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Relatório UNESCO sobre Ciência 2010: o atual status da ... - UnB

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APRESENTAÇÃOO Relatório <strong>UNESCO</strong> <strong>sobre</strong> Ciência é um espelho dodesenvolvimento <strong>da</strong> ciência nos cinco anos recentes, apósa publicação do seu antecessor em 2005. Em particular,ele nos mostra como a proliferação <strong>da</strong> informação digitale <strong>da</strong>s tecnologias de comunicação estão modificando ca<strong>da</strong>vez mais a imagem global, ain<strong>da</strong> que as dispari<strong>da</strong>des entreos países e as regiões continuem imensas. A acessibili<strong>da</strong>deà informação codifica<strong>da</strong> em torno do mundo está tendoum efeito radical na criação, acumulação e disseminaçãode conhecimento, enquanto proporciona, ao mesmo tempo,plataformas especializa<strong>da</strong>s para o trabalho em rede porcomuni<strong>da</strong>des científicas que operam em nível global.A distribuição dos esforços de pesquisa e desenvolvimento(P&D) entre o Norte e o Sul tem se modificadocom a emergência de novos atores na economia global.Um mundo bipolar, no qual a ciência e a tecnologia (C&T)eram domina<strong>da</strong>s pela Tríade composta por UniãoEuropeia, Japão e EUA, está se transformando gradualmenteem um mundo multipolar com um crescentenúmero de centros de pesquisa públicos e privados noNorte e no Sul do globo. Os antigos novatos e os recémchegadosà arena de C&T, incluindo a República <strong>da</strong> Coreia,o Brasil, a China e a Índia, estão criando um ambienteglobal mais competitivo, desenvolvendo suaspotenciali<strong>da</strong>des nas esferas <strong>da</strong> indústria, <strong>da</strong> ciência e <strong>da</strong>tecnologia. Uma consequência é o aumento <strong>da</strong>competição entre os países para atraírem cientistas doexterior e manterem ou chamarem de volta seus melhorespesquisadores e pós-graduados que vivem no exterior.Uma constatação encorajadora do relatório é que ofinanciamento de P&D continuou expandindo-seglobalmente como resultado de um reconhecimentomais forte pelos governos em torno do mundo quanto àimportância crucial <strong>da</strong> ciência para o desenvolvimentosocioeconômico. Os países em desenvolvimento queprogrediram mais rapi<strong>da</strong>mente nos anos recentes são osque adotaram políticas para a promoção <strong>da</strong> ciência, <strong>da</strong>tecnologia e <strong>da</strong> inovação. Ain<strong>da</strong> que a África continueatrasa<strong>da</strong> em relação às outras regiões, sinais de progressopodem ser observados em alguns países do continente,que representam hoje uma crescente contribuição aoesforço global de P&D. A contribuição ca<strong>da</strong> vez maior docontinente ao acervo global de conhecimentos é uma boanotícia – ain<strong>da</strong> mais, quando sabemos que a África é umapriori<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>UNESCO</strong>. Esse progresso mostra quepolíticas públicas conscientes e bem direciona<strong>da</strong>spodem fazer diferença se forem implementa<strong>da</strong>s comcompromisso e dedicação, mesmo em meio acircunstâncias difíceis.No entanto o relatório também aponta para persistentesdispari<strong>da</strong>des entre os países, e, em particular, para acontribuição marginal feita pelos países menos desenvolvidos(na sigla inglesa, LDCs) à ciência global. Essasituação serve como um apelo a to<strong>da</strong>s as partesinteressa<strong>da</strong>s, incluindo a <strong>UNESCO</strong>, para que renovem oseu apoio aos LDCs em termos de investimento na ciência,transformando o ambiente político e promovendo osajustes institucionais necessários – em outras palavras,para permitirem que a C&T realize o seu potencial comouma alavanca fun<strong>da</strong>mental no desenvolvimento. Essa éuma tarefa ampla e complexa que só poderá ser cumpri<strong>da</strong>por meio de uma grande mobilização de políticas públicasem favor <strong>da</strong> ciência. A mobilização <strong>da</strong>s políticas públicascontinua sendo crucial para a construção <strong>da</strong>s capaci<strong>da</strong>deshumanas e institucionais a fim de se vencer o hiato doconhecimento e empoderar os países emdesenvolvimento na construção de habili<strong>da</strong>desadequa<strong>da</strong>s de pesquisa científica, para que possam li<strong>da</strong>rcom os desafios nacionais e globais. Para nós, é umimperativo moral fazer com que a ciência global se torneuma ciência inclusiva.Existem dois cenários possíveis para a maneira como ageopolítica <strong>da</strong> ciência mol<strong>da</strong>rá o futuro. Um se baseia naparceria e na cooperação, enquanto o outro, na buscapela supremacia nacional. Estou convenci<strong>da</strong> de que,mais do que nunca, a cooperação científica regional einternacional será vital para li<strong>da</strong>rmos com os desafiosinterligados, complexos e crescentes com que nosdefrontamos. Ca<strong>da</strong> vez mais, a diplomacia internacionaltomará a forma <strong>da</strong> diplomacia científica nos próximosanos. A esse respeito, a <strong>UNESCO</strong> deve se esforçar e seesforçará para fortalecer as parcerias e a cooperaçãointernacional, em particular a cooperação Sul-Sul.A dimensão científica <strong>da</strong> diplomacia foi um dos motivosoriginais para a inclusão <strong>da</strong> ciência no man<strong>da</strong>to <strong>da</strong><strong>UNESCO</strong>. Ela tem um significado fun<strong>da</strong>mental para aInstituição nos dias atuais, pois a ciência alcançou umtremendo poder de mol<strong>da</strong>r o futuro <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de, ejá não faz sentido planejar políticas científicas em termosestritamente nacionais. Essa reali<strong>da</strong>de se mostra demaneira mais evidente nas questões liga<strong>da</strong>s às mu<strong>da</strong>nçasclimáticas globais, e na maneira como as socie<strong>da</strong>desprecisarão li<strong>da</strong>r com ela por meio de economias verdes.Em consonância com minha intenção de colocar a ciênciano centro dos esforços <strong>da</strong> <strong>UNESCO</strong> pela erradicação <strong>da</strong>pobreza extrema e pela promoção <strong>da</strong> inclusão social e dodesenvolvimento sustentável, estou confiante de que oRelatório <strong>UNESCO</strong> <strong>sobre</strong> Ciência <strong>2010</strong> se tornará umaferramenta útil para a redefinição necessária <strong>da</strong> agen<strong>da</strong>de política científica em nível nacional, regional e global,proporcionando valiosos insights às perspectivas <strong>da</strong>ciência e quanto aos desafios políticos a ela relacionadosnos próximos anos.Irina BokovaDiretora-geral <strong>da</strong> <strong>UNESCO</strong>2

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