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Obra Completa - Universidade de Coimbra

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ISERGIO FERREIRA DA ROCHA CALISTO*O Pancreas1Il ( ..em cirurgiaf: - ' * f>• &:f ^fà |" -• í|- COIMBRAImprensa da <strong>Universida<strong>de</strong></strong>1911TSalaí>'Gab.Est. S ! STab. Sk• N.° I 1


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SERGIO FERREIRFS DH ROClift CALISTODoutor em Medicina pela <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>PANCREASEM CIRURGIA°ID V-ILTEV.I?COIMBRFS1MPREHSH Díí UNIVERSIDHDE1911


no IMSIGtte PROFESSORE DISTIHCTO CLINICOEXCELLENTISSIMOSENHOREM HOMENfKJEM DE MUITO RESPEITO,HMIZHDE E QRfíTIDHO.


Já vae longe a época em que se suppunha ser opancreas um orgão cirurgicamente inaccessivel e emque o clinico assistia indifferente á evolução fatal dasaffecções pancreaticas.Hoje, as lesões do pancreas tratam-se por processoscirúrgicos racionaes, como se tratam as affecções dosoutros orgãos contidos na cavida<strong>de</strong> abdominal.O estudo clinico das affecções cirúrgicas do pancreassoffreu também profundas modificações, não sóno que respeita á etiologia, á pathogenia e á anatomiapathologica, mas ainda no que se refere ao diagnostico.É um pequeno resumo dos conhecimentos actuaessobre estas affecções cirúrgicas e sobre os seus methodos<strong>de</strong> tratamento, precedido <strong>de</strong> algumas noções anatómicasindispensáveis, o que o leitor irá encontrarneste livro.


PARTEANATÓMICAAnatomia


GO pancreas eia cirurgiacompleto, que occupa a face posterior da cabeça dopancreas. Esta intima união entre a cabeça do pancrease o canal choledoco explica, como veremosa<strong>de</strong>ante, a repercussão das affecções biliares sobre aglandula pancreatica, e <strong>de</strong>monstra também como po<strong>de</strong>rãoser frequentes os traumatismos, as rupturasmesmo do choledoco nas intervenções cirúrgicas nacabeça do pancreas.Corpo (lo pancreas. ---O corpo do pancreas, que correspon<strong>de</strong>á primeira e segunda vertebras lombares,por vezes mesmo á <strong>de</strong>cima segunda dorsal, está einrelação, pela sua face posterior, com a aorta, com aartéria mesenterica superior, com a veia renal esquerda,com a veia mesenterica superior, com a parteantero-inferior da capsula supra-renal esquerda, coma face anterior do rim esquerdo e, profundamente,com o diaphragma, com a região lombar e com as ultimascostellas.Pela sua face anterior, o corpo do pancreas está emrelação com o peritoneo parietal que se continúa emcima com o peritoneo diaphragmatico e em baixo como folheto superior do mesocolon transverso, com aporção ascen<strong>de</strong>nte do duo<strong>de</strong>no com o angulo duo<strong>de</strong>nojejunal,e com a face posterior do estomago (1) <strong>de</strong> queé separado pela cavida<strong>de</strong> posterior dos epiploons (2).(1) No <strong>de</strong>cúbito dorsal, o estomago repousa sobre a faceanterior do pancreas, produzindo-lhe uma pequena <strong>de</strong>pressão:— o sigiial gástrico do pancreas.(2) A cavida<strong>de</strong> posterior dos epiploons é um diverticulo dacavida<strong>de</strong> peritoneal que se esten<strong>de</strong>, no sentido horizontal,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o hiato <strong>de</strong> WJNSI.OW até ao liilo do baço, e no sentido


5Por vezes, todavia, como <strong>de</strong>monstrou CRUVEILHIER emais recentemente SANDRAS (1), a face anterior docorpo do pancreas, longe <strong>de</strong> estar em relação com avertical, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a parte superior do lobulo <strong>de</strong> SPIEGEL até áparte inferior do gran<strong>de</strong> epiploon.Este diverticulo compõe-se duma parte principal e<strong>de</strong> tresprolongamentos. A parte principal está situada entre a faceposterior do estômago e a parte correspon<strong>de</strong>nte da pare<strong>de</strong>abdominal posterior. O prolongamento inferior esten<strong>de</strong>-seentre as duas laminas aponevroticas que constituem o gran<strong>de</strong>epiploon. O prolongamento esquerdo é constituído por umabetesga situada entre a gran<strong>de</strong> tuberosida<strong>de</strong> do estomago e oliilo do baço. O prolongamento direito, verda<strong>de</strong>iro canal que,por intermedio do hiato <strong>de</strong> WINSLOW, estabelece a communicaçãoentre a cavida<strong>de</strong> posterior dos epiploons propriamentedita e a gran<strong>de</strong> cavida<strong>de</strong> peritoneal, occupa o espaço existenteatrás do epiploon gastro-hepatico, entre o duo<strong>de</strong>no e o bordoposterior do lobulo <strong>de</strong> SPIEC.EL.O hiato <strong>de</strong> WINSLOW, geralmente permeável, pô<strong>de</strong> comtudoencontrar-se obliterado, quer por disposições anatómicasespeciaes, quer pela existencia <strong>de</strong> adherencias peritoniticas(TESTUT).Do conhecimento exacto <strong>de</strong>stas disposições anatómicas somoslevados a concluir com VILLAR, que: — 1.° a cavida<strong>de</strong>posterior dos epiploons representa um espaço disposto a receberas collecções sanguíneas ou purulentas provenientes dopancreas e que penetram nella <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> romperem o folhetoperitoneal posterior; 2.° estas collecções po<strong>de</strong>m penetrar nagran<strong>de</strong> cavida<strong>de</strong> peritoneal pelo hiato <strong>de</strong> WINSLOW OU peloespaço comprehendido entre as duas laminas aponevroticasdo gran<strong>de</strong> epiploon.Todavia, como em regra as laminas epiploicas estão soldadas,e também por vezes o hiato <strong>de</strong> WINSLOW está obliterado,as collecções, longe <strong>de</strong> irromperem para a cavida<strong>de</strong> peritoneal,enkistam-se.(!) SANDRAS, Thcse <strong>de</strong> Lyon, 1898.


GO pancreas eia cirurgiaface posterior do estomago, entra directamente emcontacto com a pare<strong>de</strong> abdominal anterior numa pequenazona <strong>de</strong> tres a quatro centímetros quadrados<strong>de</strong> extensão e correspon<strong>de</strong>nte a uma pequena regiãosituada a dois centímetros á esquerda da linha médiae a oito centímetros acima da cicatriz umbilical.O bordo superior do corpo do pancreas, obliquamentedirigido <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro para fóra e <strong>de</strong> baixo paracima, está em relação com o tronco celíaco, com oplexo solar, com os ganglios semilunares, com o pilaresquerdo do diapliragma, com a capsula suprarenalesquerda e com o rim esquerdo. Este bordo superiorcontém uma pequena gotteira, por vezes atéum canal completo, que encerra os vasos esplenicos enumerosos ganglios lymphaticos.O bordo inferior, espesso (1), correspon<strong>de</strong> ao bordoposterior do mesoeolon transverso. É a este nivel quese separam os dois folhetos do mesoeolon transverso:o folheto superior, dirigindo-se para cima, vae cobrira face anterior do pancreas, e o folheto inferior, dirigindo-separa baixo, vae forrar a pare<strong>de</strong> abdominalposterior.Caiula do pancreas. — A cauda do pancreas, geralmentea<strong>de</strong>lgaçada, mais raramente arredondada e volumosa,está por vezos em contacto inimediato com obaço; outras vezes, porém, é separada <strong>de</strong>ste orgãopor um intervallo que varia entre 1 e 4 centímetros.No primeiro caso, a zona <strong>de</strong> contacto pancreatico-(1) A espessura <strong>de</strong>ste bordo inferior é, por vezes, tãogran<strong>de</strong>, que outros o consi<strong>de</strong>ram como uma verda<strong>de</strong>ira faceinferior (llis e ROMITI).


€Parte anatómica7esplenica está situada no plano interno do baço, immediatamenteatrás do liilo ; os dois orgãos estão entãounidos por uma abundante camada <strong>de</strong> tecido conjunctivoNo segundo caso, não existe relação immediataentre o baço e o pancreas; os dois orgãos estão simplesmenteunidos por uma prega peritoneal — o epiploonpancrealico-esplenico— composta <strong>de</strong> dois folhetosno meio dos quaes caminham os vasos e nervosesplenicos. (TESTUT).Quer esteja em contacto immediato com o baço, queresteja unicamente unida a elle pelo epiploon pancreatico-esplenico,a cauda do pancreas conserva sempre— facto da maxiina importancia em cirurgia pancreatica—umaexcessiva mobilida<strong>de</strong>.Cannes excretores do pancreas. — Os differentes canaliculosexcretores do pancreas lançam-se em doiscanaes mais volumosos, que penetram no duo<strong>de</strong>no, ea que os anatomistas dão o nome <strong>de</strong> canal principal e<strong>de</strong> canal acccssorio.O canal principal, também chamado canal cie Wirsung,nasce na cauda do pancreas pela reunião <strong>de</strong> numerososcanaliculos excretores, e dirige se, seguindoexactamente o eixo da glandula, da direita para a esquerda,até attingir o choledoco. Des<strong>de</strong> então, canal <strong>de</strong>WIRSUNG e canal choledoco, assim reunidos, dirigem-seobliquamente para baixo o para trás, atravessam astúnicas duo<strong>de</strong>naes e vão abrir-se por dois pequenos orifíciosellipticos na chamada empola <strong>de</strong> VATKR, situadana pare<strong>de</strong> interna da porção <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte do duo<strong>de</strong>no,e que communica com este orgão por um orifício situado110 vórtice dum pequeno tubérculo — a carunculamajor <strong>de</strong> SANTORINI.


GO pancreas eia cirurgiaOs dois orifícios terminaes, separados por uma pequenasaliência, encerram numerosas fibras musculareslisas, que lhes constituem verda<strong>de</strong>iros esphincters.(mines excretores «lo pancreas.— ,1. pancreas, coma, cabeça;B, duo<strong>de</strong>no com parle da pare<strong>de</strong> anterior resecada; (.', jejuno; D, vesícula biliar;1, canal principal ou canal WIBSUNG ; 2, canal pancreatico accessorio com 2',orifício na pare<strong>de</strong> poslcro-inlerna do duo<strong>de</strong>no (caruncula minor); 3, gran<strong>de</strong> caruncula:j, canal choledoco; fi. canal cislico; 8, canal hepático; 7,aorla; 8, vasosmesenlericos superiores; !). (ronco coeliaco (TESTUT).O canal aceessorio ou canal <strong>de</strong> SANTOKINI <strong>de</strong>staca-sedo canal principal na região do isthmo pancreatico,atravessa a cabeça do pancreas, seguindo uma direcçãoquasi horizontal, penetra no duo<strong>de</strong>no, e abre-se por umpequeno orifício 110 vertice dum tubérculo conico — a


Parte anatómica 9caruncula minor — situado a 2 ou 3 centímetros acimada empola <strong>de</strong> VATER (1).Vasos do pancreas. — ARTÉRIAS.- AS artérias queirrigam o pancreas provêem da esplei>iea, da hepático,e da meseuterica superior.\h arleritiM do pnnrrriiN.— 1, aorta; i Ironco celíaco; I!, artériacoronaria esloniacliica; i, artéria esplenica; 3, artéria gastro-epiploica esquerda;li. vasos curtos: 7, arlcria hepalica; 8. artéria gastro-epiploica direita; 9, artériapancreatico-duo<strong>de</strong>nal superior; 111, artéria pancreatico-duo<strong>de</strong>nal inferior;II. artéria niesenleriea inferior; 12. arcada pancreatico-duo<strong>de</strong>nal posterior;li. artéria pancreatica inferior; 13. pequeno ramo recorrente (TESIUT).(1) Estas noções anatómicas sobre a disposição dos canaesexcretores do pancreas tècm um gran<strong>de</strong> interesse em cirurgiapancreatica. São elhis, com effeito, que nos lião <strong>de</strong> permittirexplicar a pathogenia da maior parte das infecções pancreaticasdc origem duo<strong>de</strong>nal e biliar, indicando conseguintementeao cirurgião qual a intervenção racional a seguir para <strong>de</strong>bellaro processo inflamatório.


GO pancreas eia cirurgiaA esplenica, eminentemente flexuosa, proveniente dotronco celiaco, dirige-se obliquamente para baixo epara a esquerda até attingir o bordo superior do pancreas.Segue então este bordo superior em toda a suaextensão e vae terminar no baço.No sou trajecto emitte vários ramos pancreáticos : —arteriolas pancreciticas superiores, que irrigam o corpoe a cauda do pancreas; gastro-epiploicci esquerda, queattinge a gran<strong>de</strong> curvatura do estomago para se anastomosarcom a gastro-epiploica direita; vasos curtos,que, na gran<strong>de</strong> tuberosida<strong>de</strong> do estomago, se anastomosamcom a coronaria estomacliica ; pequeno ramo recorrenteque se <strong>de</strong>staca da esplenica no hilo do baçopara ir irrigar uma pequena porção da cauda do pancreas(1).A hepqtica, proveniente, como a esplenica, do troncoceliaco, fornece ao pancreas uma pequena arteriola:— a pancreatico-duo<strong>de</strong>nal superior, que, nascendo dotronco primitivo da hepatica ou do ramo gastro epiploicodireito, caminha na face anterior da cabeça dopancreas e, fornecendo alguns ramos ao duo<strong>de</strong>no, vaeanastomosar-se com a pancreatico-duo<strong>de</strong>nal inferior.A mesenterica superior, proveniente directamente daaorta, emitte dois ramos pancreáticos : — a pancreaticainferior, que, seguindo da direita para a esquerda obordo inferior do pancreas, se anastomosa com umpequeno ramo da esplenica; e a pancreatico-duo<strong>de</strong>nalinferior, que, dirigindo-se para a direita para irrigar(1) «A existencia da gastro-epiploica esquerda, dos vasoscurtos e do pequeno ramo recorrente explicam a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> se conservar a vitalida<strong>de</strong> do baço <strong>de</strong>pois da laqueação daartéria esplenica». (VILLAR, Chirurgie du pancreas, Paris,1906, pag. 20).


Parte anatómica 11a cabeça do pancreas, se vae anastomosar com a pancreaticoduo<strong>de</strong>nal superior.O pancreas fica portanto envolvido por um verda<strong>de</strong>irocirculo arterial, —o circulo pcri-pancreatico, —don<strong>de</strong> partem numerosos ramos que irrigam as suasdiversas partes (1).VEIAS. —As veias pancreaticas, seguindo <strong>de</strong> ordinárioo trajecto das artérias, (em regra a cada artériacorrespon<strong>de</strong> uma única veia), lançam se na esplenica,nas mesaraicas e 110 tronco da veia porta.LYMPHATICOS. —Os lymphaticos do pancreas, muitonumerosos, constituem, segundo TESTUT, 4 grupos inteiramentedistinctos: — 1.° lymphaticos superiores ouascen<strong>de</strong>ntes, que terminam em pequenos grupos ganglionaressituados no bordo superior do pancreas;2." lymphaticos inferiores ou <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, que se lançamnum grupo ganglionar situado em volta dos vasosmesentericos superiores; 3.° lymphaticos direitos, quese terminam 11a face anterior da segunda porção doduo<strong>de</strong>no; 4.° lijmphaticos esquerdos, que, dirigindo separa a esquerda, terminam 11a prega pancreaticoesplenica.Nervos. — Os nervos pancreáticos, provenientes doplexo solar, seguem geralmente o trajecto dos vasossanguíneos.(1) Desta rapida enumeração das artérias pancreaticas e dotrajecto que ellas percorrem, <strong>de</strong>duz-se claramente que as differentesporções do pancreas não são eguahnente irrigadaspor todas as artérias que constituem o circulo peri-pancreatico.Com effeito, emquanto a artéria hepatica irriga sobretudoa cabeça do pancreas, a esplenica e a mesenterjea superiorvão irrigar o corpo e a cauda.


PARTE CLINICAAlTecções cirúrgica* «lo pancreasEmbora a cirurgia pancreatica tenha feito, nestesúltimos annos, enormes progressos, o estudo das affecçõescirúrgicas do pancreas é ainda bastante complexo.Ao lado das affecções pancreaticas com uma pathogeniaperfeitamente conhecida e <strong>de</strong> diagnosticorelativamente fácil, outras existem, e em muito maiornumero, cujo estudo pathogenico se começa agora aesboçar e cujo diagnostico é extremamente difficil.Esta difficulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> diagnostico explica-se pelas intimasrelações anatómicas e physiologicas que ligamo pancreas ao estomago, ao duo<strong>de</strong>no e ao figado e quetornam geralmente a semeologia pancreatica pouconitida, pela existencia concomitante <strong>de</strong> intensas perturbaçõesgastro-intestinaes ou liepato-biliares.Guiado por estes últimos symptomas, o clinico admittiráa existencia duma affecção gastrica, intestinal ouhepatica, quando na realida<strong>de</strong> se trata simplesmenteduma affecção pancreatica acompanhada <strong>de</strong> perturbaçõesfunccionaes dos orgãos vizinhos.Todavia, algumas affecções cirúrgicas do pancreas


14 O pancreas cm cirurgiatrem uma symptomatologia especial que permitte fazer,por vezes, um diagnostico exacto e seguro.É á <strong>de</strong>scripção <strong>de</strong>sses symptonias, e ao estudo <strong>de</strong>algumas noções etiologicas, pathogenicas e anatomopatliologicasindispensáveis para o diagnostico o paraa escolha da intervenção cirúrgica, que <strong>de</strong>dico esto capitulo.Entre as affecções cirúrgicas do pancreas, a maioriados autores <strong>de</strong>screve: o pancreas annular, os <strong>de</strong>slocamentospancreáticos, os traumatismos, as pancreatites,a tuberculose do pancreas, os cálculos pancreáticos, ostumores e as fistulas.Analoga é a or<strong>de</strong>m adoptada na exposição que sevae seguir.Pancreas aiumlarDá-se o nome <strong>de</strong> pancreas annular a uma anomaliamuito rara c muito mal conhecida da glandula pancreaticaem que a cabeça ou extremida<strong>de</strong> direita <strong>de</strong>steorgão, consi<strong>de</strong>ravelmente augmentada <strong>de</strong> volume, envolvee comprime a porção vertical do duo<strong>de</strong>no (1).(1) Tem-se também dado o nome <strong>de</strong> pancreas annulara unia anomalia que consiste no <strong>de</strong>senvolvimento anormal dacauda do pancreas.SANDRAS (Chirurgie du pancreas, Lyon, 1897, pag. 20)cita a tal proposito uma observação interessante.Na autopsia dum velho <strong>de</strong> 83 annos o auctôr verificou aexistência dum pancreas volumoso, cuja cabeça, ultrapassandoum pouco para a direita a 3. :l vertebra lombar, estava encravadana concavida<strong>de</strong> formada pelas tres primeiras porções do


15A primeira observação <strong>de</strong> pancreas annular foi publicadaem 1882 por ECKER. Tratava-se dum pancreasbastante volumoso, cuja cabeça envolvia completamentea porção <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte do duo<strong>de</strong>no. Este, <strong>de</strong> calibreconsi<strong>de</strong>ravelmente reduzido na região correspon<strong>de</strong>nteá cabeça pancreatica, estava muito dilatado nasproximida<strong>de</strong>s do pyloro.No Jornal <strong>de</strong>. Anatomia c Pkisiologia geral publicadoem 1885 (pag. 292), SYMINGTON refere um caso<strong>de</strong> pancreas annular observado numa autopsia. A extremida<strong>de</strong>superior da porção <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte do duo<strong>de</strong>noestava completamente envolvida por um annel do tecidopancreatico. Acima e abaixo da região comprimida, acapacida<strong>de</strong> do intestino era o triplo ou quádruplo dacapacida<strong>de</strong> normal.Analoga É a observação publicada em 1890 por GE-NERSICH. Autopsiando um pneumonico, este auctor encontrou,abaixo do antro pylorico e do lobulo direitodo figado, e á esquerda da vesícula biliar, uma massatriangular movei, lisa e ligeiramente avermelhada,medindo 5 centímetros <strong>de</strong> altura e 4 centímetros <strong>de</strong>largura, cujo bordo superior immediatamente situadoacima da região correspon<strong>de</strong>nte á cicatriz umbilical,duo<strong>de</strong>no. O corpo e a cauda formavam um todo único que,obliquamente dirigido para cima e para a esquerda, attingiao liilo do baço, contornava o bordo anterior <strong>de</strong>ste orgão e iacobrir a face esplenica externa numa extensão <strong>de</strong> 2 ou 3 centímetros.Esta disposição anormal tinlia como consequência o <strong>de</strong>sviodo ligamento gastro-esplenico da sua situação normal, e oaugmento notável <strong>de</strong> comprimento do epiploon pancreaticoesplenieo.


GO pancreas eia cirurgiase estendia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o liilo d8' rim direito até ao estomago.Seccionando o ligamento gastro-colico, abaixando ocolon e levantando o estomago, GEXERSICH reconheceuque tal massa era constituída pela cabeça do pancreas,volumosa e dura, que occupava completamentea concavida<strong>de</strong> constituída pelo duo<strong>de</strong>no, formando umverda<strong>de</strong>iro annel em torno da porção <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>steorgão. Este annel, que recebia pela sua parte posteriorum ramo da artéria pancreatico-duo<strong>de</strong>nal e emittiapela sua face anterior uma pequena veia que se lançavana mesenterica superior, estava separado do duo<strong>de</strong>nopor uma pequena camada <strong>de</strong> tecido celluloadiposo.O estomago e a ultima porção do duo<strong>de</strong>noestavam consi<strong>de</strong>ravelmente dilatados.Na sua these sobre cirurgia pancreatica publicadaem 1897, SANDRAS refere-se também a um interessantecaso <strong>de</strong> pancreas annular. A cabeça da glandula pancreatica,intimamente adherente ao duo<strong>de</strong>no, comprimianum apertados annel <strong>de</strong> 3 a 5 centímetros <strong>de</strong> larguraa porção <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>ste orgão.A massa glandular, que comprimia o intestino, recebiauma arteriola proveniente da hepatica, e emittiapequenas veias que se lançavam na mesenterica superior.Embora as observações <strong>de</strong> pancreas annular atéhoje publicadas sejam muito pouco numerosas, e nãopermitiam fazer uma minuciosa <strong>de</strong>scripção clinica<strong>de</strong>sta curiosida<strong>de</strong> anatomo-pathologica, é fácil todaviacalcular qual a symptomatologia que <strong>de</strong>verá correspon<strong>de</strong>ra esta affecção pancreatica. Com effeito, dasnoções anatómicas expostas <strong>de</strong>duz-se claramente que


Parte clinica 11o pancreas annular se <strong>de</strong>verá acompanhar do cortejosymptomatico dos apertos intestinaes superiores oupyloricos. Mas, nenhuma outra indicação nos dão asobservações publicadas, e portanto, o diagnosticoexacto, o diagnostico differencial entre o pancreasannular e as outras affecções pancreaticas ou intestinaesque se acompanham da mesma symptomatologiaé impossível.Para po<strong>de</strong>r affirmar com segurança a existencia <strong>de</strong>um pancreas annular é absolutamente indispensávelrecorrer á laparotomia exploradora.Deslocamentos pancreáticosEmbora solidamente fixo ao duo<strong>de</strong>no, o pancreaspo<strong>de</strong> soffrer, como a maior parte dos orgãos abdominaes,<strong>de</strong>slocamentos diversos, congénitos ou adquiridos.Como exemplo <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamentos congénitos citam-seas hérnias diaphragmaticas, umbilicaes e intestinaesdo pancreas.As primeiras são as mais frequentes (1). O pancreas,só (casos <strong>de</strong> CLAUDE e CAMPBELL) ou acompanhado doestomago e do duo<strong>de</strong>no (casos <strong>de</strong> IIOWEL e GEOFFROYSAINT-HILAIRE), passa através do diaphragma e penetrana cavida<strong>de</strong> thoracica.As hérnias umbilicaes do pancreas são extrema-(1) LARCHER e MAYER citam 20 casos <strong>de</strong> liernias diaphragmaticasdo pancreas.


18mente raras e, em regra, só se observam em fetosmonstruosos. Todavia ROSE cita um caso <strong>de</strong> hérniaumbilical no adulto : o sacco herniario continha o pancreas,o colon transverso, o colon ascen<strong>de</strong>nte e o appendicevermicular.Como exemplo <strong>de</strong> hérnias intestinaes do pancreasconhecem-se apenas os dois casos referidos por BAUDe GUIBERT, e em que a glandula pancreatica tinhapenetrado na 3. a porção do duo<strong>de</strong>no.Os <strong>de</strong>slocamentos adquiridos são mais raros do queos <strong>de</strong>slocamentos congénitos.ÍIELNELHAUSEN cita um caso <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento dopancreas para o hypocondrio esquerdo, pela compressãoexercida pelo figado consi<strong>de</strong>ravelmente augmentado<strong>de</strong> volume.SAINT-ANDRÉ, GOLH e YECKER citam também casosem que os esforços violentos do vomito tiveram comoconsequência a ruptura do diaphragma e a penetraçãodo pancreas na cavida<strong>de</strong> thoracica.Numa observação publicada por ESTES, O baço, consi<strong>de</strong>ravelmenteaugmentado <strong>de</strong> volume, tinha obrigadoa cauda do pancreas a <strong>de</strong>sviar-se para baixo e paraa direita, mantendo-se a cabeça applicada contra oduo<strong>de</strong>no.ALONSO refere-se também a um caso em que o baço<strong>de</strong>slocado para a fossa iliaca direita e unido por enormesadherencias á cauda do pancreas, exercia tracçõesviolentas sobre este orgão, a ponto <strong>de</strong> transformar asua posição primitivamente horizontal numa posiçãoperpendicular ao colon transverso.Mais frequentes são os casos citados por SAPPEY eHERTZ em que, sob a influencia das pressões continuas


Parte clinica11exercidas pelo espartilho, o pancreas occupava umaposição inferior á sua situação normal.Para fazer o diagnostico dos <strong>de</strong>slocamentos pancreáticosé absolutamente necessário recorrer á laparotomiaexploradora. Com effeito, embora se possareconhecer com relativa facilida<strong>de</strong> a existencia dumahérnia diaphragmatica ou umbilical, é completamenteimpossível saber se o pancreas está ou não contido naporção que fez hérnia, sem lançar mão duma incisãoexploradora.Traumatismos «lo pancreasProfundamente situado na cavida<strong>de</strong> abdominal eprotegido pela columna vertebral, o pancreas rarasvezes <strong>de</strong>verá ser attingido por traumatismos. Comtudocasos ha, referidos na litteratura medica, <strong>de</strong> lesõestrauinaticas do pancreas, a maior parte das vezesacompanhadas <strong>de</strong> lesões do estomago, do figado, doduo<strong>de</strong>no e do baço. (1).Os autores <strong>de</strong>screvem geralmente entre os traumatismosda glandula pancreatica: 1.° as contusões e asrupturas; 2.° as feridas; 3.° os hematomas; 4.° os kistostraumaticos; 5.° as hérnias traumaticas.Contusões e rupturas. — Na sua these publicada em1902, GUY affirma que as contusões e as rupturas do(1) KÕRTE cita vários casos <strong>de</strong> ptose do estomago e docolon transverso em que os traumatismos tinham attingidounicamente o pancreas.


GO pancreas eia cirurgiapancreas são geralmente a resultante dum traumatismoviolento que attinge o chamado espaço vulnerável—regiãolimitada por uma linha eschematica que comprehen<strong>de</strong>no seu contorno o flanco esquerdo, o epigastroe a pare<strong>de</strong> lombar esquerda.A lesão resultante <strong>de</strong>sse traumatismo po<strong>de</strong> apresentargraus diversos : por vezes é uma simples contusão,a custo perceptível; outras vezes, porém, como acontecenos casos referidos por STERN, EDEN, MICHAUX eSCHMIDT, é uma ruptura, uma laceração completa doorgão.KORTE, num interessante trabalho publicado em1898 sobre a cirurgia do pancreas, cita 30 observações<strong>de</strong> contusões e rupturas pancreaticas, 7 das quaes sereferem a rupturas completas do pancreas, acompanhadas<strong>de</strong> hemorragias mortaes resultantes da secçãoda artéria esplenica.VILLAR cita também tres casos <strong>de</strong> ruptura completado pancreas, um dos quaes era acompanhado <strong>de</strong> laceraçãodo estomago, do baço, do duo<strong>de</strong>no e do colon.Factos sensivelmente analogos são também referidospor SENN, MAUCLAIRE,TRAVERS e VILLIÈRE.Não ha signal algum que permitta affirmar, comsegurança a existencia duma ruptura ou duma contusãopancreatica.É certo que se tem affirmado terem as contusões eas rupturas do pancreas uma symptomatologia especial,que permittiria distinguí-las das contusões ou rupturasdas outras vísceras. Tal affirmação é, todavia,absolutamente <strong>de</strong>stituída <strong>de</strong> fundamento. Com effeito,embora por vezes se tenha diagnosticado a existencia<strong>de</strong> rupturas visceraes como resultado <strong>de</strong> violentos


Parte clinica11traumatismos, não ha signal algum que nos permittaaffirmar se sim ou não o pancreas foi lesado.O único meio <strong>de</strong> diagnostico ao nosso alcance é aqui,como em muitas outras lesões pancreaticas, a laparotomiaexploradora ; é a ella que o cirurgião <strong>de</strong>verásystematicamente recorrer sempre que, <strong>de</strong>pois dumtraumatismo violento, que tenha attingido o chamadoespaço vulnerável, suspeitar da existencia <strong>de</strong> contusõesou <strong>de</strong> rupturas visceraes.Feridas. — Em 1898 affirmava IVÕRTE que as feridasdo pancreas eram muito raras, e que se acompanhavamsempre ou quasi sempre <strong>de</strong> soluções <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong>dos orgãos vizinhos. Esta coexistência das feridasdo pancreas com lesões <strong>de</strong> outros orgãos foi nitidamenteobservada nos numerosos casos posteriormente publicados.São exemplos nitidos as observações referidaspor OTIS, HAHN, WIEMUTH, BRAMAN, KÕRTE e tantosoutros, em que as feridas pancreaticas eram tambémacompanhadas <strong>de</strong> soluções <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> do baço,do colon, do duo<strong>de</strong>no, do figado, do estomago e <strong>de</strong>algumas ansas do intestino <strong>de</strong>lgado.Quer isoladas, quer acompanhadas <strong>de</strong> lesões <strong>de</strong> outrosorgãos, as feridas do pancreas (sobretudo as feridaspor arma <strong>de</strong> fogo) observam-se principalmente,segundo VILLAR, na cauda — facto <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importânciasob o ponto <strong>de</strong> vista cirúrgico, pois que as intervençõesnesta região são incontestavelmente muitomenos graves do que as operações na cabeça.Da leitura das numerosas observações publicadassobre o assumpto, parece realmente po<strong>de</strong>r-se concluirque as feridas da cauda do pancreas são um poucomais frequentes do que as soluções <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong>


GO pancreas eia cirurgiada cabeça, facto que <strong>de</strong>verá todavia ser consi<strong>de</strong>radocomo um mero acaso, e não, como parece querer affirmarVILLAR, como a resultante <strong>de</strong> qualquer disposiçãoanatómica especial.Seja porém como fôr, e seja qual fôr a sé<strong>de</strong> da solução<strong>de</strong> continuida<strong>de</strong>, o que é indubitável é que ossymptomas das feridas do pancreas não são nem maisnitidos nem mais característicos do que os signaes queacompanham as rupturas e as contusões.É certo que, segundo EDLER, ao contrario do queacontece com os traumatismos já estudados, o diagnosticodas feridas do pancreas po<strong>de</strong>-se tornar relativamentefácil, visto que estas soluções <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> sepo<strong>de</strong>m acompanhar dum abundante escoamento <strong>de</strong>succo pancreatico para o exterior. Sendo assim, é indubitávelque o diagnostico <strong>de</strong> ferida pancreatica setorna extremamente simples.Tal affirmação é, todavia, a meu ver, absolutamente<strong>de</strong>stituída <strong>de</strong> fundamento, poisque nas numerosas observaçõesque consegui consultar não vi referido umúnico caso em que tal escoamento se tivesse dado.De resto, esta ausência <strong>de</strong> escoamento do succo pancreaticopara o exterior é perfeitamente natural: oliquido proveniente da ferida pancreatica terá certamentemaior ten<strong>de</strong>ncia em attingir a parte inferior dacavida<strong>de</strong> abdominal do que em sair por um orifíciofrequentemente situado na parte superior do abdómene a enorme distancia do orgão lesado.De modo que, a <strong>de</strong>speito da affirmação <strong>de</strong> ELD, eujulgo que o diagnostico clinico das feridas do pancreassó se po<strong>de</strong>rá fazer recorrendo á laparotomia exploradora.E ainda assim é necessário fazer uma exploraçãominuciosa do pancreas, para não <strong>de</strong>ixar passar <strong>de</strong>sper-


Parte clinica11cebidas as pequenas feridas por vezes cobertas peloperitoneo parietal.Hematomas.—Como consequência dum traumatismodo pancreas produz-se geralmente uma hemorragiaresultante da ruptura das artérias pancreaticas. Estahemorragia, por vezes rapidamente mortal (rupturada artéria esplenica, da artéria pancreatico-duo<strong>de</strong>nalsuperior ou da artéria pancreatico-duo<strong>de</strong>nal inferior)po<strong>de</strong> todavia, nos casos em que a artéria lesada nãoé volumosa, dar logar a uma collecção sanguinea que,regra geral, irá occupar a cavida<strong>de</strong> posterior dos epiploons,ficando portanto situada atrás do estomago,a<strong>de</strong>ante do pancreas, acima do colon transverso eabaixo do lobulo esquerdo do figado.Por vezes a collecção sanguinea occupa também oespaço comprehendido entreos dois folhetos aponevroticosque constituem ogran<strong>de</strong> epiploon.Tal é a pathogenia damaior parte dos hematomaspancreáticos, também Kisto Niingiiiiico Irnuiiiatico.— 1, estomago; 2, pancreas;chamados kistos sanguíneostraumaticos3, se<strong>de</strong> da ruptura; i, <strong>de</strong>rrame |na ca-(1).vida<strong>de</strong> posterior dos epiploons; 5, co-Assim originado, o hematomavae a pouco elon transverso; (í, figado. (HADRA).pouco repellindo os orgãos vizinhos, até se collocarpor vezes em contacto com a pare<strong>de</strong> anterior do abdómen.(1) Casos ha todavia em que os hematomas têem uma pathogeniadifferente. Como consequência do traumatismo do


GO pancreas eia cirurgiaA maior parte das vezes — hematomas sub-hepatogastricosou inter-gastro-colicos — o estomago é repellidopara cima, e a collecção sanguínea vae-se entãocollocar entre a gran<strong>de</strong> curvatura gastrica e o colontransverso.Por vezes, todavia — hematomas sub-hepato-gastrocolicos— o estomago e o colon transverso, ligados poradherencias com o gran<strong>de</strong> epiploon, são repellidos paracima. O tumôr, <strong>de</strong>senvolvendo-se então para a parteinferior da cavida<strong>de</strong> abdominal, e repellindo o folhetoinferior do meso-colon transverso, vem collocar-se emcontacto com a face anterior do abdómen, numa regiãosituada immediatamente abaixo da cicatriz umbilical.Por ultimo ainda—hematomas inter-hepato-gastricos— a collecção sanguinea, disten<strong>de</strong>ndo o epiploongastro-hepatico, insinua-se entre o estomago e o figado.Taes são as varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> hematomas, ou kistos sanguíneostraumaticos, <strong>de</strong>scriptas por KÕRTE em 1898.Quaes são os signaes em que se <strong>de</strong>ve basear o diagnosticodos kistos sanguíneos traumaticos ?Cita-se geralmente a dôr (nevralgia celíaca <strong>de</strong> FRIE-DREICH) localizada na parte superior do abdómen,como um optimo elemento <strong>de</strong> diagnostico.pancreas, produz-se por vezes, não uma hemorragia, mas umprocesso peritonitico com formação <strong>de</strong> múltiplas adherencias.Estas po<strong>de</strong>m dar logar a pequenas hemorragias que, encaminhando-separa a cavida<strong>de</strong> posterior dos epiploons, vão constituirum hematoma.Todavia, ao contrario do que acontece quando a hemorragiaé a resultante immediata do traumatismo, o hematoma sóse constitue passadas algumas semanas, meses ou até annos<strong>de</strong>pois da contusão pancreatica.


Parte clinica11GUY faz todavia notar que as dores observadas noskistos sanguíneos traumaticos, e que são provavelmente<strong>de</strong>vidas ã compressão do plexo celiaco, não têemnada <strong>de</strong> característico, pois se po<strong>de</strong>m também observarem muitas outras affecções pancreaticas.Muito maior valor tem certamente o exame minuciosoda parte superior do abdómen.A simples palpação permitte frequentemente reconhecera existencia dum tumor, por vezes muitovolumoso, que occupa o epigastro ou a região umbilical.Á percussão reconhece-se uma zona <strong>de</strong> baci<strong>de</strong>z, <strong>de</strong>extensão variavel, ro<strong>de</strong>ada por uma zona sonora, cujoslimites variam com a maior ou menor distensão dosorgãos digestivos.A parte superior <strong>de</strong>sta zona sonora correspon<strong>de</strong> aoestomago — kistos inter-gastro-colicos—ou ao colontransverso — kistos sub-hepato-gastro-colicos; a parteinferior correspon<strong>de</strong> ao colon transverso ou ás ansasintestinaes.Baci<strong>de</strong>z circumscripta por uma zona sonora, cujoslimites variam com a maior ou menor distensão dosorgãos digestivos, —tal é o signal mais importante parao diagnostico dos kistos sanguíneos traumaticos (1).Se juntarmos a este signal a existencia <strong>de</strong> fluctuação,que por vezes se observa com perfeita niti<strong>de</strong>z, asensação <strong>de</strong> crepitação sanguínea invocada por MAU-CLAIRE, a immobilida<strong>de</strong> quasi absoluta do tumor e aexistencia dum traumatismo anterior, po<strong>de</strong>remos tal-(1) Este signal não se observa na varieda<strong>de</strong> inter-hepatogastrica.Neste caso a baci<strong>de</strong>z do tumor confun<strong>de</strong>-se com abaci<strong>de</strong>z hepatica.


GO pancreas eia cirurgiavez, com certa probabilida<strong>de</strong>, fazer o diagnostico <strong>de</strong>kisto sanguíneo traumatico.Kistos traumaticos. — Os kistos traumaticos, tambémchamados pseudo-kistos <strong>de</strong> KÕRTE, resultantes excepcionalmenteda transformação dum hematoma, são,na quasi totalida<strong>de</strong> dos casos, <strong>de</strong>vidos a uma lesão doscanaes excretores do pancreas. O succo pancreatico,não po<strong>de</strong>ndo seguir o seu curso normal até ao duo<strong>de</strong>no,dirige-se para a cavida<strong>de</strong> posterior dos epiploons,dando ahi logar á formação dum kisto. Tal é a pathogeniahabitual dos pseudo-kistos traumaticos.Assim constituído, o kisto tem uma evolução sensivelmenteanaloga á cios hematomas.A divisão que geralmente se faz dos hematomas emhematomas sub-hepato-gastricos, sub-hepato-gastrocolicose inter-hepato-gastricos, applica-se também aospseudo-kistos traumaticos.Qualquer que seja a varieda<strong>de</strong> a que pertencem, ospseudo-kistos apparecem geralmente dois a cinco mêses<strong>de</strong>pois do traumatismo.Todavia, á semelhança ainda do que succe<strong>de</strong> com oshematomas, a sua evolução é, por vezes, muito maislenta, e só <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> vários meses ou annos é que okisto se torna perceptível pela palpação abdominal (1).A symptomatologia que acompanha os pseudo-kistosé perfeitamente analoga ã que se observa nos hematomas.A baci<strong>de</strong>z circumscripta por uma zona sonora, a(1) Num caso referido por RICHARDSON, o pseudo-kistotraumatico só se tornou perceptível cinco annos <strong>de</strong>pois dotraumatismo.


Parte clinica11fluctuação, a immobilida<strong>de</strong> quasi absoluta do tumôr ea existencia dum traumatismo anterior são também ossignaes que caracterizam os pseudo-kistos.O diagnostico entre os pseudo-kistos traumaticos eos hematomas é, portanto, impossível <strong>de</strong> fazer.É certo que nos hematomas se encontra por vezesa chamada crepitação sanguinea — signal que permittirãdistingui-los dos pseudo-kistos. Mas essa crepitaçãosanguinea observa-se tão raramente, é tão difficilmenteperceptível, que não po<strong>de</strong>rá ser consi<strong>de</strong>rada como umelemento <strong>de</strong> valor para o diagnostico differencial.É reconhecendo esta impossibilida<strong>de</strong> absoluta <strong>de</strong>fazer o diagnostico differencial entre hematomas epseudo-kistos, que alguns autores têem recorrido ápuncção exploradora.Tal meio <strong>de</strong>ve ser, todavia, completamente rejeitado,pois <strong>de</strong> contrario nos arriscamos a infectaro peritoneo; a provocar uma peritonite aguda rapidamentemortal, se o conteúdo do kisto ou do hematomafôr séptico; ou ainda a perfurar o estomago, o colontransverso ou algumas ansas do intestino <strong>de</strong>lgado quepossam estar situadas entre o tumôr e a pare<strong>de</strong> anteriordo abdómen.Para fazer o diagnostico exacto, o cirurgião possueum meio muito mais pratico e muito menos grave —é a laparotomia exploradora. A ella se <strong>de</strong>verá recorrer,portanto, sempre que se queira confirmar o diagnostico.Hérnias trauniaticas. — Até ha poucos annos ainda,a existencia das hérnias traumaticas do pancreas eracontestada pela quasi totalida<strong>de</strong> dos autores.Com effeito, conhecida a situação profunda do pan-


GO pancreas eia cirurgiacreas na cavida<strong>de</strong> abdominal e <strong>de</strong>monstrada tambéma sua fixi<strong>de</strong>z pelas intimas relações que o pren<strong>de</strong>m aoduo<strong>de</strong>no e ao peritoneo parietal posterior, era naturalcontestar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>, mesmo pela acção <strong>de</strong>traumatismos violentos, se produzirem hérnias pancreaticas.Os factos vieram, todavia, <strong>de</strong>monstrar cabalmentea falsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tal supposição, e hoje ninguém nega jáa existencia <strong>de</strong> hérnias traumaticas do pancreas.A maior parte das vezes trata-se <strong>de</strong> hérnias consecutivasa feridas do abdómen ou da parte inferior dothorax. Foi o que aconteceu nos casos referidos porKLEBER, CALDWEL, FONTOYNONT e PEREIRA GUIMARÃES,em que a analyse histologica <strong>de</strong>monstrou, com toda aniti<strong>de</strong>z, a existencia <strong>de</strong> tecido pancreatico na porçãoherniada.O diagnostico das hérnias traumaticas do pancreasé, em regra, duma extrema facilida<strong>de</strong>. O aspecto característicoe a consistência especial da glandula pancreaticapermittem, na quasi totalida<strong>de</strong> dos casos,affirmar com segurança se sim ou não existe pancreasna porção que fez hérnia.Casos ha, todavia, em que pela existencia <strong>de</strong> alteraçõesanatómicas da glandula, o diagnostico se tornabastante difficil. Foi o que aconteceu com o celebrecaso, referido por LABORDERIE, em que se confundiuuma simples hérnia epiploica com uma hérnia pancreatica.Para evitar erros analogos, o cirurgião <strong>de</strong>ve fazersempre o exame minucioso da solução <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong>e dos tecidos que fazem hérnia.Em casos <strong>de</strong> duvida, po<strong>de</strong>r-se-ha mesmo recorrer áanalyse histologica.


Parte clinica11PancreatitesTanto no ponto <strong>de</strong> vista etiologico, pathogenico eanatoino-patliologico, como no ponto <strong>de</strong> vista clinicoe operatorio, as pancreatites constituem o capitulomais interessante da pathologia pancreatica.Assignaladas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> remotas epochas por TULPIUS,GREISEL, PORTAL, MONDIÈRE, ANCELET e tantos outros,têem sido nestes últimos annos objecto <strong>de</strong> numerosostrabalhos, publicados pelos nomes mais auctorizadosnas sciencias medicas.Longe <strong>de</strong> mim, todavia, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> fazer a exposiçãominuciosa <strong>de</strong> todos esses trabalhos recentemente publicados.Seria uma tarefa <strong>de</strong>scabida num livro <strong>de</strong>cirurgia como este.Pouco mais farei, portanto, apesar do interesse queultimamente têem dispertado as pancreatites, do queresumir algumas noções indispensáveis para o diagnosticoe para a escolha do processo operatorio aseguir.**- *A infecção microbiana é a causa da maior parte daspancreatites.Por vezes as lesões pancreaticas resultam duma infecçãogeral. São exemplos nitidos, os casos referidospor EGDAHL, CHARRIN, GARNIER e outros, em que as


GO pancreas eia cirurgialesões pancreaticas fôram <strong>de</strong>vidas á infecção do pancreasno <strong>de</strong>curso do rheumatismo articular agudo, dainfecção puerperal e doutras infecções geraes.Outras vezes, as pancreatites resultam da transmissãoao pancreas dum processo morbido primitivamentelocalizado nos orgãos vizinhos. Foi o que aconteceunos casos citados por SCHUMANN e DUSSELDORF, em queas lesões pancreaticas tiveram origem em cancros eulceras do estomago e do duo<strong>de</strong>no.Mas, na etiologia das pancreatites, ha sobretudo doisfactores particularmente importantes : são as perturbaçõesgastro-intestinaes e as affecções hepáticos.Destas ultimas tem capital importancia a lithiasebiliar. Basta recordar, com effeito, algumas passagensdum trabalho recentemente publicado pelo SR. DR. AL-VARO DE MATTOS (1), para se chegar necessariamenteá conclusão <strong>de</strong> que a maior parte das pancreatitestêem como factor etiologico a lithiase biliar.Pondo <strong>de</strong> parte os resultados autopsiaes que, nascondições em que fôram publicados, não permittemavaliar com rigor a frequencia das pancreatites nalithiase biliar, o autor liga sobretudo importancia ásinvestigações cirúrgicas. E assim, a pag. 25 do 2.° volumedo seu trabalho, diz :«Concordam todos os cirurgiões em que a pancreatitechronica se combina na maioria dos casos com acholelithiase.«Divergem porém as percentagens publicadas, comovamos vêr.«As antigas observações <strong>de</strong> TRUHART e JAPHA sobre(1) ALVARO DE MATTOS, Lithiase Biliar, <strong>Coimbra</strong>, 1910.


Parte clinica11a frequencia da cholelithiase na pancreatite, emborareproduzidas no recente relatorio <strong>de</strong> SUBBOTITCH, nasecção cirúrgica do Congresso <strong>de</strong> Budapesth, são dadosautopsiaes <strong>de</strong> pouco interesse.«TRUHART, em necropsias <strong>de</strong> 200 pancreáticos, encontroua lithiase biliar apenas em 16,5% dos casos.Mas é muito fácil os cálculos pequenos, até 3 m,n <strong>de</strong>diâmetro, passarem <strong>de</strong>sapercebidos nas autopsias, nãosó na vesícula, mas também nos duetos biliares, quandose não fizer uma pesquisa intencional. Julga EBNERpouco provável que estas autopsias fôssem praticadassob esse ponto <strong>de</strong> vista, pela pouca attenção que antigamentese ligava ás relações entre as duas affecções.A percentagem <strong>de</strong> TRUHART <strong>de</strong>veria pois ser consi<strong>de</strong>radacomo reduzida.«De facto JAPHA encontrou, numa serie <strong>de</strong> 70 autopsias,uma percentagem quasi do dobro (38 °/'o), attribuindoEBNER este facto á circumstancia <strong>de</strong> estasnecropsias, que se seguiram, terem sido conduzidascom mais attenção pelo syndroma cholecysto-pancreatico.«Mas, se as observações <strong>de</strong> TRUIIART e JAPHA têem emvista a frequencia da cholelithiase nos pancreáticos,o que mais importa é a frequencia da pancreatite nacholelithiase, aspecto da questão que os mais recentestrabalhos têem contribuído para esclarecer.«Quanto ás conclusões cirúrgicas, vê-se que W. J. eC. H. MAYO, numa estatística geral <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong>1907, registram que o pancreas estava interessado 141vezes em 2:200 operações praticadas na vesícula e nasvias biliares, o que correspon<strong>de</strong> a uma percentagem<strong>de</strong> 6,1%; sendo o total <strong>de</strong> todas as affecções pancreaticasoperadas apenas <strong>de</strong> 168, <strong>de</strong>duz-se a interessante


32 O pancreas em cirurgiaconclusão <strong>de</strong> que 81°/ 0 das lesões pancreaticas são <strong>de</strong>vidasá cliolelithiase ou coexistem com a lithiase.«Em 268 operações no hepático ou 110 choledoco, encontraramos irmãos MAYO o pancreas lesado em 18,6 %dos casos, ao passo que a lithiase vesicular apenas seacompanhava <strong>de</strong> affecção pancreatica em 4,45 °/ 0 doscasos. Em 124 casos apresentava a cabeça do pancreaslesões evi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> inflamação ; 17 vezes apenas a glandulase manifestou attingida 11a sua totalida<strong>de</strong>.«Aquelles dados confirmam a conclusão <strong>de</strong> QUÉNU eDUVAL sobre um estudo <strong>de</strong> 104 casos colligidos no trabalhocitado ; estes autores encontraram, com effeito, apancreatite muito mais frequentemente com a lithiasedo choledoco, do que na lithiase vesicular. Parecetambém que a se<strong>de</strong> dos cálculos ten<strong>de</strong> a influir na varieda<strong>de</strong>anatómica das pancreatites, distribuindo-seestes casos da seguinte maneira:«Cálculos da vesícula, 46 casos:Pancreatite chronica 21» suppurada 16» hemorragica 5Não especificada 4«Cálculos do choledoco, 48 casos:Pancreatite chronica 39» suppurada 6» hemorragica 3«Cálculos da empola <strong>de</strong> VATER, 10 casos:Pancreatite chronica 3» suppurada 3» hemorragica 4


Parte clinica11«As observações mais recentes não têem fornecidoelementos <strong>de</strong> apreciação sufficientes para se po<strong>de</strong>rajuizar do valor <strong>de</strong>stes últimos dados.«É interessante a experiencia <strong>de</strong> MAYO ROBSON, que<strong>de</strong>screve a pancreatite chronica em 60 % dos casos,em que na operação se encontraram cálculos nq choledoco,ao passo que W. MAYO, nestas condições, reconheceuaffecção pancreatica apenas em 18,6 °/ 0 doscasos, observando porém, que só tomou em linha <strong>de</strong>conta os casos muito nitidos, e concordando em queas investigações <strong>de</strong> MAYO ROBSON e <strong>de</strong> CAMMIDGE foramlevadas a effeito com o maior cuidado.«KEIIR, em abril <strong>de</strong> 1909, avalia a frequencia dapancreatite chronica na cholelithiase pela percentagemaproximada <strong>de</strong> 33 % dos casos.«Numa serie <strong>de</strong> 520 laparotomias da clinica <strong>de</strong> KEHR,relativa aos últimos cinco annos, por cholelithiase confirmadaou suspeitada, e por ictericia chronica, encontram-se:21 carcinomas do pancreas;5 necroses do pancreas;1 kisto do pancreas.102 casos <strong>de</strong> pancreatite chronica;total 129 affecções do pancreas,o que correspon<strong>de</strong> a uma percentagem <strong>de</strong> 24 °/ 0 doscasos, consi<strong>de</strong>rando em bloco as diversas affecçõespancreaticas.«Esta percentagem <strong>de</strong> 24 °/ 0 também diverge muitodo numero publicado pelos irmãos MAYO, que encontraramaffecções do pancreas apenas em 6 °/ 0 das suasnumerosas observações por lithiase da vesícula e das3


GO pancreas eia cirurgiavias biliares. KEHR attribue esta divergencia a differençado material clinico e da indicação operatoria,que MAYO e KEHR comprehen<strong>de</strong>m sob pontos <strong>de</strong> vistadiversos.«Accresce, a meu ver, a circumstancia enunciada hapouco 110 confronto entre a frequencia das pancreatitessegundo os irmãos MAYO e <strong>de</strong> harmonia com osresultados <strong>de</strong> MAYO ROBSON. KEHR, com effeito estásensivelmente na mesma orientação <strong>de</strong> MAYO ROBSON,investigando systematicamente a reacção <strong>de</strong> CAMMIDGE,cujo valor na semiologia do pancreas teremos occasião<strong>de</strong> referir, e concordando com vários pontos <strong>de</strong> vista<strong>de</strong> MAYO ROBSON ; assim, por exemplo, a propositoda pathogenia da ictericia catarrhal, enuncia KEHRtambém a sua convicção <strong>de</strong> que a ictericia, geralmenteconsi<strong>de</strong>rada até agora como catarrhal, não é, namaioria dos casos, mais do que uma pancreatite ligeira.«Se todos estes resultados revelam a frequencia das<strong>de</strong>terminações pancreaticas na cholelithiase, importaporém accentuar que é especialmente frequente a cholecysto-pancreatitechronica, sendo as formas agudas relativamentemais raras*.Tal é a minuciosa <strong>de</strong>scripção das mais importantesestatísticas sobre a frequencia da cholecysto-pancreatiteque, 110 seu trabalho, nos dá o SR. DR. ALVARO DEMATTOS.Infecções geraes, affecções dos orgãos vizinhos dopancreas, perturbações g astro-intestinaes e lithiase biliar(1), taes são os factores etiologicos que intervêemna producção das pancreatites.(1) Por vezes a lithiase biliar, longe <strong>de</strong> ser um dos factoresetiologicos das pancreatites, é, pelo contrario, provocada pela


Parteclinica11Qual é a via seguida pelos germens na sua migraçãopara o pancreas ?Os autores <strong>de</strong>screvem geralmente como possíveis asvias sanguínea, directa, canalicular e lymphatica.A via sanguínea parece ser a escolhida pelos germensnos casos <strong>de</strong> pancreatites consecutivas a infecçõesgeraes.Em dois casos citados por NOCTZEL e GUINARD, <strong>de</strong>lesões <strong>de</strong> pancreatite consecutivas a infecções puerperaes,tratava-se evi<strong>de</strong>ntemente duma propagação porvia sanguínea. Os germens, provenientes do útero,attingiram os vasos sanguíneos que irrigam o pancrease foram fixar-se em diversos pontos da glandula.affeeção pancreatica. «O pancreas pô<strong>de</strong>, com effeito, ser interessado,em casos raros, por infecções geraes, sem que hajauma cholelithiase concomitante. Pô<strong>de</strong> também ser o únicoattingido por uma infecção duo<strong>de</strong>nal ascen<strong>de</strong>nte, tanto maisque o dueto <strong>de</strong> WIRSUNG e o choledoco po<strong>de</strong>m lançar-se noduo<strong>de</strong>no por orifícios distinctos, o que, segundo OPIE, SUCce<strong>de</strong>em 10 °/o dos casos, e 22 vezes numa serie <strong>de</strong> 47 observações<strong>de</strong> CHARPY e SCHIRMER. Oomprehen<strong>de</strong>-se/pois, anatomicamente,como o facto se po<strong>de</strong> dar. Converge para a mesmaconclusão o reconhecimento clinico <strong>de</strong> symptomas inicialmentepancreáticos, sob a reserva porém <strong>de</strong> que a cholelithiase semantém muitas vezes em latência. Se as formas agudas nãopo<strong>de</strong>riam geralmente influir neste sentido sobre a pathologiabiliar, po<strong>de</strong>riam algumas pancreatites ehronicas primitivas<strong>de</strong>terminar uma cholelithiase por compressão do choledocoe pela retenção dahi resultante, com as infecções biliares quesemelhantes condições promovem.Mas na gran<strong>de</strong> maioria dos casos é a cholelithiase que seproduz em primeiro logar, e que, influindo sobre o pancreas,occasiona a cholecysto-pancreatite». (ALVARO DE MATTOS, Lithiasebiliar, 2.° volume, pag. 144).


GO pancreas eia cirurgiaMas não é somente nas affecções geraes que se observaa propagação por via sanguínea. Casos ha <strong>de</strong>lithiase biliar em que ella se po<strong>de</strong>rá também observar.É o que o SR. DR. ALVARO DE MATTOS affirmaquando diz que «é possível que um certo grau <strong>de</strong> toxemia,contemporânea da lithiase, influa sobre o pancreas,produzindo a infecção sanguínea lesões pancreaticasmais ou menos accentuadas á semelhança doque succe<strong>de</strong> nas <strong>de</strong>terminações pancreaticas das doençasinfecciosas».Tal meclianismo <strong>de</strong>ve, todavia, ser consi<strong>de</strong>rado comoabsolutamente excepcional.KLEBS, GUINARD e outros admittem como frequentea propagação da infecção á glandula pancreatica porvia clirecta ou peritoneal.Tal modo <strong>de</strong> propagação, por vezes absolutamenteincontestável, (cancros e ulceras do estomago e do duo<strong>de</strong>no,kistos do pancreas, cholecistites suppuradas,etc.), <strong>de</strong>ve ser todavia consi<strong>de</strong>rado como excepcional.É esta também a opinião do SR. DR. ALVARO DEMATTOS quando diz (pag. 145 do 2.° volume do seutrabalho): «Não é frequente a propagação do processoinfeccioso por via peritoneal, embora a existencia <strong>de</strong>fortes adherencias perivesiculares suggerisse immediatamenteeste modo <strong>de</strong> infecção. Comprehen<strong>de</strong>-seque assim seja, porque o pancreas, orgão retro-peritoneal,e profundamente situado na cavida<strong>de</strong> abdominal,está até certo ponto ao abrigo da propagaçãoduma cholecistite por contiguida<strong>de</strong> peritoneal. Emtodo o caso a pericholecistite po<strong>de</strong> alcançar o peritoneoperi-pancreatico, o tecido cellular, sub-peritoneale attingir o pancreas».


Parte clinica11A via canalicular, consi<strong>de</strong>rada como a mais frequentepela quasi totalida<strong>de</strong> dos autores, observa-se nos casos<strong>de</strong> pancreatites consecutivas a perturbações gastrointestinaese á lithiase biliar.Os germens que normalmente habitam o intestino,augmentando <strong>de</strong> virulência no <strong>de</strong>curso das perturbaçõesgastro-intestinaes, penetram nos canaes <strong>de</strong> Wirsung e<strong>de</strong> Santorini e vão infectar a glandula pancreatica.Tal é o mecanismo invocado por VIDAL, ARNOZAN,DESJARDINS e CARNOT, para explicar o apparecimentodas pancreatites 110 <strong>de</strong>curso das perturbações gastrointestinaes.Tal explicação é, todavia, rejeitada actualmente pelaquasi totalida<strong>de</strong> dos autores que, fundando-se nas proprieda<strong>de</strong>sbactericidas do succo pancreatico e 11a frequentecoexistência das pancreatites com a lithiasebiliar, affirmam que a via geralmente seguida pelosgermens nos casos <strong>de</strong> perturbações gastro-intestinaesé differente da invocada por aquelles autores.Os microbios intestinaes, longe <strong>de</strong> penetrarem directamentenos canaes pancreáticos, attingem geralmenteos ramos <strong>de</strong> origem da veia porta, dirigem-se para ofigado e vão infectar a vesícula.A lithiase vesicular assim constituída e frequentementeacompanhada <strong>de</strong> lithiase do choledoco, daráentão origem, por via <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte e canalicular, áslesões pancreaticas.Umas vezes são os cálculos encravados na porçãopancreatica do choledoco, que, comprimindo o tecidopancreatico, dão origem a lesões <strong>de</strong> esclerose.Outras vezes, nos casos em que o canal <strong>de</strong> Wirsungé attingido pela compressão exercida pelo calculo, pro-


GO pancreas eia cirurgiaduzir-se-ha a estagnação do succo pancreatico, a dilataçãoretrograda dos eanaes excretores do pancreas,o augmento <strong>de</strong> virulência dos germens que normalmentehabitam a porção duo<strong>de</strong>nal dos canaes pancreáticose, consequentemente, as alterações mechanicas e ainfecção glandular.Por ultimo ainda, quando o calculo estiver encravadona empola <strong>de</strong> Vater, e occasionar portanto umobstáculo ao escoamento normal da bilis, haverá passagemdirecta <strong>de</strong> bilis e <strong>de</strong> germens virulentos docanal choledoco para o canal <strong>de</strong> Wirsung e, conseguintemonte,producção <strong>de</strong> lesões pancreaticas diversas.Taes são os mecanismos que, segundo a opiniãoclassica, intervêem na producção da maior parte daspancreatites (1).(1) Tem sido também <strong>de</strong>fendida a eventualida<strong>de</strong> dumatransmissão infecciosa por contiguida<strong>de</strong> das vias biliares. Aeste proposito diz o SR. DR. ALVARO DE MATTOS (Lithiase biliar,vol. 2.", pag. 151): «E especialmente quando os cálculosbiliares occupam a porção supra-pancreatica do choledoco, ocístico ou a vesicula, que alguns autores invocam, nestas situaçõesextra-pancreaticas, inflamações do choledoco transmittindo-sepor contiguida<strong>de</strong> para a cabeça do pancreas.«Mas, dum modo geral, qualquer que seja a situação docalculo, está semelhante propagação directa, por contiguida<strong>de</strong>do choledoco, em <strong>de</strong>saccordo com os dados anatomo-pathologicos;com effeito, se por vezes tem sido reconhecida umacliolcdocite intensa, com ulceração das pare<strong>de</strong>s do canal ousem processos ulcerativos, e noutros casos sub-agudos infiltraçãodos ganglios intra-pancreaticos da vizinhança do choledoco,— observações excepcionaes em que a theoria da contiguida<strong>de</strong>se justifica, — não se encontram geralmente lesõesdo choledoco que sirvam <strong>de</strong> base a semelhante propagação


Parteclinica11Para THIROLOIX e MAUGERET, ao contrario do queaffirmam todos aquelles que sustentam a theoria classica,a infecção pancreatica no <strong>de</strong>curso duma lithiasebiliar faz-se geralmente por via lymphatica (1).No seu trabalho sobre lithiase biliar (2.° vol., pag.147) expõe o SR. DR. ALVARO DE MATTOS as razões quelevaram THIROLOIX e MAUGERET a apresentar a suatheoria da propagação da infecção pelos lymphaticos.«A cholelithiase tem por base <strong>de</strong>terminações infecciosasdas vias biliares e especialmente da vesicula.«Constituídos os cálculos, accentua-se a infecção, quegeralmente se localiza nas suas <strong>de</strong>terminações anainfecciosa,sendo portanto muito duvidosa, nestas condições,a infecção por contiguida<strong>de</strong>.«Por outro lado suggere a theoria pathogenica da contiguida<strong>de</strong>uma outra objecção importante. Com effeito, nos casos<strong>de</strong> pancreatite com calculo do choledoco, o <strong>de</strong>sapparecimentodo calculo não é sufficiente para a cura da pancreatite; a suppressãoda supposta causa não <strong>de</strong>termina a suppressão doeffeito, quer se trate duma ablação cirúrgica, quer se produzauma eliminação espontanea pelas vias naturaes. MAUGERETcita casos <strong>de</strong> CHACFFARD e DIEULAFOY em que os symptomaspancreáticos persistiram apesar do <strong>de</strong>sapparecimento do calculo.Se a ablação do calculo é na maioria dos casos seguida<strong>de</strong> cura, <strong>de</strong>veria o facto resultar <strong>de</strong> que esse acto operatoriose combina em geral com outro em que se promove a <strong>de</strong>sinfecçãodas vias biliares, fazendo-se <strong>de</strong>ste modo um tratamentocausal».O SK. DR. ALVARO DE MATTOS consi<strong>de</strong>ra, portanto, e a meuver com justa razão, a propagação directa por contiguida<strong>de</strong>do choledoco como absolutamente excepcional.(1) Numa das theses apresentadas á Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicinapara o Acto <strong>de</strong> Conclusões Magnas, sustentei a mesma opinião.


GO pancreas eia cirurgiatomo-pathologicas sobre a vesícula biliar, po<strong>de</strong>ndotambém propagar-se ás vias biliares superiores realizando-seuma angiocholite mais ou menos diffusa.«A infecção vesicular pó<strong>de</strong>-se propagar em qualquerdos casos pelas vias lymphaticas, attingindo o pancreas,que se inflama portanto em consequência dasrelações entre os lymphaticos das vias biliares e dopancreas.«Os lymphaticos vesiculares, que emanam da submucosae das differentes camadas da vesícula, combinam-seem canaes collectores que todos convergempara o hilo do figado. Dahi partem novos troncoslymphaticos, que recebem os dos canaes biliares excretores,e que formam troncos mais consi<strong>de</strong>ráveis,dirigindo-se ao nivel da cabeça do pancreas para osgrupos ganglionares retro e sub-piloricos. Mas, poroutro lado, terminam nestes grupos, passando pelasarcadas pancreatico-duo<strong>de</strong>naes anteriores e posteriores,os ganglios da totalida<strong>de</strong> da cabeça do pancrease também, por intermedio da ca<strong>de</strong>ia esplenica, umagran<strong>de</strong> parte dos lymphaticos do resto da glandula.É nestas condições que se estabelecem relações <strong>de</strong>anastomose entre os lymphaticos biliares e os lymphaticospancreáticos.«Como conclusão anatómica temos, pois, que os lymphaticosdo pancreas e os das vias biliares convergemquasi todos para uma mesma região, a da cabeça dopancreas, ao nivel da qual se anastomosam largamente.A região do pancreas, e especialmente a da sua partecephalica, constitue portanto um verda<strong>de</strong>iro centrolymphatico, on<strong>de</strong> afluem, pelos ganglios do hilo, oslymphaticos da vesícula, das vias biliares, a maioriados do figado, e uma gran<strong>de</strong> parte dos do proprio


Parte clinica11pancreas, e pelos ganglios da ca<strong>de</strong>ia esplenica, a gran<strong>de</strong>maioria dos restantes lymphaticos do pancreas.«Semelhante disposição anatómica justifica um certonumero <strong>de</strong> factos pathologicos. Supponhamos uma infecçãodas vias biliares, hypothese que a cholelithiasesempre realiza. A infecção po<strong>de</strong> evi<strong>de</strong>ntemente attingiros ganglios da cabeça do pancreas.«No systema lymphatico muito <strong>de</strong>senvolvido da região,dá-se uma primeira paragem, oppondo-se os numerososganglios á corrente lymphatica, carregada <strong>de</strong> productossépticos. Mas esta barreira ganglionar pô<strong>de</strong> serultrapassada, sendo attingido pela infecção o pancreas,sobre o qual muitos <strong>de</strong>stes ganglios se adaptam directamente,e cuja re<strong>de</strong> lymphatica peripherica facilitaesta penetração, também favorecida pela falta dumacapsula fibrosa capaz <strong>de</strong> se oppor até certo ponto ápropagação dum processo séptico, como succe<strong>de</strong> porexemplo com o figado.«Os elementos infecciosos ou tóxicos transmittidos,por via lymphatica, das vias biliares para o pancreas,po<strong>de</strong>m assim produzir as lesões inflamatóriasessencialmente chronicas, das pancreatites biliares,sendo também possíveis as pancreatites agudas, queTHIROLOIX e MAUGERET attribuem a um augmento<strong>de</strong> virulência dos productos lymphaticos <strong>de</strong> origembiliar.«As lesões pancreaticas, geralmente cirrhoticas, umavez constituídas, po<strong>de</strong>m na maioria dos casos occasionaruma compressão do choledoco. Dahi uma estasebiliar mais ou menos accentuada, e portanto uma exacerbaçãonos processos infecciosos das vias biliares,que, por sua vez, fazem augmentar a infecção pancreatica.Estabelece-se portanto um circulo vicioso,


42exagerando-se as lesões pancreaticas e biliares reciprocamente.«A simples cholecistite, com ou sem calculose, po<strong>de</strong>assim influir na producção duma pancreatite. É esseaté um dos aspectos que os autores <strong>de</strong>ste conceitopathogenico invocam em <strong>de</strong>fesa da sua interessantetheoria. Ficaria explicada a frequente producção dapancreatite no <strong>de</strong>curso da lithiase das vias biliaresaccessorias.«Explicar-se-hia também por este conceito pathogenico,como é que as lesões das pancreatites chronicaspredominam electivamente na cabeça da glandula, ecomo também se po<strong>de</strong>m estabelecer na totalida<strong>de</strong> doorgão.«No ponto <strong>de</strong> vista anatomo-pathologico justifica-seesta theoria da propagação lymphatica pelas a<strong>de</strong>nopathiasjuxta pancreaticas, que alguns autores têem<strong>de</strong>scripto em autopsias e em intervenções cirúrgicas».Por ultimo, o SR. DR. ALVARO DE MATTOS refere-seainda ás razões therapeuticas (<strong>de</strong>sinfecçãojou suppressãoda vesícula) e experimentaes (producção <strong>de</strong> pancreatitespor simples injecção <strong>de</strong> formol na vesícula)invocadas pelos autores em <strong>de</strong>fesa do seu conceito pathogenico.A analyse imparcial das razões que THIROLOIX eMAUGERET invocam para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a sua theoria, levanecessariamente á conclusão <strong>de</strong> que as pancreatites<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> cholelithiase se estabelecem fundamentalmentepor via lymphatica.


Parte clinica11** *A divisão anatomo-pathologica classica das pancreatitescorrespon<strong>de</strong> a typos morbidos que nem semprepossuem uma nitida individualização nosographica.Entre as differentes varieda<strong>de</strong>s nosologicas que constituemo quadro <strong>de</strong>stas affecções pancreaticas, existemlesões intermediarias, communs a vários typos,que tornam arbitrarias as lesões estabelecidas pelosclássicos.Todavia, embora consi<strong>de</strong>re a divisão anatomo-pathologicadas pancreatites como artificial e <strong>de</strong>stituídaportanto do valor nosologico que alguns lhe attribuem,nem por isso <strong>de</strong>ixarei, por commodida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>scripção,<strong>de</strong> enumerar separadamente as características anatomopathologicasdos differentes typos geralmente <strong>de</strong>scriptos.Descreverei portanto isoladamente as lesões macroscópicasque se encontram nas pancreatites hemorrágicas,suppuradas, gangrenosas e chronicas.As lesões microscópicas, menos interessantes para ocirurgião pelo facto <strong>de</strong> não po<strong>de</strong>rem ser reconhecidasno <strong>de</strong>curso da intervenção cirúrgica, não serão mencionadas.A pancreatite hcmorragica é caracterizada por umaugmento <strong>de</strong> volume do pancreas e pela existencia <strong>de</strong>focos hemorrágicos, tanto mais volumosos quanto maisagudo fôr o processo morbido, e mais importantes osvasos sanguíneos interessados.


GO pancreas eia cirurgiaPor vezes existe inn unieo foco hemorrágico; masna maior parte dos casos observam-se focos múltiplos,situados em diversos pontos da glandula, e que traduzema existencia <strong>de</strong> numerosas e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes rupturasvasculares.Algumas vezes, estes focos sanguíneos, nitidamentelimitados, formam verda<strong>de</strong>iros kistos — kistos apopleticosdo pancreas. Mas, em regra, o sangue introduz-setambém nos espaços intersticiaes e, attingindo a peripheriada glandula, o espaço sub-peritoneal e o tecidoperi-pancreatico, produz um verda<strong>de</strong>iro hematomadiffuso, on<strong>de</strong> só uma analyse minuciosa conseguirá<strong>de</strong>scobrir o parenchima glandular.A infiltração hemorragica nem sempre fica localizadaao tecido pancreatico. Por vezes, — hematomadiffuso retro-peritoneal, — <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter transformadoo parenchyma glandular num verda<strong>de</strong>iro coágulo, penetrano tecido retro-peritoneal e attinge o rim e acamada adiposa peri-renal. Outras vezes, — hematomada cavida<strong>de</strong> posterior dos epiploons, — a infiltração hemorragicaattinge a face anterior da glandula, rompeo folheto peritoneal e penetra na cavida<strong>de</strong> posteriordos epiploons.Ao lado <strong>de</strong>stas differentes formas, em que a partedominante do processo morbido é indiscutivelmentea hemorragia, observam-se também outras, mais discretase que são simplesmente caracterizadas por ligeirasmanchas hemorrágicas ou por uma pequeníssimainfiltração sanguínea.São exemplos nítidos <strong>de</strong>sta forma <strong>de</strong> pancreatite oscasos observados por CHAUFFARD, RAVAUT e CARNOTno <strong>de</strong>curso da febre typhoi<strong>de</strong> e da intoxicação morphinica.


Parte clinica11Qualquer que seja o aspecto sob que se apresentaa pancreatite hemorragica, quer se trate <strong>de</strong> simpleskistos apopleticos ou duma pequena infiltração sanguinea,quer se trate, pelo contrario, dum verda<strong>de</strong>irohematoma intra ou extra-pancreatico, as lesões dopancreas acompanham-se geralmente <strong>de</strong> manifestasalterações dos orgãos vizinhos.No mesenterio, no meso-colon transverso, na capsulaadiposa dos rins, no gran<strong>de</strong> epiploon, no peritoneoparietal e no figado observam-se frequentemente hemorragiasdisseminadas, pequenas manchas echimoticas,geralmente associadas a placas brancas ou amarelladas<strong>de</strong> esteato-necrose.Nas pancreatites suppuradas <strong>de</strong>screvem-se geralmenteduas formas anatomo-pathologicas : a pancreatitesuppurada enkistada e a pancreatite suppuradaditfusa.A primeira é essencialmente caracterizada pela existencia<strong>de</strong> abcessos kisticos.Por vezes, —pancreatite com gran<strong>de</strong>s abcessos kisticos,— as lesões pancreaticas reduzem-se a uma ou duasgran<strong>de</strong>s collecções purulentas que occupam indifferentementequalquer região da glandula.Nos casos citados por KLOB, SCHMITT, MOARE eROLLESTON existia um gran<strong>de</strong> abcesso que occupavaa cabeça da glandula; na observação referida porFRISON menciona-se uma colleção purulenta situada nacauda.Outras vezes, porém, —pancreatite com pequenosabcessos kisticos, — o pancreas, congestionado e volumoso,contém centenas <strong>de</strong> pequenos abcessos kisticossituados na cabeça, no corpo e na cauda.


GO pancreas eia cirurgiaQuando a suppuração pancreatica é consequência dainfecção canalicular, ás formas kisticas já <strong>de</strong>scriptasjunta-se, por vezes, um typo anatomo-pathologico interessante.Os canaes excretores do pancreas dilatam-se, enchem-se<strong>de</strong> pús, e constituem verda<strong>de</strong>iros kistos purulentos.A existencia <strong>de</strong>sta forma angiectasica tem sidoverificada por LEVEN, GILBERT, GARNIER e mais recentementepor ETIENNE e NICOLAS.Na pancreatite suppurada diffusa, o pancreas, consi<strong>de</strong>ravelmenteaugmentado <strong>de</strong> volume, é se<strong>de</strong> duma infiltraçãopurulenta que, esten<strong>de</strong>ndo-se ao longo doscanaes excretores e dos vasos sanguineos, constitueum verda<strong>de</strong>iro phleigmão diffuso dissecante.Passado algum tempo, esta infiltração primitiva dálogar, pela <strong>de</strong>struição progressiva <strong>de</strong> tecido pancreatico,a enormes cavernas, cujo conteúdo, constituídopor pús e fragmentos da glandula, penetra por vezesnos orgãos vizinhos, (casos <strong>de</strong> KLOB, DRASCHE, FLET-CHER, KILGOUR, etc.).Por vezes, (observação <strong>de</strong> PAGE), O pancreas estátransformado numa verda<strong>de</strong>ira esponja purulenta,constituída por numerosas cavida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> volume variavel,communicando entre si por pequenos canaes sinuosos.Embora a suppuração pancreatica produza em tornoda glandula adlierencias peritoniticas protectoras, écerto, todavia, que num gran<strong>de</strong> numero <strong>de</strong> casos o púspenetra nos espaços peri-pancreaticos, dando assim logará formação <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>iros abcessos.Umas vezes, — abcessos peri-panweaticos, — a suppuraçãoinva<strong>de</strong> a cavida<strong>de</strong> posterior dos epiploons e,comprimindo o duo<strong>de</strong>no e o choledoco, produz phe-


Parte clinica11nomenos <strong>de</strong> retenção biliar e <strong>de</strong> estenose intestinal(1).Outras vezes, — abcessos retro-pancreaticos, — o pús,penetrando no tecido cellular que occupa a face posteriordo pancreas, dirige-se para a região lombar, —abcesso lombar (2) — para a parte superior da cavida<strong>de</strong>abdominal, — abcesso sub-phrenico, — ou inva<strong>de</strong> a camadacellulo-adiposa peri-nephritica, — abcesso perinephritico.Neste ultimo caso, o pús <strong>de</strong>sce frequentemente aolongo do colon <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte, attinge o estreito superiorda bacia, e penetra no recto, na vagina, ou dissecao tecido cellular retro-peritoneal e constitue umaenorme collecção purulenta situada dum e doutro ladoda columna vertebral (caso <strong>de</strong> BALSER) (3).Estas differentes lesões que constituem o typo anatomo-pathologico<strong>de</strong>nominado pancreatite suppurada,(1) Nos casos referidos por KILGOUR, FLETCIIER, CHIARI,SANGERHANS, WHELLON, e outros, o pús tinha penetrado noestomago, no duo<strong>de</strong>no e no colon transverso.Nas observações publicadas por MUSTER, LUBARSCH, FRIE-DREICII e KONEY, a ruptura da pare<strong>de</strong> do abcesso tinha occasionadoa penetração do pús na cavida<strong>de</strong> peritoneal e a producçãoduma peritonite generalizada.(2) Estes abcessos lombares consecutivos a pancreatitespurulentas são extremamente raros. DESJARDINS suppõe quea sua pouca frequencia <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>vida á existencia da lamina<strong>de</strong> Treitz, que constitue um verda<strong>de</strong>iro obstáculo á propagaçãodo processo morbido para a região lombar.(3) Tem-se também assignalado a existencia <strong>de</strong> lesões metastaticasdiversas. SMITH e FITZ citam casos <strong>de</strong> abcessos dofigado e do baço. FAIVRE d'ÂRCIER refere observações <strong>de</strong>pleuresia, <strong>de</strong> pericardite e <strong>de</strong> meningite consecutivas a pancreatitessuppuradas.


GO pancreas eia cirurgiaacompanham-se por vezes, á semelhança do que acontececom as lesões da pancreatite hemorragica, <strong>de</strong>placas <strong>de</strong> esteato-necrose que attingem o pancreas, otecido cellular sub-peritoneal, o gran<strong>de</strong> epiploon, omesenterio, o meso-colon, o figado e o peritoneo parietal(1).A pancreatite gangrenosa, geralmente associada ápancreatite suppurada, é caracterizada pela existencia<strong>de</strong> zonas <strong>de</strong> necrose que attingem indifferentementeas differentes regiões da glandula.Por vezes nitidamente limitada, a gangrena attingefrequentemente enormes proporções, constituindo placasextensas sem limites precisos.Num caso referido por KÕRTE, a necrose tinha transformadoo pancreas numa pequena massa escura, fixaao duo<strong>de</strong>no, e cujos caracteres histologicos eram inteiramentedifferentes dos caracteres do pancreas normal.WHITHNEY e HARRIS referem-se também a um caso<strong>de</strong> gangrena com <strong>de</strong>struição completa do corpo e dacauda da glandula. Análogo é o caso referido porFRAENKEL.Numa observação publicada por CHIARI, o pancreasgangrenado fluctuava livremente numa enorme collecçãopurulenta, que occupava a cavida<strong>de</strong> posterior dosepiploons e representava o vestígio dum intenso processoinflamatório anterior.LANGERHANS cita também um caso <strong>de</strong> necrose pancreaticaem que a cabeça da glandula, completamente(1) A esteato-necrose é muito mais frequente nas pancreatitesliemorrliagicas do que nas pancreatites suppuradas.


Parte clinica11gangrenada e transformada numa verda<strong>de</strong>ira escara,tinha penetrado numa cavida<strong>de</strong> repleta <strong>de</strong> pús emcommunicação com o estomago, com o jejuno e com oduo<strong>de</strong>no.O processo gangrenoso raríssimas vezes fica limitadoao pancreas.A maior parte das vezes o tecido peri-pancreatico étambém attingido. Produzem-se então lesões variaveis,cuja extensão e gravida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m essencialmenteda intensida<strong>de</strong> do processo morbido.As pancreatites chronicas são caracterizadas, na primeirapliase da sua evolução, pela existencia <strong>de</strong> lesões<strong>de</strong> esclerose hypertrophica, que attingem as differentesregiões da glandula e a transformam num orgão duroe volumoso (1).Na maioria dos casos a esclerose localiza-se na extremida<strong>de</strong>direita do pancreas, constituindo o typoanatomo-patliologico <strong>de</strong>nominado induração chronicada cabcça do pancreas.Por vezes também, as lesões <strong>de</strong> esclerose attingem atotalida<strong>de</strong> ou a quasi totalida<strong>de</strong> do pancreas. Sãoexemplos nitidos uma observação do SR. PROF. CABEÇA,na qual se via a cabeça e o corpo do pancreas com-(1) MAYO PIOBSON consi<strong>de</strong>ra estas lesões dos pancreatiteschronicas como diffusas e pouco nodulares, facto que permittirádistinguil-as das lesões dos tumores malignos. Estaaffirmação <strong>de</strong> MAYO ROBSON parece não ter o valor que o autorlhe <strong>de</strong>seja attribuir, porque todos os anatomo-pathologistasconcordam em que a própria inspecção e palpação daglandula pancreatica não permittem distinguir a pancreatitechronica do cancro do pancreas.i


GO pancreas eia cirurgiaplotamente invadidos polo processo morbido, e tambémos casos referidos por VILLAR, CARXOT e outros.Numa pliase mais a<strong>de</strong>antada da affecção, esta formahypertrophica parece ser substituída por lesões atrophicas,que transformam a glandula num cordão duro,irregular e <strong>de</strong>lgado, com um volume e um peso incomparavelmentemenores do que o volume e o peso normaes(1).Estas alterações pancreaticas exercem uma manifestainfluencia nos orgãos vizinhos. O duo<strong>de</strong>no é geralmentecomprimido, quer pela hypertrophia glandu-(1) Tem-se tentado estabelecer uma relação entre a disposiçãotopographica da esclerose e a sua origem vascular, lymphatica,canalicular ou peritoneal.A esclerose <strong>de</strong> origem vascular parece occupar principalmenteas regiões correspon<strong>de</strong>ntes aos vasos sanguíneos. Aslesões são inicialmente periphericas e só mais tar<strong>de</strong> é queattingem o interior da glandula. A <strong>de</strong>minuição do calibre dosvasos, o augmento <strong>de</strong> espessura da túnica interna e a disposiçãoda esclerose em torno das arteriolas dão, na opinião <strong>de</strong>CARNOT, um aspecto característico Á esclerose vascular.As escleroses canalicular e lymphatica occupam geralmentea cabeça do pancreas.A esclerose <strong>de</strong> origem peritoneal <strong>de</strong>senvolve-se á superfíciedo pancreas, nas regiões vizinhas do processo morbidoque lhe <strong>de</strong>u origem (ulceras e cancros do estomago, do duo<strong>de</strong>no,etc.).Embora, com effeito, no inicio das lesões pancreaticas,a disposição topographica da esclerose varie com a via <strong>de</strong>introducção dos germens, não tarda todavia que os typosnnatomicos primitivamente existentes se alterem completamente,a ponto <strong>de</strong> se tornar impossível saber por on<strong>de</strong> e comocomeçaram as lesões. A relação, portanto, que alguns <strong>de</strong>sejamestabelecer entre as lesões e a via <strong>de</strong> infecção é, em regra,duma inutilida<strong>de</strong> pratica absoluta.


Parte clinica 6311lar, quer por núcleos <strong>de</strong> <strong>de</strong>generescencia fibrosa <strong>de</strong>forma atrophica. A compressão dos canaes pancreáticosdá logar á formação <strong>de</strong> kistos, cujo volume variacom a importancia do canal comprimido.Mas é principalmente nas vias biliares que as pancreatiteschronicas exercem a sua influencia. O choledoco,geralmente comprimido, disten<strong>de</strong>-se e adquirepor vezes um volume consi<strong>de</strong>rável. A vesícula biliarapresenta-se umas vezes distendida outras vezes retraliida.Esta influencia das pancreatites chronicas sobrea vesícula biliar é minuciosamente <strong>de</strong>scripta peloSR. DR. REYNALDO DOS SANTOS, quando diz na sua dissertaçãopublicada em 1906 (1) :«Examinando pormenorizadamente 77 observaçõesclinicas, em que ha indicações sobre o estado da vesícula,eu pou<strong>de</strong> classifica-las em 3 grupos.


G64 O pancreas cm cirurgiavesiculares associadas á pancreatite chronica, notemosem primeiro logar, como a distensão (32 vezes) e aretracção (30 vezes) do cholecisto apparecem numapercentagem proximamente igual.«Mas, dos 32 casos em que a pancreatite se acompanhava<strong>de</strong> dilatação da vesícula, apenas 7 eram cholelithiasicos,emquanto que, dos 30 com vesícula retraliida,em 24 a pancreatite acompanhava-se <strong>de</strong> cálculosnas vias biliares.«Por outras palavras: em 31 casos <strong>de</strong> pancreatitechronica cholelithiasica, havia 24 vezes (77,4 °/ 0 ) vesícularetrahida, emquanto que em idêntico numero <strong>de</strong>casos sem cholelithiase, on<strong>de</strong> a pancreatite chronicaera a única causa <strong>de</strong> obstrucção do choledoco, 25 vezes(80,3 %) se encontrou a vesícula distendida ».E mais a<strong>de</strong>ante: «Taes são os factos; vejamos a interpretação:«Quando a passagem da bilis para o duo<strong>de</strong>no éimpedida por obstrucção interior ou por compressãoexterior, ella accumula-se nos duetos e na vesícula,se esta está permeável e susceptível <strong>de</strong> se disten<strong>de</strong>r.«Se porém um calculo do cístico ou a esclerose docholecisto impe<strong>de</strong>m esta distensão, ao lado do syndromaictérico por obstrucção, ter-se-ha vesícula nãopalpavel pela exploração clinica e retrahida ao exameanatomo-pathologico.«Ora as circumstaneias em que esta esclerose se observasão aquellas em que uma cholecistite anterior,ou a irritação prolongada <strong>de</strong> cálculos, trouxe comoconsequência retracções cicatriciaes da mucosa e atropinadas fibras musculares da pare<strong>de</strong> vesicular, tudomais ou menos acompanhado dum processo <strong>de</strong> peri-


53cholecistite, que acaba por envolver a vesícula nummagma <strong>de</strong> adherencias, on<strong>de</strong> quasi sempre é difficillimodistinguir o que quer que seja.«É por isso que as obstrucções do choledoco que foramprecedidas duma velha historia <strong>de</strong> cholelithiase,ou pelo menos <strong>de</strong> cholecistite, são quasi sempre acompanhadas<strong>de</strong> retracção da vesícula, e a natureza <strong>de</strong>ssaobstrucção é ella própria calculosa, emquanto que assem passado vesicular são fortemente suspeitas <strong>de</strong>pancreatites (neoplasicas ou não), vaterianas ou portumôr do proprio choledoco, e acompanham-se <strong>de</strong> fortedilatação da vesícula.«O que <strong>de</strong>termina, pois, a distensão cholecistica, nãoé a natureza do obstáculo, mas o estado das suas pare<strong>de</strong>s,atrophiadas ou não, mais ou menos esclerosadas,susceptíveis <strong>de</strong> se disten<strong>de</strong>rem, ou ro<strong>de</strong>adas efixadas por adherencias.«Por isso, também, não são raros os casos <strong>de</strong> obstrucçãocalculosa do choledoco com distensão davesicula, como ainda se comprehen<strong>de</strong> a possibilida<strong>de</strong>dum tumor comprimir as vias biliares, sem que a vesiculase dilate.«No caso, pois, <strong>de</strong> pancreatite precedida ou acompanhada<strong>de</strong> cholelithiase, a vesicula em geral estaráatrophiada, esclerosada, ro<strong>de</strong>ada <strong>de</strong> adherencias e portantoretrahida.«Nos casos, porém, em que a pancreatite comprimeo choledoco, mas não está associada á infecção das viasbiliares, ou pelo menos não foi precedida <strong>de</strong> poussées<strong>de</strong> chole e pericholecistite, a vesicula biliar dilata-secomo se dilatam o hepático e o choledoco acima daobstrucção».Tal é a <strong>de</strong>scripção que o SR. DR. REYNALDO DOS


54 O pancreas cm cirurgiaSANTOS faz da influencia das pancreatites sobre a vesículabiliar.Não <strong>de</strong>sejo terminar o estudo anatomo-pathologicodas pancreatites sem <strong>de</strong>screver, embora muito superficialmente,o que seja a chamada necrose do tecidoadiposo ou esteato-nccrosc (Fettnekrose dos autores allemães)— lesão especial, já por mim citada, que acompanhafrequentemente as lesões pancreaticas e que<strong>de</strong>sempenha um papel consi<strong>de</strong>rável 110 diagnostico dasaffecções do pancreas.Descripta pela primeira vez por BALSER em 1882, aesteato-necrose é caracterizada pela existencia <strong>de</strong> placasopacas, brancas ou ligeiramente amarelladas, porvezes cercadas por uma ligeira orla hemorragica, situadano tecido adiposo peri- e intra-pancreatico (necrosismino?' <strong>de</strong> Williams), no mesenterio, no mesocolon,no gran<strong>de</strong> epiploon e, mais raramente, 110 tecido adipososub-pericardico, na camada cellulosa sub-pleurale no tecido cellular sub-cutaneo.Embora CIIIARI (1883) tivesse já suspeitado da existenciaduma relação entre a necrose do tecido adiposoe as affecções pancreaticas, foi todavia FITZ (1889)quem primeiro affirmou, baseado em observações diversas,a existencia duma intima ligação entre a esteato-necrosee as doenças do pancreas.No mesmo anuo LANGERIIANS <strong>de</strong>monstrou que «anecrose do tecido adiposo começava pela <strong>de</strong>composiçãodas gorduras neutras contidas <strong>de</strong>ntro das cellulas,eliminando-se os componentes líquidos e persistindo osácidos gordos solidos. Estes últimos combinam-se como cálcio para formarem sabões <strong>de</strong> cálcio. O lobulo in-


55teiro ou vários lobulos vizinhos, formam uma massanecrosada, separada dos tecidos vivos por uma zonainflamatória <strong>de</strong> <strong>de</strong>marcação».Baseado na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produzir experimentalmentea necrose gordurosa pela simples acção do succopancreatico fresco sobre o tecido adiposo, creou LAN-GERHANS em 1891 a chamada theoria digestiva daesteato-necrose, mais tar<strong>de</strong> confirmada pelos trabalhospublicados.De todos estes trabalhos conclue-se que a esteatonecroseé proveniente da diffusão do succo pancreatico,reforçado pela acção <strong>de</strong> diversas causas, parafóra do pancreas e da digestão do tecido adiposo pelofermento lipolytico <strong>de</strong>ste succo.Assim occasionada, a esteato-necrose, cuja existenciaconstitue um symptoma da maior importancia clinicapara o diagnostico das affecções do pancreas, temsob o ponto <strong>de</strong> vista prognostico um valor inteiramentedifferente conforme a sua sé<strong>de</strong> e a sua extensão.Com effeito, ao passo que as lesões pouco extensase pouco agudas do pancreas se acompanham simplesmente<strong>de</strong> necrose do tecido adiposo pancreatico (necrosisminor <strong>de</strong> Williams), as affecções graves, com perturbaçõesfunccionaes intensas, provocam geralmenteuma esteato-necrose disseminada por diversas regiõesda cavida<strong>de</strong> abdominal.Casos ha, todavia, em que parece não haver umaintima relação entre a quantida<strong>de</strong> do esteato-necrosee a gravida<strong>de</strong> das lesões pancreaticas : lesões mínimasacompanliam-se, por vezes, <strong>de</strong> extensas zonas <strong>de</strong> necrose.Foi o que aconteceu num caso referido pelo SR.DR. REYNALDO DOS SANTOS e em que, segundo o autor,


56 O pancreas cm cirurgiaa existencia <strong>de</strong> zonas numerosas e extensas <strong>de</strong> esteatonecrose<strong>de</strong>ve ter sido <strong>de</strong>vida á acção favorecedora dabilis.Qualquer que seja a modalida<strong>de</strong> anatomo-pathologica,as pancreatites po<strong>de</strong>m-se apresentar clinicamentesob uma <strong>de</strong> tres formas : aguda, subaguda e chronica.A forma aguda, também chamada apoplexia do pancreas,que se inicia por vezes por prodromos gastrointestinaes,sobrevem na maioria dos casos dum modoinesperado, no meio duma refeição copiosa ou indigesta.O symptoma inicial é geralmente uma dôr espontânea,súbita, contínua, paroxystica, exacerbada pelapressão, na maioria dos casos generalizada a todo oabdómen superior, outras vezes localizada a uma limitadaregião situada um pouco acima e fora da cicatrizumbilical.Passado pouco tempo, surgem vomitos violentos, incoercíveis,inicialmente mucosos, mais tar<strong>de</strong> biliosos esanguíneos, que provocam violentas exacerbações dolorosas.Na maioria dos casos ha prisão <strong>de</strong> ventre — factoque, addicionado aos outros elementos que constituemo cortejo symptomatico habitual das pancreatites agudas,faz suspeitar da existencia duma occlusão intestinal.


Parte clinica 57Por vezes, todavia, uma simples enteroclyse ê sufficientepara provocar uma evacuação, ou até mesmo,se a vida do doente se prolonga, evacuações diarrheicasrepetidas.Geralmente manifesta-se a icterícia, tanto mais pronunciada,quanto menos rapida fôr a evolução dadoença.O abdómen, distendido, tympanico, duma extremasensibilida<strong>de</strong> á palpação, é geralmente tumefeito naregião epigastrica.O aspecto do doente é o dum peritonitico: fáciescaracterístico, olhos encovados, lingua sêcca, respiraçãocostal superior superficial e difficil, pulso pequeno,<strong>de</strong>pressivel e frequente, hypertermia na maiorparte dos casos, hypotermia em alguns casos hyperagudos.Todos estes symptomas traduzem a existencia dumaforma aguda, cuja terminação fatal sobrevêm subitamente(caso <strong>de</strong> YOUNG), ou passadas poucas horas(caso <strong>de</strong> SEITZ), ou ao fim <strong>de</strong> dois dias (casos <strong>de</strong> KEN-NAN e <strong>de</strong> FRANCK) OU ao fim <strong>de</strong> tres ou mais dias(casos <strong>de</strong> IIOVENDEN e <strong>de</strong> ROLLESTON).Semelhante, por vezes, na gravida<strong>de</strong> dos symptomasiniciaes á forma prece<strong>de</strong>nte, a pancreatite subagudaestabelece-se geralmente dum modo mais lento.Na maior parte dos casos a anamnése revela nitidamentea existencia <strong>de</strong> perturbações gastro-intestinaese biliares. São por vezes simples ataques espasmódicosacompanhados ou não <strong>de</strong> icterícia, outras vozes sãoos signaes que traduzem a existencia duma angiocholiteinfecciosa (arrepios, febre intermittente, icterícia,etc.).


58 O pancreas cm cirurgiaPassados alguns dias, esta symptomatologia,'geralmentepouco característica e accentuada, é substituídapor signaes que revelam a existencia da affecção pancreatica.O symptoma inicial é a dor, localizada na parte superiordo abdómen, mas incomparavelmente menosintensa do que a dòr da pancreatite aguda.Os vomitos, menos frequentes também do que nafórma aguda, <strong>de</strong>sapparecem passados alguns dias.A prisão <strong>de</strong> ventre, que inicialmente se observa, ésubstituída, passados 3 ou quatro dias, por evacuaçõesdiarrheicas abundantes e frequentes, contendo gordurae fibras musculares por digerir.A temperatura, por vezes quasi normal, apresentafrequentemente o typo vesperal, com elevações <strong>de</strong> 40°e 40°,5.O numero <strong>de</strong> pulsações oscilla entre 70 e 110.A estes symptomas, geralmente acompanhados dumemmagrecimento excessivo (1) e duma manifesta asthenia,junta-se frequentemente a icterícia, <strong>de</strong>vida porvezes á lithiase biliar que, em regra, causa a pancreatite,outras vezes a uma angiocholite concomitante.Algumas vezes também, embora mais raramente,existe glycosuria (casos <strong>de</strong> FRISON, ISRAEL, ATKINSON,NICOLAS, KÓRTE, BRENTANO, etc.).Num certo numero <strong>de</strong> casos tem-se também observadoalbuminuria.Quando, durante a evolução das pancreatites, seproduz um abcesso do pancreas, — facto que frequente-(1) Uma doente observada por ATKINSON, per<strong>de</strong>u 20 kilosem algumas semanas.


Parte clinica 59mente se observa, — pó<strong>de</strong>-se facilmente verificar aexistencia duma tumefacção lisa, elastica, geralmenteimmovel, que occupa, na maioria dos casos, a regiãoepigastrica.Situada entre o estomago e o colon transverso, maisraramente entre o estomago e o figado, e applicadadirectamente contra a pare<strong>de</strong> anterior do abdómen,tal tumefacção traduz-se exteriormente por uma zona<strong>de</strong> baci<strong>de</strong>z ro<strong>de</strong>ada pela sonorida<strong>de</strong> gastro-colica —abcesso inter-g astro-colico — ou simplesmente limitadaem baixo pela sonorida<strong>de</strong> gastrica, continuando-se emcima com a baci<strong>de</strong>z hepatica — abcesso inter-hepatogástrico(1).Por vezes, mais raramente é certo, a tumefacçãoestá situada na região lombar, immediatamente abaixodo diaphragma — abcesso sub-diaphragmatico — ou nasproximida<strong>de</strong>s do rim — abcesso peri-nephritico.Casos lia também em que o pús, seguindo o músculopsoas, vae constituir um abcesso do ligamento largo.Qualquer que seja o typo clinico a que pertence,quer se trate dum abcesso <strong>de</strong> forma abdominal anterior,quer dum abcesso lombar, o pús po<strong>de</strong> irromperpara o estomago ou para o intestino, dando logar aevacuações purulentas repetidas e abundantes.Analogamente ao que acontece com um certo numerodo pancreatites agudas o subagudas, as pancrcatitcschronicas são geralmente precedidas <strong>de</strong> phenome-(1) Em alguns casos a tumefacção fica situada por <strong>de</strong>trásdo estomago; a baci<strong>de</strong>z é então encoberta pela sonorida<strong>de</strong>gastrica.


60 O pancreas cm cirurgianos prodomicos biliares e gastro-intestinaes : dôr hepatica,ictericia, anorexia, gastralgia, etc.Dos symptomas que traduzem clinicamente a existenciadas pancreatites chronicas, a dôr é, em regra,o que primeiro se observa.Contrariamente ao que se dá nas pancreatites agudase subagudas em que o symptoma dôr é geralmenteO SR. DR. ALVARO DE MATTOS faz, todavia, notar, ea meu ver com justa razão, que distando a região abdominalque correspon<strong>de</strong> ao ponto doloroso pancreaticoapenas alguns centímetros da região que correspon<strong>de</strong>em cima ao ponto doloroso da cholecistite eem baixo e para fóra ao ponto <strong>de</strong> Mac Burney, e nãosendo estes differentes pontos immutaveis na sua localização,mas po<strong>de</strong>ndo os pontos dolorosos das cholecistites<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes e das appendicites ascen<strong>de</strong>ntesapproximar-se da região pancreatica, pó<strong>de</strong>-se facill"oiit«sdolorosos abdominaos.—pp,ponlo pancreatico <strong>de</strong>DESJARI)I>S; v bil, ponlo vesicular;a p p, ponto appendicular (CARNOT).diffuso, generalizado áparte superior do abdómen,a dôr nas pancreatiteschronicas é, numgran<strong>de</strong> numero <strong>de</strong> casos,nitidamente localizada nochamado ponto pancreatico,situado 4 ou 5 centímetrospara fóra e paracima da cicatriz umbilical.Para DESJARDINS estalocalização da dôr noponto pancreatico é umsignal <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valorpara o diagnostico daspancreatites chronicas.


Parte clinica 61mente commetter um erro <strong>de</strong> diagnostico, tomandopor symptoma doloroso das pancreatites chronicasuma dôr <strong>de</strong> cholecistite ou <strong>de</strong> appendicite.É necessário portanto não attribuir ao ponto pancreaticoo valor que <strong>de</strong>seja DESJARDINS.A dôr nem sempre fica localizada ao abdómen.Observam-se geralmente irradiações dolorosas para odorso (região inter-escapular), ou para a espadua esquerda,— facto a que MAYO ROBSON liga consi<strong>de</strong>rávelimportancia como signal distinctivo entre a dôr pancreaticae a dôr da cholelithiase.Quer nitidamente localizada no ponto pancreatico,quer generalizada á parto superior do abdómen, a dôrda pancreatite chronica é, em regra, muito menos intensado que a dôr das pancreatites agudas e subagudas.Casos ha, todavia, sobretudo quando a escleroseoccupa o corpo do pancreas, em que o symptoma dôré muito pronunciado, arrancando ao doente gritos <strong>de</strong><strong>de</strong>sespero (casos <strong>de</strong> BARTH e REYNES).A icterícia constitue um symptoma importante e frequentedas pancreatites chronicas.Por vezes muito pouco pronunciada, manifestando-sesimplesmente por um ligeiro tom ictérico difficilmenteperceptível, é outras vezes extremamente accentuada,dando ao doente um aspecto perfeitamente caracteristico.A este respeito diz o SR. DR. ALVARO DE MATTOS (1)que «a icterícia é frequentemente muito accentuada napancreatite chronica, <strong>de</strong>vido á obstrucção do choledocopor um calculo biliar, assim como também naquelles(1) ALVARO DE MATTOS, Lithiase biliar. 2 ° vol, pag. 87.


62 O pancreas cm cirurgiacasos em que o canal commum passando através, oupor um sulco, da cabeça do pancreas, é comprimidopela glandula tumefeita.«Quando porém o choledoco passa por <strong>de</strong>trás dopancreas, o que succe<strong>de</strong> em 38 °/ 0 dos indivíduos, pô<strong>de</strong>o diâmetro do canal não ser muito modificado, faltandoportanto a icterícia ou revelando-se muito ligeira».A maior parte das vezes observam-se também, durantea evolução das pancreatites chronicas, intensasmodificações da vesicula biliar. Conforme o estado anteriordas vias biliares, — facto que já foi estudadoquando me referi á anatomia pathologica das pancreatites,— assim a vesicula se encontrará dilatada ou retraliida.Nalguns casos tem-se também reconhecido por simplespalpação abdominal a existencia duma tumefacçãodura e dolorosa, que traduz o augmento <strong>de</strong> volume dacabeça do pancreas.Insuflando o estomago, quer directamente, quer pormeio <strong>de</strong> misturas effervescentes, a tumefacção <strong>de</strong>sapparecee a zona <strong>de</strong> baci<strong>de</strong>z correspon<strong>de</strong>nte é substituídapelo tympanismo gástrico.Na maioria dos casos, todavia, as pancreatites chronicassão inaccessiveis á palpação, — facto <strong>de</strong>vido ásituação profunda do pancreas. O proprio KEHR, cujapratica <strong>de</strong> cirurgia pancreatica é reconhecida por todos,só uma vez conseguiu reconhecer por palpação acabeça do pancreas.Além dos symptomas prece<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong>scriptostem-se ainda observado, durante a evolução das pancreatiteschronicas, signaes <strong>de</strong> estenosepilorica— facto<strong>de</strong>vido á compressão do pyloro ou do duo<strong>de</strong>no pelacabeça do pancreas; ascite—resultante da compressão


Parte clinica 63da veia porta (casos <strong>de</strong> ANSPERGER e <strong>de</strong> ROBSON) ; hemorragiasdiversas (epistaxis, hematemeses, melena,etc.); diarrheia, esteatorrheia e azotorrlieia—<strong>de</strong>vidasa perturbações digestivas ; temperatura elevada — resultanteda existencia duma angiocholite infecciosa,poisque a temperatura nas pancreatites chronicas é,em regra, muito pouco elevada; vomitos — <strong>de</strong>vidosumas vezes á compressão do pyloro e do duo<strong>de</strong>no,attribuiveis outras vezes a simples phenomenos reflexos(caso <strong>de</strong> BARTH) ; e emmagrecimento rapiclo e excessivo—resultante <strong>de</strong> perturbações metabólicas, ouda simples perda do apetite, <strong>de</strong> vomitos, e da falta<strong>de</strong> absorpção <strong>de</strong>vida á ausência <strong>de</strong> bilis e <strong>de</strong> succopancreatico no intestino.** *Não ha signaes ou symptomas pathognomonicos daspancreatites.Tal facto, que certamente <strong>de</strong>verá ter sido notadopelo leitor que attenciosamente tenha analysado asymptomatologia <strong>de</strong>stas affecções pancreaticas, é acausa do gran<strong>de</strong> embaraço em que se encontram médicose cirurgiões ao tentar fazer o diagnostico dumapancreatite.Todavia, embora a evolução <strong>de</strong> taes affecções pancreaticasse não revele por symptomas característicos,ha por vezes um conjuncto <strong>de</strong> signaes que, apresentandouma physionomia clinica especial, e constituindoo que se po<strong>de</strong>rá chamar um syndroma pancreatico,


64 O pancreas cm cirurgiatornam, como vamos vêr, o diagnostico possível e atépor vezes relativamente fácil.As pancreatites agudas po<strong>de</strong>m-se confundir com umaobstrucção intestinal, com uma perforação visceral espontânea(ulcera perforante do estomago ou do duo<strong>de</strong>no,ruptura da vesícula ou das vias biliares), comuma cholecistite, com uma appendicite, com certos envenenamentose com algumas affecções utero-cinnexiaes.O diagnostico differencial entre obstrucção intestinale pancreatite aguda é extremamente difficil, por vezesaté impossivel <strong>de</strong> fazer.É que, com effeito, a physionomia clinica da obstrucçãoé, em muitos casos, analoga á symptomatologiadas pancreatites.Todavia, em regra geral, as pancreatites acompanham-se<strong>de</strong> algumas evacuações ou, pelo menos, daexpulsão <strong>de</strong> gases — signaes que raras vezes se observamna obstrucção intestinal.A tumefacção epigastrica que, em alguns casos seobserva no <strong>de</strong>curso das pancreatites, é também menosgeneralizada do que a tumefacção da obstrucção intestinal.As perforações visceraes espontâneos são geralmenteimpossíveis <strong>de</strong> differenciar da pancreatite aguda. Todaviaos antece<strong>de</strong>ntes morbidos do doente po<strong>de</strong>m, emalguns casos, fazer pen<strong>de</strong>r o diagnostico para um oupara outro lado.O diagnostico differencial entre cholecistite e pancreatiteaguda é também, em regra, <strong>de</strong> uma extremadifficulda<strong>de</strong>.Tem-se invocado, como signal differencial <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>valor, a sé<strong>de</strong> da dôr que seria, na cholecistite, situada


esimmediatamente abaixo do rebordo costal direito. Todavia,como já ficou dito quando estudamos a svmptomatologiadas pancreatites, a dôr da cholelithiasepô<strong>de</strong> estar situada na região correspon<strong>de</strong>nte ao pontodoloroso pancreatico. Sendo assim, o symptoma dôrnão pô<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado como signal <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valor.As noções actuaes sobre a existencia das cholecistopancreatites,o papel etiologico e pathogenico que alithiase biliar <strong>de</strong>sempenha na producção das affecçõespancreaticas, são factores que difficultam o diagnosticoe impossibilitam, por vezes, o medico ou o cirurgião<strong>de</strong> saber se um <strong>de</strong>terminado cortejo symptomaticocorrespon<strong>de</strong> a uma cholecistite ou a uma cholecistopancreatite.A persistência e a intensida<strong>de</strong> da dôr, e o apparecimento<strong>de</strong> phenomenos extremamente graves <strong>de</strong>verãotodavia fazer suspeitar da existencia duma pancreatiteaguda.Menos difficil é, certamente, o diagnostico differencialentre appendicite e pancreatite aguda.A localização da dôr no ponto <strong>de</strong> Mac Burney e ase<strong>de</strong> da tumefacção na fossa iliaca direita são elementos,em regra, sufficientes para estabelecer o diagnostico<strong>de</strong> appendicite.Todavia, as chamadas appendicites ascen<strong>de</strong>ntes po<strong>de</strong>m-seacompanhar <strong>de</strong> dôr e até <strong>de</strong> tumefacção situadasna vizinhança do ponto pancreatico, do mesmomodo que a dôr <strong>de</strong> algumas pancreatites agudas pô<strong>de</strong>irradiar para a fossa iliaca direita (casos <strong>de</strong> CIIANTE-MESSE e <strong>de</strong> GIUFFON).Sendo assim, comprehen<strong>de</strong>-se que o diagnosticose possa tornar extremamente difficil.Os envenenamentos apresentam, por vezes, um cor-


66 O pancreas cm cirurgiatejo symptomatico perfeitamente analogo ao da pancreatiteaguda: dôr epigastrica intensa, vomitos, contracturados musculos abdominaes, alteração do fácies,collapso cardíaco, etc., eto.Tal analogia <strong>de</strong> S3 r mptomas tem como resultantenecessaria a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>, em muitos casos, seconseguir fazer um diagnostico differencial.É necessário então recorrer á anamnése que, nahypothese duma pancreatite aguda, po<strong>de</strong>rá revelar aexistencia <strong>de</strong> antece<strong>de</strong>ntes gastro-intestinaes ou biliares.Guiado por taes symptomas, o medico po<strong>de</strong>rá, emcertos casos, estabelecer o diagnostico-.É ainda a anamnése que permitte também fazer odiagnostico differencial entre as pancreatites agudase algumas affecções utero-annexiaes (torsão dum kistodo ovário, ruptura dum hematocello ou duma gravi<strong>de</strong>ztubar, etc.).Desta rapida exposição sobre o diagnostico differencialentre a pancreatite aguda e as affecções abdominaesque a po<strong>de</strong>m simular, não será difficil prever asgran<strong>de</strong>s difficulda<strong>de</strong>s com que médicos e cirurgiõesteem por vezes <strong>de</strong> luctar.Exceptuados os raríssimos casos em que uma symptomatologiatypica po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>monstrar á evi<strong>de</strong>ncia aexistencia duma pancreatite aguda, o diagnostico serásempre incerto, a existencia duma lesão do pancreasficará sempre problemática.A laparotomia exploradora será então o meio praticoa que se <strong>de</strong>verá recorrer na maior parte doscasos.O exame minucioso do pancreas e a existencia <strong>de</strong>esteato-necrose, disseminada ou simplesmente localizadana glandula pancreatica, po<strong>de</strong>rão então permittir


Parte clinica 67confirmar o diagnostico <strong>de</strong> pancreatite <strong>de</strong> que primitivamentese suspeitava.A evolução lenta e progressiva da pancreatite subaguda,o apparecimento <strong>de</strong> novos signaes que se nãoobservam nas formas agudas, tornam o diagnostico<strong>de</strong>sta affecção menos difficil do que o diagnostico daforma prece<strong>de</strong>nte.Na phase inicial, a pancreatite subaguda pó<strong>de</strong>-se confundircom as affecções abdominaes já mencionadascomo susceptíveis <strong>de</strong> simular a pancreatite aguda(obstrucção intestinal, perforação visceral espontanea,cholecistite, appendicite, envenenamento e affecçõesutero-annexiaos).Todavia, a dôr frequentemente localizada no pontopancreatico, — facto mais raramente observado naforma aguda — , o apparecimento <strong>de</strong> evacuações diarrheicasfrequentes e abundantes em seguida a um período<strong>de</strong> prisão <strong>de</strong> ventre, e o emmagrecimento rápidoe excessivo, são outros tantos factores que facilitamo diagnostico.Quando a evolução do processo morbido se terminapela formação dum abcesso do pancreas,—-facto quefrequentemente se observa, — o diagnostico torna-seincomparavelmente mais simples.Á dôr, á diarrheia, ao emmagrecimento e a tantosoutros signaes que acompanham a evolução das pancreatites,juntar-se-ha ainda a tumefacção epigastricaque, pelos caracteres já <strong>de</strong>scriptos, permittirá, porvezes, fazer o diagnostico.Já ficou todavia <strong>de</strong>monstrado que o abcesso pancreatico,em vez <strong>de</strong> attingir a região epigastrica, pô<strong>de</strong>,pelo contrario, dirigir-se para a região lombar, para


68 O pancreas cm cirurgiao territorio sub-diaphragmatico, para a fossa iliacaesquerda ou para a bacia.O diagnostico é, em taes casos, incomparavelmentemais difficil, e a pancreatite subaguda po<strong>de</strong>rá confundir-secom processos morbidos diversos que tenhamprovocado a formação <strong>de</strong> collecções purulentas naquellasregiões (abcesso perirenal, abcesso ossifluente,abcesso esplenico, cholecistite suppurada, salpingitespurulentas, hematocellos, plilegnião do ligamentolargo, etc.).A anamnése addicionada aos symptomas actuaespo<strong>de</strong>rá então, em alguns casos, facilitar o diagnostico.Nos casos <strong>de</strong> diagnostico duvidoso, que serão certamentefrequentes, é á laparotomia exploradora que se<strong>de</strong>verá recorrer; mas é necessário que essa laparotomiaseja executada a tempo para que se possa tornaruma operação util, permittindo actuar directamentesobre lesões que, abandonadas, terão como consequênciafatal a morte.A marcha lenta da pancreatite chronica, permittindoobservar e analysar minuciosamente os differentessymptomas que constituem o seu cortejo habitual,torna o diagnostico <strong>de</strong>sta affecção pancreatica maissimples do que o diagnostico das formas prece<strong>de</strong>ntes.Habitualmente localizadas na cabeça do pancreas,as lesões <strong>de</strong> esclerose dão logar a uma symptomatologiasensivelmente analoga á observada no cancro dacabeça do pancreas, 110 cancro do choledoco, 110 cancrodo figado, na cholelithiase, 110 catarrho chronico dasvias biliares, 11a estenose pylorica, nas affecções gastricase nas adherencias peri-pancrcaticas.O diagnostico differencial entre a pancreatite chro-


69nica e o cancro da cabeça do pancreas é, em regra,extremamente difficil.«Encontram-se nestes dois processos morbidos, dizo SR. DR. REYNALDO DOS SANTOS (1), a mesma icteríciachronica, com fezes <strong>de</strong>scoradas e urina com pigmentosbiliares, os mesmos signaes que acompanhama cholemia: comichões, fraqueza geral, bradycardia eemmagrecimento; o mesmo tumor no epigastro, ordinariamentecom vesícula distendida, o figado nãoaugmentado, ás vezes esteatorrheia e azotorrheia, eaté mesmo a sé<strong>de</strong> das dôres, umas vezes na linha media,outras á esquerda.«A própria cachexia, o emmagrecimento rápido e aperda <strong>de</strong> peso, as hemorragias e o tumor immoveljunto á columna, por <strong>de</strong>trás do estomago, tudo pô<strong>de</strong>apparecer no cancro e na pancreatite da cabeça».Todavia, nem sempre assim acontece; ao lado doscasos <strong>de</strong> diagnostico extremamente difficil ou atémesmo insolúvel, outros ha, raros é certo, em que,pelo conjuncto <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados symptomas, se po<strong>de</strong>distinguir uma pancreatite chronica dum cancro dopancreas.A anamnése fornece por vezes valiosos elementospara o diagnostico. Com effeito, ao passo que as pancreatiteschronicas são, em regra, precedidas <strong>de</strong> perturbaçõesgastro-intestinaes ou biliares <strong>de</strong> longa data,no cancro do pancreas, <strong>de</strong> evolução muito mais rapida,estas perturbações não têem um passado longínquo.Dos signaes que constituem o cortejo habitual dasduas affecções, citam-se, como po<strong>de</strong>ndo servir para(1) REYNALDO DOS SANTOS, Aspecto cirúrgico das pancreatiteschronicas. pag. 96.


70 O pancreas cm cirurgiaestabelecer o diagnostico differencial, a dôr, a icterícia,a dilatação vesicular, a ascite e os e<strong>de</strong>mas.A dôr é mais intensa na pancreatite do que no cancro,que se <strong>de</strong>senvolve, por vezes, silenciosamente.Ao contrario do que se observa nas pancreatiteschronicas, a icterícia é, 110 cancro, progressiva, absoluta,invariavel.No cancro, a vesicula biliar encontra-se quasi sempredistendida; nas pancreatites, em regra <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<strong>de</strong> ciiolelithiase, a distensão vesicular po<strong>de</strong>, em muitoscasos, ser substituída pela retracção.A ascite e os e<strong>de</strong>mas dos membros inferiores, poucofrequentes nas pancreatites, encontram-se com maisfrequencia no cancro.Mas, o único signal que por vezes tem permittidoaffirmar com alguma segurança o diagnostico, é, indubitavelmente,a existencia <strong>de</strong> metastases visceraes,por vezes reconhecíveis pela simples palpação, queoccupam a maior parte das vezes a glandula hepatica,e que caracterizam a evolução do cancro do pancreas.Desta rapida exposição sobre o diagnostico differencialentre a pancreatite chronica e o cancro dopancreas <strong>de</strong>ver-se-ha necessariamente concluir que, 11amaioria dos casos, não ha signaes caracteristicos quepermittam distinguir as duas affecções.É então, á semelhança do que acontece com tantasoutras affecções pancreaticas, á laparotomia exploradoraque se <strong>de</strong>verá recorrer.E ainda assim o diagnostico exacto nem sempre épossível. Se é certo que, em alguns casos, a existencia<strong>de</strong> numerosas adherencias peri-pancreaticas e, por vezes,peri-vesiculares, traduzindo a existencia dum processoinflamatório, impõem o diagnostico <strong>de</strong> pancrea-


Parte clinica 71tite, casos ha, todavia, em que a simples inspecção dopancreas e da região peri-pancreatica é insufficientepara resolver o problema.É necessário recorrer então á analyse histologica dotecido pancreatico.Vê-se pois como o diagnostico differencial entre aspancreatites chronicas e o cancro do pancreas é cheio<strong>de</strong> difficulda<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> perigos.O cancro cio choledoco, extremamente raro, é, emregra, impossível <strong>de</strong> distinguir da pancreatite chronica.Em alguns casos, todavia, quando o cancro ésupra-papillar, a ausência <strong>de</strong> emmagrecimento rápidoe excessivo pô<strong>de</strong> permittir, com certa probabilida<strong>de</strong>,fazer o diagnostico.O cancro do figado, traduzindo-se exteriormente pornumerosas nodosida<strong>de</strong>s, não se acompanha <strong>de</strong> dôr paroxismicanem <strong>de</strong> febre.A frequente associação das pancreatites chronicascom a cholelithiase difficulta immenso o diagnosticodifferencial entre estas duas affecções.Todavia, a existencia <strong>de</strong> um certo numero <strong>de</strong> caracteresdistinctivos torna, por vezes, o diagnostico possível.Na cholelithiase a dôr está geralmente situada immediatamenteabaixo do rebordo costal direito; a dôrda pancreatite chronica occupa, em regra, o pontopancreatico.A irradiação da dôr é, na cholelithiase, para a regiãoinfra-escapular, e, na pancreatite, para a esquerdaou para a região inter-escapular.A dilatação vesicular, muito frequente nas pancreatites,não se observa, em regra, na cholelithiase.O apparecimento tardio da icterícia e a existencia


72 O pancreas cm cirurgia<strong>de</strong> accessos semelhantes aos do sezonismo, — signaesque caracterisam a lithiase biliar —', são factores quepo<strong>de</strong>rosamente concorrem para estabelecer o diagnostico.O pancreas annular tem uma symptomatologia perfeitamenteanaloga á pancreatite chronica. O diagnosticoentre as duas affecções é impossível.Ao contrario do que acontece com as pancreatiteschronicas, as affecções cio estomago (ulceras e cancros)acompanham-se raramente <strong>de</strong> ictericia.O apparecimento <strong>de</strong> hematemeses e a existencia dumtumor cuja baci<strong>de</strong>z se conserva, em regra, inalteravelmesmo <strong>de</strong>pois da distensão do estomago, são signaesque fazem pen<strong>de</strong>r o diagnostico para o lado das affecçõesgastricas.As adherencias peri-pancreaticas, resultantes porvezes da existencia duma peri-gastrite ou duma perihepatiteanterior, <strong>de</strong>terminam, semelhantemente aoque acontece com as pancreatites, estenose intestinal,ictericia e dilatação vesicular. Todavia, a anamnéseconjunctamente com outros signaes que constituem ocortejo symptomatico das pancreatites po<strong>de</strong>, por vezes,permittir fazer o diagnostico differencial.O catarrho chronico das vias biliares, caracterizadopela existencia <strong>de</strong> ictericia e dum emmagrecimentoaccentuado, evoluciona sem febre e sem dôr. A ausênciad'estes dois últimos symptomas e os bons effeitosdum simples tratamento medico, distinguem-o das pancreatites.O diagnostico differencial entre a estenose pyloricae as pancreatites chronicas que se acompanham <strong>de</strong>compressão do duo<strong>de</strong>no, é extremamente difficil.Se a compressão duo<strong>de</strong>nal provocada pela pancrea-


Parte clinica 73tite é supra-papillar, é impossível fazer o diagnostico.A este proposito diz o SR. DR. REYNALDO DOS SAN-TOS (1): «Para que a semelhança seja ainda maior, hacasos <strong>de</strong> estenose supra-papillar <strong>de</strong> origem pancreaticaem que nem as hematemeses, nem a melena, nem umahistoria anterior <strong>de</strong> hyperchlorydria falta, para tornarainda mais provável o diagnostico <strong>de</strong> estenose consecutivaa ulcera».Nos casos <strong>de</strong> estenose infra-papillar <strong>de</strong> origem pancreatica,a existencia <strong>de</strong> massas biliares no estomagotorna o diagnostico possível.Conhecida a difficulda<strong>de</strong> em diagnosticar as pancreatitespela falta duma symptomatologia característica,autores houve que tentaram procurar no estudoda physiopathologia pancreatica os symptomas que asimples observação clinica não revelava.Descobriram-se então numerosos meios ten<strong>de</strong>ntes aavaliar com rigorosa precisão o estado das funcçõespancreaticas.Infelizmente, porém, a critica não tardou a <strong>de</strong>monstrara pouca ou nenhuma utilida<strong>de</strong> da maioria dosprocessos empregados'; e se, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> ataques vigorosose successivos, alguns <strong>de</strong>sses processos <strong>de</strong>vemser consi<strong>de</strong>rados como po<strong>de</strong>ndo em alguns casos facilitaro diagnostico, é certo todavia que não possuem,como vamos vêr, o valor que alguns lhes attribuem.Como meio <strong>de</strong> exploração da digestão pancreatica(1) REYNALDO DOS SANTOS, Aspecto cirúrgico das pancreatiteschronicas, pag. 100.


74propôs SAHLI a administração <strong>de</strong> iodoformio encerradoem capsulas <strong>de</strong> gelatina endurecida pela formalina, que, difficilmente digeridas pelo succo gástrico,seriam rapidamente dissolvidas pelo succo pancreatico.Se a digestão pancreatica se executasse normalmente,a analyse <strong>de</strong> urinas effectuada 4 a 8 horas <strong>de</strong>pois daadministração do iodoformio revelaria a existencia <strong>de</strong>iodo.A ausência <strong>de</strong> eliminação do iodo ou o seu apparecimentotardio indicariam uma manifesta insufficienciada digestão pancreatica.A administração <strong>de</strong> capsulas gelatinadas <strong>de</strong> salolque, transformando-se pela acção do succo pancreaticoem phenol e acido salicj-lico, se eliminaria sob a fórma<strong>de</strong> acido salicylurico, daria, segundo SAHLI, resultadossensivelmente analogos.CARNOT aconselha <strong>de</strong> preferencia a administração <strong>de</strong>io<strong>de</strong>to <strong>de</strong> potássio, <strong>de</strong> salicylato <strong>de</strong> soda ou <strong>de</strong> azul <strong>de</strong>methylena, contidos num envolucro duplo <strong>de</strong> albuminae cêra, que só será dissolvido pela acção do succo pancreatico.Se a secreção pancreatica externa fosse insufficiente,os corpos empregados não seriam eliminadospela urina.Os autores que recorrem a estes differentes meiospreten<strong>de</strong>m diagnosticar a ausência ou a insufficienciado succo pancreatico.Taes pi-ocessos <strong>de</strong> exploração não têem, todavia, ovalor que alguns ainda hoje lhes attríbuem, porque oresultado po<strong>de</strong> ser falseado por um certo numero <strong>de</strong>factores, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do estado da glandula pancreatica(estenose pylorica, perturbações gastricas, dissoluçãodas capsulas no estomago pela acção <strong>de</strong> fermentos


Parte clinica 75leucoeytarios proteolyticos, travessia intestinal rapida,alterações da permeabilida<strong>de</strong> renal, etc.).Por outro lado ainda, a digestão pancreatica dascapsulas empregadas pó<strong>de</strong>-se executar normalmente,embora o pancreas esteja gravemente attingido. Comeffeito, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que os canaes <strong>de</strong>Wirsung e <strong>de</strong> Santorininão estejam comprimidos, o succo pancreatico segregadopelas zonas normaes da glandula continuará aser vasado no duo<strong>de</strong>no, e a exercer as suas proprieda<strong>de</strong>sdigestivas sobre as substancias ingeridas.Vê-se pois que existem numerosas razões que po<strong>de</strong>rosamente<strong>de</strong>põem contra a affirmação dos que consi<strong>de</strong>ramos metliodos <strong>de</strong> SAHLI e <strong>de</strong> CARNOT como signaesimportantes para o diagnostico das pancreatites.Para evitar o inconveniente dos metliodos expostos,SCIILECHT aconselha um novo processo cuja <strong>de</strong>scripçãotranscrevo do trabalho doTOS (1).SR. DR. ALVARO DE MAT-«Neste methodo não se empregam as capsulas <strong>de</strong> gelatina<strong>de</strong> SAIILI com iodoformio ou salol, mas as chamadascapsulae geloduratae <strong>de</strong> RUMPEL. Estas capsulas<strong>de</strong> gelatina são endurecidas num soluto alcoolico <strong>de</strong>formalina por forma que apenas a trypsina pancreaticaas pô<strong>de</strong> dissolver rapidamente. O grau <strong>de</strong> durezaé calculado <strong>de</strong> maneira que as capsulas se dissolvemem solutos com trypsina activa em cerca <strong>de</strong> meia hora,ao passo que se mantêem insolúveis durante vinte equatro a quarenta e oito horas em excreções animaessem tripsina. As capsulas assim endurecidas, e que se(1) ALVARO DE MATTOS, Lithiase biliar, 2.° vol.,pag. 75-


76 O pancreas cm cirurgiaconservam muito bem num frasco rolhado, empregam-seem tres <strong>de</strong>cigrammas <strong>de</strong> carvão vegetal reduzidoa pó fino.«Quanto á technica <strong>de</strong>ste methodo <strong>de</strong> SAHLI modificado,prepara-se o doente para se obter uma evacuaçãoliquida do intestino <strong>de</strong>lgado; para esse effeito recorre-seá enteroclyse, e em seguida a 0,2 gr. ou 0,3 gr.<strong>de</strong> calomelanos ou a 0,5 gr. <strong>de</strong> Purgen, ou ainda ácombinação <strong>de</strong> ambos os medicamentos em dose menor(0,2 gr. <strong>de</strong> calomelanos com 0,2 gr. a 0,3 gr. <strong>de</strong> Purgen).«Deitam-se cerca <strong>de</strong> 10 a 15 centímetros cúbicos daevacuação tão fluida quanto possível num pequenovidro, que <strong>de</strong>ve ser suficientemente largo para queas capsulas <strong>de</strong>pois se não adaptem ás pare<strong>de</strong>s e possamfluctuar livremente.«Para evitar a <strong>de</strong>composição por bactérias, convémaddicionar um pouco <strong>de</strong> chloroformio, ou alguns crystaes<strong>de</strong> thymol, ou um pouco <strong>de</strong> soluto saturado <strong>de</strong>thymol (1:1000).«A amostra <strong>de</strong> fezes para analysar não <strong>de</strong>ve ser filtrada: é sufficiente <strong>de</strong>sfazer alguns fragmentos maiores.Se a reacção não fôr alcalina, importa addicionarsoluto <strong>de</strong> soda até que o papel vermelho <strong>de</strong> tornesolse torne ligeiramente azul. Deita-se a capsula <strong>de</strong> gelatinano vidro com as fezes em analyse. A dissoluçãoda capsula realiza-se electivamente a 37°; mas não éabsolutamente indispensável manter em rigor esta temperaturaquando se fizer apenas a investigação qualitativada trypsina. Em caso <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> pô<strong>de</strong> ovidro estar num quarto quente ou perto do fogão,contanto que se não exceda muito a temperatura <strong>de</strong>37°, por po<strong>de</strong>r dar-se nessas condições a dissolução


77espontanea da capsula <strong>de</strong> gelatina. O momento da dissoluçãoda capsula que fluctua na amostra em analyserevela-se também pela coloração negra que o pó <strong>de</strong>carvão, sahindo capsula, imprime ao liquido».Com este processo <strong>de</strong> digestão artificial conseguiu,com effeito, SCHLECHT evitar um certo numero <strong>de</strong> factores,in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do estado da glandula pancreatica,e que nos methodos propostos por SAHLI e CAR-NOT falseavam os resultados.Todavia, tal facto não é sufficiente para que se consi<strong>de</strong>reo methodo <strong>de</strong> SCHLECHT como signal <strong>de</strong> valordiagnostico pois que, como já tive occasião <strong>de</strong> fazernotar, a secreção pancreatica externa pó<strong>de</strong>-se conservarsensivelmente normal embora t> pancreas estejaprofundamente lesado.O methodo <strong>de</strong> SCHLECHT pouca mais confiança merece,portanto, do que os processos <strong>de</strong> SAHLI e <strong>de</strong>CARNOT.Os meios <strong>de</strong> exploração das funcções pancreaticasque mais teem prendido a attenção dos autores são oexame cias fezes e a analyse das urinas.Já nos primeiros trabalhos publicados sobre as doençasdo pancreas os autores consi<strong>de</strong>ravam o exame dasfezes como signal importante para o diagnostico.Foram, todavia, MULLER, SCHMIDT, LYNCH, GAUL-TIER e outros, que, pela comparação rigorosa dos elementosingeridos com os resíduos excretados, tentaramcalcular com precisão o coefficiente <strong>de</strong> utilisaçãodas differentes substancias e, consequentemente, apreciaro valor da secreção externa do pancreas.Não tardou que analyses minuciosas e successivasviessem <strong>de</strong>monstrar a existencia dum certo numero <strong>de</strong>


78 O pancreas cm cirurgiasubstancias que, segundo os autores, <strong>de</strong>veriam ser característicasdas affecções pancreaticas.Actualmente investigam-se nas fezes dos indivíduossuspeitos <strong>de</strong> doenças do pancreas, a esteatorheia, aa azotorrheia e a trypsina.A esteatorrheia é consi<strong>de</strong>rada pela quasi totalida<strong>de</strong>dos autores como signal <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valor para o diagnosticodas pancreatites.Na realida<strong>de</strong>, sendo o succo pancreatico um po<strong>de</strong>rosoagente da digestão das gorduras, a sua ausênciaou a sua insufficiencia, — factos que se observam porvezes nas affecções pancreaticas, — terão como consequêncianecessaria o apparecimento <strong>de</strong> fezes gordas(1).Infelizmente porém, nem só o succo pancreatico intervémna digestão das gorduras; a bilis é tambémum po<strong>de</strong>roso auxiliar da absorpção e da digestão dassubstancias gordas.Sendo assim, a presença <strong>de</strong> gordura nas fezes <strong>de</strong>ixa<strong>de</strong> ter o valor diagnostico que alguns lhe attribuem,poisque po<strong>de</strong> também ser <strong>de</strong>vida a simples perturbaçõesna excreção biliar.MAYO ROBSON, concordando em que a esteatorrheianem sempre é um symptoma <strong>de</strong> affecção pancreaticasuppõe todavia que a qualida<strong>de</strong> das gorduras excretadastem um certo valor diagnostico: nas affecçõespancreaticas haveria um excesso <strong>de</strong> gorduras neutras;nas affecções biliares predominariam os ácidos gordos.MULLER affirma também que nas affecções pancrea-(1) Nas fezes normaes também existe gordura. A ausência<strong>de</strong> secreção pancreatica tem, todavia, como consequência oaugmento consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> substancias gordas excretadas.


Parte clinica 79ticas a proporção <strong>de</strong> sabões excretados é consi<strong>de</strong>ravelmentereduzida (1). .Parece portanto haver • caracteres que permittemdistinguir a esteatorrheia pancreatica da esteatorrheiabiliar.Se investigações posteriores confirmarem as affirmações<strong>de</strong> MAYO ROBSON e <strong>de</strong> MULLER, a analyse qualitativadas gorduras excretadas po<strong>de</strong>rá então ser umsignal importante para o diagnostico.Infelizmente nem todas as pancreatites se acompanham<strong>de</strong> esteatorrheia, pois que nem todas têem comoconsequência a ausência ou insufficiencia da excreçãopancreatica (2).A azotorrheia, resultante da digestão <strong>de</strong>ficiente dassubstancias albuminói<strong>de</strong>s, revela-se pela existencia <strong>de</strong>fibras musculares não digeridas nas fezes.Por vezes observam-se gran<strong>de</strong>s resíduos <strong>de</strong> feixesmusculares, conservando ainda as suas estrias transversaese longitudinaes; outras vezes, porém, sãopequenos fragmentos <strong>de</strong> tecido connectivo irregula-(1) Ha ainda outro caracter que, segundo MAYO ROBSONe CAMMIDGE, po<strong>de</strong>rá servir para o diagnostico differencialentre a esteatorrheia do origem pancreatica e a <strong>de</strong> origem biliar:na primeira, as fezes teem uma reacção acida; na segunda,a reacção é alcalina.(2i A esteatorrheia pó<strong>de</strong>-se também observar nos casos <strong>de</strong>alterações da mucosa intestinal, dos vasos chyliferos, dos gangliosmesentericos, etc.Trata-se então, como se po<strong>de</strong>rá verificar pela analyse chimicadas fezes, duma falta <strong>de</strong> absorpção e não, como acontecena esteatorrheia biliar ou pancreatica, duma ausência <strong>de</strong> <strong>de</strong>sdobramentodas gorduras pela insufficiencia dos succos digestivos.


80 O pancreas cm cirurgiares, amarellados, sem estrias e sem elementos nucleares.Qualquer que seja o aspecto, a presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>tritosmusculares nas fezes constitue, para a maioria dosautores, um signal importante para o diagnostico daspancreatites.É necessário, todavia, não exaggerar o valor <strong>de</strong> talsymptoma, poisque ha um certo numero <strong>de</strong> factoresque, a <strong>de</strong>speito duma completa ausência <strong>de</strong> lesões pancreaticas,po<strong>de</strong>m ter como resultante o apparecimento<strong>de</strong> fibras musculares nas fezes.É o que acontece quando a travessia intestinal dosalimentos se faz rapidamente, evitando assim o contactoprolongado com o succo pancreatico necessáriopara a completa digestão dos albuminói<strong>de</strong>s, ou aindaquando existem perturbações gastricas ou intestinaesque têem como resultante uma <strong>de</strong>ficiencia digestiva.Mas, embora haja factores in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da glandulapancreatica que possam provocar o apparecimento<strong>de</strong> fibras musculares nas fezes, é certo todaviaque a presença <strong>de</strong> azotorrheia, acompanhada <strong>de</strong> gordurae <strong>de</strong> icterícia, permitte suspeitar da existenciaduma affecção pancreatica.Nestes últimos tempos tem-se tentado também fazera investigação directa da trypsina nas fezes. Para talfim recorre-se geralmente ao chamado methodo dascaixas <strong>de</strong> Petri com sôro.Provocando-se uma evacuação diarrheica do intestino<strong>de</strong>lgado on<strong>de</strong> a acção fermentativa proteolytica émais energica, — e lançando-se pequenas gottas <strong>de</strong>ssaevacuação sobre o sôro coagulado, a trypsina provocaráo apparecimento <strong>de</strong> pequenas <strong>de</strong>pressões.Se o succo pancreatico não tiver penetrado no in-


81testino,—facto, como já vimos, possível em algumasaffecções do pancreas — ,a acção das gottas da evacuaçãodiarrlieica sobre o sôro será nulla (1).Tal é o principio em que se baseia o methodo dasplacas com sôro, cuja technica transcrevo do trabalhodo SR. DR. ALVARO DE MATTOS (2).«1. Pela manhã cedo, em jejum, enteroclyse ou clyster<strong>de</strong> glycerina para evacuar o segmento inferior dointestino.«2. Depois da evacuação, dar uma refeição <strong>de</strong> prova(150 gr. <strong>de</strong> carne e 150 gr. <strong>de</strong> batata).«3. Cerca <strong>de</strong> '/i hora <strong>de</strong>pois, administração dumpurgante (0,2 gr. a 0,3 gr. <strong>de</strong> calomelanos, ou 0,5 gr.<strong>de</strong> Purgen, ou conjunctamente 0,2 gr. <strong>de</strong> calomelanoscom 0,2 gr. ou 0,3 gr. <strong>de</strong> Purgen).«4. Desfazer com cuidado quaesquer fragmentos daevacuação liquida e, sendo necessário, alcaliniza-lacom soda; tomar precauções especiaes quando hajapús, sangue ou gordura nas fezes, o que po<strong>de</strong>ria falseara apreciação. Preparar diluições addicionando 5,10, 20, 50, 100, 200 vezes o seu volume <strong>de</strong> agua glycerinadaa 10°/o.«5. Divisão da caixa <strong>de</strong> Petri em 8 sectores numerados,e disposição das amostras por forma que o campo 1corresponda ás fezes sem diluição, distribuindo-se peloscampos 2 a 7 as successivas diluições, e no ultimosector gottas dum soluto <strong>de</strong> trypsina activa.«6. Manter as caixas assim dispostas numa estufa a(1) As fezes contendo fermentos leucocytarios po<strong>de</strong>m teruma acção sobre o sôro analoga á trypsina.(2) ALVARO DE MATTOS, Lithiase biliar, 2.° vol., pag. 80.C


82 O pancreas cm cirurgia50 , -60' ) (em caso <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> a 37° <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> addicionarchloroformio ou soluto <strong>de</strong> thymol).«7. Ultima leitura dos resultados só <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> vintee quatro horas, porque o resultado negativo só entãoé <strong>de</strong>monstrativo; um resultado positivo já é possívelao fim <strong>de</strong> meia hora».Esta investigação da trypsina nas fezes não tem, infelizmente,o valor que alguns lhe attribuem.Com effeito, po<strong>de</strong> a trypsina encontrar-se normalmentenas fezes, embora o pancreas esteja profundamentelesado ; basta para isso que os canaes <strong>de</strong> Wirsunge <strong>de</strong> Santorini conservem a sua permeabilida<strong>de</strong>e que existam zonas pancreaticas que continuem a segregar.A ausência <strong>de</strong> trypsina nas fezes pô<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>vida aimpermeabilida<strong>de</strong> dos duetos pancreáticos, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<strong>de</strong> qualquer affecção do pancreas (compressãoexercida por um neoplasma visinho, etc.) (1).A analgse das urinas é geralmente consi<strong>de</strong>rada comoelemento indispensável para o diagnostico das affecçõesdo pancreas.Pondo completamente <strong>de</strong> parte a indicanuria, a lipuria,a pentosuria e a maltosuria, cuja presença nasurinas não tem o mais insignificante valor diagnostico,<strong>de</strong>screvem-se como factores <strong>de</strong> certa importancia a glycosuriae sobretudo a presença <strong>de</strong> crystaes <strong>de</strong> Cammidge.Ao contrario do que seria <strong>de</strong> suppôr, a glycosuria(1) Alguns autores teem tentado fazer a investigação nasfezes da lipase e da amilase Dos estudos até agora feitos nadase pô<strong>de</strong> <strong>de</strong>duzir praticamente para o diagnostico das affecçõespancreaticas.


Parte clinica95é um symptoma raríssimo das affecções do pancreas,só observado nos casos extremamente graves. O seuvalor diagnostico é, portanto, insignificante.Mais valor tem certamente a glycosuria alimentar.É que, com effeito, a resecção ou a <strong>de</strong>struição parcialda glandula pancreatica, embora não tenha comoconsequência o apparecimento da glycose, provocatodavia uma manifesta inferiorida<strong>de</strong> funccional quese traduz pelo apparecimento <strong>de</strong> glycose, quando asdoses <strong>de</strong> assucar ingeridas forem elevadas.Todavia é necessário não exagerar o valor <strong>de</strong> talsymptoma em semeologia pancreatica, poisque ellepô<strong>de</strong> ser a resultante <strong>de</strong> factores estranhos ao pancres(alcoolismo, papeira exophtalmica, etc.).Admittindo como causa da esteatonecrose, que tãofrequentemente se observa no <strong>de</strong>curso das pancreatites,o <strong>de</strong>sdobramento das gorduras neutras em glycerinae ácidos gordos pela acção fermentativa dasecreção pancreatica, CAMMIDGE <strong>de</strong>scobriu uma reacçãoespecial ten<strong>de</strong>nte a revelar na urina a presença daglycerina assim libertada.Tal reacção compunha-se <strong>de</strong> dois processos respectivamente<strong>de</strong>nominados reacção A e reacção B.A reacção A consistia essencialmente na formação<strong>de</strong> crystaes especiaes obtidos pela acção do chlorhydrato<strong>de</strong> phenylhydrazina e do acetato <strong>de</strong> sodio sobrea urina dum pancreatico, tratada pelo acido chlorhydrico,neutralizada pelo carbonato <strong>de</strong> chumbo e previamente<strong>de</strong>sembaraçada <strong>de</strong> albumina e <strong>de</strong> assucar.A reacção B differia da reacção A unicamente emque a urina era primitivamente tratada por um solutosaturado <strong>de</strong> sublimado corrosivo.


84Taes processos, inicialmente consi<strong>de</strong>rados pelo seuautor como elementos <strong>de</strong> enorme valor não só paradiagnosticar as doenças do pancreas, mas até para <strong>de</strong>terminara natureza da lesão pancreatica, não conseguiramresistir aos profundíssimos golpes vibrados portodos os que os ensaiaram como meio <strong>de</strong> diagnostico.O proprio CAMMIDGE, convencido do nullo valor dasua reacção, pelas múltiplas causas <strong>de</strong> erro que falseavamo resultado e pelo apparecimento frequentedos crystaes característicos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente daexistencia <strong>de</strong> lesões pancreaticas, modificou a technicaprimitiva e creou então uma terceira reacção — reacçãoC — que na sua opinião e na <strong>de</strong> muitos outrosconstitue actualmente um po<strong>de</strong>roso elemento para odiagnostico das affecções do pancreas.O SR. DR. ALVARO DE MATTOS (1) <strong>de</strong>screve assimesta reacção :«1.° Me<strong>de</strong>m-se 20 centímetros cúbicos <strong>de</strong> urina filtradae límpida, e junta-se-llies 1 centímetro cubico <strong>de</strong>acido chlorhydrico forte <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> 1,18.«2." Leva-se a mistura lentamente á ebullição, embanho <strong>de</strong> areia, num pequeno balão com um funil queserve <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsador.«3." Depois <strong>de</strong> <strong>de</strong>z minutos <strong>de</strong> ebullição, arrefece-sebem sob uma corrente d'agua fria, e restabelece-se ovolume do liquido a 20 centímetros cúbicos.«4.° Neutraliza-se em seguida o excesso <strong>de</strong> acidopela addição lenta <strong>de</strong> 4 grammas <strong>de</strong> carbonato <strong>de</strong>chumbo, e, continuando o arrefecimento, <strong>de</strong>ixa-se repousardurante alguns minutos, a fim <strong>de</strong> que a reacçãopossa terminar.(1) ALVARO DE MATTOS, Lithiase biliar, 2.° vol., pag. 95.


Parte clinica 85«5.° Filtra-se por papel <strong>de</strong> filtro espesso e bem molhadoaté que se obtenha um liquido absolutamenteclaro.«6.° O producto da filtração é em seguida bem agitadocom 4 grammas <strong>de</strong> acetato <strong>de</strong> chumbo tribasicopulverizado (sub-acetato <strong>de</strong> chumbo), e o precipitadoque se forma eliminado por filtração. O liquido passamuitas vezes turvo, <strong>de</strong> modo que as filtrações <strong>de</strong>vemser repetidas, até que o liquido attinja uma limpi<strong>de</strong>zperfeita.«7.° Este liquido contem uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>chumbo em solução que po<strong>de</strong>ria perturbar a experiencia; elimina-se pois este chumbo pelo hydrogenio sulfurado,ou mais simplesmente pelo sulfato <strong>de</strong> sodioque dá um precipitado branco <strong>de</strong> sulfato <strong>de</strong> chumboinsolúvel. Neste ultimo caso, agita-se o liquido com2 grammas do sulfato <strong>de</strong> sodio finamente pulverizado,aquece-se a mistura até á ebullição, e <strong>de</strong>pois arrefece-senuma corrente d'agua fria.«8.° Filtra-se para separar o sulfato <strong>de</strong> chumbo formado.


86 O pancreas cm cirurgia<strong>de</strong> ensaio com uma divisão a 15 centímetros cúbicos;quando o liquido filtrado não attinge a divisão, addiciona-seagua quente até prefazer 15 centímetros cúbicos.«Nos casos bem accentuados <strong>de</strong> inflamação pancreaticaforma-se um precipitado aos flocos, amarelloclaro, que apparece ao fim <strong>de</strong> poucas horas, mas que,em casos menos característicos, pô<strong>de</strong> levar toda anoite a <strong>de</strong>positar-se.


87KRIENITZ obteve também reacção positiva nos seguintescasos: 1 caso <strong>de</strong> cancro do esophago (a reacçãofoi positiva tres vezes), 1 caso <strong>de</strong> cancro do estomago,3 casos <strong>de</strong> apepsia, etc.CARTIER cita, entre os casos <strong>de</strong> reacção positiva, osseguintes: 1 caso <strong>de</strong> pneumonia, 1 caso <strong>de</strong> tabes, 1caso <strong>de</strong> rheumatismo articular agudo, 2 casos <strong>de</strong> cirrhoseatrophica <strong>de</strong> LAENEC, 1 caso <strong>de</strong> ulcera do estomago(a reacção foi positiva tres vezes).Reunindo 92 casos <strong>de</strong> reacção positiva, publicadospor diversos autores, CARTIER encontrou simplesmente37 em que existiam lesões pancreaticas.É certo, todavia, que em alguns casos, embora aexistencia <strong>de</strong> lesões pancreaticas não tivesse sido nitidamente<strong>de</strong>monstrada, era muito provável que o pancreasnão estivesse in<strong>de</strong>mne. Mas, ainda assim, o numero<strong>de</strong> casos em que a reacção falhou é muitíssimoelevado.Ao lado dos casos citados em que a reacção <strong>de</strong> CAM-MIDGE foi positiva, não obstante a ausência <strong>de</strong> lesõespancreaticas, outros ha também <strong>de</strong> reacção negativacom manifestas lesões do pancreas.São exemplos nítidos os casos referidos por KRIE-NITZ, GOODMAN e outros.O conhecimento <strong>de</strong> taes estatísticas contrarias á hypothese<strong>de</strong> CAMMIDGE, levou alguns autores á conclusão<strong>de</strong> que a reacção pancreatica da urina não era <strong>de</strong>vidaa perturbações do pancreas.GRIMBERT e BERNIER, por exemplo, affirmavam emcommunicação recentemente feita á socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Biologia,que a reacção <strong>de</strong> CAMMIDGE se podia obter emtodas as urinas; os crystaes <strong>de</strong>scriptos por CAMMIDGEeram, para estes autores, elementos normaes da urina.


88O mesmo affirmava FILIPPO em artigo publicado em<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1910 (1).SCHUMM e HEGLER, consi<strong>de</strong>rando a reacção <strong>de</strong> CAM-MIDGE como uma simples reacção muito sensível daglycose, mostram «como condições inherentes aos propriosreagentes a po<strong>de</strong>m tornar positiva in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<strong>de</strong> qualquer lesão pancreatica».Mas, seja qual fôr a interpretação que se <strong>de</strong>va darda reacção pancreatica, quer os crystaes <strong>de</strong> CAJIMIDGEsejam simples elementos normaes, quer sejam elementospathologicos, é certo que as estatísticas publicadaspor numerosos autores <strong>de</strong>põem po<strong>de</strong>rosamente contrao valor <strong>de</strong> tal reacção como meio diagnostico dasaffecções do pancreas.Ao contrario, pois, do que alguns autores affirmam,a reacção pancreatica da urina não tem, a meu ver,valor algum em semeologia do pancreas (2).(1) Transcrevo do trabalho <strong>de</strong> FILIPPO (Ne<strong>de</strong>rlanclsch Tydschriftvoor Genceskun<strong>de</strong>, 10 <strong>de</strong>z. 1910) as seguintes conclusões:«) em todas as urinas normaes pô<strong>de</strong> haver uma reacção <strong>de</strong>CAMMIDGE positiva;b) a administração <strong>de</strong> alguns medicamentos (acido salicylico,salicylato <strong>de</strong> soda, aspirina, menthol, thymol, lysol, phenol,opio, etc.) torna a reacção mais accentuada;e) parece ser a presença <strong>de</strong> acido glycosurico que occasionao apparecimento da reacção.(2) Sustentei a mesma opinião numa das theses apresentadasá Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina para o Acto <strong>de</strong> Conclusões Magnas.


Parte clinica 89Tuberculose do pancreasSobrevindo geralmente durante a evolução dumatuberculose generalizada, mais raramente no <strong>de</strong>cursoduma simples tuberculose pulmonar, intestinal ou peritoneal(1), as lesões bacillares do pancreas, extremamenteraras, po<strong>de</strong>m apresentar-se sob aspectos anatómicosdiversos.Descrevem-se geralmente a forma granulica, a fórmacom tubérculos ordinários, a fórma cavitaria e a esclerosepancreatica.A fórma granulica é constituída por simples tubérculosmiliares disseminados por toda a glandula eattingindo também os orgãos vizinhos (figado, baço,etc.).A fórma com tubérculos ordinários, mais rara do quea granulica, é caracterizada pela existencia <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>irostubérculos <strong>de</strong> volume, <strong>de</strong> consistência e <strong>de</strong> aspectovariaveis conforme o estado <strong>de</strong> caseificação emque se encontram e frequentemente ro<strong>de</strong>ados por pequenaszonas <strong>de</strong> esclerose.A fórma cavitaria, resultante da fusão e do amollecimentodos tubérculos ordinários, é bastante rara.LOHÉAC cita, na sua these inaugural, um caso <strong>de</strong>(1) São raríssimos os casos <strong>de</strong> tuberculose primitiva dopancreas. A maior parte das vezes trata-sc <strong>de</strong> lesões secundariassobrevindo no <strong>de</strong>curso duma infecção tuberculosa generalizadaou limitada a um ou outro orgão.


90 O pancreas cm cirurgiatuberculose pancreatica com uma enorme caverna situadana cabeça da glandula. Num caso referido porARAN existia uma volumosa caverna na cauda do pancreas.A esclerose pancreatica tuberculosa pô<strong>de</strong> ser atrophicaou hypertrophica.Na forma atrophica o parenchyma glandular <strong>de</strong>sapparecequasi por completo e o pancreas fica simplesmenteconstituído por um cordão <strong>de</strong>lgado e duro.Na fórma hypertrophica, geralmente acompanhadaduma ligeira infiltração leucocytaria, o pancreas estáconsi<strong>de</strong>ravelmente augmentado <strong>de</strong> volume.Qualquer que seja a forma anatomo-pathologica, aesclerose pancreatica <strong>de</strong> origem tuberculosa — modo <strong>de</strong>terminação habitual da reacção da glandula contra ainfecção bacillar — é geralmente precedida <strong>de</strong> um estadoinflamatório agudo com infiltração leucocytaria,augmento <strong>de</strong> cellulas fixas e formação <strong>de</strong> fibras conjunctivase elasticas.Á semelhança do que acontece com as pancreatitesnão tuberculosas, a infecção bacillar do pancreas po<strong>de</strong>fazer-se por via sanguínea, directa, canalicular oulymphatica.A infecção por via sanguínea, consecutiva á tuberculosegranulica, tem geralmente como consequênciaa invasão total da glandula. A infecção por via directa,canalicular ou lymphatica, origina lesões limitadas auma ou outra região da glandula.A tuberculose do pancreas é, em regra, impossivel<strong>de</strong> distinguir das simples pancreatites chronicas, poisque a sua symptomatologia é perfeitamente analoga á


Parte clinica 91<strong>de</strong>stas ultimas affecções. Todavia, a coexistência dumaaffecção do pancreas com lesões tuberculosas pulmonares,intestinaes ou visceraes, fará pen<strong>de</strong>r o diagnosticopara o lado da pancreatite tuberculosaCálculos pancreatico*Assignalada pela primeira vez por GRAAF, em 1667,a lithiase pancreatica tem sido ultimamente objecto <strong>de</strong>numerosos trabalhos successivamente publicados porNIMIER (1894), GUIDICEANDREA (1896), LAZARUS (1903)e outros.Associados a diversas lesões pancreaticas (esclerose,angio-pancreatite, dilatação dos canaes excretores,abcessos, necrose gordurosa, etc.), os cálculos do pancreasestão geralmente situados na extremida<strong>de</strong> duo<strong>de</strong>naldo canal <strong>de</strong> Wirsung, mais raramente nos aciniou nos canaes secundários.O seu volume é extremamente variavel: por vezessão pequenas concreções que não chegam a attingir asdimensões duma ervilha; outras vezes (casos <strong>de</strong> SOT-TAS, CURNAW e LANCERAUX), ultrapassam o volumeduma noz (1).Qualquer que seja o volume, os cálculos são geralmentebrancos ou ligeiramente amarellados, <strong>de</strong> superfícielisa ou com pequenas rugosida<strong>de</strong>s.(1) Num caso referido por SCIIUPMANN existia um calculopancreatico com 200 grammas <strong>de</strong> peso.


92 O pancreas cm cirurgiaO seu numero é também variavel: ao lado dos casosem que existe um único calculo, outros ha em que oscanaes excretores estão completamente obstruídos porcentenas <strong>de</strong> concreções.A patliogenia da lithiase pancreatica é ainda muitodiscutida.Segundo PENDE, a simples retenção do succo pancreaticoé sufficiente para provocar a formação <strong>de</strong>cálculos.Tal opinião não está <strong>de</strong> accordo com os conhecimentosactuaes sobre a constituição chimica das concreçõespancreaticas. Com effeito, sendo os cálculos constituídospor carbonato, phosphato e oxalato <strong>de</strong> cálcio, —substancias que não entram na composição do succopancreatico — não é <strong>de</strong> crer que a simples estase sejasufficiente para produzir a lithiase (1).Mais racional é certamente a theoria microbiana,<strong>de</strong>fendida actualmente pela quasi totalida<strong>de</strong> dos autores.Os germens duo<strong>de</strong>naes, quer directamente, quer seguindoo trajecto já <strong>de</strong>scripto como habitual na producçãodas pancreatites (veia porta, vasos hepáticose canaes biliares) attingirão os duetos excretores dopancreas e, modificando a secreção pancreatica, darãologar á formação dos elementos cálcicos que entramna constituição dos cálculos pancreáticos.Em dois casos referidos por GUIDICEANDREA, a li-(1) Contra esta theoria da estase lia ainda o facto, verificadopor diversos autores, da simples laqueação do canal <strong>de</strong>Wirsung não produzir a lithiase.


Parte clinica 93thiase parece ter sido <strong>de</strong>vida á existencia <strong>de</strong> germensanalogos ao colibacillo.Trata-se portanto dum mecanismo analogo ao quepresi<strong>de</strong> á formação dos cálculos salivares e biliares.A symptomatologia da lithiase pancreatica confun<strong>de</strong>-segeralmente com o cortejo symptomatico das lesõesque a acompanham (esclerose pancreatica, angiopancreatite,abcessos, etc.).É pois extremamente difficil fazer o diagnostico <strong>de</strong>cálculos do pancreas.Todavia, a existencia <strong>de</strong> cólicas pancreaticas com asua irradiação para o hypocondrio esquerdo, para abase do thorax e para a espadua esquerda, e a presença<strong>de</strong> cálculos panweaticos nas fezes, tornam, porvezes, o diagnostico possivel.MAYO ROBSON recorre frequentemente á radiographiacomo meio diagnostico entre os cálculos pancreáticose biliares ; os primeiros são nitidamente visíveis,ao contrario do que acontece com os segundos que sãodifficilmente perceptíveis.Tumores «lo pancreasOs tumores do pancreas divi<strong>de</strong>m-se em dois gran<strong>de</strong>sgrupos :tumores líquidos ou kistos e tumores solidos.a) KistosSob a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> kistos panci-eaticos <strong>de</strong>screvemos autores collecções liquidas diversas, que po<strong>de</strong>m


94reduzir-se a cinco gran<strong>de</strong>s grupos : kistos sanguíneosou hematomas, pseudo-kistos traumaticos, kistos apopleticos,kistos hydciticos e kistos glandulares.Os kistos apopleticos — pequenas collecções sanguíneasconsecutivas á apoplexia do pancreas — e os kistoshydaticos são extremamente raros e, portanto, duminteresse cirúrgico muito limitado.Já o mesmo não acontece com os kistos glandularesque, pela sua maior frequencia,constituem a varieda<strong>de</strong>mais importante no ponto <strong>de</strong>vista cirúrgico.É pois exclusivamente aoseu estudo que <strong>de</strong>dico as paginasque vão seguir-se.Os hematomas e os pseudokistos,resultantes da rupturados vasos sanguíneos ou dosAspecto do abdómen num caso<strong>de</strong> kisto glandular do pancreas(BULI).creas sob a acção directa dumcanaes excretores do pan-traumatismo violento, fôramjá estudados quando me referi ás lesões traumaticasdo pancreas.Qualquer que seja a natureza dos kistos glandulares,quer se trate <strong>de</strong> kistos neoplasicos, verda<strong>de</strong>iros cistoepitheliomassusceptíveis <strong>de</strong> generalização e <strong>de</strong> recidiva,quer se trate <strong>de</strong> simples kistos <strong>de</strong> retenção, asua sé<strong>de</strong> habitual é a cauda ou o corpo da glandulapancreatica, mais raramente a extremida<strong>de</strong> direita oucabeça.Por vezes muito pouco volumosos e simplesmenteresultantes da evolução teratologica da mucosa canali-


Parte clinica 95cular, attingem, na maioria dos casos, enormes proporções.O seu conteúdo, claro e seroso, mais frequentementeespesso, viscoso,ver<strong>de</strong> ou ligeiramente rosado, attingeem alguns casos 10 ou mais litros.As pare<strong>de</strong>s tcem um aspecto differente conformea varieda<strong>de</strong> a que pertence o kisto: nos simpleskistos <strong>de</strong> retenção — kistos glandulares benignos —são lisas; nos kistos neoplasicos — kistos glandularesmalignos—são, pelo contrario, irregulares, vegetantes.Na superfície externa dos kistos ramificam-se numerososvasos sanguíneos provenientes do pancreas eque, tendo penetrado no pedículokistico, asseguram a nutriçãodo tumor.Possuindo inicialmente asmesmas relações anatómicasque a glandula pancreatica, okisto não tarda a occupar nacavida<strong>de</strong> abdominal uma situaçãointeiramente differente.Por vezes — kistos inter-gastro-colicos— insinua-se entre oestomago e o colon transverso,e, disten<strong>de</strong>ndo o gran<strong>de</strong> epiploon,vae collocar-se em contactocom a pare<strong>de</strong> anterior doabdómen.KÍM(O iutcr-gnstro-colico—Zona<strong>de</strong> baci<strong>de</strong>z situadaentre o estomago e ocolontransverso.a. kisto ; b, ligado ; c, estomago;


96Por ultimo — kistos intw-hepato-gastricos—casos ha,embora raros, em que o kisto occupa o espaço situadoentre o estomago e o figado (l).Qualquer que seja a sua situação <strong>de</strong>finitiva, o kistoKÍHIO »uli-h


Parte clinica 97testino <strong>de</strong>lgado, etc.), constituem um po<strong>de</strong>roso e porvezes invencível obstáculo á intervenção cirúrgica.Os tumores kisticos do pancreas traduzem-se clinicamentepor um certo numero <strong>de</strong> symptomas funccionaese <strong>de</strong> signaes physicos.Os symptomas funccionaes mais frequentemente observadossão as nevralgias epig as tricas, as perturbaçõesdigestivas e o emmagrecimento excessivo.As nevralgias epigastricas—nevralgias celíacas <strong>de</strong>Friedreich — , sobrevindo geralmente por accessos, simulampor vezes a cólica hepatica, <strong>de</strong> que se distinguemtodavia pela sua irradiação para o hypocondrioesquerdo e para a espadua esquerda.Como perturbações digestivas frequentes, assignalam-sea diarrheia, a esteatorrheia e os vomitos.O emmagrecimento rápido e excessivo tem como consequênciaa producção duma verda<strong>de</strong>ira cachexiapancreatica.Os signaes physicos, observados quando o tumortem adquirido um certo volume, são muito mais característicosdo que os symptomas funccionaes.Pela simples inspecção reconhece-se uma tumefacçãoepigastrica, redonda ou ligeiramente alongada no sentidotransversa], e que, pelas suas dimensões, por vezesexcessivas, dá ao abdómen um aspecto característico.A palpação <strong>de</strong>monstra a existencia dum tumor arredondado,liso, immovel, <strong>de</strong> consistência elastica e porvezes nitidamente fluctuante. Nos kistos pediculadospo<strong>de</strong> observar-se uma certa mobilida<strong>de</strong> (GOULD).A percussão fornece geralmente indicações muitomais importantes.7


98No período inicial, quando o tumor pancreaticoainda pouco volumoso está situado atrás do estomagoe do colon transverso, pô<strong>de</strong> já verificar-se a existenciadum som ligeiramente baço em parte encoberto pelasonorida<strong>de</strong> gastro-colica.Mas os signaes fornecidos pela percussão são sobretudonitidos no periodo <strong>de</strong> completo <strong>de</strong>senvolvimentodo tumor; nos kistos inter-gastro-colicos haverá umazona <strong>de</strong> baci<strong>de</strong>z limitada em cima pela sonorida<strong>de</strong> gastricae em baixo pela sonorida<strong>de</strong> cólica; nos kistossub-liepato-gastro-colicos a zona <strong>de</strong> baci<strong>de</strong>z é ro<strong>de</strong>adapela sonorida<strong>de</strong> do colon transverso e do intestino <strong>de</strong>lgado; nos kistos inter-hepato-gastricos a zona <strong>de</strong> baci<strong>de</strong>z,limitada em baixo pela sonorida<strong>de</strong> gastrica, confun<strong>de</strong>-seem cima com a baci<strong>de</strong>z hepatica.A simples insuflação do estomago ou a sua distensãopor uma substancia gasogenea terá como consequênciaimmediata a substituição da zona <strong>de</strong> baci<strong>de</strong>zpor uma zona sonora.Taes são os preciosos signaes que nos fornece a percussãoda região epigastrica nos casos <strong>de</strong> kistos pancreáticos.O diagnostico dos kistos do pancreas é, no periodoinicial do seu <strong>de</strong>senvolvimento, impossível <strong>de</strong> fazer.Com effeito, os symptomas funccionaes já <strong>de</strong>scriptos,embora se observem com bastante frequencia, são todaviainsufficientes para estabelecer o diagnostico.Quando, porém, aos symptomas do periodo inicialse juntam os signaes physicos resultantes dum completo<strong>de</strong>senvolvimento do tumor, o diagnostico torna-seentão não só possível, mas até, por vezes, relativamentefácil.


Parte clinica111As relações do kisto com a pare<strong>de</strong> anterior do abdómenpermittem eliminar completamente a hypothesedum simples tumor parietal. Com effeito, ao contrariodo que acontece com os kistos pancreáticos, os tumoresda pare<strong>de</strong> anterior do abdómen, geralmente moveis,adquirem uma gran<strong>de</strong> fixi<strong>de</strong>z pela simples contracçãodos musculos abdominaes.A existencia <strong>de</strong> fluctuação frequentemente observada,e a ausência <strong>de</strong> phenomenos inflamatórios permittemtambém excluir <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo a hypothese dumtumor solido ou duma collecção purulenta da cavida<strong>de</strong>abdominal.Ficamos portanto reduzidos a fazer o diagnosticodifferencial entre os kistos pancreáticos e os outrostumores líquidos da cavida<strong>de</strong> abdominal que apresentampor vezes uma symptomatologia semelhante.Os tumores que mais frequentemente simulam oskistos pancreáticos são os kistos hydaticos do fígado,os kistos do ovário, os kistos dos rins e das capsulassupra-renaes, a hydronephrose, os kistos do epiploon,os kistos do baço e os kistos do mesenterio.O diagnostico differencial entre os kistos pancreáticose os kistos hydaticos do fígado é, em regra, extremamentedifficil.Cita-se geralmente como elemento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valordiagnostico o facto <strong>de</strong> nos kistos hydaticos do figado,ao contrario do que geralmente se observa nos kistosdo pancreas, a zona <strong>de</strong> baci<strong>de</strong>z correspon<strong>de</strong>nte aotumor se continuar em cima com a baci<strong>de</strong>z liepatica.Todavia, casos ha, e não raros, em que entre azona <strong>de</strong> baci<strong>de</strong>z correspon<strong>de</strong>nte ao kisto hydatico ea zona <strong>de</strong> baci<strong>de</strong>z hepatica se interpõe uma zona <strong>de</strong>


100 O pancreas cm cirurgiasonorida<strong>de</strong> analoga á que existe nos kistos pancreáticos.É o que frequentemente se observa nos kistoshydaticos pediculados.Os signaes fornecidos pela percussão estão portantolonge <strong>de</strong> ter aqui o valor que alguns lhe attribuem.São então a tosse hepatica, as irradiações dolorosaspara a espadua direita e a existencia <strong>de</strong> erupções diversas— symptomas frequentes dos kistos hydaticos —que permittem fazer o diagnostico.Os gran<strong>de</strong>s kistos do pancreas têem sido, por vezes,confundidos com os kistos do ovário.Ha, todavia, symptomas diversos que permittem, namaioria dos casos, estabelecer o diagnostico differencialentre estas duas affecções.O <strong>de</strong>senvolvimento ascen<strong>de</strong>nte do tumor, o <strong>de</strong>sviolateral do útero, a existencia <strong>de</strong> connexões do kistocom os orgãos pélvicos e a ausência dos signaes obtidospela percussão nos casos <strong>de</strong> tumores pancreáticos,farão pen<strong>de</strong>r o diagnostico para o lado dos kistosdo ovário.O diagnostico será mais difficil nos casos <strong>de</strong> kistosovaricos com gran<strong>de</strong> pedículo, pois que os signaesphysicos observados po<strong>de</strong>m ser então absolutamenteanalogos aos symptomas dos kistos do pancreas.HARTMANN aconselha então como meio para estabelecero diagnostico, o emprego do plano inclinado : ostumores do pancreas, pela elevação da bacia, <strong>de</strong>slocam-separa a parte superior do abdómen; os kistosdo ovário conservam a sua posição primitiva.Os kistos do rim, os kistos das capsulas suprarenaese a hijdronephrose po<strong>de</strong>m acompanhar-se <strong>de</strong>symptomas semelhantes aos que traduzem a evoluçãodos kistos do pancreas.


Parte clinica 101Todavia, a existencia <strong>de</strong> antece<strong>de</strong>ntes urinários, asituação nitidamente lateral do tumor e, por vezes, abilateralida<strong>de</strong> das lesões são factores que permittemsuspeitar da existencia duma affecção renal.Os kistos do epiploon traduzem-se exteriormente poruma zona <strong>de</strong> baci<strong>de</strong>z, cujos limites, ao contrario doque acontece nos tumores pancreáticos, não são modificadospela insuflação do estomago.Os kistos do baço, estremamente raros, estão situadosum pouco mais para a esquerda do que os kistosdo pancreas. O diagnostico differencial é, todavia, namaioria dos casos, impossível <strong>de</strong> fazer.A symptomatologia dos kistos do mesenterio é perfeitamenteanaloga ao cortejo symptomatico dos kistospancreáticos. Não ha signaes que permitiam estabelecero diagnostico entre as duas affecções.A difficulda<strong>de</strong> em estabelecer o diagnostico differencialentre os kistos pancreáticos e algumas das affecçõesabdominaes que acabei <strong>de</strong> citar, levou algunscirurgiões a recorrer á puncção exploradora, convencidos<strong>de</strong> que a analyse do liquido extraindo iria resolvero problema.Tal processo <strong>de</strong>ve ser completamente abandonado,não só porque o liquido contido nos kistos do pancreasnão tem caracteres chimicos ou physicos especiaes quepermittam fazer o diagnostico, mas também porque apuncção exploradora pô<strong>de</strong> produzir a ruptura <strong>de</strong> vasossanguíneos, a perforação do estomago, ou, se oconteúdo do kisto fôr séptico, dar logar a uma peritoniterapidamente mortal.Para fazer um diagnostico exacto <strong>de</strong>ver-se-ha recorrerá laparotomia exploradora — meio cirúrgico


102 O pancreas cm cirurgiaque não apresenta os inconvenientes da simples puncçãoe que constituirá, em regra, o primeiro tempo daoperação curativa.b) Tumores solidosOs tumores solidos do pancreas divi<strong>de</strong>m-se em doisgran<strong>de</strong>s grupos : tumores benignos e tumores malignos.Os tumores benignos são muito raros. Citam-se unicamentealguns casos <strong>de</strong> a<strong>de</strong>nomas, cuja existencia, namaioria dos casos, só foi reconhecida na autopsia.Os tumores malignos são constituídos por duas varieda<strong>de</strong>shistológicas: os sarcomas e os carcinomas.Os sarcomas são extremamente raros. Conhecem-seunicamente algumas observações publicadas por MAYOROBSON, CHIARI, LITTEN, NIMIER e poucos mais.Já o mesmo não acontece com os carcinomas que,pela sua frequencia, constituem a varieda<strong>de</strong> mais importanteno ponto <strong>de</strong> vista cirúrgico.É portanto exclusivamente á sua <strong>de</strong>scripção que <strong>de</strong>dicoas paginas que se vão seguir.## *O carcinoma do pancreas resulta, por vezes, datransmissão á glandula pancreatica dum cancro dosorgãos vizinhos.O cortejo symptomatico <strong>de</strong>sta invasão cancerosa se-


Parte clinica 103cundaria do pancreas é então encoberto pela symptomatologiado cancro que lhe <strong>de</strong>u origem.Mais frequente e também mais interessante no ponto<strong>de</strong> vista cirúrgico é o cancro primitivo cio pancreas,que po<strong>de</strong> attingir a cauda, o corpo ou a cabeça daglandula.O cancro da cauda é muito pouco frequente e, apesarda <strong>de</strong>struição extensa <strong>de</strong> tecido pancreatico queprovoca e da invasão frequente dos orgãos vizinhos(baço, lobulo esquerdo do figado, etc.), não se acompanha<strong>de</strong> symptomas que permittam fazer o diagnostico.O cancro do corpo, mais raro ainda do que o prece<strong>de</strong>nte,é também impossível <strong>de</strong> diagnosticar.O cancro da cabeça é, pela sua maior frequencia epela physionomia anatomo-clinica característica queapresenta, aquelle que mais tem prendido a attençãodos autores.Originado nas camadas superficiaes do tecido pancreatico— cancro superficial — , nas camadas profundas— cancro profundo —, ou nas proximida<strong>de</strong>s da empola<strong>de</strong> Vater — cancro vateriano —, o tumor não tardaa invadir a totalida<strong>de</strong> da cabeça da glandula, transformando-ageralmente num orgão duro, branco ouligeiramente amarellado.Por vezes a massa neoplasica é molle e repleta <strong>de</strong>pequenas cavida<strong>de</strong>s kisticas ; a cabeça do pancreas tementão uma consistência analoga á do cancro encephaloi<strong>de</strong>.A cauda e o corpo da glandula, geralmente esclerozadose atrophicos, são por vezes sé<strong>de</strong> <strong>de</strong> lesõesepitheliomatosas volumosas ou simplesmente reconhecíveispelo exame microscopico.


104 O pancreas cm cirurgiaO canal <strong>de</strong> Wirsung é geralmente comprimido peloneoplasma. Por vezes mesmo, a massa neoplasica inva<strong>de</strong>-oe produz a <strong>de</strong>struição das suas pare<strong>de</strong>s e a suacompleta obliteração.Acima da região comprimida, o canal principal e oscanaes accessorios, consi<strong>de</strong>ravelmente augmentados <strong>de</strong>volume, encerram numerosos cálculos e um liquidopurulento — vestígios nítidos dum processo inflamatório<strong>de</strong> origem duo<strong>de</strong>nal ou biliar.O canal choledoco, geralmente comprimido, é tambémfrequentemente invadido pelo tecido neoplasico ;as suas pare<strong>de</strong>s, congestionadas e espessas, são porvezes se<strong>de</strong> <strong>de</strong> ulcerações que se esten<strong>de</strong>m, em algunscasos, até á empola <strong>de</strong> Vater.O tecido neoplasico attinge também esta empola epenetra até na cavida<strong>de</strong> duo<strong>de</strong>nal.Estas modificações provocadas pelo neoplasma têemcomo consequência a estase biliar, a dilatação do canalcholedoco, do canal cístico, do canal hepático e da vesículabiliar.O figado é também manifestamente alterado. Inicialmentevolumoso e esver<strong>de</strong>ado, — modificações resultantesda retenção biliar —, não tarda a apresentarlesões extensas <strong>de</strong> esclerose atrophica. Por vezes mesmo,o tumor inva<strong>de</strong> o tecido hepático e ás lesõesprimitivamente existentes juntam-se então nodulos carcinomatososbrancos ou ligeiramente amarellados, semelhantesás manchas <strong>de</strong> esteato-necrose.Num caso referido por HANOT e GII.BEUT OS noduloscarcinomatosos do figado attingiam um volume consi<strong>de</strong>rável.O duo<strong>de</strong>no é também frequentemente attingido peloneoplasma. Por vezes simplesmente comprimido, apre-


Parte clinica 105senta em alguns casos verda<strong>de</strong>iras ulcerações, resultantesda invasão neoplasica das suas pare<strong>de</strong>s. Omesmo acontece com o pyloro e mais raramente como estomago.Os ganglios peri-pancreaticos são também profundamentealterados.Nos tumores volumosos observa-se frequentementea compressão da veia porta, da veia cava, da aorta eda mesenterica superior, dando respectivamente logará producção <strong>de</strong> ascite, <strong>de</strong> e<strong>de</strong>mas dos membros inferiorese <strong>de</strong> hemorragias intestinaes.A compressão do plexo celiaco e a sua possível invasãocancerosa provocam dores intensíssimas, comirradiações diversas.Estas differentes modificações nos orgãos vizinhosdo pancreas acompanham-se por vezes dum processo<strong>de</strong> peritonite circumscripta que dá logar á formação <strong>de</strong>adherencias extensas ligando o tumor ao peritoneo, aoepiploon, ao diaphragma, ao estomago, ao intestino,ao figado, á vesícula biliar, etc.O cancro da cabeça do pancreas traduz-se por umcerto numero <strong>de</strong> signaes clínicos resultantes da alteraçãodas funeções glandulares e do <strong>de</strong>senvolvimento doneoplasma,Nos casos <strong>de</strong> cancro originado nas camadas superficiaesdo tecido pancreatico, estes signaes são geralmentepouco nítidos pela ausência <strong>de</strong> compressão doscanaes excretores do pancreas e do canal choledoco.Só mais tar<strong>de</strong>, quando o tumor tiver attingido as camadasprofundas da glandula, é que os symptomaspancreáticos se manifestam com toda a sua intensida<strong>de</strong>.


106 O pancreas cm cirurgiaPelo contrario, nos casos <strong>de</strong> tumores profundos ouvaterianos, as perturbações resultantes da compressãoe da invasão cancerosa do canal <strong>de</strong> Wirsung e do canalcholedoco manifestam-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o inicio e dão aoneoplasma uma physionomia clinica, por vezes característica.Ha pois dois typos clínicos <strong>de</strong> cancro da cabeça dopancreas: cancro <strong>de</strong> evolução inicialmente silenciosa ecancro com perturbações intensas durante todo o seu<strong>de</strong>senvo Ivim en to.É este segundo typo, mais frequente do que o primeiro,que servirá <strong>de</strong> base para o estudo da symptomatologia.Os symptomas que primeiro dispertam a attençãosão, por vezes, as perturbações digestivas.A ausência ou a insufficiencia <strong>de</strong> succo pancreaticoe <strong>de</strong> bilis têem como resultante o apparecimento <strong>de</strong>fibras musculares e <strong>de</strong> gordura nas fezes. Estas sãogeralmente abundantes, brancas, diarrheicas e extremamentefétidas; excepcionalmente pô<strong>de</strong> existir umatenaz prisão <strong>de</strong> ventre.Em alguns casos referidos por CARNOT existiam vómitosgordurosos <strong>de</strong>vidos talvez á compressão duo<strong>de</strong>nalou pylorica provocada pelo neoplasma.Frequentemente observa-se também como symptomainicial a dôr.Reduzidos primitivamente a simples cólicas abdominaespouco intensas, localizadas na região epigastricae provocadas pela ingestão <strong>de</strong> alimentos, os phenomenosdolorosos não tardam a adquirir uma extraordinariaviolência.As crises dolorosas iniciaes, passageiras e pouco


Parte clinica 107frequentes, succe<strong>de</strong>-se, pela compressão e invasão neoplasicado plexo celiaco e dos filetes nervosos intra- eextra-pancreaticos emanados <strong>de</strong>ste plexo, um dôr continua,profunda, paroxistica, com o máximo <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong>na região umbilical ou epigastrica e com irradiaçõespara as ultimas vertebras dorsaes, para asprimeiras lombares, para os liypocondrios, para osmembros inferiores, mais raramente para o thorax epara as espaduas.Por vezes, embora raramente, os phenomenos dolorosossimulam uma angina <strong>de</strong> peito, e acompanham-se<strong>de</strong> vomitos alimentares e biliosos (MONDIÈRE).Ás perturbações digestivas e aos phenomenos dolorososjunta-se geralmente a icterícia, que frequentesvezes constitue o symptoma inicial do cancro do pancreas.Embora por vezes possa surgir bruscamente e acompanhada<strong>de</strong> dôres e perturbações gastricas intensas,simulando assim uma cólica hepatica, é certo todaviaque, na quasi totalida<strong>de</strong> dos casos, a icterícia tem umamarcha insidiosa, lenta, continua e progressiva.No primeiro periodo da doença, em que a obstrucçãodo choledoco é geralmente incompleta e simplesmente<strong>de</strong> origem congestiva ou e<strong>de</strong>matosa, a icteríciaé pouco accentuada e attinge unicamente as mucosas.A medida que o neoplasma progri<strong>de</strong> e, portanto,que a obstrucção do choledoco se vae completando, acôr ligeiramente amarellada vae sendo substituída poruma côr ver<strong>de</strong>, <strong>de</strong>pois bronzeada, e por ultimo quasipreta.A icterícia generaliza-se : já não são só attingidasas mucosas; é também a região palmar, é a face internados membros, é todo o organismo.


108 O pancreas cm cirurgiaAo contrario do que geralmente acontece com a lithiasebiliar, a ictericia que acompanha o cancro dopancreas é continua e progressiva. É que á simplescompressão inicial do choledoco junta-se, num periodomais avançado da doença, a invasão cancerosa e, portanto,a obstrucção completa e irreductivel do seucalibre. Não po<strong>de</strong>rá pois haver periodos <strong>de</strong> regressãomanifestamente caracterizados por uma diminuição <strong>de</strong>coloração dos tegumentos.A marcha da ictericia é pois inalteravel; inicialmentepouco intensa e simplesmente localizada em <strong>de</strong>terminadasregiões, vae lenta mas progressivamenteattingindo todo o organismo.Nos casos <strong>de</strong> cancros originados nas camadas superficiaesdo tecido pancreatico, a ictericia não existe,pois que o choledoco não é comprimido. Só mais tar<strong>de</strong>,se o neoplasma invadir as camadas profundas, é quese começará a observar o apparecimento da côr ictérica(1).Casos ha também em que a ictericia não é <strong>de</strong>vida ácompressão ou á invasão neoplasica do choledoco. Assim,por exemplo, num caso referido por MONOD, asperturbações biliares eram <strong>de</strong>vidas a uma angiocholiteconcomitante, e num outro, assignalado por CAR-NOT, resultavam da invasão cancerosa das vias biliaresintra-liepaticas.Conjunctamente com a ictericia observam-se symptomascutâneos diversos significativos duma intensacholemia (prurido, xantelasma, xantopsia, etc.).(1) Num caso citado por RAMEY, a ausência da ictericia era<strong>de</strong>vida ao facto do choledoco não atravessar a cabeça do pancreas.


Parte clinica 109Como consequência da obstrucção do choledoco observam-segeralmente, além da icterícia, modificações<strong>de</strong> volume do fígado e da vesícula biliar.Nos primeiros períodos da evolução da doença ofigado é geralmente hypertrophiado ; o seu bordo inferior,molle e espesso, ultrapassa <strong>de</strong> alguns centímetrosas falsas costellas. Mais tar<strong>de</strong>, porém, a esta phasehypertrophica succe<strong>de</strong> uma phase <strong>de</strong> esclerose atrophica,em que o orgão soffre uma retracção por vezesconsi<strong>de</strong>rável.Taes são, segundo MIRALLIÉ, as duas phases successivaspor que passa a glandula hepatica durante a evoluçãodo cancro do pancreas.O augmento <strong>de</strong> volume da vesícula biliar constitueum signal clinico frequentemente observado durantea evolução do carcinoma do pancreas. A dilataçãovesicular, conhecida pelo nome <strong>de</strong> signal <strong>de</strong> COURVOI-SIER-TERRIER, traduz-se exteriormente por uma tumefacçãolisa, renitente, raramente fluctuante, situadaimmediatamente abaixo do bordo inferior do figado eum pouco fóra do bordo externo do musculo gran<strong>de</strong>recto.Além dos signaes physicos obtidos pelas modificações<strong>de</strong> volume do figado e pela dilatação da vesículabiliar, encontra-se, por vezes, na região epigastrica,uma massa dura, irregular, pouco movei, alongada nosentido transversal e muito difficil <strong>de</strong> limitar.Pela percussão observa-se geralmente a existenciaduma zona sonora <strong>de</strong>vida á interposição entre o tumore a pare<strong>de</strong> abdominal do estomago ou <strong>de</strong> ansas intestinaes.Casos lia, todavia, em que o tumor adquirindo umvolume consi<strong>de</strong>rável, penetra 110 espaço situado entre


110o estomago e o colon ou entre o colon e o intestino<strong>de</strong>lgado e vae collocar-se em contacto directo com apare<strong>de</strong> anterior do abdómen.A zona sonora primitivamente existente será entãosubstituída por uma zona <strong>de</strong> baci<strong>de</strong>z limitada em baixopela sonorida<strong>de</strong> gastrica ou ro<strong>de</strong>ada pela sonorida<strong>de</strong>gastro-colica ou colico-jejunal.A glycosuria constitue também, segundo alguns autores,um symptoma importante.Divergem, porém, as opiniões no que respeita á frequênciacom que tal symptoma se observa : emquantoque BAR, PIC, CARON, PARISET e muitos outros consi<strong>de</strong>rama glycosuria como extremamente rara, LACH-MANN e LITTEN julgam-na, pelo contrario, muito frequente.Suppõe MIRALLIÉ, e a meu vêr com justa razão, queesta divergencia <strong>de</strong> opiniões provem <strong>de</strong> a analyse daurina não ter sido feita em todos os casos no mesmoperíodo evolutivo da doença.Se o exame urologico fôr effectuado na phase inicialdo <strong>de</strong>senvolvimento do tumôr, verificar-se-ha, combastante frequencia, a existencia <strong>de</strong> glycosuria ; masse, pelo contrario, só num período avançado da doençase fizer este exame, a glycosuria será extremamenterara.Ha pois, durante a evolução do cancro do pancreasuma phase glyeosurica frequente seguida duma phasenão glyeosurica.Qual é a razão do <strong>de</strong>sapparecimento da glycosuriano período terminal da doença ?Para COURJIONT e BRET ha na ultima phase <strong>de</strong> evoluçãodo cancro do pancreas uma profunda <strong>de</strong>struição,por metastases cancerosas, da cellula liepatica. A fun-


Parte clinica 111cção glycogenica será pois abolida e não haverá portantoeliminação <strong>de</strong> glycose.É possível que a <strong>de</strong>struição da cellula hepatiea contribuarealmente para o <strong>de</strong>sapparecimento da glycosurianos últimos períodos da doença. Parece-me porémque a razão primordial da existencia duma phase terminalaglycosurica <strong>de</strong>verá ser differente da invocadapor COURMONT e BRET.No período inicial da doença o apetite é conservado,por vezes até, consi<strong>de</strong>ravelmente augmentado; as lesõesdo pancreas, provocando perturbações da secreçãopancreatica interna, po<strong>de</strong>m então ter como consequênciarelativamente frequente a producção duma glycosuriaalimentar. Mais tar<strong>de</strong> porém, na phase cacheticada doença, o appetite <strong>de</strong>sapparece por completo e aalimentação é, por assim dizer, nulla ou extremamentereduzida.Como consequência immediata da falta <strong>de</strong> alimentaçãosurgirá naturalmente a ausência <strong>de</strong> glycosuria alimentar.Parece-me ser esta a razão da existencia da phaseaglycosurica.Mas, seja como fôr, o que é certo é que a glycosuria,embora inconstante, constitue, indiscutivelmente, umsignal <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valor para a localização pancreaticadum tumor abdominal.Além dos symptomas <strong>de</strong>scriptos po<strong>de</strong>m também observar-se,durante a evolução do carcinoma do pancreas,a ascite — resultante da compressão da veiaporta —, o e<strong>de</strong>ma dos membros inferiores — <strong>de</strong>vido ácompressão da veia cava —, signaes <strong>de</strong> occlusão intestinal— provocados pela compressão do pyloro, do duo<strong>de</strong>noou do colon transverso, — hemorragias intestinaes


112 O pancreas cm cirurgia— produzidas pela compressão da artéria mesentericasuperior —, e hydronephroses — causadas pela compressãodos ureteres pelo tumor ou pelas adherenciasque ligam o pancreas aos orgãos vizinhos.Por ultimo cita-se ainda o emmagrecimento rápidoe excessivo como symptoma frequente e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>valor diagnostico.O diagnostico do cancro do pancreas é, por vezes,extremamente difficil.Nos casos <strong>de</strong> cancro superficial em que não ha compressãodo choledoco nem do canal <strong>de</strong> Wirsung e emque faltam portanto a ictericia e os signaes que traduzema ausência ou a insufficiencia da digestão pancreatica,o tumor pô<strong>de</strong> confundir-se com todos ou quasitodos os neoplasmas abdominaes situados nas proximida<strong>de</strong>sda região epigastrica.Quando o cancro attinge as camadas profundas dotecido pancreatico e que comprime e inva<strong>de</strong> portantoos canaes excretores e o canal choledoco, os signaesfunccionaes que então se observam, juntamente com ossignaes physicos resultantes do <strong>de</strong>senvolvimento dotumor, tornam o diagnostico não só possivel, mas até,por vezes, relativamente fácil.Ha todavia um certo numero <strong>de</strong> affecções com queo cancro se po<strong>de</strong> confundir e cujo diagnostico differencialirei rapidamente analysar.Citam-se, como po<strong>de</strong>ndo simular o cancro do pancreas,a lithiase biliar, o cancro do figado, o cancro davesícula biliar, o cancro (lo canal cístico, o cancro docanal hepático, o cancro do choledoco, o cancro da empola<strong>de</strong> Vater, as adherencias peri-pancreaticas, o cancrodo estomago e as pancreatites chronicas.


Parte therapeutica 113Nos casos typicos, o diagnostico differencial entre alithiase biliar e o cancro do pancreas é relativamentesimples. Com effeito, na lithiase observam-se frequentementecrises <strong>de</strong> cólicas hepaticas intensas com irradiaçõespara a espadua direita. A icterícia apparecesubitamente pela obstrucção brusca das vias biliarespor um calculo e apresenta períodos successivos <strong>de</strong>intensida<strong>de</strong> differente.No cancro do pancreas, a dôr primitivamente localizadana região epigastrica, apresenta irradiações diversaspara os hypocondrios, para os membros inferiorese mais raramente para as espaduas. A icteríciaao contrario do que se observa na lithiase biliar, temuma marcha lenta, continua e progressiva e acompanha-sedum rápido e excessivo emmagrecimento.Mas, ao lado <strong>de</strong>stes casos typicos, <strong>de</strong> diagnosticobastante simples, outros ha, e em muito maior numero,cuja differenciação é extremamente difficil. É que,com effeito, a dôr e a icterícia — signaes <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>valor diagnostico—po<strong>de</strong>m ter, nas duas affecções, caracteressensivelmente analogos.Dever-se-ha então procurar noutros symptomas oselementos para estabelecer o diagnostico differencial.CARNOT e com elle a maioria dos autores, consi<strong>de</strong>raa dilatação vesicular, —signal <strong>de</strong> Courvoisier-Terrier—,frequentemente observada no cancro do pancreas,como um signal clinico importante.Já vimos todavia que tal symptoma não pô<strong>de</strong> serconsi<strong>de</strong>rado como elemento do gran<strong>de</strong> valor, poisquese encontra também algumas vezes na lithiasebiliar.De muito maior importancia clinica são, a meu ver,os signaes physicos resultantes do <strong>de</strong>senvolvimento do8


114tumor. A existencia duma tumefacção epigastrica,traduzindo-se á percussão por uma zona <strong>de</strong> baci<strong>de</strong>z,geralmente ro<strong>de</strong>ada pela sonorida<strong>de</strong> gastro-colica oucolico-jejunal, ou limitada inferiormente pela sonorida<strong>de</strong>gastrica, e o <strong>de</strong>sapparecimento <strong>de</strong>ssa zona <strong>de</strong>baci<strong>de</strong>z pela simples insuflação do estomago, — symptomasfrequentes do cancro do pancreas, — permittem,em muitos casos, estabelecer o diagnostico.Infelizmente taes symptomas nem sempre se observam,poisque o tumor pancreatico não attinge, emmuitos casos, o <strong>de</strong>senvolvimento necessário para o apparecimento<strong>de</strong>stes signaes physicos.O diagnostico tornar-se-ha então muito difficil ouaté mesmo impossível e só a laparotomia exploradorapermittirá resolver o problema.- O cancro do figado não é, em regra, difficil <strong>de</strong> distinguirdo cancro do pancreas.O augmento consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> volume da glandulahepatica, a existencia <strong>de</strong> volumosos nodulos cancerososhepáticos facilmente reconhecíveis por simples palpação,a ausência frequente <strong>de</strong> retenção biliar e <strong>de</strong> signaesphysicos <strong>de</strong>scriptos como proprios do cancro dopancreas, permittirão, na maioria dos casos, excluir ahypothese <strong>de</strong>sta ultima affecção.Os cancros da vesicula biliar e do canal cístico rarasvezes se acompanham <strong>de</strong> retenção biliar.No cancro do canal hepático ha retenção biliar analogaá observada no cancro do pancreas, mas a vesiculaestá geralmente retrahida.Mais difficeis <strong>de</strong> distinguir do carcinoma do pancreassão o cancro do canal choledoco, o cancro daempola <strong>de</strong> Vater e as adherencias peri-pancreaticas. Namaioria dos casos só a laparotomia exploradora e o


Parte clinicaexame anatomo-pathologico ulterior po<strong>de</strong>rão estabelecero diagnostico.A analyse minuciosa dos symptomas <strong>de</strong>scriptos comotraduzindo a existencia do cancro do pancreas, permittiráfazer, com relativa facilida<strong>de</strong>, o diagnosticodifferencial entre esta affecção e o cancro do estomago.Os signaes que pennittem distinguir o cancro dopancreas das pancreatites clironicas já foram estudadosquando <strong>de</strong>screvi estas ultimas affecções.Fistulas pancreaticasEmbora não constituam uma entida<strong>de</strong> mórbida esejam unicamente a consequência <strong>de</strong> certas lesões ou<strong>de</strong> intervenções cirúrgicas, as fistulas pancreaticasmerecem todavia, pelos inconvenientes a que po<strong>de</strong>mdar logar, uma menção especial.Não me refiro, é claro, ás fistulas internas (fistulaspancreatico-duo<strong>de</strong>naes, etc.), assignaladas por algunsautores e que, constituindo uma terminação geralmentefeliz da doença pancreatica, curam em regra expontaneamente;mas unicamente ás fistulas externas oucutaneas, mais frequentes do que as internas, e cujotratamento <strong>de</strong>verá ser exclusivamente cirúrgico.Situadas geralmente na pare<strong>de</strong> anterior do abdómen,as fistulas pancreaticas po<strong>de</strong>m também observar-se naregião lombar ou no tliorax.Pelo trajecto fistuloso escoâ-se succo pancreaticopuro ou misturado com pús, cujas proprieda<strong>de</strong>s digestivasprovocam, em torno do orifício externo da fistula,ulcerações extensas e profundas que reclamam aintervenção cirúrgica.


PARTE THERAPEUTICATratamento cirúrgico das affecções do pancreasO tratamento cirúrgico das affecções do pancreastem sido, nestes últimos annos, objecto <strong>de</strong> numerosostrabalhos.Não obstante, porém, as frequentes experiencias effectuadascom o fim <strong>de</strong> investigar quaes as operaçõesa applicar ás differentes affecções pancreaticas, os cirurgiõesestão ainda longe <strong>de</strong> chegar a um accordosobre quaes sejam as mais lógicas intervenções e recorrem,para a mesma doença, a processos cirúrgicosdiversos.É á <strong>de</strong>scripção <strong>de</strong>sses differentes processos empregadoscomo meio <strong>de</strong> tratamento cirúrgico das affecçõesdo pancreas e á escolha dos que julgo mais racionaesque <strong>de</strong>dico este capituloAs divergências começam na escolha da via que se<strong>de</strong>verá seguir para attingir o pancreas: uns recorremá via transpleural ou á via lombar, outros preferem avia abdominal anterior ou a via abdomino-lateral extra-peritoneal.


118 O pancreas em cirurgiaÁ via transpleural teem recorridoGUINARD e BREN-TANO em differentes casos <strong>de</strong> suppurações sub-diaphragmaticas<strong>de</strong> origem pancreatica.VILLAR resume assim a technica seguida porGUI-NARD: incisão <strong>de</strong> 10 centímetros <strong>de</strong> comprimento, começandona linha axillar e dirigindo-se obliquamentepara traz e para cima sobre a face externa da nonacostella; resecção <strong>de</strong>sta costella numa extensão <strong>de</strong> 7a 8 centímetros; incisão da pleura parietal; perforaçãodo diaphragma; evacuação da collecção purulenta edrenagem.Na sua these inaugural publicada em 1898, PAGEconsi<strong>de</strong>ra esta via transpleural como o processo <strong>de</strong>escolha nos casos <strong>de</strong> collecções pancreaticas purulentas,serosas ou hemorrágicas situadas na região subdiaphragmatica.VILLAR faz todavia notar, e a meu ver com justarazão, que embora as collecções sub-diaphragmaticas<strong>de</strong> origem pancreatica sejam facilmente accessiveispor via transpleural, as frequentes lesões pulmonarestraumaticas que o emprego <strong>de</strong>sta via occasiona e aimpossibilida<strong>de</strong> absoluta <strong>de</strong> estabelecer uma drenagemsufficiente <strong>de</strong>vem faze-la rejeitar por completo.A via lombar, <strong>de</strong>fendida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1866 por SENN, temsido varias vezes seguida por KÕRTE, por KLEEF e sobretudopor SIRAUD.MAYO ROBSON consi<strong>de</strong>ra-a como um excellente meio<strong>de</strong> diagnostico das lesões pancreaticas, a que se <strong>de</strong>verárecorrer sempre que os metliodos ordinários <strong>de</strong>exploração clinica não permittam resolver o problema.Num trabalho recentemente publicado, affirma BER-


Parte therapeutica 119TRAND que a situação profunda do pancreas, o <strong>de</strong>senvolvimentoposterior e a se<strong>de</strong> <strong>de</strong>finitiva retro-pancreatica<strong>de</strong> alguns kistos são motivos mais do quesufficientes para que se dê preferencia á via lombar.Sem ter o exclusivismo <strong>de</strong> BERTRAND, que parecepreferir esta via para a quasi totalida<strong>de</strong> dos casos,julgo todavia, com SIRAUD, que a via lombar apresenta,por vezes, algumas vantagens. Com effeito, nãosó é menos grave do que a via abdominal anterior,pelo facto <strong>de</strong> ser extra-peritoneal, mas permitte tambémque se faça uma drenagem perfeita da regiãopancreatica.Todavia, a gran<strong>de</strong> distancia a que fica situado opancreas quando se opera por via lombar tem, alémdo gravíssimo inconveniente <strong>de</strong> não permittir que sefaça uma completa exploração das partes lesadas, a<strong>de</strong>svantagem <strong>de</strong> dar frequentemente origem a graveslesões traumaticas dos orgãos retro-pancreaticos.Tanto basta para que esta via <strong>de</strong>va unicamente applicar-seaos casos <strong>de</strong> collecções purulentas, serosas ouhemorrágicas que, pelo seu <strong>de</strong>senvolvimento, façamsaliência na pare<strong>de</strong> abdominal posterior.Começar-se-ha então por fazer uma incisão obliquaque, partindo da extremida<strong>de</strong> posterior da <strong>de</strong>cima segundacostella esquerda, vá terminar na espinha iliacaantero-superior do mesmo lado. Segue-se o bordo externodo psôas e completa-se a secção dos tecidos atéatingir o rim esquerdo. Passando então um pouco fórado polo superior do rim e tendo o cuidado <strong>de</strong> pouparos vasos e os nervos da região, attinge-se a collecçãoretro-peritoneal que será punccionada, eliminada oumarsupializada.


120 O pancreas em cirurgiaTal é a technica habitualmente seguida nas operaçõespancreaticas por via lombar.Alguns autores teem frequentemente recorrido aesta via lombar como simples meio <strong>de</strong> drenagem daregião pancreatica. A technica a seguir será tambéma que acabei <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver (1).A via abdomino-lateral extra-peritoneal, seguida porRUGGI e por outros, <strong>de</strong>ve ser, pela difficulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> execuçãoe pela impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> explorar minuciosamentea região pancreatica, completamente abandonada.A technica <strong>de</strong>scripta por RUGGI pô<strong>de</strong> assim resu-(1) A drenagem da região pancreatica tem sido objecto <strong>de</strong>alguns trabalhos, entre os quaes sobresae a communicaçãofeita em 1902 por MAUCLAIIIE ao Congresso <strong>de</strong> Cirurgia <strong>de</strong>Paris.Entre os differentes processos <strong>de</strong> drenagem empregados,<strong>de</strong>screve o autor a drenagem anterior, a drenagem posteriore a drenagem antero-posterior.A drenagem anterior faz-se através do ligamento gastrohepatico,do folheto posterior do mesocolon transverso e, maisgeralmente, através do epiploon gastro-colico.A drenagem posterior, praticada, por vezes, por via transpleural,executa-se geralmente por via lombar.A drenagem antero-posterior é a combinação duma drenagemanterior, praticada geralmente através do epiploongastro-colico, com uma drenagem lombar.A drenagem anterior é indicada, segundo VILLAR, nos casos<strong>de</strong> collecções <strong>de</strong> origem pancreatica volumosas com <strong>de</strong>senvolvimentoanterior; a drenagem posterior ou antero-posterior<strong>de</strong>ve empregar-se sempre que existam collecções pancreaticascom <strong>de</strong>senvolvimento retro-peritoneal.


Parte therapeutica 121mir-se: incisão obliquaesten<strong>de</strong>ndo-se da linhapara-esternal á linhaaxillar posterior; <strong>de</strong>scollamentodo peritoneoparietal até attingir aregião pancreatica.A via abdominal anterioré aquella a quegeralmente se <strong>de</strong>verárecorrer, porque permittefazer, com maiorfacilida<strong>de</strong> do que as outrasvias, a exploraçãominuciosa e completado pancreas e da regiãoperi-pancreatica.E se o diagnosticoprovisorio fôr errado,se em logar duma affecçãopancreatica existiruma lesão das vias biliares,do figado, do estomagoou do duo<strong>de</strong>no,— facto que frequentementese observa —, alaparotomia executadaserá então, não a via <strong>de</strong>accesso da região pancreatica,mas o primeirotempo duma operaçãobiliar, hepatica, gastri-


122 O pancreas em cirurgiaca ou duo<strong>de</strong>nal. Tanto basta para que ella seja a via<strong>de</strong> escolha.O doente <strong>de</strong>ve estar em <strong>de</strong>cúbito dorsal, com a regiãolombar apoiada sobre uma almofada volumosaque, impellindo os orgãos abdominaes para <strong>de</strong>ante,tornará mais fácil o accesso do pancreas.O operador ficará collocado á direita do doente paraassim po<strong>de</strong>r explorar com mais facilida<strong>de</strong> as vias biliarestão frequentemente attingidas no <strong>de</strong>curso dasaffecções pancreaticas, o duo<strong>de</strong>no e a face posteriorda cabeça do pancreas.As incisões a que mais frequentemente se recorre sãoa obliqua, a vertical lateral e a vertical mediana (1).A incisão obliqua parte da cartilagem xyphoi<strong>de</strong> e,dirigindo-se para baixo e para a esquerda, vae terminarnum ponto situado a egual distancia da cicatrizumbilical e do rebordo costal. Ficam assim seccionadastransversalmente as fibras que constituem os musculosda pare<strong>de</strong> anterior do abdómen. Tal facto é razão maisdo que sufficiente para que se <strong>de</strong>va rejeitar esta incisão.A incisão vertical lateral pô<strong>de</strong> fazer-se através das(1) Com o fim <strong>de</strong> obter uma mais ampla abertura algunsautores combinam estas incisões simples com outras feitasem diversos sentidos.ROSENBACII, por exemplo, junta uma incisão transversalá incisão vertical mediana. MONPROFIT addiciona frequentementeá incisão vertical lateral uma outra que, partindo dasua extremida<strong>de</strong> superior ou da sua parte media, se dirigepara a linha mediana; por vezes, a segunda incisão em logar<strong>de</strong> se dirigir da parte media da incisão vertical lateral para alinlia mediana, esten<strong>de</strong>-se para o lado externo. KEHR recorreá chamada incisão em bayoneta.


123fibras do gran<strong>de</strong> recto do abdómen ou ao longo doseu bordo externo, ou ainda, como aconselha DESJAR-DINS, a dois centímetros fóra <strong>de</strong>ste bordo, sobre umavertical tirada da nona articulação chondro-costal.Esta ultima incisão tem a vantagem <strong>de</strong> não seccionaros nervos que se distribuem ao musculo recto.O seu comprimento habitual <strong>de</strong>ve oscillar entre 15e 20 centímetros,Incisão lateral vertical (1)I:SJARDI>S).Esta incisão vertical lateral, permittindo a exploraçãominuciosa e completa da região pancreato-biliar,<strong>de</strong>verá ser a preferida sempre que se tenha <strong>de</strong> intervirna cabeça do pancreas ou que haja symptomas <strong>de</strong> perturbaçõesbiliares.


124 O pancreas em cirurgiaA incisão vertical mediana esten<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a cartilagemxyphoi<strong>de</strong> até á cicatriz umbilical. É a incisão<strong>de</strong> escolha nos casos <strong>de</strong> kistos pancreáticos ou <strong>de</strong> lesõesdo corpo e da cauda, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não haja symptomas<strong>de</strong> perturbações biliares.Aberta a cavida<strong>de</strong> abdominal qual é a via que se<strong>de</strong>verá seguir para attingir o pancreas?No estudo anatomo-pathologico dos tumores do pancreasreferi-me ás differentes situações que elles po<strong>de</strong>moccupar quando adquirem um <strong>de</strong>senvolvimento consi<strong>de</strong>rável.Umas vezes situados entre o estomago e o figadoou entre o colon e as ansas intestinaes, occupamgeralmente o espaço gastro-colico.Do conhecimento <strong>de</strong>stas differentes situações do tumornasceu a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> attingir as lesões pancreaticas por viagastro-hepcitica, colico-jejunal ou gastro-colica (1).(1) Alguns autores têem attingido o pancreas, passandoatravés do estomago. VILLAR cita dois casos em que se seguiuesta via.Num caso <strong>de</strong> kisto pancreatico coberto pelo estomago,BESEL-IIAGEN fez uma incisão <strong>de</strong> 5 centímetros <strong>de</strong> comprimentosobre a pare<strong>de</strong> gastrica anterior e outra, <strong>de</strong> egual comprimento,sobre a pare<strong>de</strong> gastrica posterior. Retirou o liquidokistico por puncção, suturou as incisões gastricas e, reseccandoas ultimas costellas, fixou as pare<strong>de</strong>s do kisto á pare<strong>de</strong>anterior do abdómen.Num outro caso tratava-se dum kisto pancreatico punccionadopor ISRAEL através do estomago.Os dois doentes a que se referem estas observações curarampassado algum tempo <strong>de</strong>pois da intervenção. Mas, nãoobstante o optimo resultado obtido nestes dois casos, tal via,<strong>de</strong> execução extremamente difficil, <strong>de</strong>verá ser completamenteabandonada.


Parte therapeuticaA via gastro-hepatica, seguida por SENDLER numcaso <strong>de</strong> tumor do pancreas, <strong>de</strong>ve ser unicamente empregadaquando o neoplasma se tenha insinuado entreo estomago e o figado.A via colico-jejunal ou transmeso cólica dá frequentementeorigem á ruptura dos vasos do colon e, consequentemente,á gangrena <strong>de</strong>ste orgão (caso referidopor KRÕNLEIN). Deverá ser portanto unicamente seguidanos casos em que o tumor, situado abaixo docolon, tenha adquirido fortes adherencias que tornemimpossível o seu <strong>de</strong>slocamento para cima; se esse <strong>de</strong>slocamentofôr possível recorrer-se-ha então á via gastro-cólica.Esta via gastro-colica, mais simples e mais directado que qualquer outra, <strong>de</strong>verá ser a preferida sempreque a situação do tumor a torne possível. É a ella quese <strong>de</strong>verá também recorrer nos casos <strong>de</strong> pequenas lesõespancreaticas a custo perceptíveis por simples palpação,ou sempre que se queira fazer uma minuciosaexploração do pancreas e da região pancreatica.A technica seguida para attingir o pancreas serápois a seguinte: incisão dos differentes planos queconstituem a pare<strong>de</strong> anterior do abdómen; secção doperitoneo parietal anterior; secção do epiploon gastrohepatico(via gastro-hepatica), do mesocolon transverso(via transmesocolica), ou do gran<strong>de</strong> epiploon (via gastro-colica)e incisão do folheto peritoneal parietal posterior.Analysemos agora os differentes metliodos <strong>de</strong> tratamentocirúrgico das affecções do pancreas. A or<strong>de</strong>m


126 O pancreas em cirurgiaa seguir será analoga á adoptada no capitulo prece<strong>de</strong>nte.Tratamento «lo pancreas annularVILLAR propõe, como methodos <strong>de</strong> tratamento dopancreas annular, a resecção parcial cia cabeça dopancreas e a gastro-enterostomia.A resecção parcial da cabeça do pancreas tem, comeffeito, como consequência o <strong>de</strong>sapparecimento dasperturbações resultantes da compressão do duo<strong>de</strong>nopela cabeça da glandula.Todavia, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> traumatizar o duo<strong>de</strong>nono <strong>de</strong>curso da operação e os graves inconvenientesresultantes <strong>de</strong>sse traumatismo <strong>de</strong>vem fazer rejeitaresta intervenção.A gastro-enterostomia foi praticada por VIDAL numcaso <strong>de</strong> pancreas annular com estenose da primeiraporção do duo<strong>de</strong>no. Os phenomenos <strong>de</strong> occlusão intestinalque tinham levado o autor a intervir, <strong>de</strong>sapparecerampor completo e o doente curou passados algunsdias.Esta observação <strong>de</strong> VIDAL, única que supponho tersido publicada sobre o tratamento cirúrgico do pancreasannular, mostra-nos bein a benefica influenciada gastro-enterostomia sobre as perturbações resultantesda existencia <strong>de</strong>sta anomalia pancreatica.Indubitavelmente mais simples do que a resecçãoparcial da cabeça do pancreas, a gastro-enterostomiaserá pois a operação da escolha no tratamento dopancreas annular.Nos casos em que, além da compressão do duo<strong>de</strong>no,existir também estenose do choledoco, addicionar-se-ha


Parte therapeutica 127á gastro-enterostomia a choledoco-enterostomia, ou acholecisto-enterostomia ou a simples drenagem dasvias biliares.Tratamento «los <strong>de</strong>slocamento* pancreáticosNão conheço observação alguma <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento dopancreas em que tenha havido intervenção cirúrgica.Todavia, é fácil calcular qual a operação a que <strong>de</strong>veremosrecorrer se um dia <strong>de</strong>pararmos com um <strong>de</strong>slocamentopancreatico diagnosticavel.Nos casos <strong>de</strong> hérnia umbilical pancreatica começa-sepor fazer uma laparotomia mediana; reduzem-se, emseguida, os orgãos herniados para a cavida<strong>de</strong> abdominal,tendo todavia o cuidado <strong>de</strong> reseccar algumasporções <strong>de</strong> tecido que estejam necrosadas; pratica-seentão a pancreatopexia gastrica ou gastro-hepatica(fixação do pancreas ao estomago ou ao ligamentogastro-liepatico).Nas hérnias diaphragrnaticas do pancreas aconselhaVIDAL o processo <strong>de</strong> POSTEMPSKY, que consiste emreduzir a hérnia, attingindo o diaphragma por viatranspleural. A technica a seguir é sensivelmente analogaá que ficou <strong>de</strong>scripta quando me occupei das vias<strong>de</strong> accesso da região pancreatica.Attingida a hérnia, tentar-se-ha reduzir o pancreaspara a cavida<strong>de</strong> abdominal; sendo necessário augmentar-se-ha,para isso, a ruptura do diaphragma comduas incisões longitudinaes. Pratica-se então a pancreatopexiae termina-se a operação suturando a solução<strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> diaphragmatica.Nas hérnias intestinaes do pancreas praticar-se-ha


128 O pancreas em cirurgiasuccessivamente a reducção, a pancreatopexia e a suturada solução <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> intestinal.Nos <strong>de</strong>slocamentos pancreáticos em que não existehérnia da glandula, a operação a que se <strong>de</strong>verá recorrerserá uma simples pancreatopexia. Se, porém,a causa do <strong>de</strong>slocamento tiver sido a tracção exercidasobre o pancreas por um tumor dum dos orgãos visinhosou pelo baço movei (caso <strong>de</strong> ALONSO), á pancreatopexia<strong>de</strong>verá juntar-se a extirpação do neoplasmaou a esplenopexia.Tratamento das lesões traumaticas «lo pancreasDes<strong>de</strong> que, em seguida a um traumatismo violentodo abdómen, se suspeite da existencia <strong>de</strong> lesões internas,<strong>de</strong>ver-se-ha praticar immediatamente uma laparotomiaexploradora.No exame minucioso da cavida<strong>de</strong> abdominal, a queentão se proce<strong>de</strong>rá, não se <strong>de</strong>verá esquecer o pancreasque, como vimos, po<strong>de</strong> apresentar lesões traumaticasdiversas: contusões e rupturas, feridas, hematomas,pseudo-kistos e hérnias.Nos casos <strong>de</strong> contusões ou <strong>de</strong> rupturas pancreaticasa technica a seguir <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá da gravida<strong>de</strong> e da extensãodas lesões.Se a lesão estiver limitada a uma pequena regiãodo pancreas, começar-se-ha por fazer a hemostase, laqueandoos vasos sanguíneos. Ha quem tenha recorridoao thermocauterio como meio hemostatico. Talmethodo <strong>de</strong>ve ser porém completamente abandonado,pois que pô<strong>de</strong> dar logar, pela irradiação <strong>de</strong> calor que


Partetkerapeuticaoccasiona, a graves alterações anatómicas dos orgãosvizinhos.Effectuadas as laqueações vasculares, sutura-se asolução <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> pancreatica e termina-se aoperação pela applicação dum dreno que se <strong>de</strong>veráconservar durante alguns dias.Em casos <strong>de</strong> lesões acompanhadas <strong>de</strong> hemorragiasgraves, e em que, pela situação profunda dos vasosseccionados, seja impossível effectuar uma hemostaseperfeita, recorrer-se-ha então á applicação <strong>de</strong> umtampão.Se as contusões e rupturas att.ingem uma gran<strong>de</strong>extensão da glandula, praticar-se-ha a pancreatectomiaparcial. A pancreatectomia total, por mais extensase profundas que sejam as lesões, <strong>de</strong>verá ser rejeitada.Conservar-se-ha sempre uma porção <strong>de</strong> glandula,embora pequena, que tenha escapado á acção do traumatismo.No quadro seguinte dou alguns exemplos <strong>de</strong> contusõese <strong>de</strong> rupturas pancreaticas em que se praticou aintervenção cirúrgica.9


Contusões e rupturas


WALTHEReGDILLEMAIN.Congrls français<strong>de</strong> chi-abdómen.Contusão dorurg., Paris,1905, p. 641.1905. 1 L/J horas Laparotomia.Applicaçâodum simplestampão. Drenagem.Dupla parotidite.Peritonitelocalizada.Cura. Ruptura completado pancreas. Secçãoda artériacoronaria estomachica.Hemorragiaabundante.AUVRAY. Congrès français<strong>de</strong> chi-abdomen.He-Contusão dorurg., Paris, morragia interna.1905, p. 6421905. 12 horas. Laparotomia.A p p1i caçãodum tampão.Morte. Ruptura do epiploongastro-colico.Esmagamentodo baço edo pancreas.(1) Este quadro e os que se seguem são extrahidos do livro <strong>de</strong> VILLAU sobre cirurgia do pancreas. Unicamente lhesaccrescentei algumas observações que colhi na litteratura medica publicada pobre o assumpto.


132 O pancreas em cirurgiaVILLAR cita também uma estatística <strong>de</strong>MIKULICZRADECKI referente ALI casos <strong>de</strong> rupturas pancreaticastratados cirurgicamente, 7 dos quaes foram seguidos<strong>de</strong> cura.As feridas do pancreas são tratadas por processosanalogos aos applicados ás contusões e ás rupturas:laqueação dos vasos seccionados, regularização e suturada solução <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong>, applicação <strong>de</strong> umtampão e drenagem.Nos casos <strong>de</strong> feridas causadas por armas <strong>de</strong> fogo énecessário fazer, por vezes, um exame minucioso dopancreas para conseguir extrahir o projéctil.


Feridas do pancreasIAutoresIndicaçõesbibliographicasDiagnosticoDatadaoperaçãoData da operaçãoem relação Intervenção realizadaao acci<strong>de</strong>nteConsequênciasimmediatasConsequênciasaflastadasObservaçõesKUTTNER.B.zMin.Chir.,1901, p. 244-Ferida perforantedo abdómen.250.He-morragia interna.1901. 1 quarto<strong>de</strong> hora.Laparotomia.Sutura dasolução <strong>de</strong>continuida<strong>de</strong>pancreatica.Drenagem.Collapso. Cura. Ferida da partemedia do pancreas.BRAMAKK. Langeiíb. Archiv,Bd. LX rante do ab-Ferida perfo-(caso 64). dómen, porarma <strong>de</strong> fo-go-BRAMAKK. Lanyerib. Archiv,Bd. LX(caso 66).Ferida perforantedo abdómen,porarma <strong>de</strong> fo-1892. 9 horas. Laparotomia.Extracção dabala alojadano pancreas.A pplicaçãodum tampão.Drenagem.BRAMAKK. Lanr/eiil. >4)-- Ferida perforantedo ab-chiv, Bd. LX(caso 65) dómen, porarma <strong>de</strong> fogo.1893. 8 horas. Laparotomia.Extracção dabala. Applicaçãodumtampão. Drenagem.1894. 20 horas. Laparotomia.Drenagem.Cura. Ferida do pancreasc do estomago.Esta ultitimafoi suturada.Cura. Ferida do pancrease do estomago.Sutura <strong>de</strong>staultima.Morte. Ferida do fígadoe do pancreas.Bala alojada nosrins,


AutoresIndicaçõesbibliographicasDiagnosticoDatadaoperaçãoData da operaçãoem relação Intervenção realizadaao acci<strong>de</strong>nteConseqnenciasimmediatasConsequênciasafastadasObservaçõesgo. Hemorragiainterna.WLESINGER. Munch. med. Ferida perforanteWoch., do ab-1898,n.° G, p. 169. dómen, porarma <strong>de</strong> fogo.Hemorragiainterna.1898. Laparotomia.Drenagem.Morte. Perforação dopancreas; necrosepancreatica.HAHS. Deut. Z. f.Chirurgie,1901, Bd.LVJII." 1899. Meiahora. Laparotomia.Drenagem.Cura. Ferida do figadoe do pancreas.NLNNI. Arte medica,1901, n.« 24,C. fr. Cltir.,1901, n." 41.p. 1024.Ferida perforantedo abdómen.1901. Laparotomia.Sutura dopancreas.Cura. Ferida do corpodo pancreas.In Journalpolitique.M. KINLEY,Med. liecord,1901, Bd. II,p. G01.» 1901. 1 hora Laparotomia.Drenagem.Morte 8 dias<strong>de</strong>pois.Ferida do estomagoe necrosedo pancreas.KÒKTE. Verh. d. PreChir. Verein,Bd.XIIl,p.87» 1901. 8 horas. Laparotomia. Morte 8 dias<strong>de</strong>pois— Ferida do intestino.Necrose dopancreas.


BoRCIIARDT. Berliner ldin.WochIV04,n. 0 ' 3 e 4, p.53.4 horas.Laparotomia.Sutura dopancreas elaqueação daesplenica.Tamponnageme drenagem.Cura.Ferida do pancrease rupturada esplenica. Hemorragiaabundante.IMULLER.SLAVSKY.MAUCLAIRE.BECKER(A.),Brit. J. lclin.Chir., 1904,n.° 3, p. 748.Rvss. Vratcli,St-Pét., 1904,p. 1065.Congresfranjais<strong>de</strong> Chir1902, p. 514.1 hora.Laparotomia.Drenagem.Laparotomia.Nephrectomia.Morte 4 diasSutura <strong>de</strong>poisdo pancrease do estomago.Drenagemda cavida<strong>de</strong>posteriordosepiploonsatravés doepiploon gastro-hepáticoe do epiploongastro-colico.Cura.Cura.Ferida do pancreas.Hemorragiaglandularparenchymatosa.Ferida da caudado pancreas, doestomago e dorim esquerdo.KINDT.Munch. med.Uoch.,7 março,ltíOõ, p.457.9 horas emeiaLaparotomia.Drenagem.Morte 2 dias<strong>de</strong>poisFerida da caudado pancreas. Necrosegordurosadisseminada.


136 O pancreas em cirurgiaNo tratamento cirúrgico dos hematomas e dos pseudokistosdo pancreas tem-se recorrido a methodos diversos.Uns empregam a simples puncção, seguida, porvezes, d'uma injecção modificadora; outros recorremá extirpação total do kisto; por ultimo ainda, autoresha que praticam a pancreatokistotomia (incisão dokisto pancreatico) seguida ou não <strong>de</strong> marsupialização.Como me terei ainda <strong>de</strong> referir a estes differentesprocessos quando me occupar do tratamento dos kistosglandulares do pancreas, reservo para então a exposiçãoda technica que se <strong>de</strong>verá seguir e a discussãosobre qual dos methodos <strong>de</strong>verá ser o preferido. Poremquanto limitar-me-hei a apresentar, no quadro seguinte,alguns casos <strong>de</strong> hematomas e <strong>de</strong> pseudo-kistostratados cirurgicamente.


Hematomas e pseudo-kistosAutoresIndicaçõesbibliographicasDiagnostico Data Intervenção eflecluadaConseqnenciasimmediatasConsequênciasafastadasObservaçõesDUPLAY. These CUYBOKParis, 1877.Traumatismodo hypocondriodireito.Kisto traumático(?).1877 Laparotomia.Puncção dokisto. Lavagemda cavida<strong>de</strong>kisticacom agua esterilizadaeinjecção <strong>de</strong>tintura <strong>de</strong>iodo.Cura.Kisto traumatico dopancreas.KULEN.KAMPFF.Berl. Klin. W., Traumatismo13 fev. 1882, do abdómen.n.° 7.Tumor (?).1881 Incisão ein 2tempos. Drenagem.Fistula.Cura 6 semanas<strong>de</strong>pois.aSEHN. The surg. treat.of cyst ofthe pancreas.Am. J. of med.Sc., 1885, p.5.» 1884 Laparotomialateral. Incisão(1 tempo).Marsupialização.Drenagem.— Cura em 4 semanas.»


AutoresIndicaçõesbibliographicasDiagnostico Data Intervenção ellerluadaConsequênciasimmedfatasConsequênciasafastadasObservaçõesSCHWARTZ(Paris).MERIGOT DF, Kisto peritonealou tumorTRKIGNY, Bui.Soe. anatom., kistico do rim.Paris, outubro<strong>de</strong> 1885, ploratória.Puncção ex-421-429.1885 Laparotomia(via gastrocolica).Puncção,incisão,marsupialização.Morte 2 dias<strong>de</strong>pois.Kisto traumatico dopâncreas.LE DENTU. These TULAS-XK, 1899, Paris,p. 89.Kisto traumaticodo mesocolon.1886 Laparotomia.Puncção, incisão,marsupialização.Drenagem.Cura em 75dias.»KIISTER. Deutsch. wed. TraumatismoWoch.. 1887. do abdómen.n." 10 e 11,p. 189.1886 Laparotomia Albuminuria.med. Incisão Polyuria.(1 tempo).Marsupialização.Drenagem.Cura em 6 semanas.»FENGEH. Med. Journ. a. T raumatismoE.ram., fevereiro<strong>de</strong> 1888. Tumordo abdómen.(?).1888 Marsupializaçãoem doistempos com8 dias <strong>de</strong> intervallo.Cura em 23dias.»BERG.Broch., Stockholm(1888),Congres <strong>de</strong>sM 1888 Laparotomia.Incisão, marsupializaçào.— Cura em 5 semanae.»


chir. clu Kord,1895; Gazetteheòd., 2 jan.,1896.LLOYD.(caso I)Iirit. med. J.,12 nov. 1892,p. 1051. Ni-MJEH, 1"93, p.629.1888Laparotomia.Incisão.Morte algumashoras<strong>de</strong>pois.Hematoma enkistado.Peritonite.CHEW e CATH- Edimb.med.J.,CAKT. 1890,1,17-25.Kisto traumáticodo pancreas.1889Laparotomiaexploradora.Incisão. Drenagem.Eczema.Cura rapida.Kisto traumatico dopancreas.LI.OYD(caso II)tírit med. •/., Traum atismo12 nov. 1892, do abdómen.p. 1051. Tumor.1891Laparotomia.Incisão. Drenagem.marsupialização.Cura em 6 semanas.Pseudo-kistooukistotraumatico dopancreas.SUTHERLAND.Lancei, 10 <strong>de</strong>z. Peritonite1892, p. 1327. traumatica.1892Puncção dokisto.Cura.Kisto traumatico dopancreas.LLTTLEWOOD.Soe. <strong>de</strong> med. Traumatismo<strong>de</strong> Lnndres, do abdómen.<strong>de</strong> 1892; Lancei,16 abrilTumor1892, p. 871;Sem. médic.,1892, p. 138;B. M..J.,lb92,I, p. 875.1892Laparotomia.Incisão. Marsupialização.Drenagem(via gastrocolica).Fistula.Cura em 2 meses.


AutoresIndicaçõesbibliojrapliicasDiagnostico Data IntenençSo elftcluadaConsequênciasimmedialasConsequênciasafastadasObservaçõesBROWN(W.-H.).Lancet, 1894,I, p. 21.Traum atismodo abdómen.Tumor.1893 Laparotomia.Incisão. Drenagem.Marsupialização.— Cura. Kisto traumatico dopancreas.SOUBBOTITCH. Cong. intern.<strong>de</strong> mcd., sect.chir. génér.,.1900, p. 216.MIKHAILOV. Vratch, 1895,n." 41 (TheseBAS, 37).1894 Laparotomia. Morte 2 diasM arsupialização.Pun-<strong>de</strong>pois.cção. Drenanagem.» 1895 Puncçào eevacuação doconteúdo kistico.Hematoma traumaticodo pancreas.Morte <strong>de</strong> enteritetuber-Kisto pancreatico.culosa.EVE. Surg. of thePancreas, C.fr. chir., 1896,n.° 31.» 1896 Extirpação aokisto.Cura,Kisto traumatico dopancreas.IIADRA. N. Y. M. Rec.,1896.1, 77-80,n." 3.» 1896 Laparotomia.Incisão. Marsupializaçào.D »CDSHING(H.-W.).Trans. Am S. Traumatismo.Assoe., 1898, Tumor pulsátildo 215-233; An.abdo-1897 » Parotidite;abcesso subphrenico.Fistula pancreatica.Cura.»


ofSurff., 1898.men.Drenagem.GROSS.These MICHEL TraumatismoNancy, 1898, do abdomei}.p. 1.Tumor.1897Laparotomia.Marsupialização.Drenagem.Viagastro-colicaCura.HENLE.TAKAYASU,Dissert. inaugur.,Breslau,1898. GHAN-ZPB. VON ML-KULICZ, t. xr.1898Incisão lombar.Suturado kisto ápare<strong>de</strong> abdominal.SCHWARTZ.DEZMAN, C. f. Traumatismo. 1899 (?)chir., 21 abril Kisto pancreatico(?).1900. TH BERtrand, Lyon,1901, p. 83.Laparotomia. Recahida; 2."Incisão do operação nokisto. Marsupialização.dia 30 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro.MICHAUX.Cong. inlern. Kisto hematico<strong>de</strong> origem<strong>de</strong> méd. sect.chir., 1900, p. traumatica (?)213.1900Laparotomia.Enucleaçãodo kisto.Morte rapida.CUSTOM.abdo-Ann. Surg., Tumor1893, p. 226; minal.J. <strong>de</strong> chir. <strong>de</strong>Brux., 1903,p.l.1900Laparotomia.Marsupialização.Drenagem.Hemorragiapost-operatoria.Fistula.Cura.


iuloresIndicaçõesliibliographicasDiagnostico Data lnterrenção eíTpctuattaConsequênciasimmediatasConsequênciasafastadasObserraçõesSCHWARTZ.In GUY. TheseParis, 1902, p.28.U 1901 Laparotomia(via gast.rocolica).Puncção.Drenageme suturaA pare<strong>de</strong>.Cura.Kisto traumatico dopancreas.o•easoJEASNEL. Arch. mé<strong>de</strong>c.<strong>de</strong> Toulouse,1903, 15 p.Kisto do pancreas.1902 Laparotomia,M arsupializaçào.Drenagem.— 0 0abdo-LAZARUS. Zeit f. klin. TumorMed., 1903, p. minal.222 (caso iv).1903 Laparotomia.Marsupializaçào.» Kisto do corpo dopancreas.LAZARUS. Zeit. f. klin.Med., 1983, p.222 (caso v).» 1903 » — » Kisto gastro-colico.BRAUN.Réun. libre <strong>de</strong>chir. <strong>de</strong> Berlin,1904, 13juin, Zeits f.Chir., 1904,n.° 32.» 1904 Laparotomia.Marsupialisação.Drenagem.Fistula. » Kisto traumatico dopancreas.' atJ.


Parte therapeutica 143O tratamento cirúrgico das hérnias traumaticas dopancreas varia com a época em que se faz a intervenção.VIDAL divi<strong>de</strong>, sob este ponto <strong>de</strong> vista, as hérniaspancreaticas em dois gran<strong>de</strong>s grupos: hérnias traumaticasrecentes e hérnias traumaticas antigas.Nas hérnias traumaticas recentes, não infectadas,<strong>de</strong>ver-se-ha praticar a simples reducção da porçãoherniada. Nas hérnias recentes infectadas pratica-sea resecção da parte infectada, sutura-se a solução <strong>de</strong>continuida<strong>de</strong> resultante, e termina-se a operação reduzindoo resto da hérnia.Nas hérnias antigas tem-se praticado a chamada ligaduralenta e também a resecção da parte herniada.O primeiro processo (secção lenta do pedículo dahérnia pela applicação d'uma ligadura), embora tenhadado alguns resultados satisfatórios, <strong>de</strong>ve ser, todavia,completamente abandonado.A resecção, pelo contrario, é o processo racional aque se <strong>de</strong>verá sempre recorrer.


Hérnias traumaticas\AutoresIndicaçõesliibliographicasDiagnostico Data Intervenção realizadaConsequênciasimmediatasConsequênciasabastadasObservaçõesCALDWELL. Trans. J. ofMed,., 1828.Ferida perforantedo Abdómen.Hérnia.1816. Incisão dahérnia.— Cura. Hérnia do pancreas.OTIS. Med. a. s. Hist.war.oftheBeb.,t. II, p. '2, 158.» 1864. Secção lentado pediculocom fio <strong>de</strong><strong>de</strong> prata.Cura. »ODEVAINE.Ind. med. Gaz.,p. 183, 329.» 1866. Secção lentado pediculo.— Cura. »KLEBERG. Arch.f.kl. Chir.,1868, p. 523-527.DARGAN. Phil. med. a.surg. Eep., 22agosto, 1874.» 1868. v — Cura. »» 1874. Reducção. — Cura. »ALLEN(B. B.).Am. med. Weclcly,1876, V,p.305-306. 1877,VI, p. 56.» 1876. Secção lentado pediculo.Cura. »


EARL.Am. med. Weck.,1877,VI,p. 106.|Secção lentaIdo pedículo.Cura.PEREIRAGUIMARÃES.Progrlsmed.,1896, 3 s., IV,p. 2S6.Reducção.Cura.FOHTOYNONT.Arch. prov. <strong>de</strong>Chir., 1902, p.539-541.Reducçâo.Cura.ft-2IC3


146 O pancreas em cirurgiaTratamento das pancreatitesO tratamento cirúrgico das pancreatites varia como typo clinico e anatomo-pathologico da infecção pancreatica.Ás formas agudas e subagudas, caracterizadasno ponto <strong>de</strong> vista anatomo-pathologico pela existencia<strong>de</strong> lesões hemorrágicas, suppuradas ou gangrenosas,applicam-se processos cirúrgicos inteiramente differentesdos empregados nas formas chronicas.a) Pancreatites agudas e subagudasEmbora a quasi totalida<strong>de</strong> dos autores tenha a opinião<strong>de</strong> que o diagnostico duma pancreatite aguda ousubaguda reclama uma intervenção cirúrgica immedlata,ha quem julgue preferível recorrer ao tratamentomedico (immobilida<strong>de</strong> absoluta, dieta rigorosa,administração <strong>de</strong> opio e applicações <strong>de</strong> gelo) na phaseinicial da affecção.Os que assim pensam, fundamentam a sua opiniãona analogia existente entre as pancreatites agudas ea appendicite — affecção frequentemente curada pelosimples tratamento medico.Tal comparação é, todavia, absolutamente errónea,pois que embora o inicio das duas affecções seja sensivelmenteanalogo, ha comtudo na sua evolução futurauma differença capital. Emquanto que a appendiciteé geralmente caracterizada pela simples existenciadum processo suppurativo, a pancreatite, pelo contrario,é frequentemente a resultante dum processo suppurativoe gangrenoso que terá, na quasi totalida<strong>de</strong>dos casos, como consequência fatal a morte do doente.


Parte therapeutica 147Se em alguns casos <strong>de</strong> appendicite o simples tratamentomedico basta para fazer <strong>de</strong>sapparecer os symptomasalarmantes e para curar a affecção, o mesmonão acontece pois com as pancreatites agudas e subagudas.Nestas impõe-se, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo, o tratamento cirúrgico.Aos typos clínicos <strong>de</strong>nominados pancreatites agudase subagudas correspon<strong>de</strong>m, no ponto <strong>de</strong> vista anatomopathologico,as formas hemorrágicas, suppuradas egangrenosas.Tal divisão, puramente eschematica, não correspon<strong>de</strong>a formas com uma nitida individualização nosologica.Todavia, para comniodida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>scripção,adopta-la-hei e <strong>de</strong>screverei portanto separadamente otratamento cirúrgico das pancreatites hemorrágicas,snppuradcis e gangrenosas.*HIRSCHBERG (1887) foi quem primeiro interveio cirurgicamentenum caso <strong>de</strong> pancreatite hemorragica.Limitou-se, porém, a praticar uma laparotomia exploradorae o doente morreu passados alguns dias.Des<strong>de</strong> então até hoje numerosos têem sido os processosempregados no tratamento cirúrgico <strong>de</strong>sta affecção.Uns têem praticado a simples puncção das collecçõessanguíneas peri-pancreaticas e a drenagem noscasos <strong>de</strong> focos hemorrágicos intra-panticos; outros,menos timidos, preconisam, no primeiro caso, a marsupializaçãodos hematomas e, no segundo caso, a pancreatotomia(incisão do pancreas hemorrágico); porultimo ainda, autores ha, que juntam, á intervenção


148 O pancreas em cirurgiapancreatica, operações diversas sobre as vias biliares.Em artigo publicado na Revista <strong>de</strong> Gynecologia eCirurgia abdominal <strong>de</strong> 1909, LERICHE e ARNAUD, <strong>de</strong>poisd'uma rapida <strong>de</strong>scripção dos differentes processosempregados, <strong>de</strong>screvem a technica que julgam maisracional.Depois <strong>de</strong> aberta a cavida<strong>de</strong> abdominal e <strong>de</strong> seccionadoo epiploon gastro-colico, examina-se minuciosamenteo pancreas através do folheto peritoneal que ocobre.As collecções sanguíneas peri-pancreaticas (hematomas),tão frequentes no <strong>de</strong>curso das pancreatites hemorrágicas,serão punccionadas através <strong>de</strong>ste folheto.O orificio resultante da puncção será então augmentadocom uma larga incisão vertical que permittiráfazer o exame directo do pancreas.Se a pancreatite hemorragica fôr pouco accentuada,applica-se um simples tampão hemostatico e termina-sea operação por uma drenagem. Se, porém, existiremzonas hemorrágicas extensas e profundas, constituindoum verda<strong>de</strong>iro phleigmão hemorrágico diffuso do pancreas,é necessário recorrer á laceração do tecido pancreatico.Os tecidos necrosados serão <strong>de</strong>struídos e eliminados,as cavernas serão abertas e evacuadas assecreções toxicas nellas contidas.Termina-se a operação pela applicaçâo dum tampãoe pela drenagem.Nos casos <strong>de</strong> esteato-necrose disseminada tem-seaconselhado a lavagem da cavida<strong>de</strong> abdominal comsôro physiologico, com o fim <strong>de</strong> diluir o succo pancreaticoextravasado e <strong>de</strong> tornar portanto menos activasas suas proprieda<strong>de</strong>s digestivas.


Parte therapeutica 149Nos casos em que o gran<strong>de</strong> epiploon é se<strong>de</strong> <strong>de</strong> numerosasplacas <strong>de</strong> esteato-necrose, LERICHE e ARNAUDpropõem a sua resecção.As intervenções sobre as vias biliares, que algunsjuntam á intervenção pancreatica com o fim <strong>de</strong> eliminaras causas infecciosas que provocaram a pancreatite,<strong>de</strong>vem ser completamente rejeitadas. A situaçãodo doente é extremamente grave e não permitte outrasintervenções que não sejam as que urgente e directamentevão actuar sobre a lesão.Mais tar<strong>de</strong>, se a intervenção pancreatica fôr seguida<strong>de</strong> cura e se existirem symptomas cholelithiasicos, <strong>de</strong>ver-se-haentão actuar sobre as vias biliares. Evitarse-haassim o apparecimento <strong>de</strong> recidivas pancreaticasque, pela sua extrema gravida<strong>de</strong>, terão como consequênciafrequente a morte do doente.


Pancreatites liemorragicasAutoresIndicaçõesbibliograpbicasDiagnosticoDataIntervençãorealizadaConseqnenciasimmediatasConsequênciasafastadasObservaçõesSOCIN.Hagenbach,Thèse, 1887,Bâle.Occlu9ão intestinal.1887.Laparotomia.Puncção dokisto.Morte.Hematoma da cabeçado pancreas.HLRSCHBERO.Berl.ldin.Woch., Obstrucção intestinal.1887, n.° 34, p.•287. (NIMIER,1893, p. 627.1887.Laparotomia.Morte.Apoplexia agudado pancreas.R. PLTZ.The medicai Obstrucção intestinal.Hec., N.-Y.,1889, 9 março,p 261. (NIMIER,1893, p. 628).1889.Laparotomia. Morte rapida.lie-Pancreatitemorragica.RICIIELOT.Dubut, Thèse Kisto hydaticoParis, 1889-90, : do figado (?)p. 40.1890.Laparotomia.Puncção.Marsupializaçãodoh ematoma.Drenagem.Morte 2 dias<strong>de</strong>pois.Hematoma da cavida<strong>de</strong>posteriordos epiploons.ZAIIN.Virchow'sArchiv,1891,CXXIV, p.238-253. (Ni-Obstrucçâo intestinal.1891.Laparotomia.Anus artificial.Morte.he-Pancreatitemorrágica.


MIER, 1593, p.628).ROLLESTON(II. D.).Lancet, 1892,22outubro, p.9i2.(NIMIER, 1893,p. 628).Obstrucçào intestinal.imme-Laparotomia. Mortediata.pan-Hemorragiacreatica.SARFURT.Deut. Z.f. Chir., Obstrucção intestinal.1895, XLII. p.125.Laparotomia. Morte immediata.Pancreatite hemorrágicaaguda.ALUNA.Wien. Iclin. W'ocli.,Obstrucçào in-1896, li." testinal.45, Trih. méd.,1897, p. 25.Laparotomia.Dreiíagein.Morte 24 horas<strong>de</strong>pois.Apoplexia do pancreas.IÍERMES-SARFERT(caso I).ouin-Peizer, Deut. PeritoniteZeit. f. Chir., occlusào1902, p. 317. testinal.Laparotomia. Morte immediata.he-Pancreatitemorrágica.HERMES-SARFERT(caso II).Peizer, Deut. Peritonite porZeit. f. Chir., perforação ou1902, p. 316. appendicite.Laparotomia.Morte 2 dias<strong>de</strong>pois.Peritonite generalizada.Pancreatiteaguda.PAUCUET.Gazette <strong>de</strong>s hôpitavx,1902, p.21, 9 janeiro.Tumor retroperitoneal.Laparotomia.Incisão doh ematom a.Sutura doepiploongastro-colico.Cura.Hematoma do pancreas.HAHN.Deut.Z.f.Chir.,1900, p! 12 (casoIII).Laparotomia.Drenagem.(.'ura.Pancreatite agudahemorragica.


—AutoresIndicaçõesbibliographicasDiagnosticoDataIntervençãorealizadaConsequenciasimmediatasConsequmeiasafastadasObservaçõesRICHARDSON.MCNRO(caso I).Bost. med. a.


nagem<strong>de</strong>Mi-KULICZ. Suturado epiploongastro-colicoe da pare<strong>de</strong>abdominal.LAZARUSZeit.f.1903, p. 220(caso I).klin.med., Tumorfluctuantedo abdómen.1903.Laparotomia.Marsupialização.Morte 2 dias<strong>de</strong>pois.Hematoma encapsuladogastrocolico.Peritonite.Pleurisia.RASUMOWSKY.LAZARUS,Zeit.f. klin. med.,l'J03, p. 221.1903.Laparotomia.Incisão dokisto.Cura.Hemorragia pancreaticaenkistada.KOHLER.Soe. Ali. Cliir.,1903.1903.Laparotomia.Cura.Pancreatite agudahemorragica.NASH(W. Gr.).Am. Praet. a.News., 1903,XXXV, p. 107.Cholelithiase.Glycosuria.1903.Cholecystoto-Cura.agu-Pancreatiteda.NEUMANN(caso I)Réunion libre Pane reatite<strong>de</strong>s chir. <strong>de</strong>. aguda.Berlin, 1904,13 junho. C. f.Ch., 1904, n.°32.1904.Laparotomia.Morte.agu-Pancreatiteda.NEUMANN(caso II)Pancreatiteaguda.1904.Laparotomia.Morte.Pancreatite agudahemorragica.NEUMANN(caso 111)P a n cr eatiteaguda.1904.Laparotomia.Morte.Pancreatite agudahemorragica.


AutoresIndicaçõesbibliographicasDiagnosticoDataIntervençãorenlizadaConseqnenciasimmediatasConsequênciasafastadasObservaçõesMAYO ROBSON. Lancct; 1904, p. Pancreatite.850.Hemorragiapancreatica.Peritonite.1904. Laparotomia.Drenagem.Morte. — Pancreatite hemorrágica.BAHDENUEUER(caso II).33' Congres Soe. Pancreatiteali. <strong>de</strong> Chir., aguda.1904. Eevue <strong>de</strong>chintr., 1904,p.696.1904. Gastro-enterostomia.Cura. Pancreatite aguda.1BARDENHEUER(caso II).t Tumor pancreatico.1904. Laparotomia. Fistula. Cura. Pancreatite agudahemorragica.Incisão entreo estomago eo colon. Tumorliquidoretro-peritoneal.Drenagem.


155Em 1845 WANDESLEHEN praticou a primeira intervençãocirúrgica num caso <strong>de</strong> pancreatite suppurada.Des<strong>de</strong> então até hoje, graças aos trabalhos <strong>de</strong> KÕRTE,NIMIER, MAYO ROBSON e muitos outros, o tratamentocirúrgico das pancreatites suppuradas tem entrado napratica corrente e os seus methodos têem sido successivamenteaperfeiçoados.Os cirurgiões estão, todavia, ainda longe <strong>de</strong> chegara um accordo sobre qual seja o processo cirúrgicomais racional. Uns optam pela simples puncção dascollecções purulentas, seguida ou não <strong>de</strong> drenagem;outros preferem a incisão; outros ainda votam pelaincisão e pela marsupialização.Parece-me que o processo cirúrgico a empregar<strong>de</strong>verá <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r essencialmente do typo anatomo-pathologicoque a pancreatite reveste.Se as lesões suppuradas estiverem limitadas ao pancreas,praticar-se-ha uma simples drenagem precedida<strong>de</strong> uma pancreatotomia nos casos em que existam collecçõespurulentas intra-pancreaticas. Alguns autorestêem aconselhado a extirpação <strong>de</strong>stes focos suppuradosintra-glandulares. Tal pratica parece-me todavia absolutamente<strong>de</strong>snecessária, pois que a simples incisãotem fornecido optimos resultados.Nos casos <strong>de</strong> lesões suppuradas peri-pancreaticas (abcessosperi-pancreaticos), praticar-se-ha a incisão, a evacuaçãoe a drenagem da collecção purulenta. Se esta fôrmuito volumosa, <strong>de</strong>verá recorrer-se á marsupialização.Se o abcesso <strong>de</strong> origem pancreatica occupar as proximida<strong>de</strong>sda região renal, da fossa iliaca interna oudo ligamento largo, praticar-se-ha uma incisão lombar,iliaca ou vaginal.


Pancreatites suppuradasiAutoresIndicaçõesbibliographicasDiagnostico Data Intervenção realizadaConsequênciasiinmediatasConsequênciasafastadasObservaçõesWANDELEBEN(STKOMBECK)Casp. Wochens- Abcesso do^.,1845^. 729. pancreas <strong>de</strong>LAZARUS, Zeit. origem traumatica.f. klin. Med.,1903. KÕRTE,1898, p. 102.1845 (?). Incisão do abcesso.Cura.Morte <strong>de</strong> tuberculoscreas.Abcesso do pan-pulmonar 6mezes <strong>de</strong>pois.SAVILL. Lancet, 19 setembro,1891.1845 (?). Laparotomiaexploradora.Peritonite aguda.Morte immediata.— Peritonite. Suppuraçãodiffusado pancreas.PEARCEGOULD.Lancet, 1891, 8 Kisto do pancreas.agosto.1891. Laparotomia.Puncção atravésdo mesocolontransverso.Drenagemlombar.Cura. »TRÈVES. SAWIL, Lancet, Peritonite aguda.Icterícia.1891, 19 setembro.1891. Laparotomia. Morte rápida. — Abcesso do pancreas.Peritonite.KÕRTE. Congres <strong>de</strong> chir. Abcesso da regiãoali., 1894.lombar.1891. Incisão lombar.Drenagem.Hemorragiapela ferida.Morte. Pancreatite suppurada.


KÕRTE.Soe. <strong>de</strong> chir. ali., Abcesso da região1894. Congreslombar<strong>de</strong> chir. ali., esquerda.1895.Incisão lombarextraperitoneal.Fistula.Cura.sup-Pancreatitepurada.KÕRTE.Congrbs <strong>de</strong> chir. Abcesso da regiãolombaralí., 1894.esquerda. Incisãoe puncção.Phenomenos<strong>de</strong> peritonite.Laparotomia. Morte immediata.Incisão doabcesso. Drenagem.sup-Pancreatitepurada.WALSH.Med. News, 30<strong>de</strong>zembro,1893,p. 737.Marsuapialização.Curetagem.Cura.W. PAUI,.Tr. clin. Soe.Lond., 1895,t. XXVII.Laparotomia.Pancreatoto-Cura.Abcesso e necroseconcomitante dopancreas.ELLIOT.Bost. med. a. s.J., 1895, p. 351.Cura.RICHARDSON.Bost. Soe.f.med. Abcesso do abdómen.Improv., 1895.Bost. med. a.sur


AutoresIndicaçõesbibliographicasDiagnostico Data Intervenção realizadaConseqnenciasimmediatasConseqnenciasafastadasObservaçõesFINOYET HALSTED.THAYER, Ann. f.•J. med. sc. Pliila„1895, t. X,n ° 5.Pancreatitesuppuradaaguda.1895. Laparotomia.Incisão edrenagem.— Cura. Pancreatite suppurada.FOWLEK(G.-K.).BROOK, M. J.,1896, X,p. 223.— 1896. Laparotomia. — — Pancreatite suppurada.Abcessoparapancreatico.GUSSENBAUER. LAZARITS, Zeit. f.kl.me.dic., 1903,p. 238.Kisto do pancreas.1896. Laparotomia.Drenagem.Morte.Abcesso pancrea-:tico resultante daperforação dumaulcera duo<strong>de</strong>nal.SIMON Lancet, 1897, p. Occlusão intestinal.ET D. STANLEY. 1325.1897. Laparotomia. Morte immediata.— Abcesso do pancreas.GA LLAUDET.,D»i?i.


toneal.MIORAN.Munch. med. Cholelithiase.Woch., 1899, p.345.Laparotomia.Morte.Abcesso do pancreas.DAUGLITON.abdo-Clin. Soe. of TumorLondon., 1S98, minal.<strong>de</strong>zembro.Laparotomia.Puncção; drenagem.Cura.Abcesso do pancreas.NEWTON PJTTET JACOBSONClin. Soe. ofLondon, 189b,9 <strong>de</strong>zembro.Abcesso pancreatico.Laparotomia.Drenagem.Morte.Abcesso do pancreas.KBONLEINI.Corr. Bl.f. chir. Peritonite porJErzte, 1898. perforação (?)Laparotomia.Morte.sup-Pancreatiterada.KRÕNLEINII.Corr. BI. f. chir. Occlusão intestinal.JErzle, 1898.Laparotomia.Morte.sup-Pancreatiterada.KRÕNLEINIII.Corr. Bl.f. chir. Occlnsão intestinal.sKrzte, 1898.Laparotomia.Morte.sup-Pancreatiterada.PREWITT.LAZARUS, Xe.it. f.klin.Med.,1903.lom-Incisãobar.Abcesso pancreatico.Cálculos.KÍÍNIG.LAZARUS, Zeit. f.klin.Med., 1903.FAURE.Congres franc. Appendicite ou<strong>de</strong> chir, 1902. hematocelloL. JORON, Thèse,1903, p 48-50.Laparotomia. Fistula.Incisão; drensigem.Cura.sup-Pancreatitepurada.IIAIIN.!I!(eckel (1991).Laparotomia.Morte.f!


AutoresIndicaçõesbibliogra]iliicasDiagnostico Data Intervenção realizadaConsequeuciasimmcdiatasConsequênciasafastadasObservaçõesI HAHN. BCECKEL (1901). — 1899. Laparotomia. Morte. Pancreatite suprada.BRENTANO. Union <strong>de</strong>s chir. Abcesso<strong>de</strong> Bertin, 1899,13 novembro.i IIAHN. Union <strong>de</strong>s chir.<strong>de</strong> Bertin, 1899,13 novembro.Tumor do epigastro(?)subdiaphragmatico.1899. Laparotomialateral anteriortranspleuralIncisão;drenagem.1899. Laparotomia.IncisãoFistula. Cura. Abcesso e necrosedo pancreas.Fistula. Cura. Necrose e abcessodo pancreas.ISRAEL. Union <strong>de</strong>s chir.<strong>de</strong> Bertin, 1899,13 novembro.Abcesso do figado.GIORDANO. Clinica chir., Occlusão intestinal.1900, p. 242.1899. Laparotomia.Incisão.1899. Laparotomia.Drenagemlombar.Morte. — Pancreatite suppurada.— Cura. Abcesso do pancreas.CZERNY. Mvnch. med.Woch., 1901, p.11.— 1900. Laparotomia. Fistula. Cura. Abcesso do pancreas.HAHN (E.). Deut. Zeit. f. Necrosechir. 1901, p. 5-7 (caso n.° IV).dopancreas. Occlusãointesti-1900. Laparatomia.Evacuação.Drenagem.— Cura. Pancreatite suppuradae necrosedo pancreas.


liai ou peritonite.Deut. Zeit. f.Chir., 1902, p.302.Kisto do pancreas.Laparotomia.Marsupializaçào.Drenagem.Fistula.Cura.sup-Pancreatitepurada.Gazeta Botina, Tumor abdominalfevereiro, 1900. (?).Laparotomia.Morte.Abcesso e necro-, se do pancreas.Munch.med.Woch., 1900, p.128.Peritonite; tumorabdominal.Laparotomia.Incisão. Drenagem.Cura.Abcesso e necrosedo pancreas.M. ROBSON, T.ancet,l l Jl)4, 26 <strong>de</strong> uinbilical.Col-Tumor supra-março, p. 851 lapso.A. DESJARDINS,thèse. 1905, p.151-153.Gastro-enterostomiaposterior.Cura.Abcesso do pancreas.Bost. med. a. s. Abcesso intraJ, 1901, 7 <strong>de</strong> abdominal (?).março, p. 235.Laparotomia.Drenagem.Cura.Abcesso do pan-Bost,. med. a. s.J., 1901, 7 <strong>de</strong>março, p. 235.IicECKEI. (1901).Gaz. míd. <strong>de</strong>Strasbourg.Strasbourg.Peripancreatite.Abcesso pancreatico.BICKEL (1901). Peritonite enkistada.Gaz. miíd. <strong>de</strong>Laparotomia.Laparotomia.Incisão doabcesso.Laparotomia.Drenagem.Cura.Cura.Cura.Abcesso do pancreasc hemorragia.Abcessodo pan-Abcesso do pancreas.ilI


AutoresIndicaçõesbibliographicasDiagnosticolia taIntervençãorealizadaConsequênciasimmediatasConsequênciasafastadasObservaçõesFAURE. Conr/r. franç. Neoplasma dochir'., 1902. L. estomago.JUROS, thèse,1903, p. 50-52.MURRAY(F.-W.).Ann. Surf/., Pancreatite1902, p. 495. suppurada.1901. Laparotomia.Incisão doabcesso.Drenagem.1901. Laparotomia.Drenagem.— Cura Abcesso do pancreas.Fistula. — Abcesso do pancreas.| SCHNEIDER. Bénn.libreChir. Cholelithiase. 1902. Laparotomia.Berlim, li)04,14Extirpação<strong>de</strong> novembro.do tecidoZ.f.chir., 1904,pancreaticon." 51, p. 1470.invadido pelasuppuração.— Cura. Abcesso do pan-|creas.TAKAYASU.REMEDI(caso I)REMEDI(caso II)PEISER, Deut. z.f. chir., 1902,p. 302.Ar eh.intern.th ir. <strong>de</strong> Willems,1905, vol.II. fase. 2, p.108.aLesão pancreaticatuberculosa(?).Arch. intern Processo inflamatóriodoChir. <strong>de</strong> Willems,1905, vol. pancreas.II, fase. 2, p.171.1902.1902.1903.»Laparotomia.Puncção.Drenagem.Incisão lombar.Drenagem.—Cura.Cura.Cura.Abcesso do pau-:creas.Abcesso do pancreas.Abcesso pancreatico.j


M. ROBSON(caso II).peri-Lancet, 1904, 26 Abcesso<strong>de</strong> março, p. renal.851.1904. Incisão porvia lombar.Drenagem.Cura.Abcesso do pancreas.M. ROBSON(caso III).Lancet, 1904, 26<strong>de</strong> março, p.850.1904. Laparotomia.Evacuaçãodum abcessosub - phreni -co. Drenagem.Morte. Pancreatite suppuradaaguda.M. ROBSON(caso IV).Lancet, 1904, 26<strong>de</strong> março, p.851.1904. Laparotomia.Drenagem.Abcesso da fossailiaca esquerda.Morte súbitaalgumas semanas<strong>de</strong>pois.Abcesso <strong>de</strong> origempancreatica.M. ROBSON(caso V).Lancei, 1904, 26<strong>de</strong> março, p.851.Abcesso perigastrico.1904. Laparotomia.Drenagem.Morte. — Abcesso <strong>de</strong> origempancreatica.PAUCHET. Gaz. mé.d. <strong>de</strong>Pieardie,novem-pancreas.Abcessobro, 1904.do1904. Laparotomia.M arsupializaçào.Drenagem.Cura. Absesso do pancreas.ScHI-ESSINGER Lea indic. <strong>de</strong>sj (II.) ET EwAI.D. int. c/i ir. dansles mal. int.(trad. franç.),LICHWITZ ETISABKAZKS, Paris,1905, t. 11,p. U.8.in-doProcessoflamatóriopancreas.1905. Laparotomia.Drenagem.Cura. Abcesso do pancreas.1


164 O pancreas em cirurgiaO tratamento cirúrgico das pancreatites gangrenosasé analogo ao das pancreatites suppuradas: laparotomiamediana umbilico-xyphoi<strong>de</strong>ia ou vertical lateral, incisãoe evacuação do foco gangrenoso, eliminação dostecidos necrosados, marsupialização e drenagem abdominalou abdomino-lombar.A mortalida<strong>de</strong> nas intervenções cirúrgicas por pancreatitesgangrenosas é, todavia, como se po<strong>de</strong>rá verno quadro seguinte, muito maior do que a mortalida<strong>de</strong>nas pancreatites suppuradas.


Pancreatites gangrenosasAutoresIndicaçõesbibliographicasDiagnostico Dala Intervenção cffeduadaConsequênciasimmediatasConseqncnciasafastadasObservaçõesROSENBACH. C.f. Chir., 1882,1893, p. «45.in-Occlusãotestinal.1882. L aparotomiaMarsupialização.Drenagem.Morte. — Pancreatite gangrenosa.Abcessopancreatico.KHOKLEIN. Virchow'8 Archiv,1886, p.310.in-Occlusãotestinal.1886. Laparotomia. Morte. Pancreatite gangrenosa.Esteato-nccrose.EHRICH. Bf.it. z. kl. Chir.,1890, XX.FBIP et BHY-ANT.Beit. z. lâin.Chir., 1890,XX.— 1890. Laparotomia. — — Pancreatite gangrenosa.— 1890. Laparotomia. — — Pancreatite gangrenosa.Esteato-necrose.CASPERHORN(d'Alton).Hausen, thèseKiel, 1893.Ulcera do estomago.Peritonite (?).1892. Laparotomia. Morte. Cura. Pancreatite gangrenosa.Osl.ER. Fitz Bost. m. a.s. 1892, 15 déc.Prat.1893.in-Occlusãotestinal.ofMedic.,1892.(?)Laparotomia. — Cura. »


AutoresIndicaçõesbibliographicasDí.ignnslii-o ILALA Intervenção realizadaConsequênciasimmrdialasConsequênciasafastadasObservaçõesELLIOT. Bost. m. a. s../., Pancreatite. 1894. Laparotomia.1895,11 abril.Evacuação.Drenagem.Morte. — Necrose total dopancreasROSENDACH. Jung, thèse,Goettingue,1895.in-Occlusãotestinal.1895. Laparotomia. Morte. —Necrose centraldo pancreas.PARRY-DUM.N. PlTT.in-Lancet, 1897, 2 Occlusãojaneiro. testinal.1895. Laparotomia. Morte. — Necrose do pancreas.FRANKEL. Miinch. m. Wocli,189G, p.813.Kisto hydatieodo fígado oudo pancreas.189G. Laparotomia.Marsupialização.Drenagem.Morte. — Necrose do corpodo pancreas.MORIAN. Prag. med. Woch.,1899, n.° 1.Miinch.med.Woch., 1899, p.348.Cholelithiase. 1898. C oleei stostomia.Morte.LDND et MONROj (caso I).Bost. m. a. s.


LUND et MUNBO(caso II).Bost. m. a. s. J.,1900, p. 544,(cas I).CholelithiaseLaparotomia.Drenagemlombar.Cura.Pancreatite gangrenosa.Esteato-necrose.MAUGES.Phil. med. J.,1898, p. 724-728.Laparotomia,Cura.gan-Pancreatitegrenosa.LUND etMuNRO(caso III).Bost. m. a. s.


• .Peritonite ouobstrucção intestinal.1902. Laparotomia.Drenagem.Morte. — Pancreatite gangrenosae hemorrágica.MUNRO(caso II).J. Am. Med. Assoc,.,XXXIX,1902, p. 809.— 1902. Laparotomia.Drenagem.Morte. — Pancreatite gangrenosa.MUNRO(caso III et IV.J. Am. Med. Assoe.,Chicago,XXXIX, 1902,p. 809.2 casos. 1902. 2 laparotomias.2 curas. Pancreatites gangrenosas.MUNRO(caso V, VIet VII).J. Am. Med. Assoe..Chicago,XXXIX, 1902,p. 809.i3 casos. 1902. 3 laparotomias.3 mortes. Pancreatites gangrenosas.


BATCHELOR(caso II).J. Am. Med. Agsoe., Chicago,XXXIX, 1902,pag. 810.Obstrucçào intestinal.1902.Laparotomiae drenagem.Fistula.Cura.Pancreatite gangrenosae hemorrágica.RLXFORD(caso I).J. Am. Med. Assoe.,Chicago,XXXIX, p.809-810, 1902,(cas I).1902.LaparatomiaMorte.gan-Pancreatitegreriosa.RIXFORD(caso II).J. Am. Med. Assoe.,Chicago,XXXIX, p.809-810, 1902(cas II).1902.LaparotomiaCura.Necrose e pancreatitechronica.RIXFORD{caso III).J. Am. Med. Assoe,Chicago,p. 809, 1902(cas III).Obstrucção intestinalou peritonite.1902.Laparotomia.Gastro-enterostomiaulterior.Morte.gan-Pancreatitegrenosa.BROWN (F.-T )Ann. S K >'(/.,1903, p. 942.Peritonite aguda.1902.Laparotomia.Drenagem.Cura.gan-Pancreatitegrenosa.ICÕNIG.Deut. Z. f.Chir., 1903, p.183-203.Peritonite aguda.1902.Laparotomia.Drenagem.Cura.gan-Pancreatitegrenosa.BRENTANO Zeit. f. Klin.(caso I e II). Medic., 1903.2 casos.1903.ROTTER.Zeit. f. Klin.Medic., 1903.1903.


AutoresindicaçõesbibliographicasDiagnostico Dala Intervenção realizadaConsequênciasimmediatasConsequênciasafastadasObservaçõesROSE. Zeit. /. Klin.Medic., 11)03.— 1903. — — - - —WOOLSEY(caso I).Ann. Surg.,1903, nov.— 1903. Laparotomia.Drenagem.— — Pancreatite gangrenosae hemorrágica.WOOLSEY(caso IL).Ann. Surg.,1903, nov.— 1903. Laparotomia.Drenagem.— Cura. Pancreatite gangreuosa.WOOLSEY(caso III).Ann. Surg.,1903, nov.— 1903. Laparotomia.Drenagem.— Cura. Pancreatite gangrenosa.Cu.-D.1'KATTMus-Brit. Med. Journal,5 fev., p. tinal.Occlusão intes-304.1903. Laparotomia.Drenagem.— Cura. Pancreatite gangrenosa.MILKULICZ. Lancet, 1904, I,p. «50.— 1904. Laparotomia.Pancreato tomia.— Cura. Pancreatite gangrenosa.BROWN(W.-H.). Lancet, 1904, II,p. 448.— 1904. Laparotomia.Drenagem.Morte. — Pancreatite gangrenosa.Kisto dopancreas.


M. ROBSON Lancet, 1904, I, Lithiase bi-(caso I). mar. p. 850. liar.1904. Laparotomia.Drenagempancreaticae vesicular<strong>de</strong>pois daextracção <strong>de</strong>cálculos.Cura.Pancreatite gan •grenosa e lithiasebiliar.M. ROBSON(caso II).Lancet, 1904, I,20 mar., p. 850.Necrosepancreas.do1904. Laparotomia. — Cura. Pancreatite gangreaosa.WLESSINGER(caso 1 e II).Deut. med. Woch.,1901, 25out.2 casos <strong>de</strong> necrosedo pancreas.1904. 2 laparotomias.—• 2 curas. Pancreatites gangrenosas.Iloflner.Miinch.med.Woch., 1904,n.° s. 1473.Perforaçãogastrica <strong>de</strong>vidaa uma ulceraantiga.1904. Laparatomia. Morte. — Pancreatite gangrenosa.


172 O pancreas em cirurgiab) Pancreatites chronicasO tratamento cirúrgico das pancreatites chronicastem sido objecto <strong>de</strong> numerosos trabalhos successivamentepublicados por RIEDEL, MARTYNOFF, KÕRTE,KEHR, MAYO ROBSON,TERRIER, DESJARDINS, DR. REY-NALDO DOS SANTOS e outros.São variados os processos empregados e as opiniõesdivergem sobre qual <strong>de</strong>va ser ò preferido.Num trabalho publicado em 1906, o SR. DR. REY-NALDO DOS SANTOS cita, entre outras, as seguintes intervençõescirúrgicas empregadas como meio <strong>de</strong> tratamentodas pancreatites chronicas: laparotomia exploradora,choledocotomia e cistectomia sem drenagem,choledocotomia, duo<strong>de</strong>no-choledocotomia, choledocotomiae omentopexia, drenagem da vesicula, drenagemda vesicula e do choledoco, drenagem do hepático,cistectomia parcial e drenagem do resto da vesicula,cistectomia total e drenagem do choledoco ou do hepático,choledocotomia e drenagem da vesicula ou docistico ou do choledoco, cisto-enterostomia, cisto-enterostomiae gastro-enterostomia, cisto-gastrostomia,etc., etc.Alguns autores têem também recorrido á resecçãoparcial do pancreas, nos casos <strong>de</strong> lesões <strong>de</strong> escleroseatrophica muito pronunciadas.Quaes <strong>de</strong>stes differentes processos <strong>de</strong>verão ser ospreferidos?As pancreatites chronicas resultam frequentementeda transmissão ao pancreas duma infecção primitivadas vias biliares. Tal foi a conclusão a que chegámosno estudo pathogenico das infecções pancreaticas.


Parte therapeutica 173Sendo assim, a therapeutica i<strong>de</strong>al das pancreatitesserá aquella que actue directamente sobre a infecçãobiliar. Destruída esta infecção, as lesões pancreaticaspor ella originadas não tardarão também, na maioriados casos, a <strong>de</strong>sapparecer por completo.A intervenção racional dirigida contra a infecçãodas vias biliares <strong>de</strong>ve preencher um duplo fim: extrairos cálculos e estabelecer uma drenagem perfeita.Para fazer a extracção dos cálculos <strong>de</strong>ve proce<strong>de</strong>r-sea uma exploração minuciosa das vias biliares. Esteexame, extremamente simples nas vias biliares superiores,é bastante difficil na porção intra-pancreaticado choledoco.São tres os processos propostos para explorar estesegmento pancreatico do choledoco: catheterismo retrogrado,catheterismo ascen<strong>de</strong>nte e <strong>de</strong>scollamcnto pancreatico.O catheterismo retrogrado, em regra muito difficil,executa-se introduzindo uma sonda numa pequena incisãofeita na porção supra-duo<strong>de</strong>nal do choledoco ouna vesicula e fazendo-a penetrar 110 canal biliar atéattingir a empola <strong>de</strong> Vater.No catheterismo ascen<strong>de</strong>nte, mais simples do que oprece<strong>de</strong>nte, a sonda penetra no choledoco por uma pequenaincisão vertical ou transversal do duo<strong>de</strong>no, feitanas proximida<strong>de</strong>s da empola <strong>de</strong> Vater.O <strong>de</strong>scollamcnto duocleno-pancreatico, proposto porVAUTRIN, parece-me ser o processo preferível.Começa-se por fazer uma incisão na gotteira serosacomprehendida entre o folheto peritoneal posterior eo duo<strong>de</strong>no e que <strong>de</strong>verá contornar o angulo duo<strong>de</strong>nal.Introduzindo então os <strong>de</strong>dos entre os bordos da solu-


174ção <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong>, proce<strong>de</strong>-se ao <strong>de</strong>scollamento lentoe progressivo do duo<strong>de</strong>no e da cabeça do pancreas.Desviando então estes dois orgãos para <strong>de</strong>ante e paraa esquerda, examina-se minuciosamente a face posteriorda cabeça da glandula pancreatica e o segmentoterminal do choledoco. Se existem cálculos biliares,executa-se a choledocotomia e, pela abertura effectuada,introduz-se uma sonda que irá explorar a permeabilida<strong>de</strong>do choledoco. Termina-se a operação poruma drenagem, ou pela simples sutura da solução <strong>de</strong>continuida<strong>de</strong> do canal biliar.Tal é, em resumo, a technica do <strong>de</strong>scollamento duo<strong>de</strong>no-pancreatico<strong>de</strong>scripta por VAUTRIN.Além <strong>de</strong> permittir uma exploração minuciosa daporção pancreatica do choledoco — facto que os outrosmethodos difficilmente realizam — este processo temainda a vantagem <strong>de</strong> facilitar o exame da face posteriordo pancreas e do fornecer indicações precisas sobrea extensão das lesões retro-pancreaticas.A drenagem das vias biliares pô<strong>de</strong> obter-se por doisprocessos: fistula biliar interna e fistula biliar externa.A fistula biliar interna obtem-se pela anastomosedas vias biliares com o intestino ou com o estomago.As anastomoses das vias biliares com o intestino sãoas que mais frequentemente têem sido empregadas.Uns praticam a cholecisto-enterostomia; outros recorremá hepatico-enterostomia; por ultimo ainda, autoresha que preconizam a choledoco-enterostomia.O segmento intestinal com que geralmente se faz aanastomose é o duo<strong>de</strong>no, mas tem-se também recorridoao jejuno, ao ileon e ao colon.As anastomoses duo<strong>de</strong>naes parecem-me preferíveis


Parte therapeutica 175não só pela maior proximida<strong>de</strong> do duo<strong>de</strong>no em relaçãoás vias biliares e pela sua relativa immobilida<strong>de</strong> —facto que evita as tracções sobre a sutura intestinobiliar—,mas também pela razão physiologica <strong>de</strong> reproduziremas condições normaes <strong>de</strong> escoamento dabilis tão necessarias ao bom funccionamento orgânico.Recorrer-se-ha pois á cholecisto-duo<strong>de</strong>nostomia, áliepatico-duo<strong>de</strong>nostomia ou á choledoco-duo<strong>de</strong>nostomia.A cholecisto-duo<strong>de</strong>nostomia, adoptada ultimamentepela quasi totalida<strong>de</strong> dos cirurgiões no tratamento docancro do pancreas, é, por vezes, difficil <strong>de</strong> executarnas pancreatites chronicas; pois que a vesicula, geralmentepequena, esclerozada e envolvida por adherencias,só difficilmente se po<strong>de</strong>rá approximar do duo<strong>de</strong>no.Este inconveniente pô<strong>de</strong>, é certo, ser facilmenteremovido pelo <strong>de</strong>scollamento retroduo<strong>de</strong>nal que conseguiráapproximar o duo<strong>de</strong>no da vesicula biliar.Todavia, embora cirurgicamente possível, a anastomosecholecisto-duo<strong>de</strong>nal é physiologicamente con<strong>de</strong>mnavel,pois que força a bilis a percorrer um trajectosinuoso que favorecerá as infecções biliares ascen<strong>de</strong>ntes.Num artigo recentemente publicado na Revista<strong>de</strong> Cirurgia, VAUTRIN refere um caso em que a cholecisto-duo<strong>de</strong>nostomiafoi seguida <strong>de</strong> signaes nítidosduma infecção biliar.VAUTRIN preconiza, como processo <strong>de</strong> escolha, a liepatico-duo<strong>de</strong>nostomia.Em vez do trajecto sinuoso eacci<strong>de</strong>ntado imposto pela cholecisto-duo<strong>de</strong>nostomia aofluxo biliar, ter-se-ha então um trajecto directo e curtoque, pela óptima drenagem que realiza, evitará a infecçãoascen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> origem intestinal.Ha quem tenha também recorrido á clioledoco-duo-


176<strong>de</strong>nostomia. Tal intervenção tem a vantagem <strong>de</strong> evitaro <strong>de</strong>scollamento retro-duo<strong>de</strong>nal necessário para praticara hepatico-duo<strong>de</strong>nostomia ou a choledoco-duo<strong>de</strong>nostomiaquando a vesicula está adherente. É pois, <strong>de</strong>todas as anastomoses intestinaes, a preferível. A ellase <strong>de</strong>verá recorrer sempre que as dimensões e o estadoanatomico do choledoco o permitiam.As anastomoses das vias biliares com o estomago,praticadas pela primeira vez em 1892 por WICKOFF eANGELBERG, têem sido pouco empregadas.O SR. DR. REYNALDO DOS SANTOS (1), que parece teruma predilecção especial pela cholecisto-gastrostomia,publicou recentemente uma observação em que, <strong>de</strong>pois<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rações varias sobre a technica seguida esobre as suas consequências, diz: «Este caso, bastanteinteressante a meu ver, mostra mais uma vez os bellosresultados da cholecisto-gastrostomia que eu prefiropor muitas razões á cholecisto-jejunostomia, e entreellas basta-me insistir em que é muito mais simples;dispensa a segunda anastomose que MIKULICZ preconizavanas anastomoses com o jejuno, sem os inconvenientes<strong>de</strong> tracção que a ansa jejunal exerce sobre assuturas e que obriga a novas fixações, nem os perigos<strong>de</strong> compressão ou estrangulamento do colon pela cordajejunal. Além disso é mais physiologica, porque perturbamenos o chimismo da digestão lançar conteúdogástrico já misturado com a bilis para o duo<strong>de</strong>no, doque obrigar a uma digestão duo<strong>de</strong>nal sem bilis, per<strong>de</strong>ndoassim, toda a acção muito importante que este(1) REYNALDO DOS SANTOS, Medicina contemporânea. 8 <strong>de</strong>agosto <strong>de</strong> 1909.


Parte therapeutica 177succo tem não só na alcalinização do chymo gástrico,como ainda no reforço da acção do succo pancreatico,preparando o meio duo<strong>de</strong>nal para uma boa digestão.«Certamente que a anastomose cholecisto-duo<strong>de</strong>nal étheoricamente ainda preferível, mas além <strong>de</strong> ser sempremais difficil, e outras vezes impossível, não é afinalnos seus resultados práticos superior, como <strong>de</strong> restonão só a experiencia clinica mas mesmo pesquizas experimentaeso têem <strong>de</strong>monstrado».Sempre que as anastomoses biliares com o duo<strong>de</strong>nosejam, pela existencia <strong>de</strong> adherencias anormaes extensase irreductiveis, cirurgicamente irrealisaveis, épois á cholecisto-gastrostomia que se <strong>de</strong>verá recorrer.Se a vesícula, pelo seu estado anatomico, não offerecergarantias seguras duma boa anastomose, recorrer-se-haá hepatico-gastrostomia ou á choledoco-gastrostomia.A fistula biliar externa pô<strong>de</strong> obter-se por differentesprocessos. Uns praticam a choleeistostomia; outros recorremá drenagem das vias biliares prineipaes (hepáticoe choledoco).A choleeistostomia, empregada frequentemente porMAYO ROBSON, é duma execução relativamente simples.A drenagem obtida por este processo é todavia inferiorá realizada com as intervenções sobre o hepáticoou sobre o choledoco.Quando o canal cístico estiver impermeável, a choleeistostomiaó uma operação absolutamente inútil.A drenagem das vias biliares prineipaes é, indubitavelmente,o processo <strong>de</strong> escolha. Quer se pratique adrenagem do hepático, quer se recorra á drenagem docholedoco, a operação é relativamente simples e tem12


178 O pancreas em cirurgiacomo consequência rapida e frequente o <strong>de</strong>sapparecimentoda infecção biliar.I.uilia <strong>de</strong> incisão do peritoneo duo<strong>de</strong>nal (DESJARDIIVS).A esta drenagem das vias biliares principaes tem-sefrequentemente addicionado a cholecistectomia.É que, com effeito, sendo a vesícula biliar se<strong>de</strong> frequente<strong>de</strong> alterações anatómicas graves, resultantesdum processo inflamatório intenso, a sua permanencia


179no abdómen é uma ameaça, um perigo constante que<strong>de</strong>verá evitar-se pela extirpação total.biliaresDescollumehto ilo duodnio — Explorarão da ralicra ilo pancreas r dos canaes(DESMRM.NS).Não sou daquelles que julgam a cholecistectomia indicadaem todos os casos <strong>de</strong> lithiase biliar, mas pensoque <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que existam lesões vesiculares que impeçama restitutio ad integrum, o <strong>de</strong>ver do cirurgião é addi-


180 O pancreas em cirurgiacionar á drenagem das vias biliares a extirpação davesicula.Cliulecistectomi > ^I)EÍJABUI.\S).A technica a seguir para executar esta dupla intervençãofoi admiravelmente exposta por DESJARDINS.Depois <strong>de</strong> aberta a cavida<strong>de</strong> abdominal, secciona-seo epiploon gastro-colico e o folheto peritoneal posteriorque cobre o duo<strong>de</strong>no e o pancreas. Descolla-se o


181duo<strong>de</strong>no pelo processo já indicado e, <strong>de</strong>sviando-o juntamentecom a cabeça do pancreas, para <strong>de</strong>ante e para_ , „ - .. ^ r é ^ - á UDrenagem cia? \ias biliares prineipaes (I)K?JARI>I>S).a esquerda, proce<strong>de</strong>-se ao exame minucioso das viasbiliares.Secciona-se o canal cistico nas proximida<strong>de</strong>s da suajuneção com o hepático, laqueia-se a pequena artériacistica e, libertando a vesícula das adherencias comos orgãos vizinhos, pratica-se a cholecistectomia.


182Pelo orifício resultante da secção do canal císticoiutroduz-se no hepático uni pequeno tubo <strong>de</strong> drenagem.Operai Tio 1'rniinaila (I>KSJ A it>s.Faz-se em torno do orifício em que foi introduzido odreno uma epiplooplastia por meio do epiploon gastro-hepatico,do gran<strong>de</strong> epiploon e do peritoneo parietal.Sutura-se o peritoneo parietal posterior, tendoo cuidado <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar uma pequena abertura que permitiaa passagem do dreno.


Parte therapeutica 183Passados alguns dias, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que os signaes <strong>de</strong> infecçãobiliar tenliam <strong>de</strong>sapparecido e que o escoamento duo<strong>de</strong>nalda bilis se tenha normalizado, retira-se o dreno.Ao fim <strong>de</strong> tres semanas ou dum mez, se não surgiremcomplicações, a solução <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> que<strong>de</strong>u passagem ao drono estará cicatrizada.Mencionadas as differentes intervenções que, tendosido propostas contra a infecção biliar, constituemtambém o tratamento i<strong>de</strong>al das pancreatites chronicas,vejamos quaes <strong>de</strong>verão ser as suas indicações.A extracção dos cálculos <strong>de</strong>verá praticar-se sempreque, no <strong>de</strong>curso duma pancreatite chronica, se reconheçaa existencia <strong>de</strong> cálculos biliares.A fistula biliar interna é indicada nos casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>generescenciafibrosa irreductivel do parenchyma glandular.A simples drenagem das vias biliares é entãoinefficaz e perigosa. A consequência <strong>de</strong> tal intervençãoseria a producção duma fistula biliar cutanea permanentecom os inconvenientes resultantes da ausênciaintestinal <strong>de</strong> bilis.Alguns autores juntam, á anastomose entero- ou gastro-biliar,a extirpação das zonas <strong>de</strong> esclerose pancreatica.Esta pancreatectomia parcial é sobretudoindicada nos casos em que a esclerose attinge o corpoou a cauda da glandula.Nos casos em que se hesite entre o diagnostico <strong>de</strong>pancreatite e o <strong>de</strong> cancro será ainda á fistula biliarinterna que se <strong>de</strong>verá recorrer, poisque a drenagemexterna dos canaes biliares tem, no caso <strong>de</strong> cancro,um valor palliativo muito menor.A cholecistostomia <strong>de</strong>ve ser, pela relativa facilida<strong>de</strong><strong>de</strong> execução, empregada nos casos graves em que o


184estado do doente não permitta uma intervenção <strong>de</strong>morada.A drenagem externa dos canaes biliares, acompanhadaou não <strong>de</strong> cholecistectomia, é o processo indicadoem todos os outros casos.Se as lesões pancreaticas tiverem provocado a estenosedo pyloro ou do duo<strong>de</strong>no, ás intervenções sobreas vias biliares <strong>de</strong>ve juntar-se a gastro-enterostomia.Nos casos <strong>de</strong> pancreatites não cholelithiasicas, asoperações biliares serão substituídas por uma therapeuticaque vá actuar directamente sobre o pancreas(laparotomia e drenagem ou pancreatectomia parcialse as lesões <strong>de</strong> esclerose forem muito accentuadas) esobre a causa da infecção pancreatica (gastrectomianos casos <strong>de</strong> ulcera do estomago, drenagem nos casos<strong>de</strong> peri-gastrite, pylorectomia ou gastro-enterostomianos casos <strong>de</strong> lesões do pyloro, etc).Para ser efficaz, o tratamento cirúrgico das pancreatiteschronicas <strong>de</strong>ve ser executado na phase inicialda doença.No periodo pré cirrhotico, anatomicamente caracterizadopela tumefacção e pela hypertrophia do parenchymaglandular, as intervenções cirúrgicas <strong>de</strong>scriptasterão como consequência frequente a cura radical. Maistar<strong>de</strong>, porém, quando a glandula fôr se<strong>de</strong> <strong>de</strong> extensaslesões <strong>de</strong> esclerose atrophica acompanhadas, por vezes,<strong>de</strong> múltiplos focos suppurados, gangrenosos e hemorrágicose <strong>de</strong> numerosas adherencias peri-pancreaticas,a therapeutica cirúrgica é geralmente inefficaz.Des<strong>de</strong> que se faça, portanto, o diagnostico <strong>de</strong> pancreatitechronica <strong>de</strong>ver-se-ha recorrer á intervençãocirúrgica. Esta será tanto mais simples quanto maiscedo fôr praticada.


Pancreatite* chronica*AutoresIndicaçõesbililiographicasDiagnostico Data Intervenção ellerluadaConsequenaiasiminedialasConsequênciasafastadasObservaçõesMAYO ROBSON(caso I).Lancet, 1904,26 Tumor do pancreas.março, p. 852.1890. Laparotomia.Destruição<strong>de</strong> adherenciasperi -pancreaticas.Cura.Pancrentite chronica.MAYO ROBSON(caso II).Lancet, 1904, 2Hmarço, p. 852.bi-Calculoseliar.1891. Chol ecistostomia.— Cura. Pancreatite chronica.MAYO ROBSON(caso III).Lancet, 1904, 26março, p. 852.bi-Calculoseliar.1892. Laparotomia. Morte. — Pancreatite chronica.KÕRTE(caso I).Die Chir. Krankh.Pancreatiteu. d. Verl. chronica.d. Pancreas.1892. Cholecistocnterostomia.Morte. — Pancreatite chronica.SENDLER Deut. Zeit. f.Chir., 1896, p.338.Carcinomaestomago.do1892. Laparotomia.Drenagem.— Cura. Pancreatite chronica.RIEDEL.(caso I)Berl. Klin. Woch.,1896, n.° 1,p.2.Tumor do pancreas.Lithiase biliar.1894. Cholecistectomia.Choledocotomia.— Cura. Pancreatite chronica.


AutoresIndicaçõesbihliographicasdiagnostico Bala Intervenção eflecluadaConsequênciasimmediatasConsequênciasafastadasObservaçõesRIEDEL(caso II).Berl. Klin. Woch.,18%, n.° 1, creas. Chole-Tumor do pan-p. 3.lithiase (?).1895. Laparotomia. Morte. — Pancreatite chronica.MAYO ROBSON(caso IV).Lancet, 1904,20 Cholelithiase. 1895. Chol e cisto -março, p. 853.enterostomia.— Cura. Pancreatite clironica.RIEDEL(caso III).Berl. Klin. Woch,1890, n.» 1,p.2.Tumor do pancreas(?) Cholelithiase.1895. Choledocotomia,choleciato-duo<strong>de</strong>-uostomia.Cura.Pancreatite chronica.MAYO ROBSON(caso V).Lancet, 1904, 26 Cholelithiase. 1895. Chotecistoenterostomia.março, p. 853.— Cura. Pancreatite chronica.KÕRTE(caso II).Die Chir. Krankh.Kisto do pan-undd. Verl. creas (?).<strong>de</strong>s Pancreas,1898, in-8, p.205.1896. C holeci stoenterostomia.Morte.Pancreatite clironicac <strong>de</strong>generes- jcencia kistica dopancreas. !MAYO ROBSON(caso VI).Lancet, 1904, 26 Cholelithiase. 1896. Chol ecistoenterostomia.março, p. 853.Cura.Pancreatite chronica.MAYO ROBSON(caso VII).Lancet, 1904, 26 Cholelithiase. 1897. Cholecistoenterostomia.março, p. 853.- Cura. Pancreatite chronica.


GIORDANO.Contributo alia Cholelithiase.chir. <strong>de</strong>i fegatoet <strong>de</strong>lia viebiliari, thèsePerrin, Lyon.1902.1897.Cholecistogastrostomia.Morte.Pancreatite chronica.MAYO ROBSON(caso VIII).Lance!, 1904, 26março, p. 853.Cholelithiase.1898.Cholecistoenterostomia.Cura.Pancreatite chronica.MAYO ROBSON(caso IX).Lancet, 1904,26março, p. 853.Cholelithiase.1898.Choleeistostomia.Cura.Pancreatite chronica.JABOOLAY.Lyon médical, Tumor da cabeçado pan-1898, p. 345.creas.1898.Cholecistoenterostomia.Pancreatite chronica.MAYO ROBSON(caso X).Lancet. 1900, II, Lithiase biliar.p. 278 (casoIII).1898.Choleeistostomia.Cura.Pancreatite chronica.MAYO ROBSON(caso XI)Lancet. 1900, II, Lithiase biliar.p. 238 (casoII): Lancet,1904,26 março,p. 853 (casoIX).1898.Choleeistostomia.Cura.Pancreatite chronica.BOI.ROFK.Kirurgia, Moscou,1899, n."28, p. 349.1899.LaparotomiaCura.Pancreatite chronica.MAYO ROBSON(caso XII).Lancet, 1900, II,p. 239 (casoVI).Lithiase biliar.1899.Choleeistostomia.Cura.Pancreatite chronica.


AutoresIndicaçõesblbliograpliieasDiagnostico Data Intervenção realizadaConsequênciasimmediatasConsequênciasafastadasObservações, MAYO ROBSON; (caso XIII).MAYO ROBSON(caso XIV).Lancet, 1900,11, Lithiase biliar. 1899. Cholecistostoinia.p. 239 (casoIV).Lanceai900, II. Lithiase biliar. 1899. Cholecistoenterostomia.p.233-240(casoVII).— Cura. Pancreatite chronica.Calculosebiliar.Recidiva. Morte. Pancreatite chronica.Cálculos docholedoco.MAYO ROBSON(caso XV).KEUK(caso I).Lancet, 1900, II, Lithiase biliar. 1899. Ch oleei stendyse.p. 239 (caso V).A. Desjardins,thèse. Paris.1905, p. 181.Lithiase biliar. 1899. Cholecistectomia.— Cura. Pancreatite chronica.— Cura. Pancreatite chronicacom cálculosbiliares.KEHII(caso II).A. Desjardins,thèse, Paris.1905, p. 181.Cholecistiteaguda.1900. Cisticotomia.Cholecistostoinia.— Cura. Pancreatite chronica.KEHU(caso III).A. Dtsjardins,thèse, Paris,1905, p. 183.Cholecistite rccidivnute.1900. Ch olecistectomia.Drenagemdo hepático.— Cura. Pancreatite chronicacom cálculosda vesícula.KEHII(caso IV).A. Desjardins,thèse, Paris,1905, p. 184.Lithiase biliar. 1900. C li o 1 e e i s t e-ctomia. Drenagemdo hepático.— Cura. Pancreatite chronicacom cálculos1do choledoco.1


MAYO ROBSON(caso XVI).A. Desjardin^thèse, Paris,1905, p. 169.Cálculos biliares.Pancreatite chronica.Cholecistostomia.Extracção<strong>de</strong> caleidos bilia-Morte.Pancreatite chronica.MAYO ROBSON(caso XVII).A. Desjardins,thèse, Paris,1905, p. 178.Pancreatitechronica (?).C holecistostomia.Fistula persistente.Cholccistoenterostomiapara curar afistula. Cura.Pancreatite chronica.OWEN.(caso I).Brit. Med. Journal,1902,11, p1310 (caso II).Lithiase biliarLaparotomia.Drenagem.Cura.Pancreatite chronica.MAYO ROBSON(caso XVIII).A. Desjardins,thèse, Paris,1905, p. 179.Pa ncreati techronica.Chol ecist o-enterostoinia.Cura.Pancreatite chronica.PAUI. DELBET.Congresfrançais<strong>de</strong> Chir..1902, p. 520.Obstrucção cálculos»do choledoco.Laparotomia.Maçagem davesicula.Cura.Pancreatite cliro-OWEN(caso II).Brit. Med. Journal..1902, 11,p. 1310(casol).Drenagem.( ura.Pancreatite chronica.MAYO ROBSON(caso 1 a IV)..7. Am. Med. Assoe., 1902, p807-809.4 casos.4 cholecistostomias.4 curas.Pancreatites chronicas.MAYO ROBSON(caBO V).J. Am. Med. Assoe.,1902, p.807.C h o 1 e c i s toduo<strong>de</strong>nostomia.Cura.Pancreatite chronica.


AutoresIndicaçõesbibliographicasDiagnosticoDataIntervençãorealizadaf.onsei|uenciasimmediatasConsequênciasafastadasObservaçõesMAYO ROBSON(caso VIe VII).•J. Am. Med. Assoe.,1902, p.807.2 casos. 1902. 2 eliolecistocolosto mi astransversaes.— 2 curas. Pancreatites chronicas.REYNES. VII.I.AR, Chir. du Tumor pancreatico(?).;pancreas, 1906,p. 242.1902. Pancreatectomiamedia.— Cura. Pancreatite chronica.1ESTES(W.)../. Am. Med. Aisoe.,1902, p. 807.Lithiase biliar. 1902. Choleeistostomia.MAHCY. J. Am. Med. Assoe.,Lithiase biliar. 1902. Cholecistosto-1902, p.toiuia.807.— Cura. Pancreatite chronica.— Cura. Pancreatite chronicacom cálculosbiliares.GRIFFITHS(T. D.).Brit. Med. Journal,1902, II,p. 1312.Lithiase biliar. 1902. Choleeistostomia.Fistula. ( ura. Pancreatite chronica.WALTHEB(caso I).A. Desjardins,thèse, Paris,1905, p. 156.Calculo do pancreas.1902. Choleeistostomia.— Cura. Pancreatite chronica.MOYNIHAN Lancet, 1903, 6 Cálculos biliares.junho, p. 1576.1903. Chol ocistostomia.— Cura. Pancreatite chronica.P. TEBRIEII. A. Desjardins,thèse, Paris,1905, p. 153.Cholecisti tecalculosa.1903. Chol e cistostomia.Morte.Pancreatite chronica.•


WALTHER.(caso II).A. Desjardins, Lithiase biliarthèse, Paris,1905, p. 159.1903. Cholecisto s-totnia.Morte.Pancreatite chronica.TIETZE Assoe, sites. p.(caso 1 e II)). av. sc, 1904.Presse médicate,1904,31 <strong>de</strong>z.,p. 830.2 casos <strong>de</strong> pancreatiteclll'0-1904. 2 cholecistoenterostomias2 mortes. 2 curas.Pancreatites chronicas.GOSSKT.A. Desjardins,théee, Paris,1905, p. 163.Calculo do choledoco.1904.Cholecistectomia.Pancrcatectomiaparcial.Cura.Pancreatite chronica.BAKTH.X X X I I P ConyrhsLithiase biliar<strong>de</strong> la &'o-ciété aliem,Pan creatotomia.Morte.Pancreatite chronica.chir., 1904.Prof. CUSTODIOCABEÇA.DR. REYNALDO Tumor do pancreas.DOS SANTOS, As•pectocirúrgico1904.LaparotomiaPancreatite chronica.daspancreatiteschronicas,1906, p. 198.DR. REYNAI.DODOS SANTOS.Aspectocirúrgicodas pancreatiteschronicas,Lisboa, 1906,p. 276.Estcnose pyloricaou duo<strong>de</strong>nalcom ulceração.1906. Gastro-ent eros tom iatrang • meso -cólica posterior.Dyspneia,tosse, etc.Morte.Pancreatite chronica com estenoseduo<strong>de</strong>nal.


AutoresIndicaçõesbibliograpliicasDiagnosticoDataInlertençãoeITeclUadaCnnsequeneiasimmedialaiConsequênciasa HastadasOli seriaçõesProf. FRANCISCOGENTIL.Dit. ALVABO DEMATTOS, Lithiasebiliar.<strong>Coimbra</strong>, 1910,vol. I, p. 94.Lithiase biliar. 1906. Cistostom ia -cisticostomia.Drenagem dohepático.Morte. — Pancreatite chronica.Cholecistitechronica e angio •cholite.Prof. CUSTODIOCABEÇA.I)K. ALVAKO DE EscleroseMATTOS, Lithiasebiliar, pancreas.cabeçavol. I, p. 96.dado1907. Cholecistostomiae drenagi-m.Cura.


Parte therapeutica 193Tratamento tia tuberculose «1o pancreasO tratamento cirúrgico da tuberculose pancreaticararas vezes po<strong>de</strong>rá ser applicado, poisque, na maioriados casos, se trata <strong>de</strong> doentes attingidos <strong>de</strong> tuberculosepulmonar, intestinal ou peritoneal já a<strong>de</strong>antadae que nada lucrariam com uma intervenção cirúrgicasobre o pancreas.Nos casos raros, porém, <strong>de</strong> tuberculose primitivado pancreas, ou <strong>de</strong> tubex-culose secundaria e originadapor lesões <strong>de</strong> pequena gravida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ver-se-harecorrer á intervenção cirúrgica.O processo a applicar <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> essencialmente dafórma e da sé<strong>de</strong> das lesões. As cavernas e os abcessosserão tratados pela evacuação e pela drenagem. Seestiverem localizados na cauda ou no corpo da glandula,po<strong>de</strong>r-se-lia recorrer á pancreatectomia parcial.Os tuberculomas (caso <strong>de</strong> SENDLER) serão tratadospela extirpação.Tratamento «los cálculos «Io pancreasCe<strong>de</strong>ndo, por vezes, ao simples tratamento medico,os cálculos do pancreas reclamam geralmente, pelasintensas perturbações que occasionam (febre, dôr epigastrica,phenomenos pancreáticos), uma intervençãocirúrgica immediata.Os processos operatorios a que se tem recorrido sãoa pancreaticotomia, a pancreciticostomia e a pa?icreatico-enterostomiciou panereatico-gastrostomia.13


194 O pancreas em cirurgiaHa duas varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pancreatieotomia: a pancreaticotomiasimples e a pancreaticotomia transduo<strong>de</strong>nal.A pancreatieotomia simples, executada pela primeiravez em 1898 por PREVITT, tem sido posteriormentepraticada por MAYO ROBSON, KEHR, SISANTI e outros.Des<strong>de</strong> que, por uma exploração minuciosa do pancreas,se tenha reconhecido a presença dum calculonum dos canaes excretores, pratica-se uma incisãolongitudinal sobre a pare<strong>de</strong> canalicular até attingir aconcreção pancreatica (1). Proce<strong>de</strong>-se então á extracçãodo calculo e termina-se a operação por uma pancreaticorraphia(sutura da solução <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> docanal pancreatico).Alguns autores aconselham a que se faça a incisãona porção do canal immediatamente situada acima ouabaixo do calculo. Outros preferem a incisão feita naporçío correspon<strong>de</strong>nte ao calculo.Os fios <strong>de</strong> sutura não <strong>de</strong>vem penetrar na face internada pare<strong>de</strong> canalicular.Depois <strong>de</strong> extrair o calculo é conveniente praticaro catheterismo pancreatico. Po<strong>de</strong>r-se ha verificar assima existencia <strong>de</strong> novos cálculos que tenham passado<strong>de</strong>spercebidos á simples palpação.A pancreatieotomia transduo<strong>de</strong>nal, applicada aoscálculos pancreáticos situados nas proximida<strong>de</strong>s daempola <strong>de</strong> VATER, tem sido executada por PEARCEGOULD, DALZIEL, MOYNIHAN, MAYO ROBSON e muitosoutros.(1) Antes <strong>de</strong> fazer a incisão convém, para evitar o <strong>de</strong>slocamentodo calculo, fixá-lo com a pinça <strong>de</strong> MONPROFIT.


195A technica operatoria resume-se no seguinte: incisãolongitudinal da pare<strong>de</strong> anterior do duo<strong>de</strong>no (Ko-CHER prefere a incisão transversal), incisão da empola<strong>de</strong> VATER (papillotomia duo<strong>de</strong>nal), dilatação do espliinctervateriano, extracção do calculo e sutura da solução<strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> intestinal.Nos casos <strong>de</strong> cálculos inaccessiveis ou impossíveis<strong>de</strong> extrair po<strong>de</strong>r-se-ha recorrer á pancreaticostomia(fistula pancreatica externa) ou á pancreatico-enterostomiaou pcmcrecitico-gastrostomia (fistula pancreaticainterna).A pancreaticostomia, que julgo não ter sido aindaexecutada (1), é uma operação que <strong>de</strong>verá ser rejeitadaou a que só se <strong>de</strong>verá recorrer nos casos em queseja impossível estabelecer uma fistula pancreaticainterna.Mais racional é certamente a pancreatico-enterostomia,já executada com verda<strong>de</strong>iro successo por diversosautores.êVILLAR <strong>de</strong>screve dois processos <strong>de</strong> pancreatico-enterostoinia:reunião e sutura ou puncção e drenagem ciocanal pancreatico e do intestino.O primeiro processo, a que mais frequentemente se<strong>de</strong>verá recorrer, pô<strong>de</strong> assim resumir-se: <strong>de</strong>struiçãodas adherencias peri-pancreaticas e peri-intestinaes;exploração minuciosa do canal pancreatico e incisãoda sua pare<strong>de</strong> na região immediatamente situada acimado calculo; anastomose latero-lateral ou termino-late-(1) A pancreaticostomia é o processo a que frequentementese recorre nos laboratorios para as analyses do succo pancreatico.


196 O pancreas em cirurgiaral pancreatico-duo<strong>de</strong>nal — pancreatico-duo<strong>de</strong>nostomia— ou pancreatico-jejunal — pancreatico-jejunostomia.Quando o intestino estiver completamente envolvidopor adherencias irreductiveis, po<strong>de</strong>r-se-ha fazer aanastomose do canal pancreatico com o estomago —pancreatico-gastrostomia.O segundo processo —puncção e drenagem pancreatico-intestinal— foi preconizado por NIMIER.A sua technica é relativamente simples. Faz-se umaincisão na pare<strong>de</strong> anterior do duo<strong>de</strong>no e, pela aberturaassim constituida, puncciona-se a glandula pancreaticana região correspon<strong>de</strong>nte ã dilatação canalicular;termina-se a operação collocando um drenona solução <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> pancreatico-intestinal eque irá assegurar o escoamento do succo glandular.


Cálculos pancreáticos| AutoresIndicaçõesbibliograpbirasDiagnostico Data Intervenção realizadaConsequênciasimmediatasConsequênciasafastadasObservaçõesL. CAPPARELLI. 11 Policlínico,1896, p. 42Phlegmão d:ipare<strong>de</strong> abdominal.1876. Incisão dophleginão abdominal.Extracção<strong>de</strong>vários cálculoscontidosna collecçãopurulenta.Cura.Cálculos pancreáticosI?). Plilegmãoda pare<strong>de</strong>.F. WEIR. Med. Jíccord, 23<strong>de</strong>zembro 1893,p. 803.T umefa c c ã oepigastrica.1888. Laparotomia.Incisão dumkisto pancreatico.Drenagem.Cura.Kisto pancreaticoresultante da obstrucçãocalculosado W l H S U S G .Numerosos cálculospancivaticos.KUMMELL.KÕRTF..C. /. Chir., Lithiase biliar. 1896. Laparotomia. Morte. — Pancreatite chronica.Cálculos1896, p. 985,n.° 42.pancreáticos.C. f. Chir., Lithiase biliar. 1896. Laparotomia. Morte. — Cálculos do canal1896, p. 986,pancreatico.n." 42.


AutoresIndicaçõesbibliographicasDiagnosticoDataIntervençãorealizadaConsequênciasimmediatasConsequênciasafastadasObservaçõesabdo-PREVITT. J. of the Amer. TumorMed. Assoe., minal.1898, 7 inaio,p. 1108.1898. Laparotomia.Pancreaticotomia.Extracçãodumcalculo.Fistula. Cura. Cálculos do pancreas.PEARCE GOULD. Clin. Soe. ofLondon, 1298,9 <strong>de</strong>zembro.Lithiase biliar. 1898. Laparotomia.Paucreaticoduo<strong>de</strong>notomia.Extracçãodum calculoda porçãoterminaldo Wirsung.Morte.Cálculos do pancreas.Cholecistite.Kisto hydaticodo figado.DALZIEL. Brit. med. Journal,1902, II,p. 1312.1902. Pan ore ari cotomiatransduo<strong>de</strong>nal.E x t r a cçàodum calculopancreatico.Cura.Cálculos do canalpancreatico.LISANTI. Zeit. f. klin.Med.,'\


MOYNJHAK.1903.Ze.it. f. klin. Cálculos biliares.Med., 1903.Pan creatico -tomia transduo<strong>de</strong>nal.Cura.Cálculos do canalpancreatico.ALUEN.Ann. of Surg.,1903, p. 741.1903?Extracção <strong>de</strong>dois cálculoscontidos nointerior dumkisto hepatogastrico.Morte.Cálculos do pancreas.MATO ROISSON.Lancet, 1904, 2abril, p. 913.1903.Extracção <strong>de</strong>um calculodo canal <strong>de</strong>SANTOKINI porsimples incisãocanalicular.Extração<strong>de</strong> dois cálculosdo canal<strong>de</strong> WIR-SUNG por incisãoduo<strong>de</strong>nale papillotomia;extracçãodumoutro calculodo WIRSUNGpor simplespancreaticotomia.Cura.Cálculos do canalpancreatico.a-iIa-COco


;—•"———"" >200 O pancreas em cirurgiaTratamento «los tumores «lo pancreasAdoptando uma orientação analoga á do estudoclinico dos tumores do pancreas, <strong>de</strong>screverei separadamenteo tratamento dos kistos e dos tumoressolidos.a) Tratamento dos kistosO diagnostico <strong>de</strong> kisto do pancreas impõe uma intervençãocirúrgica immediata. Com effeito, a gravida<strong>de</strong>das complicações que frequentemente se observamdurante a sua evolução e que resultam da formação<strong>de</strong> adherencias, do <strong>de</strong>senvolvimento excessivodo tumor, <strong>de</strong> possíveis modificações anatomo-pathologicas(hemorragia intra-kistica, suppuração, gangrena,etc.) e da suppressão das funcções pancreaticas,são razões que po<strong>de</strong>rosamente <strong>de</strong>põem em favorduma intervenção cirúrgica urgente.Os processos cirúrgicos a que se tem recorrido, noscasos <strong>de</strong> kistos glandulares, são a puncção, a extirpaçãototal e a marsupialização.A puncção, ou seja simples ou seguida <strong>de</strong> aspiração,<strong>de</strong>ve ser completamente abandonada, porque po<strong>de</strong>occasionar a ruptura <strong>de</strong> vasos sanguíneos que irrigamo tumor, a perforação do estomago ou do intestino,ou, se o conteúdo do kisto fôr séptico, uma peritoniteaguda rapidamente mortal.A extirpação total é, indubitavelmente, o processocirúrgico i<strong>de</strong>al, porque supprime completamente otumor e evita as complicações que possam resultar da


Parte therapeutica 201persistência duma fistula — facto que frequentes vezesse observa na marsupialização—ou da transformaçãoepitheliomatoza do kisto.Depois <strong>de</strong> abrir a cavida<strong>de</strong> abdominal quer na linhamedia quer um pouco fóra do bordo externo dogran<strong>de</strong> recto, secciona-se o epiploon gastro-colico ougastro-hepatico e attinge-se o tumor que está cobertopelo folheto peritoneal parietal posterior. Secciona-seeste folheto e, lentamente, progressivamente, dissecaseo kisto, <strong>de</strong>scollando as adherencias que o ligamaos orgãos vizinhos.Evacua-se, por puncção, o conteúdo kistico e termina-sea operação seccionando o pedículo que estágeralmente implantado na cauda do pancreas e suturandoo folheto peritoneal parietal posterior e asolução <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> da pare<strong>de</strong> anterior do abdómen.Tal é, em resumo, a technica a seguir para fazera extirpação total dos kistos pancreáticos.Infelizmente, porém, tal processo <strong>de</strong> tratamento nemsempre é praticavel, poisque o tumor po<strong>de</strong> estar intimamenteligado aos orgãos vizinhos por adherenciasextensas e irreductiveis.Nestes casos recorrer-se-ha então á marsupializaçãoque, não tendo as vantagens da extirpação total, temdado todavia excellentes resultados.THIERSCH, KULESKAMPFF, BULL e outros teem recorridoá marsupialização em dois tempos: fixação dokisto á pare<strong>de</strong> anterior do abdómen e abertura dacavida<strong>de</strong> kistica alguns dias <strong>de</strong>pois.Este processo, hoje completamente abandonado, foisubstituído pela marsupialização em um tempo, cujatechnica pô<strong>de</strong> assim resumir-se: laparotomia anterior


202 O pancreas em cirurgiaou lateral; secção do epiploon e do peritoneo parietalposterior; pancreato-kistostomia (incisão do kisto pancreatico); sutura da solução <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> da pare<strong>de</strong>do kisto á pare<strong>de</strong> anterior do abdómen; drenagem.Nos casos <strong>de</strong> kistos muito volumosos <strong>de</strong>verá juntar-seá marsupialização a resecção parcial da bolsakistica.


Kistos glandularesOperação em 2 temposjAutoresIndicaçõesbibliographicasDiagnostico Data Intervenção efTectuadaConsequênciasimmediatasConseqnenciasafastadasObservaçõesTHIERSCH. Berl.klin. Woch., Abcesso da pare<strong>de</strong>1881, abdomi-XVIII,n.° 40, p. 591. nal.ANNANDAT.E. Brit. med. J., Kisto do mesenterio,daLondres, 8 jun.1889,1,p. 1291. cavida<strong>de</strong> posteriordos epiploonsou dopancreas.1879 Laparotomia.Incisão em 2tempos.1886 Laparotomia;sutura do kistoá pare<strong>de</strong>abdoin inal.Incisão dokisto um dia<strong>de</strong>pois.Fistula. Cura (?). Kisto da cauda dopancreas.» Cura. Kisto do pancTeas.STEELE. The Chicago Kisto do peritoneo.med. J. andExam., abril,1888 ; Archivegén. méd., 1888.SUBBOTICH. Wien. allg. med.Zeit, 1887, n.°23 et 24,XXXII,p. 279. .Kisto do pancreas.1886 Laparotomia;sutura do kistoá pare<strong>de</strong>abdomin al.Incisão dokisto algunsdias <strong>de</strong>pois.1887 Laparotomia.Marsupialização.» »» »


AutoresIndicaçõesbililiognpbicasDiagnostico Data Intervenção efectuadaConsequênciasinimedialasConseqnenciasafastadasObservaçõesBULL. New York med.,.Tourn., 1887, p.376-378.» 1887 Laparotomia;suturadokistoá pare<strong>de</strong>abdominal.Incisão setedias <strong>de</strong>pois.Fistula. Morte. Kisto do pancreas.ALBERT.SCHRODKB ,DÍSS., Kisto do abdómen.Breslau, 1892.1888 Laparotomia;suturado kistoa pare<strong>de</strong>abdominal.Incisão quatrodias <strong>de</strong>pois.» Cura. nALBERT. ScHRCÍnER, Diss., FibromyomaBreslau, 1892. uterino.1888 Laparotomia.Incisão tresdias <strong>de</strong>pois.a » »BRAMAN. HINRICHS, Diss. Kisto do baço. 1888 » — » »inaug., Berlim,1889.NICOLADONI. FIHOTTI, Wien.klin. Woeh.,1896, n.° 15.Tumor do abdómen.1892 Laparotomia.Incisão cincodias <strong>de</strong>pois.Fistula. » »KRASKE. TILTON, Diss., Kisto do pancreas.Freib., 1893.1893 » — » »


HALSTED. KÕRTE, Die Chir.Kranlch. u. d.Verl. d. Pancreas,1898, p.116 (n.° 103).» 1893 Laparotom i alateral. Incisão24 lioras<strong>de</strong>pois.Cura com fistula.»RUPPHECHT. D R E Y X EII N E R , Tumor do rimArch. f. klin. ou kisto doChir., 1895, Bd. pancreas.70, p. '261.1894 Laparotom i alateral. Incisãooito dias<strong>de</strong>pois.Cura.UFINOTTI. 1 Yien. klin. Tumor periumbilical.H oc/i.,1896, n.°15.1895 Laparotomia.Incisão seisdias <strong>de</strong>pois.Cura com fistula.»Operação em um tempoROKITANSKY. ZXKOWSKY, Wien.med. Presse,1881, n.° 45.GUSSENHAUER. Arch. f. klin. Kisto do pancreasChir.. ou das1883,XXIX, p. 335. capsulas supra-renaes.Kisto do ovário.1881 Laparotomia.Resecçãoparei a 1 d okisto. Marsupialização.1882 Laparotomia.Incisão dokisto. Drenagem.Morte. — Kisto da cauda dopancreas. Peritonite.Eczema. Cura. Kisto do pancreas.OGSTON(d'Aber<strong>de</strong>m).KÕRTE,LHEChir.Krankh. u. dieVerl. d. Pancreas,1898, p.118 (n.° 9).1884 Laparotomia.Incisão dokisto. Marsupialização.Drenagem.Morte.o


AutoresIndicaçõesbibliograpbicasDiagnostico Data Intervenção efectuadaConsequênciasimmedfatasConsequênciasafastadasObsenaçõesTKEIBUBG. Chir. 1 Vesln., Kisto hydatico1888, p. 539. do fígado.1885 Laparotomia.Incisão dokisto. Drenagem.Eczema. Cura. Kisto do pancreas.AHLFELD. KOATZ, Oper. Kisto do ovário.Pankr. Cyst.I)is$. Marhurg.,1886, TheseTulasne, 1899.HAHN. KRAMER, C- f. Kisto hydaticoCliir., 1886, p. do fígado.23.LINDNER. Zeit. klin. Rundschau,1889,n.° 8, in Henricius.Kisto do pancreas.1886 » Morte. Kisto da cauda dopancreas. Peritonite.1886 » Fistula. Cura. Kisto do pancreas.1886 S » »HELFERICH.ZLF. LSTORFF.Tliese, Greifswald,1887.me-Kisto dosenterio.1886 » — » »WLTZEL. C.f.Chir., 1887, Kisto do pancreas.n.° 1. LUDOLPH,These, Bonn,1890.1887 Laparotomia.Marsupializaçào.Fistula. O »


WÕLFLEK.Zeit. /. Heilk.,1888, n.° 9, p119.1887Laparootmia.Incisão. Drenagem.PEABCKGOULD(caso I).Lancet, 1891,11,p. 290. TheseTulasne.1887Laparotomia.Marsupiali •zação. Drenagemlombar.Fistula.Cura com fistula.SPRINGSFELD.LUDOLPH. Diss. Kisto do pancreas.inavg., Bonn.,1890.1887LaparotomiaMarsupialização.Drenagem.Cura.IVOCHER.LARDY, Cnrrp f.schw. jiírzte,1888, p. 279.1887LaparotomiaIncisão. Drenagem.MADELUNO.DlECKH0FF,Bei


AutoresIndicaçõesbibliographicasJDiagnostico Data Intervenção elTectuadaConsequênciasimmediatasConseqnenciasafastadasObservaçõesTRÈVES. T.ancet, 1890,11,p. 665.OsCHNER. PARKES, Arch. f.klin.Chir., 1889BA. 39, p, 446.— 1888 Laparotomia.Incisão. Drenagem.1888 Laparotomialateral. Incisão.Drenagem.Fistula. Cura. Kisto do pancreas.a »PAOENSTECIIER! (Elberfeld).KORTE,Die Chir.Krankh. v. dieVerl. d. Pancreas,1898, p.p. 118 (n." 92).Kisto do pancreas.1888 Laparotomia.Marsupiali -zação. Drenagem.Fistula. » »SCHÕNBORM.P ETRYK O W S KL.Diss. inavg.,Wurzburg,1889.— 1889 Laparotomia.M arsupiali -zação.— » BKARESKL(caso 1)*Dent.med.Woch. Kisto do pancreas.n. o s 46-47,1890.1889 Laparotomialateral. Fixaçãodo kistoá pare<strong>de</strong> anteriordo abdómen.Incisão.Drena-1 gem.Eczema. » »


PITT eJACOBSON.Medico-chir.Trans., 1891,vol. 124, p. 454.Laparotomia.M arsupiali •zaçào.Collapso.ZAWADZI (J.).Trans. from.,Gaz. Lok., Marszawa,1890,in Lancet, 189121 abril, p. 948,(Nimier, 1893).Laparotomia.Kcsecçãoparcial dokisto. Drenagem.IIAHS(Berlim)(CHSO 1)KÕRTE. /He Chir.Kravkheit. unddie Verl. <strong>de</strong>rPancreas, 1898,p. Ill», n." 83.Laparotomia.Marsupialização.Drenagem.Fu-irrow.Chir. Westn., janeiro.1890, St.Pet .Med. Woch,1890, n.° 9.Laparotomia.Iiesecçàoparcial d okisto. Drenagem.Fistula.IÍAhKSKI(caso II).Deut.med. Woch.1H90, n." 46 e47.Laparotomia Eczema.lateral. Incisão.Sutura.RIECNKR.Berl. klin. Woch.1890, n.» 42.Laparotomia.Fixação dokisto á pare<strong>de</strong>abdominal.Incisão.Drenagem. |


JuloresIndicaçõesbililid||raphit>sDiagnostico Dala Intervenção efíecluadaConsequênciasimmedialasConsequmciasafastadasOli serraçõesMAI.THECLIRISTIANIA(caso I)KORTE,Die Chir.Krankh. u. d.Verl. d. Pancreas,1898, p.117, n." 112.— 1890 Laparotomia.Marsupiali -zação. Drenagemlombar.— Cura. Kisto do pancreas.HARTMANN. Congrbs franc<strong>de</strong> Chir., 1891,p. 618.abdo-Tumorminal.1890 Laparotomia.Incisão. Sutura.Drenagem.Morte.Kisto do pancreas.Núcleos cancerososno fígado.RICHARDSON. Bost. med. a.surg. Journal,1891, vol. 124.p. 111.Kisto do pancreas.1890 » Fistula. Morte por occlusãoKisto do pr.ncreas.intes-tinal.D. HAYESAGNESW.Univ. med. Magaz.,maio <strong>de</strong>1890, p. 169.— 1891 Laparotomia.Incisão. Sutura.— Cura. »PEARCEGOULD(caso II)Lancet, 1891,11. Tumor do pancreasp. 290.(?).1891 Laparotomia.Marsupialização.— »RYDYOIKII(Cracovie).KORTE.Die chir.Krankh. u. dV. d. Pancreas,1898, p. 118,n.° 93.Kisto do pancreasou dome8enterio.1891 » Fistula. »


11 »•SCHWARTZ. Sem.méd., 1893, Kisto retroperitonealou7 junho, p. 281.pancreatico.1891 Laparotomia.Incisão. Sutura.Drenagem.» »• .LLNDT(caso J)Hygiea, 1892. *— 1891 Laparotomia.M arsupialização.» » »*THOREN(caso 1).Eira, 1893, p.99.Kisto do pancreas.1891 Laparotomia,Marsupialização.Drenagem.•êbIIUKO.RlCHARDSONc. M I;NFOP.D.STAFFER. T)iss..Bonn, 1892.Bost. Med a. s.TRKKDEI.EN-Journ., 1892,vol. 126, p. 87.These? TUI.AS-NE, p. 136.VON IIACKKR. HERSCHE,Wien.Klin. Woeh.,1892, n." 51, p.727-730.—Kisto do ovário.18911891Laparotomia.Marsupialização.Laparotomia.Marsupialização.Drenagem.1891 Laparotomia.Marsupialização.Fistula. *»DD» » »ÇF«çs.S»«11 CSSi S- •A»SllIMTZI.KIt. Int. klin. Itundsch.,1893, n.° ploon.Kisto do epi-5.1891 Laparotomia.Resecçãoparcial dokisto. Marsupialização.» * »to


AutoresIndicaçõesbibliographicasDiagnostico Data Intervenção eflecluadaConsequenciasimmediatasConsequênciasafastadasObservaçõesVONESSEI.SBERQ.LAZARUS, Zeit. f.klin.Med.,p. 161.Kisto do pancreas.19Ó31891 Laparotomia.M a rsupialização.Drenagem.— Cura. Kisto dopancreas.abdo-HULKE. Lancet, 3 <strong>de</strong>z., Tumor1892, p. 1273, minal.Tliese TULASNEp. 134!1892 Laparotomia.Al a rsupialização.Morte.THOMBETTA. Are//, ed. atti d Kisto do baço. 1892 Laparotomia.Sanita ital. <strong>de</strong>Resecçãochir., 1892.parcial dokisto. Drenagem.Fistula. Cura. »SwAIN.V.DURAND, Tliese,1895, p. 98.Brit. med., 7,1893, I, p. 456.1892 Laparotomia.M ars upialização.Drenagem.» »ALBERT. Wien. Med.Pi eus., 21 nov.1892. (NIMIER,1893).1892 Laparotomialateral. Resecçãoparcialdo kisto.Drenagem.Fistula. » »KÕRTE(caso I).Die chir.Krankli. Kisto do pancreaB.u. Verl. d.d.1892 Laparotomia.Marsupiali-» » »


Pancreas,1898,p. 114 (caso I).zação.eMARTINMOKISONen-Edimb. med. ./., Peritonite1894, vol. 37, kistada.p. 35.Laparotomia.Marsupialização.Drenagem.LINDT.(caso II)Hygiea, 1892.Occlusão intestinal.Fistula.RLCHAKDTION.These BAS, Lyon,1897, p. 49.Laparotomia.Marsupialização.Morte.KOKTEWEG(Amsterdam)KÕKTE, lJie chir. Hérnia estrangulada(?).Krankh., d.Pancr., 1898, p.117 (n.« 85).Laparotomia.Marsupializaçào.Drenagem.Fistula.Cura.SCIIMID(Stettin)FLAISCHEN.KÍÍRTE(caso II).EMMF.T.Zeit. f. Geb. undGyneck., 1893,Bd.XXVlI,H.I, p. 93.DiechirKrankh.u. d. pancreas,1898, p. 115(caso II).GIFFEK,Med.Nevs., 1893,LXII, p. 626.SCFIAI.A, Dissert. Kisto do pancreas.Greipn., 1892.Hydronephroseou kisto dopancreas.Kisto do pancreas.Laparotomia.Incisão. Drenagem.


AutoresIndicaçõesbiblioyraphicasDiagnostico Data Intervenção realizadaConsequênciasim mediatasConsequênciasa ITastidasObserrarõpsMAYO. New York, Med.Record, 10 fev.1891.Kisto do pancreas.1893 Laparotomia,marsupializaçào.— Cura. Kisto do pancreas.CIICKTON. Tr. Clin. Soe.Lond.. 1893-94XXVII, 245-252.» 1893 Laparotomia.Incisão. Drenagem.» »abdo-RAVE. Ann., of Surg., Tumor1893.minal.1893 Laparotomia.M arsupializaçào.— B »DURANTE. Ital. chir. Cong.Rome, 1893.» 1893 » Morte. — »THICOMI. Buli. <strong>de</strong>lia clin..Milano, 1894.XI, p. 45.Kisto do pancreas.1893 » Fistula. Cura. »ASIIHORST. Med. Neirs,1894, Kisto hydaticovol. 64, p. 377. do figado.1893 Laparotomia.M arsupializaçào.Drenagem.» »GUSSENBAUER. Prag.med. Wocli. Kisto do pancreas.1894, n.» 2.1893 Laparotomia.Incisão. Drenagem.— » »


W E I R(caso II).Medicai Becord, Cholelithiase.23 <strong>de</strong>z. 1893, p.801.LaparotomiaCholecistotomia.Incisão.Drenagem.Morte.Kisto do pancreasCarcinoma da empola<strong>de</strong> Vater.GUSSENBAUER.abdo-Prag.med. Woch. Tumor18 jan. 1894, p. minal.27.LaparotomiaIncisão. Drenagem.Kisto do pancreas.LANSDOWN.FISCHER, Brit.m «/., 15 <strong>de</strong>z.1894.Cura.RICHARDSON.Bost. med. a.turg. Journ., 21março 1895.Kisto do pancreas.Laparotomia.Marsupialização.Drenagem.Fistula.KELLY.abdo-RAMSAY. Ann. of TumorSurg. <strong>de</strong>z.1895, minal.XXII, 771-776.HERMANN.Deut.milit. Zeits. Kisto do figado1895, H. 1. C,f. chir., 1895,n." 8.Eczema. Fistula.TOBINMed. Bress andCircular, 1895,17 julho.Occlusào intestinal.Laparotomia.Resecçãoparcial dokisto. Drenagem.f


—•taAutoresIndicaçõesbibliographicasDiagnostico Data lnterienção efectuadaConsequênciasiumiediatasConsequênciasafastadasObservações ]MALTHE(caso II).Congrès<strong>de</strong>s chir.du Nord, 1895(2 casos).HERCZEL. Pest. méd. chir.Presse, 1894, p.473. Urvostitlitolop.,1895, n.°37.Kisto do paneieas.RICHARD. Presse. Médicale Kisto hydatico1895, p. 254. do baço.1895 Laparotomia.Incisão. Drenagem.— Cura. Kisto do pancreas.1895 » »1895 Laparotomia.M arsupializaçâo.TURNER. 1 IOLMES, Brit. Occlusào intestinal.med. ./,, 1895,p. 68.1895 Laparotomia.Marsupialização. Drenagem.Fistula. » »» »O'aacusCà(O


MIKILICZ(caso II).TILLAUX.THOREN(A. V.)(caso II).TAKAYASUÍM.).Inaug. Dias.,Breslau, 1898.ITULASNE, These, Kisto hydaticoParis, 1899, do figado (?)TraiU <strong>de</strong> chir.,\ t. II, n.° 171.IHygiea, l k 96,LVIII, p. 315.18951895 (?)1896Laparotomia.Kesscçàoparcial dokisto. Drenagem.Fistula.MIKILICZ(caso III).TAKAYASU (M.). Tumor retroperitoneai.Diss. Inaug.,Breslau, 1898.1896Laparotomia.Resecçâoparcial dokisto. Marsupialização.Fistula.Cura.HILKE.Uugar. med. Kisto do pancreas.Presse, 1897, IIp. 1047.1897Laparotomia.Incisão.ALBAN,DOHAN.abdo-Brit. Med. ./., Tumor18 <strong>de</strong>z. 1897, minal.II, p. 1779.1897Laparotomia.Incisão. Drenagem.»VALLASCADE et JOUR- Tumor da pare<strong>de</strong>abdomi-DA.NET, Prov.médica! e, 1898, nal.p. 129.1897Laparotomia.Marsupializaçào.Morte.


AutoresIndicaçõeslilliliugra|ihicasDiagnostico Data Intervenção realizadaConsequênciasMediatasConsequênciasafastadasObservaçõesEAGLESON! (J.-B.).J. Am. Mexi. As. Tumor do rim. 1897 Laparotomia.1899, p. 1588-Marsupializaçào.1589.Dre-nagem.— Cura. Kisto do pancreas.RANDALL. Lancet, Lond.,1898, II, p.170-2.— 1898 Laparotomia.Incisão. Drenagem.— » »JABOULAV. PAI.ASSK, IAJOUMéd., 1903, p.296.Kisto do pancreas(?).1898 Laparotomia.Marsupialização.— » 0MIKCI.ICZ(caso IV).Kisto do pancreas.TAKAYASII, Diss.lnaug., 1898.1898 Laparotomia.Incisão.— » »PAYR (E.). Wiener Klin.Wocli., 1898,XI, 629-634.» »» 1898 Laparotomia.Marsupializaçào.Cholelithiase. 1898 Laparatomia.KNIATKOWSKI. LAZARUS, Zeitf.klin.med., 1903,Marsupializaçâo.p. 162.Dre-nagem.Fistula. » »GANGOLPBE(caso I).BERTRAND, theseLyon, 1901, p.68-70.Kisto do baço. 1898 Laparotomialateral. Marsupializaçao.» » 1>


MORESTIN.TULASNE, theseParis, 1899, p.53.Kisto hydaticodo figado.1898Laparotomia.Marsupialização.Drenagem.GANGOLPHE(caso II).BERTRAND, theseLyon, 1901. p.67-68.Hydronephrose.1899LaparotomiaMarsupialização.BKRARD(caso I).Soe. <strong>de</strong>s Sc. méd. Kisto do [pâncreas.<strong>de</strong> Lyon, 1899,20 <strong>de</strong>z. J.yonmedicai, 191)0,p. 94.1899POLLARD(casos I, II,III).Brit. Med. J., i casos.1899, I, 594-596.18993 laparotomiasseguidas<strong>de</strong> marsupialização.VN.r.AR Arcli. prov. <strong>de</strong>(<strong>de</strong> Bor<strong>de</strong>aux) chirurg., Paris,1904, p. 428.Kisto do pancreasou kistohydatico do ligado.1899Laparotomia.Marsupialização.Drenagem.Cura.DELAGENIÈRF.(H.).Buli. et mém. Kisto do pancreas.Soe. <strong>de</strong> chir.,Paris, 1900, p.227-232; Ar eh.prov. d;> Chir.,1900, n." 7.1899Fistula.to«o


AutoresIndicaçõesliibliograpliicasDiagnosticoDalaIntervençãorealizadaConsequênciasimmedialasConsequênciasafastadasObservaçõesBESSEL-HAOEN.Verli. d. <strong>de</strong>ut. Kisto do pancreas.Gesell. f. chir.,1900, 683-695.1900 Laparotomia.Incisão atravésdo estomago.Marsupialização.Drenagem.Cura.Kisto do pancreas.MICHAUX. Conyres intern.<strong>de</strong> méd. sect.chir., 1900, p.214.1900 Cholecistectomia.Incisãodo kisto.> »abdo-IsBAEI.. Deut med.Woch. Tumor1900, n.° 22. minal.BERTRAND, theseLyon. 1901,p. 71.1900 Laparotomia.Marsupialização.Fistula. u »RICHARD. Soe. chir., Paris,1902, p. 102.— Resecção parcialdo kisto.Marsupialização.» Morte algunsannos <strong>de</strong>poispor generalização.»RICHELOT. Soe. chir., Paris, Kisto do pancreas.1902, p. 101.1900 Laparotomia.Incisão transmesocolica.Drenagem.— Cura. »


LABRÉ. Soe. chir., Paris.1902, p. 102.BEUTRAND, theseLyon, 1901, p.78.6H ICE LAMI LA,Spitalul, 1901,p. 108-112.Clin. chir., 1903.p. 800.Soe. chir., Paris,29 jan. 1902,p. 98.Soe. chir., Paris,1902, p. 102.Ann. gyn. a ped.Bost.,1902,237-341.Am. gyn. a. ped.Bost., 1903, p.14.Hy dronephroseou kisto dacauda do pancreas.Kisto do rimou do figado.Kisto do pancreas.Kisto da cabeçado pancreas.Kisto do pancreas.Laparotomia.Resecçãoparcial dokisto. Marsupialização.Laparotomia.Marsupialização.Drenagem.Laparotomia.Marsupialização.Laparotomia.Resecçãoparcial dokisto. Marsupialização.Laparotomia.Marsupialização.uLaparotomia.Incisão. Drenagem.Laparotomia.M arsupialização.Drenagem.Fistula. 'Fistula.Fistula.


Au LoresIndicaçõesbililiojiraphicasDiagnostico Data Intervenção efectuadaConsequenaiasiRiniediatasConsequênciasafastadasObservaçõesJEANNEL. Arcli. mid. <strong>de</strong> Hydronephrose.Toulouse, 1903.1902 L aparotomia.Marsupialização.Drenagem.— Cura. Kisto do pancreas.LAZARUS(caso 1)Zeit. f. klin. Tumor do abdómen.Med., 1903, p.220 (caso II).1903 Laparotomia.Drenagem.Morte. — »LAZARUS(caso 11).Cura. »LAZARUS(caso 111).LAZARUS(caso IV).LAZARUS(caso V).LAZARUS(caso VI).Id. (caso VI). » 1903 » Morte. — »Id. (caso III). » 1903 Laparatomia.M arsupializaçâo.Drenagem.Id. (caso VIII). Tumor retroperitoneal.Id. (caso IX).Id. (caso X). Tumor retroperitoneal.BROWN. Lancet, Lond., Kisto pancreatico.1904, II, p. 449.1903 Laparotomia.Drenagem.Tumor do abdómen.1903 Laparotomia.Marsupialização.Drenagem.— Cura. »1903 Laparotomia.Incisão. Drenagem.Ictericia.Cholecisto-enterostomia.» »D »1903 n — » »


j NEUMANN. Réun. libre chir.Bertia, 13 jun.11)04.Pyonephrose. 1904 Laparotomia.Marsupializaçào.Drenagemlombar.» »KN OTT(V.-B.).Lancet clinic,Cine., 1904, n.s, p. 627-630,Presse mr.dic.,1904, p. 773, 3<strong>de</strong>z.1904 Laparotomia.Hesecçãoparcial dokisto. Drenagem.» »KNOTT(V-B.).abdo-Lancet, clinic, Tumor1904, p. 627. minal.Presse médic.,1904, p. 773.1904 » Ui MIKLT.ICZ(casos V, VI,1 VII, VIII).SCHLESINGE R, 4 easos, 4 kistosdo pan-Les indic. dosinterv. chirnrg. creas.1905, t. II, p.119. LICHWITZetSABRAZKS.1905 4 laparotomiascommarsupialização.D »ExtirpaçãototalBOZEMANN. N.Y. med. liec.,1882, XXII, 14jan. p. 46.Kisto do ovário.1881 Extirpação dokisto.— Cura. Kisto da cauda dopancreas.BILLROTH. SAI.ZER, Zeitsf. Heilk., 1886,VII, p. 11.» 1885 » Morte. — Kisto do corpo eda cauda do pancreas.


AutoresIndicaçõesliitiliograpliicasDiagnostico Data Interrenção efectuadaConsequênciasimmedfatasConsequênciasafastadasOli serraçõesKisto do ovário.RIEDEL. Ar eh. f. ldin.Chir., ' 1885,XXXII, p. 994.1885 Extirpação dokisto.Morte. — Kisto do pancreas.A. MARTIN. Virchow'» Archivf. palhAnat., lid. 120,1890. TheseTULASNE, p.124.» 1889 » Cura. aKOSINSKI. Lancet, 1891, 25 Kisto do pancreas.abril, p. 948.1891 » — D »ALBERT. SCHNITZLER, Int.klin. Kvndsch.,1893, n." 5.» 1891 » — » »MIKULICZtcaso 1)ScHRCEDER, Dis.Breslau, 1892(NIMIKR, 1893,p. 773).» 1891 Extirpação dokisto.»VAN KLEEF. DEWILOT Wech Hydronephrose.v. h. Ne<strong>de</strong>rl.Fijad. v. Gencesk.,1892, n.5.1892 Extirpaçãopor via lombar.» U


Parte therapeutica 25a a a a a a


totoos.AutoresIndicaçõesbibling raphicasDiagnostico Data Intervenção efectuadaConsequênciasim mediatasConsequênciasafastadasOlisenaçõesCovg. <strong>de</strong>s chir. Kisto do pancreas.1895 E x tirpaçào— Cura. lvisto do pancreas.MAI.THE(CHSO II). du Nord, 1895.total.o » » »1898 — MALCOLM. Lancet, 1, 1898.p. 279.KEII.BER. Wien.»» 1999 u — »ALBERT.lclin. Woeh.,1899, n. 29.aaso-ia«L3abdo-ISRAEL. Deut. med. Woeh Tumor1900. n.» 22, minal.BERTRAND, theseLyon, 1901,p. 70.1900 u »! CARTHEDGE. Ann.Gyn.el Ped. Kisto do pancreas.1903, p. 14.1902 li — u »MALCOLM. Lancet, 1902, 1,p. 588.MARIANI. Clin. chir., 1903,p. 810.» 1902 » — » »m 1903 » — » »


DUMING(L.-H.).Am. J. of Obst.,1905, p. 101.SABIUZÉS e Li-Hydronephrose.LAZARUS.Zeit.f. klin.med Tumor kistico1903, p. 220 do abdómen.(caso VII).MIKULICZ(caso II).^itation in Sch.Les ind. d. inter.chir., tr. fr.CHTWITZ, 1905,t. II, p. 119.Kisto do pancreas.ats»to


228 O pancreas em cirurgiaOs kistos hydaticos do pancreas po<strong>de</strong>m ser tratadospelos processos applicados aos kistos glandulares.Po<strong>de</strong>r-se-ha todavia recorrer também ás injecções<strong>de</strong> formol aconselhadas por QUÉNU no tratamento doskistos hydaticos do figado.A technica a seguir será então a seguinte : laparotomialateral ou mediana; puncção e evacuação dokisto; injecção intra-kistica <strong>de</strong> formol a V incisãoda pare<strong>de</strong> do kisto; extirpação da membrana fértil,sutura e drenagem.


Kistos bydaticos do pancreasAutoresIndicaçõeshihliograptiicasDiagnosticaDatalntenençãorealizadaConsequênciasimmediatasConsequênciasafastadasObservaçõesPKAN. Leçons <strong>de</strong> cliniquecliirurgica-do inesenterio.Tumor liquidole, Paris, 1886,p. 11,5.RICARD. Soe. Chir., Paris,29 janeiro,1902, p. 1021883 Resecçàoparciai do kisto.Marsupialização.1883. Resecçãoparcialdo kisto.Marsupialização.Fistula. Cura. Kisto hydatico dopancreas.Cura. »VILLAR(Bor<strong>de</strong>aux).Journal <strong>de</strong> méd Kisto liydatico<strong>de</strong> Bor<strong>de</strong>aux, do baço.1903, n.°" 10 e11,8-15 março.1902. Esplenectomia.Puncçãodo kisto. Sutura.Cura.DMOKROWSKY.Rune,ilíed.Rendal.Berlin, do pancreas.Kisto hydatico1904, p. 655-060.1904. Incisão dokisto. Sutura.»JONNKSCO(Bucarest).abdo-Soch. chir., Bucarest,17 nov., minal.Tumor1904, Zeit. ./.Chir., n.° 19,1905, p. 536.1904. Incisão dokisto. Sutura.Icterícia. Cura. »


AutoresIndicaçõesbibliographicasDiagnostico Dali Intervenção realizadaConsequênciasimmediatasConsequênciasafastadasObservaçõesHILDEBRAND.Correspond. TumorBlattf.Scliweiz. minai.Aerzte. 1904,Aug. 15, n." 16,abdo1904. Extirpação dokisto.Kisto hydatico dopancreas.p. 539, th. LA-ZARSASOVER,Bucarest, 1905.


Parte therapeutica 231b) Tratamento dos tumores solidosO tratamento cirúrgico dos tumores solidos do pancreaspô<strong>de</strong> ser radical ou palliativo.Os methodos operatorios radicaes a que se temrecorrido são a pancreatectomia parcial, a pancreatectomiatotal e a duo<strong>de</strong>no-pancreatectomia.A pancreatectomia parcial, applicada aos tumoresbenignos ou aos tumores malignos que não inva<strong>de</strong>m atotalida<strong>de</strong> da glandula, foi executada pela primeiravez por TRENDELENBURG (1882) num caso <strong>de</strong> sarcomada cauda do pancreas.De execução relativamente simples quando se applicaaos tumores localizados na cauda ou no corpo daglandula — pancreatectomia caudal ou media—, éextremamente difficil quando o tumor attinge a cabeça— pancreatectomia ccphalica.A pancreatectomia caudal realiza-se fazendo, successivamente,a laparotomia mediana, a secção do epiploongastro-colico e do peritoneo parietal posterior,a <strong>de</strong>struição das adherencias que ligam o tumor aosorgãos vizinhos, a dissecção cuidadosa das artériasesplenica e pancreatica inferior (1), a secção da glandulana região correspon<strong>de</strong>nte á união do corpo com(1) São as artérias esplenica e pancreatica inferior queasseguram a vitalida<strong>de</strong> do baço. A sua conservação é pois <strong>de</strong>toda a utilida<strong>de</strong>. Mas, se a existencia <strong>de</strong> adherencias peri-pancreaticasextensas e irreductiveis tornar a sua dissecção impossível,não se <strong>de</strong>verá hesitar em as laquear; a circulaçãoesplenica far-se ha então pelas anastoinoses dos vasos curtoscom a coronaria estoniachica e a vitalida<strong>de</strong> do baço não serágran<strong>de</strong>mente prejudicada.


232 O pancreas em cirurgiaa cauda (1), a secção do ligamento pancreatico-esplenico,a sutura da solução <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> pancreatica,do folheto peritoneal parietal posterior e da pare<strong>de</strong>abdominal e, por ultimo, a drenagem.A technica da pancreatectomia media é sensivelmenteanaloga á da pancreatectomia caudal. Á secçãoda região pancreatica situada entre o corpo e a caudajuntar-se ha unicamente a secção do isthmo. É necessáriotodavia ter cuidado em não ferir a aorta ou oplexo solar que estão em relação directa com a faceposterior do corpo da glandnla.A pa?icreatecto?nia cephalica é, pela situação profundada cabeça do pancreas e pelas intimas relaçõesque a ligam ao choledoco, á veia porta, á aorta, aosvasos colicos e ao plexo celiaco, incomparavelmentemais difficil <strong>de</strong> executar do que as pancreatectomiascaudal e media.VILLAR <strong>de</strong>screve duas varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pancreatectomiacephalica : a pancreatectomia cephalica parcial,applicavel aos tumores benignos facilmente enucleaveis; e a pancreatectomia cephalica total, recommendadanos casos <strong>de</strong> tumores malignos ou <strong>de</strong> tumores benignosoccupando a totalida<strong>de</strong> da cabeça da glandula.Na pancrcatcctomia cephalica parcial faz-se a simplesenucleação do tumor e do tecido pancreatico que oenvolve, tendo o cuidado <strong>de</strong> poupar o canal <strong>de</strong> WIR-SUNG e o canal choledoco.(1) Se o tumor for benigno e nitidamente limitado, po<strong>de</strong>rse-hatentar a simples enucleação, poupando assim o tecidopancreatico. Se porém se tratar dum tumor maligno é necessárioextirpar também o tecido pancreatico situado em tornodo tumor.


233Se um <strong>de</strong>stes canaes for seccionado, praticar-se-hauma simples sutura se a secção tiver sido incompleta,e uma anastomose bilio-intestinal ou pancreatico-intestinalse a secção tiver sido completa.A pancreatectomia cephalica total é, pelas intimasrelações existentes entre a cabeça do pancreas e oduo<strong>de</strong>no, praticamente irrealisavel. A extirpação totalda cabeça da glandula pancreatica tem como consequêncianecessaria a secção das artérias pancreaticoduo<strong>de</strong>naese gastro-epiploica direita. A nutrição doduo<strong>de</strong>no ficará portanto compromettida e o resultadofatal será a gangrena.O <strong>de</strong>scollamento pancreato-duo<strong>de</strong>nal, necessário paraa extirpação da cabeça da glandula, dará tambémlogar a lesões traumaticas graves do duo<strong>de</strong>no.A pancreatectomia cephalica total é pois impraticável,a não ser que se faça também a extirpação doduo<strong>de</strong>no.Esta duo<strong>de</strong>no-pancreatectomia cephalica, aconselhadapor SAUVÉ, tem ainda a justificá-la o facto do cancroda cabeça do pancreas invadir, na maioria doscasos, o duo<strong>de</strong>no e os ganglios peri-duo<strong>de</strong>naes.Des<strong>de</strong> que se pense portanto em praticar uma operaçãoradical, completa, é necessário não hesitar emfazer uma duo<strong>de</strong>no pancreatectomia, poisque só ellapo<strong>de</strong>rá evitar os inconvenientes resultantes da falta<strong>de</strong> nutrição, dos traumatismos do duo<strong>de</strong>no e da reproducçãodo neoplasma.Um dos maiores argumentos que se tem apresentadocontra esta operação é o facto <strong>de</strong> supprimir o escoamentoduo<strong>de</strong>nal do succo glandular e, portanto, <strong>de</strong>privar o organismo da digestão pancreatica.Tal facto não me parece todavia sufficiente para


234 O pancreas em cirurgiarejeitar a duo<strong>de</strong>no-pancreatectomia, poisque a falta <strong>de</strong>digestão pancreatica não occasiona perturbações organicasirremediáveis.A pt} r alina, os fermentos intestinaes proteolyticos ea lipase gastrica substituem, com effeito, até certoponto, os fermentos pancreáticos. A digestão dos albuminói<strong>de</strong>s,das gorduras e das substancias amilaceasserá incompleta, é certo, mas entre uma digestãoincompleta ou <strong>de</strong>feituosa compatível com a vida dodoente e uma reproducção do neoplasma não <strong>de</strong>veráhaver hesitações.É pois á duo<strong>de</strong>no-pancreatectomia cephalica que se<strong>de</strong>verá recorrer sempre que se <strong>de</strong>seje fazer o tratamentoradical do cancro da cabeça do pancreas.Em artigo publicado em 1908, SAUVÉ <strong>de</strong>screve minuciosamentea technica <strong>de</strong>sta operação.Depois <strong>de</strong> abrir a cavida<strong>de</strong> abdominal por uma incisãomediana ou lateral, explora-se a região pancreatoduo<strong>de</strong>nal.Laqueiam-se as artérias pylorica e gastroduo<strong>de</strong>nal;secciona-se em seguida o pyloro e sutura-sea solução <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> superior resultante <strong>de</strong>stasecção.Faz-se, no peritoneo parietal posterior, uma incisãoparallela ao bordo externo da segunda porção doduo<strong>de</strong>no e que, partindo da região correspon<strong>de</strong>nte aopequeno epiploon vá terminar na inserção do mesocolontransverso. Introduz-se a mão pela solução <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong>peritoneal assim constituída e, seguindo alamina <strong>de</strong> TREITZ, <strong>de</strong>scolla-se completamente o duo<strong>de</strong>noe a cabeça do pancreas dos orgãos retro-peritoneaes.Separa-se então a face anterior do duo<strong>de</strong>no e dopancreas do peritoneo parietal posterior. Laqueiam-se


Parte therapeutica 235os dois ramos da artéria pancreatico-duo<strong>de</strong>nal esquerdae secciona-se a terceira porção do duo<strong>de</strong>no, na regiãocorrespon<strong>de</strong>nte aos vasos mesentericos superiores;sutura-se a solução <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> do topo intestinalesquerdo resultante <strong>de</strong>sta secção e <strong>de</strong>scolla-se o pancreasdos vasos mesentericos.Secciona-se o pancreas na região correspon<strong>de</strong>nte aoisthmo e termina-se a operação pela enucleação doduo<strong>de</strong>no-pancreas já completamente libertado das suasadherencias normaes, pela secção da extremida<strong>de</strong> inferiordo choledoco e pela anastomose choledoco-intestinalou choledoco-gastrica.Se o calibre do choledoco não permittir a choledoenterostomiaou a choledoco-gastrostomia, praticar-sehaentão a cholecisto-enterostomia ou a cholecistogastrostomia.Para restabelecer o curso das substancias alimentares<strong>de</strong>ver-se-ha também praticar uma gastro-enterostomia.SAUVÉ executa esta operação alguns diasantes da duo<strong>de</strong>no-pancreatectomia.A extirpação total do pancreas —pancreatectomiatotal —, indicada quando os tumores attingem a totalida<strong>de</strong>da glandula, é physiologicamente impraticável,poisque a perda completa <strong>de</strong> secreção pancreaticainterna produz perturbações rapidamente mortaes.Basta, todavia, <strong>de</strong>ixar na cavida<strong>de</strong> abdominal umapequena porção <strong>de</strong> tecido pancreatico para que aregeneração glandular ulterior evite o apparecimento<strong>de</strong> taes perturbações. Foi o que certamente aconteceucom o caso referido por BILLROTH e em que a extirpaçãodo pancreas foi seguida <strong>de</strong> cura completa.Á semelhança do que acontece com a pancreatectomiacephalica total, a pancreatectomia total <strong>de</strong>ve


236 O pancreas em cirurgiaacompanhar-se <strong>de</strong> duo<strong>de</strong>nectomia. Evitar-se-hão assimos inconvenientes que possam resultar dos traumatismosoperatorios do duo<strong>de</strong>no e da falta <strong>de</strong> circulaçãoduo<strong>de</strong>nal.A technica a seguir po<strong>de</strong> assim resumir-se: laparotomiamediana ou lateral; secção do peritoneo parietalposterior; secção do pyloro e sutura do topo superior; <strong>de</strong>scollamento completo do duo<strong>de</strong>no-pancreas;secção do ligamento pancreato-esplenico; laqueaçãodas artérias esplenica, pancreatica inferior e pancreatico-duo<strong>de</strong>naes;secção da terceira porção do duo<strong>de</strong>noe sutura do topo intestinal esquerdo; secção do choledoco; enucleação do duo<strong>de</strong>no-pancreas; gastro-enterostomiae choledoco-enterostomia ou cholecisto-enterostomia.Quando se julgarem impraticáveis as intervençõesradicaes, recorrer-se-ha ás operações palliativas.Se o tumor tiver occasionado uma estenose intestinalaccentuada praticar-se-ha uma gcistro-enterosto7nia.Se existir estase biliar é á choledoco-enterostomia ouá cholecisto-entcrostomia que se <strong>de</strong>verá recorrer.A estase pancreatica po<strong>de</strong>rá tratar-se por umaj9«?iereatico-enterostomia.Estes differentes processos teem, em regra, comoconsequência immediata uma melhora consi<strong>de</strong>rável dodoente. Infelizmente, porém, os progressos incessantesdo neoplasma não tardarão a <strong>de</strong>struir por completoos benefícios resultantes da intervenção realizada.


Tumores solido*a) panoreatectomias paroiaesAutoresIndicaçõesbibliograpbicasDiagnostico Data Intervenção realizadaConsequênciasimmediatasConsequênciasafastadasObservaçõesA. PETIT. Maladies du cceur,Lyon, 1800,p. 307, cité parCLAF.SSEN,KÕR-TE (1898), CEC-CHERELLI(190J).Hérnia do estomagoe docolon, com tumordo pancreas(?).1806. Extirpação dotumor.BURG.TRENDELEN-WITZEL, Deut. Tumor retroperitoneal.Zeit. f. Chir.,1886, Bd. 24,p. 326.1882. Laparotomi alateral. Extirpaçãodoneoplasina.— Morte alguns Sarcoma da caudamezes <strong>de</strong>pois. do pancreas.RUGGI. Giorn. int. <strong>de</strong>i. Sarcoma retroperitoneal.Sc. med., Napoli,exii,1890, p. 81-90.1889. Extirpação dotumor.— Cura. Sarcoma da cabeçado pancreas.BRIGSS. St-Louis med. Sarcom aa. surg. Journ..1890,'t. LV1II,p. 154-155.dacauda do pancreas.1890. Extirpação. — Cura. —


AutoresIndicaçõesbibliograpbicasDiagnosticoDataIntervençãorealizadaConsequênciasiinniediatasConsequênciasafastadasObservaçõesROUTIER. Hull. Soe. Chir.Paris, 1892, 22junho, p. 4U2.— 1892. Enucleaçãopor viatransmesocoliea.Morte. — Lympho - sarcomada cauda do pancreas.TERRIER. NIMIER, Chir. dupancréas, ltev.<strong>de</strong> Chir., 1893,p. 106.Kisto do pancreas.1892. Extirpação. Morte. — Epithelioma kistico da cabeçado pancreas.BIONDI. Clinica Cliirurgica,1896,131-145.Tumor do pan •ereas.1894. Extirpação dacabeça dopancreas.— Cura. Fibro-a<strong>de</strong>noma dacabeça do pancreas.KHONLEIN. Beitz. z. Chir.,1895, XIV, 4,3.Berl. klin. Woeh.,1895, p.489.Cancro do estomago.1894. Extirpação. Morte. — Sarcoma da cabeçado pancreas.MALTIIE. GADE, Heit. a.Scrift f. Steberg,Kristiania,1895.Cancro do pancreas.1894. Pancreatectomiacaudal.— Cura. Carcinoma dacauda do pancreas.


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) Panoreatectomias parciaes accessoriasAutoresIndicaçõesbibliograpbicasDiagnosticoDataInlcncnçioefectuadaConsei[UrneiasimmedialasConsequênciasafastadasObservaçõesEstenose pylorica.BERNS. Walb. vau hetNe<strong>de</strong>rl. Tydsch.v Geneslcun<strong>de</strong>,1881, n° 21.Thèse MURRIÉ,Paris, 1883.Pyloreetomiae pancreatectomiacephalicaemedia.Morte.Cancro do pyloro.JlIRlÉ. Wiener med.Woch., 1881,u. 0 23. ThèseMURRIÉ, Paris.1883.1881. Pyloreetomiae pancreatectomiacephalicaparcial.Morte.Cancro do pyloio.Tumor epigastrico.LUCKE. L E D D E R H O S E .Deut. Zeit. furChir., '1'. 16,fase. 3-4, 1882.Thèse MURRIÉ.Paris, 1883.1881. Pyloreetomiac pancreatectomiaparcial.Morte.Cancro do pyloro.Estenose pylorica.RYDYGIER. Berl. klin.Woch, 1883,n.° 3.•1881. Pyloreetomiae pancreatectomiaparcial.LANQENBEK. Congrèa <strong>de</strong> — . — Pytorectomm Morte.Cura. Ulcera pyloricacom invasão inflamatoria, da cabeçddo pancreas.* I


GCSSENBAUER. C ongris <strong>de</strong>Chir., Berlin,1882.Pylorectomiae pancreatectomia parcial.Tumor esplenicoPOSTEM PSKI. Buli. <strong>de</strong> V Acad.royale méd. (?).<strong>de</strong>Home, 1893,fase. I, p. 534.ScHWYZER. NORTIIW, Lancet, Cancro do pancreas.junho, 1899.RLUAKI). Soe. <strong>de</strong> Chir., Cancro do pancreas.Paris, junho,1899.Chir., Berlin, e pancreate-1882. ctomia parcial.1893. Extirpação dotumor e pancreatectoiniacaudal.1899. Resecção docolon e pancreatectomi»parcial.1899. Gastreetoiniatotal e pancreateetomiaparcial.Morte.Cura.Esplenite chronica,com invasãoda cauda do pancreas.Cancro do colon e;do pancreas.Cura. Cancro do pan- !creas e do estomago.BU.LROTH. SEHN, The sur- Cancro do esto- 1899. Pylorectomia — Cura. Cancro do pyloro.gery of pan- mago. e pancreatecreas,p. 119. ctomia c e -phalica parcial.BII.I.ROTIÍ. SKNN, The surgeryof pancreas,p. 119.Tumor do baço.1899. Esp 1 enectomiae pancreatectomiacaudal.MONPHOFIT. Gazette mé.dica- Tumor abdo- 1904. Espl enecto- Cura. Kisto do corpo <strong>de</strong>le. Paris, 1904, minal. mia e pan ••\Volft.13s.,IV,p. 121- ereatectomia :123. parcial.|Cura.


c) Panoreatectomias totaesAutoresindicaçõesliililiographicasDiagnostico Data tntervençài ellectuadaConsequênciasimmediatasConsequênciasafastadasObservaçõesCancro do pancreas.Congres inter.it/iíd.,sect.chir.,1900.BII.LROTH. MAYO ROBSON,— Pancreatectomiatotal.— Cura. —FBANKE. Arcli. f. kl. Chir.,Berlin, 1901, p.364-392.Cancro do pancreas.1901. Pancreatectomiatotal.Cura.Morte 5 mezes <strong>de</strong>poispor generalizaçãodo tumor.d) Duo<strong>de</strong>no-pancreatectomiasCoDIVILLA. Rend. stat. vez. Cancro do pancreas.Chir. osp. d.Imala, 1898.1898. Duo<strong>de</strong>no-pancreatectomiacephalica.Gastro-entero 8 tom i a .Cholecistoenterostomia.Morte. Cancro do pancreascom invasãoduo<strong>de</strong>nal.


e) Operações palliativasOperadores Indicações bibliographicas Diagnostico Data lutervenção efectuada ConsequênciasTERRIEB. Revue<strong>de</strong> Cirurgie,1896,p. 185.Cancro do pancreascom obstrucção docholedoco.18.15. Cholecisto-gastrostomia.Morte passados 10mezes.C'H. MONOD. Buli. <strong>de</strong> Soe. <strong>de</strong> Chir.,Paris, 1896, p. 546.LEJARS. Thèse PERRIN, LyoD,1902.» 1896. Cholecisto- gastrostomiacom o botão <strong>de</strong>MURPHY.» 1896. Cholecisto- gastrostomia.Morte passados 2dias.Morte passados 7dias.QUÉNU.Thèse LOISELET, Paris,i>-99.» 1897. Cholecisto- gastrostomia.Morte passados 3mezes.JABOVLAY. Thèse PERRIN, Lyon.1902.DICHAMP. Loire médieale, 15 <strong>de</strong>junho, 1899.JABOULAY. Thèse PERRIN, Lyon,1902.LEJARS. Thèse PERRIN, Lyon,1902.u 1898. Cholecisto-gastrostomia.» 1899. Cholecisto- gastrostomia.» 1899. Cholecisto-gastrostomia.» 1900. Cholecisto- gastrostomia.Morte passados 14mezes.Morte passados 13mezes.Morte passados 4mezes.Morte passadas 24horas.


Operadoros Indicações liililiographicas Diagnostico Da ti InleiTenção etTectuaila Consequências!JABOULAY.Thèse PERRIN, Lvon, Cancro do pancreas1902.com obstrucçào docholedoco.1900. Cholecisto- gastrostomiacom o botão <strong>de</strong>JABOULAY.Morte passados 4mezes.KBCMM. Miinch. medicin. Woch.,21 <strong>de</strong> maio, 1901.JABOULAY. Thèse PERRIN, Lyon,19(2.» 1900. Cholecisto- gastrostomia.1900. Cholecisto-gastrostomia com o botão <strong>de</strong>JABOULAY.Morte passadas 7semanas.Morte passados 2|dias.


Parte therapeutica 245Tratamento das fistulas pancreaticasAs fistulas pancreaticas externas, únicas <strong>de</strong> que meoccupo, curam por vezes espontaneamente. Casos hatodavia que reclamam uma intervencção cirúrgica (1).Alguns autores aconselham a cauterização do trajectofistuloso feita com o thermocauterio ou cominjecções intra-fistulares <strong>de</strong> líquidos cáusticos.KEHR recorreu, num caso, á resecção total do trajectofistuloso.WEIR preconisa a anastomose da fistula com o intestino.LERICHE e ARNAUD aconselham a cholecisto-jejunostomiaque, diminuindo a activida<strong>de</strong> secretora do pancreaspela suppressão do principal reflexo que presi<strong>de</strong>á excreção do succo pancreatico — a presença <strong>de</strong> bilisno duo<strong>de</strong>no — auxiliará po<strong>de</strong>rosamente a cura da fistula.(1) Fundando-se no facto da secreção pancreatica externaser tanto mais activa quanto maior fôr o grau <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>z comque o chymo penetra no intestino, WOIILGEMUTH aconselhaa administração <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s doses <strong>de</strong> substancias alcalinas.Tal processo, a que se po<strong>de</strong>rá sempre recorrer, tem dadotodavia insignificantes resultados.17


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Í N D I C Epartçn n n j o m c nAnatomia do pancreasPag.Cabeça do pancreas 1Corpo do pancreas 4Cauda do pancreas 6Canaes excretores do pancreas 7Vasos do pancreas 9Nervos do pancreas 11PFÍRTe CLIMICftAffecções cirúrgicas do pancreasPancreas annular 14Deslocamentos pancreáticos 17Traumatismos do pancreas 19Contusões e rupturas »Feridas 21Hematomas 23Kistos traumaticos 26Hérnias traumaticas 27Pancreatites 29Tuberculose do pancreas 89Cálculos pancreáticos 91Tumores do pancreas 93a) Kistos »b) Tumores solidos 102Fistulas pancreaticas 115


252 O pancréas em cirurgiaP H R T Ç T I I E R N P E U N C N .Tratamento cirúrgico das affecções do pancréasPag.Tratamento do pancréas annular .. 126Tratamento dos <strong>de</strong>slocamentos pancreáticos 127Tratamento das lesões traumaticas do pancréas 128Tratamento das pancreatites 146a) Pancreatites agudas e subagudas »b) Pancreatites chronicas 172Tratamento da tuberculose do pancréas 193Tratamento dos cálculos do pancréas »Tratamento dos tumores do pancréas 200a) Tratamento dos kistos »b) Tratamento dos tumores solidos 231Tratamento das fistulas pancreaticas 245Bibliographia 247

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