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Relatório UNESCO sobre Ciência 2010: o atual status da ... - UnB

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RELATÓRIO <strong>UNESCO</strong> SOBRE CIÊNCIA <strong>2010</strong>2008 pela rede dos Institutos de Pesquisa e Tecnologiaem Ciências de Alimentos e está oferecendoinformações e serviços de consultoria a pequenas emédias empresas, bem como a fazendeiros individuaise produtores de alimentos.CONSIDERAÇÕES FINAISA partir <strong>da</strong>s questões apresenta<strong>da</strong>s acima, é evidente que oBrasil conseguiu desenvolver uma base acadêmicacompetitiva em ciências. Entretanto a academia segueenfrentando uma série de desafios. Ain<strong>da</strong> que os númerosde artigos científicos e doutorados finalizados a ca<strong>da</strong> anotenham aumentado, permanece uma falta dehomogenei<strong>da</strong>de na distribuição regional dos profissionaisacadêmicos e na base de conhecimentos do país: 60% detodos os artigos científicos se originaram em apenas seteuniversi<strong>da</strong>des, sendo que quatro delas estão no estado deSão Paulo. Também há uma falta de homogenei<strong>da</strong>de noscampos <strong>da</strong>s diferentes disciplinas. Serão necessáriosesforços nas áreas de engenharia e ciências <strong>da</strong> computação,por exemplo, para treinar mais bacharéis e doutores,expandindo assim a presença internacional do Brasil. Aomesmo tempo, o avanço do conhecimento no Brasil podese beneficiar de uma abor<strong>da</strong>gem governamental maisequilibra<strong>da</strong> entre pesquisa pura e pesquisa aplica<strong>da</strong>.Recentemente, pôde-se observar uma tendênciaaparentemente excessiva a direcionar os anúncios deprojetos para objetivos específicos. Isso prejudica a pesquisamovi<strong>da</strong> pelo interesse puro, que é a pedra angular de umsistema acadêmico forte.A P&D industrial precisa receber uma atenção ain<strong>da</strong> maiordo que a pesquisa acadêmica. Ela continua sofrendo com afalta de apoio governamental, ain<strong>da</strong> que a situação tenhamelhorado radicalmente nos últimos oito anos. Espera-seque medi<strong>da</strong>s recentes como a lei de inovação (2004) e suasconsequências, tais como a reestruturação <strong>da</strong> legislação deincentivos fiscais e a introdução de uma política desubsídios, tenham um forte impacto <strong>sobre</strong> a P&D industrial.Essas medi<strong>da</strong>s se enquadram na Política Industrial,Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE) adota<strong>da</strong> em2003. O surgimento do Banco Nacional de DesenvolvimentoEconômico e Social (BNDES) como fonte de financiamentopara o desenvolvimento tecnológico e a P&D industrial épossivelmente o mais importante estímulo à P&D industrialno país em muitos anos.Como vimos, o financiamento à pesquisa sai principalmentedo erário (55%). O Brasil está abaixo <strong>da</strong> média <strong>da</strong> OCDEtanto na sua relação GERD/PIB (1,09%) quanto na proporçãode GERD contribuí<strong>da</strong> pelo governo (0,59%). Para alcançar amédia <strong>da</strong> OCDE de financiamento público à P&D, o Brasilprecisaria investir um adicional de R$ 3,3 bilhões (US$2,3bilhões PPP). Esse montante corresponde, grosso modo,a três vezes o orçamento do CNPq.O maior hiato de todos em relação aos países <strong>da</strong> OCDE dizrespeito aos gastos empresariais com P&D. Aqui, a média <strong>da</strong>OCDE (1,58% do PIB) é três vezes maior do que a do Brasil(0,48% do PIB). Alcançar a OCDE deman<strong>da</strong>ria a tarefahercúlea de aumentar os gastos privados em P&D de US$9,95 bilhões em 2008 para US$33 bilhões. Esse desafio pedeinstrumentos de políticas públicas muito mais efetivos doque os que foram empregados até o momento pelo Estadobrasileiro. Ademais, eles não devem ser restritos aosinstrumentos financeiros, tais como subsídios governamentais,reduções de impostos e políticas de compraspúblicas, mas devem também incluir os instrumentosjurídicos e políticos necessários para a criação de umambiente propício ao investimento privado em P&D.Uma observação final se faz aqui necessária <strong>sobre</strong> umquestionamento que surge com frequência nos círculospolíticos no Brasil: por que o dinheiro dos contribuintesdeveria pagar pela P&D? Como uma resposta preliminar,podemos afirmar que existem pelo menos duas justificativasigualmente váli<strong>da</strong>s. Uma é que a contribuição ao acervouniversal do conhecimento torna os brasileiros mais capazesde determinar o seu próprio destino. Assim como as pessoasem todos os lugares, os brasileiros se perguntam: comocomeçou o universo? Como ele funciona? Por que a socie<strong>da</strong>dese comporta <strong>da</strong> maneira como ela se comporta? O quemotiva os seres humanos à prática do bem ou do mal?Compreender os clássicos <strong>da</strong> literatura e apreciar a naturezae a arte são partes <strong>da</strong>quilo que faz de nós humanos. Investigálase um infinito número de outras questões é algo que nosenriquece. Sozinha, já seria uma razão suficiente para o usodo dinheiro dos contribuintes para a busca de respostascientificamente embasa<strong>da</strong>s – ain<strong>da</strong> que incompletas – paraas perguntas fun<strong>da</strong>mentais, aprimorando assim o nossoconhecimento do universo e <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de. Essa aspiraçãoestá obviamente muito mais liga<strong>da</strong> à esfera <strong>da</strong>suniversi<strong>da</strong>des do que à <strong>da</strong> indústria ou do setor privado.O outro motivo pelo qual o dinheiro dos contribuintes devefinanciar a P&D parece bem mais popular na <strong>atual</strong>i<strong>da</strong>de doque a primeira justificativa acima: quanto maisconhecimento uma socie<strong>da</strong>de alcançar valendo-se dométodo científico, mais rica ela se torna. Essa visão utilitáriatem um forte apelo, especialmente desde a descoberta dogenoma e <strong>da</strong> energia atômica, e <strong>da</strong> invenção do transistor e<strong>da</strong> internet.50

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