</strong>” para a <strong>na</strong>ção <strong>de</strong> Israel.Em seguida iremos contrastar esse padrão com o que encontramos no ambienteformado a partir dos valores do cristianismo, com suas atitu<strong>de</strong>s teológicas e exigênciassociais para com a mulher para que a ela possa ser atribuído o título <strong>de</strong> “santa”, oequivalente à “heroí<strong>na</strong> em Israel”, <strong>de</strong> acordo com a <strong>na</strong>rrativa bíblica.Não po<strong>de</strong>mos nos esquecer que a Bíblia é a fonte <strong>de</strong> inspiração para o judaísmoe o cristianismo.Estaremos atentos a o que essas religiões têm a dizer sobre a mulher uma vezque a segunda não teria vindo à existência sem a primeira. Porém o distanciamentoentre elas logo nos primeiros séculos da nossa era, tr<strong>ou</strong>xe diferenças significativasentre suas formas <strong>de</strong> pensar a mulher.Pesquisas recentes no campo histórico-social sobre as origens judaicas docristianismo, porém, têm produzido novos pressupostos <strong>na</strong> teoria da separação entresi<strong>na</strong>goga e igreja tor<strong>na</strong>ndo imprescindível que se revise o papel social da mulher nessanova ótica.Queremos ressaltar o fato <strong>de</strong> que nossos valores sociais são profundamenteinfluenciados pela maneira como concebemos a religiosida<strong>de</strong>.Ao longo da história da formação do cristianismo, o “androcentrismo” tambémtem sido uma marca predomi<strong>na</strong>nte. Para alguns críticos da teologia e do pensamentocristãos, essa característica inspir<strong>ou</strong>-se nos textos bíblicos.No entanto temos que enten<strong>de</strong>r se estamos lidando com o mesmo padrão <strong>de</strong>atitu<strong>de</strong> androcêntrica, e se os fundamentos <strong>de</strong>ssa atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro do cristianismo sãoequivalentes ao que encontramos entre os autores da Bíblia Hebraica.novelas que preten<strong>de</strong>mos abordar. Segundo alguns estudiosos, a seleção <strong>de</strong> textos e a formação do cânon é maistardia que o estabelecimento da mo<strong>na</strong>rquia judaica e po<strong>de</strong> ter se estendido do século IV A.E.C. até o século I da E.C.quando a assembléia <strong>de</strong> Jabneh procur<strong>ou</strong> fechar o cânon da Bíblia Hebraica.


INTRODUÇÃOA nomeação <strong>de</strong> Davi pelo profeta Samuel como rei <strong>de</strong> Israel, é o início <strong>de</strong> umahistória que marca a entrada <strong>de</strong>ssa <strong>na</strong>ção em um período <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s conquistas<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is e <strong>de</strong> estabelecimento político segundo a Bíblia Hebraica, equivalente aosperíodos <strong>de</strong> glória vividos pelos gran<strong>de</strong>s impérios daquela época.Filho caçula <strong>de</strong> Jessé, Davi, da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Belém, estaria sendo escolhido porJeová para substituir o rei Saul, <strong>de</strong>posto por or<strong>de</strong>m divi<strong>na</strong> e agora morto.Como sabemos pelo relato bíblico, Jessé assim como Davi são <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>Obe<strong>de</strong>, <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Rute e Boaz, como <strong>de</strong>scrito <strong>na</strong> genealogia apresentada em Rt4:18-22.A princípio não há <strong>na</strong>da <strong>de</strong> surpreen<strong>de</strong>nte <strong>na</strong> genealogia apresentada nessetexto, on<strong>de</strong> <strong>de</strong> acordo com o melhor da tradição bíblica e <strong>de</strong> <strong>ou</strong>tros escritos da época eregião, somente os nomes dos progenitores masculinos são apresentados.Não haveria <strong>na</strong>da <strong>de</strong> surpreen<strong>de</strong>nte nem mesmo em toda a <strong>na</strong>rrativa daancestralida<strong>de</strong> messiânica <strong>de</strong> Davi, não fossem as informações sobre a tramaengendrada por uma mulher, que lev<strong>ou</strong> à concepção <strong>de</strong> Perez, o primeiro nome a sermencio<strong>na</strong>do <strong>na</strong> lista do capítulo 4 do livro bíblico <strong>de</strong> Rute.Filho <strong>de</strong> Tamar, mulher estrangeira, viúva <strong>de</strong> um israelita <strong>de</strong> nome Er, Perez éfruto da trama p<strong>ou</strong>co ortodoxa, segundo alguns críticos, para os padrões bíblicos dosrelatos <strong>de</strong> <strong>na</strong>scimentos <strong>de</strong> <strong>heróis</strong>, apresentada no capítulo 38 <strong>de</strong> Gênesis.Ali nos é revelado que a perso<strong>na</strong>gem Tamar finge ser uma prostituta para atraira si Judá, seu sogro, mesmo incorrendo no risco <strong>de</strong> ser con<strong>de</strong><strong>na</strong>da por adultério (Gn38: 24).A partir <strong>de</strong> Perez chegamos a Boaz, <strong>ou</strong>tro ancestral <strong>de</strong> Davi, que pelo que érelatado no livro <strong>de</strong> Rute, foi levado ao casamento, graças a um esquema <strong>de</strong> seduçãoatravés do qual certa jovem, a própria Rute, estrangeira, consegue casar-se com umnobre israelita por articulação <strong>de</strong> sua sogra, também israelita, parenta <strong>de</strong> Boaz pelocasamento com Elimeleque, seu provável tio.Rute nos é apresentada como viúva <strong>de</strong> um dos filhos <strong>de</strong> Elimeleque e Noemi,que fugiram <strong>de</strong> sua terra, Belém, para Moab em tempos <strong>de</strong> crise. Ali encontraramesposas para seus filhos e ali também morreram todos os homens da família, ficandosomente Noemi e suas noras ainda sem filhos. Assim Rute é introduzida <strong>na</strong> <strong>na</strong>rrativacomo uma moabita.


Os moabitas, que tinham parentesco com Israel através <strong>de</strong> Ló, ocuparam partesdo centro da Transjordânia em várias ocasiões.A história da gênese dos moabitas está <strong>na</strong>rrada no livro <strong>de</strong> Gênesis 19: 30-38,transcrito abaixo:“Subiu Ló <strong>de</strong> Zoar e habit<strong>ou</strong> no monte, ele e suas duas filhas, porque receavampermanecer em Zoar; e habit<strong>ou</strong> numa caver<strong>na</strong>, e com ele as duas filhas. Então, aprimogênita disse a mais moça: Nosso pai está velho e não há homem <strong>na</strong> terra quevenha a unir-se conosco, segundo o costume <strong>de</strong> toda terra. Vem, façamo-lo bebervinho, <strong>de</strong>itemo-nos com ele e conservemos a <strong>de</strong>scendência <strong>de</strong> nosso pai. Naquelanoite, pois, <strong>de</strong>ram a beber vinho a seu pai, e, entrando a primogênita, se <strong>de</strong>it<strong>ou</strong> comele, sem que ele o notasse, nem quando ela se <strong>de</strong>it<strong>ou</strong>, nem quando se levant<strong>ou</strong>. No diaseguinte, disse a primogênita a mais nova: Deitei-me, ontem, à noite, com o meu pai.Demos-lhe a beber vinho também esta noite; entra e <strong>de</strong>ita-te com ele, para quepreservemos a <strong>de</strong>scendência <strong>de</strong> nosso pai. De novo, pois, <strong>de</strong>ram, aquela noite, abeber vinho a seu pai, e, entrando a mais nova, se <strong>de</strong>it<strong>ou</strong> com ele, sem que ele onotasse, nem quando ela se <strong>de</strong>it<strong>ou</strong>, nem quando se levant<strong>ou</strong>. E assim as duas filhas <strong>de</strong>Ló conceberam do próprio pai. A primogênita <strong>de</strong>u à luz um filho e lhe cham<strong>ou</strong> Moabe: épai dos moabitas, até ao dia <strong>de</strong> hoje. A mais nova também <strong>de</strong>u à luz um filho e lhecham<strong>ou</strong> Ben-Ami: é o pai dos filhos <strong>de</strong> Amom, até ao dia <strong>de</strong> hoje.”Como po<strong>de</strong>mos notar, nessa <strong>na</strong>rrativa fica claro que os moabitas são fruto darelação incestuosa entre Ló e sua filha primogênita cujo nome não é citado.Surgem as perguntas:1 - Por que estórias <strong>de</strong> cunho tão sensual foram preservadas <strong>na</strong> <strong>na</strong>rrativabíblica?2 - Por que, mesmo sendo mulheres as principais protagonistas <strong>de</strong>sses relatos,seusresultados insistem em permanecer santificados no cânon bíblico mesmo quecontrariando os costumes, <strong>de</strong>ixando transparecer que elas foram melhores que seushomens?Nossa intenção nessa peque<strong>na</strong> dissertação visa enten<strong>de</strong>r como o texto da BíbliaHebraica lida com as aparentes contradições entre a sensualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas mulheres eo reconhecimento <strong>de</strong> que elas foram mais eficientes que seus homens para osinteresses da <strong>na</strong>ção, mesmo tendo <strong>de</strong>safiado leis religiosas mais importantes que aprópria vida.


Como po<strong>de</strong>mos notar as <strong>na</strong>rrativas da linhagem do Rei Davi e <strong>de</strong> sua chegadaao trono, o que i<strong>na</strong>ugura a entrada <strong>na</strong> era messiânica para Israel <strong>de</strong> acordo com aBíblia Hebraica, são marcadas por estranhos atos <strong>de</strong> incesto, sedução, adultério eprostituição, cometidos a partir da iniciativa <strong>de</strong> mulheres, que como tais, escassamenteseriam lembradas nos relatos bíblicos, especialmente dos <strong>heróis</strong>.Para a maioria das pessoas criadas no oci<strong>de</strong>nte, on<strong>de</strong> sabemos ser ocristianismo com suas características ascéticas e machistas, um dos elementos <strong>de</strong>maior influência sobre sua formação moral e social, <strong>na</strong>rrativas como as queencontramos a cima jamais estariam se referindo à “<strong>santas</strong> mulheres <strong>de</strong> Deus”.Por séculos <strong>de</strong> historia cristã a mulher tem sido retratada como sendo inferior aohomem nos aspectos intelectual, espiritual, sexual, religioso, e social.Avaliando algumas das teorias dos primeiros pensadores da teologia cristã, doperíodo conhecido como patrística, <strong>de</strong>scobriremos as razões pelas quais teorias<strong>de</strong>senvolvidas a mais <strong>de</strong> vinte séculos ainda fazem parte do nosso cotidiano, mesmoque não tenhamos consciência <strong>de</strong>las.AS FILHAS DE LÓ: HEROÍNAS OU INCESTUOSAS?A historicida<strong>de</strong> das <strong>na</strong>rrativas <strong>de</strong> Ló foi consi<strong>de</strong>rada plausível até recentemente,por registrar acontecimentos coinci<strong>de</strong>ntes com tradições culturais correspon<strong>de</strong>ntes àépoca em que se situam, sendo semelhantes em nomes, costumes e tradições sócioculturaisaos registros encontrados em documentos do segundo milênio, que asautenticam 3 . Porém não há provas materiais, arqueológicas, quanto a sua veracida<strong>de</strong>.Hoje, com a abordagem literária da Bíblia, a busca pela confirmação dahistoricida<strong>de</strong> <strong>de</strong> algumas <strong>na</strong>rrativas bíblicas é menor, e <strong>de</strong> acordo com os maisrecentes estudiosos como Van Seters, Gottwald e Selman, as <strong>na</strong>rrativas que envolvema vida <strong>de</strong> Ló são consi<strong>de</strong>radas literatura poética com objetivos políticos, sociais <strong>ou</strong>religiosos, e até “i<strong>de</strong>ológicos”, seguindo os padrões literários dos autores bíblicos emsua forma estética, e <strong>de</strong> <strong>ou</strong>tros textos <strong>de</strong> autorias diversas, da mesma época.3 ABD, vol. 4, pág. 372. Ver também Bellis, Alice O., Helpmates, Harlots, and Heroes, Women’s Stories in theHebrew Bible, Westminster/John Knox Press, L<strong>ou</strong>isville, Kentucky, pág. 67- 70, e79-80. Po<strong>de</strong>mos encontrar textose <strong>na</strong>rrativas que atestam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> histórias como esta através <strong>de</strong> pesquisas editadas por autores comoWilliam W. Hallo e James B. Prichard, que a<strong>na</strong>lisam textos contemporâneos aos da <strong>na</strong>rrativa bíblica, <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong>pesquisas arqueológicas no Oriente Médio.


Segundo Alice Og<strong>de</strong>n Bellis, “os autores antigos estavam mais preocupadoscom a expressão <strong>de</strong> suas convicções..., do que com a reportagem <strong>de</strong>talhada doseventos enquanto registros históricos” 4 .Assim os pesquisadores mo<strong>de</strong>rnos não buscam prioritariamente a historicida<strong>de</strong>das mulheres <strong>na</strong>rradas em Gênesis, especialmente pesquisadoras feministas, masconsi<strong>de</strong>rando os textos poéticos cercados <strong>de</strong> elementos historicamente correlatos, abusca é pelo significado do texto acabado e por sua intencio<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> entre as váriastradições em que se insere.A porção que interessa a essa dissertação, o ‘incesto engendrado pelas filhas <strong>de</strong>Ló’, situa-se logo após a novela da <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> Sodoma e Gomorra por causa dosseus pecados, que atingiu toda a população e culmin<strong>ou</strong> com a morte da esposa <strong>de</strong> Ló,transformada em colu<strong>na</strong> <strong>de</strong> sal, conforme <strong>na</strong>rrado no livro <strong>de</strong> Gênesis, transcrito acima.Momentos antes da tragédia, anjos transfigurados em homens, que visitam Ló,são atacados pelos <strong>de</strong>pravados moradores <strong>de</strong> Sodoma, que queriam violentá-lossexualmente.Antes que os anjos se revelassem como tais, Ló, <strong>na</strong> tentativa <strong>de</strong> proteger seushóspe<strong>de</strong>s, oferece suas filhas virgens, cujos nomes não são citados, à turbaenl<strong>ou</strong>quecida e <strong>de</strong>pravada, para que tivessem relações com elas e p<strong>ou</strong>passem seusconvidados.Os anjos salvam as filhas <strong>de</strong> Ló e ao próprio Ló ferindo a turba <strong>de</strong> cegueira eretirando a família da cida<strong>de</strong> às pressas, graças à intercessão <strong>de</strong> Abraão por seusobrinho, segundo alguns intérpretes.Após breve passagem por Zoar, que <strong>de</strong>via estar vazia, Ló e suas filhas refugiamsenuma caver<strong>na</strong> sobre <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do monte, como os anjos haviam sugerido antes da<strong>de</strong>struição.A morte da esposa <strong>de</strong> Ló parece ter sido introduzida pelo autor <strong>na</strong> <strong>na</strong>rrativa paradar base lógica ao raciocínio da filha mais velha <strong>de</strong> Ló, mas esse fato é interpretadoatualmente como justificativa moralista para o incesto administrado por suas filhas.A solidão do monte e da caver<strong>na</strong>, e o medo em Zoar, a própria atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ló aooferecer as filhas virgens à turba <strong>de</strong>pravada, servem <strong>de</strong> pano <strong>de</strong> fundo para o <strong>na</strong>rradorbíblico introduzir e justificar certos aspectos do <strong>de</strong>senvolvimento do esquema articuladopela filha mais velha <strong>de</strong> Ló para embriagar o pai, seduzi-lo e gerar <strong>de</strong>scendência paraele através <strong>de</strong> si mesma e <strong>de</strong> sua irmã.4 Bellis, Alice O., Helpmates, Harlots, and Heroes, Women’s Stories in the Hebrew Bible, Westminster/John KnoxPress, L<strong>ou</strong>isville, Kentucky.


Alguns estudiosos interpretam a atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ló ao oferecer suas filhas aossodomitas como uma evidência <strong>de</strong> preconceito social contra a mulher daquele tempo,<strong>ou</strong>tros enten<strong>de</strong>m que isso significa ape<strong>na</strong>s que as normas da hospitalida<strong>de</strong> rezavamque tratar bem aos visitantes era mais importante que preservar a vida, pelo menos,das mulheres da casa.De qualquer forma, para a moralida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong>, a atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ló parece ensejarque elas teriam perdido o respeito pelo pai, <strong>de</strong>vido ao p<strong>ou</strong>co valor que ele lhas conferiu<strong>na</strong> oferta que fez à população <strong>de</strong>pravada em função <strong>de</strong> proteger uma dupla <strong>de</strong>viajantes <strong>de</strong>sconhecidos.Num sentido específico as filhas <strong>de</strong> Ló estão <strong>de</strong>samparadas e sós em relação aoseu futuro. Na sua perspectiva, não haveria mais homens além <strong>de</strong> seu pai através <strong>de</strong>quem pu<strong>de</strong>ssem conceber e gerar <strong>de</strong>scendência para sua própria segurança uma vezque todos haviam morrido <strong>na</strong> catástrofe, para elas <strong>de</strong> proporções mundiais.Um comentário interessante é tecido <strong>na</strong> nota <strong>de</strong> rodapé do livro <strong>de</strong> Suza<strong>na</strong>Chwarts 5 , sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> numa estrutura patriarcal como a do Israel tribal, asmulheres gerarem para assegurar seu status. Sem filhos seu valor existencial seriamínimo.Segundo um comentário talmúdico 6 , a motivação das filhas <strong>de</strong> Ló era nobre, poisse sentiram responsáveis por salvar a raça huma<strong>na</strong> e gerar filhos do único homem queacreditavam ter sido p<strong>ou</strong>pado da catástrofe.A Torá por esse motivo não classifica seus atos como incestuosos, pois aintenção era pura e meritória. Agindo assim estariam cumprindo o mandamento <strong>de</strong>crescer e multiplicar-se e povoar a terra como or<strong>de</strong><strong>na</strong>do no relato da criação.Segundo Athalya Brenner 7 , as filhas <strong>de</strong> Ló “não estariam dispostas a quebrarvalores importantes como o respeito ao pai e as leis do incesto” se não estivessemconvencidas <strong>de</strong> que eram as únicas pessoas sobre a terra.“A realida<strong>de</strong> que envolve as perso<strong>na</strong>gens <strong>de</strong>ssa <strong>na</strong>rrativa, ‘explica Brenner’,reflete o sentimento padrão que começa a ser construído ao longo da história daformação <strong>de</strong> Israel segundo o qual gerar <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes é um fator que supera qualquerlei, valor moral, e está acima até da própria sobrevivência <strong>ou</strong> conflitos pessoais”.Consi<strong>de</strong>ro haver algo <strong>de</strong> preconceituoso, <strong>ou</strong> machista, e <strong>de</strong>scontextualizado, <strong>na</strong>afirmação acima, em que Brenner sugere que elas teriam consciência <strong>de</strong> que estariam5 Chwarts, S., Uma visão da esterilida<strong>de</strong> <strong>na</strong> Bíblia Hebraica, Associação Editorial Humanitas, pág. 127, nota 5.6 Comentário da Tora – A lei <strong>de</strong> Moisés, Ed. Sêfer.7Athalya Brenner, em A Mulher Israelita, pág. 137.


quebrando princípios morais <strong>ou</strong> religiosos que <strong>de</strong>veriam ser contor<strong>na</strong>dos, <strong>ou</strong> sofrendo<strong>de</strong> algum conflito interior.Pelo contrário, minha interpretação é a <strong>de</strong> que elas estavam resolvidas a cumprirseu <strong>de</strong>ver consi<strong>de</strong>rando-o uma honra que superava alguma motivação egoísta do pai,bem como entendo que elas estavam agindo segundo o conceito moralmente correto,seguindo princípios legais <strong>ou</strong> tradições estabelecidas como códigos morais.Narrativas contendo relatos <strong>de</strong> relações incestuosas para obtenção <strong>de</strong> filhosher<strong>de</strong>iros são confirmadas pela evidência arqueológica <strong>de</strong> textos que relatam tradiçõessemelhantes entre povos relacio<strong>na</strong>dos aos israelitas.Nas tradições da Mesopotâmia, a relação entre os <strong>de</strong>uses e as próprias filhasera conhecida entre seus mitos conforme <strong>de</strong>scrito no Código Hamurabi 8 .No antigo Egito, para on<strong>de</strong> Abraão e o próprio Ló se refugiaram da fome <strong>na</strong>terra, o casamento entre pai e filha era admitido e praticado com o fim <strong>de</strong> preservação<strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> uma vez que estas se transmitiam da mãe para a filha mais velha 9 .Então po<strong>de</strong>mos afirmar que as filhas <strong>de</strong> Ló ao tomarem sua iniciativa nãoestavam acometidas <strong>de</strong> culpas que as pu<strong>de</strong>ssem intimidar, mas tinham certeza <strong>de</strong> serisso mesmo que <strong>de</strong>veria ser feito <strong>de</strong> acordo com tradições por elas conhecidas,segundo as quais, filhas po<strong>de</strong>riam e <strong>de</strong>veriam em algumas circunstâncias, gerar<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, mesmo que através do pai para fins <strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong> herança,garantia da continuida<strong>de</strong> do clã <strong>ou</strong> a sobrevivência da família e da humanida<strong>de</strong>.Se argumentarmos que tiveram que usar o álcool e o engano para <strong>de</strong>rrubar asresistências e possibilitar a relação com o próprio pai, pois ele teria motivos legais,morais <strong>ou</strong> religiosos, para se negar ao ato, também po<strong>de</strong>mos argumentar que esseexpediente <strong>de</strong>ve ter sido necessário em função <strong>de</strong> não haver por parte <strong>de</strong> Ló, porqualquer motivo, a mesma responsabilida<strong>de</strong> social que havia <strong>na</strong>s filhas, transformandoessa <strong>na</strong>rrativa num exemplo <strong>de</strong> negligência masculi<strong>na</strong>, em que as mulheres é que<strong>de</strong>sempenham o papel <strong>de</strong>cisivo para o sucesso fi<strong>na</strong>l da <strong>na</strong>rrativa.Ló, em vários momentos é pintado como alguém gratuitamente procrasti<strong>na</strong>dor,in<strong>de</strong>ciso até mesmo em questões <strong>de</strong> seu interesse, como, por exemplo, no esforço doanjo para retirá-lo <strong>de</strong> Sodoma apressadamente, em função <strong>de</strong> sua lentidão <strong>ou</strong>incredulida<strong>de</strong>.8 Embora o código Hamurabi relate o ato <strong>de</strong> incesto entre <strong>de</strong>uses e suas filhas, ele o proíbe explicitamente entre paise filhos humanos.9 Gerald A. Larue, Sex and the Bible, Buffalo, N.Y.: Prometheus Books, 1983, 91; em Kirsch, As Prostitutas <strong>na</strong>Bíblia.


Outra característica interessante da <strong>na</strong>rrativa do incesto das filhas <strong>de</strong> Lósegundo Athalya Brenner é o fato <strong>de</strong> que elas se ajustam a um conjunto <strong>de</strong> <strong>sedutoras</strong>que ela chama <strong>de</strong> positivas 10 .Alguns elementos <strong>de</strong>vem ser levados em conta para que entendamos comoBrenner chega a essa conclusão.As filhas <strong>de</strong> Ló planejam embriagar o pai, com o objetivo <strong>de</strong> enfraquecer seusinstintos e tor<strong>na</strong>r possível a relação. O mesmo expediente é aproveitado por Tamar eRute. Isso se constitui num padrão repetitivo, que liga as tradições das nossasperso<strong>na</strong>gens e faz <strong>de</strong>las um grupo específico <strong>de</strong> heroí<strong>na</strong>s <strong>sedutoras</strong>.A sedutora positiva busca contribuir para a preservação da or<strong>de</strong>m socialexistente.Assim os elementos básicos que nos interessam nessa <strong>na</strong>rrativa são: o fato <strong>de</strong>que as mulheres <strong>de</strong>scritas aqui são geradoras <strong>de</strong> futuros <strong>heróis</strong> <strong>na</strong> história <strong>de</strong> Israel,usam da sedução para atingir seus objetivos, e estão empenhadas em gerar filhos oque está ligado ao estilo comum das matriarcas israelitas, em que a busca pelocumprimento do <strong>de</strong>ver social <strong>de</strong> gerar para a humanida<strong>de</strong> <strong>ou</strong> para o estabelecimentoda <strong>na</strong>ção tor<strong>na</strong> a existência da mulher sem sentido e valor próprio.O autor bíblico nos faz concluir que aos olhos dos únicos sobreviventes da<strong>de</strong>struição que se abateu sobre Sodoma e as cida<strong>de</strong>s vizinhas, Ló e suas filhas, atragédia é gigantesca, talvez <strong>de</strong> escala mundial, <strong>de</strong>ixando-nos a impressão <strong>de</strong> que nãohaveria mais homens com quem as filhas <strong>de</strong> Ló pu<strong>de</strong>ssem se casar e cumprir aresponsabilida<strong>de</strong> universal <strong>de</strong> multiplicar a espécie huma<strong>na</strong>, e a responsabilida<strong>de</strong>femini<strong>na</strong> <strong>de</strong> gerar <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes para a preservação do nome da família 11 .O <strong>de</strong>sespero da mulher por gerar filhos e assim prover seu marido comher<strong>de</strong>iros po<strong>de</strong> parecer uma condição <strong>de</strong> inferiorida<strong>de</strong> para a mulher, mas era ohomem que <strong>de</strong>pendia <strong>de</strong>sse papel da mulher e nos contextos da história <strong>de</strong> Israel issoera uma honra para a mulher que estaria cumprindo um ato heróico para com asobrevivência da <strong>na</strong>ção 12 .10Athalya Brenner – A Mulher Israelita, pág. 159. A motivação com a qual se empreen<strong>de</strong> o jogo <strong>de</strong> sedução tor<strong>na</strong>possível a classificação entre <strong>sedutoras</strong> positivas e negativas. As negativas geralmente são estrangeiras, casadas,motivadas pelo simples prazer e pelos cultos estrangeiros da fertilida<strong>de</strong> e não pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerar para aconservação da humanida<strong>de</strong> <strong>ou</strong> <strong>de</strong> Israel, po<strong>de</strong>ndo causar <strong>de</strong>sequilíbrio a or<strong>de</strong>m social.11 ABD vol. 4, pág. 374.12 Rute, <strong>na</strong> ce<strong>na</strong> do casamento por levirato com Boaz. I<strong>de</strong>m, pág 351


Característico dos povos bíblicos durante a fase tribal <strong>de</strong> Israel, enquantoperegrino <strong>ou</strong> semi-nôma<strong>de</strong>, é o fato <strong>de</strong> que a observância das leis locais era umaquestão <strong>de</strong> máxima importância.Na convivência <strong>de</strong> Abraão e seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes com os povos da terra,prevaleciam as regras locais e não as que foram estabelecidas por Moisés comomandamentos para a <strong>na</strong>ção estabelecida posteriormente.O fato <strong>de</strong> o texto não mencio<strong>na</strong>r os nomes das filhas <strong>de</strong> Ló é um reflexosignificativo do androcentrismo encontrado entre os autores e editores da Bíblia, <strong>ou</strong> dap<strong>ou</strong>ca importância da mulher para o contexto social em que viviam.Mas a intervenção dos anjos, contrariando a proposta <strong>de</strong> Ló, em salvá-las daviolência sexual que sofreriam graças à oferta do próprio pai, indica uma formadiferente <strong>de</strong> valorizar a mulher do ponto <strong>de</strong> vista da divinda<strong>de</strong> e dos seressobre<strong>na</strong>turais encontrados <strong>na</strong> Bíblia.Elas são preservadas virgens 13 pela ação angelical, e assim se tor<strong>na</strong>m <strong>mães</strong> <strong>de</strong>importantes <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes legítimos <strong>de</strong> Ló, os Amonitas e os Moabitas, que <strong>de</strong> maneiraambígua se tor<strong>na</strong>m inimigos <strong>de</strong> Israel, mas ao mesmo tempo ancestrais, por Moabe, domessias <strong>de</strong> Israel.A virginda<strong>de</strong> então é introduzida como elemento <strong>de</strong> confirmação da legitimida<strong>de</strong>da paternida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ló que é útil para provar a conexão entre os ancestrais <strong>de</strong> Daviatravés <strong>de</strong> Rute, moabita, e a genealogia semítica <strong>de</strong> Terá, pai <strong>de</strong> Abraão.Se o elemento da legitimida<strong>de</strong> dos ancestrais <strong>de</strong> Davi não fosse importante,Rute po<strong>de</strong>ria ser <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> um dos genros <strong>de</strong> Ló que po<strong>de</strong>ria ter sido facilmentecolocado no enredo como sobrevivente da catástrofe sodomita e ter sido ele a gerar osamonitas e moabitas, o que seria mais facilmente digerível pela nossa moralida<strong>de</strong>religiosa do que o incesto, a exemplo do casamento <strong>de</strong> Jacó com duas irmãs.Mas em nenhum momento as filhas <strong>de</strong> Ló expressam preocupação pelapreservação da virginda<strong>de</strong> enquanto símbolo moral <strong>ou</strong> religioso, conceito queencontramos nos pensadores da patrística, e nem o <strong>na</strong>rrador bíblico se preocupa emjustificar a ausência <strong>de</strong> preocupação das filhas <strong>de</strong> Ló com essa questão.O foco moral da <strong>na</strong>rrativa notado tanto no comportamento das perso<strong>na</strong>genscomo <strong>na</strong> atitu<strong>de</strong> do <strong>na</strong>rrador, está voltado para os i<strong>de</strong>ais importantes para aquelecontexto, que são a constituição da <strong>na</strong>ção e a ancestralida<strong>de</strong> semítica da mo<strong>na</strong>rquia13 Importante frisar que o foco do autor bíblico não está no valor da virginda<strong>de</strong> como artigo espiritual, mas seu valorenquanto cultura patriarcal que consi<strong>de</strong>ra a mulher como proprieda<strong>de</strong> e a virginda<strong>de</strong> como evidência <strong>de</strong> que elanunca pertenceu a <strong>ou</strong>tro homem. Preten<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>senvolver esse conceito mais adiante.


estabelecida. Esses seriam os maiores símbolos da verda<strong>de</strong>ira religiosida<strong>de</strong> para ospré-israelitas, <strong>ou</strong> pelo menos atribuídas a eles posteriormente pelos editores da BíbliaHebraica.É uma preocupação constante do editor bíblico, apresentar claramente a ligaçãodos patriarcas <strong>de</strong> Israel com suas origens genéticas. Notamos esse fato quandoAbraão manda buscar esposa para Isaque entre os <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes da casa <strong>de</strong> seusancestrais, quando Jacó busca esposas das mesmas origens, e em vários <strong>ou</strong>trosexemplos.A condição das filhas <strong>de</strong> Ló é <strong>de</strong> extrema falta <strong>de</strong> opção, sem autorida<strong>de</strong> sequersobre sua própria vida, sem o direito sobre sua sexualida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>monstrado <strong>na</strong>disposição <strong>de</strong> Ló <strong>de</strong> entregar suas filhas aos agitadores.As filhas <strong>de</strong> Ló não po<strong>de</strong>m ser classificadas como moralmente, intelectualmente,<strong>ou</strong> espiritualmente inferiores aos homens, como po<strong>de</strong>mos notar a partir <strong>de</strong> umacomparação das motivações e atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Ló e <strong>de</strong> suas filhas.Pelas evidências do texto, elas <strong>de</strong>monstram ser capazes <strong>de</strong> conduzir seuspróprios <strong>de</strong>stinos melhor que sob o domínio <strong>de</strong> seus homens, e até mesmo usando-ospara alcançar seus objetivos.Como veremos oportu<strong>na</strong>mente, Ló ocupava a função <strong>de</strong> resgatador 14 para comsuas filhas, sendo responsável por prover-lhes marido. Se elas tiraram proveito <strong>de</strong>ssaresponsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ló para se beneficiarem, agiram <strong>de</strong>ntro dos limites do seu direito.Assim a mulher <strong>de</strong> Gênesis não po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada inferior ao homem, masmais ativa e capaz <strong>na</strong> busca <strong>de</strong> caminhos para atingir seus objetivos que sãoconsi<strong>de</strong>rados nobres.Nem mesmo a atitu<strong>de</strong> moral que dá valor a mulher po<strong>de</strong> estar ligada aimportância da virginda<strong>de</strong> como vemos nessa <strong>na</strong>rrativa <strong>de</strong> Gênesis.Phyllis A. Bird 15 faz notar que po<strong>de</strong>ríamos pensar da mulher no texto bíblicoenquanto objeto sexual, mas predomi<strong>na</strong>m <strong>na</strong> Bíblia Hebraica, atributos comointeligência, prudência, sabedoria, tática, senso prático, discernimento religioso.Comparativamente, as atitu<strong>de</strong>s e motivações das mulheres da <strong>na</strong>rrativa emquestão, são mais nobres que as dos homens, que são apontados pelo <strong>na</strong>rrador como14 O papel masculino <strong>de</strong> resgatador está ligado ao levirato, sistema <strong>de</strong> casamento comum entre os antigos povossemitas e <strong>ou</strong>tros relacio<strong>na</strong>dos a Israel, que será estudado mais <strong>de</strong>tidamente adiante.15 Bird, Phyllis A.., Missing persons and Mistaken I<strong>de</strong>ntities, Women end Gen<strong>de</strong>r in Ancient Israel, Fortress Press,Minneapolis, 1997, pág. 44.


lentos em seus <strong>de</strong>veres, vacilantes em suas <strong>de</strong>cisões e incrédulos a exemplo dospretensos genros <strong>de</strong> Ló.BIBLIOGRAGIA:ALTER, Robert, The Art of. Biblical Narrative, Basic Books, USA, 1981.BÍBLIA, Versão Revisada <strong>de</strong> acordo com os melhores textos em Hebraico e Grego,Tradução <strong>de</strong> João Ferreira <strong>de</strong> Almeida, Rio <strong>de</strong> Janeiro, Juerp, 1967.BRIGHT, J., História <strong>de</strong> Israel, São Paulo, Ed. Pauli<strong>na</strong>s, 1978, 3ª edição.CHOURAQUI, André, No Princípio, Gênesis, Tradução <strong>de</strong> Carlito Azevedo, Rio <strong>de</strong>Janeiro, Ed. Imago, 1995.J STOR, J<strong>ou</strong>r<strong>na</strong>l of Near Eastern Studies, Public: The University of Chicago Press,Chicago, Vol. 2 (Apr. 1969), Vol. 40 (Apr. 1981).THE Anchor Bible Dictio<strong>na</strong>ry, ABD, Editor chefe: David Noel Freedman, D<strong>ou</strong>bleday,Droadway, New York, 1992.TORÀ, A Lei <strong>de</strong> Moisés, Tradução, explicações e comentários do rabino Meir MatzliahMelamed, São Paulo, Ed. Sefer , 2001.BELLIS, A. O., Helpmates, Harlots Heroes, Women´s Stories in the Hebrew Bible,L<strong>ou</strong>isville, Westminster, John Knox Press, 1994.BIRD, Phyllis A., Missing Persons and Mistaken I<strong>de</strong>ntities, Women and gen<strong>de</strong>r inAncient Israel, Minneapolis, Fortress Press, 1997.BRENNER, A., A Mulher Israelita, Papel Social e Mo<strong>de</strong>lo Literário <strong>na</strong> Narrativa Bíblica,São Paulo, Ed. Pauli<strong>na</strong>s, 2001.________ Samuel e Reis a partir <strong>de</strong> uma leitura <strong>de</strong> gênero, São Paulo, Ed. Pauli<strong>na</strong>s,2003.KIRSCH, J., As Prostitutas <strong>na</strong> Bíblia: algumas histórias censuradas, Rio <strong>de</strong> Janeiro,Editora Rosa dos Tempos, 1998.RUETHER, R.R., Religion and Sexism, Images of Woman in the Jewish and ChristianTraditions, Published by Simon and Schuster, New York, 1974.PRITCHARD, James B., Ancient Near Eastern Texts Relating to the Old Tesament,Terceira Edição com suplementos, Princeton, New Jersey, Princeton University Press,1969.--------------------------------------São Paulo, 10 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2007.


Texto apresentado no I Encontro do GT Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> História das Religiões e dasReligiosida<strong>de</strong>s / ANPUH, I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s Religiosas e História, por:Eliézer Serra BragaMestrando USPLíngua Hebraica, Literatura e Cultura Judaicas.Departamento <strong>de</strong> Letras Orientais da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia, Letras e CiênciasHuma<strong>na</strong>s da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, USP.

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