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DISSERTAO SEVERINO.pdf - Centro de Tecnologia - Universidade ...

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DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 11. INTRODUÇÃOLipídios extraídos <strong>de</strong> fontes naturais <strong>de</strong>stacam-se entre as matérias-primasmais importantes da indústria alimentícia e da culinária doméstica mundial.(BOBBIO; BOBBIO, 1995; BOGNAR, 1998; CAMPOS et al, 1991; FEDELI, 1998).Pela razão exposta acima, o consumo <strong>de</strong> óleos e gorduras para finsalimentícios no mundo é superior a 94 milhões <strong>de</strong> toneladas e <strong>de</strong>sse total, 82% sãoóleos <strong>de</strong> origem vegetal (FRY, 1999). Aproximadamente, 75% da produção mundial<strong>de</strong> sementes oleaginosas é composta <strong>de</strong> Soja, Dendê (palmiste e palma), Canola eGirassol. A partir <strong>de</strong> 1999, os cultivos <strong>de</strong> Girassol, Canola e principalmente Soja, se<strong>de</strong>stacaram em incremento <strong>de</strong> produção elevando <strong>de</strong> 26,4 em 1999 para 82 milhões<strong>de</strong> toneladas/ano em 2003 (EMBRAPA, 2003; ORTHOEFER, 1987; TURATTI,2000).A importância nutritiva e fisiológica dos lipídios e <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> vegetais estárelacionada a composição <strong>de</strong> ácidos graxos dos respectivos óleos e gorduras. Porsua vez, os constituintes lipídios constituem fontes energéticas <strong>de</strong>, vitaminas e <strong>de</strong>ácidos graxos essenciais. Da mesma forma que os óleos, as gorduras são usadosna indústria alimentícia por sua importância na preparação da alimentação humanae animal (ARAÚJO, 1999; EMBRAPA, 2003; MORETTO; FETT, 1998).A <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> óleos com composições especiais vêem aumentando nosúltimos anos. Essa evolução, observada através do consumo brasileiro, é estimadaem mais <strong>de</strong> quatro milhões <strong>de</strong> toneladas. Óleos como os <strong>de</strong> girassol, oliva, palma e<strong>de</strong> peixes marinhos, ampliaram seu valor comercial <strong>de</strong>vido à presença <strong>de</strong>


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 2constituintes importantes para o metabolismo humano, como os ácidos graxosomega-3, que se caracterizam como alimentos funcionais (TURATTI, 2000).Os ácidos graxos essenciais, presentes nos óleos vegetais, não sãoproduzidos através do metabolismo humano. Dentre os mais importantes o ácidolinoléico (C18:2), que po<strong>de</strong> ser transformado pelo organismo no ácido araquidônico(C20:4), um metabólito verda<strong>de</strong>iramente essencial para o ser humano (RIBEIRO,1999; VIANNI; BRAZ-FILHO, 1996).Por essas razões, existem esforços e investimentos em novas pesquisascom objetivos <strong>de</strong> encontrar fontes naturais, como as sementes oleaginosas (naturaisou geneticamente modificadas) e gorduras animais, que se prestem comoalternativas para obtenção <strong>de</strong> óleos com proprieda<strong>de</strong>s funcionais ou com maiorestabilida<strong>de</strong> térmica para uso em processo <strong>de</strong> fritura. A alternativa atualmente éobter óleos e/ou gorduras quimicamente modificadas ou, mistura <strong>de</strong> óleos combaixos teores <strong>de</strong> ácido linolénico (C18:3), que resultem em produtos mais estáveis.Para a agroindústria, a alternativa mais economicamente viável é o <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> sementes oleaginosas geneticamente modificadas (DOBARGANES; MARQUEZ-RUIS; PÉREZ-CAMINO, 1993; GURR, 1995).Pelo exposto, procura-se ressaltar a importância da disponibilida<strong>de</strong>comercial <strong>de</strong> sementes oleaginosas, como alternativas para os setores produtivosda agroindústria <strong>de</strong> óleos, gorduras, tortas (farelos) e <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> vegetais. Oscultivos <strong>de</strong> sementes com essas proprieda<strong>de</strong>s são importantes para o setor agrícola(maior produção e melhor preço), para o setor industrial extrativo (óleos maisestáveis) e também como benefícios para as indústrias <strong>de</strong> alimentos.


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 3Dessa forma, diversos setores produtivos <strong>de</strong> alimentos po<strong>de</strong>riam serbeneficiados, principalmente no Brasil <strong>de</strong>vido ao seu potencial agroindustrialpeculiar, apresentando um perfil produtor, consumidor e exportador <strong>de</strong> óleos,gorduras e tortas vegetais.Um exemplo da importância agroindustrial das oleaginosas é o cultivo <strong>de</strong>algodão. Até recentemente a Região Nor<strong>de</strong>ste se <strong>de</strong>stacava no Brasil comoprodutor <strong>de</strong> fibras, óleos e tortas <strong>de</strong> algodão, fortalecido pelos benefícios do setorindustrial <strong>de</strong> beneficiamento, extração e refino <strong>de</strong> óleos além da indústria alimentíciaregional. Dentro <strong>de</strong>sses segmentos agroindustriais da produção e uso <strong>de</strong> óleos egorduras, vários Estados da Região Nor<strong>de</strong>ste também produziram óleos vegetaisalternativos, a exemplo do óleo <strong>de</strong> oiticica (Licania rígida), que representava o únicoóleo alternativo com proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> resina secativa (VENTURA, 2001).Assim, para regiões menos industrializadas, como o Nor<strong>de</strong>ste brasileiro, asfontes <strong>de</strong> óleos vegetais alternativas po<strong>de</strong>m contribuir para revitalizar o setoragrícola <strong>de</strong> grão e o parque extrativo <strong>de</strong> óleos e gorduras vegetais. Desta formaalguns pesquisadores do Laboratório <strong>de</strong> Química <strong>de</strong> Produtos Naturais da UFPBtêm <strong>de</strong>senvolvido estudos e pesquisas para encontrar óleos vegetais alternativos,provenientes <strong>de</strong> novas fontes, a exemplo das sementes <strong>de</strong> nhandiroba (Couthareahexandra) e <strong>de</strong> trapiá (Crataeva tapia L.), plantas arbóreas difundidas no litoral e nointerior <strong>de</strong> vários Estados do Nor<strong>de</strong>ste.


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 42. OBJETIVOS2.1. Objetivo GeralAvaliar os valores nutricionais, toxicológicos e as proprieda<strong>de</strong>s físicoquímicasdos extratos das cascas do fruto e do óleo extraído das sementes dosfrutos maduros <strong>de</strong> trapiá (Crataeva tapia L.), bem como analisar a estabilida<strong>de</strong>térmica do óleo.2.2. Objetivos Específicos2.2.1. Confirmar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> botânica do material vegetal florido e frutificado.2.2.2. Caracterizar morfológica e fisicamente as sementes dos frutos maduros<strong>de</strong> trapiá;2.2.3. Extrair e <strong>de</strong>terminar o rendimento do óleo das sementes dos frutosmaduros <strong>de</strong> trapiá;2.2.4. Determinar a composição centesimal das sementes e das cascas dosfrutos maduros <strong>de</strong> trapiá;2.2.5. Refinar e <strong>de</strong>terminar as proprieda<strong>de</strong>s físico-químicas do óleo dassementes <strong>de</strong> trapiá;2.2.6. Determinar a composição em ácidos graxos, dos constituintes majoritáriosdo óleo das sementes <strong>de</strong> trapiá;


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 52.2.7. Avaliar a toxicida<strong>de</strong> dos extratos das cascas e do óleo das sementes <strong>de</strong>trapiá através <strong>de</strong> testes laboratoriais in vivo usando diferentesmetodologias;2.2.8. Avaliar as proprieda<strong>de</strong>s antimicrobianas do óleo bruto das sementes <strong>de</strong>trapiá e do extrato hidroalcoólico das cascas dos frutos maduros <strong>de</strong> trapiá;2.2.9. Avaliar a estabilida<strong>de</strong> térmica do óleo das sementes <strong>de</strong> trapiá emtemperaturas <strong>de</strong> frituras (180 ºC), utilizando o óleo <strong>de</strong> soja vegetalcomercial (para fins alimentícios) como referencial comparativo.


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 63. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA3.1. Produção Mundial <strong>de</strong> Óleos Vegetais ComestíveisA agroindústria composta dos setores <strong>de</strong> cultivo, transporte,armazenamento, extração e comercio <strong>de</strong> sementes, frutos e <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>rivadosoleaginosos, é complexa.Isto é justificado pela diversida<strong>de</strong> das espécies,sazonalida<strong>de</strong>s e variações climáticas. As instabilida<strong>de</strong>s da produção e dos preços,principalmente dos tipos <strong>de</strong> cultivo anuais ampliam os problemas da produção <strong>de</strong>oleaginosas. Os cultivos <strong>de</strong> algumas plantas como soja, girassol, amendoim ecanola são anuais, mas várias espécies vegetais arbóreos, como coco e <strong>de</strong>ndê sãoperenes. A partir <strong>de</strong>ssas diferenças, existem também problemas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o cultivo atéos processamentos <strong>de</strong> extração e refinos diferenciados <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>ssesprodutos, antes da comercialização (CANZIANI, 1995).A produção <strong>de</strong> grãos oleaginosos até os dias atuais, cresceu em númerosjunto à população mundial. A produção <strong>de</strong> grãos em 1967 foi <strong>de</strong> 990 milhões <strong>de</strong>toneladas. Para suprir a <strong>de</strong>manda, no ano 1997, foram produzidos 2,1 bilhões <strong>de</strong>toneladas sendo 1,8 bilhão <strong>de</strong> toneladas <strong>de</strong> grãos e 300 milhões <strong>de</strong> toneladas <strong>de</strong>sementes oleaginosas. Em 2003 a produção foi <strong>de</strong> 2,7 bilhões <strong>de</strong> toneladas comexpectativa <strong>de</strong> crescimento em 2004, <strong>de</strong> modo que, a previsão da produção para2027 é chegar as 4,2 bilhões <strong>de</strong> toneladas, correspon<strong>de</strong>ndo a um aumento <strong>de</strong> 100%em comparação com a safra <strong>de</strong> 1997. Analistas do setor produtivo agrícola prevêemque a produção venha a superar em qualida<strong>de</strong> e produtivida<strong>de</strong> as expectativas paraa mesma área <strong>de</strong> cultivo, <strong>de</strong>vido aos aprimoramentos tecnológicos dos aditivos


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 7agrícolas, equipamentos e das sementes modificadas geneticamente (EMBRAPA,2003; ROESSING, 1997).No Brasil, a previsão <strong>de</strong> uma safra <strong>de</strong> 100 milhões <strong>de</strong> toneladas/ano já foiconsi<strong>de</strong>rada visionaria pelo Ministério da Agricultura, antes da produção da safra <strong>de</strong>2000/2001 atingir 91,3 milhões <strong>de</strong> toneladas <strong>de</strong> grãos. Esses números foramobtidos <strong>de</strong>ntro da mesma área <strong>de</strong> cultivo, mantida praticamente estável com 38,3milhões <strong>de</strong> hectares. Hoje as análises <strong>de</strong>sses dados levam a prever novos recor<strong>de</strong>sna produção brasileira <strong>de</strong> grãos, fato que já vem acontecendo pelo quinto anoconsecutivo, <strong>de</strong> acordo com a Companhia Nacional <strong>de</strong> Abastecimento (CONAB,2004).Segundo Mário Fortes <strong>de</strong> Almeida, secretário-executivo do Ministério daAgricultura, as exportações brasileiras <strong>de</strong> grãos po<strong>de</strong>rão ser beneficiadas pelaabertura das portas chinesas para importações e também <strong>de</strong>vido aos problemasagrícolas na Europa, a exemplo da não aceitação dos produtos geneticamentemodificados - os transgênicos. Segundo o secretário: ”A união Européia po<strong>de</strong>ráaumentar em 3 milhões <strong>de</strong> toneladas as importações <strong>de</strong> grãos brasileiros". Os grãosseriam utilizados para a elaboração <strong>de</strong> rações animais, em substituição ao uso <strong>de</strong>farinha <strong>de</strong> sangue e <strong>de</strong> ossos <strong>de</strong> animais, os quais vêm gerando problemas napecuária européia (CONAB, 2004).Na alimentação animal, o consumo <strong>de</strong> farelos protéicos tem diminuído nospaíses industrializados, embora esteja crescendo em certos segmentos <strong>de</strong> produção<strong>de</strong> carne brancas (galináceos). O consumo <strong>de</strong>sses produtos está se <strong>de</strong>slocando<strong>de</strong>stas nações para os países agrícolas em <strong>de</strong>senvolvimento. Esse comportamentoagroindustrial tem como resultado o crescimento competitivo entre os produtores e


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 8favorecimentos para os importadores que ganham com os baixos preços. Assim, ospaíses em <strong>de</strong>senvolvimento, provavelmente possam aumentar sua produçãoagrícola e o parque industrial extrativo, tornando-se auto-suficiente em óleos egorduras alimentícias (FREIRE; SANTOS, 1997; FREITAS, 2000).Consi<strong>de</strong>rando o total <strong>de</strong> óleos e gorduras usadas para fins alimentícios,aproximadamente 25% da produção mundial <strong>de</strong> óleos não-minerais <strong>de</strong> todos ostipos, provêm da extração a partir <strong>de</strong> sementes oleaginosas cultivadasracionalmente. A produção <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> soja, <strong>de</strong>ndê, canola e girassol vêm crescendo<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 80 acima <strong>de</strong> 4% ao ano, tornando essas sementes oleaginosasresponsáveis por 72% do total <strong>de</strong> óleos e gorduras produzidos no mundo (CALDER,1993; EMBRAPA, 2003; ROESSING, 1995; CAMPOS; BELDA; CALDER, 1991).Por razões como as exposta acima, as sementes <strong>de</strong> soja, <strong>de</strong>ndê (palmiste epalma), girassol, canola, algodão, milho amendoim e coco, tornaram-se as maisimportantes na produção <strong>de</strong> óleos vegetais. Quanto ao cultivo, as que mais seexpandiram foram <strong>de</strong>ndê, girassol e canola. As sementes <strong>de</strong> soja, relativamentericas em óleo (18 - 21%), representam a fonte <strong>de</strong> maior produção <strong>de</strong> óleos vegetais,mas, ultimamente o seu consumo vem per<strong>de</strong>ndo posição mercadológica paraalgumas oleaginosas mais produtivas como as <strong>de</strong> <strong>de</strong>ndê (23%) (CANZIANI, 1995;BOAS, 2002).Muitos óleos vegetais e as respectivas tortas (farelos) são extraídos através<strong>de</strong> processos que empregam uma mesma tecnologia na produção industrial,diferenciando-se entre si pela importância nutritiva <strong>de</strong>sses produtos alimentícios,lipídios e protéico, os quais variam <strong>de</strong> semente para semente. As <strong>de</strong> soja produzemcerca <strong>de</strong> 80% <strong>de</strong> torta e 18% <strong>de</strong> óleo e são as mais usadas como matéria-prima, em


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 9resposta à <strong>de</strong>manda, <strong>de</strong>vido à qualida<strong>de</strong> (concentração <strong>de</strong> ácidos graxosinsaturados) do seu óleo e dos teores protéicos do farelo usado como ração animal.A oferta do farelo <strong>de</strong> soja é <strong>de</strong>terminada em parte pelo conteúdo protéico e pelaprecipitação pluviométricas (secas) das regiões agropecuárias sendo poucoinfluenciada pelos preços do óleo <strong>de</strong> soja do mercado consumidor. Ainda é o óleo<strong>de</strong> soja, <strong>de</strong>ntre os óleos vegetais, que apresenta o maior impacto em divisas nomercado mundial, seguido do óleo <strong>de</strong> palma. Assim o óleo <strong>de</strong> soja é dominante emprodução e em termos <strong>de</strong> volume comercializado, com efeito direto sobre os preçosdos outros óleos vegetais (EMBRAPA, 2003; VENTURA, 2001).Devido ao número e extensão das áreas agrícolas do Brasil, gran<strong>de</strong> parteda produção <strong>de</strong> sementes oleaginosas, óleo e tortas são consumidas nas própriasregiões em que foram produzidas. Os comportamentos <strong>de</strong>sses segmentosprodutivos e consumidor resultam em diferentes valores e incrementos econômicospara as regiões ou Estados. Para um mesmo produto, esse mesmo comportamentoocorre em muitos outros países <strong>de</strong> diferentes culturas alimentícias e culturais,fazendo com que menos <strong>de</strong> 30% dos óleos e dos farelos produzidos a partir <strong>de</strong>oleaginosas entrem no circuito comercial mundial (FREITAS; GODOY; VIEIRA,1995).A produção brasileira <strong>de</strong> grãos na safra <strong>de</strong> 2003/2004, segundo os dadosda EMBRAPA (Empresa Brasileira <strong>de</strong> Pesquisa Agrícola) aponta para um novorecor<strong>de</strong> na produção <strong>de</strong> cereais, leguminosas e oleaginosas, tornando o Brasil omaior produtor mundial <strong>de</strong> grãos. A safra po<strong>de</strong>rá chegar até 98,0 milhões <strong>de</strong>toneladas, registrando em crescimento <strong>de</strong> 2,1% em relação à safra <strong>de</strong> 2001/2002.Em termos absolutos, a produção <strong>de</strong> grãos brasileira está assim distribuída em


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 10milhões <strong>de</strong> toneladas: região Norte 2,3t; região Nor<strong>de</strong>ste 8,7t; região <strong>Centro</strong>-Oeste27,2t; região Su<strong>de</strong>ste 12,3t e região Sul 36,2t (EMBRAPA, 2003).3.2. Principais Óleos VegetaisAs proporções dos diferentes ácidos graxos contidos nos óleos e gordurasvegetais variam <strong>de</strong> acordo com as sementes oleaginosas dos quais foram extraídos,sendo que, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma mesma espécie existem variações <strong>de</strong>terminadas pelascondições climáticas e tipos <strong>de</strong> solo em que foram cultivadas (DENG; SCARTH,1998; PANTZARIS, 1998; MORETTO; FETT, 1998; MANCINI FILHO, 1996).Até os dias atuais, os óleos e as gorduras vegetais são utilizados <strong>de</strong> mododoméstico ou industrial, principalmente para frituras <strong>de</strong> alimentos e, em menorpercentual para cozimentos, aditivos e in natura em saladas. A opção da escolhado tipo <strong>de</strong> óleo pelo mercado consumidor <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> vários fatores, a saber: ascaracterísticas do alimento <strong>de</strong> fritura; textura do produto à <strong>de</strong>terminada temperatura;origem da matéria-prima animal (peixe, galináceos, caprinos), além da suadisponibilida<strong>de</strong> e dos preços dos óleos vegetais (QUAGLIA; COMENDADOR;FINOTI, 1998; ROSSELL, 1998).Nos processos <strong>de</strong> fritura, o óleo vegetal é o componente mais variável,razão pela qual existe oferta <strong>de</strong> vários tipos <strong>de</strong> óleos insaturados e saturados. Osóleos <strong>de</strong> frituras comumente usados são os <strong>de</strong> soja, girassol, algodão, canola, milhoou misturas <strong>de</strong>sses com óleos <strong>de</strong> amendoim e gorduras animais (muitos dos quais


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 11após a hidrogenação) para propiciar maior estabilida<strong>de</strong> térmica aos produtos(bovina e suína) (BLUMENTHAL; STIER, 1991).O setor agroindustrial brasileiro se encontra envolvido em pesquisas com asUniversida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>finindo a tecnologia do Biodisel (Programa Brasileiro <strong>de</strong> Óleo).Esse projeto brasileiro envolverá o consumo <strong>de</strong> óleos vegetais convencionais como<strong>de</strong> algodão, milho e <strong>de</strong> soja o que, certamente, se viabilizado o uso em veículos,aumenta a <strong>de</strong>manda e assim, altera a oferta dos óleos vegetais para indústriaalimentícia. Nessa oportunida<strong>de</strong>, as pesquisas em busca <strong>de</strong> novas fontes <strong>de</strong> óleosvegetais, chamados <strong>de</strong> não convencionais, é importante para duas áreas.3.2.1. Óleo <strong>de</strong> SojaO Brasil, segundo maior produtor mundial <strong>de</strong>ssa oleaginosa, participa comaproximadamente 23% da produção mundial <strong>de</strong> óleos, po<strong>de</strong>ndo a produção atingiraproximadamente 35,1 milhões <strong>de</strong> toneladas na safra <strong>de</strong> 2004 (CONAB, 2004).Segundo a Resolução 482 (BRASIL, 1999), o óleo <strong>de</strong> Soja é o óleocomestível obtido <strong>de</strong> sementes <strong>de</strong> Glycine max L. (soja), através <strong>de</strong> processostecnológicos a<strong>de</strong>quados <strong>de</strong> extração e refino. Este óleo <strong>de</strong>ve apresentar um aspectolímpido e isento <strong>de</strong> impurezas a 25°C, cor, odor e sabor característico, conforme asTabelas 1 e 2.


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 133.2.2. Óleo <strong>de</strong> DendêOs frutos <strong>de</strong> Elaeis guineensis da família Palmacea apresentam o maiorrendimento em óleos vegetais (4,2 t/h) no mundo. Esse resultado é maior que aprodutivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> óleos <strong>de</strong> coco, do girassol, da soja, do algodão, do amendoim, damamona ou <strong>de</strong> gergelim. A evolução da produção e do consumo ocorre, em parte,<strong>de</strong>vido à qualida<strong>de</strong> e ao seu preço que o torna competitivo em relação aos outrosóleos vegetais. A produção brasileira <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> palma não é suficiente para aten<strong>de</strong>ra <strong>de</strong>manda nacional, tanto que atualmente, o país importa, em média, 100 miltoneladas por ano. (FRY, 1999; MULLER, 1996; ROESSING, 1997).Os frutos <strong>de</strong> Elaeis guineensis apresentam rendimentos <strong>de</strong> 22% <strong>de</strong> óleo, <strong>de</strong>dois tipos: o óleo da polpa e o óleo da amêndoa. O óleo da polpa, tambémconhecido como azeite <strong>de</strong> <strong>de</strong>ndê, é composto dos seguintes ácidos graxos:palmítico (42 a 45%); oléico (39 a 40%) e linoléico (10 a 12%). O azeite <strong>de</strong> <strong>de</strong>ndêpo<strong>de</strong> ser usado “in natura” como óleo <strong>de</strong> salada, na composição <strong>de</strong> margarinas emaioneses na produção <strong>de</strong> vitamina A e E, na fabricação <strong>de</strong> sabões e <strong>de</strong>tergentesnas indústrias <strong>de</strong> velas e na produção <strong>de</strong> biscoitos (HARTLEY, 1977; BARCELOS etal, 1987).O óleo <strong>de</strong> palmiste, extraído das amêndoas do <strong>de</strong>ndê (rendimento 10%),apresenta as mesmas aplicações do óleo <strong>de</strong> coco ou <strong>de</strong> babaçu, na fabricação <strong>de</strong>margarinas, gorduras para biscoitos e recheios, fabricação <strong>de</strong> sabonetes,<strong>de</strong>tergentes, cosméticos e como emulsificantes (NASSU; GONÇALVES, 1994).O óleo ou gordura <strong>de</strong> palma do mesocarpo <strong>de</strong> frutos da E. guineensisextraído através <strong>de</strong> processo tecnológico a<strong>de</strong>quado é comestível (Resolução 482)


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 14(BRASIL, 1999). O óleo <strong>de</strong> Dendê <strong>de</strong>ve ser obtido por processo <strong>de</strong> extração e refino,apresentando um aspecto límpido, isento <strong>de</strong> impurezas a 50°C e cor, sabor e odorcaracterísticos, conforme mostrados nas Tabelas 3 e 4, a seguir.Tabela 3 - Relação das características físicas, químicas e físico-químicas do óleo daamêndoa dos frutos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ndê (Elaeis guineensis) para consumo noBrasil segundo Resolução 482/1999 do Ministério da Agricultura.Proprieda<strong>de</strong>s físico-químicasdo óleo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ndêFaixa <strong>de</strong> aceitação paraconsumoDensida<strong>de</strong> Relativa, 50°C / 25°C. 0,891 / 0,899Índice <strong>de</strong> Refração ( n D 50 ) 1,454 - 1, 456Índice <strong>de</strong> Saponificação 190 - 209Índice <strong>de</strong> Iodo (Wijs) 50 - 60Matéria Insaponificável (g/100g) Máximo 1,2Aci<strong>de</strong>z (g <strong>de</strong> Ácido Oléico/100g)Óleo RefinadoÓleo BrutoMáximo 0,3Máximo 5,0Índice <strong>de</strong> Peróxido (mEq/kg) Máximo 10Umida<strong>de</strong> 0,5Ponto <strong>de</strong> Fusão (°C) 30Ponto <strong>de</strong> Solidificação (°C) 26Fonte: BRASIL, 1999


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 15Tabela 4 - Composição <strong>de</strong> Ácidos Graxos do Óleo da amêndoa dos frutos Elaeisguineensis (óleo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ndê) para consumo no Brasil segundo Resolução482 <strong>de</strong> 1999 do Ministério da Agricultura.ÁCIDO GRAXO NOMENCLATURA (g/100g)C 12:0 Láurico < 0,4C 14:0 Mirístico 0,5 - 2,0C 16:0 Palmítico 35,0 - 47,0C 16:1 Palmitoléico < 0,6C 18:0 Esteárico 3,5 - 6,5C 18:1 Oléico 36,0 - 47,0C 18:2 Linoléico 6,5 - 15,0C 18:3 Linolênico < 0,5C 20:0 Araquídico < 1,0Fonte: BRASIL, 19993.3. Óleos, Gorduras e Azeites ComestíveisOs óleos e gorduras <strong>de</strong> origem animal ou vegetal constituem os principaiscomponentes dos alimentos humanos, formados predominantemente <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong>con<strong>de</strong>nsação entre o glicerol e os ácidos graxos e são chamados triglicerí<strong>de</strong>os(ARAÚJO, 1999; MORETTO; FETT, 1998).A distinção entre óleo e gordura resi<strong>de</strong> exclusivamente na sua composiçãoe aparência física; as gorduras exibem aspecto sólido e os óleos líquidos. AResolução 22/77 do CNNPA (Comissão Nacional <strong>de</strong> Normas e Padrões paraAlimentos - Ministério da Saú<strong>de</strong>), <strong>de</strong>fine a temperatura <strong>de</strong> 20°C como limite inferiorpara o ponto <strong>de</strong> fusão das gorduras, classificando como óleo quando o ponto <strong>de</strong>fusão situa-se abaixo <strong>de</strong> tal temperatura. O termo gordura, contudo, é mais


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 16abrangente e usualmente empregado, quando o estado físico não tem maiorsignificância (MORETTO; FETT, 1998).As gorduras são substâncias naturais constituídas <strong>de</strong> carbono, hidrogênio eoxigênio, e nas suas composições moleculares estão presentes os ésteres <strong>de</strong> ácidosgraxos com o glicerol, triglicéri<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> diferentes pesos moleculares e constituintesmenores, como os fosfolipídios, esteróis, vitaminas antioxidantes e pigmentos(FENNEMA, 1993).As diferenças das proprieda<strong>de</strong>s físico-químicas e organolépticas entrealgumas gorduras são essencialmente <strong>de</strong>correntes das suas composições emácidos graxos. As gorduras são encontradas em produtos animais e vegetais,constituindo os azeites, os óleos, a manteiga e outras gorduras alimentares(SONNTAG, 1982).As gorduras líquidas, provenientes <strong>de</strong> frutos e sementes, são conhecidaspor azeites ou óleos vegetais. As diferenças entre os azeites e os óleos são asseguintes: os azeites são obtidos por pressão, como é o caso do azeite <strong>de</strong> oliva(Olea europaea L.); e os óleos são obtidos por pressão, solventes e posteriorpurificação e refinação. Na prática, o azeite é o único óleo vegetal que não éextraído por solventes químicos e não sofre o processo <strong>de</strong> refinação. Correntemente<strong>de</strong>nominam-se azeites virgens aqueles obtidos por pressão e não refinados(VENTURA, 2001).Em todas as gorduras estão presentes os ácidos graxos saturados, monoinsaturados,di-insaturados e poli-insaturados, variando em proporções <strong>de</strong>vido àorigem da gordura. Os ácidos graxos saturados palmítico e esteárico são osprincipais componentes das gorduras animais e encontram-se em pequenas


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 17quantida<strong>de</strong>s nos vegetais. Os ácidos graxos insaturados são encontrados comoprincipais componentes das gorduras vegetais e <strong>de</strong> peixes, encontrando-se empequenas proporções nas gorduras dos ruminantes (MORÓN-VILLARREYES, 1998;BARREIRA, 1993; BELDA; CAMPOS, 1991; BRINGNOLI; KINSELLA; WEHRAUCH,1976).3.4. Principais Ácidos Graxos e Suas Proprieda<strong>de</strong>s Nutricionais e FuncionaisPor serem produtos oriundos <strong>de</strong> lipídios, os ácidos graxos po<strong>de</strong>m serdivididos em distintas famílias <strong>de</strong> acordo com sua estrutura e origem. Entre osácidos graxos, os insaturados são mais importantes em relação à saú<strong>de</strong> humana.Estes são caracterizados pela posição <strong>de</strong> dupla ligação em relação ao carbono dametila terminal oposto à carboxila <strong>de</strong> ácido graxo da outra extremida<strong>de</strong> <strong>de</strong>nominada<strong>de</strong> Omega ( ). Quando a posição <strong>de</strong> ligação dupla está entre C3 e C4, este ácidograxo pertence à família Omega-3; quando entre C6 e C7 <strong>de</strong>nomina-se Omega-6 efinalmente quando surge entre os carbonos C9 e C10 são chamados Omega-9.Estas três famílias <strong>de</strong> ácidos graxos não são metabolicamente interconversíveis(BELDA; CAMPOS, 1991; CALDER, 1993; VOSS, 1994).Os ácidos graxos da série Omega-3 têm sido a muitos anos objeto <strong>de</strong>centenas <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong>vido, principalmente, à correlação observada entre aingestão dos membros e a diminuição das doenças cardiovasculares (GUSTONE,1992; HORROBIN, 1992).


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 18No organismo humano o ácido linoléico, provindo da dieta, é metabolizadopela enzima <strong>de</strong>lta 6-<strong>de</strong>ssaturase a ácido gama-linolênico, sendo este precursor dosácidos dihomo-gama-linolênico e araquidônico. Através <strong>de</strong> vários passosmetabólicos, o ácido gama-linolênico é convertido a prostaglandinas E1,tromboxanos e outras moléculas com importantes papéis fisiológicos. Muitos estudosestão sendo <strong>de</strong>senvolvidos evi<strong>de</strong>nciando a ação regulatória <strong>de</strong>sse ácido emdiversos distúrbios. Os ácidos graxos essenciais (AGE) das séries Omega-3 eOmega-6 são os mais importantes para o homem e outras espécies animais(KUMAMOTO; IDE, 1998; VARELA; RUIZ-ROSO, 1998; YI-HSU; HUANG; FANG,1998).A família-6 é representada pelo ácido linoléico (C18:2) encontrado emmaior abundância nas plantas oleaginosas. É um precursor <strong>de</strong> ácido araquidônico(C20:4,-6) que é transformado organicamente em ácidos graxos poli-insaturados<strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia longa (C20:5 e C22:6) <strong>de</strong>nominados como ácido eicosapentaenóico (EPA)e docosahexaenóico (DHA) (VOSS, 1994; YI-HSU; HUANG; FANG, 1998).Acredita-se que os sistemas enzimáticos envolvidos na metabolização dastrês séries <strong>de</strong> ácidos graxos insaturados, isto é, Omega-3, Omega-6 e Omega-9 sãoidênticos. Desta forma, em função dos diferentes substratos, a enzima <strong>de</strong>lta 6-<strong>de</strong>ssaturase atua com diferentes velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reação, dando preferência aosácidos graxos essenciais da série Omega-3, seguido dos ácidos Omega-6 e porúltimo Omega-9. A transformação do ácido linoléico em ácido gama-linolênico ocorrelentamente, o que explica os baixos níveis <strong>de</strong>sses últimos no plasma humano. A<strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong> AGE po<strong>de</strong> resultar na produção em excesso <strong>de</strong> outros


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 19AGE, levando a um <strong>de</strong>sequilíbrio entre os mesmos (KUMAMOTO; IDE, 1998; YI-HSU; HUANG; FANG, 1998; PIMENTEL; CARUSO, 1999).3.4.1 Ácidos Graxos EssenciaisA necessida<strong>de</strong> do consumo <strong>de</strong> ácidos graxos <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia longa, pertencentesàs famílias -3 e -6, foi comprovada cientificamente sobre a rigi<strong>de</strong>z dasmembranas biológicas, quando “engorduradas” possam <strong>de</strong>sempenhara<strong>de</strong>quadamente as funções biológicas quanto à viscosida<strong>de</strong> e flui<strong>de</strong>z.As proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> e a flui<strong>de</strong>z das proteínas associadas àsmembranas são afetadas pela qualida<strong>de</strong> dos ácidos graxos presentes, e por essasalterações sua difusão po<strong>de</strong> ser prejudicada ou até melhorada. Numerosas funçõesligadas aos lipídios <strong>de</strong> membrana são importantes para o sistema neurológico, paraas plaquetas sanguíneas e para a ligação com glicoproteínas específicas <strong>de</strong>superfície celular. Os teores <strong>de</strong> ácido araquidônico (C20:4) e seus componentesalém dos ácidos graxos poli-insaturados liberados via conversão a eicosanói<strong>de</strong>s,após estimulação da membrana, têm amplos reflexos ou efeitos em funçãofisiológicas (BELDA; CAMPOS, 1991; VOSS, 1994)3.5. Processamento <strong>de</strong> Óleos VegetaisGeralmente, o processamento <strong>de</strong> óleos e gorduras inclui várias técnicas quetêm por objetivo obter a maior produção e melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> óleo ou gordura, a


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 20partir <strong>de</strong> diversas matérias-primas, mantendo o valor nutritivo. A qualida<strong>de</strong> damatéria-prima, antes <strong>de</strong> qualquer processamento, é o fator mais importante na<strong>de</strong>terminação da qualida<strong>de</strong> do produto final (DORSA, 1994).A refinação é uma tecnologia <strong>de</strong> processamento que po<strong>de</strong> ser completadacom técnicas <strong>de</strong> modificação da composição dos óleos e das gorduras, como é ocaso da hidrogenação, interesterificação e fracionamento. A produção <strong>de</strong> gorduraspara frituras levou ao uso da hidrogenação, tecnologia que se tornou universal, naprodução <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> gorduras (DORSA, 1994; SÃO PAULO,1995).O processamento <strong>de</strong> óleos vegetais oriundos <strong>de</strong> sementes oleaginosasconvencionais po<strong>de</strong> ser dividido nas seguintes várias etapas.• Pré-tratamentos: Limpeza das sementes, secagem e trituração oucozimento;• Extração e refino: Processamento <strong>de</strong> extração do óleo, eliminação dossolventes, <strong>de</strong>gomagem, neutralização, branqueamento e <strong>de</strong>sodorização;• Modificação Química: Reação <strong>de</strong> hidrogenação, transesterificação,fracionamento cromatográfico; <strong>de</strong>stilação ou enzimático.Nas indústrias <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> óleos vegetais, todas as etapas sãoimportantes, a partir do recebimento, armazenamento e pré-tratamentos dassementes oleaginosas: limpeza, secagem e trituração, <strong>de</strong>corticação ou cozimentodas sementes.


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 21O processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>gomagem tem por finalida<strong>de</strong> remover do óleo brutofosfatí<strong>de</strong>os, proteínas e substâncias coloidais e produzir óleos crus capazes <strong>de</strong>serem refinados, por via química ou física com a mínima contaminação ambiental.Após a extração, o óleo bruto contém uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>fosfolipídios, também conhecidos como fosfatí<strong>de</strong>os ou simplesmente gomas, quepo<strong>de</strong>m se encontrar ligados com parte dos metais no óleo bruto. Os fosfatí<strong>de</strong>os sãoagentes emulsificantes que aumentam as perdas durante o processo <strong>de</strong> refino.Gomas e metais, são responsáveis pela baixa estabilida<strong>de</strong> dos óleos <strong>de</strong>sodorizados.(DORSA, 1994).Existem dois tipos <strong>de</strong> gomas, as hidratáveis e as não-hidratáveis. Osfosfatí<strong>de</strong>os hidratáveis po<strong>de</strong>m ser removidos pela adição <strong>de</strong> um volume <strong>de</strong> águaequivalente ao volume <strong>de</strong> gomas. As gomas hidratáveis são insolúveis no óleo epo<strong>de</strong>m ser separadas. Os fosfatí<strong>de</strong>os não-hidratáveis são sais <strong>de</strong> ferro, sódio emagnésio do ácido fosfatídico e somente po<strong>de</strong>m ser condicionados a uma fasehidratável e, portanto insolúvel no óleo, por tratamento com um ácido concentrado. Oconteúdo <strong>de</strong> gomas não-hidratáveis é diferente nos diversos óleos e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dassementes. O conteúdo <strong>de</strong> fosfatí<strong>de</strong>os não hidratáveis cresce, por exemplo, durante aestocagem das sementes danificadas ou úmidas (DORSA, 1994).Na etapa <strong>de</strong> neutralização os ácidos graxos livres presentes no óleo ougordura, em processamento, são convertidos em sabões sódicos por reação comhidróxido <strong>de</strong> sódio, e em seguida, separados do óleo através <strong>de</strong> centrifugação ououtro processo a<strong>de</strong>quado para óleos comestíveis pré-<strong>de</strong>gomados, consi<strong>de</strong>rando àorigem do vegetal e os teores <strong>de</strong> fosfatídios.Um dos sub-produtos da neutralização no refino <strong>de</strong> óleo é a borra, separadado produto principal e enviada para tanques apropriados, <strong>de</strong>nominado tanque <strong>de</strong>


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 22borra. Esse produto é posteriormente repassado para outras empresas que autilizam como "carga" na produção <strong>de</strong> sabões (DORSA, 1994).O processo <strong>de</strong> clarificação como o próprio nome indica é usado pararedução da cor do óleo. A remoção dos pigmentos e produtos <strong>de</strong> oxidação que dãocoloração in<strong>de</strong>sejável ao óleo é a etapa mais importante do processo, emboraocorram outros benefícios que po<strong>de</strong>m ser colocados na seguinte or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>importância:A clarificação do óleo neutralizado é geralmente conduzida a temperatura<strong>de</strong> 105°C, com pressão reduzida. O óleo neutralizado é misturado a terraclarificante,que tem como finalida<strong>de</strong> reter os pigmentos orgânicos, em proporçõesque <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, viscosida<strong>de</strong>, cor original do óleo e das exigênciasfinais do produto acabado (DORSA, 1994).A hidrogenação <strong>de</strong> óleo é uma forma <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> saturação <strong>de</strong>lipídios das mais antigas e importantes, consi<strong>de</strong>rando que 30% das gordurasconsumidas mundialmente sofrem hidrogenação antes da sua utilização final.A hidrogenação <strong>de</strong> óleos, gorduras e ácidos graxos tem sido umaimportante forma industrial <strong>de</strong> modificar as características <strong>de</strong> fusão, plasticida<strong>de</strong> edureza, além <strong>de</strong> aumentar a estabilida<strong>de</strong> química e térmica <strong>de</strong>sses produtos.Para melhorar o processo, reduzindo os custos operacionais, utiliza-secatalisador a<strong>de</strong>quado, menor temperatura (150 - 200°C) com mesmas pressões (2 -10 Bar), no qual resulta a conversão <strong>de</strong> óleos líquidos em gorduras semi-sólidas ouplásticas (DORSA, 1994).A reação química consiste <strong>de</strong> adição <strong>de</strong> hidrogênio às duplas ligações dosácidos graxos insaturados. O metal <strong>de</strong> transição, especialmente o níquel num estado<strong>de</strong> alta dispersão, exerce uma atração nos elétrons da dupla ligação e nos átomos


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 23<strong>de</strong> hidrogênio. Os átomos <strong>de</strong> hidrogênio adsorvidos e as duplas ligaçõestemporariamente abertas provocam a saturação da ligação (DORSA, 1994).A abertura temporária das ligações pelos metais <strong>de</strong> transição, usados comocatalisadores, causa simultaneamente alterações na localização e configuração dasduplas ligações e a formação <strong>de</strong> ligações conjugadas. A hidrogenação tem porobjetivos:• Diminuir a susceptibilida<strong>de</strong> dos óleos à oxidação;• Estabilizar óleos e torná-los viáveis para o uso <strong>de</strong> fritura profunda, semalteração física notória, <strong>de</strong> modo a que possam ser utilizadossimultaneamente na cozinha e como tempero;• Converter óleos em gorduras plásticas para a produção <strong>de</strong> margarinas e<strong>de</strong> shortenings.A última etapa do processo <strong>de</strong> refino <strong>de</strong> óleos e gorduras é a <strong>de</strong>sodorizaçãoque tem como finalida<strong>de</strong>, a remoção <strong>de</strong> substâncias que conferem odores<strong>de</strong>sagradáveis ao produto. Esta etapa visa também uma melhoria no aspecto físicoquímicodo produto.O processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sodorização, além <strong>de</strong> remover os produtos in<strong>de</strong>sejáveiscomo cetonas, al<strong>de</strong>ídos, álcoois e ácidos graxos <strong>de</strong> baixo peso molecular livre,remove também traços <strong>de</strong> pesticidas organoclorados solubilizados no óleo durante aetapa <strong>de</strong> extração.A <strong>de</strong>sodorização é efetuada normalmente a uma temperatura entre 180 e270ºC numa pressão <strong>de</strong> 2 a 6 mbar. O tempo <strong>de</strong> retenção, ou seja, permanência doproduto no <strong>de</strong>sodorizador durante o processo, varia <strong>de</strong> 15 até 80 minutos sendo amais usual um tempo <strong>de</strong> operação entre 45 a 60 minutos.


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 24O tempo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sodorização é importante não só para eliminação dassubstâncias voláteis, bem como para a redução da coloração do óleo (DORSA,1994).O processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sodorização é constituído <strong>de</strong> quatro etapas básicas:A etapa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaseificação do óleo tem por finalida<strong>de</strong> a remoção dooxigênio dissolvido, bem como a umida<strong>de</strong> residual do produto. Essa etapa érealizada normalmente a uma temperatura <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 80ºC, sob alto vácuo,evitando que o óleo se oxi<strong>de</strong> ou sua aci<strong>de</strong>z aumente durante a etapa <strong>de</strong>aquecimento, por cisão dos triglicerí<strong>de</strong>os.Na etapa <strong>de</strong> aquecimento o óleo é levado até a temperatura <strong>de</strong><strong>de</strong>sodorização através <strong>de</strong> regeneração <strong>de</strong> calor e finalmente com um fluido <strong>de</strong>aquecimento, preferivelmente com vapor <strong>de</strong> água a alta temperatura.Na etapa <strong>de</strong> retenção ou <strong>de</strong>sodorização propriamente dita, o óleo ou agordura são submetidos a tratamento com injeção <strong>de</strong> vapor direto por um tempo<strong>de</strong>terminado, <strong>de</strong> maneira a que as frações voláteis (cetonas, al<strong>de</strong>ídos, álcoois eácidos graxos livres) sejam eliminadas e a cor reduzida.Na etapa <strong>de</strong> resfriamento, a temperatura do óleo ou gordura é reduzida atéas condições térmicas <strong>de</strong> fluxo e <strong>de</strong> armazenagem. Para que não haja reversão doprocesso e perda da qualida<strong>de</strong>, o resfriamento é efetuado sob alto vácuo (DORSA,1994).


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 253.6. Estabilida<strong>de</strong> Térmica <strong>de</strong> Óleos Vegetais3.6.1. IntroduçãoA estabilida<strong>de</strong> os óleos vegetais empregados industrialmente nos processos<strong>de</strong> frituras, constituem um dos fatores mais importantes, consi<strong>de</strong>rando que noprocesso <strong>de</strong> fritura dos alimentos as operações variam com a temperatura, o tempo<strong>de</strong> aquecimento, natureza do óleo, insaturado ou saturado (gordura), tipo <strong>de</strong>alimento (biscoito, carne, peixe, crustáceos) e tecnologia usada (VARELA; RUIZ-ROSO, 1988).Dessa forma a escolha do óleo ou da gordura vegetal para o processo <strong>de</strong>fritura <strong>de</strong> um alimento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> vários fatores, <strong>de</strong>ntre eles a estabilida<strong>de</strong> quepo<strong>de</strong> ser avaliada pela capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservar, as suas proprieda<strong>de</strong>s físicasquímicas, quando ele é submetido a <strong>de</strong>terminadas condições <strong>de</strong> temperatura(ORTHOEFER, 1987; STEVENSON; VAISEY-GENSER; ESKIN, 1984).Do ponto <strong>de</strong> vista da estabilida<strong>de</strong> térmica do óleo, é <strong>de</strong>sejável trabalhar coma temperatura mais baixa possível, que forneça um produto <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.Entretanto, temperaturas <strong>de</strong> frituras menores do que as a<strong>de</strong>quadas (180-200ºC)provocam um aumento na absorção <strong>de</strong> óleo, <strong>de</strong>ixando o produto gorduroso(DOBARGANES; PÉREZ-CAMINO, 1991; TYAGI; VASISHTHA, 1996).O processo <strong>de</strong> fritura <strong>de</strong>senvolve características <strong>de</strong> odor, sabor, cor etextura que tornam os alimentos mais atraentes para o consumo. Além disso,consi<strong>de</strong>rando-se que uma parte do óleo usado como meio <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> caloré absorvido pelo alimento, torna o óleo um ingrediente do produto final. Devido a


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 26esse fator, existe a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um meio <strong>de</strong> fritura <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong> (QUAGLIA;COMENDADOR; FINOTI, 1998; LIU et al, 1996; ROSSELL, 1998; BOGNAR, 1998;).Durante o processo <strong>de</strong> fritura, ao mesmo tempo em que se transfere aoalimento algumas características organolépticas <strong>de</strong> sabor e textura <strong>de</strong>sejáveis, agordura sofre um complexo processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação, <strong>de</strong>vido fundamentalmente aação <strong>de</strong> três variáveis: a umida<strong>de</strong> e os eletrólitos cedidos pelos alimentos facilitam ahidrólise dos triglicerí<strong>de</strong>os; o oxigênio do ar, presente na zona superficial do sistema,intervém na alteração oxidativa, e por último, a temperatura elevada provocaalteração físico-química (STERVENSON; VAISEY-GENSER; ESKIN, 1984; LIU et al,1996;).Os resultados das associações <strong>de</strong>ssas três variáveis provocam inúmerasreações químicas: oxidação, polimerização, hidrólise, isomerização e ciclização,originando novas entida<strong>de</strong>s químicas: componentes voláteis, dímeros, monômeros<strong>de</strong> ácidos graxos cíclicos, triglicerí<strong>de</strong>os poliméricos, compostos oxidativos, ácidosgraxos livres, mono e diglicerídios, além <strong>de</strong> isômeros geométricos dos ácidos graxosinsaturados ou <strong>de</strong> forma trans (BLUMENTHAL; STIER, 1991; SEBEDIO;GRANGIRARD; PREVOST, 1982).GUNSTONE (1992) verificou que a insaturação dos ácidos graxos influenciaconsi<strong>de</strong>ravelmente a estabilida<strong>de</strong> oxidativa dos mesmos. Esse fato foi constatadoatravés dos estudos cinéticos das velocida<strong>de</strong>s relativas da auto-oxidação do metilésteres dos ácidos graxos insaturados da série C-18. As taxas relativas <strong>de</strong>autoxidação do metil-linoleato e metil-linolenato são respectivamente: 1:12:25. Asproporções <strong>de</strong>sses ácidos refletem na maior ou menor estabilida<strong>de</strong> oxidativa dosóleos vegetais comestíveis.


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 27Devido aos seus elevados teores <strong>de</strong> ácidos poli-insaturados eprincipalmente <strong>de</strong> ácido linoléico, os óleos líquidos estão sujeitos as oxidações. Asconcentrações <strong>de</strong> ácido linoléico nos óleos <strong>de</strong> girassol e <strong>de</strong> soja proporcionammenor estabilida<strong>de</strong> oxidativa <strong>de</strong>stes óleos, em relação aos outros óleos ricos emácidos graxos mono-insaturados, como os óleos <strong>de</strong> oliva e <strong>de</strong> amendoim. O óleo <strong>de</strong>soja, entretanto, comparado com o <strong>de</strong> girassol, é menos estável, uma vez que,possui 44 a 62% <strong>de</strong> ácido poli-insaturados e 4 a 11% <strong>de</strong> ácidos linolénico(QUINTEIRO; VIANNI, 1995).A estabilida<strong>de</strong> térmica do óleo <strong>de</strong> algodão em fritura, comparada a do óleo<strong>de</strong> soja, mostra que o óleo <strong>de</strong> algodão apresenta menor coloração e menorintensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> odor <strong>de</strong>sagradável no ambiente, durante o processo <strong>de</strong> fritura.Mesmo assim, o óleo <strong>de</strong> soja com alto teor <strong>de</strong> ácidos graxos poli-insaturados érelativamente estável quanto à oxidação e ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> odores<strong>de</strong>sagradáveis (LIU et al, 1996).O ponto <strong>de</strong> fumaça é certamente uma importante característica para osrestaurantes e donas <strong>de</strong> casa, na <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> <strong>de</strong>scartar os óleos <strong>de</strong> fritura. O ponto<strong>de</strong> fumaça <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, na maioria das vezes, dos ácidos graxos livres (AGL) e do pesomolecular dos ácidos graxos. Os óleos mais utilizados para fritar são baseados nosácidos graxos C16 e C18, sendo os AGL um fator controlador <strong>de</strong>sse parâmetro(PANTZARIS, 1998).GRAY (1978) concluiu que a formação <strong>de</strong> dienos conjugados, precursoresdos hidroperóxidos, sistemas que contém ácidos graxos poli-insaturados, ocorreparalelamente a reações <strong>de</strong> oxidação, cuja velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da temperatura.Quando a estrutura e as proprieda<strong>de</strong>s químicas peculiares a cada óleo sãomodificadas pela transesterificação, os óleos vegetais são, quase todos,


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 28intercambiáveis entre si para os diversos usos finais. Portanto, a opção entre umóleo e outro <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, basicamente, da preferência e da renda do consumidor. Compreços mais baixos, os óleos <strong>de</strong> soja e palma predominam no mercado <strong>de</strong> óleosvegetais (FREITAS, 2000).A facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise dos óleos para processo <strong>de</strong> fritura e a disponibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> equipamentos eficientes aliados a resultados exatos e reprodutíveis sãofundamentais para as avaliações das características que tornam apropriados osmétodos <strong>de</strong> controle dos tipos <strong>de</strong> óleos usados em uma indústria <strong>de</strong> alimentos(DOBARGANES; MARQUER-RUIZ, 1998).3.6.2. Degradação dos LipídiosA <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong> lipídios po<strong>de</strong> ocorrer por reação <strong>de</strong> oxidação, hidrólise,polimerização, pirólise e absorção <strong>de</strong> sabores e odores durante o processo <strong>de</strong>extração. Dentre estes fatores, a oxidação é a principal causa da <strong>de</strong>terioração <strong>de</strong>vários produtos, alterando as proprieda<strong>de</strong>s dos óleos como a ranci<strong>de</strong>z, o valornutricional, a funcionalida<strong>de</strong> e até a toxicida<strong>de</strong>. Esse conjunto <strong>de</strong> valores se opõe aqualida<strong>de</strong> dos produtos e freqüentemente resulta em rejeição do produto peloconsumidor (ARAÚJO, 1999).Diversos fatores como calor, luz, reações <strong>de</strong> ionização, traços <strong>de</strong> metais,presenças <strong>de</strong> metaloproteínas po<strong>de</strong>m influenciar as reações <strong>de</strong> oxidação pelalipoxigenase. Nos processos <strong>de</strong> frituras (180 o C), a maioria das reações químicasaumenta a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas reações e po<strong>de</strong>m ocorrer tanto nos lipídios saturadoscomo nos insaturados. Os ácidos graxos saturados são estáveis nas temperaturas


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 29<strong>de</strong> frituras e armazenamentos, e nos ácidos insaturados ocorrem reações <strong>de</strong><strong>de</strong>teriorização na presença <strong>de</strong> oxigênio e calor ou luz, com formação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>número <strong>de</strong> substâncias voláteis com sabor e odor in<strong>de</strong>sejáveis ao produto final(FISHER, 1998; GASPAROLI, 1998; SIMON et al, 2000).3.6.3. Alteração do Óleo em Processo <strong>de</strong> FrituraUm percentual expressivo <strong>de</strong> alimentos é produzido através <strong>de</strong> frituras emóleos ou gorduras (vegetais ou animais). Nesse processo o alimento é submerso emóleo aquecido (180 o C), suficiente para que se processe o cozimento mais rápido queem água, consi<strong>de</strong>rando que as temperaturas alcançadas pelo óleo são superiores aebulição em água ( 100 o C) (WONG, 1989).O processo <strong>de</strong> vaporização da umida<strong>de</strong> do alimento em processo <strong>de</strong> frituraaumenta a aeração no óleo, promovendo a hidrólise, quebra <strong>de</strong> ligações ésteres nosglicerí<strong>de</strong>os com formação <strong>de</strong> ácidos graxos livres, com conseqüente diminuição <strong>de</strong>seu ponto <strong>de</strong> fumaça. As substâncias voláteis responsáveis pelo "flavor" e odoresestranhos são <strong>de</strong>stiladas, logo que são formadas (MISTRY; MIN, 1992).Os hidroperóxidos formados nessas condições são imediatamentefragmentados, não conferindo sabor e odor, porém, formam produtos secundários,que respon<strong>de</strong>m pelo <strong>de</strong>senvolvimento da ranci<strong>de</strong>z. Muitos <strong>de</strong>sses produtos,especialmente os <strong>de</strong> baixo peso molecular, têm limiares <strong>de</strong> percepção muito baixos,ou seja, a oxidação <strong>de</strong> uma fração ínfima do óleo po<strong>de</strong> torná-lo inaceitável (HENRY,1998).


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 30Assim, as oxidações térmicas produzem reações <strong>de</strong> hidrólise e oxidação,catalisadas pelas altas temperaturas que interagem entre si produzindo diversosartefatos <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação classificados em compostos voláteis e não-voláteis.(DOBARGANES; PÉREZ-CAMINO, 1991)Os compostos voláteis são removidos do óleo <strong>de</strong> fritura por volatilização, namedida em que são formados. Os compostos não-voláteis acumulam-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong> oprincípio do processo e parte são removidos do óleo apenas por absorção nosalimentos em fritura (MEDINA-JUAREZ et al, 1998).As reações <strong>de</strong> polimerização dos óleos no processo <strong>de</strong> fritura promovemaumento na viscosida<strong>de</strong> do óleo, além <strong>de</strong> resultar na formação <strong>de</strong> monômeroscíclicos que são prejudiciais à saú<strong>de</strong>. Os polímeros produzidos por essas reações,juntamente com os ácidos graxos, são prontamente assimilados pelos sistemasdigestivos e linfáticos (PIERCE, 1984).O tratamento térmico na fritura, quando ultrapassa a temperatura <strong>de</strong> 200 o C,ou no aquecimento acima <strong>de</strong> 180 o C por um período <strong>de</strong> tempo prolongado,<strong>de</strong>compõe o alimento e adquire proprieda<strong>de</strong>s prejudiciais à saú<strong>de</strong>. Nesses óleos,usados na fritura, ocorrem diminuições do nível <strong>de</strong> ácidos graxos poli-insaturados edo índice <strong>de</strong> iodo e aumentos consi<strong>de</strong>ráveis da aci<strong>de</strong>z, do número <strong>de</strong> hidroxilas,elevação da viscosida<strong>de</strong> e aparecimento <strong>de</strong> oxipolímeros (DOBARGANES; PÉREZ-CAMINO, 1991; MORETTO; FETT, 1998; OLIVEIRA, 1994).Os processos <strong>de</strong> frituras promovem alterações físicas e químicas dos óleose gorduras resultando nas seguintes alterações: Alterações das proprieda<strong>de</strong>s organolépticas quanto a odores e saborestípicos <strong>de</strong> óleo ou gordura aquecidos a altas temperaturas;


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 31 Formação <strong>de</strong> espumas por substâncias surfactantes tensoativas,solubilizadas no óleo; Escurecimento do óleo <strong>de</strong> fritura <strong>de</strong>vido às substâncias oxidadas epigmentos solubilizados; Aumento da viscosida<strong>de</strong> do óleo ou gordura em conseqüência dasreações <strong>de</strong> polimerização; Formação <strong>de</strong> peróxidos, epóxidos, hidróxidos e cetonas. Diminuição do ponto <strong>de</strong> fumaça, relacionada à queima <strong>de</strong> ácidos graxoslivres;3.6.4. Mecanismos <strong>de</strong> Oxidação <strong>de</strong> LipídiosA auto-oxidação e a fotoxidação dos óleos e gorduras são os doismecanismos <strong>de</strong> oxidação <strong>de</strong> lipídios mais importantes para o entendimento econtrole dos processos <strong>de</strong> extração, estocagem e armazenamento <strong>de</strong>sses produtos(HAMILTON, 1998).O processo reativo da auto-oxidação envolve mecanismo autocatalítico <strong>de</strong>radicais livres, ocorrendo em três etapas básicas: indução, propagação eterminação.Na indução formam-se, a partir <strong>de</strong> ácidos graxos (RH), os primeiros radicaislivres (R . ), compostos com um elétron <strong>de</strong>semparelhado, altamente reativos. Ainiciação da reação ocorre em presença <strong>de</strong> calor ou luz, ampliada na presença <strong>de</strong>metais.


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 32Na propagação da reação envolve R .e O 2 , com formação <strong>de</strong> radicaisperoxila ROO, que produzindo novos radicais estabelece uma seqüência <strong>de</strong> reaçõesem ca<strong>de</strong>ia.E na etapa <strong>de</strong> terminação consiste em reações dos radicais entre si, comformação <strong>de</strong> composto estáveis (MISTRY; MIN, 1992).A fotoxidação caracteriza-se pela participação <strong>de</strong> Oxigênio singleto ( 1 O 2 ),que difere basicamente do estado fundamental, tripleto ( 3 O 2 ), por não ter elétron<strong>de</strong>semparelhado. O oxigênio singleto age cerca <strong>de</strong> 1500 vezes mais rápido que otripleto em regiões <strong>de</strong> alta <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> eletrônica, como ligações duplas C=C. Nosóleos comestíveis, o oxigênio singleto ( 1 O 2 ) é formado a partir do oxigênio tripleto( 3 O 2 ) através <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> energia luminosa por meio <strong>de</strong>fotossensibilizadores, como a clorofila e outros pigmentos (WONG, 1989).Uma vez formado, o oxigênio singleto reage diretamente com um carbonoparticular participante <strong>de</strong> uma dupla ligação C=O, produzindo peróxidos ouhidroperóxidos. A fotoxidação distingue-se da autoxidação por não envolver radicaislivres, po<strong>de</strong>ndo ser inibida por inativadores <strong>de</strong> Oxigênio singleto não porantioxidantes primários, mas sim por inativadores <strong>de</strong> 1 O 2 . (MISTRY; MIN, 1992).


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 333.7. Crataeva tapia L.Os membros da família Capparadaceae são árvores, arbustos ou maisraramente ervas e estão distribuídas em regiões mornas e tropicais, às vezes muitoáridas nos dois hemisférios do mundo. É constituída <strong>de</strong> 650 espécies distribuídas em30 gêneros. Algumas espécies po<strong>de</strong>m ser encontradas em cultivo, mas sóraramente (MCLEAN; BLUNDEN; JEWERS, 1996).A Crataeva tapia L., conhecida popularmente como trapiá ou cabaceiratambém é uma árvore da família das Caparidáceas. De porte médio, me<strong>de</strong> <strong>de</strong> 6 a 10metros <strong>de</strong> altura, com caule glabro e pardacento, folhas pecioladas, alternas,compostas <strong>de</strong> 8 folíolos oblongo-eléticos e glabros. Possui flores brancas em forma<strong>de</strong> cachos. Seus frutos são redondos, medindo cerca <strong>de</strong> 4 cm <strong>de</strong> diâmetro, lisos,ficando amarelados quando maduros. Possui polpa branca que envolve assementes, <strong>de</strong> sabor adocicado. Suas sementes são oleaginosas, <strong>de</strong> cor marromclara, medindo cerca <strong>de</strong> 1 cm (BALBACH, 1986; BRAGA, 1976).É uma árvore típica da Mata Atlântica, encontrada em várias regiões doBrasil como por exemplo no Vale do Jequitinhonha e no estado da Paraíba.Na medicina popular as cascas são usadas como tônico, estomáquico,antidisentérico, febrífugo e o fruto no combate as infecções do trato respiratório(BALBACH, 1986; BRAGA, 1976).Algumas espécies do gênero Crataeva possuem ativida<strong>de</strong> antiinflamatória eanti-artrite, como é o caso da Crataeva nurvala (GEETHA; VARALAKSHMI, 1999).


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 34Figura 1 – Frutos maduros <strong>de</strong> Crataeva tapia LFigura 2 – Árvore <strong>de</strong> trapiá (Crataeva tapia L)


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 354. MATERIAL E MÉTODOS4.1. Matéria-PrimaA matéria-prima empregada no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste trabalho foiconstituída <strong>de</strong> frutos maduros <strong>de</strong> Crataeva tapia L. (Família Capparidaceae),coletadas em 10 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2002, no Município <strong>de</strong> Riachão do Bacamarte,Avenida Central, Rodovia BR 230, KM 101, Estado da Paraíba.4.2. MetodologiaO <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta pesquisa foi realizado empregando-se váriasmetodologias consagradas para análises físicas, químicas, físico-químicas,toxicológicas e microbiológicas dos extratos das sementes (óleo) e das cascas dosfrutos maduros <strong>de</strong> trapiá (Crataeva tapia LIN). Foi realizada também análise daestabilida<strong>de</strong> térmica dos óleos das sementes, quando submetido ao processo <strong>de</strong>fritura, conforme fluxograma apresentado na Figura 3.


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 36Frutos Maduros<strong>de</strong> TrapiáAmostragemSecagem eTrituraçãoSementesCascasAnáliseCentesimalAnáliseCentesimalExtração SoxhletAvaliação Toxicológica,Citotoxicológica eMicrobiológica.Óleo BrutoÓleo RefinadoAvaliação Toxicológica,Microbiológica e <strong>de</strong> Toxicida<strong>de</strong>AgudaAnáliseFísico-químicaAnáliseFísico-químicaAnáliseComposiçãoÁcidos GraxosAnálise daEstabilida<strong>de</strong> TérmicaFigura 3 - Fluxograma do processamento das sementes e das cascas dosfrutos maduros <strong>de</strong> Crataeva tapia L., avaliações toxicológicas,microbiológicas e físico-químicas.


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 374.3. I<strong>de</strong>ntificação Botânica da PlantaO material coletado para i<strong>de</strong>ntificação das amostras da planta Crataevatapia L. foram em forma <strong>de</strong> galhos com folhas, flores e frutos. Na mesma coleta foireunido 5Kg <strong>de</strong> fruto maduro para obtenção das sementes <strong>de</strong> trapiá.As exsicatas confeccionadas foram <strong>de</strong>positadas no acervo do HerbárioLauro Pires Xavier do Departamento <strong>de</strong> Sistemática e Ecologia do <strong>Centro</strong> <strong>de</strong>Ciências Exatas e da Natureza da UFPB - Campus I, João Pessoa - PB.4.4. Seleção, Secagem e Trituração das Sementes <strong>de</strong> TrapiáSeleção: Após a coleta dos frutos e separação das sementes, foi realizadauma seleção das sementes <strong>de</strong> Crataeva tapia com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar o pesomédio <strong>de</strong> sementes dos frutos, além <strong>de</strong> realizar uma pré-seleção para a remoção <strong>de</strong>sementes com fungos, fermentadas ou com alguma característica imprópria para oprocessamento <strong>de</strong> secagem antes dos processos das sementes secas, realizadasatravés <strong>de</strong> uma seleção aleatória sobre o universo <strong>de</strong> sementes pré-selecionadas,<strong>de</strong>stinadas às etapas seguintes do processamento. Após esta seleção, foramexecutadas as análises para <strong>de</strong>terminação das proprieda<strong>de</strong>s físicas das sementes<strong>de</strong> trapiá.Secagem: Para o processo <strong>de</strong> secagem das sementes, foi utilizado umaestufa com secador do tipo ban<strong>de</strong>ja; aeração forçada e temperatura <strong>de</strong> 60 C, porum período consecutivo <strong>de</strong> 12 horas. Esse procedimento objetivou garantir à


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 38homogeneida<strong>de</strong> das sementes em relação à umida<strong>de</strong> ( 6%), como também parafacilitar a separação dos resíduos das cascas nas sementes.Trituração: As sementes da Crataeva tapia secas foram trituradas em umprocessador industrial e, em seguida, acondicionadas em recipientes <strong>de</strong> vidroslimpos, hermeticamente fechados para evitar contaminações ou oxidações. Apósesta etapa foram realizadas as análises para <strong>de</strong>terminar a composição centesimaldas sementes.As partes internas do processador, assim como todos os utensílios queentraram em contato com as sementes, foram lavadas previamente com soluções <strong>de</strong>cloro a 50 g/mL, sendo, em seguida, retirado o excesso <strong>de</strong>ste produto com águacorrente.4.5. Caracterização Física das SementesA caracterização física das sementes dos frutos maduros <strong>de</strong> trapiá (C. tapia)foi realizada através da <strong>de</strong>terminação do peso médio, largura, comprimento e daespessura <strong>de</strong> 150 sementes, utilizando para isso uma balança analítica e umpaquímetro.


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 394.6. Determinação da Composição Centesimal das SementesA composição centesimal <strong>de</strong> um produto alimentício, no nosso caso assementes <strong>de</strong> trapiá (C. tapia) informa sobre o seu valor nutritivo e correspon<strong>de</strong> àproporção dos grupos homogêneos e <strong>de</strong> substâncias por cada 100g <strong>de</strong> alimentos.Os grupos <strong>de</strong> substâncias ou proprieda<strong>de</strong>s consi<strong>de</strong>rados “homogêneos” são aquelesque se encontram praticamente em todos os alimentos: umida<strong>de</strong>; cinzas (ou resíduomineral); lipídios (ou extrato etéreo); protí<strong>de</strong>os (N x 6,25); fibras e carboidratos, esseúltimo <strong>de</strong>terminado por diferença. Para a realização <strong>de</strong>ssas análises foi seguida ametodologia preconizada pelo INSTITUTO ADOLFO LUTZ (SÃO PAULO, 1985).4.7. Extração dos Óleos das SementesAs extrações dos óleos vegetais brutos, contidos nas sementes <strong>de</strong> trapiá (C.tapia) foram realizadas em aparelho tipo Soxhlet, usando como solvente hexano emuma temperatura <strong>de</strong> 60ºC, por 12 horas consecutivas. O solvente foi separado norotavapor e o óleo obtido foi armazenado em recipiente <strong>de</strong> vidro e estocado emfreezer (-18ºC), para avaliações e análises posteriores.


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 404.8. Refinação do Óleo BrutoO óleo bruto extraído das sementes <strong>de</strong> Crataevae tapia foi refinado segundometodologia <strong>de</strong> Ogunsua e Badifu (1989), <strong>de</strong>scrita abaixo:Em um Erlenmeyer <strong>de</strong> 250mL, foi adicionado 80g <strong>de</strong> óleo bruto <strong>de</strong> trapiá eadicionado 2% do agente <strong>de</strong>gomante (água <strong>de</strong>stilada). A mistura foi aquecida a80ºC por 20 minutos, em uma chapa elétrica com agitador magnético. Após esteperíodo, a mistura foi centrifugada a 4.000 rpm por 5 minutos, havendo a separação<strong>de</strong> fase, e através do escoamento, a obtenção do óleo <strong>de</strong>gomado.Após a <strong>de</strong>gomagem, foi iniciado o processo <strong>de</strong> saponificação, que consistiuna reação entre o NaOH 15º Bé e o óleo <strong>de</strong>gomado, durante 20 minutos àtemperatura <strong>de</strong> 80ºC. Após esta etapa, a mistura foi centrifugada a 4.000 rpm por 5minutos, para a remoção do sabão através da separação <strong>de</strong> fase. Em seguida, oóleo foi passado para um funil <strong>de</strong> separação e lavado com 80 mL <strong>de</strong> água <strong>de</strong>stiladaa 80ºC, para a remoção do sabão residual. Por último o produto resultante foisubmetido a vácuo à temperatura <strong>de</strong> 90ºC, para a remoção da água residual noóleo.


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 414.9. Determinações Físico-Químicas do Óleo <strong>de</strong> TrapiáA análise da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> específica do óleo das sementes da Crataeva tapia(extraído conforme apresentado no item 4.7) foi <strong>de</strong>terminada <strong>de</strong> acordo com ométodo recomendado pela AOAC (1993), fazendo uso <strong>de</strong> um picnômetro através doqual foi calculada a relação <strong>de</strong> peso <strong>de</strong> um volume unitário da amostra <strong>de</strong> óleo à25ºC em relação ao peso da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> volume d´água a mesma temperatura.O Índice <strong>de</strong> refração do óleo das sementes da Crataeva tapia foi<strong>de</strong>terminado através <strong>de</strong> um refratômetro <strong>de</strong> Bausch & Lomb (AABÉ – 3L), segundometodologia <strong>de</strong>scrita pela AOAC (1993). O aparelho foi ajustado para 1,333, comágua <strong>de</strong>stilada à 20ºC e em seguida o índice <strong>de</strong> refração absoluto do óleo lido naescala.O Índice <strong>de</strong> iodo do óleo das sementes da Crataeva tapia (extraídoconforme metodologia no item 4.7) foi <strong>de</strong>terminado através da metodologia da AOAC(1993). Este método <strong>de</strong>termina, nas condições <strong>de</strong> prova, g/mL <strong>de</strong> oleato <strong>de</strong> sódio.Sabões alcalinos: Determinado através da metodologia da AOAC (1993).Expresso em % <strong>de</strong> ácido oléico ou em miligramas <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong> potássio porgrama da amostra.


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 42Índice <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>z: Determinado através da metodologia da AOAC (1993).Expresso em % <strong>de</strong> ácido oléico ou em miligrama <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong> potássiopor grama da amostra.Fósforo: A concentração <strong>de</strong> fósforo foi <strong>de</strong>terminada através da metodologiada AOAC (1993).Extinção específica: esse índice no óleo <strong>de</strong> trapiá (C. tapia) foi <strong>de</strong>terminadoatravés da metodologia da AOAC (1993). A análise <strong>de</strong> extinção específica <strong>de</strong>terminaespectrofotometricamente a absorbância <strong>de</strong> uma solução a 1% da amostra numsolvente específico, metanol, utilizando leitura ótica em cuba <strong>de</strong> 1 cm, em<strong>de</strong>terminado comprimento <strong>de</strong> onda da região ultravioleta. A extinção específica a232nm indica a presença <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> auto-oxidação: hidroperóxidos linoléicos edienos conjugados resultantes da sua <strong>de</strong>composição e no comprimento <strong>de</strong> onda <strong>de</strong>268nm, produtos secundários <strong>de</strong> auto-oxidação particularmente dicetonas etilênicase trienos conjugados.Índice <strong>de</strong> anisidina: Esse índice foi <strong>de</strong>terminado através da metodologiaAOAC (1993). O método <strong>de</strong>termina a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> al<strong>de</strong>ídos, (principalmente 2-alquenais e 2,4 dienais) em óleos e gorduras por reação em ácido acético <strong>de</strong>compostos al<strong>de</strong>ídicos no óleo e p-anisidina. É <strong>de</strong>finido como sendo 100 vezes a<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> ótica <strong>de</strong> uma solução, resultante da reação <strong>de</strong> 1 g <strong>de</strong> óleo (ou gordura)em 100mL da mistura <strong>de</strong> solventes e reagentes, medido no espectrofotõmetro a350nm em cubeta <strong>de</strong> 10mm (caminho ótico).


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 43Índice <strong>de</strong> peróxido: Esse índice no óleo <strong>de</strong> trapiá foi <strong>de</strong>terminado através dametodologia AOAC (1993).Clorofila: Esse índice no óleo <strong>de</strong> trapiá foi <strong>de</strong>terminado através dametodologia AOAC (1993), usado Colorímetro Lovibond PFX – 990. A absorção daclorofila no óleo foi medida na região do UV a 670nm.Cor: Essa proprieda<strong>de</strong> física do óleo <strong>de</strong> trapiá foi <strong>de</strong>terminada através dametodologia AOAC (1993), a qual estabelece a sistemática para a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong>cor em amostras <strong>de</strong> óleo através do Colorímetro Lovibond PFX – 990. Tratá-se <strong>de</strong>um instrumento automático para medidas <strong>de</strong> líquidos claros ou sólidostransparentes, <strong>de</strong>finindo as cores em termos <strong>de</strong> algumas séries da escala.4.10. Determinação da Composição do Óleo Refinado <strong>de</strong> Trapiá4.10.1. Preparação dos Ésteres MetílicosFoi adicionado em balão <strong>de</strong> fundo redondo <strong>de</strong> 50mL, 0,2g <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> trapiáe 3mL <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong> potássio metanólico 0,5N como reagente hidrolisante. Amistura reacional foi levada à ebulição, em refluxo com manta elétrica <strong>de</strong>aquecimento até obtenção <strong>de</strong> uma só fase. Em seguida, foram adicionados 7,5mL<strong>de</strong> solução <strong>de</strong> esterificação que é preparada adicionando-se 20g <strong>de</strong> cloreto <strong>de</strong>amônia (NH 4 Cl) a 600mL <strong>de</strong> metanol, acrescido <strong>de</strong> 30mL <strong>de</strong> ácido sulfúricoconcentrado. Esta mistura foi <strong>de</strong>ixada em refluxo por 15 minutos e utilizada para


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 44processar a transesterificação. Após um período <strong>de</strong> 3 minutos <strong>de</strong> ebulição, foiretirada da manta <strong>de</strong> aquecimento e a mistura reacional foi <strong>de</strong>ixada em repouso atécessar a ebulição.Após este período, a mistura foi transferida para um funil <strong>de</strong> separação eadicionados 25 mL <strong>de</strong> água <strong>de</strong>stilada e 12,5 mL <strong>de</strong> éter etílico e separado as fases.A fase etérea foi lavada três vezes com porções <strong>de</strong> 15 mL <strong>de</strong> água <strong>de</strong>stilada,<strong>de</strong>scartando a fase aquosa. No final da operação, a fase orgânica foi filtrada comsulfato <strong>de</strong> sódio anidro para a remoção <strong>de</strong> água residual, segundo a metodologia <strong>de</strong>Hartman e Lago (1973).4.10.2. I<strong>de</strong>ntificação dos Ésteres MetílicosAs i<strong>de</strong>ntificações dos constituintes majoritários do óleo das sementes <strong>de</strong>trapiá refinado foram realizadas através <strong>de</strong> cromatografia gasosa acoplada a umespectrômetro <strong>de</strong> massa dotado <strong>de</strong> uma espectroteca composta <strong>de</strong> 135.000compostos, utilizando-se o Cromatografo HP mo<strong>de</strong>lo H345.Através dos cromatogramas dos óleos foram i<strong>de</strong>ntificados como ésteresmetílicos dos ácidos graxos, através do tempo <strong>de</strong> retenção e da fragmentação doespectro <strong>de</strong> massa <strong>de</strong> cada constituinte, realizado automaticamente numaespectroteca, acoplado ao espectrometro <strong>de</strong> massa (EM) e, também, porcomparação com os dados obtidos através dos cromatogramas dos padrões <strong>de</strong>ésteres metílicos autênticos analisados nas mesmas condições. A composiçãoquantitativa dos ácidos graxos foi obtida por integração das áreas dos picos docromatograma da amostra <strong>de</strong> óleo. Foram consi<strong>de</strong>rados 100% a soma das áreas <strong>de</strong>todos os picos.


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 454.10.3. Condições cromatográficas <strong>de</strong> análise do óleo <strong>de</strong> Trapiá refinado.As condições <strong>de</strong> análises dos óleos <strong>de</strong> trapiá (Crataeva tapia), foram asseguintes:Coluna: capilar com sílica fundida (CP WAX 52CB) do tipo com filme <strong>de</strong>polietilenoglicol, indicada pelo fabricante para análises <strong>de</strong> ésteres <strong>de</strong> ácidos graxos.Comprimento da coluna: 10 metros.Diâmetro interno da coluna: 0,53mm.Espessura do filme: 0,1 m.Programa <strong>de</strong> temperatura <strong>de</strong> aquecimento forno/coluna: início 30 a 90ºC3 o C/min; 120 a 190ºC 4 o C/min e <strong>de</strong> 190 a 210ºC 5 o C/minInjetor: SplitTemperatura do injetor: 250ºCDetector: Ionizador <strong>de</strong> Chama (FID)Temperatura do <strong>de</strong>tector: 280ºCFluxo <strong>de</strong> gases: O hélio com compressão na cabeça da coluna <strong>de</strong> 5 bar eum fluxo na coluna <strong>de</strong> 10mL/min.


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 464.11. Avaliação Toxicológica do Óleo Bruto das Sementes <strong>de</strong> Crataeva tapia4.11.1. Consi<strong>de</strong>rações GeraisAs avaliações <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> do óleo das sementes <strong>de</strong> trapiá (Crataeva tapia)foram realizadas através <strong>de</strong> testes laboratoriais in vivo, da seguinte forma:toxicológica, sobre alevinos <strong>de</strong> Poecilia reticulata e citotoxicida<strong>de</strong> avaliada “in vivo”sobre micro larvas <strong>de</strong> Artemia salina.Os ensaios <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong>s laboratoriais realizadas in vitro e in vivo permitemuma avaliação preliminar das proprieda<strong>de</strong>s tóxicas <strong>de</strong> um produto alimentício oufarmacêutico, fornecendo informações sobre os riscos do seu consumo para asaú<strong>de</strong>. Essas avaliações são ainda mais importantes quando se trata <strong>de</strong> uso ouexposição <strong>de</strong> longa duração, como é o caso <strong>de</strong> óleos como alimento.Os resultados dos ensaios <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> aguda possibilitam obterinformações sobre o óleo em avaliação. Tais resultados, por sua vez servem comoreferência para a escolha <strong>de</strong> um regime <strong>de</strong> doses, para os ensaios sobre atoxicida<strong>de</strong> sub-crônica e crônica. A<strong>de</strong>mais, os resultados <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> agudafornecem informações iniciais sobre o mecanismo <strong>de</strong> ação toxicológica dasubstância ou produto.


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 474.11.2. Teste Toxicológico sobre Poecilia reticulataProcedimento ExperimentalPara realização dos testes toxicológicos, os alevinos Poecilia reticulataforam coletados no reservatório natural da Mata do Buraquinho do Município <strong>de</strong>João Pessoa/PB. Antes dos testes os alevinos foram aclimatados no laboratório peloperíodo <strong>de</strong> 24 horas, em água <strong>de</strong>stilada aerada, isto é, submetida à oxigenaçãoforçada e os alevinos à alimentação a base <strong>de</strong> ração para peixe (AlconKOR ).A solução teste foi preparada dissolvendo-se 0,1g do óleo refinado dassementes <strong>de</strong> trapiá em água <strong>de</strong>stilada com auxílio <strong>de</strong> duas gotas <strong>de</strong> tween-80,tensoativo que melhora a solubilização do soluto, até obter 1000mL da solução. Estasolução correspon<strong>de</strong> à concentração <strong>de</strong> 1000 g/mL. As <strong>de</strong>mais soluções <strong>de</strong>concentração inferior (25 g/mL, 50 g/mL e 100 g/mL), foram obtidas a partir dadiluição da solução inicial.Grupos <strong>de</strong> <strong>de</strong>z alevinos guarú (Poecilia reticulata), foram submetidos àconcentração <strong>de</strong> 25, 50 e 100 g/mL da solução teste do óleo, separadamente, embeckers contendo 400mL das soluções, pelo período <strong>de</strong> 24 horas. Foi utilizado umgrupo controle contendo apenas tween-80, com idêntico número <strong>de</strong> alevinos P.reticulata, os quais foram submetidos aos mesmos procedimentos experimentais queos grupos tratados com o produto em estudo, porém foram utilizados para efeitoscomparativos do veículo, segundo a metodologia <strong>de</strong> ALMEIDA et al. (1985). O nível<strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> foi <strong>de</strong>terminado após o período <strong>de</strong> 24 horas e os ensaios foramrealizados em duplicata, com três repetições.


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 484.11.3. Avaliação Citotóxica do óleo <strong>de</strong> Trapiá sobre Larvas <strong>de</strong> Arthemia salinaProcedimento ExperimentalEclosão dos ovos: Os ovos <strong>de</strong> Arthemia salina foram postos para eclodiremem água salina tratada, segundo método <strong>de</strong> foto-exposição com exposição <strong>de</strong> luzusando lâmpada <strong>de</strong> 40 watts e a aeração constante da água foi realizada usandobomba <strong>de</strong> ar <strong>de</strong> aquário.Tratamento da água: a água salina do mar utilizada no bioensaio, foicoletada na praia <strong>de</strong> Cabo Branco – João Pessoa – PB e submetida à filtração avácuo e a correção <strong>de</strong> sólidos totais para 18g/L foi feita com adição <strong>de</strong> NaCl.Preparo das amostras: a solução teste usando óleo <strong>de</strong> trapiá (C. tapia) foipreparada obe<strong>de</strong>cendo às condições realizadas com os alevinos P. reticulata,apresentados na metodologia 4.11.2.Bioensaio: Na avaliação citotóxica foi utilizada <strong>de</strong>z larvas recém eclodidas<strong>de</strong> Arthemia salina, colocadas em cada um dos três tubos <strong>de</strong> ensaio, contendo assoluções solubilizada <strong>de</strong> óleo bruto das sementes <strong>de</strong> trapiá (C. tapia), nasconcentrações <strong>de</strong> 25, 50 e 100 g/mL, seguindo o método <strong>de</strong> Fortenelle (1988). Umagota <strong>de</strong> suspensão <strong>de</strong> extrato <strong>de</strong> leveduras (6mg/10mL <strong>de</strong> água do mar) foiadicionada a cada recipiente como fonte <strong>de</strong> nutriente. Os tubos <strong>de</strong> ensaio forammantidos sob iluminação e as larvas sobreviventes foram contadas após 24 horas.Foi utilizado um grupo controle, contendo apenas uma solução <strong>de</strong> tween-80,submetido ao mesmo procedimento experimental que os grupos tratados com o


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 49produto <strong>de</strong> trapiá em estudo, contendo idêntico número <strong>de</strong> larvas, para efeitoscomparativos do veículo. Para cada amostra foram realizados testes <strong>de</strong> avaliaçãoem duplicata com três repetições.4.11.4. Toxicida<strong>de</strong> Aguda sobre CamundongosOs efeitos gerais do óleo bruto <strong>de</strong> trapiá na dose <strong>de</strong> 2g/kg por via oral foramtestados em camundongos albinos Swiss pesando 25-35g. Os animais foramdistribuídos em grupos <strong>de</strong> 8, sendo que, em cada grupo, um dos animais recebeuapenas o veículo (controle). Após a administração, os animais foram observadoscuidadosamente por 14 dias, numa superfície plana e cercada, para reproduzir oefeito tóxico provável pelo consumo exacerbado do óleo <strong>de</strong> trapiá em humanos(MALONE, 1977).Também foram realizadas avaliações comportamentais dos animais duranteo ensaio (pêlos, pele, mucosas, tremores, convulsões, salivação, diarréia ou comados animais).


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 504.12. Avaliação Microbiológica do Óleo Bruto e do Extrato Hidroalcoólico dasCascas dos Frutos <strong>de</strong> Trapiá.O óleo bruto e o extrato hidroalcoólico das cascas dos frutos, secos emoídos foram obtidos através <strong>de</strong> extração em Soxhlet utilizando n-hexano e solução<strong>de</strong> etanol /água (8:2) respectivamente. Os testes microbiológicos foram realizadossobre as bactérias Staphylococcus aureus, Escherichia coli e Pseudomonasaeruginosa nas concentrações <strong>de</strong> 5.000, 2500, 1250, 625 e 312g/mL em meiosólido Ágar Casoy.A técnica utilizada foi a <strong>de</strong> difusão em meio sólido. Em placas <strong>de</strong> Petriesterilizadas, foi colocado um mililitro da suspensão dos microrganismos em soluçãosalina estéril a 0,9%, padronizada pela suspensão <strong>de</strong> sulfato <strong>de</strong> bário, tubo 0,5 daescala <strong>de</strong> McFarland e ajustada para 90%T(530nm), correspon<strong>de</strong>ndo a 10 6 UFC. Emseguida, foram adicionados vinte e um mililitros do meio Ágar Casoy e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>solidificado, fez-se cavida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 6 a 8mm <strong>de</strong> diâmetro, on<strong>de</strong> foram <strong>de</strong>positados50 L do extrato e do óleo. Foram feitos controles para cada microrganismo com oantibiótico gentamicina na concentração <strong>de</strong> 2,5 g/mL. Os ensaios foram incubadosdurante 24 e 48 horas (BARRY, 1976).


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 514.13. Avaliação da Estabilida<strong>de</strong> Térmica do Óleo Refinado <strong>de</strong> Trapiá (C. tapia)4.13.1. Avaliação da Estabilida<strong>de</strong> Térmica do Óleo <strong>de</strong> Trapiá Comparado ao daSoja, Utilizando Termogravimetria.Na avaliação comparativa da estabilida<strong>de</strong> térmica foram analisados doisóleos vegetais refinados, o óleo <strong>de</strong> trapiá (C. tapia) e o óleo <strong>de</strong> soja. O óleo <strong>de</strong> trapiáfoi extraído e refinado conforme <strong>de</strong>scrição anterior e o óleo <strong>de</strong> soja foi adquirido,<strong>de</strong>ntro do prazo <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> em Junho <strong>de</strong> 2003, no comércio do Município <strong>de</strong> JoãoPessoa – PB, <strong>de</strong>vidamente acondicionado em frascos plástico.As avaliações da estabilida<strong>de</strong> térmica dos dois óleos foram <strong>de</strong>terminadasatravés das curvas termogravimétricas obtidas em uma balança, marca SHIMADZU,mo<strong>de</strong>lo TGA-50, sob atmosfera <strong>de</strong> ar. As análises foram realizadas utilizando osmétodos isotérmicos e não-isotérmicos <strong>de</strong> análise térmica. O aparelho (balança) édotado <strong>de</strong> um software científico, o qual foi usado para auxiliar as análises <strong>de</strong> perdas<strong>de</strong> massa durante o aquecimento das amostras.Inicialmente, foi pesado cerca <strong>de</strong> 8 mg das amostras dos dois óleos, osquais foram submetidos, separadamente, a uma programação <strong>de</strong> aquecimento comgradiente <strong>de</strong> temperatura <strong>de</strong> 10ºC/min até a máxima <strong>de</strong> 500ºC, correspon<strong>de</strong>ndo aum período <strong>de</strong> aquecimento consecutivo <strong>de</strong> 50 minutos.Foi procedida também uma avaliação termogravimétrica com aquecimentoconstante (isotérmica) <strong>de</strong> 180ºC, por um período <strong>de</strong> 400 minutos consecutivos, parao óleo <strong>de</strong> trapiá (C. tapia) e <strong>de</strong> soja, separadamente. Foram utilizadas as mesmascondições <strong>de</strong> amostragem e análises, para os dois produtos, da mesma forma que


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 52foram as análises termogravimétricas usando gradiente <strong>de</strong> temperatura, <strong>de</strong>scritasinicialmente.4.13.2. Avaliação do Efeito do Recipiente sobre Estabilida<strong>de</strong> dos Óleos <strong>de</strong>Trapiá (C. tapia) e <strong>de</strong> Soja sobre Aquecimento <strong>de</strong> Fritura.Os óleos refinados <strong>de</strong> trapiá (C. tapia) e <strong>de</strong> soja, utilizados nesta avaliação,foram submetidos a processos <strong>de</strong> aquecimentos programados e aos mesmosprocedimentos analíticos, executados da seguinte forma:Duas amostras <strong>de</strong> 250mL <strong>de</strong> cada óleo, (trapiá e <strong>de</strong> soja) foram aquecidasem recipiente <strong>de</strong> alumínio e <strong>de</strong> vidro, à temperatura <strong>de</strong> fritura industrial (1805ºC),separadamente, <strong>de</strong> modo ininterrupto e simultaneamente, pelos períodos <strong>de</strong> 4, 8,16, 24, e <strong>de</strong> 48 horas. O aquecimento foi realizado sobre uma chapa térmicacontrolada por um termopar digital e por termômetros <strong>de</strong> imersão nos óleos, àpressão atmosférica.Foram retiradas alíquotas <strong>de</strong> 5,0 mL <strong>de</strong> cada amostra <strong>de</strong> cada óleo, antes<strong>de</strong> iniciar o tratamento térmico e após 4, 8, 16, 24 e 48 horas <strong>de</strong> aquecimento,respectivamente. Todas as alíquotas coletadas foram acondicionadas em recipientes<strong>de</strong> vidro; etiquetadas e em seguida estocadas em freezer a temperatura em torno <strong>de</strong>-18ºC, até a realização das análises químicas, físicas e cromatográficas.Os monitoramentos e as avaliações dos processos <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> térmicados dois óleos vegetais foram comparados através dos resultados das análisesquímicas e físico-químicas: índices <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>z, anisidina, dienos e trienosconjugados; analises colorimétricas e termogravimétricas, AOAC (1993).


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 535. RESULTADOS E DISCUSSÃO5.1. I<strong>de</strong>ntificação Botânica da Planta em EstudoAtravés das exsicatas confeccionadas com galhos, folhas, flores e frutos daespécie <strong>de</strong> planta em estudo foi confirmada sua i<strong>de</strong>ntificação botânica comoCrataeva tapia L., pertencente à família Capparadaceae. As excicatas foram<strong>de</strong>positadas no Herbário Lauro Pires Xavier do Departamento <strong>de</strong> Sistemática eEcologia - CCEN/UFPB – Campus I – João Pessoa - Paraíba.5.2. Processo <strong>de</strong> Secagem do Material VegetalA secagem das sementes <strong>de</strong> trapiá (C. tapia), realizadas à temperatura <strong>de</strong>60 o C, possibilitou e <strong>de</strong>terminação da umida<strong>de</strong> (6,8%), a qual permitiu a conservaçãodas sementes em temperatura ambiente, sem ocorrência ou <strong>de</strong>senvolvimentosuperficial <strong>de</strong> fungos, durante todo o período em que as mesmas permanecemarmazenadas. Foi observada, também, que tais condições <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> propicia umaboa separação das cascas das amêndoas.


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 545.3. Caracterização Física das Sementes <strong>de</strong> TrapiáOs resultados das caracterizações físicas das sementes <strong>de</strong> trapiá (C. tapia)estão apresentados nas Tabelas 5 e 6. Os frutos <strong>de</strong> trapiá apresentam, em média,56 sementes e pesam 56,4g. As sementes representam 19,2% do peso do fruto,correspon<strong>de</strong>ndo, em média, 10,83g.Tabela 5 - Resultados (médias <strong>de</strong>svio padrão) da caracterização física dos frutosmaduros e das sementes <strong>de</strong> trapiá (Crataeva tapia).N oDados dos Frutos e das Sementes(médiasResultados<strong>de</strong>svio padrão)1 Peso Medio do Fruto (g) 56,4 1,8002 Peso Médio das Semente (g) / Fruto 10,83 0,3463 Número <strong>de</strong> Sementes / Fruto (Unid) 56,40 9,2524 Percentual do peso das Sementes / Fruto 19,20 0,610Na Tabela 6 po<strong>de</strong>-se verificar que as sementes <strong>de</strong> trapiá apresentaram 63,3%<strong>de</strong> amêndoas em relação ao seu peso total e, portanto, a maior parte das sementesé constituída <strong>de</strong> amêndoas. O diâmetro médio das sementes foi <strong>de</strong> 0,25cm comespessura média <strong>de</strong> 0,029cm. O peso médio unitário das sementes <strong>de</strong> trapiá foi <strong>de</strong>0,192g. A partir <strong>de</strong>sses dados po<strong>de</strong>-se concluir que as sementes <strong>de</strong> trapiá sãorelativamente homogêneas e próximas aos tamanhos das sementes <strong>de</strong> soja,conforme Tabela 6 apresentada abaixo:


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 55Tabela 6 - Resultados (médias <strong>de</strong>svio padrão) das caracterizações das sementes<strong>de</strong> Crataeva tapia (trapiá) e <strong>de</strong> Glycine max (soja).ParâmetrosTrapiáSementesSoja*Espessura da semente (cm) 0,029 0,004 -Diâmetro da semente (cm) 0,251 0,030 0,221 0,009Peso da semente (g) 0,192 0,005 0,211 0,008Peso cascas/sementes (%) 36,71 0,951 31,83 1,241Peso amêndoa/sementes (%) 63,30 1,648 68,24 2,661Peso cascas / Amêndoa 0,579 0,015 0,47 0,012* Soja varieda<strong>de</strong> BRS 36 comercialOs resultados apresentados na Tabela 6 mostram que as sementes <strong>de</strong>trapiá são equivalentes em tamanho (0,25cm) ao das sementes <strong>de</strong> soja (0,22cm).Comparativamente, o peso (massa) das sementes <strong>de</strong> trapiá (0,192g) são 9,0%inferiores ao peso das sementes <strong>de</strong> soja (0,211g).Através <strong>de</strong>ssas análises físicas comparativas po<strong>de</strong>-se concluir que assementes <strong>de</strong> trapiá são próximas as da soja, mas superiores (174,5%) as sementes<strong>de</strong> colza (0,11g). Essas informações são fundamentais para os estudos da produçãoe <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> agrícola das sementes, com vistas à produção <strong>de</strong> óleos vegetais.(MINUSSI, 1984).


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 565.4. Determinação da Composição Centesimal das Cascas e das Sementes <strong>de</strong>TrapiáOs resultados das análises para a <strong>de</strong>terminação da composição centesimaldas sementes e das cascas <strong>de</strong> Crataeva tapia, correspon<strong>de</strong>ntes aos teores <strong>de</strong>umida<strong>de</strong>, cinza, lipídios, proteínas, fibras e <strong>de</strong> carboidratos, estão apresentados naTabela 7.Tabela 7 - Composição centesimal (média <strong>de</strong>svio padrão) da casca e dassementes <strong>de</strong> trapiá (Crataeva tapia), em g/100g.ParâmetroSementeTeores (g/100g)CascaUmida<strong>de</strong> 1 9,99 0,09 12,53 0,06Lipídios 1 19,60 0,08 8,69 1,55Proteína 1 22,83 0,16 9,12 0,18Fibra 1 1,44 0,07 7,26 0,20Cinza 1 2,35 0,10 2,50 0,09Carboidrato 2 43,79 0,04 59,90 0,071 - Os teores <strong>de</strong> cada parâmetro, representam a média <strong>de</strong> três amostras analisadas.2 - Os carboidratos (sem as fibras) foram <strong>de</strong>terminados pela diferença dos valores obtidos.Na Tabela 7 po<strong>de</strong> ser verificado que as sementes <strong>de</strong> trapiá apresentaramum excelente conteúdo <strong>de</strong> lipídios (19,6%), e <strong>de</strong> proteínas (22,8%). Os resultadosdas análises mostram ainda teores baixos <strong>de</strong> cinzas (2,35%) e <strong>de</strong> fibras (1,44%). Osteores <strong>de</strong> lipí<strong>de</strong>os das sementes <strong>de</strong> trapiá (Crataeva tapia) as tornam umapromissora fonte para obtenção <strong>de</strong> óleo vegetal, comparada aos frutos e sementes<strong>de</strong> oleaginosas comercializadas, como soja (19-23%), algodão (19%), <strong>de</strong>ndê (18-


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 5722%) e milho (4%). No entanto, os teores <strong>de</strong> lipí<strong>de</strong>os das sementes <strong>de</strong> trapiá sãoinferiores aos <strong>de</strong> colza (45%) e aos <strong>de</strong> girassol (40%) (BARCELOS et al. 1987;BOAS, 2002; HARTLEY,1977).5.5. Extração e Proprieda<strong>de</strong>s Físico-Químicas do Óleo Bruto das Sementes <strong>de</strong>Trapiá (Crataeva tapia)Na extração do óleo bruto <strong>de</strong> trapiá (C. tapia) em aparelho Soxhlet, utilizousecomo solvente o n-hexano, tendo em vista que este solvente é utilizado nosprocessos industriais <strong>de</strong> extração <strong>de</strong> óleos vegetais. A extração foi consi<strong>de</strong>radasatisfatória, uma vez que o óleo extraído <strong>de</strong> trapiá apresentou cor límpida e ausência<strong>de</strong> odor característico <strong>de</strong> solvente residual, confirmado por análise cromatográfica(CG).Quanto ao rendimento, o óleo bruto <strong>de</strong> trapiá apresentou 19,6% em relaçãoao peso seco das sementes. Esse valor coloca as sementes dos frutos maduros <strong>de</strong>trapiá (C. tapia) no mesmo patamar das sementes <strong>de</strong> soja (19-23%) ou dassementes <strong>de</strong> algodão (19%) (BARCELOS et al. 1987; BOAS, 2002).Os resultados das proprieda<strong>de</strong>s físico-químicas do óleo bruto das sementes<strong>de</strong> trapiá estão expressos na Tabela 8.


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 58Tabela 8 - Resultados das análises físico-químicas do óleo bruto dassementes dos frutos <strong>de</strong> trapiá (C. tapia).ANÁLISESResultadosCorAmarelaVermelhaAzul22,06,6AusenteClorofila ( g/mL)AusenteAci<strong>de</strong>z (% mg KOH/g) 2,28Fósforo ( g/mL) 41,0198Ponto <strong>de</strong> gotejamento Mettler ( o C) 20,8Índice <strong>de</strong> Iodo (Wijs) 56,9Índice <strong>de</strong> refração (20 o C) 1,462Índice <strong>de</strong> peróxido (mEq/kg) 3,17Índice <strong>de</strong> Saponificação (mg KOH/g) 140Densida<strong>de</strong> específica (g/mL) 0,883O óleo bruto das sementes <strong>de</strong> trapiá apresentou uma cor amarelaalaranjada, comprovado na série <strong>de</strong> escala <strong>de</strong> cores do aparelho Lovibond, amarelo(22,0) e vermelha (6,6) superior a do milho (amarelo 12,0 e vermelho 1,9); próxima àcor do óleo da amêndoa dos frutos <strong>de</strong>ndê (amarelo 40,0 e vermelho 4,6). Este fatopo<strong>de</strong> ser justificado, também, pela a ausência <strong>de</strong> clorofila e elevada concentração <strong>de</strong>cor vermelha, em relação à amarela. A cor <strong>de</strong> um óleo comestível é um importanteparâmetro da qualida<strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>rando que o processo <strong>de</strong> refino, freqüentemente, ébaseado através da coloração inicial do óleo bruto para obtenção do produtoacabado (WAN, 1995; WAN, 1997).Comercialmente, a cor <strong>de</strong> um produto é tão importante que somente esseparâmetro po<strong>de</strong> ser usado para a aceitação ou rejeição <strong>de</strong> um produto no comércio


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 59consumidor. Neste contexto o óleo das sementes <strong>de</strong> trapiá apresentou uma coramarela/alaranjada cristalina, e odor peculiar a sua origem.O óleo <strong>de</strong> trapiá apresentou proprieda<strong>de</strong>s físicas e químicas típicas <strong>de</strong> óleosvegetais convencionais usados para fins alimentícios. Conforme os dadosapresentados na Tabela 8, po<strong>de</strong> ser verificado que o referido óleo apresentoucaracterísticas físico-químicas satisfatórias para processamento <strong>de</strong> refino, a saber:índice <strong>de</strong> saponificação <strong>de</strong> 140 mg KOH/g e concentração <strong>de</strong> fósforo <strong>de</strong> 41,0198µ/mL. Esses dois valores têm efeito direto na etapa <strong>de</strong> neutralização e clarificaçãodo óleo vegetal, consi<strong>de</strong>rando que menores quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ácidos orgânicos e <strong>de</strong>álcalis são necessárias no processo, com diminuição da perda <strong>de</strong> óleo neutro sobforma <strong>de</strong> sabão (MORETTO; FETT, 1998).O resultado encontrado nas análises do índice <strong>de</strong> iodo (56,9) e do ponto <strong>de</strong>gotejamento (20,8 o C), foram condizentes com o comportamento do óleo <strong>de</strong> trapiá àtemperatura ambiente, apresentando um óleo <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> relativamente elevada,comparado ao óleo <strong>de</strong> soja. Tais características físico-químicas fazem com que oóleo das sementes dos frutos maduro <strong>de</strong> trapiá (C. tapia) seja próximo ascaracterísticas do óleo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ndê (Elaeis guineensis), que apresenta índice <strong>de</strong> iodoentre 50-60, cor amarela/alaranjado e, viscoso a temperaturas baixas (BRASIL,1999).O óleo bruto <strong>de</strong> trapiá (C. tapia) apresentou índices <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>z <strong>de</strong> 2,28% e<strong>de</strong> índices <strong>de</strong> peróxido <strong>de</strong> 3,17 mEq/Kg, comparáveis ao óleo <strong>de</strong> soja, que possuivariação no índice <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>z <strong>de</strong> 2 a 5% e índice <strong>de</strong> peróxido em torno <strong>de</strong> 10 mEq/Kg(BRASIL, 1999).


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 605.6. Composição em Ácidos Graxos do Óleo Refinado <strong>de</strong> Trapiá (Crataevatapia)Os resultados das análises por (CG/EM) dos constituintes em ácidos graxosmajoritários nos óleos refinados extraídos das sementes dos frutos maduros trapiá(C. tapia), conforme metodologia apresentada no item 4.10 estão apresentados, comos respectivos percentuais, na Tabela 9.Os resultados das análises da composição do óleo das sementes <strong>de</strong> trapiáressaltam o percentual <strong>de</strong> ácidos graxos saturados, em torno <strong>de</strong> 47%, havendo apredominância do ácido palmítico (16:0) com percentual (média) <strong>de</strong> 38,4% e doácido esteárico (18:0) com 8,7%. Os percentuais <strong>de</strong>sses constituintes majoritáriosfazem com que o óleo <strong>de</strong> trapiá se aproxime do óleo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ndê, o qual apresenta emmédia 41% <strong>de</strong> ácido palmítico e 5,1% ácido esteárico, perfazendo um total em torno<strong>de</strong> 50% <strong>de</strong> ácidos saturados (BRASIL, 1999).


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 61Tabela 9 - Composição dos ácidos graxos majoritários do óleo das sementes dosfrutos maduros <strong>de</strong> trapiá (Crataeva tapia L.), obtida através <strong>de</strong> CG/EM.NomenclaturaVulgarInsaturações Nomenclatura Oficial Valor (%)Ácidos Graxos SaturadosÁcido láurico (12:0) Ácido do<strong>de</strong>canóico 0,10 – 0,11Ácido mirístico (14:0) Ácido tetra<strong>de</strong>canóico 0,99 – 1,09Ácido palmítico (16:0) Ácido hexa<strong>de</strong>canóico 35,4 – 41,30Ácido esteárico (18:0) Ácido octa<strong>de</strong>nóico 7,66 – 9,82Ácido araquídico (20:0) Ácido eicosanóico 0,37 – 0,49Ácidos Graxos Mono-insaturadosÁcido oléico (18:1) Ácido 9-octa<strong>de</strong>cenói<strong>de</strong> 28,53- 33,14Ácidos Graxos Poli-insaturadosÁcido linoléico (18:2) Ácido 9,12-octa<strong>de</strong>cenóico 6,66 – 7,65Ácido linolênico (18:3) Ác. 9,12,15-octa<strong>de</strong>catrienóico 0,07 - 0,08Quanto ao teor <strong>de</strong> ácidos graxos insaturados, os componentes majoritáriosdos óleos das sementes <strong>de</strong> trapiá no cromatograma foram: o ácido oléico com30,8% e o ácido linoléico com 7,2%.Pelo exposto, o óleo <strong>de</strong> trapiá apresenta uma composição lipídica <strong>de</strong>componentes na relação <strong>de</strong> ácidos graxos saturados/insaturados <strong>de</strong>ntro das médiasdos óleos vegetais convencionais, usados nos processos <strong>de</strong> frituras industriais. Areunião <strong>de</strong>sses dados caracteriza o óleo das sementes <strong>de</strong> trapiá como um produtosaturado, viscoso <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> média à temperatura ambiente.


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 62Figura 4 – Cromatograma (CG/EM) do óleo extraído das sementes <strong>de</strong> trapiá(Crataeva tapia L.)


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 635.7. Avaliação Toxicológica do Óleo das sementes <strong>de</strong> Trapiá5.7.1 Toxicida<strong>de</strong> e Citotoxicida<strong>de</strong>Os resultados das avaliações da toxicida<strong>de</strong> do óleo das sementes <strong>de</strong> trapiá(C. tapia) sobre alevinos Poecilia reticulata, animais extremamente sensíveis quantoà toxicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> substâncias e extratos vegetais estão apresentados na Tabela 10 eos dados sobre citotocida<strong>de</strong> sobre microlarvas <strong>de</strong> Arthemia salina estãoapresentados na Tabela 11.Tabela 10 - Resultados dos testes <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> do óleo das sementes <strong>de</strong> trapiá (C.tapia) sobre Poecilia reticulada, nas concentrações <strong>de</strong> 25, 50 e 100g/mL.Concentração( g/mL)Percentual <strong>de</strong> Mortalida<strong>de</strong>Óleodas sementesBranco25 0/10 0/1050 0/10 0/10100 0/10 0/100 - sem ocorrência <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong>.Tabela 11 - Resultados da citotoxicida<strong>de</strong> do óleo das sementes <strong>de</strong> trapiá (Crataevatapiá) sobre microlarvas <strong>de</strong> Arthemia salina nas concentrações <strong>de</strong> 25,50 e 100 g/mL.Concentração( g/mL)Percentual <strong>de</strong> Mortalida<strong>de</strong>Óleodas sementesBranco25 0/10 0/1050 0/10 0/10100 0/10 0/100 - sem ocorrência <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong>.


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 64A partir dos resultados das avaliações com óleo <strong>de</strong> trapiá, foi verificado quenão ocorreu nenhuma mortalida<strong>de</strong> nos alevinos <strong>de</strong> Poecilia reticulata quandosubmetidos às concentrações <strong>de</strong> até 100µg/mL. O mesmo resultado (negativo) foiobtido com as microlarvas <strong>de</strong> Artemia salina, nas concentrações <strong>de</strong> até 100µg/mL.Através <strong>de</strong>sses resultados, concluiu-se que o óleo das sementes <strong>de</strong> trapiá (Crataevatapia L.) não apresentou indícios <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> e nem citotoxicida<strong>de</strong>.5.7.2. Toxicida<strong>de</strong> agudaPor se tratar <strong>de</strong> uma avaliação toxicológica <strong>de</strong> um óleo vegetal para finsalimentícios, mesmo com os resultados toxicológicos e citotóxicos negativos,apresentados anteriores; foi realizada uma avaliação <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> aguda, usando oóleo das sementes <strong>de</strong> trapiá, em doses <strong>de</strong> até 2,0 g/kg <strong>de</strong> animal (via oral), emcamundongos. Os resultados obtidos mostram que, mesmo em doses elevadas nãoocorreu nenhuma mortalida<strong>de</strong> dos camundongos sob efeito do óleo, ou seja, até adose <strong>de</strong> 2,0 g/kg utilizada (v.o.) o óleo <strong>de</strong> trapiá não foi tóxico. Esse resultadosignifica ou representa o consumo <strong>de</strong> um homem adulto <strong>de</strong> 80kg ingerir <strong>de</strong> uma sóvez, mais <strong>de</strong> 160mL do óleo <strong>de</strong> trapiá.Em relação ao comportamento dos animais, os resultados mostraram quenão houve alterações nos pêlos, na pele, nas mucosas, tremores, convulsões,salivação, diarréia e/ou coma nos animais.Apesar do óleo <strong>de</strong> trapiá não ter apresentado toxicida<strong>de</strong> é necessáriorealizar novos testes <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> (sub-crônica e crônica) com animais roedores e


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 65não-roedores, a fim <strong>de</strong> gerar novos dados, com resultados que garantam asegurança do seu uso contínuo na alimentação humana.5.8. Resultado das Avaliações Microbiológicas do Extrato Hidroalcoólico dasCascas dos Frutos e do Óleo das Sementes <strong>de</strong> TrapiáDe acordo com a Tabela 12, não foi observada ativida<strong>de</strong> bactericida no óleobruto e nem no extrato hidroalcoólico das cascas dos frutos maduros <strong>de</strong> trapiá.Tabela 12 - Resultados dos testes microbiológicos do óleo e extrato hidroalcoólicodas cascas do fruto <strong>de</strong> trapiá sobre as bactérias Staphylococcusaureus (SA), Escherichia coli (EC) e Pseudomonas aeruginosa (PA).Concentrações( g/mL)Óleo <strong>de</strong> trapiáExtrato hidroalcoólicodas cascas dos frutosSA EC PA SA EC PA5000 - - - - - -2500 - - - - - -1250 - - - - - -625 - - - - - -312 - - - - - -( - ) sem ativida<strong>de</strong> inibitória


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 665.9. Estabilida<strong>de</strong> dos Óleos Vegetais5.9.1. Avaliação da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo refinado <strong>de</strong> Trapiá (C. tapia), Durante oPeríodo <strong>de</strong> Estocagem.As avaliações <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> do óleo refinado <strong>de</strong> trapiá em recipiente <strong>de</strong>vidro durante o período <strong>de</strong> estocagem <strong>de</strong> 0 a 180 dias foram realizadas através dasanálises do índice <strong>de</strong> peróxido e <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>z e os resultados estão apresentados naTabela 13. A partir <strong>de</strong>sses dados foi construído um gráfico ilustrativo da evolução doíndice <strong>de</strong> peróxido (IP) e índice <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>z em função do tempo <strong>de</strong> estocagem,mostrado no Gráfico 1.Tabela 13 - Resultados das análises dos índices <strong>de</strong> peróxido e <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>z do óleorefinado <strong>de</strong> trapiá (Crataeva tapia) em função do tempo <strong>de</strong> estocagem auma temperatura média <strong>de</strong> 28ºC.Tempo <strong>de</strong>estocagem(dias)Óleo <strong>de</strong> trapiá em temperatura média <strong>de</strong> 28ºCÍndice <strong>de</strong> Aci<strong>de</strong>z% mg KOH/gÍndice <strong>de</strong> PeróxidoMEq/Kg0 1,7 2,530 1,9 2,660 2,0 2,590 2,0 2,6120 2,2 2,9150 2,2 2,9180 2,2 2,9


Índice <strong>de</strong> Aci<strong>de</strong>z (mg KOH/g) e Índice <strong>de</strong>Peróxido (mEq/kg)DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 67Índice <strong>de</strong> Peróxido e <strong>de</strong> Aci<strong>de</strong>z do óleo <strong>de</strong> trapiá32,521,510 30 60 90 120 150 180Tempo em DiasAci<strong>de</strong>zPeróxidoGráfico 1 – Evolução do Índice <strong>de</strong> Peróxido e Índice <strong>de</strong> Aci<strong>de</strong>z em função dotempo <strong>de</strong> estocagem do óleo <strong>de</strong> trapiá (Crataeva tapia).Através da Tabela 13 observa-se a ocorrência crescente dos índices <strong>de</strong>aci<strong>de</strong>z e <strong>de</strong> peróxido do óleo <strong>de</strong> trapiá nos quatro primeiros meses <strong>de</strong> estocagem,seguido <strong>de</strong> estabilização após 120 dias. Esses dados indicam a ocorrência <strong>de</strong>maiores taxas <strong>de</strong> oxidação em relação ao período inicial <strong>de</strong> estocagem e, relativaestabilida<strong>de</strong> do óleo a partir do quarto mês. A justificava para esses resultados po<strong>de</strong>ser <strong>de</strong>vido à existência <strong>de</strong> maior disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oxigênio no recipiente fechado,no início da estocagem, ou seja, presença <strong>de</strong> oxidante (O 2 ) dissolvido no produto oudisponível no espaço livre da embalagem (acima do óleo) e com a presença <strong>de</strong> luz(catalisador), po<strong>de</strong> justificar parte do comportamento <strong>de</strong>sses índices usados paramonitorar a qualida<strong>de</strong> do óleo armazenado (AZEREDO et al., 1998).


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 685.9.2. Análise da Estabilida<strong>de</strong> Térmica dos Óleos <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L.) e<strong>de</strong> Soja, Através <strong>de</strong> Análises Físicas e Químicas.Nas análises <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> termoquímicas dos óleos refinados <strong>de</strong> trapiá e<strong>de</strong> soja, foram avaliadas os parâmetros: cor; odor, índices <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>z, índice <strong>de</strong>peróxido; índice <strong>de</strong> anisidina (dienos) e <strong>de</strong> extinção específica (trienos conjugados).Os resultados das análises fotocolorimétricas (escalas em unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coresamarela e vermelha), dos dois óleos vegetais, antes e após o aquecimento àtemperatura <strong>de</strong> 180ºC <strong>de</strong> exposição pelo período <strong>de</strong> 400 minutos, em recipientes <strong>de</strong>vidro e <strong>de</strong> alumínio, estão listadas na Tabela 14:Tabela 14 - Resultados das análises colorimétricas dos óleos <strong>de</strong> soja e trapiá(Crataeva tapia) após aquecimento em recipiente <strong>de</strong> vidro emtemperatura <strong>de</strong> 180ºC pelo período <strong>de</strong> 8 horas consecutivas.ÓleoRefinadoTempoAquecimento em Vidro (horas)0:00h 4:00h Variação 8:00h VariaçãoVerm Amar Verm Amar Verm Amar Verm Amar Verm AmarTrapiá 3,9 32,4 7,1 59,5 82% 83,6% 13,8 61,5 253,8% 89,8%Soja 1,0 5,1 1,0 8,4 0,0% 64,7% 2,0 27,0 100% 429,4%Verm = Cor VermelhaAmar = Cor Amarela


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 69Tabela 15 - Resultados das análises colorimétricas dos óleos <strong>de</strong> soja e trapiá(Crataeva tapia) após aquecimento em recipiente <strong>de</strong> alumínio emtemperatura <strong>de</strong> 180ºC pelo período <strong>de</strong> 8 horas consecutivas.ÓleoRefinadoTempoAquecimento em Alumínio (horas)0:00h 4:00h Variação 8:00h VariaçãoVerm Amar Verm Amar Verm Amar Verm Amar Verm AmarTrapiá 3,9 32,4 7,4 57,3 89,7% 76,9% 16,6 59,9 325,6% 84,9%Soja 1,0 5,1 1,0 9,7 0,0% 90,2% 2,3 39,0 130% 664,7%Verm = Cor VermelhaAmar = Cor AmarelaA comparação das colorações das amostras submetidas ao tratamentotérmico (180ºC), permitiu <strong>de</strong>terminar as diferenças físicas e químicas entre os óleos<strong>de</strong> trapiá e <strong>de</strong> soja.O escurecimento da coloração do óleo durante o processo <strong>de</strong> fritura<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do teor inicial insaturação do próprio óleo (ligações olefínicas dos lipí<strong>de</strong>os)e do tipo <strong>de</strong> alimento que está submetido ao processo <strong>de</strong> fritura. Nos óleosinsaturados quando aquecidos, ocorrem isomerização e migração das ligaçõesduplas, levando à conjugação das mesmas. Essas conjugações das ligações dosconstituintes ampliam a intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> absorção nas regiões do azul e do vermelho,<strong>de</strong>correntes do aumento <strong>de</strong> cores laranja e marrom no óleo (SIMON, 2000).O óleo <strong>de</strong> trapiá e <strong>de</strong> soja (referencial) escureceram com o aquecimentoprolongado. Nesse trabalho, foi possível observar que após as quatro primeirashoras <strong>de</strong> aquecimento, o óleo <strong>de</strong> trapiá apresentou maior variação na unida<strong>de</strong>vermelha (82% <strong>de</strong> aumento em recipiente <strong>de</strong> vidro e <strong>de</strong> 89,7% em recipiente <strong>de</strong>alumínio). No recipiente <strong>de</strong> vidro o óleo <strong>de</strong> soja apresentou alteração apenas noamarelo, 64,7%, e no recipiente <strong>de</strong> alumínio 90,2%.


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 70No final do processo (8 horas <strong>de</strong> aquecimento), foi observado que ocorreuum aumento acentuado nos valores da unida<strong>de</strong> vermelha, mostrando o óleo <strong>de</strong>trapiá apresentou diferença <strong>de</strong> coloração durante o aquecimento nos recipientes <strong>de</strong>vidro (253,8%) e <strong>de</strong> alumínio (325,6%). As unida<strong>de</strong>s do amarelo durante esseperíodo também variaram após 8 horas <strong>de</strong> aquecimento, registrando uma alteraçãonos valores <strong>de</strong> 89,8% no recipiente <strong>de</strong> vidro e 84,9% no <strong>de</strong> alumínio. O óleo <strong>de</strong> sojaapresentou menor variação na unida<strong>de</strong> vermelha, no recipiente vidro (100%) contra130% no recipiente <strong>de</strong> alumínio, conforme dados apresentados na Tabela 14.Nos resultados apresentados na Tabela 14 mostram que ocorremalterações da coloração dos óleos <strong>de</strong> trapiá (Crataeva tapia) e <strong>de</strong> soja durante oprocesso <strong>de</strong> aquecimento (180ºC), em recipiente <strong>de</strong> vidro menor do que emrecipiente <strong>de</strong> alumínio. É importante ressaltar que a análise do escurecimento <strong>de</strong> umóleo é realizada através do conjunto <strong>de</strong> cores, principalmente nas unida<strong>de</strong>s amareloe vermelho, uma vez que, o aumento <strong>de</strong>las, ocorrem paralelamente, resultando noescurecimento do óleo. As avaliações realizadas a 180ºC em recipientes <strong>de</strong> vidro ealumínio mostraram os dois óleos vegetais apresentam escurecimento intenso aofinal <strong>de</strong> oito horas <strong>de</strong> aquecimento. Os óleos aquecidos em recipientes <strong>de</strong> alumínioapresentam maiores alterações <strong>de</strong> cor quando comparadas aos óleos aquecidos emrecipientes <strong>de</strong> vidro.As mesmas amostras dos óleos <strong>de</strong> trapiá e <strong>de</strong> soja usadas para análises davariação <strong>de</strong> coloração, foram avaliadas também através <strong>de</strong> outros parâmetros físicose químicos. As Tabelas 16 e 17 apresentam os resultados das mudanças <strong>de</strong>posições das ligações duplas dos ácidos graxos, provocadas pelas temperaturas doprocesso <strong>de</strong> fritura. As análises foram realizadas por medidas <strong>de</strong> absorção na região


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 71UV. As análises <strong>de</strong> extinção específica, relacionadas a dienos conjugados foramfeitas a 232nm e <strong>de</strong> trienos conjugados com absorção a 268nm.Tabela 16 - Resultados das análises <strong>de</strong> Dienos Conjugados (232nm) dos óleos <strong>de</strong>soja e trapiá (Crataeva tapia) antes e após aquecimento em recipiente<strong>de</strong> vidro e alumínio usando temperatura <strong>de</strong> 180ºC pelo período <strong>de</strong> 8horas consecutivas.ÓleoRefinadoAquecimento em VidroAquecimento em AlumínioTempo 0:00h 4:00h Var 8:00h Var 4:00h Var 8:00h VarTrapiá 3,15 5,96 89,2% 11,24 256,8% 6,22 97,4% 12,45 295,2%Soja 4,57 7,93 73,5% 22,52 392,8% 8,99 96,7% 22,97 402,6%Os resultados apresentados na Tabela 16 mostram que após as quatroprimeiras horas <strong>de</strong> aquecimento o óleo <strong>de</strong> trapiá mostrou menor oxidação, com umaumento <strong>de</strong> 89,2% em recipiente <strong>de</strong> vidro e <strong>de</strong> 97,4% em recipiente <strong>de</strong> alumínio.Nesse período o óleo <strong>de</strong> soja apresentou variação <strong>de</strong> 73,5% em recipiente <strong>de</strong> vidroe 96,7% em recipiente <strong>de</strong> alumínio.Ao término <strong>de</strong> oito horas <strong>de</strong> aquecimento o óleo <strong>de</strong> trapiá continuou aapresentar menor taxa <strong>de</strong> oxidação com 256,8% e 295,2% quando aquecido emrecipiente <strong>de</strong> vidro e <strong>de</strong> alumínio, respectivamente. Por sua vez o óleo <strong>de</strong> sojaapresentou aumento <strong>de</strong> 392,8% em vidro e <strong>de</strong> 402,6% em recipiente <strong>de</strong> alumínio.O óleo <strong>de</strong> trapiá (Crataeva tapia) através <strong>de</strong>stes resultados apresentoumaior estabilida<strong>de</strong> quando aquecido (180ºC) em recipiente <strong>de</strong> vidro do que emrecipiente <strong>de</strong> alumínio. Quando comparado a sua estabilida<strong>de</strong> térmica do óleo <strong>de</strong>trapiá com a do óleo <strong>de</strong> soja, ambos em recipientes <strong>de</strong> vidro ou ambos em recipiente


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 72<strong>de</strong> alumínio, os resultados da Tabela 16 mostram que o óleo <strong>de</strong> trapiá é maisestável.Essa diferença <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> térmica entre os dois óleos <strong>de</strong>ve-se adiferença da relação <strong>de</strong> ácidos graxos saturados/insaturados, sendo menor, no óleo<strong>de</strong> trapiá que apresenta maior índice <strong>de</strong> saturação.Tabela 17 - Resultados das análises <strong>de</strong> trienos conjugados em UV (268nm), dosóleos <strong>de</strong> soja e trapiá antes e após aquecimento em recipiente <strong>de</strong> vidro<strong>de</strong> alumínio a 180ºC por até 8 horas consecutivas.ÓleoRefinadoAquecimento em VidroAquecimento em AlumínioTempo 0:00h 4:00h Var 8:00h Var 4:00h Var 8:00h VarTrapiá 1,21 2,42 100% 4,41 264,5% 2,63 117,4% 2,48 105%Soja 1,25 2,01 60,8% 5,08 306,4% 2,22 77,6% 5,29 323,2%Os resultados das análises apresentados na Tabela 17 mostram que, o óleo<strong>de</strong> trapiá apresentou maior presença <strong>de</strong> oxidação com um aumento <strong>de</strong> 100% emrecipiente <strong>de</strong> vidro e <strong>de</strong> 117,4% em recipiente <strong>de</strong> alumínio. O óleo <strong>de</strong> sojaapresentou menores valores com 60,8% em recipiente <strong>de</strong> vidro e 77,6% emrecipiente <strong>de</strong> alumínio.Ao término do aquecimento por oito horas o óleo <strong>de</strong> trapiá apresentou umaelevada taxa <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> produtos secundários <strong>de</strong> autoxidação com 264,5% e105% em recipiente <strong>de</strong> vidro e <strong>de</strong> alumínio, respectivamente. Nesse mesmo tempo asoja apresentou maiores valores <strong>de</strong> oxidação com aumento <strong>de</strong> 306,4% em vidro e323,2% em alumínio. De forma geral, os dois óleos avaliados quanto a trienosconjugados apresentaram variações, nesse parâmetro, no final <strong>de</strong> oito horas <strong>de</strong>aquecimento.


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 73Os resultados das variações <strong>de</strong> oxidação dos óleos <strong>de</strong> trapiá e <strong>de</strong> soja,po<strong>de</strong> ser também avaliados através da variação <strong>de</strong> coloração apresentados pelosresultados das amostras coletadas nos intervalos <strong>de</strong> 4, e 16 horas <strong>de</strong> aquecimento,apresentados na Figura 5 a seguir.Aquecimento dos óleos em Temperatura <strong>de</strong> 180 o C por 4 horasAmostras <strong>de</strong>Óleo <strong>de</strong> TrapiáAmostras <strong>de</strong>Óleo <strong>de</strong> SojaRecipientes : Vidro Alumínio Vidro AlumínioaAquecimento em Temperatura <strong>de</strong> 180 o C por 16 horasAmostras <strong>de</strong>Óleo <strong>de</strong> TrapiáAmostras <strong>de</strong>Óleo <strong>de</strong> SojaRecipientes Vidro Alumínio Vidro AlumíniobFigura 5 – Amostras <strong>de</strong> óleos <strong>de</strong> trapiá (C.tapia) coletadas após: a) 4 horas <strong>de</strong>aquecimento (180 o C) e b) após aquecimento <strong>de</strong> 16 horas.


% KOH% KOHDIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 74654Índice <strong>de</strong> Aci<strong>de</strong>z - Recipiente <strong>de</strong> Vidro32100 4 8 16 24 48Tempo (h)TrapiáSojaa)Índice <strong>de</strong> Aci<strong>de</strong>z - Recipiente <strong>de</strong> Alumínio765432100 4 8 16 24 48Tempo (h)TrapiáSojab)Gráfico 2 – Resultado das variações dos índices <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>z dos óleos <strong>de</strong> trapiá esoja, aquecidos à temperatura constante <strong>de</strong> 180ºC pelo período <strong>de</strong> 48horas em recipiente <strong>de</strong> vidro (a) e alumínio (b).


mEq/kgmEq/kgDIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 75Índice <strong>de</strong> Peróxido - Recipiente <strong>de</strong> Vidro32,521,510,500 4 8 16 24 48Tempo (h)TrapiáSojaa)Índice <strong>de</strong> Peróxido - Recipiente <strong>de</strong> Alumínio32,521,510,500 4 8 16 24 48Tempo (h)TrapiáSojab)Gráfico 3 – Resultado das variações dos índices <strong>de</strong> peróxido dos óleos <strong>de</strong> trapiá esoja, aquecidos à temperatura constante <strong>de</strong> 180ºC pelo período <strong>de</strong> 48horas em recipiente <strong>de</strong> vidro (a) e alumínio (b).


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 76Entre os produtos secundários formados pela <strong>de</strong>composição dos óleosvegetais (180 o C) estão, também os al<strong>de</strong>ídos quantificados através do índice <strong>de</strong>anisidina. Os peróxidos são intermediários transitórios que se <strong>de</strong>compõem em várioscompostos intermediários, dando origem a produtos secundários <strong>de</strong> oxidação. Osvalores do índice <strong>de</strong> anisidina apresentaram um aumento significativo durante oprocesso <strong>de</strong> aquecimento dos óleos (soja e trapiá) indicando presença <strong>de</strong> produtosecundário, conseqüentemente, do processo <strong>de</strong> oxidação. Os resultados dasanálises <strong>de</strong> anisidina durante a processo <strong>de</strong> aquecimento por 8 horas consecutivasestão listados na Tabela 18, abaixo.Tabela 18 - Resultados das análises do índice <strong>de</strong> Anisidina UV (350nm) dos óleos<strong>de</strong> trapiá e <strong>de</strong> soja, antes e após o aquecimento, em recipiente <strong>de</strong> vidroe alumínio.ÓleoRefinadoíndice <strong>de</strong> Anisidina (UV 350nm)Aquecimento em Vidroíndice <strong>de</strong> Anisidina (UV 350nm)Aquecimento em AlumínioTempo 0:00h 4:00h Var 8:00h Var 400h Var 8:00h VarTrapiá 04,85 16,35 237% 55,30 1.040% 23,30 380% 74,32 1.432%Soja 06,42 24,78 286% 97,49 1.418% 39,30 512% 117,38 1.728%Através dos resultados expressos na Tabela acima, o óleo <strong>de</strong> trapiáapresentou, nas quatro primeiras horas <strong>de</strong> aquecimento, um aumento no valor noíndice <strong>de</strong> anisidina <strong>de</strong> 237% e 380% em recipiente <strong>de</strong> vidro e <strong>de</strong> alumínio,respectivamente. Por outro lado o óleo <strong>de</strong> soja, nessas mesmas condiçõesapresentou um comportamento semelhante, variou mais nos recipiente <strong>de</strong> alumínio(512%) do que quando aquecido no recipiente <strong>de</strong> vidro (286%) e, ao final <strong>de</strong> oitohoras <strong>de</strong> aquecimento, o óleo <strong>de</strong> trapiá continuou a apresentar maior variação do


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 77índice <strong>de</strong> anisidina, isto é, formação <strong>de</strong> oxidação maior quando o óleo foi aquecidoem recipiente <strong>de</strong> alumínio (1.432%) do que em vidro (1.040%). O óleo <strong>de</strong> soja, nofinal <strong>de</strong>sse tempo <strong>de</strong> aquecimento, apresentou taxa <strong>de</strong> oxidação com 1.418% e1.728% em recipiente <strong>de</strong> vidro e <strong>de</strong> alumínio, respectivamente. Esses resultadosestão em acordo com a coloração das amostras dos óleos apresentados na Figura5.Tabela 19 - Resultados do Índice <strong>de</strong> Aci<strong>de</strong>z (% ácido oléico) dos óleos <strong>de</strong> soja etrapiá antes e após o aquecimento em recipiente <strong>de</strong> vidro e <strong>de</strong> alumíniodurante 48 horas na temperatura <strong>de</strong> 180ºC.Óleo Índice <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>z (% ácido oléico) com aquecimento (180ºC)RefinadoRecipiente <strong>de</strong> VidroRecipiente <strong>de</strong> AlumínioTempo 0h 4h 8h 16h 24h 48h 4h 8h 16h 24h 48hTrapiá 1,7 1,9 3,2 3,2 3,4 4,6 2,0 3,6 4,1 4,4 -Soja 0,8 1,1 1,1 1,4 1,7 1,9 1,0 1,4 1,4 1,7 1,9Os índices <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>z dos dois óleos apresentaram valores relativamenteelevados com o processo <strong>de</strong> aquecimento (Tabela 19). A aci<strong>de</strong>z apresentada noóleo não reflete apenas a concentração dos ácidos graxos formados durante oprocesso <strong>de</strong> aquecimento, mas também, aqueles inicialmente presentes no óleoantes do aquecimento. Durante o período <strong>de</strong> aquecimento <strong>de</strong> 0 a 4 horas, os óleos<strong>de</strong> trapiá e o <strong>de</strong> soja variaram a aci<strong>de</strong>z, sendo que o óleo <strong>de</strong> soja apresentou menorvalor em ácidos graxos livres. A aci<strong>de</strong>z foi menor no óleo aquecido em recipiente <strong>de</strong>vidro do que em recipiente <strong>de</strong> alumínio, para os dois óleos.


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 785.10. Estabilida<strong>de</strong> Termogravimétrica dos Óleos5.10.1. Avaliação da Estabilida<strong>de</strong> Térmica do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia) e<strong>de</strong> Soja, Utilizando Análises Termogravimétricas.Os resultados das avaliações das estabilida<strong>de</strong>s termogravimétricascomparativas entre os óleos <strong>de</strong> trapiá e <strong>de</strong> soja conduziram aos resultadosapresentados na Tabela 20, obtidos dos termogramas das análises realizadas embalança, marca SHIMADZU TGA-50. A partir das análises das curvas tangentes,expressas em temperatura <strong>de</strong> aquecimento do óleo versus tempo <strong>de</strong> exposição aocalor foi possível obter os valores correspon<strong>de</strong>ntes à perda <strong>de</strong> massa dos óleos emfunção da temperatura crescente (29 a 500 o C) ou constante (180ºC), equivalente àusada nas avaliações dos dois óleos, apresentadas anteriormente e que tambémsão aplicadas nos processos industriais <strong>de</strong> frituras.A análise termogravimétrica registra a perda <strong>de</strong> massa <strong>de</strong> um produto emfunção da temperatura e tempo. Os percentuais <strong>de</strong>ssa perda quando relacionadas àtemperatura estabelecem uma relação <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> térmica do óleo. Osresultados das análises termogravimétrica, realizadas com os óleos <strong>de</strong> trapiá e <strong>de</strong>soja, através dos termogramas apresentados nos Gráficos 4 e 5, registraram o inicio<strong>de</strong> perda <strong>de</strong> massa para o óleo <strong>de</strong> trapiá na temperatura <strong>de</strong> 340,36ºC, enquanto queo óleo <strong>de</strong> soja apresentou o início <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> massa na temperatura <strong>de</strong> 325,98ºC.


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 79Tabela 20 - Valores das temperaturas correspon<strong>de</strong>ntes a perda <strong>de</strong> massa dos óleos<strong>de</strong> trapiá e do óleo <strong>de</strong> soja através <strong>de</strong> análises termogravimétricas comaquecimento <strong>de</strong> 29 a 500 o C com gradiente <strong>de</strong> 10 o C/minÓleorefinadoTemperatura (ºC)Ínicio da Perda <strong>de</strong>MassaTemperatura (ºC)correspon<strong>de</strong>nte aperda <strong>de</strong> 7% <strong>de</strong>massaTemperatura (ºC)correspon<strong>de</strong>nte aperda <strong>de</strong> 50% <strong>de</strong>massaTrapiá(Crataeva tapia) 340,36 ºC 394,91 ºC 435,44 ºCSoja(Glycine max L.) 325,98 ºC 388,59 ºC 434,69 ºCAtravés dos termogramas e dos resultados apresentados na tabela acima, oóleo <strong>de</strong> trapiá apresenta o início <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> massa com aquecimento a temperaturamais elevada, significando que, nesse parâmetro o óleo <strong>de</strong> trapiá foi mais estávelque o <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> soja, consi<strong>de</strong>rando o intervalo <strong>de</strong> tempo e <strong>de</strong> temperatura <strong>de</strong>aquecimento que foram registrados as perdas <strong>de</strong> massas dos dois óleos.De modo geral, a perda <strong>de</strong> aproximadamente <strong>de</strong> 7% <strong>de</strong> massa, foiregistrada a temperatura entre 330-380ºC. A perda <strong>de</strong> 50% das massas iniciais dosóleos ocorreu acima dos 400ºC. Esses valores, acima da temperatura usada parafritura industrial, significam que, em temperaturas elevadas <strong>de</strong> aquecimento, acima<strong>de</strong> 330 o C, praticamente os dois óleos não diferenciaram muito entre si quanto àestabilida<strong>de</strong> térmica.Nas análises usando aquecimentos dos dois óleos, separadamente, emfunção da temperatura crescente (29 a 500 o C), os resultados mostraram que os doisprodutos apresentaram estabilida<strong>de</strong> térmica relativamente boa, consi<strong>de</strong>rando que os


Perda <strong>de</strong> Massa (%)Perda <strong>de</strong> Massa (%)DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 80óleos foram submetidos à temperatura com dinâmica <strong>de</strong> aquecimento e osresultados foram satisfatórios, como óleo para fritura.120,0100,0340,3 o C394,9 o C–7,0%80,060,0435,4 o C-50%40,020,00,00 100 200 300 400 500Temperatura (ºC)Gráfico 4 – Termograma do óleo <strong>de</strong> trapiá (Crateava tapia) submetido aaquecimento em temperatura crescente <strong>de</strong> 29 a 500ºC comgradiente <strong>de</strong> 10ºC/min.120,0100,0325,98 o C388,59 o C-7,1%80,060,040,0434,6 o C- 50,9%20,00,00 100 200 300 400 500Temperatura (ºC)Gráfico 5 – Termograma do óleo <strong>de</strong> soja (Glycine max) submetido a aquecimentoem temperatura crescente <strong>de</strong> 29 a 500ºC com gradiente <strong>de</strong> 10ºC/min.


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 815.10.2. Avaliação da Estabilida<strong>de</strong> Térmica dos Óleos Refinados emTemperatura Constante <strong>de</strong> 180ºC.Os resultados das avaliações das estabilida<strong>de</strong>s térmicas dos óleos <strong>de</strong> soja etrapiá, utilizando análises termogravimetria sobre temperatura constante (180ºC), porum período <strong>de</strong> 400 minutos, encontram-se representados nos termogramas dasTabela 21, contendo os valores da perda <strong>de</strong> massa dos óleos, <strong>de</strong> soja e <strong>de</strong> trapiá,quando submetidos à temperatura constante <strong>de</strong> 180ºC pelo período <strong>de</strong> 400 minutos.Os dados mostram que, os dois óleos ao atingirem a temperatura <strong>de</strong> 180ºC,sofreram alterações, com conseqüente perda <strong>de</strong> massa durante todo o tempo <strong>de</strong>aquecimento.Nessa avaliação comparativa, o óleo <strong>de</strong> trapiá apresentou taxa <strong>de</strong> perda <strong>de</strong>massa mais acentuada do que o óleo <strong>de</strong> soja, nas mesmas condições <strong>de</strong>aquecimento e usando o mesmo recipiente, constituído <strong>de</strong> micro panelas <strong>de</strong>alumínio.Tabela 21 - Resultado das perdas <strong>de</strong> massa dos óleos <strong>de</strong> trapiá (Crataeva tapia) e<strong>de</strong> soja com aquecimento em temperatura constante <strong>de</strong> 180ºC(isoterma) pelo período <strong>de</strong> 400 min.Óleo Perda <strong>de</strong> massa (%) / Tempo <strong>de</strong> aquecimento (180 o C)Refinado 100 min 200 min 300 min 400 minTrapiá(Crataeva tapia L.)Soja(Glycine max L.)6,1 11,3 13,8 18,24,8 8,2 10,7 13,1


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 82Os dados da estabilida<strong>de</strong> térmica dos óleos <strong>de</strong> trapiá e <strong>de</strong> soja, relativa àperda <strong>de</strong> massa na temperatura constante <strong>de</strong> 180 o C por 400 minutos, estãocoerentes com os resultados das avaliações termogravimétricas realizados fazendouso <strong>de</strong> temperatura crescente <strong>de</strong> 10ºC/min, pelo período <strong>de</strong> 50 minutos, ou seja,aquecimento <strong>de</strong> 39 a 500 o C.No aquecimento a temperatura constante, o óleo <strong>de</strong> soja per<strong>de</strong>u menorpercentual <strong>de</strong> massa (13,1%) em comparação ao óleo <strong>de</strong> trapiá (18,2%) após os 400minutos <strong>de</strong> aquecimento. Nessa avaliação, os dois óleos sofreram baixas nos seuspercentuais <strong>de</strong> massa, sendo que, o óleo <strong>de</strong> trapiá apresentou maior perda <strong>de</strong>massa em relação ao óleo <strong>de</strong> soja durante todo o processo <strong>de</strong> aquecimento.A diferença entre as perdas <strong>de</strong> massa dos óleos quando submetidos àtemperatura crescente (29 a 500 o C com gradiente <strong>de</strong> 10 o C/min) e as perdas quandoaquecidos a temperatura constante (180ºC), está no fato <strong>de</strong> que, no primeiro ensaio,<strong>de</strong>vido à velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aquecimento, os óleos não per<strong>de</strong>m massas nas temperaturaaté 340,4ºC, conforme Tabela 20. Por outro lado, o aquecimento com temperaturaconstante, as perdas <strong>de</strong> massa ocorrem em <strong>de</strong>corrência do tempo <strong>de</strong> aquecimento.Nesse segundo ensaio (temperatura constante), foi verificado, que os dois óleosper<strong>de</strong>m massa em função do tempo, quando submetidos à temperatura constante<strong>de</strong> 180ºC, usada para processos <strong>de</strong> frituras nas indústrias alimentícias.Assim, é relevante consi<strong>de</strong>rar que nas avaliações através <strong>de</strong> análisetérmica, as condições das estabilida<strong>de</strong>s dos óleos, realizadas na temperatura <strong>de</strong>180ºC, simula os processos industriais <strong>de</strong> frituras <strong>de</strong> alimentos, como temperaturarecomendada pelos órgãos oficiais (ANVISA, 2004). Nessa temperatura <strong>de</strong> fritura osóleos vegetais, ao serem aquecidos por várias horas durante vários dias,apresentam menor perda <strong>de</strong> massa, menor oxidação ou, melhor qualida<strong>de</strong> das


Porcentagem <strong>de</strong> Massa (%)DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 83proprieda<strong>de</strong>s organolépticas do que os óleos aquecidos nas temperaturassuperiores, justificando assim as conformida<strong>de</strong>s aplicadas pela indústria <strong>de</strong>alimentos no uso das temperaturas <strong>de</strong> frituras.Perda <strong>de</strong> Massa à Temperatura Constante (180ºC)1051009590TrapiáSoja85800 100 200 300 400Tempo (min)Gráfico 6 – Termograma do óleo <strong>de</strong> trapiá (Crateava tapia) e soja submetido aaquecimento em temperatura constante <strong>de</strong> 180ºC por 400 min.


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 846. CONCLUSÕESAs conclusões obtidas a partir dos resultados <strong>de</strong>sse trabalho estão divididasem duas partes, a primeira está relacionada às características físicas, químicas,físico-químicas, valor nutricional e toxicológico do óleo das sementes dos frutos <strong>de</strong>trapiá (Crataeva tapia L.) e, a segunda parte, sobre avaliações da estabilida<strong>de</strong>térmica relativa <strong>de</strong>sse óleo, comparadas as do óleo <strong>de</strong> soja sob aquecimento emrecipientes <strong>de</strong> vidro e <strong>de</strong> alumínio nas temperaturas constante <strong>de</strong> 180 o C e comaquecimento dinâmico <strong>de</strong> 29 a 500 o C.1. As sementes <strong>de</strong> trapiá (Crataeva tapia) são relativamente gran<strong>de</strong>s(0,029 cm) com 63,3% <strong>de</strong> seu peso em amêndoas, as quaiscorrespon<strong>de</strong>m a 19,2% dos frutos secos (em peso);2. As sementes <strong>de</strong> trapiá apresentaram excelente conteúdo lipídico (19,6%)e protéico (22,83%) com baixos teores <strong>de</strong> cinza e <strong>de</strong> fibra 2,35% e1,44%, respectivamente;3. O óleo bruto <strong>de</strong> trapiá apresentou cor amarela alaranjado, ausência <strong>de</strong>clorofila e características físico-químicas apropriadas para refino quantoao índice <strong>de</strong> saponificação (140 mg kOH/g) e o teor <strong>de</strong> fósforo (41,0198g/mL);4. O resultado do índice <strong>de</strong> iodo (56,9) e ponto <strong>de</strong> gotejamento (20,8 o C)foram condizentes com o comportamento físico do óleo <strong>de</strong> trapiá àtemperatura ambiente, caracterizando-se como um óleo <strong>de</strong> alta<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>;


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 855. O óleo bruto <strong>de</strong> trapiá apresentou índices <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>z (2,28%) e <strong>de</strong>peróxido (3,17 mEq/kg), justificando sua estabilida<strong>de</strong> relativa durante operíodo <strong>de</strong> 180 dias <strong>de</strong> armazenamento à temperatura <strong>de</strong> 28 o C;6. O óleo <strong>de</strong> trapiá apresentou teor <strong>de</strong> ácidos graxos saturados, em torno<strong>de</strong> 47%, dos quais 38,4% é constituído <strong>de</strong> ácido palmítico e 8,7% <strong>de</strong>ácido esteárico;7. Mais <strong>de</strong> 30% da composição do óleo das sementes <strong>de</strong> trapiá sãoformados por ácidos insaturados. Desses, em média, 30,8% são <strong>de</strong>ácido oléico e 7,0% <strong>de</strong> ácidos linoléico;8. O óleo <strong>de</strong> trapiá não apresentou toxicida<strong>de</strong> nem citotoxicida<strong>de</strong> in vivonas concentrações <strong>de</strong> até 100 g/mL sobre Poecilia reticulata e sobreArtemia salina. A não toxicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse óleo, também foi confirmada daavaliação da toxicida<strong>de</strong> aguda em camundongos, nas doses <strong>de</strong> até2,0g/kg (v.o.);9. O óleo <strong>de</strong> trapiá nas concentrações <strong>de</strong> até 5.000 g/mL não apresentouativida<strong>de</strong> antimicrobiana frente ao Staphylococcus aureus, Escherichiacoli e Pseudomonas aeruginosa.;10. A estabilida<strong>de</strong> térmica relativa do óleo <strong>de</strong> trapiá na temperatura <strong>de</strong> fritura(180 0 C) é maior em recipientes <strong>de</strong> vidro do que nos <strong>de</strong> alumínio;11. A estabilida<strong>de</strong> térmica do óleo <strong>de</strong> trapiá, submetida à temperatura <strong>de</strong>fritura, é maior do que a do óleo <strong>de</strong> soja quando comparado nas mesmascondições usando recipientes <strong>de</strong> vidro ou <strong>de</strong> alumínio;


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 8612. A estabilida<strong>de</strong> térmica do óleo <strong>de</strong> trapiá é maior do que a do óleo <strong>de</strong>soja; mesmo consi<strong>de</strong>rando que os dois óleos apresentaram oxidaçãocom a temperatura <strong>de</strong> fritura. O óleo <strong>de</strong> trapiá foi mais estável quanto àalteração <strong>de</strong> colorações, aci<strong>de</strong>z e peróxido;13. O material usado como recipiente <strong>de</strong> fritura (vidro ou alumínio) influenciano grau <strong>de</strong> oxidação dos óleos, sendo observado que, o recipiente <strong>de</strong>alumínio influenciou mais do que o recipiente <strong>de</strong> vidro no processo <strong>de</strong>oxidação dos dois óleos;14. As análises termogravimétricas mostraram que os óleos <strong>de</strong> trapiá e <strong>de</strong>soja não foram estáveis quando submetidos à temperatura <strong>de</strong> 180ºC;esses resultados estão <strong>de</strong> acordo com as análises térmicas executadasem laboratório na mesma temperatura e condições normais <strong>de</strong>temperatura e pressão;15. As conclusões acima, que se referem a maior estabilida<strong>de</strong> do óleo <strong>de</strong>trapiá frente ao <strong>de</strong> soja, quando submetidos ao aquecimento entre 29-500 o C, po<strong>de</strong>m ser justificadas pelo maior grau <strong>de</strong> saturação do óleo <strong>de</strong>trapiá.


DIAS FILHO, S. A. Avaliação Físico-Química, Toxicológica e da Estabilida<strong>de</strong> do Óleo <strong>de</strong> Trapiá (Crataeva tapia L) 877. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. ALMEIDA, V. M.; MENDONÇA, M. C. R.; FONTELES, M. C.; MATOS, F. J. A;Avaliação da Ativida<strong>de</strong>, moluscicida <strong>de</strong> 32 plantas no Nor<strong>de</strong>ste brasileiro. Ver.Med. Fed. Ceará. v. 25, n. (1/2), p. 71-79. 1985.2. ANVISA – Agência Nacional <strong>de</strong> Vigilância Sanitária. Disponível em:


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