11. INTRODUÇÃO– Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> e envelhecimentoNos últimos anos, as pesquisas sobre o <strong>de</strong>senvolvimento do adulto têm atentado para aquestão <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> no curso <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>. Há consenso <strong>em</strong> torno <strong>da</strong> noção <strong>de</strong> que umaboa quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> condições objetivas, tais como saú<strong>de</strong>, ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>,envolvimento social, associados aos níveis <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>, <strong>de</strong> escolari<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, entreoutros. Além disso, a boa quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> também <strong>de</strong> condições subjetivas, como ob<strong>em</strong>-estar psicológico e <strong>em</strong>ocional.15 27O b<strong>em</strong>-estar físico objetivo está relacionado à ausência ou a mínimos graus <strong>de</strong> doença,incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong>sconfortos músculo-esqueléticos. A boa saú<strong>de</strong> física é uma quali<strong>da</strong><strong>de</strong> vital,favorece a boa aparência, a sentir-se b<strong>em</strong> e ter reservas necessárias para usufruir umavarie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> interesses, além <strong>de</strong> ser um dos mais po<strong>de</strong>rosos preditores <strong>de</strong> b<strong>em</strong>-estarpsicológico. 15Segundo Trentini (2004), quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> na medicina especificamente, está geralmenteassocia<strong>da</strong> à capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> funcional do paciente ou ain<strong>da</strong> a custo/benefício inerente àmanutenção <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>.Porém, quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> num sentido amplo, está muito além disso e têm um significadodiferente para ca<strong>da</strong> pessoa <strong>de</strong> acordo com o seu grau <strong>de</strong> <strong>percepção</strong>, conhecimento,experiências e valores.Portanto a saú<strong>de</strong> seja ela física, mental ou <strong>em</strong>ocional, é consi<strong>de</strong>rado um dos principaisparâmetros <strong>de</strong> <strong>análise</strong> <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma pessoa, o que torna profissional <strong>da</strong> saú<strong>de</strong>um agente ativo no que diz respeito à promoção e manutenção <strong>de</strong> uma vi<strong>da</strong> melhor para ospacientes que confiam <strong>em</strong> seu trabalho.É responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do médico, do profissional <strong>da</strong> saú<strong>de</strong>, perceber as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos seuspacientes e <strong>de</strong>senvolver na medi<strong>da</strong> do possível, medi<strong>da</strong>s que torn<strong>em</strong> a vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s pessoasmelhores, num processo <strong>de</strong> viver e não somente sobreviver.Mas como melhorar a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma pessoa? Como fazer com que uma pessoaviva melhor, mais feliz?
2Esses questionamentos não são <strong>de</strong> simples resposta e quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>em</strong> saú<strong>de</strong> englobaalém do médico e o próprio indivíduo, to<strong>da</strong> a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> na qual ele vive, tornando-se assimum objeto <strong>de</strong> estudo <strong>da</strong> Saú<strong>de</strong> Pública, um assunto <strong>de</strong> interesse <strong>de</strong> todos, seja <strong>da</strong> área <strong>da</strong>saú<strong>de</strong>, seja do Estado. Todos estão envolvidos nesse complexo processo <strong>de</strong> melhorar a vi<strong>da</strong>,orientar, <strong>da</strong>r subsídios para que o indivíduo possa viver plenamente e explorar ao máximoseus potenciais.Possivelmente a constatação <strong>de</strong> que os indicadores objetivos <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> nãorepresentam necessariamente a experiência <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> indivíduos e populaçõeslevou os cientistas sociais a investir <strong>em</strong> indicadores subjetivos. 25Segundo De Vitta (2001), saú<strong>de</strong> percebi<strong>da</strong> refere-se à avaliação subjetiva que ca<strong>da</strong> pessoa fazsobre a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do funcionamento <strong>de</strong> sua saú<strong>de</strong> física e mental. Po<strong>de</strong> referir-se aofuncionamento atual e ao passado e po<strong>de</strong> incluir expectativas quanto ao funcionamento futuro.T<strong>em</strong> como ponto <strong>de</strong> referência a auto-observação e parâmetros pessoais e sociais, entre estes acomparação com outras pessoas As metas pessoais <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> são consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s como um dosfatores que influenciam o b<strong>em</strong>-estar subjetivo e como um dos componentes <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> mental edo envelhecimento b<strong>em</strong>-sucedido.O nível <strong>de</strong> prazer e a satisfação com a vi<strong>da</strong> são eventos positivamente correlacionados porquesão igualmente influenciados por apreciações sobre eventos <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s ecircunstâncias. Po<strong>de</strong>m correlacionar-se negativamente porque a satisfação é uma apreciaçãoglobal <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> enquanto o nível <strong>de</strong> prazer diz respeito a reações correntes aos eventos,po<strong>de</strong>ndo ser influenciado por fatores <strong>de</strong> personali<strong>da</strong><strong>de</strong>, por fatores biológicos e por eventossituacionais. 20Em geral, as pessoas estabelec<strong>em</strong> metas que se relacionam com diferentes domínios <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>(como realização profissional, autonomia, manutenção <strong>da</strong> própria saú<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> contatos sociaissignificativos). À medi<strong>da</strong> que envelhec<strong>em</strong> vão criando novas metas ou alterando oinvestimento que faz<strong>em</strong> no alcance <strong>da</strong>s que haviam sido estabeleci<strong>da</strong>s anteriormente. 20Conforme a Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (OMS), a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> um indivíduopo<strong>de</strong> ser analisa<strong>da</strong> com base nos critérios <strong>em</strong> seis domínios: físico, psicológico, nível <strong>de</strong>in<strong>de</strong>pendência, relações sociais, meio-ambiente, espirituali<strong>da</strong><strong>de</strong>s e crenças.17, 18, 19Estes conceitos são construídos a partir <strong>da</strong>s crenças individuais, <strong>da</strong>s experiências pessoais, osanseios, expectativas e <strong>de</strong>sejos que vão se processando durante o curso <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> dos indivíduos<strong>da</strong>s socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s. 25Muitas são as pessoas que chegam aos consultórios médicos com a expectativa <strong>de</strong> ser<strong>em</strong>atendidos <strong>da</strong> forma mais abrangente possível, ou seja, nenhum indivíduo quer ser visto como