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Tecnicas Construtivas - Histeo.dec.ufms.br

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A TÉCNICACONSTRUTIVA DOBRASIL- COLÔNIACaroline de A<strong>br</strong>euMellina BrossNádia NimerPriscilla Azambuja


AS CONDIÇÕESHISTÓRICAS DACONSTRUÇÃO NOBRASIL-COLÔNIA


As principais condições que determinaram o caráter dasconstruções na época colonial foram:- Uso da mão-de-o<strong>br</strong>a escrava.- Precariedade dos meios construtivos.- Tentativa de repetição do padrão português.


“Fazer parte de um povo colonizado é como não ter uma identidade primária,pois quase tudo o que se considera cultura, conhecimento e costume sãoimportados dos países colonizadores que se mistura com o pouco de tudo dacultura mundial e o pouco da cultura local que existe até formar um grande caldogrosso onde de tudo se encontra e isso se torna a identidade daquele lugar.”Arquitetura popular em Portugal – Viana do AlentejoClaustro do convento do Desterro - Bahia


- A arquitetura também sofreu esse processo: formas, estilos e escolasseguidos no Brasil-colônia.- Toda arquitetura colonial foi construída através de métodosconstrutivos do velho mundo, pois para se fazer arquitetura é preciso construir epara isso são necessários técnicas e conhecimentos científicos ou experiênciasantecedentes, empíricas.- Tudo o que se fazia era baseado em experiências anteriores bemsucedidas, em muitos casos só se teria certeza que a construção iria parar empé depois de pronta.- Técnicas construtivas e materiais vindos de Portugal sofreram lentatransformação, sendo que algumas técnicas fundamentais, como taipa de pilão ea cantaria, so<strong>br</strong>eviveram até a Era Industrial, por falta de uma devida evolução.Residência feita em pedra - PortugalResidência feita em pedra - Goiás


Dividiam-se basicamente duas vertentes: uma popular e outra erudita.Erudita: representada pelos engenheiros militares- construção de fortificações,- desenvolveram as formas de representação projetual arquitetônica- conhecimentos eram transmitidos através de “Aulas” e “Tratados”segundo o modelo da Aula de Lisboa.Fortaleza de São José da Ponta Grossa – SantaCatarina


Popular: representada pelos Mestres de Ofício- conhecimentos eram acumulados durante séculos- transmitidos de forma oral/prática pelos mestres para os seusaprendizes. - resultado é um sistema construtivo econômico e seguro,capaz de ser aplicado nas condições de uma terra recém descoberta, “Taipa dePilão”, “Taipa Travada”, “Pau-a-Pique”, “Alvenaria de Pedra” , “Alvenaria deTijolo” e os chamados Sistemas Mistos.Arco feito em pedra – Santa CatarinaPirenópolis - GO


[[Fragmentos do livro de Nestor Goulart Reis Filho, “Quadro da arquitetura noBrasil”]]“A produção e o uso da arquitetura e dos núcleos urbanos coloniais baseavamseno trabalho escravo. Por isso mesmo, o seu nível tecnológico era dos maisprecários.”- Preocupação com o caráter formal - dimensões e números deaberturas, altura dos pavimentos e alinhamentos com as edificações vizinhas –para garantir as vilas e cidades <strong>br</strong>asileiras uma aparência portuguesa.- As técnicas construtivas sempre muito primitivas*Sistema de cobertura, em telhado de duas águas*A simplicidade das técnicas devido a abundância de mão-de-o<strong>br</strong>aescrava*Cidade tinha todo um sistema apoiado so<strong>br</strong>e o trabalho escravoSalvador - BahiaFundação cultural do Maranhão


[[Fragmentos do livro de Nestor Goulart Reis Filho, “Quadro da arquitetura noBrasil”]]Lenta evolução tecnólogica mesmo com após o final do período colonial:1800-1850- Continuação da dependência do trabalho escravo-Todavia, na Corte, a presença da Missão Cultural Francesa e afundação da Academia de Belas Artes iriam favorecer o emprego <strong>dec</strong>onstruções mais refinada.1850-1900- Decadência do trabalho escravo e com o início da imigração européia- Desenvolvimento do trabalho remunerado e aperfeiçoaram-se astécnicas construtivas.- A crescente exportação do café possibilitaria a generalização do usode equipamentos importados, que libertariam os construtores do primitivismodas técnicas tradicionais.- Durante o Segundo Império um avanço tecnológico tanto maiorquanto mais nos aproximamos da abolição da escravatura.


[[Fragmentos do texto de Lúcio Costa, “Lúcio Costa – Registro de umavivência”]]Reprodução de sistemas construtivos:Beiral“Diz-se, por exemplo, que os beirais das nossas velhas casas tinham por funçãoproteger do sol, quando a verdade é, no entanto, bem outra. Um simples cortefaz compreender como, na maioria dos casos, teria sido ineficiente tal proteção;e os bons mestres jamais pensariam nisso, mas na chuva, isto é, afastar dasparedes a cortina de água derramada do telhado.”Paredes“Pretende-se também, que os antigos faziam as paredes de espessuradesmedida, não apenas por precaução, por causa das dúvidas so<strong>br</strong>e resistênciae estabilidade – mas, ainda, com o intuito de tornar os interiores mais frescos.Ora, nas construções de arcabouço de madeira e da mesma época, as paredestêm invariavelmente, a espessura dos pés-direitos, e nada mais, exatamentecomo tem agora a espessura dos montantes de concreto.”


[[Fragmentos do texto de Lúcio Costa, “Lúcio Costa – Registro de umavivência”]]Reprodução de sistemas construtivos:Calha“Depois, com o aparecimento das calhas, surgiram aos poucos, logicamente, asplatibandas, continuando as cornijas – já sem função – presas ainda à paredepela força do hábito e meio sem jeito até que, agora, com as coberturas emterraço jardim, a transformação se completou. E a prova de que sóexcepcionalmente se atribuía ao beiral outra finalidade, é que na Califórnia, noMéxico, em Marrocos, onde o sol também é muito, mas a chuva escassa, elequando existe se reduz o mais das vezes a própria telha.”Goiás Velho - GOSalvador - Bahia


[[Fragmentos do texto de Lúcio Costa, “Lúcio Costa – Registro de umavivência”]]Reprodução de sistemas construtivos:Aberturas“Outro ponto digno de atenção é o que se refere à relação dos vãos com aparede. Nas casa mais antigas, presumivelmente nas dos fins dos século XVI edurante todo o século XVII, os cheios teriam predominado e logo secompreende porque; a medida, porém, que a vida se tronava mais fácil e maispoliciada, o número de janelas ia aumentando; já no século XVIII, cheios evazios se equili<strong>br</strong>avam e no começo do século XIX, predominavam francamenteos vãos; de 1850 em diante as om<strong>br</strong>eiras quase se tocam, até que a fachada,depois de 1900, se apresenta praticamente toda aberta tendo os vãos, muitasvezes, om<strong>br</strong>eira comum. O que se observa, portanto, é a tendência para a<strong>br</strong>irsempre e cada vez mais, até chegar a nossas varandas, que não passam deuma sala completamente aberta!”


Você é o tipo de pessoa que faz todos os trabalhos de últimahora????Além de fazer na última hora faz tudo mal feito, oumelhor, “feito nas coxas”???Você acha que essa expressão foi inventada especialmentepara se referir a todos os trabalhos que você faz???VOCÊ ESTÁ COMPLETAMENTEENGANADO!!!!!!!!!!!!!!!!!


QUAL A ORIGEM DA EXPRESSÃO “FEITO NASCOXAS”???????Na época da escravidão no Brasil, as telhas para construção dos telhados dascasas eram feitas de barro e, para ganhar forma, moldadas nas coxas dosescravos. Como o formato das coxas variavam de escravo para escravo, cadatelha adquiria um formato diferente, dificultando o encaixe de uma na outra,tornando disforme e mal acabado o telhado das casas.Com a Revolução Industrial, com a evolução e mecanização da fa<strong>br</strong>icação detelhas, com a industrialização em geral, o processo de fa<strong>br</strong>icação das telhasconseguia produzir, progressivamente, telhas de alta qualidade e de formatosuniformes. As telhas com defeito (baixa qualidade e/ou disformes) eramrejeitadas. Como forma de gozação, surgiu a expressão "Feito nas coxas", parase referir a essas telhas mal feitas, que pareciam ter sido feitas como os antigosescravos as produziam. Mais tarde, a expressão tomou conta da fala popular,sempre se referindo à alguma coisa mal feita.


A TAIPA


ORIGEM• Técnica empregada desde de a pré-história.• Utilizada na Turquia, Egito, na muralha da China.• O termo taipa significa a utilização de solo, argila outerra como matéria-prima básica de construção.• A utilização da terra em construções em Portugal estádocumentada desde a presença Romana.• Os negros trazidos para o Brasil também conhecia oprocesso construtivo utilizando terra.• A taipa executada no Brasil Colonial pode ser divididaem dois grupos: Taipa de pilão e Taipa de mão


ORIGEM• A taipa é um processo milenar de construção.Os portugueses trouxeram-na para o Brasil,quando só havia as ocas dos índios, edifundiram de norte ao sul do país. Tornou-seassim uma das manifestações maistradicionais de nossa arquitetura, e teve seuperíodo de excelência durante o ciclo dosouro em cidades como Ouro Preto,Congonhas e Diamantina.


TAIPA DE PILÃO


• A taipa encontrada no período colonial<strong>br</strong>asileiro é executada com terra retiradade local próximo à construção devido àsdificuldades de transporte;


• A mistura de materiais como cimento, cal e terra naproporção de 1: 1: 8.• Para obter uma maior consistência ainda utiliza sanguede boi e óleo de peixe. Na execução da parede, aindapode utilizar uma tela de galinheiro dividindo a paredeem duas partes, onde na parte interna utiliza-se misturasdiferentes como: pó de madeira, semente de eucalipto,casca de nozes, palha ou resto de milho. Na parteexternas, acrescenta-se terra asfalto, piche ou sumo <strong>dec</strong>actos.


TAIPA DE MÃO• As paredes de taipa de mão (quedependendo da região e da épocatambém recebem o nome de taipa desebe; pau-a-pique; barro armado; taipa depescoção e tapona e sopapo) foram muitoempregadas em todo o Brasil desde oinício da colonização.


• Existem outrastécnicas semelhantesao pau-a-piquebastanteinteressantes, comoparedes com tufos desapê ou commoringas, cobertascom barro.


Museu José Antônio PereiraComposiçãoo da taipa de paua-pique:[1]. Frechal:peça roliça em Baru (Cumbaru)[2]. Esteio: poste de aroeira[3]. Trama:pau-a-pique (madeira docerrado)varas de guariroba[4]. Argamassa de barro:barro de olaria (barro forte)barro de várzea (barro fraco)areiaesterco de gado[5]. Baldrame: viga de aroeira


ADOBE• Técnica de construção comum no mundotodo, que utiliza o barro com pequenaquantidade de areia como matéria prima.O barro deve ser bem sovado e moldadoem formas de madeira, sofre o processode secagem a som<strong>br</strong>a, e não recebequeima.


CONSTRUÇÕESEM PEDRAS


Construções em pedraA pedra natural tem sido utilizada nasconstruções desde o período préhistórico.As casas, geralmente, possuíamapenas a fundação e ou umbarrado de pedra.


Construções em pedra


Construções em pedraA pedra no Brasil –colônia foi usada maisem construçõespúblicas e religiosas.Museu da Inconfidência


TELHADOS ECOBERTURAS


Pelourinho.Pelourinho.Vista geral da Ladeira da Misericordia, SalvadorPelourinho.


Ouro Preto.


Exemplos de camarinha.Ägua Furtada, São João Del Rei.Vila Rica, Ouro Preto.


Tesoura Canga de PorcoTesoura Canga de Porco, com linha baixaTesoura Pendural.Igreja de N. Sª. das Fronteiras Recife (cai<strong>br</strong>o roliço e ripa de imbiriba).


Exemplo de telhas artesanais, “nas coxas”.Igreja Nossa Senhora do Carmo, Recife.Beiral residência em Parati.


Alpendre, Casa no Sítio Butantã, São Paulo.Telhado em quatro águas, Casa no Sítio Butantã, São Paulo.Estrutura do telhado, Casa no Sítio Butantã, São Paulo.Detalhe cachorro, Casa no Sítio Butantã, São Paulo.


Casa Grande e Capela do Sitio Santo Antonio, em São Roque.


Igreja e Convento de Santo Antonio, 1654, Igarassu.


Detalhe das tesouras, Casa dos Sete Candeeiros, 1660, SalvadorCasa dos Sete Candeeiros, 1660, Salvador


Igreja de nossa senhora da conceição da praia, 1760, Salvador.Casa dos Contos, 1750-1790, OuroPreto.Casa da Câmara e Cadeia, 1970, Mariana- MG.


Igreja de Nossa Senhora da Conceição, 1715, Sabará – MG.Igreja de Nossa Senhora da Conceição, 1715, Sabará – MG


Plano Geral de um engenho, segundo L.L. Vauthier:a. Capelab. casa-gran<strong>dec</strong>. Quarto Para hóspedesd. Senzalase. So<strong>br</strong>adinho, casa do admnistradorf. Alpendre para os cavalos da moendah. Telheiro acima da fornalhai. Casa do bagacoj. Estrebariak. Casa de purgar, destilaria, armazemde acucar, oficinas do carpinteiro, doserralheiro, do segueiro, etc., pavilhaopara o fa<strong>br</strong>ico da farinha de mandioca.l. Alpendre servindo para olariam,n. portoes de entrada e saida doengenhoo. Hortap. Terreno plantado de mandiocaq. Pastor. Campos de cana de acucar.


Sede da Fazenda Pau-d’Alho, em Itu, São Paulo: exemplo de edificação paulista detradição bandeirista, com o pretório ao centro, coberto pela água fronteira do telhado.Fonte: Katinsky, 1976:50.Casa do Sítio do Padre Inácio, 1690, Cotia –SP.Casa do Sítio do Padre Inácio, 1690, Cotia –


Vista da fa<strong>br</strong>ica do engenho Cavalcnti da Mata, em Paudalho.Estrutura da coberta da fa<strong>br</strong>ica do engnho Poço Comprido, em Vicência.Moenda e estrutura da cobertadafá<strong>br</strong>ica de engenho Acêrto, em Fá<strong>br</strong>ica do Engenho Junco, em Nazaré da Mata.


Senzala do engenho Matas, no Cabo do Santo Agostinho.Senzala do engenho Jurisaca, no Cabo do Santo Agostinho.


Casa-grande do engenho Matapiruna, em Escada.Casa-grande do engenho Limeira, em Aliança.


Exemplo de capitel do engenho Sirriji, em Aliança.Interior do alpendrePreta.do engenho Camarão, em AguaCasa-grande do engenho Camarão, em Agua Preta.


Casa-grande do engenho Amoroso, em Água Preta.Alpendre casa-grande do engenho Contendas, em EscadaCasa-grande do engenho São João, em Recife.


Casa de vivenda, Frans Post.Casa de vivenda, Frans Post.Engenho, ainda sem casa grande, Frans Post.Casa grande, Frans Post.

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