Série Culturas - Arroz - Assembléia Legislativa

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SUMÁRIOCAPÍTULO 1SITUAÇÃO DA CULTURA DO ARROZ NO MUNDO E NO BRASIL.Isabel H. Vernetti Azambuja , Ariano M. de Magalhães Jr. , Francisco de J. VernettiJr. . ..................................... .............................................................................................. 011.1 Introdução................................................................................................... 011.2 O arroz no Mundo............... ....................................................................... 021.3 O arroz no Brasil........................................................................................ 071.3.1 Histórico........................................... ................................................. 071.3.2 Regiões Produtoras ........................................................................... 081.3.3 Sistemas de Cultivo no Brasil................................................ ........... 091.3.4 Tipos de grãos consumidos no Brasil................................................ 101.3.5 Área, Produção e Produtividade do arroz no Brasil.......................... 101.4 Bibliografia consultada................... ............................................................ 12CAPÍTULO 2O ARROZ IRRIGADO NO RIO GRANDE DO SUL: SOLO, ÁREA,PRODUÇÃO, PRODUTIVIDADE E PERFIL DO PRODUTOR. Algenor daSilva Gomes, Arlei Laerte Terres, Isabel H. Vernetti Azambuja... ................................ 132.1 Introdução.................................................................................................... 132.2 Características gerais dos solos cultivados com arroz irrigado.................. 152.3 Reg iões orizícolas...................................................................................... 172.4 Área cultivada, produção e produtividade do arroz irrigado...................... 182.5 Perfil do produtor de arroz irrigado.................... ......................................... 222.6 Bibliografia consultada............................................................................... 23CAPÍTULO 3EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE DO ARROZ IRRIGADO NO RS EMEIOS PARA SUA CONTINUIDADE. Ariano M. de Magalhães Júnior, AndréAndres , Isabel H. Vernetti Azambuja............................................................................ 243.1 Introdução..................................................................................... ............... 243.2 Impacto das cultivares................................................................................. 263.3 Pesquisa em melhoramento genético do arroz irrigado.............................. 293.4 Processo de difusão das cultiv ares.............................................................. 313.5 Pesquisa em manejo da cultura do arroz irrigado....................................... 323.6 Bibliografia consultada .............................................................. ................ 37CAPÍTULO 4A PESQUISA COM ARROZ IRRIGADO NO RIO GRANDE DO SUL.Arlei Laerte Terres, Cley Donizeti Martins Nunes........................................... 39


4.1 Introução........................................................... ........................................... 394.2 Histórico da pesquisa com arroz irrigado no Rio Grande do Sul................ 404.3 Cultivares comerciais introduzidas ou lançadas conjuntamente (ouseparadamente) pela Embrapa e Irga no Rio Grande do Sul...................... 454.3.1 Cultivares do tipo “tradicional”.......................................................... 454.3.2 Cultivares do tipo “intermediário”..................................................... 474.3.3 Cultivares do tipo “semi -anão filipino............................................... 484.3.4 Cultivares do tipo “moderno -americano”.......................................... 574.4 Bibliografia consultada................................. ............................................. 58CAPÍTULO 5SITUAÇÃO ATUAL DO ARROZ IRRIGADO NO RIO GRANDE DOSUL E PERSPECTIVAS FUTURAS. José Alberto Petrini, Isabel H. VernettiAzambuja, Algenor da S. Gomes, Ariano M. de Magalhães Jr.......... ............................ 595.1 O setor orizícola no RS: situação atual....................................................... 595.2 Perspectivas futuras do setor orizícola no RS............................................. 605.3 Evoluções tecno lógicas para o cultivo de áreas de várzea no RS.............. 625.3.1 Rotação de culturas em áreas de várzea............................................. 645.4 Bibliografia consultada.............................................................. ................. 65Formatação Eletrônica – Sérgio Ilmar Vergara dos Santos


CAPÍTULO 1SITUAÇÃO DA CULTURA DO ARROZ NO MUNDO E NO BRASILIsabel H. Vernetti Azambuja 1Ariano M. de Ma galhães Jr. 1Francisco de J. Vernetti Jr. 11.1 IntroduçãoO arroz, cuja exploração ocorre em todos os continentes,destaca-se por fazer parte da dieta básica da população mundial,ocupando a terceira posição em produção e área de cultivo.O continente asiático concentra 90% da produção e consumo,realiza 5% das importações e 62% das exportações mundiais. Dos 15maiores produtores, 12 localizam -se neste continente.O continente Sul -americano é o segundo maior produtor e oterceiro em termos de con sumo de arroz, sendo o Brasil o maiorprodutor, responsável por 54% da produção, seguido da Colômbia,com 9,4%.No mundo, anualmente, o arroz ocupa uma área de cerca de150 milhões de hectares, produzindo 577,9 milhões de toneladas,1 Pesquisadores da Embrapa Clima Temperado. Cx P 403. CEP 96.001 -970. Pelotas,RS.


sendo que mais de 5 0% desta produção é oriunda do sistema decultivo irrigado.No Brasil, 62% da produção de arroz provêm do sistemairrigado, sendo o Rio Grande do Sul o maior produtor, consideradoestabilizador da safra nacional por apresentar produções estáveis.1.2 O arroz no MundoCultivado em todo mundo, o arroz desempenha papelimportante, como alimento básico da população mundial,principalmente no continente asiático. Entre os principais grãoscultivados no mundo apresenta -se como o terceiro em volumeproduzido e área cultivada, perdendo apenas para o trigo e milho.No entanto, é o cereal consumido com menor agregação devalores.Do total da produção mundial de arroz, apenas 4 -5% écomercializado em nível internacional, tornando o mercado sensível.Pequenas os cilações de produção ou de consumo, podem acarretargrandes mudanças na disponibilidade de exportação ou necessidade deimportação, e consequentemente variações de preços. No entanto, nosprincipais países consumidores, a demanda é pouco sensível àvariaçã o dos preços.Os países importadores podem ser enquadrados em doisgrandes grupos. No primeiro encontram -se aqueles que realizamregularmente importações de arroz, devido a produção não sersuficiente para atender a sua demanda interna. No segundo grupo,enquadram -se os países que efetuam importações quando há quebra dasafra interna. No primeiro grupo destacam -se os países do hemisférioocidental (exceto EUA, Argentina, Uruguai, Suriname e Guiana);países da Europa Ocidental e da África Subsaariana, sendo que oCanadá , a Europa Ocidental, a Arábia Saudita e a África do Sul,importam, exclusivamente, grãos do tipo longo e de alta qualidade. Ospaíses da América do Sul e Caribe, são mais sensíveis às oscilações depreços, realizando importações de grãos de a lta qualidade quando ospreços estão em baixa. A Europa Ocidental produz e exporta arroz dotipo médio, importando os do tipo longo de alta qualidade, paraconsumo interno. No segundo grupo enquadram -se países comoIndonésia, Japão, Filipinas e Coréia do Sul.


O comércio mundial de arroz é segmentado conforme aspreferências de qualidade e tipo de grão, definidas pelos paísesimportadores. Atualmente, predomina o comércio de grãos longos.A média do consumo mundial per capita/ano de arroz basecasca é de 87 kg, sendo que a Ásia apresenta o maior consumo, 130kg per capita/ano e a Europa o menor, 5,9 kg per capita/ano. (Tabela1.1)Os maiores produtores são China, Índia e Indonésia, queproduzem, respectivamente, 34,7%, 22,1% e 8,5% do total mundial(Tabela 1.2), e juntos, representam cerca de 65% do consumomundial.Tabela 1.1. Consumo mundial per capita/ano, 1995 - 1998.Consumo kg per capita/anoEspecificação 1995 1996 1997 1998Mundo 87.1 87.0 86.9 87.0África 24.5 25.3 26.5 27.2América No rte 12.4 12.0 12.6 13.2América Central 21.0 23.4 23.5 22.1América do Sul 44.5 48.4 44.6 43.7Ásia 131.1 130.1 129.8 129.9Europa 5.1 5.7 5.9 5.9Oceania 21.6 19.8 20.3 23.8Fonte: Dados compilados de FAO – FAOSTAT Database Results.http://www.apps1.fao.org/servelet . (08/06/2000), adaptados pelos autoresCom relação aos países importadores, tem -se a Indonésia comoprincipal, seguida por Bangladesh, Brasil, Irã, Filipinas, Arábia,Nigéria e Japão. Os exportadores que se destacam são Tailândia,Vietnan, Estados Unidos da América (EUA), Índia, China e Paquistão(Tabela 1.3).Tabela 1.2. Produção e consumo de arroz , base casca, nos principais países, 1998.PaísesProdução(milhões t)Participação(%) no totalConsumo(milhões t)Participação(%) no totalChina 200,5 34,7 197,5 34,2Índia 127,5 22,1 127,0 22,0Indonésia 49,2 8,5 51,0 8,8Vietnã 29,1 5,0 22,7 3,9


Bangladesh 28,3 4,9 30,3 5,2Tailândia 22,8 4,0 13,2 2,3Mayamar 16,7 2,9 16,5 2,9Brasil 8,5 1,5 11,6 2,0Japão 11,2 1,9 13,6 2,4Filipinas 10,2 1,8 11,5 2,0EUA 8,5 1,5 5,6 1,0Fonte: Dados compilados de FAO – FAOSTAT Database Results.http://www.apps1.fao.org/servelet . (08/06/2000), e AgromercadosConsultoria Agroeconômica, 2000, e adaptados pelos autores.Tabela 1.3. Principais importadores e exportadores de arroz beneficiado, 1999.EXPORTAÇÃOIMPORTAÇÃOPaíses Milhões t. Países Milhões t.Tailândia 6,7 Indonésia 4,0Vietnã 4,6 Bangladesh 1,6E. Unidos 2,8 Filipinas 1,2Índia 2,6 Brasil 1,0China 2,7 Irã 1,0Paquistão 1,8 Nigéria 0,9Uruguai 0,8 Arábia Saudita 0,9Austrália 0,7 Japão 0,7Outros 2,3 Outros 13,7Total Mundial 25,0 Total Mundial 25,0Fonte: Dados compilado s de FAO – FAOSTAT Database Results.http://www.apps1.fao.org/servelet . (08/06/2000), e AgromercadosConsultoria Agroeconômica, 2000, adaptados pelos autoresA evolução da produção mundial de arroz, nos ú ltimos 20anos, apresentou um crescimento 49,6%, passando de 267,8 milhõesde toneladas em 1980/81 para 400,7 milhões de toneladas de arrozbeneficiado, em 1999/00 . O crescimento da área de cultivo foi de5,5%, passando de 145,3 milhões de hectares em 1981 , para 153milhões de hectares em 1999/00, significando que a produtividademédia foi a maior responsável pelo aumento de produção verificadono período.O consumo, no período considerado, aumentou 42,6%,passando de 273 milhões de toneladas base benef iciado, em 1980/81,para 398,4 milhões de toneladas, em 1999/00.(Figura 1.1)Contudo, o volume negociado no comércio internacionalobteve um incremento de cerca de 90%. Nos anos de 1998 e 1999, o


volume comercializado dobrou em relação à 1981, atingindo 27,3milhões de toneladas e 25 milhões de toneladas,respectivamente.(Figura 1.2)398,4Milhões de toneladas450,0400,0350,0300,0250,0200,0150,0100,050,0-267,8273,01980/811981/821982/831983/841984/851985/861986/871987/881988/891989/90Período1990/911991/921992/931993/941994/951995/961996/971997/981998/991999/00Fig. 1.1. Evolução da Produção e Consumo Mundial de arroz base beneficiado.Período 1980 – 2000.Fonte: Dados compilados de FAO – FAOSTAT Databa se Results.http://www.apps1.fao.org/servelet . (08/06/2000), e AgromercadosConsultoria Agroeconômica, 2000, adaptados pelos autores.400,7ConsumoProduçãoMilhões de toneladas30,025,020,015,010,05,012,010,811,011,510,711,712,811,213,911,712,114,114,916,521,019,618,827,325,022,3-1980/811981/821982/831983/841984/851985/861986/871987/881988/891989/901990/911991/92Período1992/931993/941994/951995/961996/971997/981998/991999/00Fig. 1.2. Comércio mundial de arroz. Períod o 1980 – 2000.Fonte: Dados compilados de FAO – FAOSTAT Database Results.http://www.apps1.fao.org/servelet . (08/06/2000), e AgromercadosConsultoria Agroeconômica, 2000, adaptados pelos autores.


Os preços praticados no mercado internacional de arroz,apresentam -se em queda, desde 1996, atualmente atingem níveisabaixo dos praticados em 1993 (Figura 1.3 ).450,00400,00350,00US$/tonelada300,00250,00200,00EUA 2,4%150,00100,00TAIL 100% FOB199219931994199519961997Período19981999Jan/00Fev/00Mar/00Abr/00Mai/00Fig. 1.3 . Preço (US$/t) do arroz no mercado internacional.Fonte: FAO – Perspectivas alimentarias marzo/abril 1996, Perspectivasalimentarias 1/97, Perspectivas alimentarias Nº 3, Junio 2000. http://www.fao.org/giews . (27/07/2000)., adaptadas pelos autores.O arroz, uma cultur a extremamente versátil, que adapta -se adiferentes condições de solo e clima, fornecendo 20% da energia e15% da proteína per capita necessária ao homem, é considerada aespécie com maior potencial para aumento de produção e para ocombate da fome no mu ndo. Existem atualmente no mundo, 800milhões de pessoas com carência alimentar, e o objetivo das NaçõesUnidas – FAO, é de, até 2.025, diminuir este número pela metade.Para os próximos cinco anos, as projeções da FAO, são de queo crescimento da produç ão se dará a uma taxa de 1,4% ao ano,atingindo 422 milhões de toneladas beneficiadas, sendo que parte doaumento se dará através de incrementos de produtividade, pela adoçãoprogressiva de variedades de alto rendimento, resistente a pragas epela adoção do arroz híbrido. A área de cultivo, apresentará aumentosmarginais, menos de 0,2% durante o período, devido a maiorcompetição na obtenção de água e terras, além da competição comoutros cultivos. A demanda mundial acompanhará o crescimentopopulacional, mantendo o consumo médio per capita em 59 kg/hab,base beneficiado. Com relação ao mercado mundial, as previsões são


de crescimento na demanda de importação de arroz de qualidademédia e alta, principalmente do arroz aromático de alta qualidade, oqual de verá superar a oferta.1.3 O arroz no Brasil1.3.1 HistóricoNa América do Sul, o arroz foi introduzido pelos espanhóis e,no Brasil, pelos portugueses por volta do século XVI, como cultivodestinado a subsistência dos escravos e colonos que trabalha vam nasgrandes fazendas. Posteriormente, com o desenvolvimento da culturae geração de excedentes de produção no campo, o arroz passou a sercomercializado nas vilas e povoados, passando a fazer parte da dietabásica da população em geral.Com a chegada ao Brasil de imigrantes europeus, o arrozpassou a ser cultivado não só para subsistência, mas como atividadevoltada para o mercado.A produção de arroz no Brasil, até o final do século XIX, foioriunda, exclusivamente, de lavouras de sequeiro. Na ú ltima décadado século, paralelamente, surgiram as primeiras lavouras com cultivode arroz irrigado, principalmente no Sul do Brasil, as quais mostraramsensível ganho de produtividade em relação ao cultivo de sequeiro.1.3.2 Regiões ProdutorasO arro z é uma cultura que está presente em todas as regiõesbrasileiras e é consumida por todas as classes sociais, ocupandoposição de destaque do ponto de vista econômico e social, sendoresponsável por suprir a população brasileira com um considerávelaporte de calorias e proteínas na sua dieta básica.O cultivo de arroz no Brasil concentra -se na Região Sul,responsável por 53,6% da produção nacional, seguida das regiõesCentro -Oeste, com 20,7%, Nordeste, 11,3%, Norte, 10,4% e Sudeste,3,9%.Em termos de consumo per capita, a região Centro -Oeste é aque se destaca com 97,18 kg/hab/ano. As demais regiões apresentamo seguinte consumo: região Sudeste, 90,47 kg/hab/ano; região Sul,


68,12 kg/hab/ano; região Norte, 55,27 kg/hab/ano e região Nordeste,49,64 k g/hab/ano. Entre os Estados, Tocantins e Goiás são os queapresentam maior consumo médio – 101,57 kg/hab/ano, enquanto quePernambuco e Bahia apresentam os índices mais baixos, 33,9kg/hab/ano e 34,22 kg/hab/ano, respectivamente. Tanto a Região Sul(RS, SC e PR) como a região Centro -Oeste (Tabela 1.4), são auto -suficientes na produção e exportadoras para outras regiões do país. Aregião Sudeste é a que apresenta maior déficit na produção em relaçãoao consumo interno.Tabela 1.4. Área, produção e produtividade média de arroz, na safra 1999/00.EstadosÁrea(1000 ha)Produção(1000 t)Participação (%)na prod. nacionalProd. média(kg/ha)Reg. Norte 636,4 1.206,4 10,4 1.896801,3 1.312,0 11,3 1.637Reg.NordesteReg. Sul 1.169,5 6.211,3 53,6 5.311Reg. Sudeste 214,1 456,1 3,9 2.130Reg. C.Oeste 888,8 2.394,5 20,7 2.694Total Brasil 3.710,1 11.580,3 100,0 3.121Fonte: CONAB, Comparativo de área, produção e produtividade, safras 1998/1999 e1999/2000. http://www.conab.gov.br/Politica _Agrícola/safra/arroz/cfm.(28/9/2000), adaptados pelos autores.1.3.3 Sistemas de Cultivo no BrasilO arroz produzido no Brasil provêm tanto do sistema decultivo em terras altas (sequeiro) como em várzeas (irrigado) .O arroz produzido em terras altas (sequeiro), até meados dadécada de 80 representava a maior parte da produção brasileira, cercade 60% do total, ocupando 71% da área de cultivo de arroz no Brasil.Este sistema desempenhou papel importante no desbravame nto docerrado, incentivado pela abertura de novas fronteiras agrícolas no


Brasil Central, para posterior introdução de culturas como a soja, omilho e o algodão. Utilizando -se de pouca tecnologia e apresentandobaixa produtividade, o sistema que chegou a ocupar cerca de 5milhões de hectares, com o passar do tempo, reduziu a área de cultivo,e hoje ocupa 2,4 milhões de hectares, produzindo cerca de 4,5 milhõesde toneladas (38% do total). Este sistema de cultivo predomina naregião Centro -Oeste, seguida d a região Nordeste e Norte. Aprodutividade média brasileira alcançada por este sistema de cultivo éde cerca de 1.847 kg/ha.O cultivo do arroz tradicionalmente utilizado na região Sul doBrasil, se faz com a inundação permanente da lavoura e altatecnologia, assegurando produções altas e estáveis. A produtividademédia do sistema no Brasil, atinge 5.500 kg/ha. Este tipo de cultivo,tem maior produção na região Sul, que representa 90% do total dearroz produzido sob este sistema. Outras regiões que ut ilizam estesistema são, em ordem de importância, região Norte, Nordeste,Centro -Oeste e Sudeste. (Tabela 1.5)Tabela 1.5. Participação das regiões na produção brasileira de arroz, por sistema decultivo. Safra 1998/99.Participação (%) da p roduçãoRegiõesSist. Terras Sist. VárzeaSist. Várzeas AltasÚmida TotalNorte 4.5 17.4 - 9.5Nordeste 2.4 22.2 6.1 10.1Sudeste 1.3 5.7 89.9 3.0Sul 90.3 3.5 - 56.5Centro Oeste 1.5 51.2 4.0 20.9Total 100.0 100.0 100.0 100.0Fonte: Dados compilados de IBGE - Levantamento Sistemático da Produção Agrícola ( v.12,n.12, 1999), Rio de Janeiro, adaptados pelos autores1.3.4 Tipos de grãos consumidos no BrasilCom relação ao tipo de grão consumido no Brasil, o mercadoaponta uma migra ção do arroz Tipo 2 para o Tipo 1 e Parboilizado. Oarroz do Tipo 1 representa 70 a 80% do mercado e o Parboilizado,22% (1,5 milhões de toneladas) da demanda de arroz beneficiado.


Existe um nicho de mercado crescente, que é o do consumo dearroz tipo japô nico ou cateto. Este mercado está localizado na regiãoSudeste, onde há concentração da população de orientais -brasileiros.O preço deste tipo de arroz, pago ao produtor, chega a atingir de 1,8 a2,0 vezes o valor pago ao produto tipo agulhinha -longo fino.Atualmente, grande parte deste mercado é abastecido por produtoimportado da Ásia, dos Estados Unidos e do Uruguai.1.3.5 Área, Produção e Produtividade do arroz no BrasilNuma série histórica de 20 anos sobre o cultivo do arroz noBrasil, pode-se observar qu e a produção apresentou incrementossignificativos, apesar da queda da área plantada.Em 1980/81, foi cultivado no Brasil 6,6 milhões de hectaresde arroz, com uma produção de 8,8 milhões de toneladas,apresentando uma produtividade média de 1,3 tonela das/hectare. De1980/81 até a última safra, a área de cultivo apresentou uma queda decerca de 50%, atingindo em 1999/00, 3,7 milhões de hectares (Figura1.4), contudo, a produção atingiu um volume recorde da década, 11,6milhões de toneladas.O aumento de produção verificado no período, é decorrênciados incrementos significativos verificados na produtividade média(135% em relação a 1980/81). A produtividade média passou de 1,3t/hectare, em 1981, para 3 t/hectare, em 2000.14000Área e Produção12000100008000600040002000080/8181/8282/8383/8484/8585/8686/8787/8888/8989/90Safras90/9191/9292/9393/9494/9595/9696/9797/9898/9999/00Area (1000 ha) Produção (1000 t) Consumo (1000 t)


Fig. 1.4. Evolução da produção, área de cultivo e consumo de arroz no Brasil.1980/81 a 1999/00.Fonte: Dados compilados de Agromercados Consultoria Agroeconômica,2000, adaptados pelos autores.A demanda brasileira de arroz, cresceu durante o per íodoanalisado, cerca de 30%, passando de 9 milhões para 11,7 milhões detoneladas, sendo que desde 1996, o consumo estabilizou -se em tornodas 11,7 milhões de toneladas.Como pode -se observar, nas últimas duas safras, as produçõesbrasileiras de arroz e stiveram próximas a demanda, demonstrando apotencialidade do Brasil para atingir a auto -suficiência. No entanto,para que isto se concretize, serão necessárias modificações naspolíticas governamentais vigentes. Atualmente, medidas adotadas pelogoverno c omo as aquisições públicas do produto e as importaçõesrealizadas, têm desestabilizado o mercado de arroz, não permitindoprojeções futuras do mesmo, desestimulando o produtor e trazendoinsegurança quanto a comercialização do produto.1.4 Bibliografi a ConsultadaCOGO, C.H. <strong>Arroz</strong>: perfil setorial e tendências para safra 1999/2000no Brasil, no Mercosul e no Mundo. Dados Estatísticos. 2000.(Consultoria Agroeconômica prestada a Embrapa ClimaTemperado).CONAB, Comparativo de área, produção e produtivi dade, safras1998/1999 e 1999/2000. Disponível: site CONAB.http://www.conab.gov.br/Politica_Agricola/safra/arroz/cfm.Consultado em 28 de set. 2000.FAO. Faostat database results. Disponível : site FAO.http://www.apps1.fao.org/servelet Consultado em 8 de jun. 2000.LEVANTAMENTO SISTEMÁTICO DA PRODUÇÃOAGRÍCOLA. IBGE. Rio de Janeiro. v.11, n.12, 1999 .


CAPÍTULO 2O ARROZ IRRIGADO NO RIO GRAN DE DO SUL: SOLO,ÁREA, PRODUÇÃO, PRODUTIVIDADE E PERFIL DOPRODUTORAlgenor da Silva Gomes 1Arlei Laerte Terres 1Isabel H. Vernetti Azambuja 12.1 IntroduçãoO arroz, no Rio Grande do Sul (RS) teve seudesenvolvimento a partir da introdução do sistema de cultivoirrigado e com a mecanização da irrigação que ocorreu a partirde 1903. Existem referências anteriores no Estado, datada de1832, do cultivo do arroz de “montanha” ou arroz de sequeiro,em áreas de coxilhas com razoável altitude. Às margens doArroio Pelotas, no município de mesmo nome, MaximilianoSaenger, de origem austríaca, e os irmãos Frederico Carlos eErnesto Carlos Lang, de origem alemã, foram os pioneiros no1 Pesquisadores da Embrapa Clima temperado. Cx. P. 403, CEP 96001 – 970. Pelotas,RS. E - mail: algenor@cpact.embrapa.br;


cultivo do arroz utilizando o bombeamento forçado de água.Posteriormente, em 1 905, foram implantadas,simultaneamente, lavouras irrigadas de arroz porbombeamento mecânico de água em Gravataí, no atualmunicípio de Cachoeirinha, e Cachoeira do Sul (Terres et al.,1999).Segundo Terres et al. (1999), a partir da safra 1907/08, o arro z irrigadopassa, pela primeira vez, no RS, a ser visto de formaempresarial. Nesta safra o Coronel Pedro Luiz da RochaOsório, assim como os irmãos Manuel Luiz e Joaquim LuizOsório, instalam, também em Pelotas, lavouras de arroz ondeforam considerados um conjunto de aspectos tecnológicos,como nivelamento do terreno, cultivares mais adaptadas,época de semeadura, adubação, beneficiamento do grão,entre outros.A despeito de constantes crises por que tem passado o setor orizícola doestado do RS, ao lon go dos seus quase 100 anos deexistência, a área cultivada com arroz irrigado, assim com aprodutividade, vêm apresentando crescimentos ao longo dosanos. Isto se deve, entre outras razões, ao espíritoempreendedor do orizicultor gaúcho, à adoção de novastecnologias, como cultivares mais adaptadas às condições declima e de solos do Estado, com características de grãos queatendem as exigências de mercado, manejo integrado depragas e manejo mais adequado da cultura e do solo.A produção de arroz do RS, da da à sua estabilidade, ao seu volume e à suaqualidade, assume importância estratégica, em termosalimentares, para o Brasil. Tem contribuído, anualmente, compercentuais normalmente superiores a 40% do total daprodução brasileira de arroz, colocando o E stado como omaior produtor deste cereal no país. Também se reveste degrande importância econômica e social visto que o Estadocontribui com cerca de 30% da safra de grãos, e envolveanualmente um contingente expressivo de recursos humanos.Segundo o SIND ARROZ (1999), citado por Terres et al.(1999) esse contingente em 1978 era de cerca de 110 milempregados, em 1995, aproximadamente 215 mil ( 192 mildiretamente na produção e 23 mil no setor industrial) eatualmente, em torno de 240 mil.2.2 Caracterís ticas gerais dos solos cultivados com arroz irrigadoA cultura do arroz irrigado em função de suascaracterísticas estabeleceu -se e desenvolveu -se no RS, como


em outras regiões do mundo, sobre os denominados solos devárzea, encontrados nas planícies d e rios e lagoas, queapresentam como característica comum, a formação emcondições variadas de deficiência de drenagem(hidromorfismo). No Estado , ocupam extensas áreas, comrelevo variando de plano a suave ondulado, sendo encontradosprincipalmente nas r egiões Litoral, Encosta do Sudeste,Depressão Central, Campanha e Campanha/Missões,abrangendo uma área de aproximadamente 5,4 milhões dehectares, o que representa 20% da área total do RS (Figura2.1).Associados aos aspectos de má drenagem, os solos de várzea ouhidromórficos apresentam ainda, em sua maioria, densidadenaturalmente elevada, relação micro/macroporos muito alta ebaixa capacidade de armazenamento de água na camadasuperficial, principalmente os que apresentam horizontesuperficial A raso , de textura predominantemente franco -arenosa. Essas características, em alguns casos associadasa uma fertilidade natural de média à baixa, dificultam autilização de uma agricultura diversificada. Assim, em taiscondições, desenvolveu -se a cultura do arr oz irrigado, que noRS é utilizada juntamente com a pecuária de corte extensiva(Pinto et al.,1999).(FOTO 02)


ooooooo57o5028ARGENTINAItaquiUruguaianaRio UruguaiSão BorjaRio IbicuíAlegreteCachoeirado SulRio TaquariSANTA CATARINARio CaíRio dos Sinos28Rio S. MariaRio QuaraíRio VacacaíSão GabrielRio JacuíP. AlegreDom PedritoRio NegroBagéPelotasLAGUNA DOS PATOSMostardasURUGUAI33Áreas de ocorrênciade solos de várzeaRio JaguarãoL. MIRIMOCEANOATLÂNTICO335750Fig. 2.1. Áreas de ocorrência dos solos de várzea no Rio Grande do Sul.Fonte: Pinto et al. (1999). Dados adaptados de IBGE,198 6.Os solos de várzea, em função da heterogeneidade do material de origem edos diferentes graus de hidromorfismo, apresentam grandevariação nas características morfológicas, físicas, químicas emineralógicas, fazendo com que sejam agrupados emdiferent es classes, com diferentes limitações e aptidões deuso. As principais classes em que estão incluídos os solos devárzea, segundo a nova nomenclatura (Embrapa, 1999), são:Planossolos, Gleissolos, Chernossolos Ebânicos eChernossolos Argilúvicos, Plintosso los, Vertissolos eNeossolos Flúvicos e Neossolos QuartzarênicosHidromórficos. A classe dos Planossolos (incluídos Gleissolosassociados) é a que representa a maior área (56%),seguindo -se, em ordem decrescente, as classes dosChernossolos (16,1%), Neoss olos (11,6%), Plintossolos(8,3%), Gleissolos (7,1%) e Vertissolos (0,9%).2.3 Regiões orizícolas


As áreas cultivadas com arroz irrigado no RS, em função de suascaracterísticas diferenciadas, principalmente, relacionadas aoclima, solo, topografia, recursos hídricos e energéticos,tamanho 57º do 56º módulo 55º 54º rural 53º 52º e aspectos 51º 50º sociais, econômicos eculturais, são classificadas em regiões orizícolas. Até 1990esta classificação compreendia cinco zonas ou regiões:28º 28ºFronteira Oeste, que abrange a região do baixo rio Uruguai;Zona Sul, que compreende o Litoral Sul ou Litoral AtlânticoSul; 29º Depressão Central, que engloba 29º o vale do rio Jacuí;Litoral Norte, abrangida pela Planície Costeira situada noNorte do Estado, e Campanha.30ºNa atualidade (Terres A et al., C30º1999), a s áreas de cultivo de arrozirrigado no Estado, são classificadas em seis regiões: E Fronteira Oeste,Litoral Sul (Zona 31º Sul), Depressão Central, Planície F 31º Costeira externa àLagoa dos Patos, Planície Costeira D interna à Lagoa dos Patos (ouCentro Sul) e Campan32ºha (Figura 2.2). Do total32ºda área cultivada comarroz irrigado no RS na safra 99/00 (952.539 B ha), a região da FronteiraOeste cultivou 27,3%, sendo a maior produtora, seguida da Litoral Sul33º 33ºcom 18,6%, da Campanha com 16,8%, da Depressão Central com13,9%, da Planície Costeira Interna à lagoa dos Patos com 11,7% e da57º 56º 55º 54º 53º 52º 51º 50ºPlanície Costeira Externa à lagoa dos Patos com 11,6%.A = REG. FRONTEIRA OESTE; B = REG. LITORAL SULC = REG. DEPRESSÃO CENTRAL ; D = REG. CAMPANHAE = REG. PLANÍCIE COSTEIRA F = REG. PLANÍCIE COSTEIRAINTERNAEXTERNA


Fig. 2.2. Regiões orizícolas do Rio Grande do Sul – 1999.Fonte: Terres et al. (1999)2.4 Área cultivada, produção e produtividade do arroz irrigadoNa safra 80/81, o Brasil cultivou 6,6 milhões de hectares dearroz, incluindo os cultivos de sequeiro e irrigado. Na última safra,99/00, a área de cultivo de arroz foi de 3,7 milhões de hec tares, mashavia recuado para 3,2 milhões de hectare na safra 97/98, a menorsuperfície plantada desde a década de 60. Este declínio da áreacultivada com arroz deve -se exclusivamente à redução do cultivo doarroz de sequeiro. No Rio Grande do Sul e Santa Catarina, ondepredomina o cultivo do arroz irrigado, a área de cultivo temmanifestado constantes incrementos, principalmente neste últimoEstado.Na Figura 2.3 encontra -se a relação estabelecida entre ocrescimento da área cultivada com arroz irrigado no RS e o tempo, apartir da safra 1919/20 até a 1999/00. A função quadrática Y = 75,957+ 0,625X + 0,129X 2 é a que melhor expressa a relação entre a áreaem hectare (Y) e o tempo em anos (X). Neste período a área cultivadacom arroz irrigado passou de 60 m il hectares para 952,5 mil hectares,com um incremento em 80 anos da ordem de 1587,5%. Verifica -se, daanálise da Figura 2., que os incrementos de área foram maiores a partirdo início da década de 70, o que deve estar associado, entre outrosfatores, ao incentivo decorrente da introdução nas lavouras de arroz


do Estado das cultivares americanas com grão tipo “agulhinha” ou“patna”, como a Blubelle, a Belle Patna e a Lebonnet, entre outras.12001000Y = 75,957 + 0,625X + 0,129X 2R 2 = 0,98800Área,milha600400200019/20 23/24 27/28 31/32 35/36 39/40 43/44 47/48 51/52 55/56 59/60 63/64 67/68 71/72 75/76 79/80 83/84 87/88 91/92 95/96 99/00Safra agrícolaFig. 2.3. Evolução da área cultivad a com arroz irrigado no RS no período de1919/20 a 1999/00.Fonte: IRGA. DCI – Série histórica 1920 - 2000. Dados adaptados


A produção brasileira de arroz irrigado na safra 80/81, quando foicultivada a maior área com arroz no país, alcançou 8,8 milhões de toneladas.Nesta mesma safra, o Rio Grande do Sul participou com 27% deste total. Nasafra 99/00, embora a acentuada redução da área cultivada com arroz, em nívelnacional, a produção deste cereal atingiu 11,6 milhões de toneladas, sendo que acontribui ção do RS correspondeu a 45,3%. A produção de arroz no paísapresentou, em termos gerais, consideráveis aumentos, sendo estes maisexpressivos no RS. A evolução da produção total de arroz irrigado no RS estáexpressa na Figura 2.4. A função que melhor r epresenta esta relação também éuma quadrática, onde Y = 451,160 - 35,986X + 1,138X 2 .6000Y = 451,57 - 35,986X + 1,138X 25000R 2 = 0,964000Produção, em mil t300020001000019/2023/2427/2831/3235/3639/4043/4447/4851/5255/5659/60Safra agrícola63/6467/6871/7275/7679/8083/8487/8891/9295/9699/00Fig. 2.4. Evolução da produção de arroz irrigado no RS no período de 1919/20 a1999/00.Fonte: IRGA. DCI – Série histórica 1920 - 2000. Dados adaptados.A produtivi dade média de grãos de arroz no Brasil, aocontrário do que vem ocorrendo com a área de cultivo, temmanifestado significativos aumentos. Na safra 80/81, foi de 1,3toneladas por hectare, subindo para 3,0 toneladas por hectare na safra99/00, sofrendo um i ncremento médio de 135 % em relação à médiaobtida em 1980. No RS, também se observa esta tendência. Em 1920,a produtividade média do arroz foi de 2,2 toneladas por hectare, em1970 de 3,5, atingindo 5,3 toneladas por hectare na safra 99/00. Noprimeiro período, que compreende 50 anos, verificou -se umincremento na produtividade média do Estado da ordem de 62,8%,enquanto que no segundo período, que corresponde a 20 anos, oincremento foi de 64,8%, sendo superior ao obtido em um tempo bemmais longo. Na Figura 2.5, encontra -se representada a relação


produtividade em quilogramas por hectare (Y) e o tempo em númerode anos (X), sendo a função quadrática Y = 2243,1 - 13,358X +0,668X 2 a que melhor representa esta relação.60005000Y = 2243,1 - 13,358X + 0,668XR 2 = 0,922-14000Produtividade, kg ha300020001000019/2023/2427/2831/3235/3639/4043/4447/4851/5255/5659/6063/64Safra agrícolaFig. 2.5. Evolução da produtivi dade média do arroz irrigado no RS no período de1919/20 a 1999/00.Fonte: Fonte: IRGA. DCI – Série histórica 1920 - 2000. Dados adaptados.67/6871/7275/7679/8083/8487/8891/9295/9699/00A despeito das repetidas crises por que tem passado a oriziculturagaúcha ao longo do tempo, vários aspectos v êm contribuindo para que amesma manifeste constantes incrementos de área, de produção e deprodutividade, entre os quais, devem ser ressaltados o espírito inovador doorizicultor gaúcho que tem buscado, incessantemente, novas tecnologias parasua lavoura e o desempenho da pesquisa que tem procurado atender àsdemandas dos produtores. Neste sentido, por exemplo, desenvolvendocultivares mais adaptadas às condições de clima e de solo, com característicasde grão que atendam às exigências do mercado, desenvol vendo práticas demanejo integrado para controle de pragas, doenças e plantas daninhas, maiseconômicas e ambientalmente mais corretas, e técnicas de manejo de solo quenão só favorecem a cultura do arroz, como também têm viabilizado a rotaçãode culturas nas áreas cultivadas com este cereal.2.5 Perfil do produtor de arroz irrigadoSegundo o Relatório “Lavoura <strong>Arroz</strong>eira Gaúcha – Perfil dosistema produtivo” (IRGA, 1993) o estado do Rio Grande do Sulpossuía à época um número de 10.385 produtores de ar roz, distribuída


pelas cinco regiões orizícolas de então: Litoral Sul, Litoral Norte,Depressão Central, Fronteira Oeste e Campanha. Mais de 50% dosprodutores de arroz do Estado encontram -se na Depressão Central(6195), onde mais de 96% das lavouras sã o áreas de até 100 hectares,sendo que 33,8% estão entre 0 e 10 hectares. De modo geral,predominam no RS lavouras de arroz com área igual ou menor que100 hectares (87,8%), conforme pode se observar a partir da análiseda Tabela 2.1. Por outro lado, as m aiores áreas cultivadas com arrozno Estado encontram -se nas regiões da Fronteira Oeste e Litoral Sul.Tabela 2.1. Número de propriedades por estrato de área para cada regiãoorizícola do estado do Rio Grande do SulEstrato deárea (ha)LitoralSulLito ralNorteDepressãoCentralFronteiraOesteCampanhaPropriedade/ estrato0-10 79 865 3512 79 20 455510 -30 217 184 1482 177 82 214230 -60 10 186 619 246 142 140560 -100 194 122 357 252 91 1016100 -200 172 117 185 246 84 804200 -500 115 55 39 146 20 375500 -1000 14 12 1 35 1 63>1000 11 2 0 11 1 25N.º Propr. 1012 1543 6195 1194 441 10385Fonte: IRGA (1993)De acordo com Cogo, (2000), atualmente ex istem 10.000 produtores dearroz no Rio Grande do Sul, com uma área média de 96hectares, um pouco acima daquela verificada em 92/93, quefoi em torno de 90 hectares. Ainda, segundo Cogo (2000),65% da área cultivada com arroz no Estado é arrendada.Segund o relatório do IRGA (1993), em termos médios,78,71% desta área cultivada com arroz utilizava o sistemaconvencional de cultivo, 20,11% utilizava os sistemas plantiodireto e cultivo mínimo, 0,78% o pré -germinado e 0,4% outrostipos de sistemas. Na atualid ade, estima -se que os sistemasplantio direto e cultivo mínimo sejam utilizados em 25% daárea cultivada, o pré -germinado em 9,5% e o transplante demudas, em 1,9%, sendo o restante da área cultivada com osistema convencional.2.6 Bibliografia Consulta da


COGO, C. <strong>Arroz</strong>: perfil setorial e tendências para safra 1999/2000 no Brasil,no Mercosul e no mundo. Dados Estatísticos. 2000.. (ConsultoriaAgropecuária prestada a Embrapa Clima Temperado).EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos (Rio de Janeiro,RJ). Sistema brasileiro de classificação de solos. Rio de Janeiro,1999. 412p.IRGA. Lavoura <strong>Arroz</strong>eira Gaúcha – perfil do sistema produtivo.Relatório Estatístico do Convênio: IRGA/UFRGS -IEPE. Portoalegre – RS, 1993. 41p.IRGA.DCI. Equipe de P olítica Setorial. <strong>Arroz</strong> irrigado no RS: área,produção e rendimento. Porto Alegre (Série histórica – 1920 a2000).PINTO, L. F. S.; PAULETTO, E. A.; GOMES, A. da S.; SOUSA, R.O. Caracterização de solos de várzea. In: GOMES, A. da S.;PAULETTO, E. A. Manejo do solo e da água em áreas devárzea. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 1999. p.11 -35.TERRES, A. L.; GALLI, J.; FAGUNDES, P. R. R.; MACHADO, M.O.; M. JÚNIOR. A.M. de; MARTINS, J. F.; NUNES,C. D. M.;FRANCO, D. F.; AZAMBUJA, I. H. V.; <strong>Arroz</strong> irrig ado no RioGrande do Sul: generalidades e cultivares. Pelotas; Embrapa ClimaTemperado, 1999. 58. (Embrapa Clima Temperado. CircularTécnica, 14)


CAPÍTULO 3EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE DO ARR OZ IRRIGADONO RS E MEIOS PARA SUA CONTINUIDADEAriano M. de Magalhães Júnior 1André Andres 1Isabel H. Vernetti Azambuja 13.1 IntroduçãoO arroz irrigado é um dos principais alimentos consumidosmundialmente. No Rio Grande do Sul, é uma das culturas maistecnificadas, com grande investimento por unidade de área plantada.Nos últimos anos, importantes aumentos ocorreram na produção dearroz irrigado devido, principalmente, à adoção, em larga escala, decultivares semi -anãs de alta produtividade, e outr as tecnologias demanejo melhoradas. A produção mundial de arroz duplicou de 257milhões de toneladas, em 1965, para 520 milhões, em 1990. Noentanto, a produção de arroz está diminuindo e, se essa tendência não1 Pesquisadores da Embrapa Clima Temperado. Cx P 403. CEP 96.001 -970. Pelotas,RS.


for revertida, uma severa falta de alimentos ocorrerá no próximoséculo. Assim sendo, existem dois caminhos a seguir: aumento daárea cultivada ou aumento de produtividade das lavouras. É poucoprovável que ocorra aumento significativo na área plantada comarroz, dada a estabilidade observada a níve l mundial, desde 1980. Naverdade, essa área poderá diminuir, porque terras de boa qualidadepara o cultivo de arroz estão sofrendo pressão da urbanização eindustrialização. A crescente demanda por arroz deverá ser atendidacom menos área, água, quantidad e de mão -de-obra e de pesticidas.Desse modo, para atingir os objetivos de aumento da produção dearroz, são necessárias cultivares de arroz com potencial deprodutividade mais elevado e melhores práticas de manejo. Aspesquisas mundiais revelam que o teto produtivo das variedadesatuais de arroz é limitado e pode ser alcançado com manejo adequadodas lavouras. O potencial médio de produtividade das atuaiscultivares de arroz irrigado, de porte semi -anão, é cerca de 10 t/ha.Incrementos significativos n o potencial de produtividade das plantascultivadas têm sido, de uma maneira geral, obtidos através demodificações no tipo de planta. Uma nova arquitetura de plantapermitiu que o potencial de produtividade do arroz duplicasse no finalda década de 70, co m os lançamentos das cultivares BR IRGA 409 eBR IRGA 410, no Rio Grande do Sul. Esse novo tipo de plantacaracterizou-se pela baixa estatura, alto perfilhamento, colmos fortese folhas eretas e verde -escuras, características estas, extremamenteefetivas no aumento da produtividade das áreas cultivadas com arroz.Atualmente, mais de 60 % da área mundial é coberta por cultivaressemi-anãs. Durante os últimos anos somente incrementos marginaisocorreram no potencial de produtividade do arroz.A lavoura orizíc ola gaúcha tem apresentado uma produtividade em torno de 5.000kg/ha, variando de 4.400 kg/ha, na safra 1997/98 a 5.350 kg/ha, em1998/99.A evolução positiva da produtividade no Rio Grande do Sul,pode ser atribuída ao desenvolvimento e recomendação de novascultivares, que atendem às exigências de mercado e apresentam altaprodutividade; boa qualidade de grão; estabilidade de produção, doponto de vista de melhor reação aos estresses bióticos (doenças -brusone) e abióticos (toxidez por ferro, salini dade e frio); resistênciaàs principais pragas e doenças, e adaptação às condições


edafoclimáticas predominantes em cada região de cultivo, bem comoa melhoria do manejo da cultura, em função da pesquisa séria ecompetente estabelecida.(FOTO 06)3.2 Im pacto das cultivaresPartindo-se da década de 70, quando teve início, opredomínio na lavoura de arroz irrigado do Rio Grande do Sul (RS),de cultivares (cvs.) introduzidas do sul dos Estados Unidos, com aliderança da Bluebelle, que proporcionou produt ividades médias de3.700 kg/ha, pode ser dito hoje, que o panorama da cultura emtermos de produtividade é bem diferente e favorável ao RS.A redução drástica no subsídio à agricultura determinou umnovo paradigma aos orizicultores gaúchos, “o aumento d aprodutividade de grãos com redução de custos”. Neste cenário, em1979, a pesquisa em arroz no RS, conduzida pela Embrapa ClimaTemperado e o Instituto Riograndense do <strong>Arroz</strong>, começou adesenvolver cultivares adaptadas para o Estado. Dos investimentosfeitos nestas entidades, especialmente a partir do final da década de70, o desenvolvimento de novas cultivares proporcionaram umresultado altamente significativo no desenvolvimento do setororizícola, considerando -se o aumento do rendimento obtido por áreaplantada. A tradução deste trabalho pode ser vista ao comparar -se aprodutividade média no RS em 1973/74, de 3.551 kg/ha, com a de1998/99, de 5.350 kg/ha (Tabela 3.1). Este acréscimo de 56% deve -sefundamentalmente à adoção de cultivares de porte “moderno ” (comalta capacidade de emitir perfilhos, colmos robustos e curtos, e folhaseretas) como a BR -IRGA 409 e BR -IRGA 410, lançadas em 1979 e1980, respectivamente, as quais constituíram -se nas primeiras comestas características.Tabela 3.1.Produtivid ade média do arroz irrigado no Rio Grande do Sul(1973/74 a l999/00)SAFRA PRODUTIVIDADE (kg/ha)73/74 3 550


Fonte: IRGA74/75 3 84975/76 3 65676/77 3 55177/78 3 62178/79 3 09579/80 377680/81 408281/82 458382/83 417183/84 466584/85 4 91385/86 4 57286/87 4 54787/88 4 93788/89 5 09989/90 4 99590/91 4 95391/92 5 26592/93 5 18793/94 4 46994/95 5 25095/96 5 13096/97 5 23297/98 4 41698/99 5 35099/00 5 259A resposta da pesquisa continuou com a li beração, em 1986,das cultivares BR -IRGA 412 e BR -IRGA 413, que mantiveram o tetoprodutivo porém com grãos de casca lisa, o que diminuiu aabrasividade do produto junto aos equipamentos de colheita e pós -colheita.


A busca por soluções rápidas continuou c om o lançamento daBR -IRGA 414, em 1987, de ciclo precoce (115 dias), cujo objetivoprimordial foi a diminuição do uso de água na lavoura, um dos custosmais altos da orizicultura irrigada. A tolerância à toxicidade porferro, problema comum nas lavouras da região Fronteira Oeste, éoutra característica da cv. BR -IRGA 414, que tem minimizado osdanos deste estresse ambiental sobre a produção de arroz no RS.Em 1991 foram lançadas no mercado, as cultivares BRS 6“Chuí” e BRS 7 “Taim”, pela Embrapa Clima Tem perado, e IRGA416, pelo Irga, que apresentam como característica principal o altoteto produtivo - podendo chegar à 10.000 kg/há, em lavouras bemconduzidas e sob ambiente favorável (luminosidade, temperatura enutrientes). A cv. BRS 7 “Taim” também apr esenta excelente reaçãoà brusone, pois em sua constituição genética foram introduzidosgenes de resistência da cultivar asiática Te -Tep.Em 1995, a Embrapa Clima Temperado lançou mais duascultivares de arroz irrigado, BRS Ligeirinho, tendo comocaracte rística principal o ciclo ao redor de 100 dias e BRS Agrisul,que aliou as características produtividade e qualidade de grão. O Irga,também em 1995, lançou a cv. IRGA 417, que apresenta comocaracterísticas principais a alta produtividade, qualidade de gr ão e, emespecial, a alta resistência a brusone.A cultivar BRS Bojuru, de grão curto, lançada em 1997, tem afinalidade de, juntamente com a cv IAS 12 -9 FORMOSA, atenderum nicho de mercado constituído por consumidores orientais,principalmente do Brasi l. Esta foi a primeira cultivar do tipo japônicalançada pela Embrapa.Em 1999, a Embrapa lançou duas novas cultivaresdenominadas BRS Atalanta, com característica predominante deprecocidade e BRS Firmeza, que apresenta tipo americano de planta,com colm os fortes. No mesmo ano o Irga lançou as cultivares IRGA418, IRGA 419 e Irga 420.Em 2000 a Embrapa lançou a cultivar BRS Pelota comexcelente teto produtivo e qualidade de grãos.As principais características das cultivares relacionadas acimasão apresen tadas na Tabela 3.2.3.3 Pesquisa em melhoramento genético do arroz irrigado


Os objetivos do programa de melhoramento genético dearroz irrigado da Embrapa Clima Temperado, são:a) Aumento da produtividade;b) Aumento da variabilidade genética;c) Estabilidade produtiva;d) Alta qualidade de grão (industrial e culinária);e) Resistência/tolerância à estresses abióticos;• frio• salinidade do solo e da água• toxicidade a ferro• toxicidade a herbicidasf) Resistência/tolerância a estresses bióticos;• Doenças* brusone ( Pyricularia grisea )* queima da baínha ( Rhizoctonia solani )• Insetos* bicheira da raíz ou gorgulho aquático(Oryzophagus oryzae)g) Abastecimento de nichos de mercados e mercadosemergentes.Tabela 3.2. Características das cultivares de arroz irrigado desenvolvidas pelaEmbrapa e IRGA, a partir da década de 70, para o Rio Grandedo Sul.CULTIVAR ANO CICLO PRINCIPAIS INSTITUIÇÃOBIOLÓGICO CARACTERÍSTICAS RESPONSÁVELBR -IRGA 409 1979 Médio Produtividade/adaptação Embrapa/IrgaBR -IRGA 410 1980 Médio Produtividade/adaptação Embrapa/IrgaBR -IRGA 411 1985 Médio Alto vigor inicial Embrapa/Irga


BR -IRGA 412 1986 Semi -tardio Qualidade de grão Embrapa/IrgaBR -IRGA 413 1986 Médio Alto vigor inicial/ resist. Embrapa/Irgagorgulho aquáticoBR -IRGA 414 1987 Precoce Qualidade de grão Embrapa/IrgaBR -IRGA 415 1989 Prec oce Tolerância à toxicidade Embrapa/Irgapor ferroIRGA 416 1991 Precoce Precocidade IrgaBRS 6 (“CHUÍ”) 1991 Precoce Maior tolerância ao frio Embrapa -PelotasBRS 7 (“TAIM”) 1991 Médio Produtividade/resistência Embrapa -Pelotasà brusoneIRGA 417 1995 Precoce Qualidade de grão IrgaBRS LIGEIRINHO 1995 Super -precoce Precocidade Embrapa -BRS AGRISUL 1995 Médio Tolerância à toxicidade EmbrapaPelotas-Pelotaspor ferroBRS BOJURU 1997 Semi -tardio Maior tolerância ao frio Embrapa -Pelotas- grão japônicoIRGA 418 1999 Precoce Qualidade de grão IrgaIRGA 419 1999 Precoce Qualidade de grão IrgaIRGA 420 1999 Precoce Qualidade de grão IrgaBRS ATALANTA 1999 Super -precoce Precocidade Embrapa -PelotasBRS FIRMEZA 1999 Precoce Colmos vigorosos/ grupomoderno -americanoBRS PELOTA 2000 Médio Produtividade equalidade de grãosFonte: Embrapa Clima TemperadoEmbrapa -PelotasEmbrapa -PelotasVisando atingir os objetivos propostos via melhoramentogenético são priorizados trabalhos que contemplam as seguinteslinhas de pesquisa:a) Melhoramento genético via métodos convencionais(Introdução, seleção, hibridação);b) Melhoramento genético via seleção recorrente;c) Biotecnologia• Transformação de plantas(transgenia)• Variação somaclonal (mutaçãoinduzida)• Marcadores molecul ares• Cultura de tecidos (anteras)


3.4 Processo de difusão das cultivaresEm geral, a adoção de qualquer cultivar gerada através doProjeto de Melhoramento Genético da Embrapa Clima Temperado,dependerá da qualidade da difusão e do efeito de melhoria no sistemaprodutivo. (FOTO 09)A adoção de novas cultivares pelos produtores deverá ser umaconseqüência natural de todo o processo, se não houver fatoresinibidores, de natureza sócio -econômicos.O papel da Embrapa Clima Temperado e do Irga no contextode lançamento de cultivares mais produtivas tem sido preponderante.Conforme a Tabela 3.3, as cultivares desenvolvidas em conjunto, ouindividualmente, pelas duas instituições, ocuparam, na safra 1998/99,66,2 % do total da área cultivada com arroz no RS. Est es dadosrevelam de forma clara e insofismável a aceitação destas cultivarespor parte do segmento produtivo, atestando a eficiência dos programasde melhoramento desenvolvidos por ambas as instituições. Éimportante ressaltar a adoção de algumas destas cu ltivares além dasdivisas do RS, podendo ser encontradas em estados como o Pará,Roraima e Rio de Janeiro, e em países do Mercosul. Neste aspectodestaca-se a cultivar BRS 7 “Taim”, amplamente cultivada naArgentina. (FOTO 07)Tabela 3.3. Área ocupa da pelas cultivares de arroz irrigado, no Rio Grande do Sul,em 1998/99.CULTIVARTOTALha %BR -IRGA 409 104.774 11,07BR -IRGA 410 123.799 13,07BR -IRGA 412 1. 277 0,13BR -IRGA 414 12. 271 1,30


IRGA 416 51. 318 5,42IRGA 417 190.366 20,11BRS 7 “TAIM” 91. 207 9,63BRS 6 “CHUÍ” 52. 063 5,50OUTRAS 319. 670 33,77TOTAL 946 .745 100,00Fonte: IRGA3.5 Pesquisa em manejo da cultura do arroz irrigadoA produtividade média da cultura do arr oz no Rio Grande doSul aproxima -se das obtidas em outros países tradicionais no cultivodo arroz irrigado, ficando pouco abaixo das obtidas por produtoresdos EUA (Califórnia), Australia e Japão. Contudo, problemas comoo alto custo de implantaç ão da lavoura, a crescente infestação comarroz -daninho (vermelho/preto), a ocorrência de fatores abióticos,principalmente de frio na fase de floração, que restringem aexploração do potencial produtivo, em torno de 10 t/ha, das cultivaresatualmente utilizadas na lavoura, induzem a repensar o sistemaprodutivo do arroz irrigado na região. O projeto Melhoria dosSistema de Produção de <strong>Arroz</strong> Irrigado na Região de ClimaTemperado realizado pela Embrapa, tem como objetivo geral,elevar a economicidade da cultura do arroz irrigado, através daidentificação de práticas de manejo que propiciem o maioraproveitamento do potencial produtivo das cultivares disponíveis, commelhorias dos sistemas de produção em áreas de várzeas, incluind o ouso mais frequente do solo com arroz e a preservação dosrecursos naturais. Para tanto, inúmeros trabalhos de pesquisa estãosendo realizados envolvendo as áreas de sistemas de cultivo;nutrição de plantas, com ênfase no estudo da d inâmica do nitrogênio,proveniente de fontes orgânicas e minerais, no sistema solo -águaplanta;manejo integrado de pragas, principalmente insetos, doençase moluscos, que causam prejuízos de grande monta ao setor; controlede arroz vermelho e comportamento ambiental de pesticidas naslavouras de arroz irrigado.


A geração de tecnologias visando a recuperação e melhoriaprodutiva de solos do agrossistema Terras Baixas, poderá contribuirpara minimizar os problemas hoje enfrentados no sistema produtivoda cultura do arroz irrigado. Dentre alguns problemas, pode -se citar omais importante, ou seja, a presença do arroz -vermelho nas lavourasdo RS. Atualmente é a planta daninha mais importanteeconomicamente, tendo inviabilizado áreas de várzea para o cultivodo arroz irrigado. No RS, por exemplo, estima -se uma perda de 20%na produção do arroz comercial, ocasionando um prejuízo anual de800 mil toneladas de arroz. Considerando -se o valor comercial de R$15,00/sc, este prejuízo equivale a R$ 240 milhões. Sua infestação àslavouras já comprometeu cerca de 30% da área para cultivo doarroz irrigado, o que representa, aproximadamente, 250 mil hectares.Esta situação tem levado a pesquisa e os produtores a buscaremalt ernativas para o controle desta invasora. (FOTO 10) Apesar dosesforços empreendidos até o momento, nenhuma medida isolada temtido sucesso. As duas principais razões que explicam a dificuldadedo seu controle são a de que o arroz -vermelho p ertence à mesmaespécie do arroz cultivado, e, também, à baixa qualidade da sementeutilizada, ou seja, nas sementes comercializadas encontram -sesementes de arroz vermelho. Estes dois aspectos, associados aoutras características desta planta, como a dormência / quiescência desuas sementes, faz com que o banco de sementes no solo aumenteou mantenha -se elevado, dificultando o manejo da área. Resultadosde pesquisa têm mostrado que em áreas com alta infestação dearroz -vermelho , a redução do banco de sementes no solo é o principalcaminho a ser perseguido para se obter uma utilização mais seguradestas áreas. Neste sentido é muito importante estabelecer ações defácil utilização, que evitem reinfestações de sementes de arrozvermelhono solo, e/ou que reduzam o banco de sementes presente nasáreas já infestadas. Deve -se salientar que, paralelamente, oprodutor deve utilizar, em sua lavoura, sementes isentas de arroz -vermelho.O sistema tradicional ou convenc ional de cultivo do arrozirrigado no RS, por suas características peculiares, tem contribuídopara, além de onerar os custos de produção, disseminar nas lavouras,sementes de plantas daninhas e degradar, ainda mais, o jánaturalmente precário e stado físico dos solos de várzeas. Esta


degradação física do solo, sem dúvida nenhuma, tem dificultado aintrodução de culturas de sequeiros em rotação ou sucessão com arrozirrigado. A partir destas constatações, surgiu o interesse dosorizicultores ga úchos em utilizarem novas alternativas, que fossemao mesmo tempo, mais eficientes no controle do arroz -vermelho,economicamente mais viáveis e capazes de manterem ou mesmorecuperarem o estado físico do solo. Entre as novas tecnologias vemse destacando o uso de sistemas de cultivo alternativos ao sistemaconvencional, denominados de cultivo mínimo, semeadura direta,pré-germinado, transplantio e mais recentemente o mix, além deculturas alternativas ao arroz, as quais pel os resultados da pesquisatem comprovadamente sido eficientes na redução do banco desementes de arroz daninho, em áreas comprometidas por estainvasora. (FOTO 08)Aspectos relativos à fertilidade do solo e nutrição da cultura,por possibilitarem ganhos e xpressivos em produção, tambémdesempenham um papel preponderante. São prioritários, estudos dadinâmica e de diversificação de fontes de nitrogênio para a cultura doarroz irrigado, especialmente, por fornecerem subsídios para aelevação da eficiência de utilização de N dos fertilizantes minerais ereduzirem a dependência desses insumos para a produção, diminuindoos custos de produção e os riscos de poluição ambiental.Insetos, doenças e moluscos, enquadram -se atualmente entre asprincipais pragas que af etam a economicidade da cultura do arrozirrigado no Rio Grande do Sul, por impedirem melhoraproveitamento do potencial produtivo das cultivares utilizadas emcerca de 900.000 ha, distribuídos nas cinco regiões orizícolas doEstado (Litoral Sul e Nort e, Depressão Central, Campanha e FronteiraOeste). Os insetos, anualmente, ocorrem em 25% da área orizícola(207.500 ha), reduzindo em 10% a produtividade (500 kg degrãos/ha). Conforme estimativas, as perdas econômicas são deR$150,00/ha, resultando em perda total de R$ 31 milhões nos207.500 ha infestados a cada ano. Alterações tecnológicas no sistemade produção, como a expansão do plantio direto e do arroz pré -germinado tem modificado a situação de insetos -pragas nos arrozais.A praga de maior importância é sem dúvida o gorgulho -aquático(Oryzophagus oryzae ).


A ocorrência anual de doenças, em 10% da área orizícolado Estado, está fortemente associada a práticas inadequadas demanejo da cultura, provocando perda s de produtividade que oscilamde 10 a 15%. Os principais prejuízos são causados pela brusone(Pyricularia grizea ), que em situações epidêmicas causa perda totalda produção de grãos. Contudo, não devem ser desconsiderados osprejuízos causados p or doenças de importância secundária como amancha das bainhas ( Rhizoctonia oryzae ), queima das bainhas ( R.solani), mancha parda ( Helminthosporium oryzae ), mancha estreita(Cercospora oryzae ), podridão do colmo ( Sclerotium oryzae ),carie (Thiletia barclayana ), escaldadura da folha ( Rhynchosporiumoryzae) e manchas de glumas, causada por vários fungos.O controle de plantas invasoras , é indispensável para garantiruma lavoura economicamente rentável. Os herbicidas einseticidas cont ribuem de forma significativa para a manuntençãoda boa produtividade das lavouras orizícolas. Assim sendo, estãosendo conduzidos estudos para avaliar o destino dos herbicidas einseticidas no ambiente. Estes estudos de impacto ambiental são defundamental importância para a manutenção de uma oriziculturasustentável.A produtividade da lavoura orizícola do RS, embora no mesmopatamar atingido por países mais desenvolvidos, ainda está bastanteabaixo do potencial produtivo das cultivares uti lizadas no Estado,lançadas pela Embrapa Clima Temperado e pelo Irga. Prova disso sãoos dados obtidos em grandes áreas de cultivo comercial no RS, queapontam produtividades de cerca de 10.000 kg/ha, de algumas dascultivares recomendadas pelas instituiçõ es oficiais de pesquisa(Tabela 3.4). Consequentemente, através de um emprego maior e maisqualificado de tecnologias para manejo da cultura do arroz, jádisponibilizadas pelas instituições de pesquisa, é possível atingirprodutividades ainda superiores àq uelas alcançadas pelosorizicultores que utilizam as novas cultivares. Neste contexto, hácomo provar que a produtividade média atual da cultura do arroz noRS ( ± 5.300 kg/ha) é aproximadamente 40% menor que o potencialprodutivo (10.500 kg/ha) das cultiv ares mais recentemente lançadaspelas instituições oficiais de pesquisa.


Tabela 3.4. Potencial produtivo de algumas cultivares de arroz irrigado emcondições de lavoura comercial do Rio Grande do Sul e de países doMercosul, no perí odo 1988/1997 (a)CULTIVARLOCALSAFRAAGRÍCOLAÁREA (ha)PRODUÇÃO DEGRÃOS* (t/ha)BR -IRGA 409 Alegrete (b) 1988/90 150 9.2BR -IRGA 410 Sta.Vit.Palmar (c) 1988/89 150 9.5BR -IRGA 410 Sta.Vit.Palmar (c) 1988/89 80 9.7BR -IRGA 410 Ar. Grande (c) 1988/89 25 10.7BR -IRGA 412 Rio Grande (c) 1988/89 125 9.7BR -IRGA 413 Alegrete (b) 1989/90 500 7.5BR -IRGA 414 Sta.Vit.Palmar (c) 1988/89 10 10.0BR -IRGA 414 Jaguarão (c) 1988/89 136 9.4 (úmido)BRS 6 (“CHUÍ”) Agudo (d) 1995/96 40 10.2BRS 6 (“CHUÍ”) Argentina 1995/96 60 9.0BRS 7 (“TAIM”) Uruguaiana (b) 1995/96 54 9.5BRS 7 (“TAIM”) Cacequi (d) 1995/96 51 8.6BRS 7 (“TAIM”) D. Pedrito (e) 1995/96 28 9.4BRS 7 (“TAIM”) Argentina 1995/96 110 10.2BRS 7 (“TAIM”) Uruguaiana (b) 1996/97 350 10.0


BRS 7 (“TAIM”) Uruguai 1996/97 30 10.1BRS AGRISUL Uruguaiana (b) 1995/96 4 8.9BRS AGRISUL Uruguaiana (b) 1996/97 55 8.4* Grão com casca e seco a 13% de umidade; (a) Levantamento realizado pela Embrapa ClimaTemperado junto ao orizicultor; (b) Região or izícola fronteira oeste; (c) Região orizícola zona sul; (d)Região orizícola depressão central; (e) Região orizícola campanha.Fonte: Embrapa Clima Temperado3.6 Bibliografia consultadaIRRI-International Rice Research Institute. Rice growth andproducti on. Los Baños, Philippines, 1993. p.11 -16. (IRRI RiceAlmanac)JENNINGS, P. R. ; COFFMAN. W.R.; KAUFFMAN, H.E. Breedingfor agronomic and morphological characteristics. In: IRRI. RiceImprovemente . Los Banõs, Philippines: IRRI, 1979. p.91 -94.PESKE, S.T .; NEDEL, J.L.; BARROS, A.C.S.A. Produção de arrozirrigado. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária –UFPel, 1998.659p.TERRES, A.L.; GALLI, J.; FAGUNDES, P.R.R.; MACHADO, M.O.;MAGALHÃES JR., A.M. DE; MARTINS, J.F.; NUNES, C.D.M.;FRANCO, D.F.; AZAMBUJA , I.H.V. <strong>Arroz</strong> irrigado no RioGrande do Sul: generalidades e cultivares. Pelotas: EmbrapaClima Temperado, 1998. 58p. (Embrapa Clima Temperado.Circular Técnica, 14).


CAPÍTULO 4A PE SQUISA COM ARROZ IRRIGADO NO RIO GRANDE DO SUL.Cley Donizeti Martins Nunes 1Arlei Laerte Terres 24.1 IntroduçãoO Rio Grande do Sul tem um histórico de desenvolvimento da lavouraarrozeira, em termos de área e produtividade nos últimos 100 anos, muit o importantepara o Brasil. Neste contexto, a contribuição da pesquisa foi fundamental aoincremento de produtividade com lançamentos de cultivares de arroz irrigado.Este aumento é marcante a partir da década de 80, com o lançamento dascultivares BR -Irga 409 e BR -Irga 410 que, de 1985 a 1989, ultrapassaram 90% daárea arrozeira do Estado. Neste período a produtividade passou de 3,5t/ha para 5,0t/ha.. Cabe ressaltar que junto ao desenvolvimento das cultivares desenvolveu -se umtrabalho de manejo da cu ltura que auxiliou o aumento de rendimento de grãos dasmesmas.Este ganho de produtividade refletiu -se no aumento da área semeada noEstado, na redução do custo de produção, no volume de vendas de máquinas,equipamentos, insumos e principalmente na arreca dação de impostos e geração deempregos.O potencial produtivo das cultivares gaúchas estão no mesmo patamar dasmelhores do mundo. Dados levantados junto às regiões orizícolas do estado do RioGrande do Sul, da Argentina e do Uruguai, comprovam que lav ouras conduzidasdentro de um manejo recomendado e sob boas condições climáticas, podem produzirrendimentos superiores a 10 t/ha de grãos com casca.2 Eng. Agr. M.Sc ., Embrapa Clima Temperado. Cx P 403. CEP 96.001 -970. Pelotas,RS.


Na safra agrícola de 1999/00, foram cultivados 952.539 ha de arroz irrigadono Estado, com a produtivida de média de 5.260 Kg/ha de grãos com casca, superiora média da safra 1997/98 (4095 kg/ha) e um pouco inferior a de 1998/99 (5.833kg/ha) - ano do fenômeno “La Niña” que favoreceu essa safra.A orizicultura irrigada é revestida de grande importância econôm ica esocial para o Rio Grande do Sul, contribuindo atualmente com cerca de 40% dasafra gaúcha de grãos.A área de cultivo de arroz no RS em 1999/00 foi cerca de 25 % da cultivadano Brasil, representando 48% do total do cereal produzido no país. Cerca de 80% doarroz “agulhinha” comercializado no Brasil foram produzidos no RS.As cultivares gaúchas de arroz irrigado têm contribuído, significativamente,na produção brasileira do cereal. Alguns países do Mercosul, como Argentina eUruguai, também, têm s ido beneficiados com o uso destas cultivares.4.2 Histórico da pesquisa com arroz irrigado no Rio Grande do SulNos primeiros anos do século XX cultivavam -se no RS, pequenas áreascom arroz de sequeiro – “cultivo de montanha” – em áreas de coxilhas de razoá velaltitude. O incremento da lavoura de arroz começou com o uso da irrigação porbombeamento forçado em 1903/04 em Pelotas. Por volta de 1905 eram usadas ascultivares Carolina (Madagascar/USA; de grão longo) e “Piemonte” (ou Nero diVialone; Itália, de g rão médio) introduzidas pelos próprios orizicultores gaúchos.A cultura do arroz irrigado começou a ser explorada de forma empresarial,no município de Pelotas nos anos 1907/08, pelo Coronel Pedro Luís da RochaOsório. Nesta época já se procuravam tecnolo gias para aumento de produtividade dalavoura através de introdução/seleção de cultivares mais adaptadas, pelo uso deadubação, época de semeadura e nivelamento do solo.A partir de 1918, foram introduzidas na orizicultura gaúcha, notadamenteno Litoral e na Depressão Central, substituindo integralmente a Carolina e Piemonte,as cultivares japonesas (nome genérico de japonês) de grão curto, por serem maisprodutivas e rústicas. A cultivar Carolina era um tipo de arroz que vinha sendocultivado nas condiçõ es de sequeiro do RS e em outras regiões do Brasil. Depois daCarolina, a cultivar Agulha permaneceu na lavoura orizícola gaúcha por longotempo na Depressão Central.A euforia produzida pelo aumento da produtividade do arroz, alcançadacom o uso da irrig ação das lavouras, associada às novas cultivares introduzidas, fezsurgir a necessidade dos produtores se organizarem em associações de classe nadefesa de seus interesses, procurando uma padronização de qualidade do arroz eincentivo a exportação para os mercados mais exigentes. Nesta ansiedade demudanças foi criado o Sindicato dos <strong>Arroz</strong>eiros do RS em 1926 e, em 1938, foiinstituído o Instituto Rio Grandense do <strong>Arroz</strong> – Irga. Em 1939, surgiu a EstaçãoExperimental do <strong>Arroz</strong> – EEA no atual município de Cacho erinha – ex -Gravatai. OIrga, autarguia administrativa do Governo Estadual, visava incentivar, coordenar esuperintender a defesa da produção, da indústria e do comércio do arroz, produzidono Rio Grande do Sul.


Em meados de 1943, por iniciativa federal, f oi criado o InstitutoAgronômico do Sul (IAS), através do decreto -Lei 6155, de 30 de dezembro daqueleano. A sede provisória do IAS ficou sendo na Estação Experimental (atualmente daCascata), através da Portaria nº 368, de 10/05/1944, do Ministério da A gricultura,até que fossem adequadas as instalações na área da Fazenda da Baronesa, adquiridaem setembro de 1943 pela União Federal, e inaugurada em 16 de outubro de 1945.Esta instituição era encarregada da execução da pesquisa agropecuária no RioGrand e do Sul, em Santa Catarina e no Paraná. A pesquisa com arroz irrigado noIAS teve inicio em 1949.Em razão desses fatos, a lavoura gaúcha experimentou, até por volta de1959, essencialmente, dois tipos de arroz: as cultivares de grão curto, japonês típic o,e as de grão médio – japonês oblongo. Nas safras de 1945 e 1948, esses tipos degrãos chegaram a ocupar cerca de 76% da área de arroz irrigado do Estado.Dentre as cultivares de grão “japonês” , destacaram -se na lavoura: JaponêsComum ou Branco; Japon ês de Pragana (ou Kataiama); Japonês Mútico, JaponêsGigante; Japonês Chumbinho ou Cachinho; Japonês Meia Pragana; Japonês Roxo;Chinês Originário (Originária, Original ou Chinesa).As cultivares de grão “japonês oblongo” foram cultivadas a partir de190 5, chegando atingir quase 64% da área de arroz irrigado do Estado em 1954,destacando -se entre essas, as cultivares “Piemonte”, Rexoro, Colusa, Blue -Rose(Blue Rose ou BlueRose), Mazurka, Ranghino ou Rouginho, Caloro, Blue Rose –seleção 388 (“Seleção 388” , Blue Rose 388 ou Gaúcha Seleção 388), Farroupilha,EEA 301, EEA 302, EEA 303, EEA 304, IAS 12 -8 Palmar, “Early Prolific”,Seleção 140, “Zenith”, e Rizoto (ou Rizotto).No início da década de 60, o Instituto Agronômico do Sul amplia a sua áreade atua ção e muda de nome, passando a ser denominado Instituto de Pesquisas eExperimentação Agropecuárias do Sul, IPEAS, vinculado ao DepartamentoNacional de Pesquisa Agrícola - DNPEA, do Ministério da Agricultura.As cultivares Seleção “Stirpe” (ou “Stirp”), Reetz, Brazos, “1001” e ªJ.,também de grãos medianos, entraram na lavoura orizícola sulina no início dos anos60.Nesta época, outras cultivares de grão japônico como: Saveiro, Tapes,Guaíba, EEA 201, Bengué, EEA 202 foram lançadas, porém o seu cultivo nãoabrangeu áreas expressivas. Mais tarde, em 1972, a cultivar de grão curto IAS 12 -9Formosa ou ”Formosa” foi liberada, tendo mais destaque que as anteriores,principalmente em relação à qualidade de grão.As cultivares de grão longo da subespécie ou g rupo indica, entre 1912 e1954 apresentavam índices insignificantes na lavoura orizícola do Rio Grande doSul. Somente à partir da safra de 1954, tais cultivares tiveram preferência peloorizicultor gaúcho, chegando a ocupar no período de 1969 a 1973, cer ca de 76% daárea arrozeira do Estado. Até a primeira metade da década de 70, as cultivares degrão longo usadas nas lavouras eram: Carolina; Agulha; Fortuna ou Arkansas -Fortuna (lançada em 1948 nos EUA); EEA 401; EEA 402; EEA 404 (1961);Agulha Precoce (1961); EEA 405 (1965); EEA 406 (1966); Agulhão (1968); BicoTorto ou Agulha Bico Torto (1969); Maravilha e Agulha Fronteira (“Fronteira”).


Dessas, apenas a EEA 404 e EEA 406 ainda são utilizadas na lavoura orizícola empequena escala.O sistema de pesquis a agrícola, ligado ao Ministério da Agricultura sofrealterações em 1973. É extinto o Departamento Nacional de Pesquisa Agropecuária eem seu lugar surge a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), umasociedade de economia mista, cujo modelo fundamentou -se em coordenar e executarprojetos de pesquisa, através de Centros Nacionais de Produtos e Recursos. Emmarço de 1975 surge a UEPAE de Pelotas, criada pela Deliberação 15/75, com asmesmas atividades de pesquisa anteriores, notadamente na ár ea de melhoramentogenético de arroz irrigado. Nessa época, à partir da assinatura de um convênio entrea Embrapa e a Universidade Federal de Pelotas, começam as atividades de parceriaentre pesquisa e ensino. (FOTO 01)Por volta de 1970 entraram na pesqu isa e depois na lavoura de arrozirrigado, cultivares americanas com o grão tipo “agulhinha” ou “patna” (longofino e cilíndrico). Até então desconhecido do orizicultor gaúcho, o grão “agulhinha”começou a alcançar notoriedade no Estado somente a partir da safra 1973 erapidamente conquistou a preferência do consumidor brasileiro, sendo ainda hoje, otipo preferido no mercado nacional de arroz.As cultivares americanas Bluebelle (Blue Belle) (introduzida em 1970),Belle Patna (1970), Dawn (1970), Lebonnet ( 1970), Labelle, Bonnet 73 eBluebonnet 50, de grão longo fino, tiveram grande expressão na orizicultura gaúchaentre 1974 e 1984. Somente a cultivar Bluebelle chegou, em 1980, a ocupar mais de75% da área orizícola do Estado gaúcho. Entre 1972 e 1975 entr aram na pesquisa e,posteriormente na lavoura gaúcha, as primeiras cultivares de arroz irrigado dearquitetura semi -anã, também de grão do tipo “agulhinha” como: IR 8, Cica 4(1973 -RS) e Irga 408 (1975).Em março de 1985, é criado o Centro de Pesquisas Agropecuárias de TerrasBaixas (CPATB), pela Deliberação nº 007/85 à partir da UEPAE -Pelotas, .Nos anos de 1985 a 1989 as cultivares tipo moderna, Br -Irga 409 e Br -Irga410 ultrapassavam 90% da área arrozeira gaúcha.O RS teve observou o maior incremen to de produtividade e área plantada(3122 para 5099 kg/há e 578 para 816 mil hectares, respectivamente), nas safras1978/79 a 1988/89, com as cultivares Br -Irga 409 (1979) e Br -Irga 410 (1980)lançadas em convênio da Embrapa com o Irga.A técnica de “cu ltura de tecidos” foi no introduzida em 1980, como umanova ferramenta do programa de melhoramento de arroz irrigado da UEPAE dePelotas. A realização dos primeiros trabalhos, através do convênio Embrapa/UFPel,visou redução do tempo necessário para a obt enção de uma nova cultivar, com maioruniformidade genética e redução dos custos de manipulação do material de campo.Em 1983, através da técnica de cultura de anteras “in vitro”, obtiveram -se asprimeiras plantas de arroz.. Na safra 1992/93, o CPATB, mo ntou seu própriolaboratório que, desde então, tem processado milhares de anteras para auxiliar oprograma de melhoramento de arroz irrigado.No período de 1985 a 1991 foram lançadas na seqüência cronológica ascultivares, BR -IRGA 411 (1985), BR -IRGA 412, BR-IRGA 413 (em 1986), BR -


IRGA 414(1987), BR -IRGA 415 (1989) e BRS 7 “ Taim”, IRGA 416 e BRS 6“Chui”(em 1991).Em 1986, os estudos com as plantas daninhas ao arroz cultivado, comoarroz vermelho e preto, cuja infestação crescente nas várzeas gaúchas se co nstituinum dos maiores, se não o maior problema da orizicultura neste Estado, elucidaramuma série de fenômenos, que possibilitaram o equacionamento do problema, semfundamentá -lo em falsas premissas, entre as quais a de tipificá -lo e, de obterimportantes informações para o melhoramento, como a resistência às doenças.Em março de 1993, os dois Centros de Pesquisas (CPATB e CNPFT) comatuações diferenciadas, coexistindo na mesma região geográfica, passam a seconstituir no Centro de Pesquisa Agropecuária d e Clima Temperado (CPACT),através da Deliberação 008/93 da Diretoria da Embrapa. A fusão ocorre porquestões de racionalização de recursos materiais e humanos. As linhas depesquisas, as áreas de abrangência e os produtos são diferentes, mas os serviç osadministrativos e de infraestrutura poderiam ser comuns.À partir dos anos 90, as empresas privadas como Quatro Irmãos S.ª(atualmente Aventis) competente no mercado gaúcho com suas cultivares. Nestaépoca foram lançadodas as cultivares: Brs Ligeirinho (1995) , Irga 417 (1995), BrsAgrisul (1995), Brs Bojuru – grão curto (1997), Supremo 1 (1996), Brs Atalanta(1999), Brs Firmeza (1999), Irga 418 (1999), Irga 419 (1999) e Irga 420 (1999).Na safra de 1998/99 destaca -se na lavoura do RS, o plantio das c ultivaresde grão agulhinha: Br -Irga 410 com 13,0 %; Br -Irga 409, com 11,0 %; Irga 417,com 20,1%; Irga 416, com 5,4%; Brs Chuí, com 5,5%; BRS Taim, com 9,6%; Br -Irga 414, com 1,3%, e a uruguaia El Paso L 144, que ocupou 24,3% da área total. Ascultivares EEA 406 de grão longo -oblongo e a IAS 12 -9 Formosa, de grão curtoocuparam uma pequena parte da área total de arroz irrigado no Estado.4.3 Cultivares comerciais introduzidas ou lançadas conjuntamente (ouseparadamente) pela Embrapa e Irga no Rio Grande do SulAs principais cultivares em uso no Rio Grande do Sul, são classificadasempíricamente em quatro tipos de arquitetura de plantas, que serão descritas deforma reduzida.4.3.1 Cultivares do tipo “tradicional”As plantas de arquitetura do tipo “t radicional” (ou “gaúcha”), apresentamem geral, porte superior a 105 cm, baixa capacidade de perfilhamento, folhas longasdecumbentes e pilosas; rusticidade e, conseqüentemente, menos exigentes quanto àscondições de cultivo, embora possam responder favora velmente em produtividade,quando conduzidas com as tecnologias recomendadas; suscetibilidade à brusone emsemeaduras tardias e/ou sob alta fertilidade (nitrogênio); ciclo biológico médio ousemi -tardio; toleram melhor lâmina de água desuniforme (terreno n ão aplainado) emrazão do porte alto; boa resistência às doenças de importância econômicasecundária, Rizoctonioses por exemplo; grãos curtos, médios e longos, de secçãotransversal elipsóide, de casca pilosa e clara. Dado o alto vigor, possuem boa


capac idade competitiva em relação às plantas invasoras, mas normalmente acamamsob alta fertilidade natural, ou quando recebem doses acima de 40 kg/ha denitrogênio.CaloroPela origem japônica e a aclimatação que as plantas sofreram, esta cultivaré tida como tolerante ao frio na fase reprodutiva. Introduzida no Estado em 1938,vinda de Crowley - Louisiana/USA, é oriunda de uma seleção de “EarlyWataribune”. As plantas possuem ciclo ao redor de 135 dias da emergência àmaturação completa, grãos médios com casc a pilosa de cor clara e aristadas,notadamente nas espiguetas do terço superior da panícula. Em solo com altafertilidade, as plantas tendem a acamar e tornam -se sensíveis ao ataque de brusone.Possuem altura média de 115 cm.EEA -406Devido ao seu vigor inicial, essa cultivar apresenta boa tolerância ao friono início da fase vegetativa, porém, torna -se sensível ao acamamento e ao ataque debrusone em condições de alta fertilidade do solo. Os efeitos danosos, sob forma deespiguetas estéreis, resultantes do binômio frio/brusone, são mais evidentes quandoé semeada tardiamente (dezembro). Ela é originária do estado do Rio Grande do Sul,obtida pelo IRGA -EEA a partir do cruzamento entre Zenith e Maravilha I e liberadaem 1966. Tem o ciclo biológico médio de 140 dias, da emergência à maturação,grãos longos, de casca pilosa -clara e sem aristas. As plantas possuem altura médiade 120 cm, com facilidade de acamamento e maior adaptação à colheita manual, talcomo a EEA 404.IAS l2 -9 FormosaTambém conhecida po r “Formosa”, pertence como a Caloro, à subespéciejapônica. Possui tolerância às baixas temperaturas do ar que ocorrem principalmentena zona sul do RS, durante o período reprodutivo das plantas. Em Taiwan, de onde éoriginária, ela é denominada de Kaoshiu ng 21. A “Formosa” foi introduzida peloInstituto de Pesquisa e Experimentação Agropecuária do Sul do Ministério daAgricultura (Atual Embrapa Clima Temperado) e liberada, em 1972, para o cultivono Estado. Possui ciclo ao redor de 135 dias, da emergência à maturação, grãoscurtos e vítreos, com casca pilosa -clara e sem arista. A “Formosa” tem a alturamédia de 105 cm e, por isso, é sensível ao acamamento, quando cultivada em solode alta fertilidade.4.3.2 Cultivares do tipo “intermediário”As plantas desse grupo, em geral, possuem o porte “intermediário” (ou“americano”) ao redor de 100 cm, folhas curtas, estreitas, semi -eretas e lisas e baixacapacidade de perfilhamento.


BluebelleOriunda do Texas, USA, procede do cruzamento múltiplo entre C.I. 9122,Century Patna 231 e C.I. 9214. Esta cultivar foi introduzida na lavoura comercial,por volta de 1969, através de produtores gaúchos que trouxeram grande quantidadede sementes do Uruguai. Bluebelle caracteriza -se por ter ciclo biológico ao redor de115 di as da emergência à completa maturação, grão do tipo “patna” ou agulhinha, decasca lisa e cor dourado, sem arista e com apículos de cor púrpura na floração.Devido à coloração dourada da casca, Bluebelle não se adapta à parboilização dosgrãos, pois durant e este processo difunde essa cor para o pericarpo o qual é rejeitadopelo consumidor. As folhas são de cor verde -azulada, lisas e com face interna dabainha de coloração púrpura. No Estado, a cultivar Bluebelle tem melhordesempenho produtivo em semeaduras entre 5 e 20 de novembro, quando ascondições climáticas são favoráveis a uma boa emergência. Por sua adaptação,precocidade e qualidade de grãos, ela ocupou, no fins dos anos 70, mais de 80% daárea de arroz irrigado. A altura média das plantas da culti var Bluebelle é de 100 cm.BRS BojuruEssa cultivar pertence à subespécie japônica, possui tolerância ao frio, nafase reprodutiva, e à condição média de salinidade do ambiente litorâneo do estadodo Rio Grande do Sul e Santa Catarina. “Bojuru” descende d e uma plantaselecionada pela Embrapa Clima Temperado em 1986/87, sendo oriunda dealogamia natural entre a variedade japonesa TY 12 e um pai desconhecido, sendoliberada para cultivo em 1997. Possui ciclo biológico médio de 135 dias daemergência à matu ração completa dos grãos e produtividade média, a nívelexperimental, de 6.200 kg/ha de grão com casca, com 13% de umidade. Apresentagrãos curtos, com casca clara -pilosa, vítreos, com rendimento industrial superior a68% de grãos inteiros quando polidos. Essa cultivar tem baixo conteúdo de amilose18-20%, o que lhe dá o carácter pegajoso, molhado ou empapado dos grãos quandocozidos, condição fundamental para as exigências do consumidor oriental. “Bojuru”apresenta tipo arquitetônico de planta de porte in termediário com folhas semi -eretasde superfície pilosa e colmos finos. Nos testes de avaliação, mostrou reação médio -resistente às raças predominantes de brusone. Por ter difícil degranação, ela podepermanecer mais tempo na lavoura sem grande perda por d ebulha e por ataque depássaros, pois é menos preferida por esses. Sua altura média é de 100 cm e sob altafertilidade, as plantas demonstram sensibilidade ao acamamento.4.3.3 Cultivares do tipo “semi -anão filipinoAs cultivares são de porte baixo ou “ semi -anã” (ou “moderno - filipino”),inferior a 100 cm, de folhas curtas e eretas, pilosas ou lisas, alta capacidade deperfilhamento, o que proporciona potencial de produzir mais grãos que as cultivaresdos grupos antes relatados. Nessas cultivares, gera lmente, as plantas possuemcolmos fortes e baixos e, por isso, toleram níveis mais elevados de nitrogênio semacamarem. O ciclo biológico vai de precoce a tardio e os grãos são do tipo “patna”,de casca pilosa ou lisa.


Br-Irga 409Procedente da Colômbia -CIAT, foi introduzida no RioGrande do Sul, pela pesquisa gaúcha, como P 790 -B4-4-1T (IR 930 -2/IR 665-31-2-4). Apresenta plantas com ciclo médio de 130 dias daemergência à maturação, grão “patna”, de casca pilosa -clara e comarista apical predominante n a população. Foi recomendada a partir de1979, têm plantas com folhas curtas, eretas e pilosas e, ainda, podemapresentar coloração amarelo -alaranjada (sintoma de sensibilidade àtoxicidade por ferro) durante a fase vegetativa predominantemente. Aextremi dade das folhas, no final do ciclo, freqüentemente, torna -seseca, porém mantem -se ereta, o que dificulta o ataque de pássaros. Napopulação da BR -IRGA 409, existem plantas com variações de ciclo,tipo de grão, pilosidade e reação à toxicidade por ferro, indicandoheterogeneidade da mesma. Tendo em vista o seu ciclo de 130 dias ea sensibilidade ao frio na fase reprodutiva, devido a sua origemtropical, essa cultivar deve ser semeada exclusivamente dentro doperíodo ideal de semeadura da região. Por sua capacidade produtiva eadaptação, principalmente na região da Fronteira -Oeste foi precursorada elevação do nível de produtividade de arroz no Estado. Comrelação a qualidade de grão, tem rendimento industrial superior a 60%de grãos inteiros quando polid os, baixa temperatura de gelatinização econteúdo de amilose acima de 26%, entretanto, podem aparecerplantas na população com teores menores de amilose. A altura médiada população de plantas é de 80 cm.Br-Irga 410Introduzida do CIAT -Colômbia e avali ada pela pesquisa gaúcha (Irga -EEAe Embrapa -Pelotas, convênio Embrapa/UFPel), como P798 -B4 -4-1T (IR 930 -53/ IR665 -3 -1-2-4) foi liberada para cultivo no Estado em 1980. Possui o ciclo ao redor de125 dias, grãos do tipo agulhinha, de casca pilosa, cor cl ara, com alta predominânciade espiguetas sem aristas - alguns grãos, podem apresentar arista apical. Esta últimacaracterística, entretanto, não deve ser usada como parâmetro diferencial da cultivarBR -IRGA 409, especialmente a nível de laboratório de an álise de sementes. Asfolhas são curtas, eretas e pilosas, por vezes podem ter, durante o perfilhamentomáximo, coloração amarelo -alaranjada, embora não tão acentuada como na “409”.Apesar da origem tropical, as plantas dessa cultivar sofreram aclimataçã o e têmsuportado medianamente os danos do frio na fase reprodutiva, cujo efeito é notado,principalmente, pela esterilidade das espiguetas e pela casca do grão manchada demarrom. A sua alta produtividade e adaptação, inicialmente demonstrada naslavoura s na região sul do Estado (Santa Vitória do Palmar), levaram -na a ocupar o


primeiro lugar, no final da década de 80, em área cultivada no Estado. Aextremidade das folhas ao final do ciclo, freqüentemente torna -se seca, ocasionadapela doença denominada e scaldadura ( Rhynchosporium Oryzae Hash & Ike), porémmantém -se ereta, o que dificulta o ataque de pássaros. Tem reação de resistência aoataque da bicheira da raiz. Na sua população, ocasionalmente, podem surgir plantasatípicas, principalmente com relaçã o ao ciclo, tipo e qualidade de grão e pilosidade.Em termos de qualidade, tem rendimento industrial superior a 60% de grãos inteirosquando polidos, baixa temperatura de gelatinização e conteúdo de amilose acima de26%. A altura média das plantas na matu ridade é de aproximadamente 85 cm.BRS 6 “Chuí” (ex -Embrapa 6 -Chuí)É oriunda da seleção de uma planta lisa de ciclo precoce realizada naEmbrapa Clima Temperado, na cultivar BR -IRGA 410, originalmente pilosa. Acultivar “Chuí”, recomendada em 1991, pos sui ciclo médio de 110 dias, daemergência à maturação, grão “patna”, de casca lisa e clara e sem arista. As reaçõesà brusone e toxicidade por ferro, também são muito similares às da BR -IRGA 410 e,apesar do ciclo curto, tem boa capacidade produtiva, ent re 9 e 10 t/ha. Quanto àreação ao frio, “Chuí” é sensível, porém, os efeitos desse fator climático sobre acasca do grão (manchas de cor marrom) não são tão intensos como nas demaiscultivares deste tipo de planta de arquitetura moderna. Em razão do cic lo precoce,admite ser semeada mais tarde com possibilidade da fase reprodutiva das plantasescapar do frio. Por outro lado, se semeada bem no cedo, ela pode proporcionar aoorizicultor uma segunda colheita (“soca”), ou seja: as plantas rebrotam novamente,florescem e maturam no mesmo ano, possibilitando um ganho extra. Com relação àqualidade, o Chuí tem rendimento industrial superior a 63% de grãos inteirosquando polidos, baixa temperatura de gelatinização e conteúdo de amilose acima de26%. Tem o peso de mil sementes ao redor de 23,00 g. As plantas da BRS Chuípossuem altura média de 80 cm. Esta cultivar atualmente, está sendo bastantecultivada no estado do Pará e, também, na província de Corrientes, na Argentina.BRS 7 “Taim” (ex -Embrapa 7 -Taim)É originária de um cruzamento realizado na Embrapa Clima Temperadoque envolveu genes da cultivar Tetep, cuja reação de resistência à brusone émundialmente conhecida. Na fase experimental, foi denominada, a partir de1984/85, de CL Seleção 107.As plan tas da “Taim”, lançada em 1991, possuem ciclo biológico ao redorde 130 dias, da emergência à maturação; grãos do tipo “patna”, de casca lisa -clara,sem arista e alta capacidade produtiva entre 8,6 a 10,2 t/ha. Em comparação com asdemais cultivares, apre senta a melhor reação às raças de brusone, atualmentepredominantes no Estado. Suas plantas possuem reação moderadamente tolerante àtoxicidade por ferro e, segundo dados da Embrapa Clima Temperado, apresentambom vigor inicial nos sistemas de cultivo de semeadura direta e cultivo mínimo. Poroutro lado, dada a sensibilidade ao frio e ao ciclo semi -tardio, a “Taim” não admitesemeaduras do tarde, principalmente naquelas regiões sujeitas à ocorrência de baixastemperaturas na fase reprodutiva das plantas. Em relação à qualidade, tem


endimento industrial superior a 64% de grãos inteiros quando polidos, temperaturaintermediária de gelatinização e conteúdo de amilose ao redor de 25%.Essa cultivar tem 24,38 g de peso médio de mil sementes e a altura médidas plantas é de 80 cm. A cultivar “Taim”, é cultivada, atualmente, em cerca de 30mil ha no estado de Mato Grosso do Sul, o que representa 50% da área total de arrozirrigado e, também, numa expressiva área da província de Corrientes, na Argentina.aIrg a 416É resultante do cruzamento realizado pelo IRGA -EEA entreIR 841 -67 -1-1 e BR-IRGA 409. Foi liberada para cultivo em 1991,possui ciclo médio de 115 dias, da emergência à maturação, grão“patna”(agulhinha), de alta qualidade industrial, de casca pilosa -clarae semi -aristado. É suscetível ao frio na fase reprodutiva; émoderadamente sensível à toxicidade por ferro e moderadamentesuscetível à brusone e à escaldadura da folha. Por outro lado, émoderadamente resistente à mancha parda e mancha das espigu etas oudas glumas. A altura média das plantas é de 80 cm.Irga 417Originária do cruzamento múltiplo realizado pelo IRGA -EEA deNewrex/IR 19743 -25 -2-2//BR -IRGA 409, em 1983, foi liberada para cultivocomercial em 1995. Possui ciclo médio de 115 dias da emergência à maturação,grão “patna” (agulhinha), de casca clara e pilosa, podendo apresentar pequenasaristas e plantas de tipo moderno com folhas eretas e pilosas. Tem comprimentomédio do grão polido de 7,22 mm, relação comprimento/largura de 3.54, alt o teor deamilose, baixa temperatura de gelatinização. O peso médio de 1000 grãos comcasca é de 27,6 g e o rendimento industrial é de 62% de grãos inteiros quandopolidos. Possui sensibilidade média à toxicidade por ferro, bem como ao frio na fasereprodutiva das plantas. Tem reação médio -resistente à brusone e à mancha dosgrãos. Sua produtividade média, a nível experimental, é de 7.500 kg/ha de grão comcasca com 13 % de umidade. A altura média das plantas é de 79 cm.BRS Ligeirinho (ex-Embrapa 38 -Li geirinho)Esta cultivar foi desenvolvida pela Embrapa Clima Temperado a partir daseleção de uma planta -lisa, encontrada em uma população segregante de P 798 -B4 -4-1T, atual BR -IRGA 410. A cultivar “Ligeirinho”, recomendada em 1995, temcomo destaque o cic lo super -precoce, ao redor de 100 dias da emergência àcompleta maturação. Apresenta folhas e espiguetas com superfície lisa, grãos tipo“patna” e bom rendimento industrial. Seu ciclo curto proporciona aos produtores asseguintes vantagens: obtenção de pre ços de venda mais elevado, similar daentressafra; com melhor otimização da área (diversificação com outras espécies namesma safra); controle da população de arroz “daninho” (vermelho e preto) emlavouras altamente infestadas por ser colhida antes da matu ração da invasora;redução de custos de produção; escape da lavoura aos danos do frio em semeadurastardias. Contudo deve -se salientar que esta cultivar tem menor teto produtivo do que


as demais do tipo moderno. Em termos de qualidade, “Ligeirinho” tem ren dimentoindustrial superior a 63% de grãos inteiros quando polidos, baixa temperatura degelatinização e conteúdo de amilose acima de 26%. A população de plantas da“Ligeirinho” tem a estatura média de 76 cm.BRS AGRISUL (ex -Embrapa 39 -Agrisul) - É oriun da de cruzamentocontrolado entre as linhagens CL Seleção 62a (“Ligeirinho”) e CL Seleção 49 -2,ambas do programa de melhoramento genético da Embrapa Clima Temperado. A“Agrisul”, liberada em 1995, destaca -se das demais cultivares por apresentarresistênc ia à toxicidade por ferro e grão longo e fino. Seu ciclo biológico é de 127dias da emergência à completa maturação. As plantas têm as folhas e espiguetaslisas e possuem grande capacidade de emissão de perfilhos. Tem excelentequalidade de grão, com rend imento industrial ao redor de 63% de grãos inteirosquando polidos, temperatura de gelatinização intermediária e 26 % de teor deamilose. O peso médio de mil grãos com casca é de 23,28 g e a altura média dasplantas é 81 cm.BRS AtalantaA BRS Atalanta é um produto de cruzamento múltiplo, realizado naEmbrapa Clima Temperado, entre a cultivar americana Dawn e a japonesa Hayayuki(1981/82), que originou o híbrido TF 60 (F 1 ), o qual, foi cruzado com BR -Irga 410(1982/83), formando o TF 174 (F 1 ). O híbrido T F 174 foi hibridizado com a cultivarColômbia 1(1983/84), dando origem ao TF 231 (F1 ) que após ciclos de seleções, em“bulk” e genealógica, resultou na linhagem TF 231 -13-1M -8B -6-5.A cultivar BRS Atalanta foi lançado em 1999, é constituída de plantas dotipo “moderno -filipino” de folhas lisas, tem ciclo biológico ao redor de 100 dias,variando de 90 a 110 dias. A produtividade média de quatro safras (1995/99) foi de6.800 kg/ha (136 scs./ha – 50 kg), com variações entre 6.000 e 8.980 kg/ha. Orendimento industrial (engenho de provas – “Suzuki”) é superior a 62% de grãosinteiros -polidos, variando de 58 a 65%.O grão da cv. BRS Atalanta é classificado como grão longo -fino(“agulhinha”) de casca lisa -clara. No município do Capão do Leão – RS, apresentao grão polido com as seguintes dimensões médias: comprimento de 6,7 mm (5,5 a7,5 mm); a largura de 1,8mm (1,7 mm a 2,2 mm); espessura de 1,55 mm (1,5 a 1,6mm); e a relação comprimento/largura de 3.71, podendo variar entre 3,37 e 4,13. Acv. tem normalme nte em torno de 22% de esterilidade, variando de 16 a 28%.Durante a fase experimental (Capão do Leão – RS), a cv. apresentou um númeromédio de 115 grãos por panícula, variando de 94 a 140, com 24 cm de comprimentode panícula, oscilando de 24,1 a 26,8 cm. O peso médio de mil sementes com casca,a 13% de umidade, é de 25,06 gramas. O grão da cv. Atalanta apresentou, nos testeindiretos de qualidade culinária, um conteúdo de amilose classificado como alto, aoredor de 27% e intermediária temperatura d e gelatinização. Quanto à reação aosestresses abióticos e bióticos, nos testes experimentais no município do Capão doLeão, apresentou reação intermediária de resistência à brusone ( Pyricularia grisea ) eà bicheira da raiz do arroz de cultivo. Pode mostr ar reações de suscetibilidade àtoxicidade por ferro, na fase vegetativa, e ao frio na fase reprodutiva das plantas.


Irga 418Esta cultivar é a dominação comercial da linhagem IRGA 284 -1-18-2 -2-2,proveniente de seleção genealógica realizada em progênie, d o cruzamento enteplanta F1 de BR -Irga 412/CICA 9 com a cultivar BR -Irga 409, realizado pelo IRGAem Cachoeirinha.A cultivar Irga 418, lançada em 1999, apresenta plantas de porte baixo,folhas curtas, eretas e pilosas, panículas protegidas pela folha band eira, grãoslongos, finos e pilosos, casca de coloração amarelo -palha, estatura média de 84 cm,resistente ao acamamento no sistema de plantio convencional e alta capacidade deafilhamento, ciclo biológico 115 dias (até completa maturação das sementes),resistência intermediária a degranação, com produtividade entre 7,0 a 8,6 t/ha.Quanto aos estresses bióticos e abioticos apresenta reação intermediária àtoxidez de ferro, reação mediana à baixas temperaturas e reação médio resistente àbrusone e médio sus cetível à mancha dos grãos.As características físico -quimicas dos grãos apresentam comprimento de6,43 mm, largura de 2,04mm, espessura de 1,75 mm e relação comprimento/largurade 3,15, classificando -os como longo/fino. O teor de amilose do grão é alto, comaparência vítrea, temperatura de gelatinização baixa e peso de 1000 grãos com cascade 26,5g. O rendimento industrial é de 63% de grãos inteiros e farelo ente 8 e 9%.Irga 419A cultivar é procedente de seleção genealógica realizada em progênie docruzamento entre as cultivares Oryzica 1 e BR -IRGA 409, realizado pelo IRGA em1984, em Cachoeirinha dando origem a cultivar comercial IRGA 369 -31 -2-3F-A1-1.A cultivar IRGA 419 lançada em 1999 possui plantas com características deporte baixo, folhas curta s, eretas e sem pilosidade, panículas protegidas pela folhabandeira, grãos longos, finos e sem pilosidade, de casca de coloração amarelo -palha.As plantas tem as seguintes características agronômicas: vigor inicial alto,estatura média de 82 cm, resist ente ao acamamento, alta capacidade deperfilhamento, ciclo biológico de 120 dias (até a maturação), esterilidade em tornode 17%, resistência intermediária à degranação, com produtividade entre 7,0 e 9,3t/ha.Quanto aos estresses bióticos e abióticos apresenta reação médio resistenteà toxidez de ferro, reação sensível à baixas temperaturas e reação médio resistente àbrusone e médio suscetível à mancha dos grãos.Os grãos polidos possuem dimensões de 6,83 mm, 2,19 mm de largura,1,71 mm de espessura, 3,12 de relação comprimento/largura, classificando -os comolongo/fino. As características fisíco -químicas do grão são: aparência vítrea, altoteor de amilose, baixa temperatura de gelatinização e peso de 1000 grãos de 26,4g.O comportamento industrial é de 63% de grãos inteiros, 8 a 9% de farelo e 22 a 23% de casca.Irga 420A cultivar é a denominação da linhagem IRGA 370 -42-1-1F-C1, resultantede seleção genealógica realizada em progênie do cruzamento entre as cultivaresOryzica 1 e BR -Irga 412, real izado pelo IRGA em 1984, em Cachoeirinha.


A cultivara IRGA 420 lançada em 1999, possui características de portebaixo, folhas curtas, eretas e sem pilosidade, panículas protegidas pela folhabandeira, grãos longos, finos e sem pilosidade, de casca de color ação amarelo -palha,com uma produtividade entre 7,4 e 9,5 t/ha.As plantas tem as seguintes características agronômicas: vigor inicial alto,estatura média de 81 cm, resistente ao acamamento, alta capacidade deperfilhamento, ciclo biológico de 120 dias (até a maturação), esterilidade em tornode 17%, resistência intermediária à degranação.Quanto aos estresses bióticos e abióticos apresenta reação médio resistenteà toxidez de ferro, reação sensível à baixas temperaturas e reação médio resistente àbrusone e médio suscetível à mancha dos grãos.Os grãos polidos possuem dimensões de 6,58 mm, 2,18 mm de largura,1,71 mm de espessura, 3,01 de relação comprimento/largura, classificando -os comolongo/fino. As características fisíco -químicas do grão são: aparência vítrea, altoteor de amilose, baixa temperatura de gelatinização e peso de 1000 grãos de 27,0 g.O comportamento industrial é de 62% de grãos inteiros, 8 a 9% de farelo e 22 a 23% de casca.4.3.4 Cultivares do tipo “moderno -americano”Incl ui todas as cultivares de porte baixo, inferior a 100 cm, com colmosfortes e robustos, folhas curtas e eretas (pilosas ou lisas) e de baixa capacidade deperfilhamento. Os colmos fortes e baixos dessas cultivares conferem tolerância aoacamamento na prese nça de níveis elevados de nitrogênio. O ciclo predominantedesse tipo, nas condições do Rio Grande do Sul, é mediano (125 dias) e os grãos sãodo tipo “patna” ou longo e de casca lisa.BRS FirmezaA cultivar foi originada do cruzamento múltiplo, realizado na EmbrapaClima Temperado entre a cultivar gaúcha BR -Irga 411 e a americana Bluebelle(C.I.9122//Century Patna 231/C.I.9214), resultando no híbrido do cruzamento com acultivar americana Lemont (Lebonnet//C.I.9881/PI331581). Após ciclos de seleçãoem “ bulk” e plantas individuais, surgiu a linhagem codificada como CL 78 -84 -1M-26M.A cultivar BRS Firmeza, lançada em 1999, apresenta ciclo biológico semi -precoce de 120 dias, oscilando entre 115 e 125 dias da emergência à completamaturação dos grãos. A pla nta é do tipo moderno com colmos vigorosos e fortes, depouco perfilhamento, com altura variando entre 66 e 86cm. A produtividade média,na rede de ensaios experimentais, em seis safras (1993/99), foi de 7.450 kg/ha (149scs./ha – 50 kg), com variações e ntre 5.600 e 10.800 kg/ha. Neste período aesterilidade média foi de 11%, oscilando entre 6 e 21%.A cultivar tem certo grau de tolerância genética ao frio na fase reprodutiva.Em função desta característica, pode ser usada como alternativa na necessida de desemeadura tardia (cerca de 10 dias além da época ideal de cada região orizícola) no


Rio Grande do sul. A sua baixa degranação permite ao orizicultor retardar umpouco a colheita.Os grãos da cultivar Firmeza são do tipo “agulhinha”, de casca lisa -cl ara,de apículo de cor púrpura. O seu rendimento industrial é superior a 65% de grãosinteiros -polidos com renda total de 71%. O grão polido da BRS Firmeza tem asseguintes dimensões médias: comprimento de 6,8mm (6,5 a 7,1 mm); largura de1,98 mm (1,7 a 2,0 mm); espessura de 1,58mm (1,5 a 1,6 mm) e relaçãocomprimento/largura de 3,4 (3,1 a 3,8). O peso médio de mil sementes, à 13% deumidade é de 28,67 gramas, com extremos entre 27,26 e 29,61 gramas. (FOTO 04e 05)4.4 Bibliografia consultadaPETERS , J.A.; BORSOI, L.S.; TERRES, A.L.S. Cultura deanteras de cinco híbridos F1 de arroz. . RENIÃO DACULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 14, 1985, Pelotas.Anais... Pelotas: Embrapa CPATB, 1985. p.48 -55.SILVEIRA, E. P. Melhoramento genético: outro fator dec isivo na produtividade doarroz gaúcho. . Lavoura arrozeira , Porto Alegre, v.38, n. 357, p.3 -12, 1985.TERRES A.L.; GALLI,J.; FAGUNDES, P.R.R.; MACHADO, M.O.; MAGALHÃES, Jr., A.M. MARTINS, J.F.; NUNES,C.D.M.; FRANCO, D.F.; AZAMBUJA, I.H. <strong>Arroz</strong> irrigado noRio Grande do Sul: generalidades e cultivares . Pelotas: EmbrapaClima Temperado, 1998. 58p. (Embrapa Clima Temperado.Circular Técnica, 14).TERRES, A. L.; MACHADO, M.O.; FAGUNDES, P.R.R.; MAGALHÃES Jr., A.M.; MARTINS, J.F. da S.; FRANCO, D. F.; FRAN CO, J.C.; NUNES, C.D.M.Melhoramento genético de arroz irrigado na Embrapa Clima Temperado: 10.BRS Firmeza e BRS Atalanta, novas cultivares para a orizicultura gaúcha. In:1º CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO; REUNIÃO DACULTURA DO ARROZ IRRIGADO, 23ª. 1999, Pelotas. Anais... Pelotas:Embrapa Clima Temperado, 1999. p. 158 -161.TERRES, A.L.S.; PETERS, J.A. Cultura “In vitro” de tecidos no melhoramentogenético de arroz irrigado no Rio Grande do Sul. In: RENIÃO DA CULTURADO ARROZ IRRIGADO, 14 . 1985, Pelotas. Anais... Pelotas: EmbrapaCPATB, 1985. p. 56 -60.


CAPÍTULO 5SITUAÇÃO ATUAL DO ARROZ IRRIGADO NO RIO GRANDE DO SUL EPERSPECTIVAS FUTURASJosé Alberto Petrini 3Isabel H. Vernetti Azambuja 1Algenor da S. Gomes 1Ariano M. de Magalhães Jr. 15.1 O setor orizícola no RS: situação atualA pesquisa em arroz irrigado desenvolvida no Rio Grandedo Sul, trouxe reflexos positivos à conjuntura econômica doestado. Dados da Fundação de Economia e Estatística do Estado(FEE), mostram que o arroz que era responsável por pouco maisde 20% do total de grãos colhidos no Estado, em 1990, dobrousua importância e atinge, em 1999, 40% do total da agriculturagaúcha. Atualmente , o Valor Bruto da Produção de arroz de R$2,5 bilhões, representa 3,1% do PIB Rio -grandense, estimado emR$ 80,6 bilhões, e gera cerca de R$ 175 milhões na arrecadação deICMS.Apesar da contribuição que o arroz irrigado tem trazido aoRS, obse rva-se, ainda hoje, nas áreas de várzea, a prática de umaagropecuária baseada numa matriz com poucas variações,contribuindo para o empobrecimento das regiões orizícolas.3 Pesquisadores da Embrapa Clima temperado E -mail: petrini@cpact.embrapa.br


Assim, no ecossistema terras baixas do RS, os sistemas deprodução agrícola têm com o componente principal e quase único,o arroz. Produto que atinge, no Brasil, um consumo percapita/ano em torno de 45 kg (grãos industrializados), sendo amais importante fonte de carboidratos das camadas menosfavorecidas da população brasileira.Os produtores gaúchos são responsáveis por cerca de 45%da produção nacional, que na safra 99/00, atingiu 11,58 milhões detoneladas. A produtividade da cultura, graças aos esforçosconjuntos das instituições de pesquisa e dos produtores, temaumentado, 1000 k g/ha, por década, desde o início dos anos 70.Todo o esforço desenvolvido, entretanto, não está serefletindo em rentabilidade compensadora, fazendo com quemuitos produtores tenham de reduzir ou até mesmo abandonarsuas atividades. Como resultado observa -se o desemprego e oêxodo rural. Este êxodo rural, por sua vez, tem levado àmarginalidade urbana a população originária do campo,aumentando a probabilidade de conflitos sociais.A reversão do processo de empobrecimento dosorizicultores do RS deve ser uma questão prioritária, não só parao governo do Estado, mas também para o governo brasileiro. Emtermos gerais, ao governo caberia a definição de uma políticaagrícola estável e compatível com o setor, enquanto que àpesquisa caberia o desenvolvimento de tecnologias que viabilizemum aumento da rentabilidade do sistema de produção que compõeo setor orizícola, de modo a torná -lo competitivo no mercadonacional e mundial, gerando, concomitantemente, novasoportunidades de emprego.5.2 Perspectivas fut uras do setor orizícola no RSDe modo geral, aponta -se dois caminhos como maispromissores para melhorar a rentabilidade do setor orizícola: oaumento da eficiência da própria lavoura do arroz e a introduçãode espécies alternativas, produtoras de grãos, em rotação ao arrozirrigado. A forma mais efetiva para alcançar tais objetivosdependerá dos avanços tecnológicos gerados pela pesquisa, tantona cultura do arroz, como na sua alternância de plantio com


outras espécies de sequeiro (rotação de culturas) , e pela difusãodos seus resultados. Estes avanços deverão concentrar -se nodesenvolvimento de material genético que apresente,principalmente, alta produtividade e em tecnologias de irrigação emanejo nos diferentes sistemas de cultivo, a fim de que as novascultivares expressem todo o seu potencial produtivo.A rotação de culturas deverá ser um dos principais focosda pesquisa de suporte ao arroz irrigado, utilizando as culturas demilho, soja e sorgo. Para o desenvolvimento destas ações serãonecessários concentrar esforços em dois aspectos fundamentais:material genético com tolerância ao estresse hídrico e um melhordesenvolvimento de práticas de manejo de solo de várzea,envolvendo sistematização, drenagem e irrigação.O desenvolvimento de materia l genético de soja, milho esorgo tolerantes ao estresse hídrico do solo, possibilitará umamaior rentabilidade da lavoura orizícola, visto que a obtençãodeste material viabilizará a mudança do modelo produtivo, o queconcorrerá para recuperação das áreas de várzeas, econsequentemente, da produção de arroz irrigado,proporcionando maior rentabilidade ao setor. Na atualidade, jáexistem alternativas tecnológicas capazes de proporcionarmelhoria em setor orizícola. Todavia, deve -se reconhecer que estasnecessitam ser aperfeiçoadas e ter sua oferta ampliada.Atualmente, a falta de uma política agrícola no Brasil, demédio e longo prazo, com regras bem definidas quanto àcomercialização e financiamento da produção, que estimulem oprodutor a plantar e perman ecer na atividade com segurança, nãotem permitido a este, compatibilizar boas produtividades compreços compensatórios. Enquanto não se dispor de uma políticaagrícola adequada, fica o produtor gaúcho de arroz irrigadopenalizado e a mercê da instabilida de, independentemente damaior ou menor produtividade ou da maior ou menor área decultivo com arroz no RS.A persistência deste quadro tem dificultado o investimentoem tecnologia, levando o orizicultor a reduzir o nível tecnológicode sua lavoura. Como conseqüência, a produtividade médiaestadual não deverá apresentar variações significativas, bem


como a área total cultivada com arroz deverá permanecerestabilizada entre 900 mil e 1 milhão de hectares.Atualmente, a produção mundial de arroz encontra -se em577,9 milhões de toneladas. Estima -se, segundo Hossain (1995),citado por Sanint (1997), que a produção mundial de arroz comcasca, em 2025, deverá atingir 975 milhões de toneladas, sendonecessário portanto a produção de um incremento adicional daordem de 400 milhões de toneladas deste cereal para atender ademanda decorrente do crescimento populacional e do aumentode consumo per capita. Neste contexto, o RS como maior produtornacional de arroz, com área passíveis de expansão e excelentescondiçõ es de cultivo (clima, solo e mananciais de água), assumepapel decisivo para o abastecimento do mercado interno, podendovir a pleitear mercados emergentes na Europa Oriental e na Ásia.A geração de novas tecnologias é preceito estabelecido naEmbrapa Cli ma Temperado, o qual inclui os princípios dasustentabilidade em sua forma mais abrangente, preconizando odesenvolvimento com a manutenção ou melhoria das condiçõesambientais, de forma que os recursos naturais possam serutilizados, sem maiores proble mas, pelas gerações futuras. Destaforma, os trabalhos previstos têm em seu escopo, a determinaçãodo impacto ambiental que as novas tecnologias poderão produzir.5.3 Evoluções tecnológicas para o cultivo de áreas de várzea no RSAs instituições de p esquisa que trabalham com a cultura doarroz irrigado no RS, frente ao quadro atualmente vivenciadopelo setor orizícola do estado, devem, em termos gerais, segundoo entendimento de pesquisadores da Embrapa Clima Temperado,desenvolver tecnologias que vi abilizem o aumento continuado deprodutividade, com estabilidade e melhor qualidade de grãos,que possibilitem o uso de forma mais racional dos recursosnaturais, com menor poluição ambiental, e que reduzam os custosde produção.O aumento do potencial produtivo da cultura dos arroz viamelhoramento genético está relacionado ao aumento de resistência dosgenótipos a estresses bióticos, como a doenças e a insetos pragas, e àtolerância a estresses abióticos, como ao frio, à salinidade, à toxicidez


pelo f erro e à menor sensibilidade a herbicidas. Estas característicaspodem ser introduzidas aos genótipos a partir do emprego demetodologias avançadas, como a biotecnologia (cultura de anteras,variação somaclonal, marcadores moleculares e engenharia genética );o desenvolvimento de arroz híbrido; e seleção recorrente, visando aampliação da base genética, maior poder de recombinação e aumentoda freqüência de genes favoráveis.Outro caminho que pode alavancar a produtividade da lavouraorizícola do RS, está na utilização de manejos mais eficientes, tantoda cultura como do solo. Neste contexto, devem ser consideradosaspectos relacionados à adoção de sistemas de plantio maisadequados, como plantio direto, cultivo mínimo e pré -germinado; àcorreção da fert ilidade e acidez do solo, segundo as recomendaçõesvigentes; à semeadura em épocas favoráveis; ao controle maiseficiente de doenças, pragas e plantas daninhas; ao uso de um manejode água mais adequado, em termos produtivo e econômico; à adoçãode rotaçã o de culturas; e à colheita e pós -colheita. (FOTO 03)Para que a rotação de culturas, em solos de várzea, alcance omesmo sucesso que em outras regiões, além da utilização de cultivaresmais adaptadas a estas condições, deve -se estabelecer um adequadomanejo das culturas, considerando, principalmente, a dificuldade dedrenagem dos solos hidromórficos, a ocorrência de doenças, insetos -pragas e plantas daninhas, além da degradação física, química ebiológica dos solos de várzea.Assim, as instituições de p esquisa e de extensão devemdesenvolver esforços no sentido de difundir as tecnologias geradas,auxiliando no aumento do nível de conhecimento de técnicos e,consequentemente, dos produtores, concorrendo para melhoria dosistema produtivo do agroecossistem a de várzea no RS.5.3.1 Rotação de culturas em áreas de várzeaOs solos de várzea, encontrados nas planícies de rios elagoas, apresentam como característica comum, a formação emcondições variadas de deficiência de drenagem (hidromorfismo).No RS ocu pam extensas áreas, com relevo variando de plano asuavemente ondulado, sendo encontrados principalmente nasregiões do Litoral, Encosta da Serra do sudeste, Depressão


Central, Campanha e Campanha/Missões, abrangendo uma áreade aproximadamente 5,4 milhões de hectares (Pinto et al., 1999).A rotação de culturas nos solos hidromórficos proporcionaa recuperação da capacidade produtiva destes solos, em função,principalmente, da redução significativa da infestação das áreascom arroz vermelho, o que possibi lita, em conseqüência, maiorestabilidade na produção de arroz, diversificação do uso do solo, ediminuição dos custos operacionais. As espécies, até o momento,que vêm se mostrando mais promissoras para rotação de verãoem áreas de pousio do arroz irrigad o são o sorgo, o milho e a soja.Os principais obstáculos para o estabelecimento de sistemas derotação em áreas de arroz, viáveis técnica e economicamente,estão relacionados à baixa tolerância dos genótipos disponíveis aoestresse hídrico no solo, à difi culdade de se estabelecer um manejode solo considerado adequado as culturas de sequeiro, levando emconsideração à pouca drenagem que estes solos apresentam, àocorrência de doenças, insetos -pragas e plantas daninhas, além dadegradação física, química e biológica do solo. (FOTO 11 e 12)Atualmente, projeções consideradas conservadoras, estimamque a adoção de práticas adequadas de controle do arroz vermelho,como a rotação de culturas, concorreriam para um incremento de 20%na produtividade de arroz irr igado no RS, o que equivaleria a umacréscimo de 400 a 800.000 t na produção de arroz do estado (Petriniet al., 1999) e um incremento da ordem de US$ 10,94 milhões anuais,na arrecadação de ICMS. Esta constatação serve para ilustrar o grandeavanço, em te rmos econômicos, que poderá ser obtido, pela soluçãode um dos problemas considerados mais importantes, atualmente, dalavoura orizícola gaúcha: a alta infestação com arroz daninho(vermelho e preto) em áreas cultivadas com arroz comercial. Ademais,o cont role do arroz daninho permitirá o aumento da percentagem degrãos inteiros polidos e representará benefícios à indústria peloacréscimo de 1 a 2% em peso de arroz beneficiado.Outro exemplo significativo, com a adoção da rotação deculturas em áreas de v árzea, poderá ser alcançado com o cultivo domilho. Considerando a produção do Rio Grande do Sul, estima -se quecom a incorporação da cultura do milho em um quarto da área devárzeas, que anualmente permanece com pecuária de corte ou empousio, e projetan do um rendimento médio de 3000 kg/ha com esta


cultura, ter -se-ia um volume adicional estimado em 1 milhão e 350mil toneladas, o que viria a cobrir o déficit observado, na produção demilho, na grande maioria dos anos. Perspectivas semelhantes podemser esperados com as culturas de soja e sorgo, incorporadas ao sistemade produção em áreas de várzea.5.4 Bibliografia consultadaFÜRSTENAU, V. Alguns aspectos do comportamento daagricultura brasileira e da gaúcha na década de 90. In:INDICADORES ECONÔMICOS FEE, Porto Alegre, v.27,n.4, p.59 -76, mar. 2000.PETRINI, J. A.; VERNETTI Jr, F. de J.; RAUPP, A. A. A.;FRANCO, D. F.; AZAMBUJA, I. H. V.; SILVA, C. A. S. da;REIS, J. C. L.; PARFITT, J. M. B.;GASTAL, M. F. da C.; SILVA,G. F. dos S. Manejo do sistema produtivo de solos de várzea nocontrole do arroz daninho. In: CONGRESSO BRASILEIRO DEARROZ IRRIGADO, 1; REUNIÃO DA CULTURA DO ARROZIRRIGADO, 23., 1999, Pelotas. Anais. Pelotas: Embrapa ClimaTemperado, 1999. p.299 -301.PINTO, L. F. S.; PAULETTO, E. A.; GOMES, A. da S.; SOUSA, R.O. de. Caracterização de solos de várzea. In: GOMES, A. da S.;PAULETTO, E. A. Manejo do solo e da água em áreas devárzea. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 1999. p.11 -36.PLANETA ARROZ – DOCUMENTO 2000. <strong>Arroz</strong>, o grãouniversal. Jornal do Povo Especial, 2000. 74 p.SANINT, L. R. Evolución tecnológica, perspectivas futuras ysituación mundial del arroz. In: REUNIÃO DA CULTURA DOARROZ IRRIGADO, 22., 1997, Balneário Camburiú, SC. Palestras .Itajaí: EPAGRI, 1997. p.7-35.


ESTADO DO RIO GRANDE DO SULASSEMBLÉIA LEGISLATIVAMesa DiretoraPresidente: Deputado Sérgio Zambiasi1º-Vice-Presidente: Deputado Valdir Andres2º-Vice-Presidente: Deputada Maria do Rosário1º-Secretário: Deputado Alexandre Postal2º-Secretário: Deputado Kalil Sehbe3º-Secretário: Deputado Manoel Maria4º-Secretário: Deputado Marco Peixoto2002


ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DOESTADO DO RIO GRANDE DO SULCOMISSÃO DE AGRICULTURA, PECUÁRIA E COOPERATIVISMOPresidenteDeputado Frederico Antunes– PPBVice -PresidenteDeputado Adolfo Brito– PPBDeputados TitularesFrederico Antunes - PPBAdolfo Brito – PPBDionilso Marcon – PTElvino Bohn Gass – PTIvar Pavan – PTAloísio Classmann – PTBOsmar Severo – PTBAlexandre Postal – PMDBMario Bernd – PPSBerfran Rosado – PPSGiovani Cherini – PDTDeputados SuplentesÉrico Ribeiro - PPBMaria do Carmo Bueno - PPBCecilia Hypolito - PTRoque Grazziotin - PTAbílio dos Santos - PTBEdemar Vargas - PTBJosé Ivo Sartori - PMDBElmar Schneider – PMD BPaulo Odone - PPSAdroaldo Loureiro - PDTPaulo Azeredo – PDT

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