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morfologia externa do gafanhoto adulto eutropidacris sp.

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Catalogação internacional3


Sumário4


5APRESENTAÇÃOOs estu<strong>do</strong>s morfológicos em Biologia têm si<strong>do</strong> uma fonte importante deinformação para a proposição de hipóteses sobre as relações filogenéticas<strong>do</strong>s seres vivos, e, as estruturas morfológicas ainda são a matéria prima daschaves de identificação das e<strong>sp</strong>écies. Os avanços na genética fizeram comque os biólogos descobrissem que e<strong>sp</strong>écies muito similares podem serdistintas quan<strong>do</strong> examinadas a nível genético, dan<strong>do</strong> assim, uma novadimensão ao estu<strong>do</strong> da evolução.Nos últimos anos, os avanços na biologia molecular têm permiti<strong>do</strong> ao<strong>sp</strong>esquisa<strong>do</strong>res propor hipóteses sobre as relações filogenéticas <strong>do</strong>s seresvivos, as vezes conflitantes com as hipóteses baseadas apenas em estu<strong>do</strong>smorfológicos, o que tem leva<strong>do</strong> a amplas revisões morfológicas dessesgrupos. Os estu<strong>do</strong>s moleculares têm resolvi<strong>do</strong> a filogenia de grupos muitodistantes na escala evolutiva (KNOLL, 1992), no entanto, quan<strong>do</strong> os estu<strong>do</strong>ssão dirigi<strong>do</strong>s para grupos genealogicamente próximos, os resulta<strong>do</strong>s sãomuito conflitantes (ver por exemplo a revisão de WHEELER, 1998 sobre osestu<strong>do</strong>s moleculares para Arthropoda). Estu<strong>do</strong>s filogenéticos que integrenda<strong>do</strong>s morfológicos e moleculares (evidencia total) poderiam ser umaalternativa para melhor entender a evolução de um grupo (e.g. WHEELER, etal. 1993; WHEELER, 1998;).O termo inseto, de uma maneira ampla, faz referência a to<strong>do</strong>s osanimais com três tagmas, e que possuem três pares de apêndiceslocomotores apenas no tagma torácico. Esse grupo de animais é atualmenteconheci<strong>do</strong> como Hexapoda, e inclui os táxons com representantes recentes:Collembola, Protura, Diplura, Archaeognatha, Zygentoma e Pterygota(KRISTENSEN, 1991; KUKALOVÁ-PECK, 1991). O nome Insecta fica restritoao táxon que reúne Archaegnatha, Zygentoma e Pterygota (KRISTENSEN,1991; KUKALOVÁ-PECK, 1991; BITSCH, 1994). O desenvolvimento de asasaconteceu apenas uma vez, no grupo conheci<strong>do</strong> com Pterygota.Os <strong>gafanhoto</strong>s são insetos pterigotos, classifica<strong>do</strong>s na ordemOrthoptera, junto com as e<strong>sp</strong>eranças e os grilos, entre outros. Os ortópterosconstituem um grupo basal de insetos (KRISTENSEN, 1991; KUKALOVÁ-PECK, 1991), e conservam algumas características plesiomórficas <strong>do</strong> planobásico da Insecta.Os trabalhos de SNODGRASS (1935) e MATSUDA (1965, 1970, 1976)tratam sobre <strong>morfologia</strong> comparativa de insetos e até agora são textos dereferência para qualquer estu<strong>do</strong> em <strong>morfologia</strong>, não entanto, são trabalhos


6para e<strong>sp</strong>ecialistas, principalmente pela sua linguagem e detalhamento sobreo assunto.Alguns trabalhos tratam em detalhe sobre a <strong>morfologia</strong> de um inseto emparticular, destacan<strong>do</strong>-se o de SNODGRASS (1956), no qual estuda a<strong>morfologia</strong> da abelha Apis mellifera L., e o de JONES (1981) que estuda a<strong>morfologia</strong> <strong>do</strong> <strong>gafanhoto</strong> Romalea microptera Beauvois. No trabalho deLlorente & Presa (1997), os autores descreveram, sucintamente, a <strong>morfologia</strong><strong>externa</strong> de um <strong>gafanhoto</strong>.Na língua portuguesa existem <strong>do</strong>is publicações que tratam da<strong>morfologia</strong> de um inseto em particular, o de CAMARGO (1967) sobre aabelha sem ferrão Melipona marginata Lep., e o de NARCHI (1977) sobre a<strong>morfologia</strong> de uma barata, porém sem fazer menção à e<strong>sp</strong>écie que estu<strong>do</strong>u.Dos cinco trabalhos que tratam sobre a <strong>morfologia</strong> de alguma e<strong>sp</strong>éciede inseto, apenas o de NARCHI (1977) é destina<strong>do</strong> para estudantes degraduação, no entanto, não existe referência alguma para a evolução dascaracterísticas nos insetos.Neste livro, os autores apresentam um estu<strong>do</strong> sobre a <strong>morfologia</strong><strong>externa</strong> <strong>do</strong> <strong>gafanhoto</strong> Eutropidacris <strong>sp</strong>., que servirá de base para realizarcomentários sobre o plano básico de Hexapoda, que tem si<strong>do</strong> proposto poralguns autores (HENNIG, 1981; KUKALOVÁ-PECK, 1987, 1991, 1992;BITSCH, 1994).O estu<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> de 3 machos e 5 fêmeas <strong>do</strong><strong>gafanhoto</strong> Eutropidacris <strong>sp</strong>. (Orthoptera), coleta<strong>do</strong>s em Feira de Santana,Bahia. Antes da observação da <strong>morfologia</strong> <strong>externa</strong> <strong>do</strong> <strong>gafanhoto</strong>, amusculatura e os órgãos internos foram retira<strong>do</strong>s. Realizaram-se várioscortes e as partes resultantes foram coladas a alfinetes comuns de costurapara observação sob um microscópio estereoscópico. Os desenhos foramfeitos sob câmara clara, acoplada ao microscópio estereoscópico. Aterminologia para os caracteres foi a usada por SNODGRASS (1935) e porJONES (1981).O primeiro capítulo deste livro aborda, com uma abordagem bastantegeral, a <strong>morfologia</strong> de um inseto <strong>adulto</strong>. O capítulo 2, trata sobre os a<strong>sp</strong>ectosgerais <strong>do</strong> <strong>gafanhoto</strong> estuda<strong>do</strong>, ou seja, trata sobre os a<strong>sp</strong>ectos externo<strong>sp</strong>elos quais ele pode ser identifica<strong>do</strong>. Os capítulos 3 a 5 tratam,independentemente, sobre cada um <strong>do</strong>s tagmas <strong>do</strong> <strong>gafanhoto</strong>: cabeça, tóraxe abdômen. No capítulo 5, está incluí<strong>do</strong> o estu<strong>do</strong> da teminália masculina efeminina. No último capítulo, o 6, discute-se, de maneira geral, as propostassobre o plano-básico de Hexapoda.


1. MORFOLOGIA GERAL DE UM INSETO ADULTO7Neste primeiro capítulo, será aborda<strong>do</strong> de maneira geral, a <strong>morfologia</strong>de um inseto generaliza<strong>do</strong>. É importante relembrar que o termo inseto reúnea to<strong>do</strong>s os animais que possuem três pares de pernas no tórax e que podemou não ter asas. Por isso, não será feita menção as asas.A cutícula é uma camada <strong>externa</strong> inerte que cobre o corpo <strong>do</strong> inseto,denominada de exoesqueleto. A cutícula forma os apódemas internos ondese fixam a musculatura e as membranas alares, atua como barreira entre oteci<strong>do</strong> vivo e o meio ambiente. Internamente, a cutícula está presente nastraquéias, alguns ductos glandulares e os intestinos posterior e anterior. Acutícula pode ser dura e rígida ou fina e flexível como em muitas larvas deinsetos. Uma das principais funções da cutícula é restringir a perda de água,que é vital para o sucesso <strong>do</strong>s insetos para a vida terrestre.A cutícula é secretada pelas células da epidermis, que estão na base.Ela é formada por uma grossa pró-cutícula mais interna e uma finaepicutícula, mais <strong>externa</strong>. A epidermes e a cutícula formam juntas ointegumento, a cobertura <strong>externa</strong> <strong>do</strong> teci<strong>do</strong> vivo de um inseto.A epicutícula geralmente consiste de três camadas: uma cutículainterna, uma epicutícula <strong>externa</strong> e uma camada superficial, ainda mais<strong>externa</strong>. Em muitos insetos, a camada superficial é coberta por lipídios ou porcera e <strong>externa</strong> a estas por uma discreta camada de cimento. Esta camada éhidrofóbica, ou seja repele a água, principalmente pela presença <strong>do</strong>s lipídiose da camada de cera.A pró-cutícula é formada por uma camada mais <strong>externa</strong> e mais estreita,denominada de exocutícula, e por uma camada interna e mais grossadenominada de en<strong>do</strong>cutícula. A pró-cutícula é formada principalmentequitina, um polisacarídeo de alto peso molecular, e por proteína.A grande parte da rigidez da cutícula, deve-se às pontes de hidrogênioentre as cadeias de quitina adjacentes. Outro processo que contribuí com afirmeza da cutícula é a esclerotização, que resulta da ligação de cadeia<strong>sp</strong>rotéicas por pontes fenólicos. Somente a exocutícula pode sofrerescloritização. A cor da cutícula deve-se a deposição de pigmentos nestacamada.A cutícula mais flexível, que acontece nas junções entre partes, é quepermite o movimento dessas partes, é denominada de membrana artrodial.Ductos glandulares podem atravessar a cutícula para abrir-se noexterior. Extensões cuticulares são visíveis na parte <strong>externa</strong> da cutícula, esão conhecidas como e<strong>sp</strong>inhos, setas, microtríquias, cerdas.Os insetos, como os artrópodes sofrem mudas periódicas que sãocontroladas por hormônios, fenômeno que é conheci<strong>do</strong> como ecdísis. Toda a


8cutícula, <strong>externa</strong> e interna, é trocada em cada processo de ecdísis, e éproduzida uma nova pela epidermes. O lugar por onde o inseto sai para aecdisis é denomina<strong>do</strong> de linha ecdisial.Externamente, o inseto <strong>adulto</strong> está dividi<strong>do</strong> em três tagmas, ou regiõesfuncionais: cabeça, tórax e abdômen. Na cabeça estão centra<strong>do</strong>s os órgãos<strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s e as estruturas de captura e primeiro tratamento <strong>do</strong> alimento.No tórax estão presentes, principalmente, as estruturas de locomoção. Noabdômen estão presentes os órgãos <strong>do</strong>s sistemas digestivo, excretor ereprodutor.Na parte cefálica estão presentes quatro apêndices: um par de antenase três pares de apêndices bucais: um par de mandíbulas, um par de maxilas,que corre<strong>sp</strong>onde com as primeiras maxilas <strong>do</strong>s crustáceos, e um lábio, que éum par de apêndices fundi<strong>do</strong>s medialmente e que corre<strong>sp</strong>onde com assegundas maxilas <strong>do</strong>s crustáceos. O apêndice que corre<strong>sp</strong>onde com asegunda antena de crustáceos, no insetos está perdida, restan<strong>do</strong> apenas osegmento que o dava origem, que é denomina<strong>do</strong> de segmento intercalar.Na cabeça estão presentes um par de olhos compostos, usa<strong>do</strong>s para avisão, e ao menos três olhos simples ou ocelos, que são estruturasfotoreceptoras.O tórax consta de três segmento, cada um com um par de apêndices,primitivamente locomotores. Os insetos mais basais na filogenia deHexapoda, não possuem asas, o seja são ápteros. No entanto, a grandemaioria de insetos possuem asas, um par no segmento 2 <strong>do</strong> tórax, nomesotórax, e um par no segmento 3, no metatórax.O abdômen possui onze segmentos. Os primeiros insetos,provavelmente, possuíam apêndices reduzi<strong>do</strong>s em cada um <strong>do</strong>s segmentos<strong>do</strong> abdômen. Estes apêndices irão se perder ao longo da evolução, excetoos <strong>do</strong> segmento 10 que forma os cercos, e os apêndices <strong>do</strong>s segmentos 8 e9 na fêmea e 9 no macho que formam a terminália.O sistema nervoso é forma<strong>do</strong> por um gânglio cerebral ou cérebroanterior, localiza<strong>do</strong> na cápsula cefálica, no qual são reconheci<strong>do</strong>s três partes:o protocérebro, o deutocérebro e o tritocérebro. Cada uma das partes <strong>do</strong>cérebro enervam todas as estruturas cefálicas. Do cérebro, partem um par decordões nervosos, que são interrompi<strong>do</strong>s por massas nervosas conhecidascomo gânglios nervosos, localiza<strong>do</strong>s ventralmente. Primitivamente, havia umpar de gânglios para cada segmento. Dos gânglios nervosos partem nervo<strong>sp</strong>ara todas as estruturas corporais. Nos insetos, os gânglios tendem a sefundir anteriormente forman<strong>do</strong> massas ganglionares.O sistema circulatório consiste de um coração <strong>do</strong>rsal que apresentaaberturas segmentares , os óstiólos. O coração está dentro da câmarapericardial, veias e artérias completam o sistema circulatório. a circulação é


9aberta e o sangue, conhecida como hemolinfa circula na cavidade corporal,conhecida como hemoceloma.O sistema re<strong>sp</strong>iratório é composto por traquéias esclerotizadas deparedes finas que se abrem ao exterior por médio de uma aberturadenominada de e<strong>sp</strong>iráculo. As traquéias perto <strong>do</strong> e<strong>sp</strong>iráculo são grossasramifican<strong>do</strong>-se em estruturas mais delgadas conhecidas como traqueiólas.As traqueiólas entram em contato direto com a estrutura com a qual vãorealizar o intercâmbio gasoso.O Sistema digestivo é dividi<strong>do</strong> em três regiões: o intestino anterioresclerotiza<strong>do</strong>, o intestino médio e o intestino posterior também esclerotiza<strong>do</strong>.O intestino anterior cumpre a função de recepção de alimento, através daboca, e recebe o primeiro tratamento, como trituração. O intestino médio é olugar da digestão química, ou seja, o alimento que vem <strong>do</strong> intestino anterior,recebe enzimas digestivas que vão quebrar as macromoléculas emmoléculas menores e aproveitáveis pelo inseto. A área digestiva <strong>do</strong> intestinoanterior é aumentada por evaginações onde o alimento vai, conhecidas comocecos digestivos. O material no assimila<strong>do</strong> passa para o intestino posteriorno qual é retirada a água que ainda possui, e é envia<strong>do</strong> até o ânus por ondesai para o exterior.O Sistema excretor é composto por um conjunto de sacos cegoslocaliza<strong>do</strong>s no limite entre o intestino médio e posterior, denomina<strong>do</strong>s detúbulos de malpighi. A excreta sai junto com as fezes pelo ânus.Sistema reprodutor na fêmea é composto por ovários e geralmente umae<strong>sp</strong>ermateca que cumpre a função de recepção das gametas femininas, ose<strong>sp</strong>ermatozoides. O macho possui um edeago eversível que permite adeposição <strong>do</strong>s gametas masculinos na fêmea.


2. ASPECTOS GERAIS DO GAFANHOTO EUTROPIDACRIS10O gênero Eutropidacris é representa<strong>do</strong> por insetos de tamanho grande,acima de 9 cm, e tem ampla distribuição no Brasil (Amazonas, Ceara,E<strong>sp</strong>irito Santo, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro, entre outrosesta<strong>do</strong>s). Podem atacar plantas como o abacateiro, bananeira, cana-deaçucar,Citrus <strong>sp</strong>., carnaúba, mandioca, mangueira, arroz, mamoiera entreoutras culturas.Os e<strong>sp</strong>écimens estuda<strong>do</strong>s de Eutropidacris <strong>sp</strong>. são facilmenteencontra<strong>do</strong>s na região de Feira de Santana, BA, em áreas abertas ou emmatas, sobre arbustos ou em árvores. Os machos medem entre 9 e 10 cm decomprimento e a fêmea entre 11 e 12 cm (Figs. 1, 2). No Campus daUniversidade Estadual de Feira de Santana, esta e<strong>sp</strong>écie é bastante comum,sen<strong>do</strong> encontrada principalmente nos meses de março a maio, sobreleguminosas e palmeiras <strong>do</strong> gênero Syagrus. Provavelmente, o perío<strong>do</strong> emque foram encontra<strong>do</strong>s os imagos (<strong>adulto</strong>s) em Feira de Santana,corre<strong>sp</strong>onde com o perío<strong>do</strong> de reprodução dessa e<strong>sp</strong>écie. Os e<strong>sp</strong>écimensdesta e<strong>sp</strong>écie são ativos pela manhã e pela tarde, fican<strong>do</strong> imóveis na noite.As ninfas e os imagos são herbívoros. As fortes mandíbulas cortamprincipalmente as folhas as quais são previamente maceradas antes de serengolidas. Quan<strong>do</strong> captura<strong>do</strong>s, eles expelem uma secreção esverdeadaescura.Os imagos podem estridular atritan<strong>do</strong> a face interna posterior <strong>do</strong> fêmur,onde está o órgão de Bruner, que é uma estrutura pequena e cônica,bastante esclerotinizada, contra a base da veia radial da asa anterior, quepossui uma superfície semelhante a superfície de uma lima.O padrão de coloração é o mesmo no macho e na fêmea. A cabeça,tórax e as asas metatorácicas são verde claro. Em exemplares mais velhos―idade inferida pelo desgaste alar―, a cor das asas pode chegar a sermarrom. O escapo, o pedicelo e os primeiros flagelômeros são verde claro,mudan<strong>do</strong> para uma tonalidade amarelada à medida em que se acompanha asequência de flagelômeros até o ápice <strong>do</strong> flagelo, até tornar-se laranja nosúltimos flagelômeros. As pernas são verde claras, com os tarsosavermelha<strong>do</strong>s. O fêmur da perna metatorácica possui pequenas manchasbrancas no la<strong>do</strong> externo, e uma listra avermelhada na superfície interna. Asasas metatorácicas são verde hialianas com manchas marrons na margemposterior. A superfície <strong>do</strong>rsal <strong>do</strong>s tergos ab<strong>do</strong>minais são avermelha<strong>do</strong>s e aslaterais verde claro. Os esternos ab<strong>do</strong>minais são verde claro.Nos <strong>adulto</strong>s são reconheci<strong>do</strong>s facilmente os três tagmas que fazemparte <strong>do</strong> plano básico de Insecta: cabeça, tórax e abdômen. As peças bucais,que estão inseridas na cabeça, estão dirigidas para baixo, ou seja, é um


11inseto hipognato (Figuras 1, 2). No protórax podem ser observadas 4 cristas(Figuras 1, 2). As asas estão localizadas no messotórax e metatórax, cujocomprimento ultrapassa o extremo distal <strong>do</strong> abdômen. A asa mesotorácica éde textura pergaminácea e cobre a asa metatorácica. A asa metatorácia émembranosa e está <strong>do</strong>brada como leque posicionan<strong>do</strong>-se próxima aoabdômen. Ambas cobrem o abdômen em telha<strong>do</strong>.Figura 1. Eutropidacris <strong>sp</strong>. macho, habitus.Figura 2. Eutropidacris <strong>sp</strong>. fêmea, habitus.


12No tórax são observadas três pares de pernas, sen<strong>do</strong> a protorácica (1 a )e a mesotorácica (2 a ) ambulatórias e menores que a metatorácica (3 a ), que éambulatória saltatória. As pernas protorácicas e mesotorácicascorre<strong>sp</strong>ondem, mais ou menos, a1 / 3 <strong>do</strong> comprimento das pernasmetatoráxicas. As pernas protorácicas e mesotorácicas possuem pequenose<strong>sp</strong>inhos tibiais na superfície interna e as metatorácicas possuem e<strong>sp</strong>inhosgrandes na superficie <strong>externa</strong>.O abdômen está composto por 11 segmentos; o tergo e o esterno <strong>do</strong>primeiro segmento está fundi<strong>do</strong> com o tórax. O tergo <strong>do</strong> primeiro segmentopossui um par de tímpanos. A terminália masculina é formada pelosapêndices <strong>do</strong> nono segmento ab<strong>do</strong>minal, e a feminina pelos apêndices <strong>do</strong>ssegmentos oitavo e nono. A pleura ab<strong>do</strong>minal não está presente.Pesquise‣ Por que se diz que um inseto é segmenta<strong>do</strong> ou metamérico?‣ O que é ontogenia?‣ O que é ametabolia, metamorfosis, hemimetabolia e holometabolia?‣ O que é um inseto prognato?‣ O que é um inseto opistognato?


3. CABEÇA13As paredes <strong>do</strong>rsal, anterior, lateral e posterior da cabeça, formam umacápsula esclerotinizada, conhecida como cápsula cefálica, a qual tem duasaberturas, uma posterior, o farâmen magno (Fig. 5: For), e outra entre a<strong>sp</strong>eças bucais, a abertura oral (Figs. 7 e 13: aor).3.1. SuturasSão impressões em forma de sulcos, evidentes na superfície <strong>externa</strong> dacápsula cefálica. Uma dessas suturas, a sutura pós-occipital, situada naparte posterior da cápsula cefálica, marca provavelmente a áreaintersegmental entre a maxila e o lábio. As outras suturas, provavelmenteapareceram secundariamente, ou seja, apareceram como invaginações dacutícula e não corre<strong>sp</strong>ondem com as áreas articulares <strong>do</strong>s segmento<strong>sp</strong>rimitivos da cabeça <strong>do</strong> inseto. As suturas mais importantes observadas no<strong>gafanhoto</strong> são:- Sutura epicranial, que corre<strong>sp</strong>onde com a linha ecdisial, ou seja, a linhaque se rompe no inseto inmaturo durante a muda. Geralmente tem oformato de um Y inverti<strong>do</strong>. O ramo <strong>do</strong>rsal, é denomina<strong>do</strong> de suturacoronal (Fig. 3: scor) e os ramos ventrais que terminam nos olhossão denominadas de suturas frontais. No caso <strong>do</strong> <strong>gafanhoto</strong>estuda<strong>do</strong>, as duas suturas frontais estão ausentes.- Sutura occipital (Fig. 5: soc), encontra-se na parte posterior da cápsulacefálica.- Sutura pós-occipital (Fig. 4: <strong>sp</strong>o), que corre<strong>sp</strong>onde com uma áreaintersegmental. Em vista posterior, está sutura é impossível de serobservada nos exemplares de Eutropidacris <strong>sp</strong>., porque ela estácoberta por uma expansão <strong>do</strong> pós-occipicio (Fig. 5: poc).- Sutura subgenal (Fig. 4: ssg), encontra-se na superfície lateral dacápsula cefálica, entre as articulações da mandíbula.- Sutura epistomal ou clípeo-labral (Fig. 3: sep), encontra-se na superfícieanterior da cápsula cefálica e extende-se entre os <strong>do</strong>is côndilosmandibulares.- Sutura ocular (Fig. 3 e Fig. 4: socl), circunda os olhos compostos, cadauma delas forman<strong>do</strong> internamente uma crista esqueletal.3.2. Áreas cefálicasNa cápsula cefálica podem ser reconhecidas 5 áreas cefálicas, que têmapenas utilidade descritiva não referin<strong>do</strong>-se a segmentos cefálicos. Estasáreas são geralmente delimitadas pelas suturas cefálicas e sua identificação


14torna-se difícil quan<strong>do</strong> elas são obsoletas ou ausentes. São elas: áreafrontoclipeal, área parietal, área <strong>do</strong> arco ocipital, área <strong>do</strong> pós-occipicio e áreasubgenal.3.2.1. Área frontoclipeal (Figs. 3, 4)A área frontoclipeal é a região cefálica delimitada entre as antenas —ouentre as suturas frontais quan<strong>do</strong> estas estão presentes—, a sutura clípeolabral(scl) ventralmente e o vétrice (ver) <strong>do</strong>rsalmente.Esta área é composta pela fronte (Fr) e pelo clípeo (Cl). Na fronte estápresente um ocelo mediano (om). Os outros <strong>do</strong>is ocelos que o <strong>gafanhoto</strong>possui, estão localiza<strong>do</strong>s na área parietal (ol). O ocelo mediano está em umadepressão formada entre duas proeminências medianas, depressão que éconhecida como costa frontal (cofr). As proeminências medianas sãoconhecidas como carenas frontais (cf) e o ápice como como fastígio (fast).Na região frontal, são identificadas, logo abaixo das bases das antenas, duascurtas e estreitas suturas transversais, que são denominadas suturassubantenais (ssa). Na fronte, ainda, são identificadas um par de carenasfaciais (cfa), também denominadas de bandas suboculares, uma de cadala<strong>do</strong>, que partem da base <strong>do</strong>s olhos compostos in<strong>do</strong> até a sutura epistomal.O clípeo encontra-se ventral à fronte e está delimita<strong>do</strong> <strong>do</strong>rsalmente pelasutura epistomal e ventralmente pela sutura clípeo-labral (scl). No <strong>gafanhoto</strong>estuda<strong>do</strong>, o clípeo está subdividi<strong>do</strong> em pós-clípeo (pcl) mais esclerotiza<strong>do</strong> eanteclípeo menos esclerotiza<strong>do</strong> (acl).3.2.2. Área Parietal (Figs. 3, 4)A área parietal é uma área lateral da cápsula cefálica e está limitadaanteriormente pela fronte (Fr), <strong>do</strong>rsalmente pela sutura coronal, ou suturametópica (scor), ventralmente pela sutura pleurostomal ou subgenal (ssg), eposteriormente pela sutura occipital (sop: Fig. 5). Nesta área estão contidasas antenas (ant), os ocelos laterais (ol) , os olhos compostos (Olh) , e a gena(Ge).A sutura coronal une <strong>do</strong>rsalmente os hemisférios da cápsula cefálica.Em alguns insetos <strong>adulto</strong>s a sutura coronal e os <strong>do</strong>is ramos anteriores,suturas frontais, que se dirigem <strong>do</strong>rsalmente, a partir <strong>do</strong> limite inferior dasutura coronal, até os olhos compostos, formam uma estrutura em forma deY inverti<strong>do</strong>, e corre<strong>sp</strong>ondem com as linhas de clivage ecdisial. No <strong>gafanhoto</strong>estuda<strong>do</strong> as suturas frontais estão ausentes.


Figura 3- Vista frontal da cabeça de Eutropidacris <strong>sp</strong>. acl, anteclípeo; ant, antena; cf,carena frontal; cfa, carena facial; Cl, clípeo; cma, côndilo mandibular anterior; corf,costa frontal; eant, esclerito antenal; epl, esclerito pleurostomal; esc, escapo; eso,esclerito ocular; flag, flagelo; fov, fóvea lateral; Fr, fronte; ftan, fóvea tentorial anterior;Ge, gena; lbr, labro; Mx, maxila; ol, ocelo lateral; Olh, olho composto; om, ocelomediano; pcl, pós clípeo; ped, pedicelo; Pllb, palpo labial; Plmx, palpo maxilar; scl,sutura clípeo-labral; scor, sutura coronal; sep, sutura epistomal; soat, soquete antenal;socl, sutura ocular; ssa, sutura sub antenal; ssg, sutura subgenal; suo, sutura subocular; ver, vértice.15


16As antenas (ant) encontram-se localizadas na depressão conhecidacomo fóvea lateral (fov), depressão formada pelas alas laterais das carenasfrontais que circundam parcialmente as bases das antenas.As antenas estã inseridas dentro <strong>do</strong> soquete antenal (soat), cavidadeque vai permitir a mobilidade das antenas. O esclerito antenal (eant),circunda o soquete antenal, e contém o antenífero (anf) que é umaevaginação <strong>do</strong> esclerito antenal que se articula com o primeiro segmento daantena para permitir o movimento dela.As antenas são compostas pelo escapo (es), que é o segmento basalda antena, o pedicelo (ped), que tem em sua extremidade mais distal o orgãode Johnston, e o flagelo (flag), estrutura filiforme dividida em vários artículos.Os flagelômeros, ou seja, cada um <strong>do</strong>s artículos <strong>do</strong> flagelo, não possueminternamente musculatura própria, e este tipo de antena é denominada deanelada.Os olhos compostos (Olh) estão localiza<strong>do</strong>s nos la<strong>do</strong>s da cápsulacefálica e são circunda<strong>do</strong>s por um esclerito estreito, o esclerito ocular (eso),que apresenta-se defini<strong>do</strong> basalmente pela sutura ocular (socl). Umapequena sutura contínua com a sutura ocular, localizada na margem ventral<strong>do</strong> esclerito ocular, é denominada de sutura sub-ocular (suo)A gena (gen) é uma região da capsula cefálica cujo limite anterior nãoesta bem defini<strong>do</strong>, no entanto, ela corre<strong>sp</strong>onde geralmente com a áreaposterior <strong>do</strong> olho composto, estenden<strong>do</strong>-se até a sutura subgenal (ssg).Dorsalmente o limite da região genal é a sutura coronal. O limite posterior édemarca<strong>do</strong> pela sutura occipital (soc).3.2.3. Área <strong>do</strong> arco occipital (pós gena) (Figs. 4, 5)O occipício(ocp), também denomina<strong>do</strong> pós-gena, está localiza<strong>do</strong> naparte posterior da cabeça, delimitada anteriormente pela sutura occipital, eposteriormente pela sutura pós-occipital (<strong>sp</strong>o). O occipício caracteriza-se porser uma região côncava, que entra em contato com uma faixa membranosae convexa <strong>do</strong> protórax.3.2.4. Área pós-occipital (Figs. 4, 5)O pós-occipício (Poc), constitui o limite posterior da cápsula cefálica.Quan<strong>do</strong> visto posteriormente, assemelha-se a uma ferradura invertida, emcujas bordas prende-se, parcialmente, a membrana cervical e, também, olábio. Seu limite anterior é a sutura pós-occipital (<strong>sp</strong>o) , e é neste escleritoque o lábio está articula<strong>do</strong>. Nas margens posteriores <strong>do</strong> pós-occipício estãopresentes um par de processos, os côndilos pós occipitais (coc), onde se


17articulam os escleritos cervicais laterais. A cavidade da cápsula cefálica poronde passam vasos e orgãos vitais, é o forâmem magno (For, Fig. 5).Figura 4- Vista lateral da cabeça de Eutropidacris <strong>sp</strong>. acl, anteclípeo; anf, antenífero;cfa, carena facial; cma, côndilo mandibular anterior; coc, côndilo pós occipital; coce,córion cervical; 1ece, esclerito cervical anterior; 2ece, esclerito cervical posterior; e<strong>do</strong>,escleritos cervicais <strong>do</strong>rsais; epl, esclerito pleurostomal; eso, esclerito ocular; fast,fastígio; Fr, fronte; ftpo, fóvea tentorial posterior; ge, gena; Lb, lábio; Md, mandíbula;Mx, maxila; ol, ocelo lateral; Olh, olho composto; pcl, pós clípeo; Poc, pós occipício;sep, sutura epistomal; soat, soquete antenal; soc, sutura occipital; socl, sutura ocular;<strong>sp</strong>o, sutura pós occipital; ssa, sutura subantenal; ssg, sutura subgenal; suo, suturasubocular; Ver, vértice.


Figura 5- Vista posterior da cabeça de Eutropidacris <strong>sp</strong>. cnt, corpotentorio; coc,côndilo pós-occipital; coce, córion cervical; eht, esclerito hipostomal; for, forâmemmagnum; ftpo, fóvea tentorial posterior; ge, gena; Lb, lábio; Md, mandíbula; Mx,maxila; ocp, occipício; Olh, olho composto; Pge, pós-gena; Poc, pós-occipício; scor,sutura coronal; shp, sutura pleurostomal; soc, sutura occipital.18


20A superfície mais <strong>do</strong>rsal e interna das mandíbulas, possuem uma sériede dentes que compõem a região molar (rm). A porção interna ventral destasestão <strong>do</strong>tadas de dentes com ápice laminar, sen<strong>do</strong> esta a região incisora dasmandíbulas (ri).Figura 6- Vista anterior interna <strong>do</strong> tentório de Eutropidacris <strong>sp</strong>. cnt, corpotentório; ftan,fóvea tentorial anterior; sep, sutura epistomal; tan, braço tentorial anterior; tpo, braçotentorial posterior.


Figura 7, vista lateral da cabeça sem mandíbula e maxilas; Figura 8, vista interna <strong>do</strong>clípeo-labro; Figura 9, vista anterior da mandíbula; Figura 10, vista posterior damandíbula; Figura 11, vista anterior da maxila; aor, abertura oral; ap. mus., apódemasmusculares; Cd, car<strong>do</strong>; cib, cibário; cl, clípeo; cma, côndilo mandibular anterior; ece,esclerito cervical ; eey, esclerito epifaringeal em Y; Est, estipe; Gal, gálea; Hip,hipofaringe; Lac, lacínia; Lb, lábio; lbr, labro; plf, palpífero; Plmx, palpo maxilar; ri,região incisora da mandíbula; rm, região molar da mandíbula; sce, sutura car<strong>do</strong>estipital;sep, sutura epistomal; <strong>sp</strong>o, sutura pós occipital; tor, torma.21


Figuras 14, 15. (14) vista <strong>do</strong>rsal da margem lateral e parte <strong>do</strong>rsal da pleura <strong>do</strong> meso emetatórax de Eutropidacris <strong>sp</strong>. (15) vista lateral de um corte longitudinal <strong>do</strong>s alinotosmeso e meta toráxicos; acr, acrotergito; ebas, esclerito basalar; frg, fragma; meso.,mesotórax; meta., metatórax; Pn, pós noto; pnal, processo noto-alar anterior; pnap,processo noto-alar posterior; pnme, processo noto-alar mediano; ppl, processo pleuroalar;sact, sutura antecostal; sub, esclerito sub alar; Tg, tégula.26


27No protórax, o escu<strong>do</strong> está dividi<strong>do</strong> em escu<strong>do</strong> anterior (Esa) e escu<strong>do</strong>posterior (E<strong>sp</strong>) (Fig. 19). As margens lateriais <strong>do</strong> escu<strong>do</strong> pró-toráxico cobremparcialmente o esterno, e completamente a pleura, por este motivo a pleurapró-toráxica recebe o nome de criptopleura (crp, Fig. 19).No mesotórax e metatórax, o escu<strong>do</strong> tem grande importância por ser oponto principal de articulação com a base das asas. O limite lateral <strong>do</strong>escu<strong>do</strong> está representa<strong>do</strong> pelo processo noto-alar antero-lateral (pnal, Fig.14). Imediatamente posterior a estes <strong>do</strong>is processos laterais, está o ramolateral da fissura tergal (scla, Fig. 18), que acaba por isolar este segmento damargem. A fissura tergal é contínua com a sutura trans-escutal (stes, Fig.18), sen<strong>do</strong> menor no mesotórax é maior no metatórax. Após a fissura tergal,a margem <strong>do</strong> escu<strong>do</strong> forma outros processos articulares com as asas. Nomesotórax e metatórax forma-se o processo mediano (pnme, Fig. 14). Nometatórax, posterior à articulaçao <strong>do</strong> primeiro esclerito axilar, desenvolve-seuma sutura denominada de sutura secundária (ses, Fig. 18). O últimoprocesso articular é o processo noto-alar posterior (pnap, Fig. 14) que é maisdesenvolvi<strong>do</strong> no metatórax, e apresenta-se destaca<strong>do</strong> no mesotórax. Aextremidade posterior <strong>do</strong> noto é a corda axilar (coax, Fig. 18), que temorigem na margem posterior <strong>do</strong> escutelo.O escutelo (est, Figs. 18, 19) é a última região <strong>do</strong> noto e é a região mai<strong>sp</strong>rotuberante no mesotórax e no metatórax. No prótórax o escutelo é maisextenso <strong>do</strong>rso-ventralmente. No mesotórax, ocorrem <strong>do</strong>is lobos escutelareslaterais (Letl, Fig. 18). A sutura escu<strong>do</strong>-escutelar (set, Fig. 18), representa olimite posterior <strong>do</strong> escu<strong>do</strong> e o limite anterior <strong>do</strong> escutelo. Esta sutura é bemdesenvolvida no protórax; no mesotórax é pequena e incompleta. Nometatórax, a margem anterior a esta sutura é uma faixa membranosa, que écontínua lateralmente com a fissura tergal.4.2. Escleritos da base da asa e asa (Figs. 14, 16, 17, 18, 20)A pterália é o conjunto de escleritos da base da asa que estãoassocia<strong>do</strong>s ao noto e são considera<strong>do</strong>s como partes destacadas das basesdas asas. O primeiro esclerito é a tégula (tg, Figs. 14, 16, 17, 18), que épouco esclerotizada e pouco desenvolvida, encontran<strong>do</strong>-se na regiãomembranosa e anterior da base da asa. O segun<strong>do</strong> esclerito alar é o primeiroesclerito axilar (1ax, Figs. 18), que articula-se proximalmente com o processonoto-alar anterolateral e o processo antemediano, e distalmente com oprocesso noto-alar mediano. O primeiro esclerito axilar articula-sedistalmente com o segun<strong>do</strong> esclerito axilar (2ax, Fig. 18), e este escleritoarticula-se com a fusão da veia radial e mediana. O terceiro esclerito axilar(3ax, Fig. 18) articula-se proximalmente com o processo noto-alar posterior,


28que se articula posteriormente com as veias anais. No mesonoto, a porçãoproximal <strong>do</strong> terceiro esclerito axilar destaca-se e forma o chama<strong>do</strong> quartoesclerito axilar (4ax, Fig. 18).Figuras 16, 17. (16) tégmina de Eutropidacris <strong>sp</strong>. (17) asa posterior ; A, veias anais;C, veia costal; Cu, veia cubital; h, veia humeral; Ju, lobo jugal; M, veia mediana; Pcu,veia pós cubital; R, veia radial; Sc, veia subcostal; Tg, tégula.O primeiro par de asas, no <strong>gafanhoto</strong>, recebe o nome de élitros outégminas, de consistência coriácea. As tégminas são de consistência mais oumenos rígida, suas bordas são paralelas e seus ápices são arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong>s.As asas posteriores são de consistência membranosa, e ficam <strong>do</strong>bradas emleque por baixo da tégmina. Nas asas mesotorácicas e metatorácicas sãoreconhecidas 7 veias longitudinais que apicalmente podem se ramificar:Costal (C), Subcostal (Sc), Radial (R), Mediana (M), Cubital (Cu), Anal (A), ea Jugal (Ju), seguidas de um grande número de veias transversais,conectan<strong>do</strong> as veias longitudinais (Figs. 16, 17).


29Figura 18, vista <strong>do</strong>rsal <strong>do</strong> meso e metatórax de Eutropidacris <strong>sp</strong>; A, veia anal; acr,acrotergito; 1ax, primeiro esclerito axilar; 2ax, segun<strong>do</strong> esclerito axilar; 3ax, terceiroesclerito axilar; 4ax esclerito axilar; coax, corda axilar; Cu, nervura cubital; Esc,escu<strong>do</strong>; Est, escutelo; frg, fragma; Ju, Lobo jugal; Letl, lobo escutelar lateral; m, placamediana; Pcu, veia pós cubital; Pes, pré escu<strong>do</strong>; Pn, pós noto; pnap, processo notoalarposterior; R+M, fusão basal da veia radial e mediana; sact, sutura antecostal; Sc,veia subcostal; ses, sutura secundária; set, sutura escu<strong>do</strong>-escutelar; setr, suturaescu<strong>do</strong>-escutelar recurrente; <strong>sp</strong>t, sutura pré escu<strong>do</strong>- escutal; stes, sutura transescutal; Tg, tégula.As asas mesotoráxicas e as metatoráxicas podem ser divididas em trêsregiões. A região anterior, denominada de remígio, está composta pelasveias costais, radiais, medianas e cubitais. Esta região está delimitadaposteriormente por um ramo secundário da veia cubital, que recebe o nome


30de veia pós-cubital (Pcu, Figs. 16, 17). A segunda região é o vânus, bemdesenvolvi<strong>do</strong>, principalmente, na asa posterior, e está composto pelas veiasanais. A terceira e última região é o jugo, que é representa<strong>do</strong> pelas veiasoriginadas da corda axilar. A região jugal da asa anterior é menosdesenvolvida que na asa posterior.4.3. Pleura (Figs. 19, 20)A região pleural no <strong>gafanhoto</strong>, assim como em Hexapoda, é constituídade elementos provenientes da coxa, mais e<strong>sp</strong>ecificamente da basicoxa(Snodgrass, 1935), um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is escleritos em que está dividi<strong>do</strong> o escleritobasal que permite a articulação da perna com a pleura de um artrópodemandibula<strong>do</strong>. O outro esclerito da coxa, mais ventral, é apenas conheci<strong>do</strong>como coxa (cx).Em vista lateral os elementos da pleura podem ser completamenteidentifica<strong>do</strong>s. A pleura corre<strong>sp</strong>onde ao e<strong>sp</strong>aço compreendi<strong>do</strong> entre o noto e oesterno, sen<strong>do</strong> composto, e<strong>sp</strong>ecialmente, por elementos da base das pernas.Na pleura <strong>do</strong> <strong>gafanhoto</strong> podem ser identifica<strong>do</strong>s três segmentos: própleura,mesopleura e metapleura. Cada segmento compõe-se de umepisterno (Ept) anterior e um epímero (Epr) posterior.A pró-pleura está parcialmente coberta por uma expansão lateral <strong>do</strong>pró-noto, conhecida como criptopleura (crp). O episterno da pró-pleura épequeno e indiviso. O episterno da mesopleura e metapleura encontram-sedividi<strong>do</strong>s em um anepisterno <strong>do</strong>rsal (Anp) e um catepisterno ventral (Catp),separa<strong>do</strong>s pela sutura transversal, denominada de sutura anapleural (sep).Na mesopleura e metapleura, surge um processo <strong>do</strong>rsal conheci<strong>do</strong> comoprocesso pleuro-alar (ppl), que serve de ponto de apoio para o segun<strong>do</strong>esclerito axilar da asa. Ântero-<strong>do</strong>rsalmente, o anepisterno <strong>do</strong> mesotórax emetatórax articula-se com os escleritos basalares (ebas).O esclerito basalar está dividi<strong>do</strong> em <strong>do</strong>is, o esclerito basalar 1 (ebas1) eesclerito basalar 2 (ebas2), e está conti<strong>do</strong> na região membranosa da baseventral da asa mesotorácica e metatoráxica. A extremidade anterior <strong>do</strong>basalar 1, articula-se com o acrotergito mesotoráxico e forma uma regiãoconhecida como pré-alar, que delimita anteriormente a base membranosa daasa. Um outro esclerito, na base membranosa das asas, logo acima <strong>do</strong>epímero, é o subalar (sub), que participa <strong>do</strong>s escleritos que permitem amovimentação da asa e está associa<strong>do</strong> a pleura.Um esclerito estreito e bem defini<strong>do</strong>, encontra<strong>do</strong> na região anterior dapleura <strong>do</strong> meso e<strong>sp</strong>isterno, é o prepecto (Ppc), que é uma formaçãosecundária da região anterior <strong>do</strong> episterno.


31Dois e<strong>sp</strong>iráculo (<strong>sp</strong>) são encontra<strong>do</strong>s na região pleural, um entre o prótoraxe mesotórax, e o outro entre o mesotórax e o metatórax.O limite ventral de cada um <strong>do</strong>s episternos está circunda<strong>do</strong> por umesclerito anterior associada a perna, o précoxal (Prx), que é bemdesenvolvi<strong>do</strong> no mesotórax e metatórax, sen<strong>do</strong> pouco desenvolvida noprotórax. O limite ventral <strong>do</strong> epímero é um esclerito estreito associa<strong>do</strong>também a perna, o póscoxal (pcs), apresentan<strong>do</strong>-se mais desenvolvida nomesotórax. A articulação da pleura com a coxa se dá através <strong>do</strong> processodenomina<strong>do</strong> de processo coxal (pcx). Anteriormente a coxa articula-se comum outro esclerito, o trocantim (tm), o qual se encontra inseri<strong>do</strong> na regiãomembranosa da coxa.4.4. Perna (Figs. 19, 20, 21, 22, 23)A perna é composta de seis segmentos. O mais basal, a coxa (cx),articula-se com a pleura. Os outros segmentos são: trocânter (tr), fêmur (fe),tíbia(tb), tarso(tar) e pré-tarso (ptar). O tarso divide-se em cinco artículosconheci<strong>do</strong>s como tarsômeros. O pré-tarso possui um par de garras terminais.A coxa é mais desenvolvi<strong>do</strong> no metatórax. Na coxa distinguem-se duassuturas principais, uma longitudinal e uma transversal. A sutura longitudinal éa sutura coxal (scx), que parte <strong>do</strong> ponto de articulação da coxa com a pleura,e segue em direção ao ponto de articulação com o trocânter. A outra sutura,uma sutura tranversal, é denominada de sutura basicostal (sbc).A região postero-<strong>do</strong>rsal da coxa, que é <strong>do</strong>rsal à sutura basicostal eposterior à sutura coxal, recebe o nome de méron (mer). A coxa se articuladistalmente com o trocânter (tr). O trocânter está bastante desenvolvi<strong>do</strong> naperna metatoráxica. O trocânter articula-se distalmente com o fêmur (fem),que é o terceiro segmento da perna.A extremidade distal <strong>do</strong> fêmur possui <strong>do</strong>is côndilos de articulação com atíbia (tb), que é o quarto segmento da perna. A tíbia apresenta proeminência<strong>sp</strong>ontiagudas conhecidas como e<strong>sp</strong>inhos tibiais (E<strong>sp</strong>t). São encontra<strong>do</strong>stambém e<strong>sp</strong>orões tibiais (Esrt) na extremidade distal, que também sãopontiagu<strong>do</strong>s e móveis. Nas tíbias das pernas protorácicas e mesotorácicas,os e<strong>sp</strong>inhos e e<strong>sp</strong>orões apresentam-se distribuí<strong>do</strong>s na superfície ventral datíbia, enquanto que nas pernas metatoráxicas estes elementos desenvolvemsena superfície <strong>do</strong>rsal dela. A articulação entre a tíbia e o fêmur é umaarticulação móvel.O tarso é o penúltimo segmento da perna, estan<strong>do</strong> articula<strong>do</strong>proximalmente com a tíbia, por uma articulação móvel. O tarso é umsegmento único forma<strong>do</strong> por cinco artículos denomina<strong>do</strong>s de tarsômeros;apenas no último artículo ocorre uma inserção muscular através de um


32apódema ventral interno. Cada tarsômero apresenta pulvilos (Pul), que sãoexpansões tegumentares semelhantes a almofadas. Os três primeirostarsômeros apresentam-se fundi<strong>do</strong>s em fileira. O quarto tarsômero temmovimento independente e é denomina<strong>do</strong> tarsômero mediano (tarm). Oúltimo tarsômero é o mais desenvolvi<strong>do</strong>, e é denomina<strong>do</strong> de tarsomero distal(tard). Em sua extremidade apical o tarsômero distal articula-se com oprétarso .O pré-tarso é composto pelo arólio (ar), um par de garras. O aróliomediano e apical contém um pulvilo (Pul) em sua face ventral. De cada la<strong>do</strong><strong>do</strong> arólio desenvolve-se uma garra tarsal (grt), cujo ápice apresenta-sefortemente esclerotiza<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> a função principal de firmar o animal aosubstrato. A garra tarsal também recebe o nome de unguis.4.5. Esterno (Fig. 19, 20, 24)O esterno compõe toda a superfície ventral <strong>do</strong> tórax. No esterno,assim como no noto, são observadas três regiões: pré-esterno (prst),basisterno (bste) e furcaesterno (ffur).A região mais anterior <strong>do</strong> esterno é o pré-esterno, e encontra-se limita<strong>do</strong>posteriormente pela sutura pré-escutal (<strong>sp</strong>sc). O pré-esterno prótoráxico(Pst1) é composto por uma região anterior fracamente esclerotizada, que éconhecida como pré-esterno anterior (prta), e uma região posteriordenominada pré-esterno posterior (prtp). No pré-esterno anterior, observa-sea presença de três escleritos arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong>s denomina<strong>do</strong>s de escleritosjugulares (esju), e seu limite anterior é a membrana cervical. O pré-esternomesotoráxico (Pst2) é estreito.A região <strong>do</strong> esterno posterior ao pré-esterno é denominada debasisterno, cujo limite posterior é a sutura antecostal (sanc). O basisterno <strong>do</strong>pró-tórax apresenta um processo denomina<strong>do</strong> de processo pró-esternal. Nomesotórax e no metatórax, o basisterno é mais desenvolvi<strong>do</strong>. A margemposterolateral <strong>do</strong> basisterno articula-se a um lateroesternito (Laes). Doislobos laterais <strong>do</strong> basisterno desenvolvem-se posteriormente às fóveasfurcais (ffur), e cada um deles recebe o nome de esternelo (Esnl). A regiãoposterior ao basisterno é denominada de furcasterno, que está representadapelo par de fóveas furcais. A sutura que conecta as fóveas furcais recebe onome de esternocosta, ou sutura esternocostal (seco). A região posterior aofurcasterno é o e<strong>sp</strong>inasterno representa<strong>do</strong> pelas fóveas e<strong>sp</strong>inhais (foes). Oe<strong>sp</strong>inasterno está ausente no metatórax.


Figuras 19-23.Fig 19,vista lateral <strong>do</strong> protorax de Eutropidacris <strong>sp</strong>; figura 20,vistalateral <strong>do</strong> meso e metatórax ; figura 21- vista posterior da perna mesotoráxica; figura22-vista dirsal <strong>do</strong> pré tarso; figura 23, vista vintral <strong>do</strong> mesmo; Anep, Anepisterno;ar,arólio;arc, acrotergito;bste, basisterno,Catp, catepisterno; crp, criptopleura; cx, coxa;ebas (1 e 2) esclerito basalar anterior e posterior; ece (1 e2), esclerito basalar anteriore posterior; Epr, epímero; Ept, episterno; es, e<strong>sp</strong>iráculos; Esa, escu<strong>do</strong> anterior; Esc,escu<strong>do</strong>; E<strong>sp</strong>, escu<strong>do</strong> posterior; E<strong>sp</strong>t, e<strong>sp</strong>inhos tibiais; Esrt, e<strong>sp</strong>orões tibiais; Est,escutelo; fe, fêmur; grt, garras tarsais; mer, meron; Pes, pré escu<strong>do</strong>; Pn, pós noto;Ppc, pre pectus; ppl, processo pleuro-alar; prta, pre esterno anterior; prtp, pre esternoposterior; prx, precoxal; Pst, pre esterno; ptar, pre tarso; Pul, pulvilo; sbc, suturabasicostal; scx, sutura coxal; seal, sutura escutelar; sep, sutura anapleural; ses, suturaescutal; smpl, sutura mesopleural; <strong>sp</strong>t, sutura pre escu<strong>do</strong>-escutal; <strong>sp</strong>tl, sutura posescutelar; sub, esclerito subalar; tar,tarso; tar d, tarso distal; tar m, tarso mediano; tarp tarso proximal; tb, tíbia; tm, trocantin; tr, trocânter.33


Figura 24, vista ventral <strong>do</strong> tórax de Eutropidacris <strong>sp</strong>; bste, basisterno; cx, coxa; Ept,episterno;Esnl, esternelo; ffur, fossa da furca esternal; foes, fóvea e<strong>sp</strong>inhal; Laes,lateroesternito; Mesot, mesotórax; Metat, metatórax ;Prot, protórax ;prta, preesternoanterior; prtp, preesterno posterior; Pst, preesterno; sanc, sutura antecostal; seco,sutura esternocostal.34


5. ABDÔMEM E TERMINÁLIA35O abdômem em Eutropidacris <strong>sp</strong>, é composto por 11 segmentos. Nafêmea, os sete primeiros segmentos ab<strong>do</strong>minais são denomina<strong>do</strong>s prégenitais,e no macho essa denominação é dada para os oito primeirossegmentos. Os e<strong>sp</strong>iráculos ab<strong>do</strong>minais ocorrem até o oitavo segmento. Noab<strong>do</strong>me, as placas tergais recebem a denominação distintiva de urotergitos(ter) e as placas esternais são denominadas de uroesternitos (est). A pleuraab<strong>do</strong>minal (Plab) aparece como uma estreita faixa membranosa entre osurotergitos e os uroesternitos.Figuras 25, 26. vista lateral <strong>do</strong> primeiro a terceiro segmentos ab<strong>do</strong>minais; Figura 26,vista ventral <strong>do</strong>s três primeiros segmentos ab<strong>do</strong>minais; es (1,2 e3), primeiro, segun<strong>do</strong>e terceiros e<strong>sp</strong>iráculos ab<strong>do</strong>minais; est, uroesternitos; lag, laterotergitos; Plab, Pleuraab<strong>do</strong>minal; ter (I, II, III) , primeiro, segun<strong>do</strong> e terceiro urotergitos; Tm, tímpanos.5.1. Segmentos pré-genitais (Fig. 25, 26)Os tergitos e esternitos pré-genitais são placas esclerotizadasrelativamente simples, que não apresentam divisões secundárias. O primeirourotergito, na fêmea e no macho, está fundi<strong>do</strong> com o tórax e dividi<strong>do</strong> pelasutura antecostal (sact, Fig. 18), e distingue-se <strong>do</strong>s demais urotergitos porapresentar um par de tímpanos (Tm) localiza<strong>do</strong>s lateralmente. O primeirourosternito também está fundi<strong>do</strong> com o esterno metatorácico e dividi<strong>do</strong> pelasutura antecostal ventral (sanc, Fig. 24).


36A margem lateroventral <strong>do</strong>s urotergitos apresentam uma área evidente,limitada por um par de suturas. Esta área é conhecida como laterotergito(lag) e nela abrem-se os e<strong>sp</strong>iráculos ab<strong>do</strong>minais (es). No primeiro urotergito,o e<strong>sp</strong>iráculo (es1) não está no laterotergito, encontran<strong>do</strong>-se próximo <strong>do</strong>tímpano.5.2. Segmentos genitais (Figs. 27-34)Do oitavo ao décimo-primeiro segmentos, na fêmea, e <strong>do</strong> nono aodécimo primeiro no macho, são referi<strong>do</strong>s coletivamente como pós-ab<strong>do</strong>meou terminália. Os apêndices <strong>do</strong>s segmentos oito e nove na fêmea, e nove nomacho, formam estruturas esclerotizadas que participam na cópula, e daoviposição no caso das fêmeas.O oitavo urotergito (T VIII) é uma placa simples, não e<strong>sp</strong>ecializada.Lateralmente o urotergito nove (TIX) e urotergito dez (TX) fundem-separcialmente. O décimo primeiro urotergito é composto de três sub-unidades:um epiprocto (Epr) <strong>do</strong>rsal e um par de paraproctos (Parp) laterais. Oepiprocto apresenta-se dividi<strong>do</strong> em uma parte proximal e outra distal. Oscercos (Cer) são duas estruturas cônicas que projetam-se para o <strong>do</strong>rso, apartir <strong>do</strong> décimo urotergito, e estão localiza<strong>do</strong>s imediatamente abaixo dasmargens laterais <strong>do</strong> epiprocto numa região membranosa. Entre os cercos eas margens laterais <strong>do</strong> epiprocto, estão <strong>do</strong>is pequenos escleritos referi<strong>do</strong>scomo escleritos supracercais (esce). Os paraproctos são <strong>do</strong>is lobos cônicos,fracamente esclerotiniza<strong>do</strong>s. Os elementos <strong>do</strong> décimo primeiro segmentocircundam a membrana <strong>do</strong> periprocto (prpc), onde se abre o ânus. Oepiprocto, cercos e paraproctos envolvem <strong>do</strong>rsolateralmente o ânus. Nomacho encontra-se uma região membranosa logo abaixo <strong>do</strong> periproctodenominada hipoprocto (Hprc).5.3. Genitália masculina e estruturas associadas (Figs. 27-30, 35-37)O nono urotergito é conheci<strong>do</strong> como epândrio. A mais notávelcaracterística no macho é o grande desenvolvimento <strong>do</strong> nono uroesternito (EIX). O nono uroesternito é denomina<strong>do</strong> hipândrio ou placa genital, e écomposto de uma parte proximal e outra distal (Fig. 27). Não foramencontra<strong>do</strong>s vestígios <strong>do</strong>s apêndices associa<strong>do</strong>s a esta placa. Na porçãodistal <strong>do</strong> nono uroesternito forma-se a câmara genital, que é o local ondealoja-se o órgão fálico eversível (também conhecida como falo), que é umaestrutura membranosa projetada distalmente, semelhante a um cone,composta de vários escleritos (Fig. 30, 35 e 36).


6. COMENTÁRIOS SOBRE A MORFOLOGIA DE HEXAPODA39A divisão <strong>do</strong> corpo em três tagmas —cabeça, tórax e abdômen— é umadas características mais evidentes na <strong>morfologia</strong> <strong>externa</strong> <strong>do</strong>s hexápo<strong>do</strong>s. No<strong>gafanhoto</strong> Eutropidacris <strong>sp</strong>. esses três tagmas são bem evidentes. No tagmatorácico, podem ser observadas três pares de pernas, um par em cadasegmento que compõe o tórax. No mesotórax e metatórax, é observa<strong>do</strong> emcada segmento, um par de asas, característica esta de Pterygota.6.1. CabeçaO número de segmentos que constituem a cabeça é tema de amplodebate entre morfologistas, embriologistas e geneticistas. O número desegmentos propostos para os insetos varia entre 3 e 7 (REMPEL, 1975).SNODGRASS (1935) menciona apenas a presença de 5 segmentos: antenal,intercalar, mandibular, maxilar e labial. Estes cinco segmentos corre<strong>sp</strong>ondemcom os segmentos antenular (primeira antena), antenarl(segunda antena),mandibular, maxilular (primeira maxila) e maxilar (segunda maxila) <strong>do</strong>smandibula<strong>do</strong>s aquáticos (crustáceos). RICHARDS & DAVIES (1977), aorevisar a literatura pertinente ao número de segmentos da cabeça propõemque a cabeça estaria formada por seis segmentos —pré-antenal, antenal,intercalar, mandibular, maxilar e labial— mais um ácron pré-segmental.MATSUDA (1965) reconhece apenas os cinco segmentos que SNODGRASS(1935) mencionou. A presença de cavidades celomáticas pré-antenais quesegun<strong>do</strong> alguns embriologistas seria a demonstração da presença <strong>do</strong> sextosegmento, poderia ser interpreta<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> MATSUDA (1965), como umadivisão secundária da cavidade celomática antenal. Porém RICHARDS &DAVIES (1977) comentam que a opinião de MATSUDA (1965) quanto aonúmero de segmentos cefálicos poderia ser afetada pelo fato de que osegmento pré-antenal e a miúde pouco visível e as vezes irreconhecível.A ausência <strong>do</strong> ácron nos hexápo<strong>do</strong>s foi proposta por KUKALOVÁ-PECK (1987, 1991, 1992), porém manteve a idéia de que a cabeça estariaformada por seis segmentos. A diferença com as propostas anteriores, tem aver principalmente com o fato de que a pesquisa<strong>do</strong>ra propõe que o primeirosegmento daria origem ao clípeo-labro, o segun<strong>do</strong> a antena e da o nome desegmento pós-antenal e ao terceiro denomina de intercalar. Os trêssegmentos posteriores têm a mesma denominação: mandibular, maxilar elabial. Segun<strong>do</strong> a pesquisa<strong>do</strong>ra, os olhos teriam se origina<strong>do</strong> <strong>do</strong>s segmentos2 e 3, os ocelos anteriores <strong>do</strong> primeiro segmento e os posteriores <strong>do</strong> terceiro.Portanto, existem três questões polêmicas na conformaçãosegmentária da cabeça. A primeira diz re<strong>sp</strong>eito a se o ácron faz parte ou não


40<strong>do</strong> plano básico da cabeça de hexapoda. A segunda questão trata sobre se olabro é um segmento ou não e por último a terceira tem a ver com o númerode segmentos que fazem parte da cabeça.O ácron faz parte <strong>do</strong> plano básico de Arthropoda (p. ex. BEAUMONT& CASSIER, 1978; BRUSCA & BRUSCA, 1990) como uma região anteriornão segmentar e que no início <strong>do</strong> desenvolvimento <strong>do</strong>s artrópodes, estáseparada <strong>do</strong> telson posterior, por uma região meristemática conhecida comozona teloblástica, a qual vai originar os segmentos. A ausência <strong>do</strong> ácron nãofoi corroborada com alguns estu<strong>do</strong>s embriológicos com Drosophila(JÜRGENS et al. 1986), que demonstraram a presença dessa região e aindaassociada a região que daria origem ao clípeo-labro.A interpretação <strong>do</strong> clípeo-labro como segmento ainda não é clara esua origem permanece em debate (BITSCH, 1994). Embriologicamente, oclípeo-labro se forma como uma evaginação, um lábio, ímpar de uma áreapré-oral <strong>do</strong> protocérebro e que pode ser considerada como uma área présegmentar(JÜRGENS et al. 1986), ou seja, essa estrutura na teria origem apartir de um segmento.Por outro la<strong>do</strong>, estu<strong>do</strong>s genético-moleculares sobre a expressão <strong>do</strong>gene Dll, que controla a formação da parte distal <strong>do</strong>s apêndices em váriosgrupos de Metazoa, é observa<strong>do</strong> em vários grupos de Arthropoda e tem sevisto que se expressa na região que vai dar origem ao clípeo-labro(POPADIC, et al. 1998a).Estu<strong>do</strong>s da expressão <strong>do</strong> gene EN e <strong>do</strong> wg em Drosophila temdemonstra<strong>do</strong> a presença de um sétimo segmento (SCHMIDT-OTT &TECHMAN, 1992), que no caso poderia ser interpreta<strong>do</strong> como o segmentoclípeo-labral. No entanto, ao expandir os estu<strong>do</strong>s da expressão desses <strong>do</strong>isgenes para outros insetos, ROGERS & KAUFMAN (1996), não conseguiramcorroborar os resulta<strong>do</strong>s de SCHMIDT-OTT & TECHMAN (1992), sen<strong>do</strong>encontra<strong>do</strong>s apenas seis segmentos que ROGERS & KAUFMAN (1996)denominaram de: Ocular, Antenar, Intercalar, Mandibular, Maxilar e Labial. Amesma nomenclatura para os segmentos e os mesmos resulta<strong>do</strong>s para onúmero de segmentos que ROGERS & KAUFMAN (1996) propuseram foiapresentada por POPADIC et al. (1998b).Do visto até aqui, podemos concluir que o ácron está presente nosHexapoda como acontece nos outros Arthropoda. O número de segmentosainda é um tema muito controverso e diretamente afeta a natureza da regiãoque dá origem ao clípeo-labro, que pode ou não ser um segmento. Anatureza apendicular <strong>do</strong> clípeo-labro é ao menos surpreendente, devi<strong>do</strong> aque somente segmentos possuem apêndices, no entanto os mesmos autoresque publicaram esse resulta<strong>do</strong>, são cautelosos ao assinar o caráter


41segmental para o clípeo-labro. A natureza apendicular <strong>do</strong> clípeo-labro, nãocorrobora nem nega a natureza segmentar dessa região.Tanto os estu<strong>do</strong>s morfológicos quanto os moleculares, parecem indicarque a cabeça <strong>do</strong>s insetos estariam formadas por seis segmentos. O primeirosegmento, denomina<strong>do</strong> de pré-antenar ou ocular, estaria associa<strong>do</strong> com aorigem <strong>do</strong>s olhos. A pergunta que surge é: quais são os apêndices destesegmento? Parece mais parcimonioso supor que se o clípeo-labro é umapêndice, então este seja o apêndice <strong>do</strong> primeiro <strong>do</strong>s seis segmentos dacabeça, já que os outros cinco segmentos dão origem às antênula (primeiraantena), antena (segunda antena <strong>do</strong>s crustáceos e que corre<strong>sp</strong>onde com osegmento intercalar, sem apêndices <strong>do</strong>s Trachaeta), mandíbula, maxílula(primeira maxila ou apenas maxila nos insetos), e maxila (segunda maxila oulábio nos insetos). Devi<strong>do</strong> a que o labro está presente nos Arthropoda, restasaber se essa estrutura é interpretada como um apêndice também.Outra controvérsia, que já leva várias décadas versa sobre a naturezadas mandíbulas. Inicialmente, MANTON (1964) propôs que as mandíbulas<strong>do</strong>s Tracheata (Myriapoda + Hexapoda) se originariam a partir <strong>do</strong> apêndiceto<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> a parte que mastiga a ponta <strong>do</strong> endópo<strong>do</strong> ou perna caminhante.Diferentemente <strong>do</strong>s Tracheata, a mandíbula de Crustacea, segun<strong>do</strong> apesquisa<strong>do</strong>ra, teria se origina<strong>do</strong> apenas da gnatobase da coxa. Essesresulta<strong>do</strong>s levaram a MANTON (1964) a propor a origem polifilética deArthropoda, e consequentemente a dissolução <strong>do</strong> táxon Mandibulata.Estu<strong>do</strong>s recentes, com a expressão <strong>do</strong> gene Dll levaram a proporque tanto as mandibulas de Tracheata e de Crustacea seriam de origemgnatobásica, ou seja, o gene não se expressa em nenhum dessesapêndices, como deveria e<strong>sp</strong>erar-se, devi<strong>do</strong> a que o Dll se manifesta naformação <strong>do</strong> endópo<strong>do</strong> (POPADIC et al. 1998a; SCHOLTZ et al. 1998). Osautores, portanto, refutam a idéia de MANTON (1964) quanto a naturezadiferente das mandíbulas de Crustacea e Tracheata.Em geral, a cabeça e seus apêndices, no <strong>gafanhoto</strong>, não apresentammodificações consideráveis quanto a cabeça <strong>do</strong>s outros hexápo<strong>do</strong>s. Asmandíbula mastiga<strong>do</strong>ras, sem o palpo, como observadas em outrosMandibulata, provavelmente são <strong>do</strong> tipo que o Hexapoda ancestral deve terti<strong>do</strong>.Nas maxilas e no lábio <strong>do</strong> <strong>gafanhoto</strong> pode ser observada a suanatureza apendicular. A coxa única nos artrópodes primitivos, dividiu-se emduas ainda ce<strong>do</strong> na evolução de Mandibulata, sen<strong>do</strong> herdada dessa formanos Tracheata (MOURA & CRISTOFFERSEN, 1996) e que são conhecidascomo basicoxa e coxa (SNODGRASS, 1935). Na maxila, o car<strong>do</strong> e o estipecorre<strong>sp</strong>ondem com a basicoxa e coxa re<strong>sp</strong>ectivamente. Um par degnatobases, derivadas da coxa primitiva e que participam da alimentação


42como acontece em to<strong>do</strong>s os artrópodes, são a gálea mais <strong>externa</strong> e a laciniamais interna. O palpo maxilar, forma<strong>do</strong> por cinco segmentos, corre<strong>sp</strong>ondecom a perna caminhante <strong>do</strong>s mandibula<strong>do</strong>s aquáticos.No lábio, o posmento corre<strong>sp</strong>onde com a basicoxa, porém no<strong>gafanhoto</strong> ele está dividi<strong>do</strong> secundariamente em submento superior e mentoinferior. Esta característica da divisão <strong>do</strong> submento é observada também emIsoptera, Blattodea, Coleoptera e em alguns representantes de outrasordens. Por tanto, assume-se que a condição encontrada no <strong>gafanhoto</strong> emoutros insetos é derivada. O lábio no plano básico de Hexapoda encontra-seum pós-mento não dividi<strong>do</strong>. O pré-mento <strong>do</strong> lábio, corre<strong>sp</strong>onde com a coxa.A glossa e paraglossa são os enditos coxais e o palpo labial corre<strong>sp</strong>ondecom a perna caminhante.O número de segmentos <strong>do</strong> palpo maxilar e labial no <strong>gafanhoto</strong> e 5 e3 re<strong>sp</strong>ectivamente. O número de segmentos nesses palpos são sugeri<strong>do</strong>scomo sen<strong>do</strong> o número <strong>do</strong> plano básico de Hexapoda, devi<strong>do</strong> a que essesnúmeros são observa<strong>do</strong>s em insetos basais de Hexapoda (MATSUDA,1965).A presença de olhos compostos e de três ocelos, é uma caracteísticaplesiomórfica <strong>do</strong> <strong>gafanhoto</strong>, já que é observada em outros grupos deHexapoda. A ausência de olhos compostos em Protura e Diplura éconsiderada apenas uma adaptação ao médio em que vivem.6.2. TóraxNo tórax <strong>do</strong>s insetos ápteros, que são basais na filogenia de Hexapoda(ver p. ex. KRISTENSEN, 1991), o pró-torax é independente <strong>do</strong> resto desegmentos, o que não acontece com os insetos ala<strong>do</strong>s, condição que podeser observada no <strong>gafanhoto</strong> (Figura 19). No <strong>gafanhoto</strong>, como nos outrosinsetos ala<strong>do</strong>s, a mesopleura e metapleura, ganham importância devi<strong>do</strong> aque os músculos <strong>do</strong> vôo vão se inserir nelas, crescen<strong>do</strong> consideravelmentede tamanho.O tórax, nos hexápo<strong>do</strong>s ápteros e em alguns representantes maisbasais da Ordem Ephemeroptera (um inseto pterigoto), o tergo é dividi<strong>do</strong> empré-escu<strong>do</strong>, escu<strong>do</strong> e escutelo fundi<strong>do</strong>s, e pós-noto (MATSUDA, 1970). Nosinsetos ala<strong>do</strong>s, como é o caso <strong>do</strong> <strong>gafanhoto</strong>, o escu<strong>do</strong> e o escutelo sãosepara<strong>do</strong>s. O pós-noto está presente apenas no metanoto. No pró-torax <strong>do</strong><strong>gafanhoto</strong>, o escu<strong>do</strong> está dividi<strong>do</strong> em escu<strong>do</strong> anterior e posterior, porém estacaracterística é secundária e acontece apenas em alguns representantes dealgumas ordens de insetos.A hipótese mais aceita para a origem da pleura é a de HEYMONS(1899), que propõe que os escleritos pleurais originaram-se da basicoxa.


43Segun<strong>do</strong> SNODGRASS (1935) e MATSUDA (1970) a basicoxa teria sefragmenta<strong>do</strong> inicialmente, e posteriormente esses fragmentos teriam cresci<strong>do</strong>e ocupa<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o e<strong>sp</strong>aço pleural.Nos hexápo<strong>do</strong>s mais basais, a basicoxa está fragmentada em trêsescleritos. O mais <strong>do</strong>rsal é o Anapleurito, o <strong>do</strong> médio o Coxopleurito ouCatapleurito que possui um processo articula<strong>do</strong> com a coxa, e o mais ventral,próximo <strong>do</strong> esterno, o Esternopleurito, que também possui um processoarticular com a coxa (SNODGRASS, 1935).Nos insetos ala<strong>do</strong>s, o Esternopleurito funde-se com o esternoforman<strong>do</strong> uma placa esternal. O Anapleurito e o Catapleurito não aparecemcomo escleritos independentes, sen<strong>do</strong> observa<strong>do</strong> apenas um único esclerito,que SNODGRASS (1935) denominou apenas de Coxopleurito. A área maisventral <strong>do</strong> Coxopleurito dá origem ao trocantim (Figs. 19, 20). O surgimentoda sutura mesopleural no esclerito único de Pterygota, que vai desde a partemais <strong>do</strong>rsal <strong>do</strong> coxopleurito até o processo articular <strong>do</strong> Coxopleurito com acoxa, originará futuramente o episterno e epímero, como observa<strong>do</strong> no<strong>gafanhoto</strong> (Figura 20). Os escleritos basalares e subalar, nos insetos ala<strong>do</strong>s,originam-se, também, da subcoxa (Figs.14, 20).Os escleritos <strong>do</strong> esterno nos hexápo<strong>do</strong>s é a mesma nos ápteros enos ala<strong>do</strong>s. São sempre encontra<strong>do</strong>s 4 escleritos: pré-esterno, basisterno,furcasterno e e<strong>sp</strong>inasterno (Figura 24). No <strong>gafanhoto</strong> como nos outro<strong>sp</strong>terigotos, o e<strong>sp</strong>inasterno metatorácico não está presente (Figura 24).O número de segmentos proposto para os apêndices de Hexapoda ésete (SNODGRASS, 1935, MATSUDA, 1970; BITSCH, 1994). Essessegmentos seriam: basicoxa mais próxima da pleura e que posteriormente sefragmenta para formar os escleritos pleurais <strong>do</strong>s hexápo<strong>do</strong>s, a coxa que searticula com a pleura, trocânter, fêmur, tíbia, tarso e pretarso (Figura 21). Otarso geralmente está dividi<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> seu número variável nos insetosala<strong>do</strong>s. As unidades tarsais não podem ser considera<strong>do</strong>s segmentos, devi<strong>do</strong>a que não existe musculatura intrínseca, sen<strong>do</strong> esse fator o determinantepara a consideração se é ou não segmento.Por outro la<strong>do</strong>, KUKALOVÁ-PECK (1987), propôs, baseada emestu<strong>do</strong>s de fósseis, que o número básico de segmentos da perna seria 11.No entanto, esta proposição tem si<strong>do</strong> bastante criticada (ver BITSCH, 1994),devi<strong>do</strong> a que somente um exemplar de Diplura (Dasyleptus) <strong>do</strong> carboníferopossui tal característica, e não tem si<strong>do</strong> observa<strong>do</strong> em nenhum outroexemplar de Hexapoda nem fóssil nem recente, poden<strong>do</strong> ser apenas umacaracterística autapomórfica desse gênero. Ela propõe a existência de umacoxa com três segmentos que, como será discuti<strong>do</strong> mais adiante, serve defundamentação para propôr a origem da asa.


44Os únicos artrópodes que possuem asas são os insetos <strong>do</strong> táxondenomina<strong>do</strong> Pterygota. Outros insetos mais basis na filogenia de Hexapodasão apteros. A origem das asas e a partir de que estruturas se originaramtem leva<strong>do</strong> à proposião de várias hipóteses (revisão feita por MATSUDA,1970 ).A teoria paranotal (ver SNODGRAS, 1935) é a mais aceita e baseiaseno fato de que alguns <strong>do</strong>s fósseis mais antigos de insetos ala<strong>do</strong>sconheci<strong>do</strong>s, encontra<strong>do</strong>s no carbonífero superior, possuem um par de asascompletamente desenvolvi<strong>do</strong>s, no mesotórax e metatórax, e um par depequenos lobos achata<strong>do</strong>s, progeta<strong>do</strong>s lateralmente <strong>do</strong> tergo <strong>do</strong> protórax, oslobos paranotais. Aceita-se que todas as asas teriam surgi<strong>do</strong> como esseslobos paranotais e que posteriormente teriam surgi<strong>do</strong> os escleritos da baseda asa que permitem o movimento deste. Um fato a favor desta teoria, é quelobos paranotais são observa<strong>do</strong>s em vários segmentos de outros artrópodes,portanto o surgimento no tórax <strong>do</strong>s insetos seria uma condição primitiva.Por outro la<strong>do</strong> KUKALOVÁ-PECK (1978, 1983) refutou a teoriaparanotal e propôs uma origem pleural para as asas. Ela assume que a asateria se deriva<strong>do</strong> de um processo externo, o exito, <strong>do</strong> primeiro segmento dacoxa que ela denominou de epicoxa. Esta hipótese foi refutada por BITSCH(1994), principalmente pela inconsistência desse da<strong>do</strong> com vários estu<strong>do</strong>smorfológicos e embriológicos.Os genes homeóticos (HOM/Hox) são um grupo de genesregula<strong>do</strong>res que controlam processos biológicos elabora<strong>do</strong>s e tem si<strong>do</strong>associa<strong>do</strong>s à evolução <strong>do</strong> plano básico de Metazoa (LEWIS, 1978; PATEL,1994; CARROLL, 1995; ROGERS et al. 1997). ROGERS et al. (1997)sugere que a expressão <strong>do</strong> gene homoeótico Scr atua como supressor dasasas protorácicas já que nos outros segmentos ele não se manifesta pertodas asas. Segun<strong>do</strong> POPADIC et al. (1998b) a ação supressora <strong>do</strong> gene Scrpara a não formação da asa protorácica, deve ter surgi<strong>do</strong> ao longo daevolução <strong>do</strong>s Hexapoda, uma vez que primitivamente esse gene seexpressa para a formação <strong>do</strong> segmento labial.O <strong>gafanhoto</strong> é um representante <strong>do</strong> grupo conheci<strong>do</strong> como Neoptera(KUKALOVÁ-PECK, 1991). Os neópteros podem <strong>do</strong>brar as asas para oabdômen, a diferença <strong>do</strong>s outros insetos ala<strong>do</strong>s mais basais que mantémsuas asas em repouso ou horizontalmente ou <strong>do</strong>bradas para cima <strong>do</strong> tórax.O surgimento de vários escleritos alares a mais em Neoptera, <strong>do</strong>s que oobserva<strong>do</strong> nos insetos basais, permitiu esse tipo de <strong>do</strong>bramento sobre oabdômen (Figs. 14, 18, 20).As veias principais longitudinais observadas no <strong>gafanhoto</strong> (Figs. 16,17), corre<strong>sp</strong>ondem com aquelas observadas nos grupos basais de Pterygota,e na maioria de grupos de Neoptera. O grande número de veias transversais


45é uma característica plesiomórfica que é observada apenas nos gruposbasais de Pterygota e Neoptera. As asas <strong>do</strong>s insetos, no plano básico,devem ser membranosas, como se observa nos grupos basais de Pterygota.A textura coriácea da asa anterior <strong>do</strong> <strong>gafanhoto</strong>, é observada apenas nosOrthoptera, e por isso é considerada uma autapomorfia desse grupo.6.3. AbdômenO número de segmentos observa<strong>do</strong> no gafanohoto é 11, ecorre<strong>sp</strong>onde com o número de segmentos proposto para o plano básico deHexapoda (BITSCH, 1994). A região pleural <strong>do</strong> <strong>gafanhoto</strong> não possuinenhum esclerito deriva<strong>do</strong> das pernas e tem uma consistência poucoesclerotinizada, sen<strong>do</strong> esta uma característica, também plesiomórfica.A região pré-genital <strong>do</strong> abdômen <strong>do</strong> gafanho não apresenta nenhumtipo de apêndice. No entanto, está é uma condição derivada já que algunsinsetos ápteros, como por exemplo Tyshanura e Archaeognata, possuempequenos apêndices em to<strong>do</strong>s esses segmentos. Os apêndices dessesinsetos ápteros possuem uma coxa e um estilo pequeno e não dividi<strong>do</strong>, quecorre<strong>sp</strong>onde com o endópo<strong>do</strong>, ou perna caminhante, <strong>do</strong> apêndicegeneraliza<strong>do</strong> de Arthropoda. A presença de uma ou duas vesículaseversíveis nesses apêndices <strong>do</strong>s insetos ápteros representam os enditoscoxais (BITSCH, 1994). Portanto, a ausência desses apêndices pré-genitaisnos <strong>adulto</strong>s de Pterygota é uma condição apomórfica para to<strong>do</strong>s osNeoptera.Os apêndices da terminália masculina <strong>do</strong> <strong>gafanhoto</strong> são bastantemodifica<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s com os apêndices da terminália deThysanura, inseto que acredita-se tem o padrão básico para to<strong>do</strong>s osHexapoda. Em Thysanura, um par de gonocoxitos, que representam a coxada perna caminhante, estão liga<strong>do</strong>s ao esterno 9. A estes gonocoxitos, estãoarticula<strong>do</strong>s um gonóstilo apical, que corre<strong>sp</strong>onde com o exito da pernacaminhante. Este padrão de Thysanura é manti<strong>do</strong>, com várias modificaçõesem vários grupos de insetos. No <strong>gafanhoto</strong> aqui estuda<strong>do</strong>, o gonocoxito estáfundi<strong>do</strong> com o esternito 9 forman<strong>do</strong> uma placa esternal, e o estilo estáausente (Figs. 27-29). O resto da genitália é ocupa<strong>do</strong> pelo complexo fálico, oqual é grande (Figura 30).Os apêndices da terminália feminina <strong>do</strong> <strong>gafanhoto</strong> aqui estuda<strong>do</strong>,também apresenta várias modificações quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> com a termináliafeminina de Thysanura. Os segmentos 8 e 9 da terminália de Thysanura,possuem um par de gonocoxitos cada um que são homólogos da coxa daperna caminhante. Na parte apical <strong>do</strong>s gonocoxitos, está presente um estiloque é homólogo <strong>do</strong> exito da perna caminhante. Dos gonocoxitos, surgem


46apófises longas com formato de lâmina, conhecidas como gonapófises. Onúmero de gonapófises para cada gonocoxito, provavelmente foram <strong>do</strong>i<strong>sp</strong>ares para cada um, sen<strong>do</strong> então um total de 4 pares (BITSCH, 1994). No<strong>gafanhoto</strong>, os escleritos basais da terminália masculina que representam osgonocoxitos <strong>do</strong> oitavo e nono segmentos são internos e pouco visível. Dogonocoxito <strong>do</strong> nono segmento é visível apenas os denomina<strong>do</strong>s de válvula<strong>do</strong>rsal. A válvula ventral corre<strong>sp</strong>onde com a gonapófise <strong>do</strong> oitavo gonocoxito,e a válvula intermediária com a gonapófise <strong>do</strong> gonocoxito 9.Os segmentos pós-genitáis corre<strong>sp</strong>ondem com os números 10 e 11,e sua presença é plesiomórfica já que esse número é observa<strong>do</strong> em váriosgrupos basais de Hexapoda.


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