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MONITORAMENTO DE QUANTIDADE E QUALIDADE DA ÁGUA ESENSORIAMENTO REMOTOEvlyn Márcia Leão <strong>de</strong> Moraes NovoRESUMO--- O objetivo <strong>de</strong>sse artigo é <strong>de</strong>monstrar, a partir <strong>de</strong> exemplos, como a tecnologia <strong>de</strong>sensoriamento remoto dos atuais Sistemas <strong>de</strong> Observação <strong>da</strong> Terra po<strong>de</strong> <strong>da</strong>r suporte à produção <strong>de</strong>informações quantitativas e qualitativas sobre a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> e quali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos recursos hídricos. Além<strong>da</strong> avaliação <strong>da</strong> tecnologia disponível faz-se, também uma prospecção dos sistemas projetados paraa próxima déca<strong>da</strong>, e sua provável contribuição para a gestão dos recursos hídricos. Para atingir aesse objetivo o texto focaliza os seguintes aspectos: 1) conceitos fun<strong>da</strong>mentais <strong>de</strong> sensoriamentoremoto, indispensáveis à compreensão <strong>da</strong> tecnologia e <strong>de</strong> suas limitações; 2) uma breve revisão <strong>da</strong>sinformações relevantes ao manejo dos recursos hídricos no tocante à quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> e quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e aslacunas passíveis <strong>de</strong> serem preenchi<strong>da</strong>s por sistemas <strong>de</strong> observação terrestre; 3) exemplos <strong>de</strong>aplicação <strong>de</strong> sistemas operacionais <strong>de</strong> sensoriamento remoto na extração <strong>de</strong> informações relevantesao manejo <strong>de</strong> recursos hídricos, com ênfase em estudos realizados no Brasil; 4) perspectivas futuras<strong>de</strong> aplicações <strong>de</strong> sensoriamento remoto ao manejo à gestão <strong>de</strong> recursos hídricos. .ABSTRACT--- The objective of this paper is to <strong>de</strong>monstrate the present capabilities remotesensing technology of Earth observation systems for quantitative and qualitative estimates ofparameters contributing to the assessment of the quantity and quality of water resources, giving aseries of examples. Moreover, this paper also investigates the improvements expected in the futureand gives a prospective view of the remote sensing technology. To reach this objective this paperfocus on the following aspects: 1) basic concepts for a better un<strong>de</strong>rstanding of the limits of theremote sensing technology; 2) a quick review of information requirements for water resourcesmanagement and how remote sensing information can fill the traditional approaches gaps; 3)examples of operational remote sensing tools application to water resource management, withemphasis on Brazil case studies; 4) A prospective view on future capabilities remote sensing forwater resources management.Palavras-chave: sensoriamento remoto, quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> água, gestão <strong>de</strong> recursoshídricos.1 – INTRODUÇÃOA água doce do planeta vem sendo explora<strong>da</strong> e <strong>de</strong>gra<strong>da</strong><strong>da</strong> a uma taxa acelera<strong>da</strong> pelo o queWetzel (2001) chamou <strong>de</strong> “crescimento <strong>de</strong>motécnico”, ou seja, a forma <strong>de</strong> crescimento que reúne oefeito combinado do aumento populacional e <strong>da</strong> ampliação crescente <strong>de</strong> produção e consumo <strong>de</strong>água para aten<strong>de</strong>r aos avanço tecnológico e o crescimento econômico. A tabela 1 permite compararas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s fisiológicas <strong>da</strong> população humana, com aquelas <strong>de</strong>riva<strong>da</strong>s do crescimentotecnológico. A análise <strong>de</strong>sses <strong>da</strong>dos cria a ilusão que há água em abundância, por que o consumoper capta, <strong>de</strong> origem tecnológica, embora 1000 vezes superior ao consumo fisiológico, ain<strong>da</strong> seencontra bastante distante <strong>da</strong> disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> média. Essa percepção equivoca<strong>da</strong> resulta do fato <strong>de</strong>que a água serve a outros propósitos relevantes ao ser humano que não se limitam a seu consumofisiológico e tecnológico.Pesquisadora Titular, Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisas Espaciais, 12227-010 – Aveni<strong>da</strong> dos Astronautas, 1758, São José dos Campos, SP.XVII Simpósio Brasileiro <strong>de</strong> Recursos Hídricos1


Di<strong>da</strong>ticamente esse sistema po<strong>de</strong> ser dividido em um Subsistema <strong>de</strong> Aquisição <strong>de</strong> Dados <strong>de</strong>Sensoriamento Remoto e um Subsistema <strong>de</strong> Produção <strong>de</strong> Informações.O Subsistema <strong>de</strong> Aquisição <strong>de</strong> Dados <strong>de</strong> Sensoriamento Remoto é formado pelos seguintescomponentes: Fonte <strong>de</strong> Radiação, Plataforma (Satélite, Aeronave), Sensor, Centro <strong>de</strong> Dados(Estação <strong>de</strong> Recepção e Processamento <strong>de</strong> Dados <strong>de</strong> Satélite e Aeronave). O Subsistema <strong>de</strong>Produção <strong>de</strong> Informações é composto Sistemas <strong>de</strong> Aquisição <strong>de</strong> Informações <strong>de</strong> Solo paraCalibragem dos Dados <strong>de</strong> Sensoriamento Remoto; Sistema <strong>de</strong> Processamento <strong>de</strong> Imagens e Sistema<strong>de</strong> Geoprocessamento.Em termos <strong>de</strong> Fontes <strong>de</strong> Radiação para o sensoriamento remoto <strong>da</strong> superfície terrestre hábasicamente o Sol, a Terra, e as fontes artificiais <strong>de</strong> microon<strong>da</strong>s, representa<strong>da</strong>s pelas antenas dossistemas <strong>de</strong> ra<strong>da</strong>r, e <strong>de</strong> luz visível representa<strong>da</strong>s pelos sistemas laser <strong>de</strong> amplificação <strong>da</strong> luz pelaemissão estimula<strong>da</strong> <strong>de</strong> radiação. A radiação inci<strong>de</strong>nte sobre a superfície interage com ela, sendorefleti<strong>da</strong> <strong>de</strong> volta para os sensores à bordo <strong>de</strong> plataformas inseri<strong>da</strong>s em diferentes altitu<strong>de</strong>s.Os sensores são os sistemas responsáveis pela conversão <strong>da</strong> energia proveniente <strong>da</strong> superfícieem um registro permanente na forma <strong>de</strong> imagem ou gráfico que permita associar a distribuição <strong>da</strong>energia que <strong>de</strong>ixa um <strong>da</strong>do objeto com suas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s físicas, químicas, biológicas egeométricas (Novo, 2007).Segundo Elachi (1987) as informações registra<strong>da</strong>s por um sensor são <strong>de</strong> três tiposfun<strong>da</strong>mentais: informações espaciais, que permitem i<strong>de</strong>ntificar a forma do objeto, tamanho,conectivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, entre outras proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s; informações sobre a intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> energia que é refleti<strong>da</strong>ou emiti<strong>da</strong> pelos objetos, e que permitem quantificar a temperatura (sensores termais), o brilho(sensores <strong>da</strong> região óptica do espectro); informações espectrais, que permitem registrar a variação<strong>da</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> radiação que <strong>de</strong>ixa a superfície ao longo do espectro eletromagnético. A figura 1ilustra esse conceito.Figura 1– Informações gera<strong>da</strong>s pelos sensores (A<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> Elachi, 1987).Pesquisadora Titular, Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisas Espaciais, 12227-010 – Aveni<strong>da</strong> dos Astronautas, 1758, São José dos Campos, SP.XVII Simpósio Brasileiro <strong>de</strong> Recursos Hídricos5


A partir <strong>de</strong>ssas três informações básicas são <strong>de</strong>riva<strong>da</strong>s as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s geofísicas egeométricas dos objetos <strong>da</strong> superfície. Um exemplo <strong>de</strong>sse processo <strong>de</strong> transformação <strong>de</strong>informações registra<strong>da</strong>s pelos sensores em informações geométricas é ilustrado pelo RADARAltímetro. O altímetro envia pulsos <strong>de</strong> microon<strong>da</strong>s em direção a superfície. O lapso <strong>de</strong> tempo entreo envio do pulso e o seu retorno é medido e utilizado para calcular a distância entre a plataforma(conheci<strong>da</strong> pela altura <strong>de</strong> vôo ou altura <strong>da</strong> órbita do satélite), uma vez que a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>propagação do pulso é também conheci<strong>da</strong> (veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> luz).A Figura 2 representa um exemplo <strong>de</strong> como as informações espectrais, espaciais e <strong>de</strong>intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> permitiram mapear a distribuição espacial <strong>da</strong> concentração <strong>da</strong> clorofila em suspensão naágua até à profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> Secchi. Todo o processo se inicia com o conhecimento <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>sópticas inerentes <strong>da</strong> água, missões <strong>de</strong> campo para caracterizar os componentes opticamente ativos esua relação com as medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> reflectância, <strong>de</strong>senvolvendo mo<strong>de</strong>los empíricos e semi-analiticos osquais são aplicados a imagens corrigi<strong>da</strong>s para os efeitos atmosféricos (Rudorff, et al. 2007; Kampele Novo, 2005). Um aspecto importante a ser ressaltado é que a gran<strong>de</strong>za medi<strong>da</strong> pelos sensores, é aradiação que <strong>de</strong>ixa o corpo d’água após interagir como diferentes componentes <strong>da</strong> coluna d’águaemerge <strong>da</strong> superfície. Estudos realizados por vários autores (Mobley, 1994) indicam que cerca <strong>de</strong>90 % <strong>da</strong> energia proveniente <strong>da</strong> coluna d’água se limita à profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> do disco <strong>de</strong> Secch. Sendoassim, os sensores remotos monitoram apenas a cama<strong>da</strong> mais superficial <strong>da</strong> coluna <strong>de</strong> água.Existem mo<strong>de</strong>los, entretanto, que po<strong>de</strong>m posteriormente relacionar as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> superfíciecom as <strong>da</strong> coluna d’agua.Figura 2 – Processo <strong>de</strong> conversão <strong>de</strong> informações espaciais, espectrais e <strong>de</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> radiaçãoeletromagnética em medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos corpos <strong>de</strong> água.Pesquisadora Titular, Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisas Espaciais, 12227-010 – Aveni<strong>da</strong> dos Astronautas, 1758, São José dos Campos, SP.XVII Simpósio Brasileiro <strong>de</strong> Recursos Hídricos6


In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do tipo sensor, ele apresenta características básicas que serelacionam ao tipo <strong>de</strong> informação que registram. Essas características são a resolução espacial,espectral e radiométrica. A resolução espacial do sensor expressa numericamente a menorfeição passível <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção por um <strong>da</strong>do instrumento. Com um sensor, cuja resolução espacial é30 m, não é possível obter informações cujas dimensões são <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> trinta metros. Muitasvezes ele po<strong>de</strong> ser até <strong>de</strong>tectado, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do contraste que apresenta em relação àvizinhança, mas o grau <strong>de</strong> incerteza sobre as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> superfície que representa é muitogran<strong>de</strong>. A resolução espectral expressa a largura <strong>da</strong>s faixas <strong>de</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> ban<strong>da</strong> dosensor. As antigas fotografias pancromáticas não tinham resolução espectral, pois os sistemasfotográficos eram equipados com um <strong>de</strong>tector fotoquímico, o filme pancromático que erasensível a to<strong>da</strong> a radiação visível indiscrimina<strong>da</strong>mente. Com a evolução tecnológica,<strong>de</strong>senvolveram-se sistemas que permitiram separa a energia do espectro visível e infra-vermelhoem várias regiões o que <strong>de</strong>u origem às imagens multi-espectrais. As primeiras imagens multiespectraistinham ban<strong>da</strong>s largas, ou seja, baixa resolução espectral, com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> paradiscriminar quatro ou cinco regiões espectrais. Na tabela 2 po<strong>de</strong> acompanhar o avanço dossistemas sensores, na direção dos atuais sistemas hiper-espectrias, que permitem dividir oespectro em mais <strong>de</strong> 200 regiões ou ban<strong>da</strong>s.Tabela 2 – Evolução <strong>da</strong> resolução espectral dos sensores (A<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> <strong>de</strong> Novo, 2007).NOMERegiãoEspectral(mm)Número<strong>de</strong> Ban<strong>da</strong>sResoluçãoespectral(nm)OrigemMSS/Landsat 0,4-1,1 4 100 NASA,USATM/Landsat 0,42-2,48; 8-10 7 45 a 200 NASA,USAHyperion 0,40-2,50 220 10 TRW Inc,USAInício <strong>de</strong>operação197219842000A resolução radiométrica <strong>de</strong> um sensor <strong>de</strong>screve sua habili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> distinguir variações nonível <strong>de</strong> energia refleti<strong>da</strong>, emiti<strong>da</strong> ou retro-espalha<strong>da</strong> que <strong>de</strong>ixa a superfície do alvo. Esta energiaapresenta diferenças <strong>de</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> contínuas, as quais precisam ser <strong>de</strong>tecta<strong>da</strong>s, registra<strong>da</strong>s ereproduzi<strong>da</strong>s pelo sensor. Os primeiros sensores podiam registrar cerca <strong>de</strong> 64 níveis <strong>de</strong> variação dosinal que chegava <strong>da</strong> superfície terrestre. Os atuais sensores possuem configurações que permitemdistinguir até 65 536 diferentes intensi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> sinal emitido pela superfície. A partir do momentoem que os sensores pu<strong>de</strong>ram ser colocados à bordo <strong>de</strong> satélites, eles ganharam duas característicasadicionais, que é largura <strong>da</strong> faixa <strong>de</strong> imageamento e a freqüência <strong>de</strong> revisita real, que resulta <strong>da</strong>combinação <strong>da</strong>s características ópticas do sensor e <strong>da</strong>s características órbita do satélite. EssasPesquisadora Titular, Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisas Espaciais, 12227-010 – Aveni<strong>da</strong> dos Astronautas, 1758, São José dos Campos, SP.XVII Simpósio Brasileiro <strong>de</strong> Recursos Hídricos7


características são importantes por vários motivos: a largura <strong>da</strong> faixa imagea<strong>da</strong> informa sobre aregião que po<strong>de</strong> ser imagea<strong>da</strong> por uma única cena adquiri<strong>da</strong> instantaneamente; a freqüência <strong>de</strong>revisita real (ou resolução temporal real) informa com que freqüência uma <strong>da</strong><strong>da</strong> região <strong>da</strong> superfícieé observa<strong>da</strong>. Alguns sistemas possuem uma freqüência <strong>de</strong> revisita total maior do que a revisita real,porque possuem sistemas <strong>de</strong> apontamento, que permitem direcionar o sensor para registrainformações <strong>de</strong> órbitas adjacentes. A quali<strong>da</strong><strong>de</strong> radiométrica e espacial dos <strong>da</strong>dos ficacomprometi<strong>da</strong>, porque a observação é feita segundo ângulos oblíquos, mas é uma opção útil paraaplicações que visem programas <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sastres ou em sistemas <strong>de</strong> alerta. Para umcontato mais profundo com a teoria e tecnologia <strong>de</strong> sensoriamento remoto recomen<strong>da</strong>-se a leitura <strong>de</strong>Slater, 19<strong>80</strong>; Slater et al., 1983; Simonett e Davis, 1983; Ulaby et al, 1986; Mather,1987; Curlan<strong>de</strong>re Mcdonough, 1991; Richards, 1993; Cracknell e Hayes, 1993; Kirk, 1993; Mobley, 1994;Schowengerdt, 1997; Doxaran et al.; 2002; Barnsley et al. 2004.2 –SENSORIAMENTO REMOTO E A GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS.Nesse tópico procurar-se a fazer um balanço <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> atual dos sensores orbitais <strong>de</strong>fornecer parâmetros ambientais relevantes para o <strong>monitoramento</strong> <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos recursos hídricose avaliar os avanços esperados para a próxima déca<strong>da</strong>.A quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> água disponível para o <strong>de</strong>senvolvimento econômico é objeto <strong>de</strong>preocupação <strong>de</strong> políticos, <strong>de</strong> agencias ambientais, e do público em geral porque os recursos hídricostêm um valor estratégico para o <strong>de</strong>senvolvimento econômico e social <strong>da</strong>s nações, para a sustentação<strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>, e para a saú<strong>de</strong> humana.Durante a última déca<strong>da</strong> houve um aumento do número <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> observação <strong>da</strong> terracom novos sistemas sensores. Apesar <strong>de</strong>sse gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> sistemas, ain<strong>da</strong> existe uma lacunaentre os usuários operacionais, ou seja, aqueles que precisam <strong>de</strong> uma informação e os especialistasresponsáveis pela recepção, processamento e extração <strong>de</strong> informações. Essa lacuna <strong>de</strong>conhecimento existe por que <strong>de</strong> um lado estão os cientistas e engenheiros que sabem como medirvariáveis a partir <strong>de</strong> sensores orbitais, mas tem pouca ou nenhuma idéia <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s dosusuários operacionais e do outro lado estão os usuários operacionais (consumidores <strong>de</strong> informação)com suas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s específicas, e que expressam seus requisitos <strong>de</strong> diferentes modos, usando anomenclatura <strong>de</strong> suas disciplinas específicas, com pouco, senão nenhum conhecimento do tipo <strong>de</strong>informação que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>riva<strong>da</strong> <strong>de</strong> sensores orbitais.Como o tema é <strong>monitoramento</strong> <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> e quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> água, o primeiro passo, é<strong>de</strong>ixar claro que o conceito <strong>de</strong> <strong>monitoramento</strong> não se confun<strong>de</strong> com estudo ou diagnósticoPesquisadora Titular, Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisas Espaciais, 12227-010 – Aveni<strong>da</strong> dos Astronautas, 1758, São José dos Campos, SP.XVII Simpósio Brasileiro <strong>de</strong> Recursos Hídricos8


Monitoramento é a observação repetitiva <strong>de</strong> uma área ou fenômeno com uma freqüência <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>pela variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do fenômeno e pelas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> informação sobre a dinâmica do seucomportamento. Para a previsão do tempo, por exemplo, o <strong>monitoramento</strong> precisa ter umafreqüência horária, por que os fenômenos climáticos operam em altas freqüências. Para a previsão e<strong>monitoramento</strong> <strong>de</strong> safras, os <strong>da</strong>dos não precisam ser horários, porque a freqüência <strong>de</strong> alteração dofenômeno é mais baixa. A tabela 3 resume alguns aspectos que <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados naavaliação <strong>da</strong> tecnologia para o <strong>monitoramento</strong> dos recursos hídricos.De modo a preparar-se para os <strong>de</strong>safios do século 21 no que toca às aplicações <strong>de</strong>sensoriamento remoto para a gestão <strong>de</strong> recursos hídricos, i<strong>de</strong>ntificado como um dos principaisfatores <strong>de</strong> tensão social nesse presente milênio, o Centre for Earth Observation (CEO) <strong>da</strong> ComissãoEuropéia contratou vários cientistas para respon<strong>de</strong>r à seguinte questão: Qual a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> presentee futura dos métodos <strong>de</strong> sensoriamento remoto para estimar parâmetros para <strong>monitoramento</strong> <strong>da</strong>água. Vários especialistas se <strong>de</strong>bruçaram sobre a literatura, entrevistas <strong>de</strong> operadores <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong>gestão <strong>de</strong> recurso hídricos e produziram resultado muito interessante cujo resumo encontra-se nastabelas que serão apresenta<strong>da</strong>s oportunamente. Para compreen<strong>de</strong>r a tabela, existe uma chaveexplicativa resumi<strong>da</strong> na Tabela 4.Tabela 3 – Aspectos relevantes à análise do potencial <strong>da</strong> tecnologia <strong>de</strong> sensoriamentoremoto para o <strong>monitoramento</strong> <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> e quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> água (Fonte: Durand et al. , 1999;GEOSS, 2007)Ciclo <strong>de</strong> observaçãoIntervalo requerido entre duas coberturas globais <strong>da</strong> terra.Resolução horizontalDistancia media <strong>de</strong> amostragem do parâmetro físicoAssunto <strong>de</strong> interesseTécnicaAlgoritmosProblema a ser estu<strong>da</strong>do – eutrofização, florações, assoreamento, <strong>de</strong>rrames <strong>de</strong>óleo, mortan<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> peixes, inun<strong>da</strong>ção, <strong>de</strong>man<strong>da</strong> <strong>de</strong> água para a irrigação, etc.Dados <strong>de</strong> sensoriamento remoto incluindo todos os elementos <strong>da</strong> plataforma,sensores, algoritmos e <strong>da</strong>dos auxiliares.Processo pelo qual a informação é <strong>de</strong>riva<strong>da</strong> dos.Resolução temporalParâmetros <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> equanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> águaIntervalo entre duas medi<strong>da</strong>s sobre uma mesma superfície.Qualquer parâmetro geofísico que forneça informações físicas, químicas,biológicas, ecológicas, sanitárias, geológicas ou hidrológicas <strong>de</strong> um corpo <strong>de</strong> água.Pesquisadora Titular, Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisas Espaciais, 12227-010 – Aveni<strong>da</strong> dos Astronautas, 1758, São José dos Campos, SP.XVII Simpósio Brasileiro <strong>de</strong> Recursos Hídricos9


Tabela 4 – Legen<strong>da</strong> <strong>da</strong>s tabelas subseqüentes conforme relatório <strong>de</strong> Durand et al. 1999.Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para gerar ainformação requeri<strong>da</strong>SimParcialmenteEsperadoNão esperadoDINExplicação <strong>da</strong>s condições <strong>de</strong> contorno para que essacapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> seja operacionaliza<strong>da</strong>Existem algoritmos para <strong>de</strong>terminar o parâmetroExistem algoritmos para <strong>de</strong>terminar apenas um sub-conjunto<strong>de</strong> parâmetros ou indicadores.Não existe no momento, mas tem potencial teórico e estudosque <strong>de</strong>monstram viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> para ser <strong>de</strong>senvolvido.No atual nível <strong>de</strong> conhecimento, não existe potencial para queessa tecnologia seja usa<strong>da</strong>.Não é possível quantificar o parâmetro, mas é possível mapearsua distribuição espacial.Para facilitar a análise, os parâmetros <strong>de</strong> interesse foram divididos em categorias:parâmetros físicos, químicos, biológicos, ecológicos, dinâmicos. A tabela 5 resume os parâmetrosmonitorados por métodos convencionais, e a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> presente e futura dos <strong>da</strong>dos <strong>de</strong>sensoriamento remoto para produzirem essa informação <strong>de</strong> modo operacional.Tabela 5 – Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sensoriamento remoto para medir operacionalmente parâmetrosfísicos <strong>da</strong> água (A<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> Durand et al, 1999).Parâmetros físicosMétodo convencional <strong>de</strong>medi<strong>da</strong>Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>Sensoriamento RemotoTemperatura <strong>da</strong> água Radiometria in situ sim simCondutivi<strong>da</strong><strong>de</strong> Radiometria <strong>de</strong> reflexão não esperadoDensi<strong>da</strong><strong>de</strong>Calcula<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong> não* esperadotemperatura e salini<strong>da</strong><strong>de</strong>Radioativi<strong>da</strong><strong>de</strong>Cintilometria, contador não dinGMTurbi<strong>de</strong>zsim simDisco <strong>de</strong> SecchTurbidímetroCorFiltração, e <strong>de</strong>terminação sim sim<strong>da</strong> absorção espctral em254 nmProfundi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> zona eufótica Perfis <strong>de</strong> irradiância emsubsuperficiesim sim* - águas oceânicas sim <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o lançamento do programa Topex/PoseidonPesquisadora Titular, Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisas Espaciais, 12227-010 – Aveni<strong>da</strong> dos Astronautas, 1758, São José dos Campos, SP.XVII Simpósio Brasileiro <strong>de</strong> Recursos Hídricos10


A análise <strong>da</strong> tabela 5 mostra que dos sete parâmetros <strong>de</strong> interesse, o sensoriamento remototem condições <strong>de</strong> monitorar quatro. Como era <strong>de</strong> se esperar até pela própria natureza <strong>da</strong> informaçãobásica gera<strong>da</strong> por um sensor remoto, o número <strong>de</strong> parâmetros químicos passíveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminaçãofutura é bem pequeno (tabela 6), a menos que haja alguma nova <strong>de</strong>scoberta. Em alguns casos, comoindica a sigla “tbc”, o conhecimento atual é insuficiente para dizer se é viável ou não sua aplicação.O <strong>monitoramento</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrames <strong>de</strong> óleo, entretanto, é uma aplicação importante.À semelhança dos parâmetros químicos, os parâmetros biológicos também são <strong>de</strong>terminados<strong>de</strong> forma limita<strong>da</strong> pela presente tecnologia (tabela 7). Embora os autores indiquem não ser possívela <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> células fitoplanctônicas, experimentos recentes realizados por Lon<strong>de</strong> (2007)indicam que a primeira <strong>de</strong>riva<strong>da</strong> <strong>da</strong> reflectância espectral na região do infra-vermelho próximopermite estimar a <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> células (células/L).Alguns parâmetros ecológicos (tabela 8) também são passiveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação atualmentee outros mais, têm gran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento no futuro, como é o caso <strong>da</strong> <strong>de</strong>terminação<strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> fitoplanctônica, com o advento dos sensores hiperespectrias, que possuem ban<strong>da</strong>slocaliza<strong>da</strong>s me posições específicas dos pigmentos que caracterizam os diferentes grupos <strong>de</strong> algas edo bacterioplancton (Weaver e Wrigley, 1994). A tecnologia <strong>de</strong> sensoriamento remoto tambémpermite <strong>de</strong>terminar alguns parâmetros dinâmicos (tabela 9) e geométricos (tabela 10), sendo,entretanto, totalmente ina<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> para a <strong>de</strong>terminação direta dos chamados parâmetros sanitários(tabela 11).A análise <strong>da</strong>s tabelas mostra que existem pelo menos 14 parâmetros <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> águasão passíveis <strong>de</strong> <strong>monitoramento</strong> vias sensoriamento remotas. Porque então essa informação não éintegra<strong>da</strong> aos sistemas <strong>de</strong> manejo? Algumas <strong>da</strong>s razões dizem respeito à freqüência <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong>medi<strong>da</strong>, <strong>da</strong> resolução espacial em que ela é necessária e <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos <strong>da</strong>dospara uso efetivo pelo gestor. Os gestores <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> têm interesse que os <strong>da</strong>dosestejam disponíveis pelo menos duas vezes por mês, com uma resolução espacial mais fina que300m x 300 m, característica não apresenta<strong>da</strong> por nenhum dos sensores atualmente disponíveis.Além disso, os requisitos <strong>de</strong> precisão <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s são também altos. O <strong>monitoramento</strong> <strong>da</strong>concentração <strong>de</strong> clorofila, por exemplo, <strong>de</strong>ve ser feita no range <strong>de</strong> 1 a 300 mg/l com um erro <strong>de</strong> 10%, enquanto que os mo<strong>de</strong>los disponíveis têm margens <strong>de</strong> erro bem maior, principalmente porquesão <strong>de</strong>senvolvidos a partir <strong>de</strong> sensores não específicos para a avaliação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> água.Apesar <strong>de</strong>ssas limitações, existem numerosos exemplos em que os <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> sensoriamentoremoto são usados <strong>de</strong> forma operacional para o <strong>monitoramento</strong> <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> água.No próximo tópico, portanto, serão apresentados alguns exemplos <strong>de</strong> aplicação. Os exemplosselecionados procuram exemplificar as aplicações mais diversas, incluindo a extração <strong>de</strong>informações <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s físicas, químicas, biológicas, ecológicas, geométricas, dinâmicas,Pesquisadora Titular, Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisas Espaciais, 12227-010 – Aveni<strong>da</strong> dos Astronautas, 1758, São José dos Campos, SP.XVII Simpósio Brasileiro <strong>de</strong> Recursos Hídricos11


usando seja usando sensores já operacionais, como sensores ain<strong>da</strong> operando como cargas úteisexperimentais.Tabela 6 – Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sensoriamento remoto para medir <strong>de</strong> modo operacionalparâmetros químicos <strong>da</strong> água (A<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> Durand et al, 1999).Parâmetros químicos Método convencional<strong>de</strong> medi<strong>da</strong>Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>Sensoriamento RemotoParâmetrosquímicosSalini<strong>da</strong><strong>de</strong> Salinômetro não esperadoFósforo totalDigestão,nãoesperadomineralização,fotometria.Nitrogênio Total não esperadoCarbono orgânicodissolvidoOxi<strong>da</strong>ção catalíticaEspectroscopia <strong>de</strong>parcialmentematériaesperadoCarbono totalinfravermelhoOxi<strong>da</strong>ção catalíticaEspectroscopia <strong>de</strong>infravermelhoorgânica dissolvi<strong>da</strong>nãoesperadoSílica Total AAS, SM não nãoAlcalini<strong>da</strong><strong>de</strong> Titration não tbcpH não nãoDeman<strong>da</strong> química <strong>de</strong>nãonãooxigênioDicromático,permanganato, KubelOxigênio dissolvido Método <strong>de</strong> Winkler não nãoAnoxia Método <strong>de</strong> Winkler parcialmente parcialmenteComposição iônica EA, ISE não nãoCompostos sulfurosos cromatografia não nãomineralização não nãoPestici<strong>da</strong>s Extração, HPCL não nãoMetais pesados Ativação <strong>de</strong> neutron não dinÓleos sim simTipos <strong>de</strong> óleos Extração não espera<strong>da</strong>Hidrocarbonetos ecloradosExtração não nãoPesquisadora Titular, Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisas Espaciais, 12227-010 – Aveni<strong>da</strong> dos Astronautas, 1758, São José dos Campos, SP.XVII Simpósio Brasileiro <strong>de</strong> Recursos Hídricos12


Tabela 7 – Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sensoriamento remoto para medir operacionalmente parâmetrosParâmetrosBiológicosPigmentosclorofiladosPigmentosacessóriosfeopigmentosbiológicos <strong>da</strong> água (A<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> Durand et al, 1999).Método convencional<strong>de</strong> medi<strong>da</strong>HPLC,Extração e espectrofotometriaHPLC,Extração e espectrofotometriaespectroscopiaCapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>SensoriamentoRemotosimsimnãoParâmetrobiológicoDeman<strong>da</strong>Método <strong>da</strong> diluiçãonãobioquimica <strong>de</strong>nãooxigenioContagem <strong>de</strong>célulasmicroscópio não tbcfitoplanctonicasBiomassa FILTRAGEM E PESAGEMespera<strong>da</strong>fitoplanctonicanãoContagem <strong>de</strong>microscopianãofungosnãobacterioplanctoncontagem microscópio não Não espera<strong>da</strong>bacterioplanctonbiomassa mo<strong>de</strong>los não Não espera<strong>da</strong>zooplankton:contagem microscópio não nãozooplancton:biomassa calculo não tbc<strong>de</strong>tritosconcentração Sem especificação sim simsimsimtbcPesquisadora Titular, Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisas Espaciais, 12227-010 – Aveni<strong>da</strong> dos Astronautas, 1758, São José dos Campos, SP.XVII Simpósio Brasileiro <strong>de</strong> Recursos Hídricos13


Tabela 8 – Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sensoriamento remoto para medir operacioanalmente parâmetrosParâmetrosEcológicosecológicos <strong>da</strong> água (A<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> Durand et al, 1999).Metodos convencionaisSensoriamento RemotoPresente Futuro/PotnecialGarrafas <strong>de</strong> incubação Sim simProdução primárialíqui<strong>da</strong>Estado trófico <strong>da</strong> Indices <strong>de</strong> estado trofico não esperadoáguaDecomposicao- não nãobacterianaGrazing do- não nãofitoplanctonBiodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>microscopio parcialmente espera<strong>da</strong>fitoplanctonicabacterioplancton microscopio não tbczooplancton microscopio não nãofungos microscopio não nãoEstado <strong>da</strong> biotalitoralpelagicabentosmacrofita-NãosimNãoSimsimespera<strong>da</strong>espera<strong>da</strong>simTabela 9 – Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sensoriamento remoto para medir <strong>de</strong> modo operacionalparâmetros dinâmicos <strong>da</strong> água (A<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> Durand et al, 1999).Parâmetros MetodosSensoriamento Remotodinâmicos convencionais Presente Futuro/potencialSedimentos gravimétrico sim simem suspensãoNivel <strong>da</strong> água Regua, linigrafo sim simTempo <strong>de</strong>calculos nao tbcresi<strong>de</strong>nciafluxo ADCP nao tbcEstratificação- nao nao<strong>de</strong> lagosCorrentes eon<strong>da</strong>scorrentômetro sim simPesquisadora Titular, Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisas Espaciais, 12227-010 – Aveni<strong>da</strong> dos Astronautas, 1758, São José dos Campos, SP.XVII Simpósio Brasileiro <strong>de</strong> Recursos Hídricos14


Tabela 10 – Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sensoriamento remoto para medir <strong>de</strong> modo operacionalparâmetros geométricos do corpo d’água (A<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> Durand et al, 1999).ParâmetrosMétodosSensoriamento remotogeomátricos Convencionais Presente Futuro/PotencialÁrea do corpo Mapeamento sim simd águaMorfometria Topografia/geomorfol simsimogiaBatimetria Ecobatimetro nao naoVolume <strong>de</strong>aguaMo<strong>de</strong>los nao tbcTabela 11 – Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sensoriamento remoto para medir <strong>de</strong> modo operacionalparâmetros sanitários do corpo d’água (A<strong>da</strong>ptado <strong>de</strong> Durand et al, 1999).Parâmetros sanitáriosMétodosconvencionaisSensoriamento RemotoPresent Futuro/PotencialeCheiro - não nãoGosto - não nãoSalobri<strong>da</strong><strong>de</strong> - não nãoToxici<strong>da</strong><strong>de</strong> - não nãoFormas fecais Endo-agar 43C,contagem em 24(colôniasvermelhas)Salmonella - não nãonãonão3–EXEMPLOS DE APLICAÇÃO DE DADOS DE SENSORIAMENTO REMOTO GESTÃORECURSOS HÍDRICOS.Imagens hiperespectrais coleta<strong>da</strong>s pelo sensor Hyperion, a bordo do satélite Earth ObservingOne, foram utiliza<strong>da</strong>s por Rudorff (2006) para o mapeamento e caracterização espectral <strong>de</strong> massas<strong>de</strong> água <strong>de</strong> diferentes composições que ocorrem na planície <strong>de</strong> inun<strong>da</strong>ção Amazônica. O Hyperionfoi o primeiro sensor orbital hiperspectral, sendo transportado a bordo do satélite Earth ObservingOne (EO-1) em uma órbita <strong>de</strong> 705 km <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. Os sensores hiperespectrais apresentam diversaspossibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s para interpretação e análise por fornecerem medi<strong>da</strong>s em ban<strong>da</strong>s estreitas e contínuasou espectros <strong>de</strong> pixel com resolução espectral mais próxima <strong>da</strong> existente em condições <strong>de</strong>laboratório. A partir do teste <strong>de</strong> vários procedimentos, o autor concluiu que os melhores mo<strong>de</strong>losbaseavam-se nas <strong>de</strong>riva<strong>da</strong>s <strong>da</strong> reflectância em 711,7nm e em 691nm para estimar a distribuiçãoespacial <strong>da</strong> concentração <strong>de</strong> sedimentos inorgânicos em suspensão e <strong>de</strong> clorofila-a, respectivamente.Pesquisadora Titular, Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisas Espaciais, 12227-010 – Aveni<strong>da</strong> dos Astronautas, 1758, São José dos Campos, SP.XVII Simpósio Brasileiro <strong>de</strong> Recursos Hídricos15


A Figura 3 mostra o mapa com a distribuição superficial do Total <strong>de</strong> Sólidos Suspensos e <strong>da</strong>Concentração Superficial <strong>da</strong> Clorofila.A análise <strong>da</strong> figura permite verificar que na região <strong>de</strong> concentrações <strong>de</strong> TSS inferiores a 5mg/l, ocorrem maiores concentrações <strong>de</strong> clorofila, provavelmente porque a partir <strong>de</strong> maiores valoresocorrem séries limitações <strong>de</strong> luz. Esse tipo <strong>de</strong> aplicação só é possível porque o sensor hiperepsctralpossui uma ban<strong>da</strong> em 691 nm sensível ao efeito <strong>da</strong> fluorescência <strong>da</strong> clorofila em 683 nm (Kirk,1995), cujo sinal é percebido e se contrapõe ao aumento do coeficiente <strong>de</strong> absorção pela água.Total <strong>de</strong>SólidosSuspensos(mg/l)Concentração<strong>de</strong>Clorofila(µg/l)Figura 3 – Distribuição do Total <strong>de</strong> Sólidos Suspensos e <strong>de</strong> Clorofila <strong>de</strong>riva<strong>da</strong> <strong>de</strong> imagensdo sensor Hyperion (Fonte: Rudorff, 2006).A principal limitação <strong>de</strong> um sistema como o Hyperion é a largura <strong>da</strong> faixa que po<strong>de</strong> recobrir aca<strong>da</strong> órbita ( 7,5 km), o que o torna ina<strong>de</strong>quado para o estudo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s corpos d ´água, não apenaspelo recobrimento limitado <strong>da</strong> superfície, mas também pela freqüência <strong>de</strong> recobrimento. O resultado<strong>de</strong>sses estudos po<strong>de</strong>, entretanto, ser utilizado para <strong>de</strong>finir regiões espectrais mais a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s para adiscriminação <strong>de</strong> componentes <strong>da</strong> água permitindo a construção <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> sensoriamentoremoto orientados para a <strong>de</strong>tecção do parâmetro <strong>de</strong> interesse.O sistema MODIS/Terra, por exemplo, está sendo investigado para a implementação <strong>de</strong> umsistema <strong>de</strong> alerta <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> água <strong>de</strong> reservatórios do sul e su<strong>de</strong>ste do Brasil, on<strong>de</strong> o usointenso dos recursos <strong>da</strong>s bacias hidrográficas tem trazido crescentes problemas não apenas notocante à quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> água, mas à quali<strong>da</strong><strong>de</strong>.Na Figura 4, po<strong>de</strong>m-se observar duas cenas do sensor MODIS (4a e 4b) adquiri<strong>da</strong>s com umintervalo <strong>de</strong> uma semana, uma vez que a largura <strong>de</strong> faixa imagea<strong>da</strong> por ele proporciona umafreqüência <strong>de</strong> recobrimento <strong>de</strong>ssa região a ca<strong>da</strong> 2 dias. Apesar <strong>da</strong> cobertura <strong>de</strong> nuvens, é possívelobter informações <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte do Estado <strong>de</strong> São Paulo, leste do Estado <strong>de</strong> Mato Grosso do Sul,e Sudoeste <strong>de</strong> Minas Gerais. Embora o sensor MODIS (Novo et al. 2007) tenha uma resoluçãoPesquisadora Titular, Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisas Espaciais, 12227-010 – Aveni<strong>da</strong> dos Astronautas, 1758, São José dos Campos, SP.XVII Simpósio Brasileiro <strong>de</strong> Recursos Hídricos16


espacial média (250 m x 250 m) nas ban<strong>da</strong>s do vermelho e infravermelho próximo, e (500 m x500m) na ban<strong>da</strong> sensível a radiação ver<strong>de</strong>, suas imagens permitem i<strong>de</strong>ntificar mu<strong>da</strong>nças na cor <strong>da</strong>água que po<strong>de</strong>m ser associa<strong>da</strong>s a mu<strong>da</strong>nças em sua quali<strong>da</strong><strong>de</strong>.Figura 4 – Proposta <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> alerta do estado <strong>da</strong> água com base em imagensMODIS/Terra (NASA, 1990). 4a- composição R(infravermelho <strong>de</strong> on<strong>da</strong>s longas) G (infravermelhopróximo) B (vermelho) <strong>da</strong> imagem adquiri<strong>da</strong> em 24 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2007, 4b – composiçãosemelhante adquiri<strong>da</strong> em 31 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2007. ; 4c – composição R(infravermelho próximo),G(ver<strong>de</strong>), B(vermelho) <strong>da</strong> região metropolitana <strong>de</strong> São Paulo e seus reservatórios, referente a 24 <strong>de</strong>agosto <strong>de</strong> 2007; 4d. composição semelhante, referente a 31 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2007.Nessa composição, a cor <strong>da</strong> água é realça<strong>da</strong>, pois nas regiões <strong>de</strong> cobertura vegetal <strong>de</strong>nsa comalta reflexão na região do infravermelho, a imagem apresenta cores em tonali<strong>da</strong><strong>de</strong>s vermelhas.Oscorpos <strong>de</strong> água com baixa turbi<strong>de</strong>z ten<strong>de</strong>m a aparecer escuros enquanto os corpos <strong>de</strong> água comflorações <strong>de</strong> alta <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fitoplâncton à superfície, ten<strong>de</strong>m a apresentar cor ver<strong>de</strong>.Comparando-se as duas cenas, percebe-se uma mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> cor <strong>da</strong> água na represa Billings,mu<strong>da</strong>nça essa que parece sugerir <strong>de</strong>terioração <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> água, provavelmente liga<strong>da</strong> aprocessos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sestratificação <strong>da</strong> coluna <strong>de</strong> água e disponibilização <strong>de</strong> nutrientes do fundo. É claro,que a variação <strong>da</strong>s cores, é apenas um alerta, o qual <strong>de</strong>verá ser verificado pelas equipes <strong>de</strong> campo.A existência <strong>de</strong> alertas <strong>de</strong>sse tipo, entretanto, po<strong>de</strong>m introduzir inteligência ao processo <strong>de</strong> gestão<strong>da</strong> água, economizando recursos <strong>de</strong> verificação mais intensa no campo.Os <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> sensoriamento remoto também tem sido usados como entra<strong>da</strong> para mo<strong>de</strong>los para omapeamento dos componentes do balanço <strong>de</strong> energia (saldo <strong>de</strong> radiação, <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong>calor sensível, latente e para o solo). Folhes et al (2007) utilizaram <strong>da</strong>dos do sensor TM/Landsat-5para mo<strong>de</strong>lar esses fluxos havendo gran<strong>de</strong> concordância entre os valores medidos em estaçõesmicro-meteorológicas e os estimados a partir <strong>de</strong> parâmetros extraídos <strong>da</strong>s imagens.Pesquisadora Titular, Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisas Espaciais, 12227-010 – Aveni<strong>da</strong> dos Astronautas, 1758, São José dos Campos, SP.XVII Simpósio Brasileiro <strong>de</strong> Recursos Hídricos17


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