Relatório UNESCO sobre Ciência 2010: o atual status da ... - UnB
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RELATÓRIO <strong>UNESCO</strong> SOBRE CIÊNCIA <strong>2010</strong><strong>da</strong> recessão, uma vez que o imenso investimentorealizado em P&D não parece ter resultado em muitosmedicamentos de sucesso recentemente.O sistema de universi<strong>da</strong>des dos EUA ain<strong>da</strong> lidera o mundono tocante à pesquisa: em 2006, 44% de todos os artigosde C&T publicados em periódicos acadêmicos indexadosna SCI incluíram pelo menos um autor que desenvolve o seutrabalho nos EUA. Além disso, <strong>da</strong>s 25 principais instituiçõeslista<strong>da</strong>s pelo Instituto de Educação Superior <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>deShanghai Jiao Tong em 2008, 19 estavam nos EUA.O Canadá (capítulo 3) tem sido menos afetado pela recessãoeconômica global do que os EUA ou a Europa, graças aoseu forte sistema bancário e ao seu mercado imobiliário,que evitaram cometer muitos dos excessos do país vizinho.Além disso, a baixa inflação, alia<strong>da</strong> à ren<strong>da</strong> advin<strong>da</strong> dosabun<strong>da</strong>ntes recursos naturais do Canadá, amorteceu oimpacto <strong>da</strong> recessão global na economia do país.Em março de <strong>2010</strong>, o governo federal se comprometeu ainvestir em uma série de novas medi<strong>da</strong>s para promover apesquisa no período <strong>2010</strong>-2011. Essas medi<strong>da</strong>s incluembolsas de pós-doutorado bem como recursos extras paraa pesquisa em geral, a ser promovi<strong>da</strong> por conselhos defomento e redes regionais de inovação. Uma parcelaconsiderável desse financiamento vai para a pesquisa noscampos <strong>da</strong> física de partículas e nuclear, bem como para apróxima geração <strong>da</strong>s tecnologias de satélites. Com os EUAlogo ao lado, o Canadá não pode se acomo<strong>da</strong>r.O investimento constante em P&D parece valer o esforço:entre 2002 e 2008, o número de publicações científicascanadenses em SCI aumentou em quase 14 mil. Porém, sepor um lado o Canadá pode se orgulhar do dinamismo doseu setor acadêmico e do generoso gasto público com CTIe P&D, por outro, muitos negócios ain<strong>da</strong> não assimilaramuma cultura de produção de conhecimento. O problemade produtivi<strong>da</strong>de do Canadá é acima de tudo umaquestão de inovação nos negócios. O resultado do fracodesempenho de P&D nos negócios é que a pesquisaacadêmica frequentemente aparece como um substitutopara a P&D industrial.O governo federal se propôs a fomentar parcerias públicopriva<strong>da</strong>srecentemente, por meio de duas iniciativas: umacordo entre o governo federal e a Associação <strong>da</strong>sUniversi<strong>da</strong>des e Facul<strong>da</strong>des Canadenses para dobrar ovolume de pesquisas e triplicar o número de resultados depesquisa comercializados; e a Rede de Centros deExcelência que já totalizam 17 uni<strong>da</strong>des no país.O capítulo 4 <strong>sobre</strong> a América Latina aponta um hiato deren<strong>da</strong> persistente e feroz entre os ricos e os pobres nocontinente. As políticas de CTI poderiam desempenharum estratégico papel na redução <strong>da</strong> desigual<strong>da</strong>de. Noentanto tem sido difícil criar laços entre políticas de CTI,por um lado, e políticas sociais, por outro. As condiçõesestruturais anteriores à recessão global foram particularmentefavoráveis à reforma, na medi<strong>da</strong> em que elascombinaram estabili<strong>da</strong>de política com o mais longoperíodo de forte crescimento econômico (2002-2008)vivenciado pela região desde 1980, graças à alta nomercado global de commodities.Diversos países latino-americanos implementaram umasérie de políticas para promover a inovação, principalmenteArgentina, Brasil e Chile. Porém, a despeito <strong>da</strong>existência de cerca de 30 tipos de instrumentos de CTI emuso nas políticas públicas <strong>da</strong> região, os sistemas nacionaisde inovação permanecem frágeis. Esse é o caso mesmoentre proponentes tão ávidos de políticas de CTI comoBrasil e Chile. O mais forte obstáculo é a falta deinterligação entre os diferentes atores do sistema nacionalde inovação. Por exemplo, as boas pesquisas que surgemno setor acadêmico local não tendem a ser aproveita<strong>da</strong>s eusa<strong>da</strong>s pelo setor produtivo local. De modo mais geral, oinvestimento em P&D permanece baixo, e a burocraciapermanece ineficiente. O treinamento e a construção demassa crítica com funcionários altamente qualificadostêm sido questões adicionais de destaque.A recessão econômica tem gerado uma crise de empregoque poderá exacerbar a pobreza na região, aumentandoassim a tensão entre a política de CTI e a questão <strong>da</strong>especialização, por um lado, e o alívio <strong>da</strong> pobreza e aspolíticas sociais, por outro.O Brasil (capítulo 5) teve uma economia em alta nos anosanteriores à recessão global. Esse estado de saúdeeconômica deve propiciar o investimento em negócios.No entanto o número de pedidos de patentes segue sendobaixo, e as ativi<strong>da</strong>des de P&D continuam lentas no setorempresarial, deixando assim a maior parte do esforço definanciamento nas mãos do setor público (55%). Alémdisso, a maioria dos pesquisadores é composta poracadêmicos (63%), e a economia brasileira está sofrendoca<strong>da</strong> vez mais com a escassez de pessoas com PhD.Os pesquisadores também continuam desigualmentedistribuídos no país e a produção nacional está domina<strong>da</strong>por um pequeno grupo de universi<strong>da</strong>des de excelência.O governo federal está consciente desse problema. Em 2007,ele adotou um Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e22