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RAIVACID 10: A82Características clínicas e epi<strong>de</strong>miológicasDescriçãoEncefalite viral aguda, transmitida por mamíferos, que apresenta <strong>do</strong>is ciclos principais <strong>de</strong>transmissão: urbano e silvestre. Reveste-se da maior importância epi<strong>de</strong>miológica por apresentarletalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 100%, além <strong>de</strong> ser <strong>do</strong>ença passível <strong>de</strong> eliminação no seu ciclo urbano, por se dispor<strong>de</strong> medidas eficientes <strong>de</strong> prevenção tanto em relação ao ser humano quanto à fonte <strong>de</strong> infecção.Agente etiológicoO vírus rábico pertence ao gênero Lyssavirus, da família Rhab<strong>do</strong>viridae. Possui aspecto <strong>de</strong>um projétil e seu genoma é constituí<strong>do</strong> por RNA. Apresenta <strong>do</strong>is antígenos principais: um <strong>de</strong>superfície, constituí<strong>do</strong> por uma glicoproteína, responsável pela formação <strong>de</strong> anticorposneutralizantes e adsorção vírus-célula, e outro interno, constituí<strong>do</strong> por uma nucleoproteína, que égrupo específico.Reservató<strong>rio</strong>No ciclo urbano, as principais fontes <strong>de</strong> infecção são o cão e o gato. No Brasil, o morcegoé o principal responsável pela manutenção da ca<strong>de</strong>ia silvestre. Outros reservató<strong>rio</strong>s silvestres são:macaco, raposa, coiote, chacal, gato-<strong>do</strong>-mato, jaritataca, guaxinim e mangusto.Ciclos epi<strong>de</strong>miológicos <strong>de</strong> transmissão da raivaMo<strong>do</strong> <strong>de</strong> transmissãoA transmissão da raiva se dá pela penetração <strong>do</strong> vírus conti<strong>do</strong> na saliva <strong>do</strong> animalinfecta<strong>do</strong>, principalmente pela mor<strong>de</strong>dura e, mais raramente, pela arranhadura e lambedura <strong>de</strong>mucosas. O vírus penetra no organismo, multiplica-se no ponto <strong>de</strong> inoculação, atinge o sistemanervoso periférico e, poste<strong>rio</strong>rmente, o sistema nervoso central. A partir daí, dissemina-se <strong>para</strong>vá<strong>rio</strong>s órgãos e glândulas salivares, on<strong>de</strong> também se replica e é elimina<strong>do</strong> pela saliva das pessoasou animais enfermos.


Existem relatos <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> transmissão inter-humana na literatura, que ocorreram através<strong>de</strong> transplante <strong>de</strong> córnea. A via respiratória, transmissão sexual, via digestiva (em animais) etransmissão vertical também são aventadas, mas com possibilida<strong>de</strong> remota.Perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> incubaçãoÉ extremamente variável, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> dias até anos, com uma média <strong>de</strong> 45 dias no homem e <strong>de</strong>10 dias a 2 meses no cão. Em crianças, existe tendência <strong>para</strong> um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> incubação menor queno indivíduo adulto. O perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> incubação está diretamente liga<strong>do</strong> a:• localização, extensão e profundida<strong>de</strong> da mor<strong>de</strong>dura, arranhadura, lambedura ou contato com asaliva <strong>de</strong> animais infecta<strong>do</strong>s;• distância entre o local <strong>do</strong> ferimento, o cére<strong>br</strong>o e troncos nervosos;• concentração <strong>de</strong> partículas virais inoculadas e cepa viral.Perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> transmissibilida<strong>de</strong>Nos cães e gatos, a eliminação <strong>de</strong> vírus pela saliva ocorre <strong>de</strong> 2 a 5 dias antes <strong>do</strong>aparecimento <strong>do</strong>s sinais clínicos, persistin<strong>do</strong> durante toda a evolução da <strong>do</strong>ença. A morte <strong>do</strong>animal acontece, em média, entre 5 a 7 dias após a apresentação <strong>do</strong>s sintomas. Em relação aosanimais silvestres, há poucos estu<strong>do</strong>s so<strong>br</strong>e o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> transmissão, saben<strong>do</strong>-se que varia <strong>de</strong>espécie <strong>para</strong> espécie. Por exemplo, especificamente os quirópteros po<strong>de</strong>m albergar o vírus porlongo perío<strong>do</strong>, sem sintomatologia aparente.Susceptibilida<strong>de</strong> e imunida<strong>de</strong>To<strong>do</strong>s os mamíferos são susceptíveis à infecção pelo vírus da raiva. Não há relato <strong>de</strong>casos <strong>de</strong> imunida<strong>de</strong> natural no homem. A imunida<strong>de</strong> é conferida através <strong>de</strong> vacinação,acompanhada ou não por soro.Aspectos clínicos e laboratoriaisManifestações clínicasApós um perío<strong>do</strong> variável <strong>de</strong> incubação, aparecem os pródromos que duram <strong>de</strong> 2 a 4 diase são inespecíficos. O paciente apresenta mal-estar geral, pequeno aumento <strong>de</strong> temperatura,anorexia, cefaléia, náuseas, <strong>do</strong>r <strong>de</strong> garganta, entorpecimento, irritabilida<strong>de</strong>, inquietu<strong>de</strong> e sensação<strong>de</strong> angústia. Po<strong>de</strong>m ocorrer hiperestesia e parestesia no trajeto <strong>de</strong> nervos periféricos, próximos aolocal da mor<strong>de</strong>dura, e alterações <strong>de</strong> comportamento. A infecção progri<strong>de</strong>, surgin<strong>do</strong> manifestações<strong>de</strong> ansieda<strong>de</strong> e hiperexcitabilida<strong>de</strong> crescentes, fe<strong>br</strong>e, <strong>de</strong>lí<strong>rio</strong>s, espasmos musculares involuntá<strong>rio</strong>s,generaliza<strong>do</strong>s e/ou convulsões. Espasmos <strong>do</strong>s músculos da laringe, faringe e língua ocorremquan<strong>do</strong> o paciente vê ou tenta ingerir líqui<strong>do</strong>, apresentan<strong>do</strong> sialorréia intensa. Os espasmosmusculares evoluem <strong>para</strong> um quadro <strong>de</strong> <strong>para</strong>lisia, levan<strong>do</strong> a alterações cardiorrespiratórias,retenção urinária e obstipação intestinal.O paciente se mantém consciente, com perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> alucinações, até à instalação <strong>de</strong> quadrocomatoso e evolução <strong>para</strong> óbito. Observa-se ainda a presença <strong>de</strong> disfagia, aerofobia, hiperacusia,fotofobia. O perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> evolução <strong>do</strong> quadro clínico, após instala<strong>do</strong>s os sinais e sintomas até oóbito, é em geral <strong>de</strong> 5 a 7 dias.Diagnóstico diferencialNão existem dificulda<strong>de</strong>s <strong>para</strong> estabelecer o diagnóstico quan<strong>do</strong> o quadro clínico vieracompanha<strong>do</strong> <strong>de</strong> sinais e sintomas característicos da raiva, precedi<strong>do</strong>s por mor<strong>de</strong>dura,arranhadura ou lambedura <strong>de</strong> mucosas provocadas por animal raivoso. Este quadro clínico típicoocorre em cerca <strong>de</strong> 80% <strong>do</strong>s pacientes.No caso da raiva humana transmitida por morcegos hematófagos, cuja forma épre<strong>do</strong>minantemente <strong>para</strong>lítica, o diagnóstico é incerto e a suspeita recai em outros agravos quepo<strong>de</strong>m ser confundi<strong>do</strong>s com raiva humana. Nestes casos, o diagnóstico diferencial <strong>de</strong>ve serrealiza<strong>do</strong> com: tétano; pasteurelose, por mor<strong>de</strong>dura <strong>de</strong> gato e <strong>de</strong> cão; infecção por vírus B(Herpesvirus simiae), por mor<strong>de</strong>dura <strong>de</strong> macaco; botulismo e fe<strong>br</strong>e por mordida <strong>de</strong> rato (Sodóku);fe<strong>br</strong>e por arranhadura <strong>de</strong> gato (linforreticulose benigna <strong>de</strong> inoculação); encefalite pós-vacinal;


quadros psiquiátricos; outras encefalites virais, especialmente as causadas por outros rab<strong>do</strong>vírus;e tularemia. Cabe salientar a ocorrência <strong>de</strong> outras encefalites por arbovírus e intoxicações pormercú<strong>rio</strong>, principalmente na região amazônica, apresentan<strong>do</strong> quadro <strong>de</strong> encefalite compatível como da raiva.É importante ressaltar que a anamnese <strong>do</strong> paciente <strong>de</strong>ve ser realizada junto aoacompanhante e ser bem <strong>do</strong>cumentada, com <strong>de</strong>staque <strong>para</strong> sintomas prodrômicos, antece<strong>de</strong>ntesepi<strong>de</strong>miológicos e vacinais. No exame físico, frente à suspeita clínica, observar atentamente ofácies, presença <strong>de</strong> hiperacusia, hiperosmia, fotofobia, aerofobia, hidrofobia e alterações <strong>do</strong>comportamento.Diagnóstico laboratorialA confirmação laboratorial em vida, <strong>do</strong>s casos <strong>de</strong> raiva humana, po<strong>de</strong> ser realizada pelométo<strong>do</strong> <strong>de</strong> imunofluorescência direta (IFD) em impressão <strong>de</strong> córnea, raspa<strong>do</strong> <strong>de</strong> mucosa lingual(swab) ou teci<strong>do</strong> bulbar <strong>de</strong> folículos pilosos, obti<strong>do</strong>s por biópsia <strong>de</strong> pele da região cervical(procedimento que <strong>de</strong>ve ser feito por profissional habilita<strong>do</strong> mediante o uso <strong>de</strong> equipamento <strong>de</strong>proteção individual/EPI).A sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas provas é limitada e, quan<strong>do</strong> negativas, não se po<strong>de</strong> excluir apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infecção. A realização da autópsia é <strong>de</strong> extrema importância <strong>para</strong> a confirmaçãodiagnóstica. O sistema nervoso central (cére<strong>br</strong>o, cerebelo e medula) <strong>de</strong>verá ser encaminha<strong>do</strong> <strong>para</strong>o laborató<strong>rio</strong>, conserva<strong>do</strong> preferencialmente refrigera<strong>do</strong> em até 24 horas, e congela<strong>do</strong> após esteprazo. Na falta <strong>de</strong> condições a<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> refrigeração, conservar em solução salina comglicerina a 50%, em recipientes <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s rígidas, hermeticamente fecha<strong>do</strong>s, com i<strong>de</strong>ntificação<strong>de</strong> material <strong>de</strong> risco biológico e cópia da ficha <strong>de</strong> notificação ou <strong>de</strong> investigação. Não usar formol.O diagnóstico laboratorial é realiza<strong>do</strong> com fragmentos <strong>do</strong> sistema nervoso central através dastécnicas <strong>de</strong> IFD e inoculação em camun<strong>do</strong>ngos recém-nasci<strong>do</strong>s ou <strong>de</strong> 21 dias.TratamentoIn<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> ciclo, não existe tratamento específico <strong>para</strong> a <strong>do</strong>ença. Por isso, aprofilaxia pré ou pós-exposição ao vírus rábico <strong>de</strong>ve ser a<strong>de</strong>quadamente executada. O paciente<strong>de</strong>ve ser atendi<strong>do</strong> na unida<strong>de</strong> hospitalar <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mais próxima, sen<strong>do</strong> evitada sua remoção.Quan<strong>do</strong> imprescindível, tem que ser cuida<strong>do</strong>samente planejada. Manter o enfermo em isolamento,em quarto com pouca luminosida<strong>de</strong>, evitar ruí<strong>do</strong>s e formação <strong>de</strong> correntes <strong>de</strong> ar, proibir visitas esomente permitir a entrada <strong>de</strong> pessoal da equipe <strong>de</strong> atendimento. As equipes <strong>de</strong> enfermagem,higiene e limpeza <strong>de</strong>vem estar <strong>de</strong>vidamente capacitadas <strong>para</strong> lidar com o paciente e com o seuambiente e usar equipamentos <strong>de</strong> proteção individual, bem como estarem pré-imuniza<strong>do</strong>s.Recomenda-se como tratamento <strong>de</strong> suporte: dieta por sonda nasogástrica e hidratação<strong>para</strong> manutenção <strong>do</strong> balanço hídrico e eletrolítico; na medida <strong>do</strong> possível, usar sonda vesical <strong>para</strong>reduzir a manipulação <strong>do</strong> paciente; controle da fe<strong>br</strong>e e vômito; betabloquea<strong>do</strong>res na vigência <strong>de</strong>hiperativida<strong>de</strong> simpática; uso <strong>de</strong> antiáci<strong>do</strong>s, <strong>para</strong> prevenção <strong>de</strong> úlcera <strong>de</strong> estresse; realizar osprocedimentos <strong>para</strong> aferição da pressão venosa central (PVC) e correção da volemia na vigência<strong>de</strong> choque; tratamento das arritmias cardíacas. Sedação <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o quadro clínico, não<strong>de</strong>ven<strong>do</strong> ser contínua.Aspectos epi<strong>de</strong>miológicosA raiva é uma antropozoonose transmitida ao homem pela inoculação <strong>do</strong> vírus rábicoconti<strong>do</strong> na saliva <strong>do</strong> animal infecta<strong>do</strong>, principalmente através da mor<strong>de</strong>dura. Apesar <strong>de</strong> serconhecida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a antiguida<strong>de</strong>, continua sen<strong>do</strong> problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública nos países em<strong>de</strong>senvolvimento, principalmente a transmitida por cães e gatos, em áreas urbanas, manten<strong>do</strong>-se aca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> transmissão animal <strong>do</strong>méstico/homem.Esta <strong>do</strong>ença ocorre em to<strong>do</strong>s os continentes, com exceção da Oceania. Alguns países dasAméricas (Uruguai, Barba<strong>do</strong>s, Jamaica e Ilhas <strong>do</strong> Caribe), da Europa (Portugal, Espanha, Irlanda,Grã-Bretanha, Países Baixos e Bulgária) e da Ásia (Japão) encontram-se livres da infecção no seuciclo urbano. Entretanto, alguns países da Europa (França, Inglaterra) e da América <strong>do</strong> Norte (EUAe Canadá) ainda enfrentam problemas quanto ao ciclo silvestre da <strong>do</strong>ença.


A raiva apresenta <strong>do</strong>is ciclos básicos <strong>de</strong> transmissão: o urbano, que ocorre principalmenteentre cães e gatos e é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância nos países <strong>do</strong> terceiro mun<strong>do</strong>, e o silvestre, queocorre principalmente entre morcegos, macacos e raposas. Na zona rural, a <strong>do</strong>ença afeta animais<strong>de</strong> produção como bovinos, eqüinos e outros.A distribuição da raiva não é o<strong>br</strong>igatoriamente uniforme, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> existir áreas livres eoutras <strong>de</strong> baixa ou alta en<strong>de</strong>micida<strong>de</strong>, apresentan<strong>do</strong>, em alguns momentos, formas epizoóticas. NoBrasil, a raiva é endêmica, em grau diferencia<strong>do</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a região geopolítica. A regiãoNor<strong>de</strong>ste respon<strong>de</strong> por 54,2% <strong>do</strong>s casos humanos registra<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 1980 a 2003; seguida da regiãoNorte, com 17,5%; Su<strong>de</strong>ste, com 10,8%; Centro-Oeste, com 10,4% e Sul, com 0,4%. Des<strong>de</strong> 1987não há registro <strong>de</strong> casos nos esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Sul, sen<strong>do</strong> o último no Paraná, cuja fonte <strong>de</strong> infecção foium morcego hematófago. No perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1991 a 2003, cães e gatos foram responsáveis portransmitir 80% <strong>do</strong>s casos humanos <strong>de</strong> raiva; os morcegos, por 10,6% e outros animais (raposas,sagüis, gato selvagem, bovinos, eqüinos, caititus, gambás, suínos e caprinos), 4,8%. Casos cujafonte <strong>de</strong> infecção foi <strong>de</strong>sconhecida representaram 4,6%. O coeficiente <strong>de</strong> morbimortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>raiva humana nos últimos anos vem diminuin<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma gradativa: <strong>de</strong> 0,05/100 mil habitantes, em1990, <strong>para</strong> 0,01/100 mil habitantes, atualmente. A taxa <strong>de</strong> letalida<strong>de</strong> é <strong>de</strong> 100%.Vigilância epi<strong>de</strong>miológicaHá muitas interfaces entre a raiva humana e a animal. Na vigilância da raiva, os da<strong>do</strong>sepi<strong>de</strong>miológicos são essenciais tanto <strong>para</strong> os médicos, <strong>para</strong> que seja tomada a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>tratamento pós-exposição, como <strong>para</strong> os veteriná<strong>rio</strong>s, que <strong>de</strong>vem a<strong>do</strong>tar medidas relativas aoanimal envolvi<strong>do</strong>. Sem dúvida, um caso <strong>de</strong> raiva humana representa falência <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>local, além <strong>de</strong> ser um indica<strong>do</strong>r <strong>para</strong> avaliação da qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s serviços.Objetivos• Detectar precocemente a circulação <strong>do</strong> vírus em animais (urbanos e silvestres), visan<strong>do</strong> impedir aocorrência <strong>de</strong> casos humanos.• Propor e avaliar as medidas <strong>de</strong> prevenção e controle.• I<strong>de</strong>ntificar a fonte <strong>de</strong> infecção <strong>de</strong> cada caso humano ou animal.• Determinar a magnitu<strong>de</strong> da raiva humana e as áreas <strong>de</strong> risco, <strong>para</strong> intervenção.Definição <strong>de</strong> casoSuspeitoTo<strong>do</strong> paciente com quadro clínico sugestivo <strong>de</strong> encefalite rábica, com antece<strong>de</strong>ntes ou não<strong>de</strong> exposição à infecção pelo vírus rábico.Confirma<strong>do</strong>To<strong>do</strong> caso suspeito comprova<strong>do</strong> laboratorialmente ou to<strong>do</strong> indivíduo com quadro clínicocompatível <strong>de</strong> encefalite rábica associa<strong>do</strong> a antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> agressão ou contato com animalsuspeito (associação epi<strong>de</strong>miológica), com evolução <strong>para</strong> óbito.Crité<strong>rio</strong> clínico-laboratorial – <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> anticorpos específicos, pela técnica <strong>de</strong>soroneutralização em cultura celular, em pacientes sem antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> vacinação contra a raiva;<strong>de</strong>monstração <strong>do</strong> antígeno pela técnica <strong>de</strong> imunofluorescência direta, e isolamento <strong>do</strong> vírusatravés da prova biológica (PB) em camun<strong>do</strong>ngos ou células, ou por meio da reação <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>iapela polimerase (PCR).Atualmente, um importante instrumento <strong>de</strong> vigilância epi<strong>de</strong>miológica é a tipificaçãoantigênica através da imunofluorescência indireta com anticorpos monoclonais, que é uma técnicaespecífica e rápida, e da caracterização genética. É importante <strong>de</strong>stacar que o uso das técnicas <strong>de</strong>biologia molecular <strong>de</strong>ve estar sempre associa<strong>do</strong> à investigação epi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong> campo, vistoque somente assim se atingirá o maior po<strong>de</strong>r discriminató<strong>rio</strong>. Recomenda-se, também, a realização<strong>do</strong> estu<strong>do</strong> antigênico e genético em 100% das amostras isoladas <strong>de</strong> humanos, cães e gatos <strong>de</strong>áreas livres ou controladas, e <strong>de</strong> animais silvestres.


Crité<strong>rio</strong> clínico-epi<strong>de</strong>miológico – paciente com quadro neurológico agu<strong>do</strong> (encefalite), queapresente formas <strong>de</strong> hiperativida<strong>de</strong>, segui<strong>do</strong> <strong>de</strong> síndrome <strong>para</strong>lítica com progressão <strong>para</strong> coma emorte, geralmente por insuficiência respiratória, sem possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diagnóstico laboratorial mascom antece<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> exposição a provável fonte <strong>de</strong> infecção em região com comprovada circulação<strong>de</strong> vírus rábico. Mesmo nos casos nos quais a suspeita foi aventada após o óbito, a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> exumação <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rada, visto que atualmente se dispõe <strong>de</strong> técnicas laboratoriais que,no seu conjunto, apresentam gran<strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> e especificida<strong>de</strong>.Caso <strong>de</strong>scarta<strong>do</strong>To<strong>do</strong> caso suspeito com IFD e PB negativa ou que durante a investigação teve seudiagnóstico confirma<strong>do</strong> laboratorialmente por outra etiologia, ou to<strong>do</strong> caso suspeito que não tenhaevoluí<strong>do</strong> <strong>para</strong> óbito.NotificaçãoTo<strong>do</strong> caso humano suspeito <strong>de</strong> raiva é <strong>de</strong> notificação individual, compulsória e imediataaos níveis municipal, estadual e fe<strong>de</strong>ral.Primeiras medidas a serem a<strong>do</strong>tadasAssistência médica ao pacienteToda pessoa com histórico <strong>de</strong> exposição <strong>de</strong>ve procurar assistência médica e, conformeavaliação, receber vacinação ou soro-vacinação ou, ainda, acompanhamento durante o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong>observação animal.Qualida<strong>de</strong> da assistênciaVerificar se os casos estão sen<strong>do</strong> atendi<strong>do</strong>s em unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> com capacida<strong>de</strong> <strong>para</strong>prestar atendimento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> e oportuno. Deve-se ficar atento <strong>para</strong> evitar o aban<strong>do</strong>no, garantin<strong>do</strong>o esquema <strong>de</strong> vacinação completo e a o<strong>br</strong>igatorieda<strong>de</strong> da busca ativa pelos profissionais da re<strong>de</strong><strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.Confirmação diagnósticaColetar material <strong>para</strong> diagnóstico laboratorial, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as orientações constantes notópico Diagnóstico laboratorial <strong>do</strong>s diferentes animais.Proteção da populaçãoLogo que se tenha conhecimento da suspeita <strong>de</strong> caso <strong>de</strong> raiva, <strong>de</strong>ve-se organizar umbloqueio vacinal em cães e gatos em até 72 horas após a notificação, em um raio <strong>de</strong> 5km ou mais,<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da zona <strong>de</strong> a<strong>br</strong>angência (zona urbana ou rural) on<strong>de</strong> o paciente foi agredi<strong>do</strong>, nãosen<strong>do</strong> necessá<strong>rio</strong> aguardar resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> exames laboratoriais <strong>para</strong> confirmação <strong>do</strong> caso suspeito.É necessária, ainda, a captura e o envio <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> animais da área <strong>de</strong> atuação <strong>para</strong> odiagnóstico laboratorial e/ou comprovação da circulação viral.As informações so<strong>br</strong>e as coberturas vacinais <strong>do</strong>s animais da área endêmica, quan<strong>do</strong>disponíveis, são importantes <strong>para</strong> o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão quanto à extensão inicial e seletivida<strong>de</strong><strong>do</strong> bloqueio.Devem ser organizadas ações <strong>de</strong> esclarecimento à população, utilizan<strong>do</strong>-se meios <strong>de</strong>comunicação <strong>de</strong> massa, visitas <strong>do</strong>miciliares e palestras. É também importante a veiculação <strong>de</strong>conhecimentos so<strong>br</strong>e o ciclo <strong>de</strong> transmissão da <strong>do</strong>ença, gravida<strong>de</strong> e esclarecimentos da situação<strong>de</strong> risco e ações envolven<strong>do</strong> a participação efetiva da comunida<strong>de</strong>.InvestigaçãoImediatamente ou até 72 horas após a notificação <strong>de</strong> um caso <strong>de</strong> raiva, <strong>de</strong>ve-se iniciar ainvestigação epi<strong>de</strong>miológica <strong>para</strong> permitir que as medidas <strong>de</strong> controle possam ser a<strong>do</strong>tadas. Oinstrumento <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, a ficha epi<strong>de</strong>miológica disponível no Sinan, contém os elementosessenciais a serem coleta<strong>do</strong>s em uma investigação <strong>de</strong> rotina. To<strong>do</strong>s os seus campos <strong>de</strong>vem sercrite<strong>rio</strong>samente preenchi<strong>do</strong>s, mesmo quan<strong>do</strong> a informação for negativa. Outros itens e


observações po<strong>de</strong>m ser incluí<strong>do</strong>s em relató<strong>rio</strong> anexo, conforme as necessida<strong>de</strong>s e peculiarida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> cada situação.Casos <strong>de</strong> raiva em animais <strong>de</strong> produção (bovinos, eqüinos e outros), notificarimediatamente às autorida<strong>de</strong>s da agricultura <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento das ações <strong>de</strong> controle:indicação <strong>de</strong> vacinação nos rebanhos, captura e combate aos morcegos hematófagos e educaçãosanitária.Roteiro da investigação epi<strong>de</strong>miológicaI<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> pacientePreencher to<strong>do</strong>s os campos da ficha <strong>de</strong> investigação epi<strong>de</strong>miológica, relativos aos da<strong>do</strong>sgerais, notificação individual e da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> residência.Coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s clínicos e epi<strong>de</strong>miológicosPara confirmar a suspeita diagnóstica – anotar na ficha <strong>de</strong> investigação da<strong>do</strong>s da história,manifestações clínicas e antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> exposição às prováveis fontes <strong>de</strong> infecção.• Como, em geral, quan<strong>do</strong> se suspeita <strong>de</strong> raiva humana os <strong>do</strong>entes são hospitaliza<strong>do</strong>s, impõe-se aconsulta <strong>do</strong> prontuá<strong>rio</strong> e a entrevista ao médico assistente <strong>para</strong> completar as informações clínicasso<strong>br</strong>e o paciente. Estas informações servirão <strong>para</strong> <strong>de</strong>finir se o quadro apresenta<strong>do</strong> é compatívelcom a <strong>do</strong>ença;• Sugere-se <strong>fazer</strong> uma cópia da anamnese, exame físico e evolução <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente, com vistas aoenriquecimento das análises e, também, <strong>para</strong> que possam servir como instrumento <strong>de</strong>aprendizagem <strong>do</strong>s profissionais <strong>do</strong> nível local;• Verificar data, local e mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> ocorrência da exposição, tipo e localização, história <strong>de</strong> tratamentoprofilático ante<strong>rio</strong>r e atual, data <strong>de</strong> início <strong>do</strong>s sintomas, coleta e envio <strong>de</strong> material <strong>para</strong> diagnósticolaboratorial, crité<strong>rio</strong> <strong>de</strong> confirmação <strong>de</strong> caso, observação <strong>do</strong> animal, espécie, história <strong>de</strong> vacinaçãoe outras informações <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a situação <strong>de</strong> cada caso. Se não houve tratamento atual,i<strong>de</strong>ntificar as razões;• Acompanhar a evolução <strong>do</strong>s pacientes e os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s exames laboratoriais específicos.Para i<strong>de</strong>ntificação da área <strong>de</strong> transmissão – no local <strong>de</strong> ocorrência da exposição, i<strong>de</strong>ntificarfatores <strong>de</strong> risco como baixa cobertura vacinal canina, presença <strong>de</strong> cães errantes, regime <strong>de</strong>criação <strong>de</strong> cães (com proprietá<strong>rio</strong> restrito, parcialmente restrito, com mais <strong>de</strong> um proprietá<strong>rio</strong>),presença <strong>de</strong> casos suspeitos ou confirma<strong>do</strong>s <strong>de</strong> raiva animal e outros elementos que possam<strong>de</strong>terminar o grau <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> disseminação. Avaliar o aci<strong>de</strong>nte quanto às causas que o motivaram,méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> manutenção <strong>para</strong> a observação <strong>do</strong> animal no <strong>do</strong>micílio, cuida<strong>do</strong>s e prevenção <strong>de</strong><strong>do</strong>enças com o animal e riscos <strong>de</strong> contaminação a que foi exposto em perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> até 180 diasantes.Providências necessárias:• buscar, no provável local <strong>de</strong> infecção e em um raio <strong>de</strong> até 5km, pessoas e outros animais queforam expostos ao mesmo animal agressor ou a outros suspeitos;• verificar o acesso <strong>do</strong>s expostos aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e realizar busca ativa <strong>do</strong>s faltosos e/ouaban<strong>do</strong>nos <strong>de</strong> tratamento profilático anti-rábico humano;• notificar os casos positivos em animais ao serviço <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> raiva (vigilância epi<strong>de</strong>miológica,centros <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> zoonozes e agricultura), <strong>para</strong> controle <strong>de</strong> focos e outras ações pertinentes;• analisar a situação epi<strong>de</strong>miológica da área <strong>de</strong> a<strong>br</strong>angência, visan<strong>do</strong> impedir a ocorrência <strong>de</strong>novos casos.Nos casos <strong>de</strong> suspeita <strong>de</strong> raiva humana transmitida por morcegos hematófagos, recomenda-seobservar os seguintes fatores:• presença <strong>de</strong> mor<strong>de</strong>duras em animais e humanos;• existência <strong>de</strong> circulação viral;• aparecimento <strong>de</strong> casos humanos <strong>de</strong> encefalite;• existência <strong>de</strong> pequena população <strong>de</strong> animais <strong>de</strong> criação (bovinos, equí<strong>de</strong>os, etc.);• presença <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento ou reflorestamento;


• presença <strong>de</strong> moradias sem proteção a<strong>de</strong>quada;• novos assentamentos urbanos e rurais, regiões <strong>de</strong> garimpo, áreas com projetos <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira e outras culturas;• proximida<strong>de</strong> <strong>de</strong> povoa<strong>do</strong>s com matas florestais;• ocorrência <strong>de</strong> baixos indica<strong>do</strong>res socioeconômicos.Para <strong>de</strong>terminação da extensão da área <strong>de</strong> risco• Em áreas silvestres – sen<strong>do</strong> a fonte <strong>de</strong> infecção da espécie quiróptera (morcegos), <strong>de</strong>terminar aextensão da ação <strong>de</strong> bloqueio em um raio <strong>de</strong> até 12km.• Em áreas urbanas – <strong>para</strong> cães e gatos, <strong>de</strong>terminar a extensão da ação <strong>de</strong> bloqueio em um raio<strong>de</strong> até 5km.Coleta e remessa <strong>de</strong> amostra <strong>para</strong> diagnóstico• Logo após a suspeita clínica <strong>de</strong> raiva, <strong>de</strong>ve-se orientar so<strong>br</strong>e a coleta <strong>de</strong> amostra <strong>para</strong>laborató<strong>rio</strong>. Quan<strong>do</strong> <strong>do</strong> óbito, é imprescindível coletar e enviar amostras <strong>do</strong> cére<strong>br</strong>o, cerebelo,tronco encefálico e medula ao laborató<strong>rio</strong>, <strong>para</strong> confirmação <strong>do</strong> caso, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as normastécnicas apresentadas no tópico Definição <strong>de</strong> caso, observan<strong>do</strong>-se crite<strong>rio</strong>samente todas asrecomendações.• É da responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s profissionais da vigilância epi<strong>de</strong>miológica e/ou <strong>do</strong>s laborató<strong>rio</strong>scentrais ou <strong>de</strong> referência viabilizar, orientar ou mesmo proce<strong>de</strong>r a essas coletas.Análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>sI<strong>de</strong>ntificar as falhas da vigilância epi<strong>de</strong>miológica, assistência e <strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> quepropiciaram a ocorrência <strong>de</strong> caso humano e em animais <strong>do</strong>mésticos. Observar a distribuiçãotemporal e geográfica <strong>do</strong>s casos, localização e data das ocorrências, sexo, ida<strong>de</strong>, ocupação, zonaurbana ou rural, natureza da agressão, espécie agressora, história <strong>de</strong> vacinação e outros da<strong>do</strong>s <strong>de</strong>interesse <strong>para</strong> cada localida<strong>de</strong>. A análise <strong>de</strong>stes da<strong>do</strong>s <strong>de</strong>verá orientar o <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento,duração e extensão das ações <strong>de</strong> controle <strong>de</strong>senvolvidas e poste<strong>rio</strong>r avaliação <strong>de</strong> sua a<strong>de</strong>quação.Encerramento <strong>de</strong> casosConfirma<strong>do</strong> por crité<strong>rio</strong> clínico-laboratorial (isolamento viral, sorologia ouhistopatologia) – pacientes com sintomatologia compatível, na qual a imunofluorescência ouexame histopatológico ou a inoculação em camun<strong>do</strong>ngos foi positiva <strong>para</strong> raiva.Confirma<strong>do</strong> por crité<strong>rio</strong> clínico-epi<strong>de</strong>miológico – paciente com sintomatologiacompatível, cujo histórico permite realizar vínculo epi<strong>de</strong>miológico entre o caso suspeito e a região<strong>de</strong> ocorrência, com comprovada circulação <strong>do</strong> vírus rábico, que selaria o diagnóstico <strong>de</strong> raiva.Caso <strong>de</strong>scarta<strong>do</strong> – caso notifica<strong>do</strong> cujos resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> exames laboratoriais foramnegativos, afastan<strong>do</strong> a hipótese <strong>de</strong> raiva, ou pacientes com evolução incompatível com raiva.


Relató<strong>rio</strong> finalOs da<strong>do</strong>s da investigação <strong>de</strong>verão ser consolida<strong>do</strong>s em um relató<strong>rio</strong> com as principaisconclusões, das quais <strong>de</strong>stacam-se:• intervenção so<strong>br</strong>e a fonte <strong>de</strong> infecção: da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> cobertura vacinal animal, bloqueios <strong>de</strong> foco,número <strong>de</strong> animais captura<strong>do</strong>s, animais submeti<strong>do</strong>s à eutanásia, envio <strong>de</strong> amostras ao laborató<strong>rio</strong>,ações educativas e mobilização comunitária;• da<strong>do</strong>s pessoais: sexo, ida<strong>de</strong>, ocupação, zona urbana ou rural;• antece<strong>de</strong>ntes epi<strong>de</strong>miológicos: tipo da exposição (arranhadura, mor<strong>de</strong>dura, lambedura, contatoindireto), localização (mucosa, cabeça/pescoço, mãos/pés, tronco, mem<strong>br</strong>os supe<strong>rio</strong>res/infe<strong>rio</strong>res),tipo <strong>de</strong> ferimento (único, múltiplo, superficial, profun<strong>do</strong>, dilacerante), espécie <strong>do</strong> animal agressor edata da exposição;• da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> atendimento: hospitalização (avaliação da qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> atendimento ao paciente),vacinação e/ou sorovacinação, número <strong>de</strong> <strong>do</strong>ses aplicadas e data <strong>de</strong> início <strong>de</strong> tratamento;• exames laboratoriais: tipo <strong>de</strong> exame realiza<strong>do</strong> e resulta<strong>do</strong>s;• encerramento <strong>de</strong> caso.Instrumentos disponíveis <strong>para</strong> controleConduta em caso <strong>de</strong> possível exposição ao vírus da raivaEm caso <strong>de</strong> possível exposição ao vírus da raiva é imprescindível a limpeza <strong>do</strong> ferimentocom água corrente abundante e sabão, ou outro <strong>de</strong>tergente, pois essa conduta diminui,comprovadamente, o risco <strong>de</strong> infecção. Deve ser realizada o mais rápi<strong>do</strong> possível após a agressãoe repetida na unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>do</strong> tempo transcorri<strong>do</strong>. A limpeza <strong>de</strong>ve sercuida<strong>do</strong>sa, visan<strong>do</strong> eliminar as sujida<strong>de</strong>s sem agravar o ferimento e, em seguida, <strong>de</strong>vem serutiliza<strong>do</strong>s antissépticos que inativem o vírus da raiva (como o livinilpirroli<strong>do</strong>na-io<strong>do</strong>, por exemplo, opolvidine ou gluconato <strong>de</strong> clorexidine ou álcool-ioda<strong>do</strong>).Lem<strong>br</strong>ar que essas substâncias <strong>de</strong>verão ser utilizadas uma única vez, na primeira consulta, esempre que possível, poste<strong>rio</strong>rmente, a região <strong>de</strong>ve ser lavada com solução fisiológica.


Deve-se <strong>fazer</strong> anamnese completa, utilizan<strong>do</strong>-se a ficha <strong>de</strong> atendimento anti-rábicohumano, visan<strong>do</strong> à indicação correta <strong>do</strong> tratamento profilático. Classificar o aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> acor<strong>do</strong>com as seguintes características <strong>do</strong> ferimento e <strong>do</strong> animal envolvi<strong>do</strong> no aci<strong>de</strong>nte:Características <strong>do</strong> ferimentoEm relação à transmissão <strong>do</strong> vírus da raiva, os aci<strong>de</strong>ntes causa<strong>do</strong>s por animais <strong>de</strong>vem seravalia<strong>do</strong>s quanto ao:Local <strong>do</strong> aci<strong>de</strong>nte – aci<strong>de</strong>ntes que ocorrem em regiões próximas ao sistema nervosocentral (cabeça, face ou pescoço) ou em locais muito inerva<strong>do</strong>s (mãos, polpas digitais e planta <strong>do</strong>spés) são graves porque facilitam a exposição <strong>do</strong> sistema nervoso ao vírus. A lambedura da peleíntegra não oferece risco, mas a lambedura <strong>de</strong> mucosas também é grave porque as mesmas sãopermeáveis ao vírus, mesmo quan<strong>do</strong> intactas, e também porque as lambeduras, geralmente,a<strong>br</strong>angem áreas mais extensas.Profundida<strong>de</strong> <strong>do</strong> aci<strong>de</strong>nte – os aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>vem ser classifica<strong>do</strong>s como superficiais(sem presença <strong>de</strong> sangramento) ou profun<strong>do</strong>s (apresentam sangramento, ou seja, ultrapassam a<strong>de</strong>rme). Os ferimentos profun<strong>do</strong>s, além <strong>de</strong> aumentar o risco <strong>de</strong> exposição <strong>do</strong> sistema nervoso,oferecem dificulda<strong>de</strong>s à assepsia. Mas vale ressaltar que os ferimentos puntiformes sãoconsi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s como profun<strong>do</strong>s e algumas vezes não apresentam sangramento.Extensão e número <strong>de</strong> lesões – <strong>de</strong>ve-se observar a extensão da lesão e se ocorreuapenas uma única lesão ou múltiplas, ou seja, uma porta <strong>de</strong> entrada ou várias.De acor<strong>do</strong> com os crité<strong>rio</strong>s acima estabeleci<strong>do</strong>s, as exposições po<strong>de</strong>m ser assimclassificadas:Aci<strong>de</strong>ntes leves• ferimentos superficiais, pouco extensos, geralmente únicos, em tronco e mem<strong>br</strong>os (exceto mãos,polpas digitais e planta <strong>do</strong>s pés); po<strong>de</strong>m acontecer em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> mor<strong>de</strong>duras ouarranhaduras causadas por unha ou <strong>de</strong>nte;• lambedura <strong>de</strong> pele com lesões superficiais.Aci<strong>de</strong>ntes graves• ferimentos na cabeça, face, pescoço, mão, polpa digital e/ou planta <strong>do</strong> pé;• ferimentos profun<strong>do</strong>s, múltiplos ou extensos, em qualquer região <strong>do</strong> corpo;• lambeduras <strong>de</strong> mucosas;• lambeduras <strong>de</strong> pele on<strong>de</strong> já existe lesão grave;• ferimentos profun<strong>do</strong>s causa<strong>do</strong>s por unha <strong>de</strong> gato;• quaisquer ferimentos causa<strong>do</strong>s por morcego.Características <strong>do</strong> animal envolvi<strong>do</strong> no aci<strong>de</strong>nteCão e gato – as características da <strong>do</strong>ença em cães e gatos, como perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> incubação,transmissão e quadro clínico, são bem conhecidas e semelhantes. Por esta razão estes animaissão analisa<strong>do</strong>s em conjunto, nos seguintes elementos:• esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> animal no momento da agressão – avaliar se o animal estava sadio ouapresentava sinais sugestivos <strong>de</strong> raiva. A maneira como ocorreu o aci<strong>de</strong>nte po<strong>de</strong> fornecerinformações so<strong>br</strong>e seu esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. O aci<strong>de</strong>nte provoca<strong>do</strong> (por exemplo, o animal que reageem <strong>de</strong>fesa própria, a estímulos <strong>do</strong>lorosos ou outras provocações) geralmente indica uma reaçãonormal <strong>do</strong> animal, enquanto que a agressão espontânea (sem causa aparente) po<strong>de</strong> indicar


alteração <strong>do</strong> comportamento e sugere que o animal po<strong>de</strong> estar acometi<strong>do</strong> <strong>de</strong> raiva. Lem<strong>br</strong>ar que oanimal também po<strong>de</strong> agredir <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à sua ín<strong>do</strong>le ou a<strong>de</strong>stramento;• possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> observação <strong>do</strong> animal por 10 dias – mesmo se o animal estiver sadio nomomento <strong>do</strong> aci<strong>de</strong>nte, é importante que seja manti<strong>do</strong> em observação por 10 dias. Nos cães egatos, o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> incubação da <strong>do</strong>ença po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> alguns dias a anos, mas em geral é <strong>de</strong>cerca <strong>de</strong> 60 dias. No entanto, a excreção <strong>de</strong> vírus pela saliva, ou seja, o perío<strong>do</strong> em que o animalpo<strong>de</strong> transmitir a <strong>do</strong>ença, só ocorre a partir <strong>do</strong> final <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> incubação, varian<strong>do</strong> entre <strong>do</strong>is ecinco dias antes <strong>do</strong> aparecimento <strong>do</strong>s sinais clínicos, persistin<strong>do</strong> até sua morte, que po<strong>de</strong> ocorrerem até cinco dias após o início <strong>do</strong>s sintomas. Portanto, o animal <strong>de</strong>ve ser observa<strong>do</strong> por 10 dias;se em to<strong>do</strong> esse perío<strong>do</strong> permanecer vivo e saudável, não há risco <strong>de</strong> transmissão <strong>do</strong> vírus;• procedência <strong>do</strong> animal – é necessá<strong>rio</strong> saber se a região <strong>de</strong> procedência <strong>do</strong> animal é área <strong>de</strong>raiva controlada ou não controlada;• hábitos <strong>de</strong> vida <strong>do</strong> animal – o animal <strong>de</strong>ve ser classifica<strong>do</strong> como <strong>do</strong>micilia<strong>do</strong> ou não<strong>do</strong>micilia<strong>do</strong>.Animal <strong>do</strong>micilia<strong>do</strong> é o que vive exclusivamente <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> <strong>do</strong>micílio, não tem contatocom outros animais <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>s e só sai à rua acompanha<strong>do</strong> <strong>do</strong> seu <strong>do</strong>no. Desse mo<strong>do</strong>, essesanimais po<strong>de</strong>m ser classifica<strong>do</strong>s como <strong>de</strong> baixo risco em relação à transmissão da raiva. Aocontrá<strong>rio</strong>, aqueles animais que passam longos perío<strong>do</strong>s fora <strong>do</strong> <strong>do</strong>micílio, sem controle, <strong>de</strong>vem serconsi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s como animais <strong>de</strong> risco, mesmo que tenham proprietá<strong>rio</strong> e recebam vacinas, o quegeralmente só ocorre nas campanhas <strong>de</strong> vacinação.Animais silvestres – morcego <strong>de</strong> qualquer espécie, micos (sagüi e “soin”), macaco, raposa,guaxinim, quati, gambá, roe<strong>do</strong>res silvestres, etc. <strong>de</strong>vem ser classifica<strong>do</strong>s como animais <strong>de</strong> risco,mesmo que <strong>do</strong>micilia<strong>do</strong>s e/ou <strong>do</strong>mestica<strong>do</strong>s, haja vista que nesses animais a patogenia da raivanão é bem conhecida.Animais <strong>do</strong>mésticos <strong>de</strong> interesse econômico ou <strong>de</strong> produção – bovinos, bubalinos, eqüí<strong>de</strong>os,caprinos, ovinos, suínos e outros também são animais <strong>de</strong> risco. É importante conhecer o tipo,freqüência e grau <strong>do</strong> contato ou exposição que os trata<strong>do</strong>res e outros profissionais têm com estesanimais, e a incidência da raiva na região, <strong>para</strong> avaliar a indicação <strong>de</strong> tratamento pré ou pósexposição.Animais <strong>de</strong> baixo risco – os seguintes roe<strong>do</strong>res e lagomorfos (áreas urbanas ou <strong>de</strong> criação) sãoconsi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s como <strong>de</strong> baixo risco <strong>para</strong> a transmissão da raiva e, por isto, não é necessá<strong>rio</strong> indicartratamento profilático da raiva em caso <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes causa<strong>do</strong>s pelos mesmos:• ratazana-<strong>de</strong>-esgoto (Rattus norvegicus);• rato-<strong>de</strong>-telha<strong>do</strong> (Rattus rattus);• camun<strong>do</strong>ngo (Mus musculus);• cobaia ou porquinho-da-índia (Cavea porcellus);• hamster (Mesocricetus auratus);• coelho (Oryetolagus cuniculus).Observação válida <strong>para</strong> to<strong>do</strong>s os animais <strong>de</strong> risco: sempre que possível, coletar amostra <strong>de</strong>teci<strong>do</strong> cere<strong>br</strong>al e enviar <strong>para</strong> o laborató<strong>rio</strong> <strong>de</strong> diagnóstico. O diagnóstico laboratorial é importantetanto <strong>para</strong> <strong>de</strong>finir a conduta em relação ao paciente como <strong>para</strong> se conhecer o risco <strong>de</strong> transmissãoda <strong>do</strong>ença na área <strong>de</strong> procedência <strong>do</strong> animal. Se o resulta<strong>do</strong> for negativo, o tratamento nãoprecisa ser indica<strong>do</strong> ou, caso tenha si<strong>do</strong> inicia<strong>do</strong>, po<strong>de</strong> ser suspenso.


Conduta em caso <strong>de</strong> possível reexposição ao vírus da raivaPessoas com risco <strong>de</strong> reexposição ao vírus da raiva, que já tenham recebi<strong>do</strong> tratamentopós-exposição ante<strong>rio</strong>rmente, <strong>de</strong>vem ser tratadas novamente <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as indicações <strong>do</strong>Quadro 2. Para estas pessoas, quan<strong>do</strong> possível, também é recomendável a pesquisa <strong>de</strong>anticorpos.Observações: em caso <strong>de</strong> reexposição, com história <strong>de</strong> tratamento ante<strong>rio</strong>r completo, não énecessá<strong>rio</strong> administrar o soro anti-rábico (homólogo ou heterólogo). No entanto, o soro po<strong>de</strong>rá serindica<strong>do</strong> se houver dúvidas ou conforme a análise <strong>de</strong> cada caso, especialmente nos pacientesimuno<strong>de</strong>primi<strong>do</strong>s que <strong>de</strong>vem receber sistematicamente soro e vacina.Recomenda-se que, ao final <strong>do</strong> tratamento, seja realizada a avaliação sorológica após o14º dia da aplicação da última <strong>do</strong>se. Devem ser avalia<strong>do</strong>s, individualmente, os pacientes quereceberam muitas <strong>do</strong>ses <strong>de</strong> vacina, como, por exemplo, os que receberam mais <strong>de</strong> uma vez oesquema completo <strong>de</strong> pós-exposição e vá<strong>rio</strong>s esquemas <strong>de</strong> re-exposição. O risco <strong>de</strong> reaçõesadversas às vacinas aumenta proporcionalmente ao número <strong>de</strong> <strong>do</strong>ses aplicadas. Nestes casos, sepossível, solicitar a avaliação sorológica <strong>do</strong> paciente. Se o título <strong>de</strong> anticorpos neutralizantes (AcN)for igual ou maior a 0,5UI/ml, não é necessá<strong>rio</strong> indicar tratamento ou, caso tenha si<strong>do</strong> inicia<strong>do</strong>,po<strong>de</strong> ser suspenso.Conduta em caso <strong>de</strong> possível exposição ao vírus da raiva em pacientes quereceberam esquema <strong>de</strong> pré-exposiçãoO Quadro 3 indica os procedimentos a serem a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s <strong>para</strong> pacientes que,aci<strong>de</strong>ntalmente, se expuseram ao risco <strong>de</strong> infecção pelo vírus da raiva e que tenham recebi<strong>do</strong>tratamento pré-exposição ante<strong>rio</strong>rmente.Consi<strong>de</strong>rar as notas <strong>de</strong> rodapé <strong>do</strong> Quadro 2, caso o esquema recebi<strong>do</strong> ante<strong>rio</strong>rmentetenha si<strong>do</strong> incompleto.Profilaxia pré-exposiçãoÉ indicada <strong>para</strong> pessoas que, por força <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s profissionais ou <strong>de</strong> lazer,estejam expostas permanentemente ao risco <strong>de</strong> infecção pelo vírus da raiva, tais comoprofissionais e estudantes das áreas <strong>de</strong> medicina veterinária e <strong>de</strong> biologia e profissionais eauxiliares <strong>de</strong> laborató<strong>rio</strong>s <strong>de</strong> virologia e/ou anatomia patológica <strong>para</strong> raiva. É indicada, também,<strong>para</strong> aqueles que atuam no campo na captura, vacinação, i<strong>de</strong>ntificação e classificação <strong>de</strong>mamíferos passíveis <strong>de</strong> portarem o vírus, bem como funcioná<strong>rio</strong>s <strong>de</strong> zoológicos.Com a vacina <strong>de</strong> cultivo celularEsquema: 3 <strong>do</strong>ses.Dias <strong>de</strong> aplicação: 0, 7, 28.Via <strong>de</strong> administração e <strong>do</strong>se: intramuscular profunda, utilizan<strong>do</strong> <strong>do</strong>se completa; ou haven<strong>do</strong>capacitação técnica, por via intradérmica, utilizan<strong>do</strong> a <strong>do</strong>se <strong>de</strong> 0,1ml.Local <strong>de</strong> aplicação: músculo <strong>de</strong>ltói<strong>de</strong> ou vasto lateral da coxa (não aplicar em glúteo).Controle sorológico: a partir <strong>do</strong> 14º dia após a última <strong>do</strong>se <strong>do</strong> esquema.Resulta<strong>do</strong>s:• insatisfató<strong>rio</strong> – se o título <strong>de</strong> anticorpos for menor <strong>do</strong> que 0,5 UI/ml. Nesse caso, aplicar uma <strong>do</strong>se<strong>de</strong> reforço e reavaliar a partir <strong>do</strong> 14º dia após o reforço;• satisfató<strong>rio</strong> – se o título <strong>de</strong> anticorpos for maior ou igual a 0,5 UI/ml.


ImportanteDeve-se <strong>fazer</strong> o controle sorológico anual <strong>do</strong>s profissionais que se expõempermanentemente ao risco <strong>de</strong> infecção ao vírus da raiva, administran<strong>do</strong>-se uma <strong>do</strong>se <strong>de</strong> reforçosempre que os títulos forem infe<strong>rio</strong>res a 0,5 UI/ml. Repetir a sorologia a partir <strong>do</strong> 14º dia, após a<strong>do</strong>se <strong>de</strong> reforço.VacinaVacina <strong>de</strong> cultivo celularSão vacinas mais potentes, seguras e isentas <strong>de</strong> risco. São produzidas em cultura <strong>de</strong>células (diplói<strong>de</strong>s humanas, células Vero, células <strong>de</strong> em<strong>br</strong>ião <strong>de</strong> galinha, etc.) com cepas <strong>de</strong> vírusPasteur (PV) ou Pittman-Moore (PM) inativa<strong>do</strong>s pela betapropiolactona. São apresentadas sob aforma liofilizada, acompanhadas <strong>de</strong> diluente; <strong>de</strong>vem ser conservadas em gela<strong>de</strong>ira, fora <strong>do</strong>congela<strong>do</strong>r, na temperatura entre + 2ºC a + 8ºC, até o momento <strong>de</strong> sua aplicação, observan<strong>do</strong> oprazo <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> <strong>do</strong> fa<strong>br</strong>icante. A potência mínima <strong>de</strong>stas vacinas é 2,5 UI/<strong>do</strong>se.Dose e via <strong>de</strong> aplicação – são apresentadas nas <strong>do</strong>ses <strong>de</strong> 0,5ml e 1ml, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> fa<strong>br</strong>icante(verificar embalagem e/ou lote). A <strong>do</strong>se indicada pelo fa<strong>br</strong>icante in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da ida<strong>de</strong> e <strong>do</strong> peso <strong>do</strong>paciente. A via <strong>de</strong> aplicação recomendada é a intramuscular, na região <strong>do</strong> <strong>de</strong>ltói<strong>de</strong> ou vasto lateral


da coxa. Em crianças até 2 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, está indica<strong>do</strong> o vasto lateral da coxa. A vacina não <strong>de</strong>veser aplicada na região glútea.Contra-indicação – a vacina não tem contra-indicação (gravi<strong>de</strong>z, mulheres lactantes, <strong>do</strong>ençaintercorrente ou outros tratamentos). Sempre que possível, recomenda-se a interrupção <strong>do</strong>tratamento com corticói<strong>de</strong>s e/ou imunossupressores ao iniciar o esquema <strong>de</strong> vacinação. Nãosen<strong>do</strong> possível, tratar a pessoa como imuno<strong>de</strong>primida.Eventos adversos – as manifestações adversas relatadas com maior freqüência são reação local,fe<strong>br</strong>e, mal-estar, náuseas e cefaléia. Não há relato <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> óbito associa<strong>do</strong> ao uso davacina <strong>de</strong> cultivo celular.A freqüência <strong>de</strong> reações neurológicas associadas a esta vacina, citada na literaturacientífica, é baixa. De acor<strong>do</strong> com a Organização Mundial da Saú<strong>de</strong> (OMS), até junho <strong>de</strong> 1996haviam si<strong>do</strong> relata<strong>do</strong>s seis casos <strong>de</strong> reações neurológicas temporalmente associadas à vacina. Emcinco foram registra<strong>do</strong>s quadros <strong>de</strong> fraqueza ou parestesia, sen<strong>do</strong> que em um <strong>do</strong>s pacientesocorreu déficit muscular permanente <strong>do</strong> músculo <strong>de</strong>ltói<strong>de</strong>. O sexto paciente apresentou quadroneurológico semelhante ao <strong>de</strong> esclerose múltipla. A incidência <strong>de</strong> manifestações neurológicas,consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se to<strong>do</strong>s estes casos como realmente provoca<strong>do</strong>s pela vacina, é <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 1 <strong>para</strong>cada 500 mil pacientes trata<strong>do</strong>s.Nos EUA, a incidência <strong>de</strong> reações alérgicas notificadas à vacina <strong>de</strong> células diplói<strong>de</strong>s foi <strong>de</strong>11 casos por 10 mil pacientes trata<strong>do</strong>s (0,11%). As reações variam <strong>de</strong> urticária a anafilaxia eocorrem principalmente após as <strong>do</strong>ses <strong>de</strong> reforço; em 1/10 mil tratamentos é registrada reaçãoanafilática <strong>do</strong> tipo I; a maioria das reações, 10/10 mil, é <strong>de</strong> hipersensibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> tipo III. A evoluçãoé boa e a maioria <strong>do</strong>s pacientes não necessita internação hospitalar.SorosSoro heterólogoO soro heterólogo é uma solução concentrada e purificada <strong>de</strong> anticorpos, pre<strong>para</strong>da emeqüí<strong>de</strong>os imuniza<strong>do</strong>s contra o vírus da raiva. Deve ser conserva<strong>do</strong> em gela<strong>de</strong>ira, entre +2º a +8ºC,observan<strong>do</strong> o prazo <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> <strong>do</strong> fa<strong>br</strong>icante.A <strong>do</strong>se indicada é <strong>de</strong> 40 UI/kg <strong>de</strong> peso <strong>do</strong> paciente. Deve-se infiltrar nas lesões a maiorquantida<strong>de</strong> possível da <strong>do</strong>se <strong>do</strong> soro. Quan<strong>do</strong> a lesão for extensa e múltipla, a <strong>do</strong>se po<strong>de</strong> serdiluída em soro fisiológico, <strong>para</strong> que todas as lesões sejam infiltradas. Caso a região anatômicanão permita a infiltração <strong>de</strong> toda a <strong>do</strong>se, a quantida<strong>de</strong> restante, a menor possível, <strong>de</strong>ve seraplicada por via intramuscular, na região glútea.Quan<strong>do</strong> não se dispuser <strong>do</strong> soro ou <strong>de</strong> sua <strong>do</strong>se total, aplicar inicialmente a partedisponível. Iniciar imediatamente a vacinação e administrar o restante da <strong>do</strong>se <strong>de</strong> sororecomendada antes da 3ª <strong>do</strong>se da vacina <strong>de</strong> cultivo celular. Após esse prazo, o soro não é maisnecessá<strong>rio</strong>.O uso <strong>do</strong> soro não é necessá<strong>rio</strong> quan<strong>do</strong> o paciente recebeu tratamento completoante<strong>rio</strong>rmente. No entanto, em situações especiais, como pacientes imuno<strong>de</strong>primi<strong>do</strong>s ou dúvidascom relação ao tratamento ante<strong>rio</strong>r, se houver indicação o soro <strong>de</strong>ve ser recomenda<strong>do</strong>.Eventos adversos – os soros atualmente produzi<strong>do</strong>s são seguros mas po<strong>de</strong>m causar eventosadversos, como qualquer imunobiológico. As reações mais comuns são benignas, fáceis <strong>de</strong> tratar eapresentam boa evolução. A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong>stas reações nunca contra-indica aprescrição <strong>do</strong> soro.Eventos adversos que po<strong>de</strong>m ocorrer após a administração <strong>do</strong> soro heterólogo:• manifestações locais – <strong>do</strong>r, e<strong>de</strong>ma e hiperemia e, mais raramente, presença <strong>de</strong> abscesso. Sãoas manifestações mais comuns, normalmente <strong>de</strong> caráter benigno. Conduta: não é necessá<strong>rio</strong>notificar. Deve ser feito tratamento local, com o objetivo <strong>de</strong> diminuir a <strong>do</strong>r, a tumefação e avermelhidão.• manifestações imediatas – choque anafilático. Manifestação rara que po<strong>de</strong> ocorrer nasprimeiras duas horas após a aplicação. Os sintomas mais comuns são formigamento nos lábios,pali<strong>de</strong>z, dispnéia, e<strong>de</strong>mas, exantemas, hipotensão e perda <strong>de</strong> consciência.Conduta: notificar e investigar. Substituir o soro por imunoglobulina anti-rábica. Cuida<strong>do</strong> intensivo.


• manifestações tardias: ocorrem com mais freqüência até a segunda semana após a aplicação<strong>do</strong> soro. Doença <strong>do</strong> soro – caracterizada por e<strong>de</strong>ma e eritema no local <strong>de</strong> aplicação <strong>do</strong> soro,fe<strong>br</strong>e, mioartralgia (poliartrite serosa), astenia, cefaléia, su<strong>do</strong>rese, <strong>de</strong>sidratação, exantema commáculas e pápulas pruriginosas, infartamento e inflamações ganglionar e, mais raramente,vasculite e nefrite. Reação <strong>de</strong> Arthus – caracterizada por vasculite local acompanhada <strong>de</strong> necrose, <strong>do</strong>r, tumefação,rubor e úlceras profundas. Também é um quadro muito raro.Conduta: notificar e investigar. Deve ser feito acompanhamento clínico por serviço especializa<strong>do</strong>.Em caso <strong>de</strong> resposta afirmativa a um <strong>do</strong>s itens ante<strong>rio</strong>res, classificar o paciente como <strong>de</strong> risco econsi<strong>de</strong>rar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> substituição <strong>do</strong> soro heterólogo pelo soro homólogo (imunoglobulinahumana anti-rábica), se disponível. Caso não haja disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> soro homólogo, aconselha-sea pré-medicação <strong>de</strong>ste paciente antes da aplicação <strong>do</strong> soro heterólogo.Antes da administração <strong>do</strong> soro heterólogo, aconselha-se sempre a seguinte rotina, <strong>para</strong> qualquerpaciente:• garantir bom acesso venoso, manten<strong>do</strong>-o com soro fisiológico a 0,9% (gotejamento lento);• <strong>de</strong>ntro das possibilida<strong>de</strong>s, é conveniente <strong>de</strong>ixar pre<strong>para</strong><strong>do</strong>: laringoscópio com lâminas e tubos traqueais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s <strong>para</strong> o peso e ida<strong>de</strong>; frasco <strong>de</strong> soro fisiológico e/ou solução <strong>de</strong> Ringer lacta<strong>do</strong>; solução aquosa <strong>de</strong> adrenalina (pre<strong>para</strong>da na diluição <strong>de</strong> 1:1 mil) e <strong>de</strong> aminofilina (10ml = 240mg).Pré-medicação – na tentativa <strong>de</strong> prevenir ou atenuar possíveis reações adversas imediatas empacientes <strong>de</strong> risco, po<strong>de</strong>m ser utilizadas drogas bloquea<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>s receptores H1 e H2 dahistamina (anti-histamínicos) e um corticosterói<strong>de</strong> em <strong>do</strong>se anti-inflamatóriaEventos adversosManifestações locais – po<strong>de</strong> provocar reações <strong>de</strong> caráter benigno com <strong>do</strong>r, e<strong>de</strong>ma e hiperemia e,mais raramente, presença <strong>de</strong> abscesso.Conduta: não é necessá<strong>rio</strong> notificar. Deve ser feito tratamento local com o objetivo <strong>de</strong> diminuir a<strong>do</strong>r, a tumefação e a vermelhidão.Manifestações imediatas – choque anafilático. Raro, mas po<strong>de</strong> ocorrer na administração <strong>do</strong> soroanti-rábico heterólogo. Nas primeiras duas horas após a aplicação, po<strong>de</strong>m ocorrer formigamentonos lábios, pali<strong>de</strong>z, dispnéia, e<strong>de</strong>mas, exantemas, hipotensão e perda da consciência.Conduta: notificar e investigar. Substituir o soro por imunoglobulina anti-rábica.Cuida<strong>do</strong> intensivo.Manifestações tardias• Doença <strong>do</strong> soro – fe<strong>br</strong>e, mioartralgia (poliartrite serosa), astenia, cefaléia, su<strong>do</strong>rese,<strong>de</strong>sidratação, exantema com máculas e pápulas pruriginosas, infartamento e inflamações <strong>do</strong>slinfono<strong>do</strong>s, vasculite, nefrite.


• Reação <strong>de</strong> Arthus – vasculite local acompanhada <strong>de</strong> necrose, <strong>do</strong>r, tumefação, rubor, necrose,úlceras profundas. Conduta: notificar e investigar. Deve ser feito acompanhamento clínico porserviço especializa<strong>do</strong>.


Imunoglobulina humana anti-rábica – Soro homólogoA imunoglobulina humana anti-rábica, uma solução concentrada e purificada <strong>de</strong> anticorpos,pre<strong>para</strong>da a partir <strong>de</strong> hemo<strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> indivíduos imuniza<strong>do</strong>s com antígeno rábico, é um produtomais seguro que o soro anti-rábico porém <strong>de</strong> produção limitada e, por isso, <strong>de</strong> baixadisponibilida<strong>de</strong> e alto custo. Deve ser conservada entre + 2° e + 8° C, protegida da luz,observan<strong>do</strong>-se o prazo <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> <strong>do</strong> fa<strong>br</strong>icante.A <strong>do</strong>se indicada é <strong>de</strong> 20 UI/kg <strong>de</strong> peso. Deve-se infiltrar a maior quantida<strong>de</strong> possível na(s)lesão(ões). Quan<strong>do</strong> a lesão for muito extensa e múltipla, a <strong>do</strong>se indicada po<strong>de</strong> ser diluída em sorofisiológico <strong>para</strong> que todas as lesões sejam infiltradas. Caso a região anatômica não permita ainfiltração <strong>de</strong> toda a <strong>do</strong>se, a quantida<strong>de</strong> restante, a menor possível, <strong>de</strong>ve ser aplicada por viaintramuscular, na região glútea.Eventos adversosManifestações locais – po<strong>de</strong> provocar reações <strong>de</strong> caráter benigno como <strong>do</strong>r, e<strong>de</strong>ma, eritema e,mais raramente, abscesso. Conduta: não é necessá<strong>rio</strong> notificar. Deve ser feito tratamento localcom o objetivo <strong>de</strong> diminuir a <strong>do</strong>r, a tumefação e a vermelhidão.Manifestações sistêmicas – leve esta<strong>do</strong> fe<strong>br</strong>il. Em presença <strong>de</strong> gama-globulinemia ouhipogamaglobulinemia po<strong>de</strong> ocorrer reação anafilática. Raramente, reação <strong>de</strong> hipersensibilida<strong>de</strong>.Conduta: notificar e investigar.Notas:• A imunoglobulina humana anti-rábica (soro homólogo) está disponível nos Centros <strong>de</strong> Referência<strong>para</strong> Imunobiológicos Especiais (Cries) <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Imunizações das secretarias <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>do</strong>sesta<strong>do</strong>s e <strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral.• Os eventos adversos ao soro anti-rábico humano (heterólogo ou homólogo) <strong>de</strong>vem serinvestiga<strong>do</strong>s e notifica<strong>do</strong>s ao sistema <strong>de</strong> vigilância <strong>de</strong> eventos adversos <strong>do</strong> Programa Estadual <strong>de</strong>Imunizações da secretaria <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s ou <strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral.Aban<strong>do</strong>no <strong>de</strong> tratamentoO tratamento profilático anti-rábico humano <strong>de</strong>ve ser garanti<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os dias, inclusive nosfinais <strong>de</strong> semana e feria<strong>do</strong>s, até a última <strong>do</strong>se prescrita (esquema completo). É <strong>de</strong>responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que aten<strong>de</strong> o paciente realizar busca ativa imediatadaqueles que não comparecem nas datas agendadas <strong>para</strong> a aplicação <strong>de</strong> cada <strong>do</strong>se da vacinaprescrita.As condutas indicadas <strong>para</strong> pacientes que não comparecem na data agendada estão a seguir<strong>de</strong>scritas.6Paciente em uso da vacina <strong>de</strong> cultivo celular• No esquema recomenda<strong>do</strong> (dias 0, 3, 7, 14 e 28 ), as cinco <strong>do</strong>ses <strong>de</strong>vem ser administradas noperío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 28 dias a partir <strong>do</strong> início <strong>do</strong> tratamento.• Quan<strong>do</strong> o paciente faltar <strong>para</strong> a segunda <strong>do</strong>se: aplicar no dia que comparecer e agendar aterceira <strong>do</strong>se com intervalo mínimo <strong>de</strong> 2 dias.• Quan<strong>do</strong> o paciente faltar <strong>para</strong> a terceira <strong>do</strong>se: aplicar no dia que comparecer e agendar a quarta<strong>do</strong>se com intervalo mínimo <strong>de</strong> 4 dias.• Quan<strong>do</strong> o paciente faltar <strong>para</strong> a quarta <strong>do</strong>se: aplicar no dia que comparecer e agendar a quinta<strong>do</strong>se <strong>para</strong> 14 dias após.Bases gerais <strong>do</strong> tratamento• A profilaxia contra a raiva <strong>de</strong>ve ser iniciada o mais precocemente possível.• Sempre que houver indicação, tratar o paciente em qualquer momento, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>do</strong>tempo transcorri<strong>do</strong> entre a exposição e o acesso à unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.• A história vacinal <strong>do</strong> animal agressor não constitui elemento suficiente <strong>para</strong> a dispensa daindicação <strong>do</strong> tratamento anti-rábico humano.


• Haven<strong>do</strong> interrupção <strong>do</strong> tratamento, completar as <strong>do</strong>ses da vacina prescritas ante<strong>rio</strong>rmente e nãoiniciar nova série.• Recomenda-se que o paciente evite esforços físicos excessivos e bebidas alcoólicas durante elogo após o tratamento.• Em caso <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>nte por vacina anti-rábica <strong>de</strong> vírus vivo, o paciente <strong>de</strong>ve receber esquemacompleto (soro + vacina).• Não se indica o uso <strong>de</strong> soro anti-rábico <strong>para</strong> os pacientes consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s imuniza<strong>do</strong>s portratamento ante<strong>rio</strong>r, exceto nos casos <strong>de</strong> paciente imuno<strong>de</strong>primi<strong>do</strong> ou em caso <strong>de</strong> dúvidas so<strong>br</strong>e otratamento ante<strong>rio</strong>r, quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve-se indicar o soro.• Nos casos em que só tardiamente se conhece a necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> soro antirábico ouquan<strong>do</strong> há qualquer impedimento <strong>para</strong> o seu uso, aplicar a <strong>do</strong>se <strong>de</strong> soro recomendada antes daaplicação ou até a 3ª <strong>do</strong>se da vacina <strong>de</strong> cultivo celular. Após esse prazo o soro não é maisnecessá<strong>rio</strong>.So<strong>br</strong>e o ferimento• Lavar imediatamente o ferimento com água corrente, sabão ou outro <strong>de</strong>tergente. A seguir, <strong>de</strong>vemser utiliza<strong>do</strong>s anti-sépticos que inativem o vírus da raiva (como o polvidine, clorexidine e álcoolioda<strong>do</strong>).Essas substâncias <strong>de</strong>verão ser utilizadas uma única vez, na primeira consulta.Poste<strong>rio</strong>rmente, lavar a região com solução fisiológica.• A mucosa ocular <strong>de</strong>ve ser lavada com solução fisiológica ou água corrente.• O contato indireto é aquele que ocorre por meio <strong>de</strong> objetos ou utensílios contamina<strong>do</strong>s comsecreções <strong>de</strong> animais suspeitos. Nestes casos, indica-se apenas lavar bem o local com águacorrente e sabão.• Em casos <strong>de</strong> lambedura na pele íntegra, por animal suspeito, recomenda-se lavar o local comágua e sabão.• Não se recomenda a sutura <strong>do</strong>s ferimentos. Quan<strong>do</strong> for absolutamente necessá<strong>rio</strong>, aproximar asbordas com pontos isola<strong>do</strong>s. Haven<strong>do</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aproximar as bordas, o soro anti-rábico, seindica<strong>do</strong>, <strong>de</strong>verá ser infiltra<strong>do</strong> uma hora antes da sutura.• Proce<strong>de</strong>r à profilaxia <strong>do</strong> tétano segun<strong>do</strong> o esquema preconiza<strong>do</strong> (caso não seja vacina<strong>do</strong> ou comesquema vacinal incompleto) e uso <strong>de</strong> antibióticos nos casos indica<strong>do</strong>s, após avaliação médica.• Haven<strong>do</strong> contaminação da mucosa, seguir o tratamento indica<strong>do</strong> <strong>para</strong> lambedura na mucosa.So<strong>br</strong>e o animal• O perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> observação <strong>de</strong> 10 (<strong>de</strong>z) dias é restrito aos cães e gatos.• Consi<strong>de</strong>ra-se suspeito to<strong>do</strong> cão ou gato que apresentar mudança <strong>br</strong>usca <strong>de</strong> comportamento e/ousinais e sintomas compatíveis com a raiva, tais como salivação abundante, dificulda<strong>de</strong> <strong>para</strong> engolir,mudança nos hábitos alimentares e <strong>para</strong>lisia das patas traseiras.• Sempre que possível, o animal agressor, cão ou gato, <strong>de</strong>verá ser observa<strong>do</strong>. Se durante operío<strong>do</strong> <strong>de</strong> observação o animal morrer ou <strong>de</strong>senvolver sintomatologia compatível com raiva,amostras <strong>de</strong> seu sistema nervoso central (SNC) <strong>de</strong>verão ser enviadas <strong>para</strong> o laborató<strong>rio</strong> <strong>de</strong>diagnóstico. Se necessá<strong>rio</strong>, o animal <strong>de</strong>verá ser sacrifica<strong>do</strong> após o aparecimento <strong>de</strong> sintomas <strong>de</strong><strong>para</strong>lisia. Cuida<strong>do</strong>s <strong>de</strong>verão ser observa<strong>do</strong>s no manuseio <strong>do</strong> animal (EPIs), <strong>para</strong> evitar aci<strong>de</strong>ntes.• A agressão por outros animais <strong>do</strong>mésticos (bovinos, ovinos, caprinos, eqüí<strong>de</strong>os e suínos) <strong>de</strong>veráser avaliada e, se necessá<strong>rio</strong>, <strong>de</strong>verá ser indica<strong>do</strong> o tratamento profilático, lem<strong>br</strong>an<strong>do</strong> que não seindica a observação <strong>de</strong>sses animais com o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir a conduta <strong>para</strong> o ser humano. Se oanimal morrer, sempre que possível coletar amostra <strong>de</strong> teci<strong>do</strong> <strong>do</strong> SNC e enviar ao laborató<strong>rio</strong> <strong>de</strong>diagnóstico.• Está indica<strong>do</strong> tratamento, sistematicamente, <strong>para</strong> to<strong>do</strong>s os casos <strong>de</strong> agressão por animaissilvestres, mesmo quan<strong>do</strong> <strong>do</strong>micilia<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>mestica<strong>do</strong>s.• Não é indica<strong>do</strong> tratamento nas agressões causadas pelos seguintes roe<strong>do</strong>res e lagomorfos (<strong>de</strong>áreas urbanas ou <strong>de</strong> criação): ratazana-<strong>de</strong>-esgoto (Rattus norvegicus); rato-<strong>de</strong>-telha<strong>do</strong> (Rattus rattus); camun<strong>do</strong>ngo (Mus musculus); cobaia ou porquinho-da-índia (Cavea porcellus); hamster (Mesocricetus auratus);


coelho (Oryetolagus cuniculus).• Nas agressões por morcegos, <strong>de</strong>ve-se proce<strong>de</strong>r a sorovacinação, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong>morcego agressor, tempo <strong>de</strong>corri<strong>do</strong> e gravida<strong>de</strong> da lesão. Em caso <strong>de</strong> reexposição, seguir asorientações específicas <strong>para</strong> cada caso.ImportanteA imunofluorescência <strong>para</strong> raiva é um exame importante, <strong>de</strong> alta sensibilida<strong>de</strong> eespecificida<strong>de</strong>. Quan<strong>do</strong> o diagnóstico laboratorial <strong>do</strong> animal agressor for negativo pela técnica <strong>de</strong>imunofluorescência, o tratamento <strong>do</strong> paciente, a crité<strong>rio</strong> médico, po<strong>de</strong> ser suspenso aguardan<strong>do</strong>-seo resulta<strong>do</strong> da prova biológica. Isso não se aplica <strong>para</strong> eqüí<strong>de</strong>os (cavalo, burro, jumento), excetonos casos em que os fragmentos encaminha<strong>do</strong>s <strong>para</strong> o diagnóstico <strong>de</strong>sses animais tenham si<strong>do</strong> otronco encefálico e a medula.Medidas <strong>de</strong> controle <strong>para</strong> raiva animalAspectos clínicos da raiva animalRaiva no cão – os animais mais jovens são mais susceptíveis à infecção, cujo perío<strong>do</strong> <strong>de</strong>incubação varia <strong>de</strong> <strong>de</strong>z dias a <strong>do</strong>is meses, em média. A fase prodrômica dura, aproximadamente, 3dias. O animal <strong>de</strong>monstra alterações sutis <strong>de</strong> comportamento, anorexia, escon<strong>de</strong>-se, parece<strong>de</strong>satento e, por vezes, nem aten<strong>de</strong> ao próp<strong>rio</strong> <strong>do</strong>no.Nessa fase ocorre um ligeiro aumento <strong>de</strong> temperatura, dilatação <strong>de</strong> pupilas e reflexoscorneanos lentos. Há duas apresentações <strong>de</strong> raiva no cão:• fu<strong>rio</strong>sa – angústia, inquietu<strong>de</strong>, excitação, tendência à agressão (mor<strong>de</strong> objetos, outros animais eo próp<strong>rio</strong> <strong>do</strong>no), alterações <strong>do</strong> lati<strong>do</strong> (lati<strong>do</strong> rouco), dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição, sialorréia, tendência afugir <strong>de</strong> casa, excitação das vias geniturinárias, irritação no local da agressão, incoor<strong>de</strong>naçãomotora, crise convulsiva, <strong>para</strong>lisia, coma e morte;• muda ou <strong>para</strong>lítica – fase <strong>de</strong> excitação ausente, inaparente ou curta, busca <strong>de</strong> lugaresescondi<strong>do</strong>s ao a<strong>br</strong>igo da luz (fotofobia), sintomas pre<strong>do</strong>minantes <strong>para</strong>líticos, que se iniciam pelosmúsculos da cabeça e pescoço, <strong>para</strong>lisia <strong>do</strong>s mem<strong>br</strong>os poste<strong>rio</strong>res, esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se por to<strong>do</strong> ocorpo <strong>do</strong> animal, dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>glutição, sialorréia, coma e morte. Deve-se consi<strong>de</strong>rar que ossinais e sintomas das diferentes apresentações não seguem, necessariamente, seqüênciaso<strong>br</strong>igatórias ou apresentam-se em sua totalida<strong>de</strong>. O curso da <strong>do</strong>ença dura em média <strong>de</strong>z dias e oanimal po<strong>de</strong> estar eliminan<strong>do</strong> vírus na saliva <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o 5° dia, antes <strong>de</strong> apresentar os primeirossintomas. Em conseqüência das características da <strong>do</strong>ença, o animal raivoso é facilmenteatropela<strong>do</strong> em vias públicas, o que exige muito cuida<strong>do</strong> ao prestar socorro a um animal;• diagnóstico diferencial da raiva canina – cinomose, encefalites não especificadas, infestaçãopor helmintos (migração <strong>de</strong> larvas <strong>para</strong> o cére<strong>br</strong>o), intoxicação por estricnina, atropina, <strong>do</strong>ença <strong>de</strong>Aujeszky, eclâmpsia, ingestão <strong>de</strong> corpos estranhos.Raiva no gato – geralmente, apresenta-se sob a forma fu<strong>rio</strong>sa, com sintomatologia similar à <strong>do</strong>cão. A mudança <strong>de</strong> comportamento, muitas vezes, não é observada, uma vez que os gatos sãoanimais “semi<strong>do</strong>mésticos”. Em conseqüência das próprias características <strong>do</strong>s felinos, o primeiroataque é feito com as garras e <strong>de</strong>pois com a mordida. Devi<strong>do</strong> ao hábito <strong>de</strong> se lamberemconstantemente, as arranhaduras são sempre graves.• diagnóstico diferencial da raiva felina – po<strong>de</strong>-se <strong>fazer</strong> o diagnóstico diferencial comencefalites, intoxicação e traumatismo cranioencefálico.Raiva em morcego – a patogenia da <strong>do</strong>ença é pouco conhecida. O mais importante a consi<strong>de</strong>raré o fato <strong>de</strong> que o morcego po<strong>de</strong> albergar o vírus rábico em sua saliva e ser infectante antes <strong>de</strong>


a<strong>do</strong>ecer, por perío<strong>do</strong>s maiores que os <strong>de</strong> outras espécies. Algumas apresentações da <strong>do</strong>ença emmorcegos foram assim registradas:• raiva fu<strong>rio</strong>sa típica, com <strong>para</strong>lisia e morte;• raiva fu<strong>rio</strong>sa e morte sem <strong>para</strong>lisia;• raiva <strong>para</strong>lítica típica e morte.Obs.: Deve-se ressaltar que um morcego é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> suspeito <strong>de</strong> estar infecta<strong>do</strong> com o vírus daraiva quan<strong>do</strong> for encontra<strong>do</strong> em horá<strong>rio</strong> e locais não habituais.Diagnóstico laboratorial <strong>do</strong>s diferentes animaisO diagnóstico laboratorial é essencial tanto <strong>para</strong> a eleição <strong>de</strong> estratégias e <strong>de</strong>finição <strong>de</strong>intervenção no paciente como <strong>para</strong> o conhecimento <strong>do</strong> risco da <strong>do</strong>ença na região <strong>de</strong> procedência<strong>do</strong> animal. Os materiais <strong>de</strong> eleição <strong>para</strong> exame são cére<strong>br</strong>o, cerebelo e medula. Em se tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong>eqüí<strong>de</strong>os, enviar também o tronco encefálico e a medula.Caso não seja possível realizar a coleta <strong>do</strong> material, po<strong>de</strong>-se enviar a cabeça ou o animalinteiro, quan<strong>do</strong> <strong>de</strong> pequeno porte. O material <strong>de</strong>verá ser coleta<strong>do</strong> por profissional habilita<strong>do</strong>, <strong>de</strong>acor<strong>do</strong> com técnicas <strong>de</strong> biossegurança.Acondicionamento, conservação e transporte – o material <strong>para</strong> diagnóstico <strong>de</strong>ve seracondiciona<strong>do</strong> em saco plástico duplo, veda<strong>do</strong> hermeticamente, i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma clara elegível, não permitin<strong>do</strong> que a i<strong>de</strong>ntificação se apague em contato com a água ou gelo.A amostra, <strong>de</strong>vidamente embalada e i<strong>de</strong>ntificada, <strong>de</strong>ve ser colocada em caixa <strong>de</strong> isopor,com gelo suficiente <strong>para</strong> que chegue bem conservada ao seu <strong>de</strong>stino. A caixa <strong>de</strong>ve ser rotulada ebem fechada, não permitin<strong>do</strong> vazamentos que possam contaminar quem a transporte. O mo<strong>do</strong> <strong>de</strong>conservação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>do</strong> tempo (estima<strong>do</strong>) <strong>de</strong>corri<strong>do</strong> entre a remessa ao laborató<strong>rio</strong> e oprocessamento da amostra:• até 24 horas – refrigera<strong>do</strong>;• mais <strong>de</strong> 24 horas – congela<strong>do</strong>;• na falta <strong>de</strong> condições a<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> refrigeração, conservar em solução com glicerina a 50%.A qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> laboratorial <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação <strong>do</strong> materialenvia<strong>do</strong>. Materiais autolisa<strong>do</strong>s interferem nas técnicas laboratoriais, muitas vezes tornan<strong>do</strong>impossível a emissão <strong>do</strong> lau<strong>do</strong>. Juntamente com o material, <strong>de</strong>ve ser enviada a fichaepi<strong>de</strong>miológica completa, com o nome e en<strong>de</strong>reço <strong>do</strong> solicitante, a espécie <strong>do</strong> animal e ospossíveis contatos com humanos e animais; se houve observação <strong>do</strong> animal <strong>do</strong>ente e qual operío<strong>do</strong>; se o animal foi sacrifica<strong>do</strong> ou morreu naturalmente, etc.Quan<strong>do</strong> envia<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is ou mais fragmentos <strong>de</strong> teci<strong>do</strong>s, especificar no pedi<strong>do</strong> e i<strong>de</strong>ntificar osmesmos.Observações:To<strong>do</strong> indivíduo que executa ou auxilia necropsias <strong>de</strong> animais com suspeita <strong>de</strong> raiva <strong>de</strong>vese submeter ao esquema vacinal pré-exposição e ter seu soro <strong>do</strong>sa<strong>do</strong> <strong>para</strong> anticorpos anti-rábicos


duas vezes ao ano, como forma <strong>de</strong> verificar a manutenção <strong>do</strong> título protetor. Como a raiva acometetodas as espécies <strong>de</strong> mamíferos, recomenda-se que to<strong>do</strong> e qualquer animal suspeito <strong>de</strong> estarinfecta<strong>do</strong> com o vírus da raiva seja encaminha<strong>do</strong> <strong>para</strong> diagnóstico laboratorial.Ressalte-se o crescente número <strong>de</strong> morcegos positivos <strong>para</strong> a raiva e os inúmerosaci<strong>de</strong>ntes que vêm causan<strong>do</strong> aos humanos. Morcegos e outros animais silvestres pequenos<strong>de</strong>vem ser encaminha<strong>do</strong>s inteiros, refrigera<strong>do</strong>s ou congela<strong>do</strong>s, <strong>para</strong> a i<strong>de</strong>ntificação da espécie eorientação <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> foco em até 72 horas após a notificação, se possível. Osprocedimentos <strong>de</strong> biossegurança <strong>de</strong>vem ser rigorosamente segui<strong>do</strong>s, tanto no trato com osanimais suspeitos quanto com os pacientes humanos.Definição <strong>de</strong> caso suspeito e confirma<strong>do</strong> em cão e gatoCaso suspeito – to<strong>do</strong> cão ou gato que apresente sintomatologia compatível com raiva e quepossua história <strong>de</strong> agressão por outro animal suspeito ou raivoso. To<strong>do</strong> cão ou gato que apresentesintomatologia compatível com a raiva, mesmo sem antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> contato ou agressãoconhecida por outro suspeito ou raivoso que resida ou provenha <strong>de</strong> áreas endêmicas.Caso confirma<strong>do</strong> – to<strong>do</strong> cão ou gato submeti<strong>do</strong> a exame laboratorial e cujo material se revelepositivo <strong>para</strong> raiva em laborató<strong>rio</strong> <strong>de</strong> diagnóstico. To<strong>do</strong> cão ou gato que tenha si<strong>do</strong> clinicamentediagnostica<strong>do</strong> como raivoso, por médico veteriná<strong>rio</strong>, e tenha evoluí<strong>do</strong> <strong>para</strong> óbito, ainda que não setenha envia<strong>do</strong> material <strong>para</strong> laborató<strong>rio</strong> <strong>de</strong> diagnóstico. Como proce<strong>de</strong>r diante <strong>de</strong> 1 ou mais casos<strong>de</strong> raiva canina:• notificar imediatamente o caso à vigilância epi<strong>de</strong>miológica municipal, centro <strong>de</strong> controle <strong>de</strong>zoonoses (quan<strong>do</strong> existir) e coor<strong>de</strong>nação estadual <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Profilaxia da Raiva dassecretarias estaduais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>;• se o animal estiver vivo, não matar; juntamente com a autorida<strong>de</strong> sanitária garantir que sejaobserva<strong>do</strong> com segurança e alimentação a<strong>de</strong>quadas, <strong>para</strong> o acompanhamento da evolução <strong>do</strong>quadro. Se o animal apresentar sintomatologia compatível com a raiva e não houver possibilida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> observação em local seguro, recomenda-se o sacrifício <strong>do</strong> mesmo, por profissional habilita<strong>do</strong>.Se o animal morrer, provi<strong>de</strong>nciar o envio <strong>do</strong> encéfalo ao laborató<strong>rio</strong>, <strong>de</strong>vidamente conserva<strong>do</strong> emgelo, jamais em formol.Decisão/ação (agir até 72 horas após a notificação):• investigar o caso;• diagnosticar a situação;• <strong>de</strong>finir as intervenções.Em caso <strong>de</strong> intervençãoCabe ao proprietá<strong>rio</strong> – entregar <strong>para</strong> sacrifício to<strong>do</strong> animal que tenha si<strong>do</strong> agredi<strong>do</strong> por animalraivoso e contribuir <strong>para</strong> a execução <strong>do</strong> trabalho.Cabe aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> – diante da recusa <strong>do</strong> proprietá<strong>rio</strong>, os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,legalmente basea<strong>do</strong>s nos códigos sanitá<strong>rio</strong>s (fe<strong>de</strong>ral, estadual ou municipal), <strong>de</strong>vem retirar oanimal <strong>do</strong> <strong>do</strong>micílio ou via pública; os animais sem vacinação prévia <strong>de</strong>vem ser sacrifica<strong>do</strong>s,po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se a<strong>br</strong>ir exceção quan<strong>do</strong> existir a segurança <strong>de</strong> que o animal agredi<strong>do</strong> tenha si<strong>do</strong>vacina<strong>do</strong> e esteja <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> imunida<strong>de</strong> previsto <strong>para</strong> esse imunobiológico (1 ano). Senão for realiza<strong>do</strong> o sacrifício, o animal agredi<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve ser manti<strong>do</strong> confina<strong>do</strong> e em observação porpelo menos 6 meses. Encaminhar à unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os indivíduos que tenham si<strong>do</strong>agredi<strong>do</strong>s ou tiveram contato com o animal. Prosseguir a investigação epi<strong>de</strong>miológica, aquantificação <strong>de</strong> casos em animais e a caracterização da área <strong>do</strong> foco, com vistas a:• informar e envolver a comunida<strong>de</strong> <strong>para</strong> participação efetiva nas ações <strong>de</strong> controle;• vacinar os animais susceptíveis, sob cadastramento. Essa vacinação <strong>do</strong>s susceptíveis <strong>de</strong>ntro daárea <strong>de</strong> foco <strong>de</strong>ve ser <strong>do</strong> tipo “casa a casa”, com o objetivo <strong>de</strong> imunizar 100% da população caninaestimada, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> ser realizada nas primeiras 72 horas após a <strong>de</strong>tecção <strong>do</strong> foco;• apreen<strong>de</strong>r cães errantes;


• realizar em locais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s a observação <strong>de</strong> animais (cães e gatos) agressores, por umperío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 10 dias;• estimular e provi<strong>de</strong>nciar o envio <strong>de</strong> amostras <strong>para</strong> laborató<strong>rio</strong>;• proce<strong>de</strong>r a revacinação, em prazo não infe<strong>rio</strong>r a 90 dias;• <strong>de</strong>limitar o foco com base nos crité<strong>rio</strong>s estabeleci<strong>do</strong>s pelo rastreamento da possível fonte <strong>de</strong>infecção, barreiras naturais e organização <strong>do</strong> espaço urbano;• estimular tanto a notificação negativa como a positiva.Aspectos específicos da epi<strong>de</strong>miologia e controle da raiva animal• Casos surgi<strong>do</strong>s após 90 dias <strong>de</strong> intervenção caracterizam novos focos.• A concomitância <strong>de</strong> casos dispersos em um município, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a baixa notificação, po<strong>de</strong>caracterizar uma epizootia.• A persistência <strong>de</strong> casos animais, apesar da existência <strong>de</strong> intervenções, faz pensar na falta <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> e eficácia das medidas sanitárias ou, ainda, <strong>de</strong> que se trata <strong>de</strong> um problema crônico –en<strong>de</strong>mia ou até mesmo, em uma exacerbação <strong>do</strong> comportamento da <strong>do</strong>ença, epi<strong>de</strong>mia.• So<strong>br</strong>etu<strong>do</strong> em áreas endêmicas impõe-se a necessida<strong>de</strong> da constituição <strong>de</strong> serviço <strong>de</strong> apreensãorotineira <strong>de</strong> cães errantes. Calcula-se que se <strong>de</strong>va recolher anualmente 20% da população caninaestimada aos canis públicos, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem permanecer por prazo não supe<strong>rio</strong>r a 72 horas – <strong>para</strong>serem resgata<strong>do</strong>s por seus <strong>do</strong>nos. Passa<strong>do</strong> esse prazo, serão <strong>do</strong>a<strong>do</strong>s às instituições <strong>de</strong> ensinobiomédico ou submeti<strong>do</strong>s à eutanásia. O sucesso no controle da raiva canina <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> umacobertura vacinal acima <strong>de</strong> 80% (<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a estimativa canina seja confiável). A estratégia a sera<strong>do</strong>tada nas campanhas <strong>de</strong> vacinação em massa po<strong>de</strong> ser <strong>do</strong> tipo casa a casa, postos fixos oumistos (casa a casa + postos fixos), a crité<strong>rio</strong> <strong>de</strong> cada município.• O controle da raiva silvestre, so<strong>br</strong>etu<strong>do</strong> <strong>do</strong> morcego hematófago, exige uma intervençãoespecífica. Em função da gravida<strong>de</strong> das agressões por morcegos, <strong>de</strong>ve-se comunicar o casoimediatamente aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e à agricultura, <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento das ações <strong>de</strong>controle <strong>de</strong> competência <strong>de</strong> cada instituição, e reportar-se ao Manual so<strong>br</strong>e morcegos em áreasurbanas e rurais: manejo e controle, <strong>do</strong> Ministé<strong>rio</strong> da Saú<strong>de</strong>.Ações <strong>de</strong> educação em saú<strong>de</strong>Orientar o processo educativo no programa da raiva (urbana, rural e silvestre) tem comoferramentas básicas a participação e a comunicação social, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> ser necessariamenteenvolvi<strong>do</strong>s os serviços interinstitucionais, intersetoriais e multidisciplinares (profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,agricultura, escolas, universida<strong>de</strong>s, meio ambiente, Ongs, associações <strong>de</strong> mora<strong>do</strong>res, sindicatosrurais, proprietá<strong>rio</strong>s <strong>de</strong> animais <strong>de</strong> estimação, proprietá<strong>rio</strong>s <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s animais e a população emgeral).Estimular a posse responsável <strong>de</strong> animais.Desmistificar a castração <strong>do</strong>s animais <strong>de</strong> estimação.A<strong>do</strong>tar medidas <strong>de</strong> informação/comunicação que levem a população a reconhecer a gravida<strong>de</strong> <strong>de</strong>qualquer tipo <strong>de</strong> exposição a um animal; a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento imediato; as medidasauxiliares que <strong>de</strong>vem ser a<strong>do</strong>tadas às pessoas que foram expostas e/ou agredidas; a i<strong>de</strong>ntificar ossintomas <strong>de</strong> um animal suspeito.Divulgar os serviços existentes, <strong>de</strong>smistifican<strong>do</strong> simultaneamente o tratamento profilático antirábicohumano e estimulan<strong>do</strong> a responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> paciente com o cumprimento <strong>do</strong> esquemaindica<strong>do</strong>, visan<strong>do</strong> à diminuição <strong>do</strong> aban<strong>do</strong>no e risco <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> casos.Não valorizar a proteção <strong>do</strong> cão errante.Estimular a imunização anti-rábica animal.Desenvolver ações educativas especificamente voltadas <strong>para</strong> o ensino fundamental.Estratégias <strong>de</strong> prevençãoO tratamento profilático <strong>de</strong> pessoas agredidas previne a ocorrência <strong>de</strong> novos casos. Assim,o tratamento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> é <strong>de</strong> suma importância <strong>para</strong> a eliminação da raiva humana. Lem<strong>br</strong>ar quepessoas sob risco <strong>de</strong>vem tomar a vacina <strong>para</strong> evitar a <strong>do</strong>ença. A vacinação periódica e rotineira <strong>de</strong>80% <strong>do</strong>s cães (população real estimada) e gatos po<strong>de</strong> que<strong>br</strong>ar o elo da ca<strong>de</strong>ia epi<strong>de</strong>miológica,impedin<strong>do</strong> que o vírus alcance a população, interrompen<strong>do</strong>, assim, o ciclo urbano da raiva.


A captura <strong>de</strong> animais e o envio <strong>de</strong> amostras ao laborató<strong>rio</strong> ajudam no monitoramento dacirculação <strong>do</strong> vírus. Já que dificilmente se consegue vacinar os cães errantes, fundamentais <strong>para</strong> apersistência da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> transmissão, recomenda-se a eliminação <strong>de</strong> 20% da população caninavisan<strong>do</strong> reduzir a circulação <strong>do</strong> vírus.Com relação a morcegos, a ocorrência crescente <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> raiva humana transmitidapelos mesmos faz com que se conheça cada vez mais <strong>de</strong>talhadamente a raiva <strong>do</strong>s quirópteros(morcegos): seu comportamento, distribuição e maneiras <strong>de</strong> controle. Estimular a pesquisa,juntamente com os órgãos ambientais, da raiva no ciclo silvestre permitirá traçar o perfilepi<strong>de</strong>miológico e i<strong>de</strong>ntificar a circulação viral.

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