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Relatório UNESCO sobre Ciência 2010: o atual status da ... - UnB

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1 . O crescente papel do conhecimentona economia globalHugo Hollanders e Luc SoeteO QUADRO GLOBALO Relatório <strong>UNESCO</strong> <strong>sobre</strong> Ciência <strong>2010</strong> retoma o trabalhode seu antecessor cinco anos atrás. O objetivo desteprimeiro capítulo é proporcionar uma visão geral e globaldo desenvolvimento dos cinco anos recentes. Serãoenfatiza<strong>da</strong>s as características atuais, menos conheci<strong>da</strong>sou inespera<strong>da</strong>s que foram revela<strong>da</strong>s pelos <strong>da</strong>dos noscapítulos que se seguirão.Começaremos com uma breve revisão do estado dosistema de apoio à ciência, no contexto de um longo esingular período histórico de rápido crescimento globalentre 1996 e 2007. Essa arranca<strong>da</strong> de crescimento foiguia<strong>da</strong> por novas tecnologias digitais e pela emergênciade alguns grandes países na cena mundial. Ela foirepentinamente desacelera<strong>da</strong> pelo colapso brutalprovocado pela recessão econômica global desencadea<strong>da</strong>pela crise <strong>da</strong>s hipotecas nos EUA no terceiro trimestre de2008. Que impacto teve essa recessão econômica global<strong>sobre</strong> o investimento em conhecimento? Antes debuscarmos responder a esse questionamento, vamosexaminar com cui<strong>da</strong>do algumas <strong>da</strong>s tendências amplasque caracterizaram a déca<strong>da</strong> passa<strong>da</strong>.Em primeiro lugar, o acesso barato e fácil a novastecnologias digitais, tais como a ban<strong>da</strong> larga, a internet eos telefones celulares aceleraram a difusão <strong>da</strong>s melhorespráticas em tecnologia, revolucionaram a organizaçãointerna e externa <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des de pesquisa, e facilitarama implementação de centros de pesquisa edesenvolvimento (P&D) pelas empresas em outros países(DAVID & FORAY, 2002). Porém, não foi apenas adisseminação de tecnologias de informação ecomunicação digital (TICs) que pesou na balança em favorde um campo de atuação política com um nível maistransparente e elevado 1 . A crescente participação e odesenvolvimento de matrizes institucionais globais, comoa Organização Mundial do Comércio (OMC) regendo oconhecimento internacional <strong>sobre</strong> fluxos comerciais,investimentos e direitos de proprie<strong>da</strong>de intelectual, tambémaceleraram o acesso a conhecimentos vitais. A China, porexemplo, apenas se tornou um membro <strong>da</strong> OMC emdezembro de 2001. O campo de interações agora contacom diversas formas embuti<strong>da</strong>s de transferência detecnologia por meio do capital e <strong>da</strong>s organizações, incluindoo investimento externo direto (IED), as licenças e outrosmodos de difusão formal e informal de conhecimento.1. Isso não significa que ca<strong>da</strong> ator tem uma chance igual de sucesso, e simque um número maior de atores está em jogo valendo-se <strong>da</strong>s mesmas regras.Em segundo lugar, os países têm se <strong>atual</strong>izadorapi<strong>da</strong>mente em termos tanto de crescimento econômicoquanto de investimento em conhecimento, e isso seexpressou no investimento em educação superior e P&D.Isso pode ser observado no crescente número de pessoasforma<strong>da</strong>s em ciência e tecnologia. A Índia, por exemplo,decidiu inaugurar 30 novas universi<strong>da</strong>des para aumentaro número de alunos matriculados de menos de 15milhões em 2007 para 21 milhões até 2012. Grandespaíses em desenvolvimento emergentes como Brasil,China, Índia, México e África do Sul também estãogastando mais em P&D do que antes. Essa tendênciatambém pode ser observa<strong>da</strong> nas economias em transição<strong>da</strong> Federação Russa (Rússia) e em alguns outros países <strong>da</strong>Europa Oriental e Central, que estão gradualmenteretornando aos níveis de investimento do tempo <strong>da</strong> UniãoSoviética. Em alguns casos, o aumento no gasto internobruto em P&D (na sigla inglesa, GERD) tem sido umcorolário do forte crescimento econômico, em vez de umreflexo de maior intensi<strong>da</strong>de de P&D. No Brasil e na Índia,por exemplo, a relação GERD/PIB tem permanecidoestável, enquanto na China ela teve um aumento de50% desde 2002 para 1,54% (2008). De modo semelhante,a relação GERD/PIB declinou em alguns países africanos,mas isso não é sintoma de um compromisso menor comP&D. Simplesmente reflete uma aceleração nocrescimento econômico, devido à extração de petróleo(em Angola, Guiné Equatorial, Nigéria etc.) e a outros setoresnão intensivos em P&D. Ca<strong>da</strong> país tem priori<strong>da</strong>des diferentes,mas o desejo de alcançar uma rápi<strong>da</strong> <strong>atual</strong>ização é irreprimívele tem, por sua vez, levado o crescimento econômicomundial aos níveis mais altos já registrados na história.Em terceiro lugar, o impacto <strong>da</strong> recessão global nomundo pós-2008 ain<strong>da</strong> não se refletiu nos <strong>da</strong>dos de P&D,mas é evidente que a recessão desafiou, pela primeira vez,os antigos modelos de comércio e crescimento Norte-Sulcom base na tecnologia (KRUGMAN, 1970; SOETE, 1981;DOSI et al., 1990). Ca<strong>da</strong> vez mais, a recessão econômicaglobal parece desafiar o predomínio do Ocidente emtermos de Ciência e Tecnologia (C&T). Enquanto a Europae os EUA estão lutando para se libertar <strong>da</strong>s amarras <strong>da</strong>recessão, empresas de economias emergentes comoBrasil, China, Índia e África do Sul estão apresentando umcrescimento doméstico sustentado e aumentando o seunível na cadeia de valor agregado. Essas economiasemergentes já serviram no passado como repositóriospara o suprimento externo de ativi<strong>da</strong>des manufatureiras,mas agora elas estão se movendo no sentido de umdesenvolvimento autônomo de tecnologias de processos,desenvolvimento de produtos, design e pesquisa aplica<strong>da</strong>.A Terra à noite,mostrando centrosde populaçãohumanaImagem: © Evirgen/iStockphotoIntrodução5

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