13.07.2015 Views

imaginário da brasilidade em gilberto freyre - Livros Grátis

imaginário da brasilidade em gilberto freyre - Livros Grátis

imaginário da brasilidade em gilberto freyre - Livros Grátis

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

João de Deus Vieira BarrosIMAGINÁRIO DA BRASILIDADEEM GILBERTO FREYRESão Luis/MAEDUFMA2009


FICHA DE CATALOGAÇÃOBARROS, João de Deus Vieira. Imaginário <strong>da</strong> brasili<strong>da</strong>de <strong>em</strong>Gilberto Freyre. 2 ed. São Luis/MA: EDUFMA, 2009, 206p.ISBN 978-85-7862-061-5CDD 306.4337.015.2Capa: Imag<strong>em</strong> de Gilberto Freyre sobreposta a Pintura a óleo/telaMestiço (1934), 81 x 65.5 cm, de Candido Portinari.Reprodução autoriza<strong>da</strong> por João Candido Portinari.Imag<strong>em</strong> do acervo do Projeto Portinari.Tirag<strong>em</strong>: 300 ex<strong>em</strong>plaresA<strong>da</strong>ptação <strong>da</strong> Tese de DoutortadoRegimes de imagens <strong>em</strong> Casa-Grande & Senzala:um estudo do imaginário <strong>em</strong> Gilberto Freyredefendi<strong>da</strong> no Programa de Pós-Graduação <strong>em</strong> Educação<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de São Paulo - USP,sob orientação <strong>da</strong> professora Dr. Maria Cecília Sanchez TeixeiraProjeto gráfico: Jeferson Francisco SelbachEdição desenvolvi<strong>da</strong> através do projeto e-ufmaVisite www.eufma.ufma.br e saiba mais<strong>da</strong>s nossas propostas de inclusão digitalDedico este livro à minha mãe,Dona Josefa, e às m<strong>em</strong>órias deTia Mercedes e Dona Marcelina,mulheres que, na minha infância,teceram parte de meu destino.Agradeço ao escritor e professorManoel Cardoso e à professora MariaCecília, guardiães do início e dotérmino dessa caminha<strong>da</strong>.E a Deus, por s<strong>em</strong>pre estar entre nós.Recursos para versão impressa obtidos peloPrograma de Pós-Graduação <strong>em</strong> Cultura - PGCulte Núcleo de Educação de Jovens e Adultos - NEJAUniversi<strong>da</strong>de Federal do MaranhãoReitor Natalino Salgado FilhoDiretor <strong>da</strong> Imprensa Universitária: Ezequiel Antonio Silva FilhoEste livro foi autorizado para domínio público e está disponível paradownload nos portais do MEC [www.dominiopublico.gov.br]e do Google Pesquisa de LivroDe acordo com a Lei n.10.994, de 14/12/2004,foi feito depósito legal na Biblioteca Nacional


É tão raro o hom<strong>em</strong> de uma só época comoraro é hoje o hom<strong>em</strong> de uma só cultura oude uma só raça, ou como parece vir sendo,o indivíduo de um só sexo.Gilberto Freyre


SUMÁRIONOTA Á EDIÇÃOPREFÁCIOINTRODUÇÃOUMA QUESTÃO DE PARADIGMA E MÉTODOUMA CARACTERIZAÇÃO DAS “FACES DOTEMPO”OS REGIMES DE IMAGENS DE DURAND E AS“FRONTEIRAS MÓVEIS” DO IMAGINÁRIOA CASA IMAGINÁRIA DE BACHELARD E AMETÁFORA DA BRASILIDADECONCLUSÕESBIBLIOGRAFIA91117275397145181203


NOTA À EDIÇÃOÉ com grande alegria que traz<strong>em</strong>os ao público a segun<strong>da</strong> ediçãodo livro Imaginário <strong>da</strong> brasili<strong>da</strong>de <strong>em</strong> Gilberto Freyre, oriundo de nossatese de doutorado, defendi<strong>da</strong> <strong>em</strong> 1996, na Facul<strong>da</strong>de de Educação<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de São Paulo.Foram excluí<strong>da</strong>s incorreções existentes na primeira, publica<strong>da</strong>oito anos atrás. Também foi acrescentado o belíssimo prefácio, escritoà época pela professora Maria Cecília Sanchez Teixeira, e que deixoude constar na primeira edição.No entanto, a grande novi<strong>da</strong>de é a capa com o quadro Mestiço,de Cândido Portinari, de 1934, realizado exatamente um ano após apublicação de Casa-Grande & Senzala, <strong>em</strong> 1933. Quer<strong>em</strong>os agradecerà família do pintor por ter permitido a reprodução <strong>da</strong> obra na capadesta edição, o que s<strong>em</strong> dúvi<strong>da</strong> amplia o conteúdo do livro, pelocaráter sócio-antropológico <strong>da</strong> tela.João de Deus Vieira Barros


PREFÁCIOEste livro de João de Deus Vieira Barros é resultado não apenasde sua tese de doutorado, <strong>da</strong> qual leva o nome, mas também deestudos que realizou no mestrado, igualmente sobre o imaginário deGilberto Freyre. Portanto, foram quase 10 anos de estudos sobre amesma t<strong>em</strong>ática. E, imediatamente nos surge a pergunta: por que umpesquisador dedica tanto t<strong>em</strong>po <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong> a um mesmo t<strong>em</strong>a?Não seria, para o autor, a tentativa de compreender o imagináriode Gilberto Freyre um mero pretexto para a compreensão doseu próprio imaginário? Estou certa que sim, pois como diz Leroi-Gourhan 1 : Quando procuramos o hom<strong>em</strong>, procuramos a nós mesmos.To<strong>da</strong> teoria é um pouco um auto-retrato. Ou seja, quandopesquisamos estamos s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> busca de nós mesmos. Os nossost<strong>em</strong>as obsessivos nos incitam a buscar respostas às nossas própriasdúvi<strong>da</strong>s e inquietações; primeiro eles nos seduz<strong>em</strong> para depois nosconduzir a um conhecimento mais profundo sobre nós mesmos. Pensoque não escolh<strong>em</strong>os os t<strong>em</strong>as de nossas pesquisas, somos escolhidospor eles. E quando esgotamos um t<strong>em</strong>a, talvez tenhamos apreendidoum pouquinho mais sobre nós mesmos.1Citado por MEUNIER, Jacques. Civilizações, entrevistas do Le Monde. São Paulo:Ática, 1989.


12 Maria Cecília Sanchez TeixeiraPrefácio13Suspeito que a identificação de João de Deus, poeta, artista eeducador, com Gilberto Freyre tenha se <strong>da</strong>do exatamente por partilharcom este autor a mesma lógica que permite conciliar arte eciência. Nosso autor acredita que Freyre, <strong>em</strong> Casa Grande & Senzala,objeto de seu estudo, parece querer levar às últimas conseqüênciasa comunicação entre arte e ciência, poesia e mito, drama e relaçõessociais. Por isso, considera-o um artista <strong>da</strong> palavra.Através de um pensamento implicativo, Gilberto Freyre integrarazão e imaginação, procurando compreender a reali<strong>da</strong>de através doque Michel Maffesoli chama de “razão sensível”. Propõe uma compreensãopoético-científica, na qual alia os recursos <strong>da</strong>s ciências sociais– antropologia, sociologia, história –, com todo o rigor que elas requer<strong>em</strong>,e os <strong>da</strong> literatura que lhe permite o uso e abuso <strong>da</strong>s imagense <strong>da</strong>s metáforas.Usando ele próprio uma “razão sensível”, João de Deus vai <strong>em</strong>busca <strong>da</strong> dimensão simbólica <strong>da</strong> obra de Gilberto Freyre. Para isso, sevale de dois esteios teóricos: a Antropologia do Imaginário de GilbertDurand e a Fenomenologia <strong>da</strong> Imag<strong>em</strong> Poética de Gaston Bachelard.Tal como propõe este autor 2 , João de Deus procura ...encontrar portrás <strong>da</strong>s imagens que se mostram, as imagens que se ocultam, ir àprópria raiz <strong>da</strong> força imaginante.Mas, por que estu<strong>da</strong>r o imaginário de um autor? Em que medi<strong>da</strong>tal estudo contribuirá para ampliar a nossa visão de mundo? Nomeu entender, estu<strong>da</strong>r as matrizes míticas e imaginárias de um autor,de uma obra, nos permite compreender melhor uma época, pois oimaginário individual se inscreve e se apoia no imaginário coletivo queo alimenta e que, por sua vez, é renovado pelas obras individuais. Ouseja, o imaginário de ca<strong>da</strong> indivíduo está enraizado tanto <strong>em</strong> suabiohistória como no contexto sociocultural no qual vive. Por isso, umtexto é s<strong>em</strong>pre o cruzamento <strong>da</strong> biografia pessoal com a históriasociocultural.Desta forma, conhecer o imaginário de Gilberto Freyre nospermite compreender melhor tanto a sua história como a de seut<strong>em</strong>po. E, no caso de Casa Grande & Senzala, <strong>em</strong> especial, pode noslevar ain<strong>da</strong> mais longe, pois através do imaginário de Freyre pod<strong>em</strong>osredescobrir uma outra dimensão <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> familiar brasileira no regimepatriarcal.Numa perspectiva hermenêutica, João de Deus vai desvelandoao leitor o imaginário gilbertiano, ain<strong>da</strong> pouco explorado, apesar dogrande número de trabalhos já escritos sobre Gilberto Freyre. Paraisso, utiliza o que chama de método antropoético, pois procura captaras dimensões antropológica e poética <strong>da</strong> obra. Empreende, então,uma “análise compreensiva” de Casa Grande & Senzala, para aqual concorre certo espírito de aventura e descoberta, onde entroualguma intuição pessoal.O seu trabalho é facilitado porque, <strong>em</strong> Freyre, as imagens sãocarrega<strong>da</strong>s de s<strong>em</strong>antismos, que se revelam no seu estilo literário eno clima narrativo que parece recriar a época. Por ser predominant<strong>em</strong>entenarrativo, nosso autor entende que o livro pode ser consideradoum painel de longa duração.No “cruzamento de olhares” com o texto, o autor vai identificando,com muita sensibili<strong>da</strong>de, as imagens que brotam profusamente<strong>da</strong> obra, algumas vezes escondi<strong>da</strong>s nos trajes, nos hábitos, nosjogos, nas brincadeiras, ou seja, no cotidiano, brilhant<strong>em</strong>ente retratadopor Freyre. Trazer para a sociologia e para a antropologia osfatos miúdos do cotidiano, um mundo miniaturizado no qual se manifestao imaginário, foi a grande inovação de Freyre. Nesse cotidianogilbertiano, não é possível separar história e len<strong>da</strong>, ficção e reali<strong>da</strong>de;entrelaça<strong>da</strong>s elas constró<strong>em</strong> o mundo social descrito por ele.Mas, afinal, o que o João de Deus encontra nessa sua viag<strong>em</strong>pelo imaginário de Gilberto Freyre?Considerando a narrativa deste autor como um mito <strong>da</strong>s origensou mesmo um mito de retorno, João de Deus mostra como, nofundo, o retorno às origens é a busca <strong>da</strong> sua identi<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> brasili<strong>da</strong>de,entendi<strong>da</strong> como modo característico e específico de ser de um povo;é a tentativa de se compreender, pois como diz Ricoeur, aqui numalivre transcrição, compreender é compreender-se no texto. E desconfioque também esta é a busca de nosso autor.2BACHELARD, Gaston. A água e os sonhos, ensaio sobre a imaginação <strong>da</strong>matéria. São Paulo: Martins Fontes, 1997.


14 Maria Cecília Sanchez TeixeiraPrefácio15Valendo-se dos regimes e <strong>da</strong>s estruturas antropológicas doimaginário de Gilbert Durand, João de Deus, primeiramente, nos revela<strong>em</strong> Freyre um imaginário de angústia, no qual o monstro devoranteora é a natureza incl<strong>em</strong>ente e exuberante, contra a qual o colonot<strong>em</strong> que lutar para aqui se instalar, ora a sífilis que acaba por seaninhar no interior mesmo <strong>da</strong> casa grande e <strong>da</strong> senzala, devorandopor dentro patrões e escravos. A degra<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>s culturas indígena enegra e a exploração sexual, doméstica e do trabalho dos escravospod<strong>em</strong> ser considera<strong>da</strong>s, também, como uma devoração simbólica.João de Deus identifica <strong>em</strong> suas imagens uma amostra do ladodegenerativo e dissolvente, destruidor mesmo, do contato culturalque se faz naquele período. Assim, ao contrário de muitos dos intérpretesde Freyre, que o acusam de passar uma visão “cor-de-rosa”<strong>da</strong> escravidão, nosso autor mostra que, para ele, a escravidão énefasta e degenerativa para todos, inclusive para o colonizador, quese acomo<strong>da</strong> e se transformando <strong>em</strong> parasita.Contra essa angústia, desperta<strong>da</strong> pelas faces do t<strong>em</strong>po, Freyrevai buscar abrigo e proteção no aconchego <strong>da</strong> casa que, pouco apouco, se transforma na sua “metáfora obsessiva”. A casa gilbertianasimboliza, então, a própria busca <strong>da</strong> brasili<strong>da</strong>de, pois tanto se situanum espaço geográfico tropical, como no espaço onírico do autor, nasua mora<strong>da</strong> dos sonhos, por isso, não é simplesmente a casa <strong>em</strong>sentido estrito, abrange desde a casa cósmica até o ventre materno.Trata-se de uma casa que agrega <strong>em</strong> si todo o sentido universal <strong>da</strong>casa e a especifici<strong>da</strong>de <strong>da</strong> casa brasileira. É o que o próprio Freyrechama de transcasa. Para este autor, a casa é o espaço para o qualconflu<strong>em</strong> o individual e o coletivo, razão pela qual entende que o seuestudo conduz a um conhecimento mais profundo do hom<strong>em</strong> brasileiro.Percorrendo o fio <strong>da</strong> narrativa, João de Deus mostra como oimaginário gilbertiano vai deslizando, pouco a pouco, de imagens diurnas,de luta e heróis, para imagens noturnas, com forte tendência mística,reveladoras do desejo de intimi<strong>da</strong>de e repouso na terra, na casa, noventre, na rede, esta última já anunciando uma estrutura dramática,na qual o autor harmoniza a estrutura heróica e a mística, procurando,assim, dominar o t<strong>em</strong>po que passa, pois não é outra a função doimaginário.O que fica evidenciado pela análise de João de Deus é queGilberto Freyre t<strong>em</strong> um imaginário dramático, que estrutura a sualógica de conciliação de contrários, <strong>da</strong> qual decorre tanto a suametodologia híbri<strong>da</strong>, como a sua concepção de uma socie<strong>da</strong>de tambémhíbri<strong>da</strong>, caracteriza<strong>da</strong> pela miscigenação de culturas. Essa é abase do seu talento para aproximar visões diferentes e antagônicas,de resto já identificado por outros estudiosos de sua obraEm suma, o que João de Deus desvela neste livro, ele também<strong>em</strong>pregando uma lógica de conciliação de contrários, são as raízesmíticas e imaginárias do pensamento gilbertiano.Mas é chega<strong>da</strong> a hora de o leitor iniciar a leitura e tirar as suaspróprias conclusões.Maria Cecília Sanchez TeixeiraProfessora colaboradora doPrograma de Pós-Graduação <strong>em</strong> Educação<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de São Paulo


INTRODUÇÃOO fato de Gilberto Freyre situar-se num caminho intermediárioentre a ciência e a arte é que o torna polêmico e instigante até hoje.O livro Casa-Grande & Senzala s<strong>em</strong>pre despertou grande curiosi<strong>da</strong>dee somente depois desse estudo sist<strong>em</strong>ático , agora apresentadocomo livro, é que consegui situá-lo, com proprie<strong>da</strong>de, dentreaquelas obras de ciência, <strong>da</strong>do seu caráter sociológico e antropológicoprincipalmente – mas que resvala para o romance e mesmo apoesia. No Brasil, talvez Os Sertões, de Euclides <strong>da</strong> Cunha, comparese<strong>em</strong> ambigüi<strong>da</strong>de e riqueza de expressão ao livro primeiro de GilbertoFreyre, na medi<strong>da</strong> <strong>em</strong> que inúmeras passagens <strong>da</strong>quele livro sãover<strong>da</strong>deiros po<strong>em</strong>as <strong>em</strong> prosa.Dessa forma é que o presente estudo sobre “o mestre deApipucos” teve que ser realizado de uma abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> simultaneamentecientífica e poética 1 , a partir de teóricos como Gilberto Durand esuas “estruturas antropológicas do imaginário” e Gaston Bachelard esuas “poéticas”.Val<strong>em</strong>o-nos também <strong>da</strong>s próprias lentes interpretativas de GilbertoFreyre, como se vê no livro Oh de casa!, <strong>em</strong> que o autor realizauma ampla análise do complexo “casa brasileira”, inclusive percebendo-seaproximações teóricas com os autores anteriormente citados.1Adiante especifico melhor as razões desse procedimento.


18 João de Deus Vieira BarrosIntrodução19Convém antecipar que o termo brasili<strong>da</strong>de aqui utilizado, o foicomo uma idéia de caráter ou personali<strong>da</strong>de de um povo, fato que oaproxima muito de ethos. Ou seja, brasili<strong>da</strong>de é um modo característicoe mesmo específico de ser do povo brasileiro, resultado de suahistória e <strong>da</strong> forte miscigenação social e cultural ocorri<strong>da</strong>s.Esclareço, também que trabalhar com Durand e Bachelard justifica-se,na medi<strong>da</strong> <strong>em</strong> que o primeiro autor possui uma visão predominant<strong>em</strong>entecientífica, mais precisamente antropológica e o segundooutra mais poética, <strong>em</strong>bora calca<strong>da</strong> <strong>em</strong> bases científicas. Nessesentido, ambos parec<strong>em</strong> completar-se nos dois eixos bachelardianos– o <strong>da</strong> ciência e o <strong>da</strong> poesia.O trabalho que <strong>em</strong>preendi só foi possível porque utilizei umaoutra visão paradigmática, com um conceito transdisciplinar de ciênciae um certo espírito de aventura e de descoberta, onde entroualguma intuição pessoal. Situei-me, assim, dentro de um paradigmaholonômico ou <strong>em</strong>ergente, como explico, ain<strong>da</strong> que sucintamente adiante.Foram leva<strong>da</strong>s <strong>em</strong> consideração as próprias lentesinterpretativas de Gilberto Freyre, conforme mencioei antes, por serum dos maiores intérpretes dele próprio, <strong>em</strong> trabalhos de autohermernêutica,normalmente desprezados <strong>em</strong> estudos como estes. Olivro Como e porque sou e não sou sociólogo (1968b) é básico e omais adequado para esse aspecto do trabalho, na medi<strong>da</strong> <strong>em</strong> quefornece vários conceitos necessários para a compreensão de suaobra. Tais pressupostos são utilizados, muitas vezes, de forma implícita,na medi<strong>da</strong> <strong>em</strong> que Freyre também previa a possibili<strong>da</strong>de de osaber científico e o poético se completaram, sobretudo no livro acima,conforme já tratei (Barros, 1991, p.152).Assim, o principal objetivo do presente estudo é levantar ouapreender as imagens simbólicas ou o imaginário, <strong>em</strong> busca de umaconcepção de brasili<strong>da</strong>de <strong>em</strong> Casa-Grande & Senzala, por extensão.Para tanto, procedi a uma análise compreensiva dessa obra, qu<strong>em</strong>esmo sendo de 1933, continua suscitando inúmeras in<strong>da</strong>gações.Trata-se de uma “análise compreensiva”, na medi<strong>da</strong> <strong>em</strong> quenão concebe o texto como uma estrutura fixa, mas como um “cruzamentode olhares” dele com o leitor (Durand, 1982, p.66), que especificomais adiante. Para esta análise, estudei as imagens simbólicasdo texto a partir dos “Regimes de Imagens” levantados por G. Durand,no livro “As estruturas antropológicas do imaginário”. Verifiquei, também,como Gilberto Freyre trabalha a imag<strong>em</strong> <strong>da</strong> casa e suas metáforas,o que, não sendo o principal objetivo <strong>da</strong> pesquisa, constitui-se<strong>em</strong> um de seus aspectos importantes. Pois, se num momento a casaé o engenho, noutro ela é o trópico, e noutro, ain<strong>da</strong>, pode ser opróprio corpo.Alguns pressupostos básicos encaminham este trabalho:Através <strong>da</strong>s imagens, pod<strong>em</strong>os captar de forma mais precisa opensamento de Gilberto Freyre – transdisciplinar e revestido de ciênciae arte (poética). Essa foi uma <strong>da</strong>s mais importantes conclusões<strong>da</strong> dissertação de mestrado e que motivou o seu aprofun<strong>da</strong>mento nopresente estudo.O imaginário organiza recursivamente 2 o real social ou a poéticagilbertiana constrói o seu mundo social. A partir <strong>da</strong>s imagens, épossível levantar esse mundo gilbertiano, sendo a casa importantenesse levantamento, por aglutinar <strong>em</strong> torno de si diversas outrasimagens.Mesmo não sendo objetivo do trabalho a realização de umamitocrítica ou mitanálise, conforme são entendi<strong>da</strong>s por Durand (1982,1983, 1989), o levantamento dos regimes de imagens trará comoconseqüência alguns de seus el<strong>em</strong>entos, uma vez que Casa-Grande& Senzala é um livro predominant<strong>em</strong>ente narrativo, que pode serconsiderado como painel de um período de longa duração. Destaforma, convém transcrever as palavras de Durand (1982, p. 65-66)acerca do que seja mitocrítica e mitanálise:a mitocrítica é justamente uma crítica do tipo crítica literária, como sediz, crítica de um texto, crítica que tenta pôr a descoberta por detrás dotexto, quer seja um texto literário (po<strong>em</strong>a, romance, peça de teatro,etc.) ou mesmo o estilo de todo o conjunto de uma época – mas <strong>em</strong>rigor, texto jornalístico – que tenta pôr a descoberto um núcleo mítico,uma narrativa fun<strong>da</strong>mentadora. 32“Morin entende como recursivo todo o processo no qual uma organização ativaproduz el<strong>em</strong>entos e efeitos necessários a sua própria geração ou existência,processo que realiza um circuito <strong>em</strong> que o produto ou efeito último torna-seel<strong>em</strong>ento primeiro ou causa primeira. (...). A recursivi<strong>da</strong>de compreende simultaneamentea compl<strong>em</strong>entari<strong>da</strong>de, a concorrência e o antagonismo.” (Porto,1996, p. 65).3Gilberto Freyre também possui um estilo próximo ao jornalístico, na medi<strong>da</strong><strong>em</strong> que traça um perfil de um período <strong>da</strong> história do Brasil, como se estivessenarrando os acontecimentos, ou seja, como se fosse um repórter.


20 João de Deus Vieira BarrosIntrodução111Enfim, para o autor:uma mitocrítica é o pôr <strong>em</strong> relevo na obra, um mito inocente, querendodizer com isso um mito que não esteja obrigatoriamente <strong>em</strong>barcado nopan-sexualismo de Freud ou numa interpretação d<strong>em</strong>asia<strong>da</strong> estreita,um mito <strong>em</strong> liber<strong>da</strong>de, um mito que atua por detrás <strong>da</strong> narrativa. (Durand,1982, p. 73).Ou seja, qual é esse mito 4 presente <strong>em</strong> Casa-Grande & Senzala,escondido por trás <strong>da</strong> narrativa, saga ou epopéia, conforme éconsiderado o livro? Quais suas uni<strong>da</strong>de significativas? Em que medi<strong>da</strong>é possível fazer-se esse levantamento? São outros pontos parareflexão, a que volto nas conclusões deste trabalho.Para Durand (1983, p. 87), a mitanálise na<strong>da</strong> mais é que umamitocrítica, mas dessa vez <strong>em</strong> um campo mais largo e mais aleatório,ou seja, o campo do aparelho ou instituições, ou <strong>da</strong>s práticas sociais.O campo <strong>da</strong> Sociologia, enfim. Ou seja, a mitanálise:consiste <strong>em</strong> examinar sobre documentos e monumentos exprimindo umasocie<strong>da</strong>de e abrangendo uma largo período (...) A mitanálise consiste,portante <strong>em</strong> examinar ou determinar num segmento de duração socialos grandes esqu<strong>em</strong>as míticos, os mitolog<strong>em</strong>as (...) a partir dos índicesmitêmicos que pod<strong>em</strong> passar por mit<strong>em</strong>as – quer seja um estilo depintura, quer seja uma atitude social, quer seja uma atitude de estar àmesa. (Durand, 1983, p. 7) (grifos meus).Para o autor, finalmente, uma mitanálise permite mostrar ascama<strong>da</strong>s míticas que se imbricam e a anatomia <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, podendo-sedissecar um momento social num grupo e iluminar seus componentes(Durand, 1983, p.104). Essas cama<strong>da</strong>s míticas suscitam aquiloque Durand (1983, p. 32) denomina de mitolog<strong>em</strong>a, que é: “oresumo, de certo modo, de uma situação mitológica, um resumo abstrato(...) quando mais amplo é o campo, mais o mit<strong>em</strong>a se <strong>em</strong>pobrece<strong>em</strong> mitolog<strong>em</strong>a (...) mais os mit<strong>em</strong>as são pobres.”No caso dos românticos, ele nos l<strong>em</strong>bra que: “É o mitolog<strong>em</strong>a<strong>da</strong> culpa, ou <strong>da</strong> que<strong>da</strong>, <strong>da</strong> desci<strong>da</strong> a infernos diversos e <strong>da</strong> subi<strong>da</strong>posterior para uma redenção” (Durand, 1983, p.72)4O capítulo I mostra como Durand (1989, p. 44) chega a um conceito de mito,ou seja, “um sist<strong>em</strong>a dinâmico de símbolos, de arquétipos e de esqu<strong>em</strong>as”.Enunciados esses primeiros pressupostos, passo a tecer algumasconsiderações sobre o autor e a obra estu<strong>da</strong>dos, b<strong>em</strong> comosobre o trabalho de mestrados já referido inicialmente.Conforme procurei ressaltar <strong>em</strong> minha dissertação de mestrado(Barros, 1991, p. 10-87), Gilberto Freyre v<strong>em</strong> sendo interpretado <strong>da</strong>smais diversas formas, inclusive contraditoriamente. Portanto, ele éum <strong>da</strong>queles autores que s<strong>em</strong>pre provocarão discussões e polêmicas,como atestam as inúmeras publicações sobre sua obra, desde quesurgiu Casa-Grande & Senzala, <strong>em</strong> 1933. Naquela ocasião, um dosobjetivos do meu estudo foi mostrar a dificul<strong>da</strong>de que ocorre aoanalista quando pesquisa a obra gilbertiana, <strong>em</strong> virtude <strong>da</strong> multiplici<strong>da</strong>dede interpretações e significados que ela possa ter.O presente trabalho tanto pretende retomar as principais liçõesdo anterior, aprofun<strong>da</strong>ndo-as na medi<strong>da</strong> do possível, quandoobjetiva lançar uma nova ótica sobre Casa-Grande & Senzala. Ouseja, busca revelar a configuração que o imaginário, <strong>em</strong> especial o <strong>da</strong>brasili<strong>da</strong>de, adquire nesse livro pioneiro do autor.Em meu trabalho de mestrado, dediquei um it<strong>em</strong> específico aoantagonismo <strong>em</strong> Gilberto Freyre (Barros, 1991, p.153-157), concluindoque esse antagonismo tanto faz parte de seu pensamento (idéias)quanto de seu método analítico ambíguo, ou seja, de seu estilo. Daíuma espécie de fixação de Freyre por aquilo a que ele denomina“equilíbrio de antagonismo”. Esse antagonismo gilbertiano v<strong>em</strong> do iníciode sua formação. Seu próprio método híbrido – meta-método oupluri-método – advém desde pormenor. Concluí, ali, que o antagonismoé t<strong>em</strong>a e estilo no autor.Refiro-me ao fato de sua formação múltipla, pois, nos EstadosUnidos, de 1918 a 1923, Freyre realizou estudos de Economia, Direito,Geologia, Antropologia, Biologia, dentre outros, como se vê <strong>em</strong>seu diário (Freyre, 1975) ou <strong>em</strong> algumas biografias (Menezes, 1944;Chacon, 1993).Algumas publicações, nos últimos anos, vêm destacando aformação intelectual do autor (Vilanova, 1994). O próprio Freyre(1968b, p. 118) ressalta seu plurimétodo, dizendo-nos:Dentre o que possa ser destacado como novo ou inovador no livro ‘Casa-Grande & Senzala’ talvez nenhum traço se apresente mais significativodo que (...) o seu múltiplo e por vezes simultâneo perspectivismo.


22 João de Deus Vieira BarrosIntrodução23Araújo (1994, p. 24) realiza um trabalho, no qual leva <strong>em</strong>consideração a questão desse “equilíbrio de antagonismo” e observao: “(...) talento de Gilberto Freyre <strong>em</strong> aproximar visões diferentes,antagônicas até, s<strong>em</strong> dissolvê-las ou mesmo reduzir consideravelmentea sua especifici<strong>da</strong>de.”No entanto, naquele trabalho, o autor li<strong>da</strong> com “os mais importantesargumentos substantivos de Casa-Grande & Senzala” (Araújo,1994, p. 24), ou seja, com “teses de conteúdo histórico-sociológico”(Araújo, 1994, p. 24), concluindo que:a opção de Gilberto Freyre vai lhe permitir transferir para o interior deseu texto, para sua própria forma de escrever parte <strong>da</strong> ambigüi<strong>da</strong>de, doexcesso e <strong>da</strong> instabili<strong>da</strong>de que, segundo ele próprio, caracterizavam asociabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Casa-Grande. (Araújo, 1994, p. 208)O que nos revela um trabalho calcado na face mais patente <strong>da</strong>obra de Freyre, mas que se refletirá no seu lado mais latente, ou doimaginário, conforme se verifica neste livro.Tendo <strong>em</strong> vista a questão do equilíbrio no autor, como venhodestacando desde a outra pesquisa, a contradição, ao invés de confundir,parece ser o ponto de parti<strong>da</strong> para a compreensão de suaobra; nela pod<strong>em</strong>os localizá-lo, ou seja, as contradições são seuesconderijo (Barros, 1991, p.302), no sentido de que é nesse esconderijoque pod<strong>em</strong>os encontrá-lo e, assim, revelá-lo. Desta forma, oque parece bastante característico no livro é o fato de “ser e nãoser”, o que o coloca imediatamente numa lógica <strong>da</strong> inclusão, uma <strong>da</strong>scaracterísticas do paradigma holonômico ou <strong>em</strong>ergente, já citado.Em tal lógica, por ex<strong>em</strong>plo, pares antagônicos não se exclu<strong>em</strong> ou seeliminam e pod<strong>em</strong> mesmo compl<strong>em</strong>entar-se. Ou seja, Casa-Grande &Senzala é e não é um romance; é e não é literatura, como se oantagonismo a que se refere Gilberto Freyre invadisse seu própriofazer artístico-científico.A maioria de seus intérpretes v<strong>em</strong> analisando apenas a cama<strong>da</strong>mais objetiva de sua obra; o trabalho atual pretende mostrar umaoutra mais profun<strong>da</strong> de seu livro primeiro. O que parece nos “olhar”,do texto <strong>em</strong> estudo, é seu pedido de desven<strong>da</strong>mento, como se nosimpusesse um desafio de esfinge – “Decifra-me ou te devoro” – sendoo autor uma espécie de Édipo: investigador que procura as origensdo povo brasileiro, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que busca a si mesmo, aoseu próprio passado.Em texto anterior (Barros,1992c), chamei a atenção para oafã de Freyre <strong>em</strong> auto-analisar-se, quando observei que ele teriaextrapolado o conceito de Literatura enquanto arte e enquanto objetode estudo, galgando um degrau além na crítica ao cientificismo. Opróprio autor acabou fazendo-se investigador e investigado, caça ecaçador, um Édipo <strong>da</strong> investigação científica.Aquele “olhar” do texto para o leitor está relacionado a umconceito específico de literatura e t<strong>em</strong> a ver com a questão de que“a literatura não é inocente” (Durand, 1982, p. 66), ou mais precisamente:essa literatura contém s<strong>em</strong>pre, assimilado, no centro de si, um ser (...)pregnante ou seja, um fun<strong>da</strong>mento que interessa (...) Ora b<strong>em</strong>, umtexto olha-nos, quer dizer, é mais que um interesse, é um cruzamentode olhares (...) um texto olha-nos e é o que num texto nos olha que é oseu núcleo. E esse núcleo (...) pertence ao domínio do mítico. (grifomeu)A questão desse “cruzamento de olhares” entre Gilberto Freyree sua própria obra não deixa de revelar o caráter narcisista do autor,aspecto assumido por ele próprio e por seus intérpretes. E isto, também,não pertence ao domínio do mítico? Seria sua obra uma espéciede espelho, no qual o autor se veria o t<strong>em</strong>po todo?O próprio fato de falar por imagens simbólicas torna seu textoambíguo: literário e científico. Em várias passagens de minha dissertaçãode mestrado tratei dessa questão. Naquele trabalho, quis mostrarque se torna necessária uma nova concepção de leitura para aobra gilbertiana, que considere, sobretudo, seu estilo artístico-científico(Barros, 1991, p. 1).Refleti, também, sobre esse aspecto <strong>em</strong> outro momento (Barros,1992c, p. 97), quando concluí que o autor parece querer levaràs últimas conseqüências a comunicação entre arte e ciência, poesiae mito, drama e relação social: o mito como ponto de chega<strong>da</strong>, nessabusca incessante, quase obsessiva, <strong>da</strong> transdisciplinari<strong>da</strong>de. Daí ocaráter narrativo de sua obra, a s<strong>em</strong>elhança ao romance, ao mitoenfim.Dediquei, ain<strong>da</strong>, um it<strong>em</strong> específico ao escritor Gilberto Freyre(Barros, 1991, p.149-52), no qual se observa, <strong>em</strong> suas próprias palavrase nas de seus intérpretes, sua condição de artista-cientista.


24 João de Deus Vieira BarrosIntrodução25No presente trabalho, procuro mostrar como, no livro Casa-Grande & Senzala, “a literatura não é inocente”, preferindo chamarde antropoético ao método analítico que utilizo, na medi<strong>da</strong> <strong>em</strong> quetanto capta o lado antropológico (via Durand) quanto o poético (viaBachelard).Pelo fato de ser uma obra mista, não é recomendável umaleitura somente objetiva, como se Casa-Grande & Senzala fosse apenasum tratado de sociologia ou antropologia. É uma grande obrasimbólica, não apenas por representar um marco na história intelectualdo Brasil, mas por estar carrega<strong>da</strong> de símbolos, passíveis dedesven<strong>da</strong>mentos, inclusive de mit<strong>em</strong>as, que são, segundo Durand(1982, p. 75), t<strong>em</strong>as recorrentes, ou seja, uni<strong>da</strong>des significativasque se repet<strong>em</strong>. Para este autor:(Barros, 1991). Tal método ou leitura compreensiva está ligado àquiloque Durand (1982, p. 77) fala, de que “(...) não há texto objetivo(...) um texto é s<strong>em</strong>pre um texto de leitura e uma leitura é s<strong>em</strong>preuma criação subjetiva de sentido”. Portanto, um “cruzamento de olhares”.Leitura compreensiva, regimes de imagens, configuração doimaginário e, finalmente, mitocrítica e mitanálise, como conseqüências,passam a ser a forma como trato, metodologicamente, Casa-Grande & Senzala, tendo <strong>em</strong> vista que a linguag<strong>em</strong> dos mitos tambémpermanece para s<strong>em</strong>pre.É preciso encontrar uni<strong>da</strong>des, mit<strong>em</strong>as, na narrativa diacrônica, (...)que se desenrola no próprio t<strong>em</strong>po <strong>da</strong> obra (...) A indicação, o indicadordo mito (...) é a sua redundância e a determinação do mit<strong>em</strong>a v<strong>em</strong> doque se repete.É importante l<strong>em</strong>brar que, para Durand (1982, p.72), é o conjuntode mit<strong>em</strong>as que pode revelar o mitolog<strong>em</strong>a, ou um mitogeral no livro. Esse mitolog<strong>em</strong>a está associado a imagens obsessivas,que levam a um esqu<strong>em</strong>a bastante geral dentro <strong>da</strong> obra. Esse mit<strong>em</strong>assão tambémnúcleos, núcleos duros, (...) núcleos redun<strong>da</strong>ntes que volt<strong>em</strong>, mas quereg<strong>em</strong> <strong>em</strong> diferentes pontos, mas regress<strong>em</strong>, constant<strong>em</strong>ente, e quesão quer conjuntos de situações, quer <strong>em</strong>bl<strong>em</strong>as, quer cenários, lugaresque se repet<strong>em</strong>. (Durand, 1982, p. 76).Assim, constatei que a casa é um desses mit<strong>em</strong>as, mas umacasa imaginária, onírica ou cósmica, que simboliza, de algum modotodo o imaginário gilbertiano.A “análise compreensiva”, já referi<strong>da</strong>, suscita uma “leitura compreensiva”(Durand, 1982), através do levantamento dos “Regimesde Imagens”, pois o estilo de Freyre “está repleto de metáforas, deimagens fortes, impressionantes” (Barros, 1996), que dão conta deuma outra dimensão de leitura <strong>da</strong> obra. Levantando-se o imaginário,<strong>em</strong> última instância, apreender<strong>em</strong>os a cama<strong>da</strong> mais profun<strong>da</strong> do pensamentodo autor naquele momento, ou seja, a parte mais simbólica,que, portanto, permanece para além <strong>da</strong> “transitorie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> ciência”


Milhares de <strong>Livros</strong> para Download:<strong>Livros</strong> Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência <strong>da</strong> ComputaçãoBaixar livros de Ciência <strong>da</strong> InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências <strong>da</strong> SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas


Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de Mat<strong>em</strong>áticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!