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contrastes entre o poder civil e eclesiástico na obra de joão ... - UEM

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CONTRASTES ENTRE O PODER CIVIL E ECLESIÁSTICO NA OBRA DE JOÃOQUIDORT – O PODER RÉGIO E PAPAL.SECARIOLO, Fabia<strong>na</strong> Marreto (UNIMEO/CTESOP)Pouco conhecido <strong>entre</strong> os filósofos e pensadores políticos medievais, JoãoQuidort ou João <strong>de</strong> Paris, <strong>na</strong>sceu por volta <strong>de</strong> 1270 e faleceu aproximadamente em1306. Ele era fra<strong>de</strong> dominicano e tem como <strong>obra</strong>-prima O Po<strong>de</strong>r Régio e Papalelementar para os estudos <strong>de</strong> filosofia da época. Teoricamente se fundamenta emAristóteles os autores estóicos para explicar o governo <strong>civil</strong>, e busca elementos <strong>na</strong>Bíblia para compreen<strong>de</strong>r o <strong>po<strong>de</strong>r</strong> <strong>eclesiástico</strong>, on<strong>de</strong> nota-se uma clara influênciatomista em seus escritos. Sobre a Ida<strong>de</strong> Média, Quidort faz três observaçõesimportantes da politologia: A primeira é sobre a origem e intuito do <strong>po<strong>de</strong>r</strong> <strong>civil</strong> e<strong>eclesiástico</strong>. A Segunda exclui a idéia <strong>de</strong> governo universal, pois o <strong>po<strong>de</strong>r</strong> <strong>civil</strong> sóaparece, quando há <strong>po<strong>de</strong>r</strong> <strong>de</strong> coerção adaptada a cada povo em relação a seus usos ecostumes. E por último, a observação feita por Quidort é inserir as idéias aristotélicastomistasà igreja, isto é, <strong>de</strong>senvolver um <strong>po<strong>de</strong>r</strong> organizado <strong>de</strong> bases fortes, tendo comoobjetivo o bem comum, em que todos possam compartilhar do <strong>po<strong>de</strong>r</strong> e com isso<strong>de</strong>mocratizar a igreja. Separar <strong>po<strong>de</strong>r</strong> real do <strong>po<strong>de</strong>r</strong> <strong>eclesiástico</strong> são temas que Quidort<strong>de</strong>senvolve em sua <strong>obra</strong> que antece<strong>de</strong> os Tempos Mo<strong>de</strong>rnos.Esta <strong>obra</strong> <strong>de</strong> João Quidort retrata assuntos polêmicos para sua época e quelevantam discussões até hoje. Ela foi produzida em um momento conturbado <strong>entre</strong> apolítica e a situação da vida acadêmica. Essencialmente, não é possível estudar a<strong>obra</strong>, sem conhecer a situação histórica do momento, a disputa religiosa e política <strong>entre</strong>o papa Bonifácio VIII e o rei da França Filipe IV, O Belo.“O homem é um animal político ou <strong>civil</strong>”, disse Quidort inspirado <strong>na</strong> tradiçãoaristotélica-tomista, fazendo um estudo sobre a <strong>na</strong>tureza dos <strong>po<strong>de</strong>r</strong>es e a união doshomens em socieda<strong>de</strong>. (QUIDORT, 1989:18)Enten<strong>de</strong>r como o homem ou quando ele passou a viver em socieda<strong>de</strong> não é umprocesso automático, provém da <strong>na</strong>tureza, mas é necessário o uso da razão através <strong>de</strong>um pacto, <strong>entre</strong> as pessoas. Esse pacto é um elemento para a formação da socieda<strong>de</strong>,isto é, o direito <strong>na</strong>tural que se concretiza com o direito das gentes. O homem não vivepor si só, ele não se dirige a si mesmo, mas a outro indivíduo, é necessário ao serhumano a vida em multidão para sua própria existência. Essa vida em multidão ocorreem cida<strong>de</strong>s e reinos on<strong>de</strong> as pessoas buscam seus interesses e cada um encontrauma direção diferente. Por outro lado existe o bem comum or<strong>de</strong><strong>na</strong>do por uma só


2pessoa que cuida do bem comum do todos. Quidort compara esse bem comum parasocieda<strong>de</strong> com o cargo humano, ou seja, o corpo precisa <strong>de</strong> uma força comum quevisa o funcio<strong>na</strong>mento <strong>de</strong> todos os membros do corpo, para este não se <strong>de</strong>compor.Trazendo isto para a formação da socieda<strong>de</strong>, significa que on<strong>de</strong> não há umgover<strong>na</strong>nte, a socieda<strong>de</strong> se dissipa. A existência do governo é necessária, visto quealguns fazem maior uso da razão, estes conseguiam passar da vida animal para a vidaem comum e por meio <strong>de</strong> argumentos persuasivos, que direcio<strong>na</strong>m as outras pessoaspara a vida comum, sob domínio <strong>de</strong> um chefe, que impõe leis à vida comum, atravésdo direito das gentes. Então existe um bem próprio que favorece o governo damultidão, e além <strong>de</strong>sse bem próprio existe uma força que direcio<strong>na</strong> ao bem comum <strong>de</strong>todos.Quidort afirma que “o governo é <strong>de</strong>rivado do direito <strong>na</strong>tural e do direito dasgentes”, (QUIDORT, 1989:44), então a maior utilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um só é o governo damultidão, que este presi<strong>de</strong> segundo a virtu<strong>de</strong>. O <strong>po<strong>de</strong>r</strong> concentrado <strong>na</strong>s mãos <strong>de</strong> umapessoa significa a virtu<strong>de</strong> reunida em um só e por conseqüência esta virtu<strong>de</strong> fica maisforte, do que se estivesse distribuída <strong>entre</strong> muitos. Afirma ainda que um só, ogover<strong>na</strong>nte das multidões baseado <strong>na</strong> idéia <strong>de</strong> Aristóteles “aquilo pelo qual algo existeé maior do que o que existe”, (QUIDORT, 1989:45), isto é, se um só gover<strong>na</strong> segundoa virtu<strong>de</strong> para manter a paz, esta paz se fortalece no gover<strong>na</strong>nte virtuoso sem serperturbado com facilida<strong>de</strong>. O gover<strong>na</strong>nte que contribui para a formação da socieda<strong>de</strong> é<strong>de</strong> caráter individual, porém, ele busca o bem comum para satisfazer seus interesses etambém o bem comum. Mas existe aquele gover<strong>na</strong>nte que procura ape<strong>na</strong>s o própriointeresse ele é tirano, pois pensa ape<strong>na</strong>s em si e <strong>de</strong>spreza o bem comum, ou melhor, acomunida<strong>de</strong>. O interessante é que todo governo, mesmo sem querer ten<strong>de</strong>-se areduzir-se a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma or<strong>de</strong>m <strong>na</strong>tural, se comparando com o corpohumano, percebe-se um membro principal que em conjunto com outros membrosfuncio<strong>na</strong>m e a alma conserva a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos. Assim como as abelhas, pois vivemem comunida<strong>de</strong>s, mas submetem-se a um rei. É notável que os indivíduos unem-se emcomum acordo, para instituírem <strong>entre</strong> eles uma autorida<strong>de</strong> com <strong>po<strong>de</strong>r</strong>es <strong>de</strong>sig<strong>na</strong>dospelo povo. Cabe ao gover<strong>na</strong>nte fazer bom uso do <strong>po<strong>de</strong>r</strong> ou apropriar-se <strong>de</strong>sse <strong>po<strong>de</strong>r</strong> eimpor o discurso coercitivo a essa socieda<strong>de</strong>.Quidort pertence à lógica tomista, mas também cria seus próprios caminhos,pois ele <strong>de</strong>ixa um pouco a or<strong>de</strong>m <strong>na</strong>tural teleológica tomista e parte para o homemnormal ou como ele mesmo chama o homem econômico, pois a partir <strong>de</strong>ste é que se


3<strong>de</strong>ve organizar o Estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa da proprieda<strong>de</strong>, por isso que “foi instituído pelopovo um príncipe, que como juiz presi<strong>de</strong> nestes casos, discernindo <strong>entre</strong> o justo e oinjusto punindo a apropriação indébita”, pág.19, portanto, a noção <strong>de</strong> bem comum e adistribuição <strong>de</strong> bens mostra que é necessário o homem viver em multidão, <strong>na</strong>s cida<strong>de</strong>sou reinos, sob domínio <strong>de</strong> um rei, pois como diz Aristóteles o homem é um animalpolítico, <strong>civil</strong> e social que através <strong>de</strong> argumentos persuasivos passa <strong>de</strong> um estado<strong>na</strong>tural para o estado <strong>civil</strong>.Conforme Aristóteles diz que viver segundo a virtu<strong>de</strong> é a fi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> da polis, issonão quer dizer que o <strong>po<strong>de</strong>r</strong> político não possa atrelar-se ao <strong>po<strong>de</strong>r</strong> religioso, poisQuidort afirma que o “Estado é uma construção da <strong>na</strong>tureza racio<strong>na</strong>l do homem”, entãoo Estado não precisa da teologia, mas que a construção da razão é feita por meio <strong>de</strong>virtu<strong>de</strong>s morais. Quidort ressalta que “as virtu<strong>de</strong>s morais po<strong>de</strong>m ser perfeitamenteadquiridas sem as teologias e não são aperfeiçoadas por estas a não ser <strong>de</strong> modooci<strong>de</strong>ntal”, (QUIDORT, 1989:21), então sem a direção <strong>de</strong> Cristo po<strong>de</strong> haver justiça,pois o reino se coloca a viver segundo a virtu<strong>de</strong> moral adquirida, através da razão.Ernest Kantorowicz mostra que a teoria medieval da realeza é baseada noDireito Romano, on<strong>de</strong> fortalece a idéia <strong>de</strong> que o rei é o mediador dos homens <strong>entre</strong>terra e o céu. Essa idéia <strong>de</strong> mediação se concretiza no Príncipe, sendo esterepresentante do <strong>po<strong>de</strong>r</strong> divino e da Lei animada, isto é o Príncipe é a encar<strong>na</strong>ção dajustiça. O conceito <strong>de</strong> Lei animada com relação ao príncipe advém da filosofia grega,pois foi atribuído ao rei como corpo que possuía todas as virtu<strong>de</strong>s e tudo que fossepossível viver. Diante disso é possível dizer que o príncipe baseado <strong>na</strong>s Institutas doDireito Civil é uma representação da justiça, pois se não há justiça <strong>na</strong> terra, Deusenviou uma Lei viva (o príncipe), então Deus encarnou como mediador da justiça divi<strong>na</strong><strong>entre</strong> a justiça da terra. Portanto cabe ao príncipe proclamar leis ou extingui-las egover<strong>na</strong>r as multidões da forma como <strong>de</strong>sejas (KANTOROWICZ, 1998:91). Por issoque a <strong>obra</strong> <strong>de</strong> Kantorowicz é chamada Dois Corpos, a idéia <strong>de</strong> que o rei representa o<strong>po<strong>de</strong>r</strong> temporal e espiritual é um discurso muito bem elaborado com o passar dosséculos para obter toda autonomia do <strong>po<strong>de</strong>r</strong>.E como obter este <strong>po<strong>de</strong>r</strong>? Foucault explica bem isto dizendo “que o discursoestá <strong>na</strong> or<strong>de</strong>m das leis, que há muito tempo se cuida <strong>de</strong> sua aparição que lhe foipreparada um lugar que a honra, mas o <strong>de</strong>sarma; e que, se lhe ocorre ter algum <strong>po<strong>de</strong>r</strong>é <strong>de</strong> nós, só <strong>de</strong> nós, que ele lhe advém” (1998:07), portanto inserir o discurso <strong>na</strong>realida<strong>de</strong> material do povo, para que o argumento seja convincente, <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> forma


4organizada, selecio<strong>na</strong>da, pois é preciso dizer o que o povo quer ouvir. Isto é o discursoparece ser transparente, mas ironicamente não é, já que o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> <strong>po<strong>de</strong>r</strong> é intensoentão “o discurso não é simplesmente aquilo que traduz lutas ou sistemas <strong>de</strong>domi<strong>na</strong>ção, mas aquilo por que, pelo que se luta, o <strong>po<strong>de</strong>r</strong> do qual nós queremosa<strong>po<strong>de</strong>r</strong>ar” (FOUCAULT, 1998:10), ou seja, adicio<strong>na</strong>r <strong>po<strong>de</strong>r</strong> ao discurso proferido. Se orei almeja o <strong>po<strong>de</strong>r</strong> das multidões, ele precisa ser justo, mesmo que essa justiça estejaescondida a ponto <strong>de</strong> as outras não perceberem. Portanto, só é verda<strong>de</strong> aquilo que orei consi<strong>de</strong>ra como verda<strong>de</strong>, <strong>po<strong>de</strong>r</strong> sobre o <strong>po<strong>de</strong>r</strong> do rei, <strong>po<strong>de</strong>r</strong> no discurso que éproclamado.Segundo Quidort a autorida<strong>de</strong> <strong>civil</strong> justa não precisa dos preceitos da religião, esim da racio<strong>na</strong>lida<strong>de</strong>. Porém o estado para não se baseia <strong>na</strong> instituição divi<strong>na</strong>, precisa<strong>de</strong> um discurso que lhe <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>, quero dizer o discurso coercitivo influi no <strong>po<strong>de</strong>r</strong>temporal. Então são necessários duas formas <strong>de</strong> gládios, o das palavras que atinge aspessoas à distância e a coerção física aplicada àqueles que não pagam impostos ounão cumpre a lei como <strong>de</strong>seja o imperador, estes por sua vez recebem puniçõesfísicas, alertando as <strong>de</strong>mais. O <strong>po<strong>de</strong>r</strong> adquirido através do discurso <strong>de</strong> coerção écolocado como discurso verda<strong>de</strong>iro. Depois <strong>de</strong> feita uma caracterização do <strong>po<strong>de</strong>r</strong> <strong>civil</strong>,faz-se agora uma breve <strong>de</strong>finição do <strong>po<strong>de</strong>r</strong> <strong>eclesiástico</strong> para assim traçar as relações<strong>entre</strong> o <strong>po<strong>de</strong>r</strong> temporal e espiritual.Quidort faz fortes argumentações quando fala que “é necessário, porém,consi<strong>de</strong>rar que o homem não só se or<strong>de</strong><strong>na</strong> para o bem que po<strong>de</strong> ser adquirido<strong>na</strong>turalmente, que é viver segundo a virtu<strong>de</strong>, mas, além disso, or<strong>de</strong><strong>na</strong>-se para um fimsobre<strong>na</strong>tural, que é a vida eter<strong>na</strong>, à qual se or<strong>de</strong><strong>na</strong> toda a multidão dos homens quevivem segundo a virtu<strong>de</strong>” (QUIDORT, 1989:46). Neste momento João <strong>de</strong> Paris semostra fiel ao mestre e mostra a sua inspiração no De regimini principum referente aSão Tomás. A relação <strong>entre</strong> a or<strong>de</strong>m <strong>na</strong>tural e sobre<strong>na</strong>tural, isto é, o homem ten<strong>de</strong> aum fim <strong>na</strong>tural, mas correspon<strong>de</strong> ao sobre<strong>na</strong>tural. Com clareza existe <strong>na</strong> or<strong>de</strong>m <strong>na</strong>turalum ser que exerce o <strong>po<strong>de</strong>r</strong>, então <strong>na</strong> or<strong>de</strong>m espiritual acontece a mesma coisa, umaespécie <strong>de</strong> governo divino, que po<strong>de</strong> ser representada <strong>na</strong> figura do rei, como Deus. Detal forma foi confiado ao rei por Deus Pai o governo da lei divi<strong>na</strong> <strong>na</strong> vida terre<strong>na</strong>, comoafirma Quidort: “Pertence aos cuidados do rei remover os impedimentos que se põemno caminho do fim e preparar os remédios e auxílios para consegui-los, por Cristo,oferecendo-se a si mesmo <strong>na</strong> cruz a Deus Pai, como sacerdote e vítima ao mesmotempo, por sua morte removeram o impedimento universal que era a ofensa a Deus Pai


5pelo pecado comum do gênero humano” (QUIDORT, 1989:47). Então por meio dacrucificação Deus <strong>de</strong>ixou o pecado, uma espécie <strong>de</strong> mal que <strong>de</strong>ve ser curada com osremédios <strong>de</strong> Igreja em quanto <strong>po<strong>de</strong>r</strong> espiritual, representante <strong>de</strong> Deus Pai e DeusFilho, Jesus Cristo que está no céu.A partir do momento que Quidort coloca Jesus Cristo como a outra parteespiritual do rei terreno, ele está <strong>de</strong>teriorizando a autorida<strong>de</strong> política do papa perantesua base teológica. Segundo Boni, baseado em Quidort diz que a “socieda<strong>de</strong> <strong>civil</strong> contacom uma cabeça que é o rei, e a Igreja conta com Cristo, que é a cabeça do corpomístico, cabeça da igreja” (QUIDORT, 1989:27), a igreja tem o papel espiritual e o papatem a função <strong>de</strong> um ministro, mais é claro que o importante, porém um ministro quenão está à altura do rei. Então Jesus Cristo é o rei espiritual, e compete-o remover osobstáculos que impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> atingir os <strong>de</strong>vidos fins, como conclusão Tomás, diz que opecado é fruto da paixão <strong>de</strong> Cristo e cabe a ele purificar o indivíduo. Porém énecessário que Quidort explicite a alusão ao sacerdócio relativo ao sacrifício <strong>de</strong> Cristo,o <strong>po<strong>de</strong>r</strong> sacerdotal. Por quem ele é proferido?Faz-se agora necessário direcio<strong>na</strong>r estes estudos por meio da doutri<strong>na</strong> dossacramentos e então compreen<strong>de</strong>r a importância do <strong>po<strong>de</strong>r</strong> sacerdotal. Baseando-senos textos <strong>de</strong> Aristóteles, sendo os políticos e os relacio<strong>na</strong>dos com a ética, Quidort fazuma análise sobre as práticas que homem faz para chegar a Deus. Por isso faz dossacramentos seu guia através da sabedoria agostinia<strong>na</strong>, pois <strong>na</strong> visão <strong>de</strong> Quidort, ele“consi<strong>de</strong>ra o <strong>po<strong>de</strong>r</strong> <strong>eclesiástico</strong> a partir dos meios gratuitos oferecidos por Deus paralevar o homem à salvação”(QUIDORT,1989:28), portanto, as ações do homem possui aética cristã, baseada <strong>na</strong> razão e <strong>na</strong> vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontrar a salvação. Para taisconsi<strong>de</strong>rações faz-se necessário algumas consi<strong>de</strong>rações, isto é, enten<strong>de</strong>r afundamentação da instituição segundo a ética, a partir do aspecto <strong>na</strong>tural, efundamentar nos sacramentos o conceito sobre<strong>na</strong>tural, já enten<strong>de</strong>r a existência divi<strong>na</strong>e seus fundamentos, fazem parte dos estudos relacio<strong>na</strong>dos com a metafísica. Destaforma a Igreja passa a ser compreendida por meio dos sacramentos, diante do EstadoCivil, o sujeito e o objeto do <strong>po<strong>de</strong>r</strong> espiritual.O sujeito dos sacramentos que possui o <strong>po<strong>de</strong>r</strong> espiritual é Cristo que institui ossacramentos e tem o <strong>po<strong>de</strong>r</strong> da graça. Então os sacerdotes <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o sumo pontífice atéo mais humil<strong>de</strong> sacerdote são ministros <strong>de</strong> Cristo, isto é, representam o <strong>po<strong>de</strong>r</strong> <strong>de</strong> Deus<strong>na</strong> terra, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser chamados <strong>de</strong> agentes secundários, pois “Cristo é causaeficiente, o sacramento é a causa instrumental, e o sacerdote é o ministro” (QUIDORT,


61989:28). Todavia, como diz Santo Tomás, existe uma semelhança <strong>entre</strong> o instrumentoe o ministro, isto é “os ministros da Igreja atuam nos sacramentos instrumentalmente,pois <strong>de</strong> certo modo o ministro e o instrumento têm a mesma <strong>na</strong>tureza. Porque oministro não age pela própria forma, mas por virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> quem move”. (QUIDORT,1989:28). De fato tanto as ações do ministro quanto do instrumento, advém da origemextrínseca, por parte <strong>de</strong> quem recebe ação do ministro ou dos sacramentosinstrumentais, já que são agentes secundários, mas estes produzam em virtu<strong>de</strong>s os<strong>de</strong>sejos do agente principal, ou seja, o Cristo Criador.Quanto ao objeto do <strong>po<strong>de</strong>r</strong> <strong>eclesiástico</strong>, Quidort o <strong>de</strong>fini como: “O sacerdócio é o<strong>po<strong>de</strong>r</strong> espiritual conferido por Cristo aos ministros da Igreja para dispensarem ossacramentos aos fiéis”. (QUIDORT, 1989:48). Partindo <strong>de</strong>sta constatação po<strong>de</strong>-sedizer que Cristo conferiu o <strong>po<strong>de</strong>r</strong> a Igreja, pois não se trata <strong>de</strong> um <strong>po<strong>de</strong>r</strong> adquirido pelaforça ou pela razão, mas que tem por objetivo administrar os sacramentos. Percebe-seque Quidort separa os dois <strong>po<strong>de</strong>r</strong>es, <strong>civil</strong> e <strong>eclesiástico</strong>, pois ao <strong>po<strong>de</strong>r</strong> <strong>civil</strong> compete“preocupar-se com a vida terre<strong>na</strong> dos homens” (QUIDORT, 1989:51) e ao <strong>po<strong>de</strong>r</strong>religioso, cabe preocupar-se com a administração dos sacramentos.D<strong>entre</strong> os argumentos apresentados, quais os <strong>po<strong>de</strong>r</strong>es que Cristo concebeu aosapóstolos? É consi<strong>de</strong>rável que o sacerdócio é o <strong>po<strong>de</strong>r</strong> espiritual conferido aos ministrosda Igreja, para administrar os sacramentos aos fiéis para que estes alcançassem à vidaeter<strong>na</strong>. Porém a igreja é um corpo (sacerdotes) que precisam da alma (<strong>po<strong>de</strong>r</strong> espiritual)para administrar os sacramentos, como ressalta Quidort “Deus, juntamente com o<strong>po<strong>de</strong>r</strong> sacerdotal, dá aos sacerdotes os meios ou disposições correspon<strong>de</strong>ntes, sem osquais eles não po<strong>de</strong>m exercer o <strong>po<strong>de</strong>r</strong>” (QUIDORT, 1989:83), isto é, é necessária acapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consagrar a matéria, pois segundo São Hugo <strong>de</strong> São Vitor e PedroLombardo “o sacramento é um elemento sensível santificado e consagrado pelapalavra <strong>de</strong> Deus” (QUIDORT, 1989:83). Essas disposições que Quidort fala, são osseis <strong>po<strong>de</strong>r</strong>es conferidos por Cristo aos sacerdotes, sendo três puramente espirituais.Essas disposições foram encontradas nos Evangelhos, dadas aos apóstolos ediscípulos <strong>de</strong> Deus, seguindo aos sucessores <strong>de</strong> Pedro, ou seja, os ministros da Igreja,os <strong>po<strong>de</strong>r</strong>es são estes:1- “O <strong>po<strong>de</strong>r</strong> <strong>de</strong> consagração, por vezes chamado também caráter ou <strong>po<strong>de</strong>r</strong> <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m,conferido pelo Senhor <strong>na</strong> última ceia, quando, <strong>entre</strong>gando-lhes seu próprio”. Corpo soba forma <strong>de</strong> pão, disse (Lc 22,19): “Fazei isto para celebrar a minha memória”


7(QUIDORT, 1989:84). Aqui se faz a administração dos sacramentos da palavra divi<strong>na</strong>,segundo Cristo.2- “O Po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> administrar os sacramentos, principalmente o da penitência, que o<strong>po<strong>de</strong>r</strong> das chaves ou a jurisdição espiritual, no foro da consciência” (QUIDORT,1989:84) Este foro espiritual foi <strong>de</strong>sig<strong>na</strong>do a Pedro, a respeito do perdão dos pecados,isso se afirma no texto bíblico do Evangelho <strong>de</strong> Mateus 18,18; “Em verda<strong>de</strong> vos digo:tudo que ligar<strong>de</strong>s sobre a terra será também ligado no céu, e tudo o que <strong>de</strong>sligar<strong>de</strong>ssobre a terra será também <strong>de</strong>sligado no céu”. Isto se diz como uma complementaçãodo <strong>po<strong>de</strong>r</strong> sacerdotal, conferido ao ministro principal, o sumo pontífice.3- “O <strong>po<strong>de</strong>r</strong> <strong>de</strong> ofício do apostolado ou da pregação, que foi dado aos apóstolos peloSenhor ao dizer-lhes em Mateus 10,7: I<strong>de</strong> e anunciai que se aproxima o reino <strong>de</strong>Deus”. (QUIDORT, 1989:85). Deus conce<strong>de</strong> aos apóstolos a administração e pregação<strong>de</strong> sua palavra.4- “O <strong>po<strong>de</strong>r</strong> <strong>de</strong> correção judicial no foro externo pela qual <strong>de</strong>vido ao temor da pe<strong>na</strong>, ospecados são corrigidos, principalmente aqueles que provocam escândalo <strong>na</strong> Igreja”.(QUIDORT, 1989:85). Este afirma no Evangelho <strong>de</strong> Mateus 18,15: “Se teu irmão pecoucontra ti e se não ouvir, diz à Igreja, e se não ouvir tem-no em conta pagã e publicano”.Este <strong>po<strong>de</strong>r</strong> é dado à Igreja, ela po<strong>de</strong> julgar e punir, por meio da censura eclesiástica.5- “O <strong>po<strong>de</strong>r</strong> <strong>de</strong> dispor os ministros quanto à <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ção da jurisdição eclesiásticapara que se evite confusão. Este <strong>po<strong>de</strong>r</strong> foi dado a Pedro e as seus sucessores ao serlhedito em Jo 21,17:”. “Apascenta as milhas ovelhas”. (QUIDORT, 1989:85). Este<strong>po<strong>de</strong>r</strong> trata do que <strong>de</strong>ve ser feito como pecador através da jurisdição sacerdotal, eassim a absolvição dos pecados, por isso o termo “apascentar”, ou seja, manter orebanho <strong>de</strong> Cristo unido por meio do perdão.6- “O sexto <strong>po<strong>de</strong>r</strong> é o resultado dos anteriores: “O <strong>de</strong> receber o necessário para umconveniente sustento da vida da parte daqueles a quem conferem os bens espirituais”“.(QUIDORT, 1989:87). Neste <strong>po<strong>de</strong>r</strong> percebe-se claramente o <strong>po<strong>de</strong>r</strong> espiritual sobre otemporal, que os apóstolos precisam somente do essencial para viver, <strong>de</strong>ficiência dosbens materiais.Perante tais afirmações João Quidort conclui que “os apóstolos não receberam<strong>de</strong> Cristo outro <strong>po<strong>de</strong>r</strong> além <strong>de</strong>stes, a não ser o <strong>de</strong> realizar milagres para confirmar a fé,mas neste <strong>po<strong>de</strong>r</strong> os bispos e sacerdotes não os suce<strong>de</strong>m necessariamente, já que anossa fé não precisa <strong>de</strong> milagres para ser hoje confirmada”. (QUIDORT, 1989:87).Então o que se enten<strong>de</strong> que quando se trata <strong>de</strong> <strong>po<strong>de</strong>r</strong> espiritual, <strong>de</strong> salvação é o sumo


8pontífice que <strong>de</strong>vem estar direcio<strong>na</strong>dos os sujeitos. Portanto a igreja possui o <strong>po<strong>de</strong>r</strong><strong>eclesiástico</strong>, fortalecido pelo <strong>po<strong>de</strong>r</strong> <strong>de</strong> coerção.Mas qual é esse <strong>po<strong>de</strong>r</strong> <strong>de</strong> coerção? Esse <strong>po<strong>de</strong>r</strong> parte do <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> queo papa tem em relação aos dogmas da igreja, claro sempre com intuito <strong>de</strong> aumentaresse <strong>po<strong>de</strong>r</strong>. Os meios usados pelo sumo pontífice são espirituais e precisam <strong>de</strong> umdiscurso convincente para que o culpado ou pecador se redima, diante do medo daexcomunhão, em razão disso como diz Michel Foucault “o discurso verda<strong>de</strong>iro não émais, com efeito, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os gregos, aquele que respon<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>sejo ou aquele queexerce o <strong>po<strong>de</strong>r</strong>, <strong>na</strong> vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>, <strong>na</strong> vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> dizer esse discurso verda<strong>de</strong>iro,o que está em jogo, senão o <strong>de</strong>sejo e o <strong>po<strong>de</strong>r</strong>? E continua dizendo que a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong>verda<strong>de</strong>, essa que se impõe a nós há bastante tempo, é tal que a verda<strong>de</strong> que ela quernão po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> mascá-la-á” (FOUCAULT, 1998:20). Em se tratando do sumopontífice relacio<strong>na</strong>ndo com a teoria focotia<strong>na</strong>, o papa possui <strong>na</strong>da mais que <strong>po<strong>de</strong>r</strong> <strong>de</strong>coerção por meios das palavras fundamentadas precisamente nos dogmas da Igreja.Tudo em razão e a favor <strong>de</strong> Cristo.Porém isso po<strong>de</strong> mudar apartir do momento que o <strong>po<strong>de</strong>r</strong> <strong>de</strong> intervençãoeclesiástica não for mais convincente, isto é, o <strong>po<strong>de</strong>r</strong> político usar outros discursoscomo verda<strong>de</strong>, confrontando com as existentes, causando o aparecimento <strong>de</strong> dúvidasque levam a separação do <strong>po<strong>de</strong>r</strong> <strong>eclesiástico</strong> e <strong>po<strong>de</strong>r</strong> <strong>civil</strong>, sendo este último oessencial para o <strong>de</strong>senvolvimento do homem <strong>na</strong> terra.Depois <strong>de</strong> feita a <strong>de</strong>finição dos dois <strong>po<strong>de</strong>r</strong>es, é necessária traçar as relações <strong>entre</strong>ambos. É uma situação difícil, pois é um tema bastante polêmico, Estado e Igrejatraçam acontecimentos extremante importante <strong>na</strong> construção da história, orelacio<strong>na</strong>mento <strong>de</strong>sses dois <strong>po<strong>de</strong>r</strong>es é cume da discórdia <strong>entre</strong> o papa e o rei. EgídioRomano teólogo no século XIII foi <strong>de</strong> extrema importância em relativas as <strong>de</strong>cisões<strong>entre</strong> Bonifácio VIII e Felipe, o Belo. Tanto que Egídio é citado <strong>na</strong> bula papal U<strong>na</strong>mSanctan. Egídio faz uma fundamentação da teoria papal e a incorporação do <strong>po<strong>de</strong>r</strong> <strong>civil</strong>ao religioso. Hugo <strong>de</strong> São Vitor diz citado por Boni que “o <strong>po<strong>de</strong>r</strong> espiritual <strong>de</strong> instituir oterreno e, se este não for bom, julga-lo” (QUIDORT, 1989:30), <strong>de</strong>sta forma o “<strong>po<strong>de</strong>r</strong>temporal <strong>de</strong>ve ser relacio<strong>na</strong>do a Deus só através do <strong>po<strong>de</strong>r</strong> espiritual”, (QUIDORT,1989:30). Isso po<strong>de</strong> ser afirmado pela teoria <strong>de</strong> Egídio Romano em relação às duasor<strong>de</strong>ns no mundo dos homens, ou seja, “uma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> vem cima para baixo, por<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ção divi<strong>na</strong>, e a ela <strong>de</strong>ve o homem sujeitar-se para alcançar a salvação. Outraor<strong>de</strong>m tem um procedimento inverso: surge <strong>de</strong> baixo para cima, constitui-se a partir das


9<strong>de</strong>cisões da vonta<strong>de</strong> huma<strong>na</strong>” (ROMANO, 1989:14). Parte-se então <strong>de</strong> um princípio <strong>de</strong>or<strong>de</strong>m geral, encaminhando para o princípio <strong>de</strong> metafísico, isto é, um <strong>po<strong>de</strong>r</strong>obrigatoriamente tem que estar sobre o outro, como diz Egídio “ que o gládio temporal,como inferior, seja reduzido pelo gládio espiritual superior” (QUIDORT,1989:31).Quidort oponente <strong>de</strong> Egidio Romano trabalha bem a relação <strong>entre</strong> os dois<strong>po<strong>de</strong>r</strong>es, pois preten<strong>de</strong> mantê-los distintos e afirma que “as relações <strong>entre</strong> <strong>po<strong>de</strong>r</strong>es<strong>de</strong>siguais po<strong>de</strong>m dar-se tanto sob o aspecto <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência <strong>entre</strong> ele como sob o <strong>de</strong><strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> ambos com relação a um terceiro” (QUIDORT, 1989:32). Quidort cita oexemplo o <strong>po<strong>de</strong>r</strong> do pro cônsul que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do <strong>po<strong>de</strong>r</strong> do imperador. O médico, porexemplo, visa o bem estar do corpo, o mestre o bem estar do espírito. Então o mestreda casa ou pais <strong>de</strong> família tem conhecimento em outras áreas, não saberia como sefaz a preparação dos remédios.Portanto, conclui-se Quidort que, “assim, pois, o <strong>po<strong>de</strong>r</strong> secular é superior aoespiritual em algumas coisas, isto é, <strong>na</strong>s coisas temporais e neste assunto não seencontra sujeito em <strong>na</strong>da ao espiritual, pois não proce<strong>de</strong> <strong>de</strong>le, mas ambos provêm <strong>de</strong>um só <strong>po<strong>de</strong>r</strong> supremo, que é o divino e por isto o <strong>po<strong>de</strong>r</strong> inferior não está sujeito aosuperior em todas as cosias, mas ape<strong>na</strong>s <strong>na</strong>quelas em que o <strong>po<strong>de</strong>r</strong> supremo o colocousob o superior” (QUIDORT, 1989:54). Portanto, vale dizer que o sacerdote é superiorao príncipe <strong>na</strong>s coisas espirituais e o princípio é superior ao papa <strong>na</strong>s coisastemporais.É importante <strong>de</strong>stacar que a diferença <strong>entre</strong> os dois <strong>po<strong>de</strong>r</strong>es, não<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong> causalida<strong>de</strong>, pois o <strong>po<strong>de</strong>r</strong> do papa não advém por causado <strong>po<strong>de</strong>r</strong> <strong>civil</strong>. O <strong>po<strong>de</strong>r</strong> do papa provém diretamente <strong>de</strong> Cristo, pois é o verda<strong>de</strong>irosacerdote <strong>de</strong> Cristo, para isso que em partes o <strong>po<strong>de</strong>r</strong> espiritual sobrepõe o <strong>po<strong>de</strong>r</strong>temporal. Se em algum momento o rei é instruído pelo papa em alguma situaçãocomplicada, o rei o fez <strong>na</strong> condição <strong>de</strong> fiel. O que não acontece em relação ao <strong>po<strong>de</strong>r</strong><strong>civil</strong>, pois o príncipe consi<strong>de</strong>ra-se superior, mas se <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>sse do papa para gover<strong>na</strong>r,seria um governo papal e o rei seria um ministro <strong>de</strong> papa.Portanto, João Quidort, <strong>de</strong>fine as relações <strong>entre</strong> os dois <strong>po<strong>de</strong>r</strong>es, a partir doprincípio tomista <strong>de</strong> que a or<strong>de</strong>m <strong>na</strong>tural constitui um fim em si mesmo. Quidort propõea separação dos <strong>po<strong>de</strong>r</strong>es, como duas instituições diferente, a partir do momento emque Estado se tor<strong>na</strong> mundano e a Igreja se tor<strong>na</strong> exclusivamente espiritual. A partir<strong>de</strong>ste momento, percebe-se o rompimento <strong>entre</strong> o <strong>po<strong>de</strong>r</strong> político-religioso da Ida<strong>de</strong>Média.


10REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASROMANO, Egídio. Sobre o Po<strong>de</strong>r Eclesiástico. Petrópolis, RJ: Vozes, 1989.KANTOKOWICZ, Ernest. Os Dois Corpos do Rei. Um Estudo sobre Teologia PolíticoMedieval. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.LOYN, Henry R. (Org.) Dicionário da Ida<strong>de</strong> Média. 2ª Ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Jorge Zahar:1989.QUIDORT, João. “Sobre o Po<strong>de</strong>r Régio e Papal”. IN: Luis A. <strong>de</strong> Boni: Petrópolis, RJ:Vozes, 1989.BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Tradução. Centro Bíblico Católico. 34 ed. ver. SãoPaulo: Ave Maria, 1982.DUBY, Georges. Ida<strong>de</strong> Média <strong>na</strong> França. De Hugo Capeto a Joa<strong>na</strong> D’Arc. Rio <strong>de</strong>Janeiro: Jorge Zahar; Ed., 1992.ARRUDA, José Jobson. Toda a História. História Geral. História do Brasil. São Paulo:Ática, 3ª Ed.: 1995.

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