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o direito ambiental como instrumento de gestão da ... - Milton Campos

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FACULDADE DE DIREITO MILTON CAMPOSPrograma <strong>de</strong> Pós-graduação Stricto Sensu em Direito EmpresarialO DIREITO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTODE GESTÃO DA EMPRESA CONTEMPORÂNEALiciane Faria Traverso GonçalvesNova Lima2007


Liciane Faria Traverso Gonçalves2O DIREITO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTODE GESTÃO DA EMPRESA CONTEMPORÂNEADissertação apresenta<strong>da</strong> ao Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito Empresarial <strong>da</strong>Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito <strong>Milton</strong> <strong>Campos</strong>, <strong>como</strong> requisitoparcial para a obtenção do título <strong>de</strong> Mestre emDireito Empresarial.Orientador: Prof. Dr. Aroldo Plínio GonçalvesNova Lima2007


3Liciane Faria Traverso GonçalvesO Direito Ambiental <strong>como</strong> Instrumento <strong>de</strong> Gestão <strong>da</strong> Empresa ContemporâneaDissertação apresenta<strong>da</strong> ao Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito Empresarial<strong>da</strong> Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito <strong>Milton</strong> <strong>Campos</strong> e _______________, com média iguala________________ , em _____________.Nova Lima, Minas Gerais, 2007._____________________________________________________________________Prof. Dr. Aroldo Plínio Gonçalves (Orientador) - Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito <strong>Milton</strong> <strong>Campos</strong>______________________________________________________________________Prof (a). Dr(a)._____________________________________________________________________Prof (a). Dr(a).


A meus pais,João Luiz e Maria Lídice,pelo amor, educação, incentivo e suporte.Pelos exemplos <strong>de</strong> integri<strong>da</strong><strong>de</strong>, fi<strong>de</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> e perseverança.4


5Agra<strong>de</strong>ço, primeiramente, a Deus,pelo sopro <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, pela família que me <strong>de</strong>u,pelas habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s, dons e pelas graças infin<strong>da</strong>s.Ao meu pai,que sempre me apóia, orienta e, literalmente, me aju<strong>da</strong> nas caminha<strong>da</strong>s.Pelas “an<strong>da</strong>nças” que realizamos juntos para tirar gran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong>s fotos aqui registra<strong>da</strong>se pelas reportagens coleta<strong>da</strong>s sobre os temas na mídia impressa.À minha mãe, por tudo: ouvir, orar e ter paciência.Aos meus irmãos, Luiz Fernando, Lucas e Laís, pela amiza<strong>de</strong>,avenças e <strong>de</strong>savenças que nos fazem crescer e a conviver em família.Ao meu querido e carinhoso sobrinho “Pipo”, Pedro Virgílio, a quem eu amo muito.Ao Dani, pelo amor incondicional, companheirismo, pela paciência e compreensãodiuturna. Por ter auxiliado escanear muitas <strong>da</strong>s figuras aqui coloca<strong>da</strong>s e na busca juntoaos órgãos públicos <strong>de</strong> processos que pu<strong>de</strong>ram fun<strong>da</strong>mentar meu trabalho.Quantas horas nas filas, na busca dos documentos. Muito obriga<strong>da</strong>, meu amor!Ao meu querido cunhado Pedrinho, PP,por ter escaneado gran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong>s fotos e aju<strong>da</strong>do a tirar algumas <strong>de</strong>las.À minhas avós, Onei<strong>da</strong> (in memoriam) e Nena,por terem me <strong>da</strong>do meus amados pais e gran<strong>de</strong>s mestres,além <strong>de</strong> terem participado <strong>da</strong> minha criação.Às tias Alice e Tônia pelas orações e incentivo.À Rosinha (in memoriam) por sempre ter me <strong>da</strong>do forças e estímulos. Como ela fazfalta!“In memoriam”, ao tio Abel, que, além <strong>de</strong> ser colega <strong>de</strong> profissão,era muito sensível e entendia meus sonhos e a minha postura,e ao tio Ernani, que sempre me estimulou nos estudos e foi um gran<strong>de</strong> amigo– <strong>como</strong> ele gostaria <strong>de</strong> presenciar mais esta etapa <strong>de</strong> minha vi<strong>da</strong>!Eternas sau<strong>da</strong><strong>de</strong>s! Queria que vocês estivessem aqui para compartilhar comigo estemomento.Ao meu orientador, Professor e Mestre Dr. Aroldo Plínio Gonçalves,pelos ensinamentos em sala <strong>de</strong> aula e durante a orientação,assim <strong>como</strong> pela liber<strong>da</strong><strong>de</strong> e confiança <strong>de</strong>posita<strong>da</strong>s em mim.


8ResumoO Direito Ambiental tem sido um importante <strong>instrumento</strong> na gestão <strong>da</strong>s empresascontemporâneas, <strong>como</strong> regulador <strong>de</strong> suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s.Difundido está, em todo o planeta, que muitos dos recursos naturais são esgotáveis equalquer intervenção antrópica no meio ambiente tem algum potencial para provocar impacto<strong>ambiental</strong>. Ações poluidoras e <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>doras em ca<strong>de</strong>ia já levaram à extinção <strong>de</strong> diversasespécies e começam a ameaçar o homem. Os fenômenos ambientais são transfronteiriços, istoé, uma queima<strong>da</strong> no interior do Estado <strong>da</strong> Bahia po<strong>de</strong> contribuir para o aumento doaquecimento global e interferir em outros ecossistemas, <strong>como</strong>, por exemplo, o do Ártico,ocasionando o <strong>de</strong>gelo <strong>da</strong> calota polar e afetando sua fauna, com a redução do habitat naturaldos animais.Assim, estar em consonância com a legislação <strong>ambiental</strong> é primordial para que osempreendimentos a serem criados, implantados ou expandidos prosperem sem transgredir asnormas e afetar o meio ambiente.O rol <strong>de</strong> normas jurídicas é extenso, rico e favorável ao estabelecimento <strong>de</strong> projetosque, além <strong>de</strong> promoverem riquezas, assegurem o equilíbrio do meio ambiente e a sadiaquali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> a todos. Dessa forma, o licenciamento <strong>ambiental</strong> e as medi<strong>da</strong>s mitigadorase/ou compensatórias surgem <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong>s garantidores do cumprimento <strong>da</strong>s leis, apartir do que dispõe a Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988.Contudo, a empresa contemporânea, causadora <strong>de</strong> impacto <strong>ambiental</strong> significativo,<strong>de</strong>ve, além <strong>de</strong> cumprir o que <strong>de</strong>termina a legislação sobre a mitigação e/ou reparação do <strong>da</strong>noao meio ambiente, assumir a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> socio<strong>ambiental</strong> junto às comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s do seuentorno, <strong>da</strong> área impacta<strong>da</strong> por ela.Assim, este trabalho objetiva <strong>de</strong>monstrar <strong>como</strong> o Direito Ambiental se tornou umsalutar e imprescindível <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> empresa contemporânea.Palavras-chave: Direito Ambiental; Empresa contemporânea; Instrumento <strong>de</strong> gestão.


9AbstractThe Environmental Law has been an important instrument in the management of thecontemporaries companies, as regulating of its activities.Spread out it is in all the planet, that many of the natural resources are exhaustible an<strong>da</strong>ny human intervention in the environment has some potential to provoke ambient impact.Polluting and <strong>de</strong>grading actions in chain already had led to the extinguishing of diversity ofspecies and start to threaten the humanity. The ambient phenomenon are beyond the bor<strong>de</strong>rs,a forest fire in the interior of the State of the Bahia can contribute for the increase of theglobal heating and intervene in other ecosystems, for example, in the Arctic caused thethawing of polar hubcap and affecting its fauna, with the reduction of the natural habitat of theanimals.Thus, to be in accord with the ambient legislation is primordial to the enterprises thatwill be created, implanted or expan<strong>de</strong>d, to proper without transgressing the norms an<strong>da</strong>ffecting the environment.The roll of rules of law is extensive, rich and favorable to the establishment ofprojects that, beyond promoting wealth, assure the balance of the environment and the healthyquality of life. Of this form, the ambient licensing and the alleviating and/or compensatorymeasures appear as warranting instruments of the length of the laws, from what it makes usethe Fe<strong>de</strong>ral Constitution of 1988.However, the contemporary company, causer of significant ambient impact, must,beyond fulfilling what it <strong>de</strong>termines the legislation about the mitigation and/or repairing of the<strong>da</strong>mage to the environment, assuming the ambient responsibility next to the communities ofits slop, the area impacted by it.Thus, this work objective to <strong>de</strong>monstrate how the Ambient Right-han<strong>de</strong>r becamesalutary and an essential instrument of management of the contemporary company.Instrument.Key-Words: Environmental Law; Contemporary Company; Management


10Lista <strong>de</strong> fotosFoto 01 - Medi<strong>da</strong> mitigadora: manutenção do Túnel Engenheiro Otávio Pinto<strong>da</strong> Silva. p. 106Foto 02 - Medi<strong>da</strong> mitigadora: manutenção do Túnel Engenheiro Otávio Pinto<strong>da</strong> Silva. p. 106Foto 03 - Vista lateral do Shopping Diamond Mall. p. 152Foto 04 - Placa <strong>da</strong> medi<strong>da</strong> mitigadora do Diamond Mall, na esquina <strong>da</strong>Aveni<strong>da</strong> Olegário Maciel com Rua dos Timbiras: construção <strong>de</strong>nova re<strong>de</strong> <strong>de</strong> drenagem pluvial na Rua dos Timbiras. p. 152Foto 05 - Facha<strong>da</strong> do Extra Hipermercados, às margens <strong>da</strong> BR-356. p. 153Foto 06 - Placa <strong>de</strong> medi<strong>da</strong> mitigadora do Extra Hipermercados. p. 153Foto 07 - Placa <strong>de</strong> medi<strong>da</strong> mitigadora do Extra Hipermercados. p. 154Foto 08 - Placa <strong>de</strong> medi<strong>da</strong> mitigadora do Extra Hipermercados: construção <strong>da</strong>Trincheira na BR-356. p. 154Foto 09 - Medi<strong>da</strong> mitigadora: Trincheira na BR-356. p. 155Foto 10 - Medi<strong>da</strong> mitigadora: Trincheira na BR-356. p. 155Foto 11 - Placa <strong>da</strong> Trincheira na BR-356. p. 155Foto 12 - Placa do Parque Ecológico Buritis. p. 156Foto 13 -Placa <strong>da</strong> medi<strong>da</strong> compensatória <strong>da</strong> UNA: implantação e manutençãodo Parque Ecológico Buritis. p. 156Foto 14 - Vista parcial do Parque Ecológico Buritis. p. 157Foto 15 - Placa <strong>da</strong> área <strong>de</strong> lazer na Aveni<strong>da</strong> Bento Simão. p.158Foto 16 - Placa <strong>da</strong> Unimed contendo orientação para exercícios físicos. p.158Foto 17 - Placa <strong>da</strong> Cauê, que cui<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma praça. p.159Foto 18 - Placa <strong>da</strong> Escola Recreio, que cui<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma praça. p.159Foto 19 - Placa do Mercado Central, que adota um canteiro. p.160Foto 20 - Placa <strong>da</strong> Pink, que adota um canteiro. p.160Foto 21 - Placa <strong>da</strong> concessionária Recreio, que criou uma área <strong>de</strong> preservação. p.161Foto 22 - Rua Frei Hilário Meeks. p.161Foto 23 - Lugar para <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> “latas” <strong>de</strong> alumínio. p.165Foto 24 - Palito <strong>de</strong> picolé feito com ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> reflorestamento. p.166Foto 25 - Caixa <strong>de</strong> secador que contém o selo <strong>ambiental</strong>. p.169Foto 26 - Torre camufla<strong>da</strong> <strong>da</strong> UFMG. p.172Foto 27 - Torres camufla<strong>da</strong>s <strong>da</strong> empresa Larson Company. p.172


11FigurasFigura 01 - Preferência no controle <strong>de</strong> impactos ambientais. p. 93Figura 02 - Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Sistema <strong>de</strong> Gestão Proposto pela ISO 14.001. p.148Figura 03 - Política Ambiental <strong>da</strong> Ale. p.149Figura 04 - Selo Sofex. p.151Figura 05 - Folheto utilizado nas ban<strong>de</strong>jas do McDonald’s. p.162Figura 06 - Bateria. p.163Figura 07 - Folheto utilizado nas ban<strong>de</strong>jas do McDonald’s. p.164Figura 08 - Folheto escaneado do Banco Real. p.164Figura 09 - Propagan<strong>da</strong> Interface Carpete. p.166Figura 10 - Propagan<strong>da</strong> <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> social <strong>da</strong> TOK & STOK. p.170Figura 11 - Divulgação <strong>da</strong> Cemig sobre a sua responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>ambiental</strong>. p.171


12Lista <strong>de</strong> QuadrosQuadro 01 - Prazos para análise dos processos <strong>de</strong> licenciamento <strong>da</strong> Feam. p. 86Quadro 02 - Prazo <strong>de</strong> vali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> licença. p. 87Quadro 03 - Medi<strong>da</strong>s mitigadoras e compensatórias do Ale Postos <strong>de</strong> ServiçosLt<strong>da</strong>.. p. 96Quadro 04 - Medi<strong>da</strong>s mitigadoras e compensatórias <strong>da</strong> Alsco Toalheiro BrasilLt<strong>da</strong>.. p.97Quadro 05 - Medi<strong>da</strong>s mitigadoras e compensatórias <strong>da</strong> AngloGold AshantiMineração Lt<strong>da</strong>.: empreendimento Mina Cuiabá. p. 98Quadro 06 - Medi<strong>da</strong>s mitigadoras e compensatórias do Carrefour Comércio eIndústria Lt<strong>da</strong>., Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> Pampulha. p. 99Quadro 07 - Medi<strong>da</strong>s mitigadoras e compensatórias do Centro Universitário <strong>de</strong>Belo Horizonte (UNI-BH), Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> Estoril II. p. 100Quadro 08 - Medi<strong>da</strong>s mitigadoras e compensatórias <strong>da</strong> Estação Rádio Base(ERB) BH e PUC Telemig Celular S.A.. p. 101Quadro 09 - Medi<strong>da</strong>s mitigadoras e compensatórias <strong>da</strong> Mineração Itajobi p. 102Lt<strong>da</strong>..Quadro 10 - Medi<strong>da</strong>s mitigadoras e compensatórias <strong>da</strong> Mineração MorroVelho Lt<strong>da</strong>.. Empreendimento: Circuito <strong>de</strong> Raposos - Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>Britagem Espírito Santo. p. 103Quadro 11 - Medi<strong>da</strong>s mitigadoras e compensatórias do Paragem Shopping -SMP Participações Lt<strong>da</strong>.. p. 104Quadro 12 - Medi<strong>da</strong>s mitigadoras e compensatórias do Ponteio Lar Shopping. p. 105Quadro 13 - Medi<strong>da</strong>s mitigadoras e compensatórias do Posto Luxemburgo p. 107S.A..Quadro 14 - Medi<strong>da</strong>s mitigadoras e compensatórias do Terra Santa ParqueCemitério - VHR Empreendimentos e Participações Lt<strong>da</strong>. p.108(VHREP).Quadro 15 - Medi<strong>da</strong>s mitigadoras e compensatórias <strong>da</strong> Usina Hidrelétrica <strong>de</strong>Irapé. p. 110Quadro 16 - O Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> AngloGoldAshanti. p.120Quadro 17 - O Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> Sotreq. p.123Quadro 18 - O Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> Andra<strong>de</strong>Gutierrez S.A.. p.124Quadro 19 - O Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> CamargoCorrêa Cimentos S.A. e Controla<strong>da</strong>s. p.125Quadro 20 - O Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão dos ProdutosRoche Químicos e Farmacêuticos S.A.. p.126Quadro 21 - O Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> CompanhiaEnergética do Ceará (Coelce). p.127Quadro 22 - O Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> FurnasCentrais Elétricas S.A.. p.128Quadro 23 - O Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> Triunfo


13Participações e Investimentos S.A.. p.130Quadro 24 -O Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong>Paranapanema S.A.. p.132Quadro 25 - O Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> SamarcoMineração S.A.. p.134Quadro 26 - O Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> CompanhiaVale do Rio Doce. p.137Quadro 27 - O Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> UsinasSi<strong>de</strong>rúrgicas <strong>de</strong> Minas Gerais (Usiminas). p.139Quadro 28 - O Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> CompanhiaEnergética <strong>de</strong> Minas Gerais (Cemig) e subsidiárias. p.141Quadro 29 - O Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> PetróleoBrasileiro S. A. (Petrobras). p.144Quadro 30 - Benefícios do SGA para a Empresa. p.149


IEL - Instituto Euvaldo LodiIgam - Instituto Mineiro <strong>de</strong> Gestão <strong>da</strong>s ÁguasISO - International Organization for Stan<strong>da</strong>rtizationLI - Licença <strong>de</strong> instalaçãoLO - Licença <strong>de</strong> OperaçãoLOC - Licença <strong>de</strong> Operação CorretivaLP- Licença PréviaMG - Minas GeraisOIT - Organização Internacional do TrabalhoOLA - Orientação para Licenciamento AmbientalONGs - Organizações Não-GovernamentaisONU - Organização <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>sOSCIPs - Organizações <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Civil <strong>de</strong> Interesse PúblicoPAC - Programa <strong>de</strong> Aceleração do CrescimentoPBH - Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Belo HorizontePCA - Plano <strong>de</strong> Controle AmbientalRCA - Relatório <strong>de</strong> Controle AmbientalRIMA - Relatório <strong>de</strong> Impacto AmbientalR.J. - Rio <strong>de</strong> JaneiroSEM - Environmental Management SystemSemma - Secretaria Municipal <strong>de</strong> Meio AmbienteSenai - Serviço Nacional <strong>de</strong> Aprendizagem IndustrialSesi - Serviço Social <strong>da</strong> IndústriaSGA - Sistema <strong>de</strong> Gestão AmbientalSIG - Sistema <strong>de</strong> Informações GeográficasSLU- Superintendência <strong>de</strong> Limpeza UrbanaSmaru - Secretaria Municipal Adjunta <strong>de</strong> Regularização UrbanaSMRU - Secretaria Municipal <strong>de</strong> Regularização UrbanaSSR -Sistema <strong>de</strong> Sensoriamento RemotoSOF - Selo <strong>de</strong> Origem FlorestalSofex - Selo <strong>de</strong> Origem Florestal para ExportaçãoS. P. - São PauloSu<strong>de</strong>cap - Superintendência <strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>da</strong> CapitalTAC - Termo <strong>de</strong> Ajustamento <strong>de</strong> CondutaUE – União EuropéiaUnesco - Organização Educacional, Científica e Cultural <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s15


16SUMÁRIO1 - Introdução p. 181.1 - Justificativa p .291.2 - Objetivos p. 332 - Aspectos gerais <strong>da</strong> questão <strong>ambiental</strong> na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong> p. 393 - O Direito Ambiental p. 523.1 - O Direito e o conceito <strong>de</strong> Direito Ambiental p. 523.2 - Características do Direito Ambiental p. 573.3 - Questões ambientais históricas e o Direito Ambiental no Brasil p. 593.4 - Princípios do Direito Ambiental p. 653.5 - Classificação do meio ambiente p. 713.6 - Reação jurídica ao <strong>da</strong>no <strong>ambiental</strong> p. 723.7 - O Direito e a recuperação <strong>ambiental</strong> p. 763.8 - Esferas <strong>de</strong> atuação do Direito Ambiental p. 773.9 - Diretrizes ambientais p. 783.9.1 - Conceitos <strong>de</strong> Avaliação, Estudos e Relatórios <strong>de</strong> ImpactosAmbientais p. 783.9.2 - Descrição do projeto empresarial e suas alternativas p. 803.9.2.1 - Etapas <strong>de</strong> planejamento, construção e operação empresarial p. 803.9.2.2 - Licenciamento <strong>ambiental</strong> p. 823.9.2.2.1 - Licenciamento em Minas Gerais p. 823.10 - Custos do estudo e do processo <strong>da</strong> Avaliação do ImpactoAmbiental (AIA) p. 904.1 - O Direito Ambiental nas Empresas p. 914.1.1 - Análise <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s mitigadoras e/ou compensatórias <strong>de</strong> 13empresas p. 964.1.1.1 - Ale Postos <strong>de</strong> Serviços S.A. p. 964.1.1.2 - Alsco Toalheiro Brasil Lt<strong>da</strong>. p. 974.1.1.3 - Anglo Gold Ashanti Mineração Lt<strong>da</strong>. p. 984.1.1.4 - Carrefour Comércio e Indústria Lt<strong>da</strong>. p. 994.1.1.5 - Centro Universitário <strong>de</strong> Belo Horizonte (UNI-BH) p. 1004.1.1.6 - Estação Rádio Base (ERB) p. 1014.1.1.7 - Mineração Itajobi Lt<strong>da</strong>. p. 1024.1.1.8 - Mineração Morro Velho p. 1034.1.1.9 - Paragem Shopping - SMP Participações Lt<strong>da</strong>. p. 1044.1.1.10 - Ponteio Lar Shopping p. 1054.1.1.11- Posto Luxemburgo Lt<strong>da</strong>. p. 1074.1.1.12 - Terra Santa Parque Cemitério - VHR-Empreendimentos eParticipações Lt<strong>da</strong>. p.1084.1.1.13 - Usina Hidrelétrica Irapé - Cemig p.1105 - Sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> p.1126 - Empresas que aplicam o Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong><strong>de</strong> sua gestão p.1206.1- AngloGold Ashanti p.1206.2 - Sotreq p.123


6.3 - Andra<strong>de</strong> Gutierrez S.A. p.1246.4 - Camargo Corrêa Cimento S.A. e Controla<strong>da</strong>s p.1256.5 - Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos S.A. p.1266.6 - Companhia Energética do Ceará - Coelce p.1276.7 - Furnas Centrais Elétricas S.A. p.1286.8 - Triunfo Participações e Investimentos S.A p.1306.9 - Paranapanema S.A. Paranapanema S.A. p.1326.10 - Samarco Minerações S.A. p.1346.11 - Cia. Vale do Rio Doce p.1376.12 - Usiminas Si<strong>de</strong>rúrgicas <strong>de</strong> Minas Gerais (Usiminas) p.1396.13 - Companhia Energética <strong>de</strong> Minas (Cemig) p.1416.14 - Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras) p.1447- Sistema <strong>de</strong> Gestão Ambiental na empresa p.1477.1 - Marketing empresarial p.1578 - Conclusão p.1739 - Bibliografia p.18117


1 – Introdução18Este trabalho está voltado para o exame do arcabouço legal que confere ao DireitoAmbiental a chancela, nos limiares dos séculos XX e XXI, <strong>de</strong> um dos principais <strong>instrumento</strong>s<strong>de</strong> gestão empresarial, capaz <strong>de</strong> orientar e sustentar, juridicamente, a implantação, ampliaçãoe/ou consoli<strong>da</strong>ção dos empreendimentos e sua interação com a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> que vive em suaárea <strong>de</strong> influência, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do grau dos impactos que as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s produtivas<strong>de</strong>verão causar ou que já provocam no meio ambiente. Ações que o operador do DireitoAmbiental realiza por meio do exame, <strong>de</strong>finição e elaboração dos procedimentos para oatendimento não só às normas legais <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>s à instalação e/ou expansão <strong>de</strong> empresas e aocumprimento <strong>de</strong> condicionantes para mitigar os impactos socioambientais, bem <strong>como</strong>, em<strong>de</strong>terminados projetos, até mesmo para suplementar os investimentos públicos em infraestruturana organização humana do espaço, <strong>como</strong> compensação por <strong>da</strong>no ao meio natural queo empreendimento esteja causando ou se estima que irá provocar quando em operação.Especificamente nas expansões, cabe ao gestor jurídico adotar providências quetambém confiram ao projeto a necessária conformação a eventuais exigências introduzi<strong>da</strong>spor alterações na legislação, empreendi<strong>da</strong>s pela rapi<strong>de</strong>z com que as dinâmicas econômica esocial impõem mu<strong>da</strong>nças, além <strong>de</strong>, muitas vezes, encontrar, <strong>de</strong> forma consensual, com oPo<strong>de</strong>r Público, soluções mitigadoras ou compensatórias para novos e/ou mais intensosimpactos advindos do aumento <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Trata-se, nesses casos, <strong>de</strong>, nas fases <strong>de</strong>elaboração do projeto e <strong>de</strong> obtenção <strong>da</strong> Licença Prévia (LP), trabalhá-lo sempre emconsonância não só com novas normas que o licenciador municipal ou estadual introduz coma finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> mitigar os impactos no meio ambiente, assim <strong>como</strong> o que representa o realinteresse <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, expresso na Audiência Pública.Assim, com a mesma rapi<strong>de</strong>z com que as questões ambientais ganharam dimensãomundial, <strong>de</strong>safiando a Ciência, empresas e governos a <strong>de</strong>senvolver tecnologias e programas<strong>de</strong> crescimento econômico que reúnam condições <strong>de</strong> evitar o agravamento <strong>de</strong> problemasambientais <strong>como</strong> o do efeito estufa e o conseqüente aquecimento global, o Direito Ambientalvem, a passos largos, porém consistentes, procurando atualizar-se e se aperfeiçoar paraaten<strong>de</strong>r às <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s ca<strong>da</strong> vez maiores e mais complexas que esta nova área do Direitorepresenta para as Ciências Jurídicas. Nessa construção, o Direito Ambiental tem se valido,<strong>como</strong> Direito Positivo, <strong>de</strong> normas do Direito Constitucional, do Trabalho, do Consumidor,


19Administrativo, Tributário, Econômico, Comercial, Civil e Penal, <strong>de</strong>vido à fortecaracterística interdisciplinar que ele apresenta.Não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> <strong>de</strong>scartar que, em face <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nças verifica<strong>da</strong>s nas relações <strong>da</strong>sorganizações econômicas com seus empregados e as comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s do seu entorno, ocorri<strong>da</strong>sno século XX, <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> avanços sociais, políticos e institucionais, em nível mundial, oDireito Ambiental, visto <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> empresa, também po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>vepropugnar pelo estabelecimento <strong>de</strong> um novo padrão <strong>de</strong> integração com o público interno doempreendimento. Vê-se, assim, que algo que tem dimensão global, <strong>como</strong> as questõesambientais, quando consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s pela empresa, encontram-se imbrica<strong>da</strong>s com outras, <strong>como</strong> aquestão <strong>da</strong> opinião pública, a começar <strong>de</strong> <strong>como</strong> o <strong>de</strong>nominado público interno percebe aorganização e <strong>como</strong> contribui para a formação <strong>de</strong> sua imagem o que, em última análise, é, noestado <strong>de</strong>mocrático <strong>de</strong> <strong>direito</strong>, nas socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s participativas e nas empresas com elevado nível<strong>de</strong> governança, vital à sua manutenção e permanência no mercado.Segundo FORTES 1 , o público interno <strong>de</strong> uma organização é constituído por um“agrupamento espontâneo, com ou sem contigüi<strong>da</strong><strong>de</strong> física, perfeitamente i<strong>de</strong>ntificável,originário <strong>da</strong>s pessoas e dos grupos ligados à empresa por relações funcionais oficializa<strong>da</strong>s,que caracterizem um empregador e o empregado”. Para o autor, em se tratando <strong>de</strong> público,não importa o tipo <strong>de</strong> contato diário para caracterizá-lo, ou seja, “mesmo que o contatocotidiano seja insignificante, todo e qualquer contratado será enquadrado <strong>como</strong> públicointerno”. Assim, FORTES afirma que o público interno <strong>de</strong> uma organização econômica éformado pelos empregados (ao <strong>de</strong>talhá-lo, inclui os ex-empregados, os aposentados <strong>da</strong>empresa, as associações que os representam e os clubes que freqüentam) e seus familiares e<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, além dos funcionários terceirizados, nova <strong>de</strong>nominação <strong>da</strong><strong>da</strong> a empregados <strong>de</strong>outras organizações que prestam serviço a uma empresa, cunha<strong>da</strong> nas últimas déca<strong>da</strong>s doséculo XX.FORTES (2003: 74) chama atenção para um outro tipo <strong>de</strong> público ao qual a empresatem que estar permanentemente atenta, <strong>como</strong>, <strong>de</strong> resto, a qualquer público, pois, nenhumaorganização po<strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rar imune à ação do mercado e <strong>da</strong> opinião pública, <strong>de</strong> modoespecial nos dias atuais, com o elevado nível tecnológico dos processos <strong>de</strong> comunicação e amelhoria do acesso <strong>de</strong> praticamente to<strong>da</strong>s as cama<strong>da</strong>s <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> à informação, ain<strong>da</strong> queapenas jornalística, e à informática. Trata-se, aqui, do público misto, <strong>de</strong>scrito por ele <strong>como</strong> um“agrupamento oriundo do grupo-clientela, perfeitamente i<strong>de</strong>ntificável, que tem, ao mesmo1 FORTES, Waldy Gutierrez. Relações Públicas - processo, funções, tecnologia e estratégias. 2. ed. rev. e ampl.São Paulo: Summus, 2003.


20tempo, feições <strong>de</strong> público interno e <strong>de</strong> público externo”. Ele explica o nível <strong>de</strong>sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do público misto: “resultados vantajosos ou <strong>de</strong>svantajosos <strong>da</strong>s parceriasestabeleci<strong>da</strong>s, embora isolados, po<strong>de</strong>m criar novas oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s ou comprometer o seu<strong>de</strong>sempenho”. O público misto – conforme a classificação <strong>de</strong> FORTES (2003: 76-77) – éformado por investidores, fornecedores, intermediários (agentes, atacadistas, casascomissárias,comissários, concessionários, consignadores, consórcios, corretores,distribuidores, leiloeiros, representantes comerciais, reven<strong>de</strong>dores e varejo) e cooperados.De acordo ain<strong>da</strong> com a concepção <strong>de</strong> FORTES (2003: 77-80), o público externoconstitui-se <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, grupos organizados, sindicatos e enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s representativas,celebri<strong>da</strong><strong>de</strong>s, escolas, imprensa em geral, governo, concorrentes e competidores, além <strong>de</strong>países e grupos internacionais.Concluindo a classificação <strong>de</strong> públicos, FORTES (2003: 81) chama a atenção para o“público em potencial”:“Proveniente <strong>da</strong> massa, o público em potencial é composto por aquelas pessoas ougrupos organizados que têm pouca ou nenhuma expectativa. Encontram-se adiantedo público externo, a empresa não os conhece, e seus ‘componentes’ mantêm umtipo <strong>de</strong> indiferença ou <strong>de</strong>sconhecimento relativo à empresa. Pessoas ou gruposorganizados voltam-se à organização por motivos esporádicos, o nível <strong>de</strong>aproximação inicial é tênue, mas exigem bom atendimento para, <strong>da</strong>í, buscar umrelacionamento pleno. São exemplos <strong>de</strong> pessoas ou grupos que po<strong>de</strong>m constituir opúblico em potencial: associações culturais, autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s religiosas, bancos,bibliotecas, candi<strong>da</strong>tos a vestibulares, clubes, consultores, consumidores empotencial, curiosos, enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s assistenciais e beneficentes, futuros empregados,organizações não-governamentais, partidos políticos, pessoas isola<strong>da</strong>s.”Seja qual for a metodologia emprega<strong>da</strong> na classificação dos públicos <strong>de</strong> umaorganização econômica, ANDRADE 2 chama a atenção para a importância <strong>de</strong> sua catalogação:“A complexa constelação <strong>da</strong>s questões socioeconômicas está a aguar<strong>da</strong>r a criaçãogeneraliza<strong>da</strong> <strong>de</strong> públicos em lugar <strong>da</strong>s se<strong>de</strong>ntas massas consumidoras, para que elespossam discutir as controvérsias públicas, a fim <strong>de</strong> encontrar soluções que <strong>de</strong>vemsatisfazer a evidência que os legítimos públicos esperam e têm <strong>direito</strong> <strong>de</strong> esperar.”FORTES (2003: 81) chama atenção, também, que é “relevante para pôr em or<strong>de</strong>m ospúblicos o fato <strong>da</strong> heterogenei<strong>da</strong><strong>de</strong> dos seus componentes, tendo em vista que um mesmoci<strong>da</strong>dão po<strong>de</strong> estar perante diversas controvérsias, pertencendo a uma ou a outra tipologia <strong>de</strong>público.”2 ANDRADE, Cândido Teobaldo <strong>de</strong> Souza. Relações públicas na ótica econômica. O Público, São Paulo, junho<strong>de</strong> 1989, p. 4.


21Já na opinião <strong>de</strong> PENTEADO 3 , um dos mais respeitados e prolíferos autores nocampo <strong>da</strong>s Relações Públicas, com passagem pelo Management Development Branch <strong>da</strong>Organização Internacional do Trabalho (OIT) <strong>da</strong> ONU, o público interno <strong>da</strong>s organizações éformado pelos seus donos (aqueles que possuem mais <strong>de</strong> 50% do capital social <strong>da</strong> empresa),<strong>de</strong>mais acionistas, empregados e reven<strong>de</strong>dores, além <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> do seu entorno (grifonosso), relaciona<strong>da</strong> por ele em 1978, num quadro em que, nos países em <strong>de</strong>senvolvimento,consumidores e comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> ain<strong>da</strong> dispunham <strong>de</strong> poucos canais <strong>de</strong> acesso aos gran<strong>de</strong>s gruposeconômicos que coman<strong>da</strong>vam o mercado. No Brasil, além <strong>de</strong> as empresas terem passado a sepreocupar com a sua imagem perante a opinião pública, o advento <strong>da</strong> Lei n.º 8.078/90(Código do Consumidor) impôs a elas uma série <strong>de</strong> obrigações no que tange aorelacionamento, ain<strong>da</strong> que <strong>de</strong> forma indireta, com os seus públicos. No art. 6.º, incisos I a VIIIe inciso X, estão expressos os <strong>direito</strong>s básicos do consumidor, <strong>de</strong>ntre eles:“inciso II - a educação e divulgação sobre o consumo a<strong>de</strong>quado dos produtos eserviços, assegura<strong>da</strong>s a liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha e a igual<strong>da</strong><strong>de</strong> nas contratações”;“inciso III - a informação a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> e clara sobre os diferentes produtos e serviços,com especificação correta <strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>, característica, composição, quali<strong>da</strong><strong>de</strong> epreço, bem <strong>como</strong> sobre os riscos que apresentem”;“inciso VI - a efetiva prevenção e reparação <strong>de</strong> <strong>da</strong>nos patrimoniais e morais,individuais, coletivos e difusos”;“inciso VII - a facilitação <strong>da</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> seus <strong>direito</strong>s, inclusive com a inversão doônus <strong>da</strong> prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, forverossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regrasordinárias <strong>de</strong> experiências”.Um código rígido que conta, ain<strong>da</strong>, com a Lei n.º 10.962/04, que dispõe sobre a ofertae as formas <strong>de</strong> afixação <strong>de</strong> preços dos produtos e serviços para o consumidor, além doDecreto n.º 5.903/06, que dispõe sobre as práticas infracionais que atentam contra o <strong>direito</strong>básico do consumidor <strong>de</strong> obter informação a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> e clara sobre produtos e serviços.”Vê-se, <strong>de</strong>ssa forma, que não há, na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>como</strong> a empresa centrar-se apenas nagestão <strong>de</strong> uma produção mais econômica, que lhe propicie redução <strong>de</strong> custos e manutenção <strong>de</strong>preços competitivos no mercado, resultando em melhores resultados financeiros, sem queesteja atenta a métodos <strong>de</strong> gestão contemporâneos, que incluem o respeito ao consumidor e aomeio ambiente, a partir do ambiente <strong>de</strong> trabalho na própria organização.A classificação <strong>de</strong> PENTEADO (1978: 49) sugeria, assim, uma nova postura para aempresa, ao reunir, por sua forte dimensão social, condições para “estabelecer” ou“restabelecer” a interação <strong>da</strong> organização não só com seu público interno, mas,3 PENTEADO, José Roberto Whitaker. Relações públicas nas empresas mo<strong>de</strong>rnas. 2. ed. São Paulo: Pioneira,1978, p. 49.


22simultaneamente, com a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, pois que, há 29 anos, começava a não se aceitar maisque se falasse em avanços, quando se atendia apenas a uma parte do corpo social, <strong>de</strong> forma<strong>de</strong>libera<strong>da</strong>mente pontual, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado a ain<strong>da</strong> hoje busca<strong>da</strong> eqüi<strong>da</strong><strong>de</strong>. O próprio<strong>de</strong>senvolvimento encerra, em sua concepção capitalista contemporânea, o crescimentoeconômico com inclusão social, em um processo distributivo, solidário e igualitário emoportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, voltado para redução <strong>da</strong>s acentua<strong>da</strong>s <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s regionais e sociais, ain<strong>da</strong>que mantendo a estratificação em termos <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>, patrimônio e nível <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>.Passados quase 30 anos <strong>da</strong>s reflexões <strong>de</strong> PENTEADO (1978: 49), a mesma questãosobre a importância dos públicos nas relações <strong>da</strong> empresa com a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> volta à cena, commais força. Segundo FORTES (2003: 24), “atualmente, a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> exige participaçãover<strong>da</strong><strong>de</strong>ira nos <strong>de</strong>bates <strong>da</strong>s questões apresenta<strong>da</strong>s e quer se fazer presente para contribuirefetivamente com os assuntos abor<strong>da</strong>dos.”O autor, ao estu<strong>da</strong>r a situação <strong>da</strong>s empresas com relação ao comportamento <strong>de</strong> seuspúblicos quanto às questões ambientais, afirma que, entre os grupos <strong>de</strong> pressão, encontram-se“os ativistas, que assinalam causas locais e específicas.” Ele acrescenta:“Sempre haverá alguém interessado em saber as <strong>de</strong>corrências ambientais <strong>de</strong>um processo produtivo, por mais simples que seja, e que, aparentemente, passa<strong>de</strong>spercebido até pelos funcionários <strong>da</strong> organização. Grupos locais ecomunitários e o aprimoramento <strong>da</strong> <strong>de</strong>mocracia representativa <strong>de</strong>ixarão menosespaços para as empresas que <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ram seus ambientes <strong>de</strong> tarefa e agemcom impuni<strong>da</strong><strong>de</strong>.” 4 (grifo nosso).Também <strong>de</strong>ve ser levado em conta que, <strong>de</strong>vido ao <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico, quetem permitido o acesso ca<strong>da</strong> vez maior <strong>de</strong> pessoas à informação, através <strong>da</strong> mídia eletrônica(<strong>de</strong> modo especial, rádio e televisão), e não obstante os baixos níveis <strong>de</strong> escolari<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>parcelas expressivas <strong>da</strong>s populações <strong>de</strong> países em <strong>de</strong>senvolvimento, analfabetismo e<strong>de</strong>spolitização, as pessoas estão, a ca<strong>da</strong> dia, mais interessa<strong>da</strong>s em participar <strong>da</strong>s <strong>de</strong>cisões quepossam influenciar <strong>de</strong> alguma forma as suas vi<strong>da</strong>s. Faz 18 anos que ANDRADE 5 afirmava: “asocie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>seja influir na apreciação e resolução <strong>da</strong>s controvérsias <strong>de</strong> interesse público. Eisso somente será factível com a transformação <strong>da</strong>s massas em genuínos públicos.”Ain<strong>da</strong> sobre as questões que dizem respeito à integração <strong>da</strong>s empresas com os seuspúblicos, vale recorrer a outras observações <strong>de</strong> FORTES (2003: 24-25):4 FORTES, Waldyr Gutierrez. Relações Públicas: processo, funções, tecnologia e estratégias. 2. ed. rev. e ampl.São Paulo: Summus, 2003, p. 90.5 ANDRADE, Cândido Teobaldo <strong>de</strong> Souza. Psicossociologia <strong>da</strong>s relações públicas. 2. ed. São Paulo: Loyola,1989, p. 40.


23“... a concepção <strong>de</strong> público é primordial para situar <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>relações públicas, que possibilita <strong>da</strong>r forma ao público autêntico e, seqüencialmente,constituir a opinião, não se restringindo ao encaminhamento <strong>de</strong> informações àmassa, mas promovendo o <strong>de</strong>bate <strong>da</strong>s diferentes formas <strong>de</strong> encarar a questãocontroversa.”(grifo nosso).Não é <strong>de</strong>mais acrescentar o que afirmaram os norte-americanos David Dozier eWilliam Ehling sobre a formação <strong>de</strong> públicos:“Ocorre quando pessoas, que enfrentam questões similares, reconhecem que umproblema existe e se organizam para fazer algo a respeito. Se não há assunto comumpara conectar pessoas <strong>de</strong> alguma forma, tais pessoas não formam um público (sãonão-público). Quando pessoas enfrentam um tema comum, mas falham emreconhecê-lo, elas são, então, um público latente, um problema potencial <strong>de</strong> relaçõespúblicas que po<strong>de</strong> vir a acontecer. Uma vez que se i<strong>de</strong>ntificam e têm uma questãoem comum, elas se tornam público informado. Quando se organizam para fazeralgo a respeito <strong>de</strong> um assunto, se tornam públicos ativos.” (grifo nosso) 6 .O Direito Ambiental, <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão organizacional, encontra eco, assim,nas Ciências <strong>da</strong> Comunicação e <strong>da</strong> Administração, respectiva e especificamente nos campos<strong>da</strong>s “Relações Públicas” e, sobretudo, dos “Ambientes Externos <strong>da</strong>s Empresas”, bem assimnos estudos sobre formação <strong>de</strong> público e seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> ação, <strong>de</strong> modo especial quandomobilizado <strong>de</strong> forma organiza<strong>da</strong>.Quando PEDROSO (2004: 75) fala em “ética e co-responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> pelo futuro <strong>da</strong>criação”, na necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> do empenho <strong>de</strong> todos para a construção <strong>de</strong> “uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong>mocrática, social e ecologicamente justa e solidária,” e numa ecologia humana que “exige aaceitação <strong>da</strong> <strong>de</strong>mocracia <strong>como</strong> valor universal”, vale-se <strong>de</strong> pressupostos que impõem oor<strong>de</strong>namento jurídico para que, no estado <strong>de</strong> <strong>direito</strong>, e com o concurso <strong>da</strong> aplicação peloDireito Ambiental <strong>da</strong> legislação pertinente, permita-se que se propugne por uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong>,em que se incluem as empresas, cujos balizamentos fun<strong>da</strong>mentais apontem para o<strong>de</strong>senvolvimento sustentável. Mo<strong>de</strong>lo que não trabalha nas fímbrias <strong>da</strong>s questõessocioambientais, mas no seu cerne e, por isso, capaz <strong>de</strong> <strong>da</strong>r melhor quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> e bemestara todos, indistintamente. Por ora, um cenário ain<strong>da</strong> utópico, mas que po<strong>de</strong> estar maispróximo do que a reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, em sua face adversa, permite imaginar.Os problemas ambientais causados pela ação antrópica são tantos e tão graves quelevam, inclusive, especialistas em administração a fazer duras afirmações, <strong>como</strong> PEDROSO(2004: 73):6 DOZIER, David M.; EHLING, William P. Evaluation of public relations programs: what the literature tells usabout their effects. In: GRUNING, Jammes E. Excellence in public relations and communication management.Nova Jersey: Hills<strong>da</strong>le; Erlbaun, 1992, pp. 170-171.


24“Poucas são as organizações que se preocupam com a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> do serhumano. Os exemplos vêm <strong>de</strong> cima. Em pleno terceiro milênio, é inconcebívelaceitar que o Presi<strong>de</strong>nte George W. Bush, dos Estados Unidos, tenha rejeitado otratado <strong>de</strong> Kyoto, para a redução <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarte <strong>de</strong> poluentes na atmosfera. De fato, otratado <strong>de</strong> Kyoto vai contra os interesses <strong>da</strong>s empresas petrolíferas dos EUA,justamente as que mais contribuíram para a campanha eleitoral <strong>de</strong> Bush. Convémlembrar que os Estados Unidos exercem uma li<strong>de</strong>rança pre<strong>da</strong>tória. Consomem 45%<strong>da</strong> produção mundial <strong>de</strong> combustível para transportar menos <strong>de</strong> 5% <strong>da</strong> população.To<strong>da</strong> a política dos EUA está inteiramente volta<strong>da</strong> para a proteção <strong>de</strong> interessesamericanos, ou seja, para a economia interna.”PEDROSO (2004: 73-75), otimista, credita à “consciência ecológica, que agora estáeclodindo com força em todos os povos”, perspectivas <strong>de</strong> um ambiente mais saudável:“A consciência ecológica produz uma convergência que nenhum outro movimentoaté hoje conseguiu. Vista em sua dimensão positiva, torna-se base <strong>de</strong> umentendimento comum, rico em possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nças capazes <strong>de</strong> corrigir oserros cometidos e <strong>de</strong> encontrar caminhos novos <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> para o planeta... O serhumano não po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado em separado do seu meio ambiente. On<strong>de</strong> este éagredido e violentado, aí o próprio ser humano é agredido, violentado e ameaçadoem sua própria digni<strong>da</strong><strong>de</strong> e sobrevivência. Somos convocados a <strong>de</strong>senvolver umaética <strong>de</strong> co-responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> pelo futuro <strong>da</strong> criação, empenhando-nos na construção<strong>de</strong> uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática, social e ecologicamente justa e solidária. Umaecologia humana exige a aceitação <strong>da</strong> <strong>de</strong>mocracia <strong>como</strong> valor universal.”O otimismo <strong>de</strong> PEDROSO recupera e dá saliência às primeiras manifestações <strong>de</strong>pequenos grupos <strong>de</strong> <strong>ambiental</strong>istas que se organizaram na Europa, a partir <strong>da</strong> II GuerraMundial. Não mais os <strong>ambiental</strong>istas dos manifestos que surgiram quase simultaneamente,ain<strong>da</strong> no início do século XX, na Antropologia, na Psicologia e na Filosofia, <strong>como</strong> salientaBENTON 7 :“A valorização estética e espiritual <strong>da</strong> natureza e a preferência por uma vi<strong>da</strong> ruralarcadiana em harmonia com o campo informou boa parte do <strong>ambiental</strong>ismo doséculo XX. Pelo menos até os anos 1960, isso <strong>de</strong>terminou um abismo profundoentre os conservacionistas ambientais, por um lado, e um amplo espectro <strong>de</strong> opiniãofavorável ao ‘progresso’, que advogava o avanço tecnológico, o crescimento e<strong>de</strong>senvolvimento econômico e uma abor<strong>da</strong>gem científico-racional <strong>da</strong> política, poroutro. O <strong>ambiental</strong>ismo era encarado por muitos <strong>como</strong> uma tentativa <strong>de</strong> protegertanto um estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> privilegiado quanto um conjunto <strong>de</strong> valores culturaiselitistas. Mas, contra esse ponto <strong>de</strong> vista unilateral, foi necessário estabelecer acontribuição <strong>de</strong> um <strong>ambiental</strong>ismo ‘progressista’, o qual, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XIX,<strong>de</strong>nunciava a <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção <strong>ambiental</strong> <strong>da</strong>s áreas resi<strong>de</strong>nciais <strong>da</strong> classe operária,<strong>de</strong>stacava as ligações entre poluição <strong>ambiental</strong>, pobreza e falta <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, e pugnavapor abor<strong>da</strong>gens <strong>ambiental</strong>mente informa<strong>da</strong>s para a arquitetura e o planejamentourbano... Apesar <strong>da</strong> crítica metodológica a respeito <strong>da</strong> on<strong>da</strong> <strong>de</strong> tratados<strong>ambiental</strong>istas e <strong>de</strong> uma certa reafirmação <strong>de</strong> uma fé otimista em ‘remédios’tecnológicos para os efeitos colaterais do contínuo crescimento econômico globalsobre o meio ambiente, as questões ambientais não an<strong>da</strong>m longe <strong>da</strong>s manchetes <strong>da</strong>imprensa <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos 1970, e os protestos ambientais e os grupos <strong>de</strong> pressãocontinuaram a crescer em tamanho, influência e diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> por todo o mundo.”7 BENTON, Ted. Realism and social science. In. A Radical Philosophy Rea<strong>de</strong>r. R. Edgley; P. Osborne (Org.).Nova York: Routledge, 1985, apud OUTHWAITE, William & BOTTOMORE, Tom. Dicionário do PensamentoSocial do Século XX. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Zahar Editor, 1996, p. 10-11.


25BENTON (1996, apud OUTHWAITE & BOTTOMORE, 10-11) salienta que “essacontinua<strong>da</strong> presença do <strong>ambiental</strong>ismo na agen<strong>da</strong> política vem sendo sustenta<strong>da</strong> por trêscondições principais”, numa análise que vem ao encontro do que se observa no senso comum:“Primeiro, uma série <strong>de</strong> <strong>de</strong>sastres ambientais específicos extremamente conspícuos– na usina <strong>de</strong> Bhopal, na Índia, nos reatores nucleares <strong>de</strong> 3-Mile Island, nos EstadosUnidos, e Chernobil, na Ucrânia, bem <strong>como</strong> no vazamento do petroleirto Val<strong>de</strong>z <strong>da</strong>Exxon, no litoral do Canadá –, ao lado <strong>de</strong> uma crescente compreensão <strong>ambiental</strong>ista<strong>de</strong> <strong>de</strong>sastres ‘naturais’, tais <strong>como</strong> fome e inun<strong>da</strong>ções liga<strong>da</strong>s à <strong>de</strong>sertificação e ao<strong>de</strong>smatamento.Segundo, o efeito sobre a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, sentido por setores influentes, cultos earticulados <strong>da</strong> população nas socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s oci<strong>de</strong>ntais, do impacto <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentoindustrial rápido e <strong>de</strong>sregulado (industrialização e urbanização do ‘idílio rural’,adulteração, contaminação e envenenamento químico dos alimentos, barulho,poluição e congestionamento pelo uso generalizado do carro particular; e assim pordiante). A distribuição espacial e social <strong>de</strong>sses custos é tal que eles não po<strong>de</strong>m serfacilmente evitados com subterfúgios pelos ricos e influentes, tal <strong>como</strong> podiaacontecer com subprodutos <strong>de</strong> fases anteriores do <strong>de</strong>senvolvimento econômico.Terceiro, indícios ca<strong>da</strong> vez mais divulgados <strong>de</strong> impactos ambientais globais <strong>da</strong>ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> humana presente ou previsível – o ‘inverno nuclear’, o buraco <strong>de</strong> ozônio, oaquecimento global e a chuva áci<strong>da</strong>. Essas condições em geral não são percebi<strong>da</strong>spor experiência direta, mas são ca<strong>da</strong> vez mais inteligíveis para públicos cultos.”A toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> consciência <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> sobre a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> do meio ambiente global esuas can<strong>de</strong>ntes questões ambientais ocorre, assim, após o mundo passar por fortes ebulições eprofun<strong>da</strong>s transformações nos planos socioeconômico e geopolítico, ao longo do séculopassado, a começar, numa cronologia histórica, <strong>da</strong> assunção bolchevique ao po<strong>de</strong>r na Rússia,em 1917, instaurando no país um Estado socialista que, três anos <strong>de</strong>pois, se tornaria, não é<strong>de</strong>mais realçar, um Estado socialista totalitário. O governo socialista assumiu o controle <strong>da</strong>produção e assinou a paz com a Alemanha, retirando as tropas russas (13 milhões <strong>de</strong> sol<strong>da</strong>dosestiveram envolvidos no conflito) <strong>da</strong> I Guerra Mundial, conflagração que levou à falênciainúmeras empresas nacionais e à crescente inflação. Anos antes, em 1905, a Rússia havia sido<strong>de</strong>rrota<strong>da</strong> pelo Japão na guerra pelo controle <strong>da</strong> China e mergulhado em uma grave criseeconômica, com greves e manifestações contra o Império.Com a constituição <strong>da</strong> União <strong>da</strong>s Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e o seuavanço sobre a Europa do Leste, após a II Guerra Mundial, o mundo se tornou bipolarizado,com duas potências hegemônicas: Estados Unidos e União Soviética, situação que se mantevequase inaltera<strong>da</strong> até 1989, com a dissolução <strong>da</strong>s URSS e a que<strong>da</strong> imediata do regimesocialista em todo Leste Europeu, com exceção <strong>da</strong> Albânia, no Su<strong>de</strong>ste <strong>da</strong> Europa, que, maistar<strong>de</strong>, não teve <strong>como</strong> manter um regime que em tudo <strong>de</strong>stoava <strong>de</strong> seus prósperos vizinhos.


26Durante todo o período <strong>de</strong> hegemonia soviética, os problemas ambientais cresceramsem qualquer controle, principalmente com a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s produções <strong>de</strong> aço,petróleo e bens <strong>de</strong> consumo duráveis para aten<strong>de</strong>r todos os países que se encontravam sob aégi<strong>de</strong> <strong>de</strong> Moscou, inclusive Cuba. Também foram realizados vultosos investimentos naindústria bélica, com repercussões negativas sobre os orçamentos sociais e riscos <strong>de</strong> <strong>da</strong>nosincomensuráveis ao meio ambiente. Ain<strong>da</strong> hoje, passados mais <strong>de</strong> 15 anos <strong>da</strong> dissolução <strong>da</strong>URSS, a Rússia é um dos maiores poluidores mundiais, com lançamento <strong>de</strong> enormesquanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> CO 2 na atmosfera.Depois dos retrocessos em matéria <strong>de</strong> <strong>direito</strong>s humanos e liber<strong>da</strong><strong>de</strong>s individuais porpraticamente cinco déca<strong>da</strong>s no Leste Europeu e nas repúblicas anexa<strong>da</strong>s pela URSS, <strong>como</strong>Lituânia e Ucrânia, entre outras, os anos 1990 chegaram com ares <strong>de</strong> restauração do Estado <strong>de</strong>Direito naqueles países, mas com uma gama consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> problemas socioambientais aresolver, já que sua indústria e os setores primário e terciário funcionaram todo esse temposem que fossem respeita<strong>da</strong>s regras elementares antipoluição e anti<strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção <strong>ambiental</strong>.Se, do lado socialista o quadro não foi na<strong>da</strong> animador com relação à quali<strong>da</strong><strong>de</strong> noambiente <strong>de</strong> trabalho, aos <strong>direito</strong>s e garantias individuais e ao respeito ao meio ambiente emgeral, o mesmo não se po<strong>de</strong> dizer dos países <strong>da</strong> Europa Oci<strong>de</strong>ntal quanto à <strong>de</strong>mocracia e<strong>direito</strong>s humanos. Mas, em matéria <strong>ambiental</strong>, até o fim dos anos 1970, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> passar pelareconstrução financia<strong>da</strong> em parte pelo Plano Marshall, os efeitos <strong>da</strong> retoma<strong>da</strong> do crescimentoeconômico contribuíram para a constituição <strong>de</strong> um passivo <strong>ambiental</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s proporções.Mas, com os movimentos <strong>ambiental</strong>istas e a constatação dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> dospaíses <strong>da</strong> União Européia <strong>de</strong> que aumentava a incidência <strong>de</strong> chuvas fortemente áci<strong>da</strong>s e, comelas, o número <strong>de</strong> pessoas acometi<strong>da</strong>s por doenças respiratórias, <strong>da</strong> visão e <strong>da</strong> pele, além <strong>da</strong>contaminação <strong>de</strong> culturas agrícolas, pastagens e mananciais hídricos, a situação começou amelhorar com a adoção <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s para reduzir o lançamento <strong>de</strong> gases na atmosfera,efluentes em cursos d’água e melhor disposição final dos rejeitos industriais e resíduos sólidosurbanos, assim <strong>como</strong> o tratamento dos esgotos resi<strong>de</strong>nciais antes <strong>de</strong> seu lançamento em rios,oceanos e mares. Há muito ain<strong>da</strong> a caminhar nesse sentido, mas a UE já avançou – e bastante– nessa área. Para se exemplificar, basta lembrar que o Rio Tâmisa, que banha Londres,capital <strong>da</strong> Inglaterra, passou por um programa <strong>de</strong> <strong>de</strong>spoluição que tomou os 15 últimos anosdo século XX e milhões <strong>de</strong> libras esterlinas, mas, hoje, está com bom nível <strong>de</strong> balneabili<strong>da</strong><strong>de</strong>,isto é, as pessoas já po<strong>de</strong>m praticar esportes em suas águas, sem o risco <strong>de</strong> contrair doenças.Efetivamente, em to<strong>da</strong> a Europa, a atuali<strong>da</strong><strong>de</strong> está sendo marca<strong>da</strong> pela <strong>de</strong>fesa e adoção <strong>de</strong>


27programas <strong>de</strong> produção que incorporem processos mais limpos, com respeito ao meioambiente, embora o continente, <strong>de</strong> forma geral, ain<strong>da</strong> seja um gran<strong>de</strong> poluidorDurante os anos 1980 e 1990, viu-se uma Europa passando por transformações quelevaram o metalúrgico polonês Lech Walesa, que trabalhava em um estaleiro, à Presidência <strong>da</strong>República. Antes, porém, com os movimentos estu<strong>da</strong>ntis <strong>de</strong> fins dos anos 1960 na França eAlemanha, que se espalharam pelo mundo, rapi<strong>da</strong>mente chegando aos Estados Unidos e apaíses <strong>da</strong> América Latina, muitos dos quais se encontravam sob regime militar; a revolta dostrabalhadores e a reação do povo ao jugo soviético, na famosa Primavera <strong>de</strong> Praga, naHungria, cala<strong>da</strong>s pela força dos tanques do Pacto <strong>de</strong> Varsóvia; fim <strong>da</strong> ditadura franquista naEspanha e <strong>da</strong> salazarista em Portugal, ambas na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1970; o término <strong>da</strong> guerra noVietnã, em 1975, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 11 anos <strong>da</strong> ocupação parcial do país por tropas norte-americanas;a conclusão do processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scolonização <strong>da</strong> maior parte <strong>da</strong> África e <strong>da</strong> Ásia; o fim doapartheid na África do Sul, em um conjunto <strong>de</strong> fatos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> dimensão social e política, omundo ganhava novos rumos e a Humani<strong>da</strong><strong>de</strong>, a esperança e a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma novaconformação global, em que prevalecessem a justiça social e o respeito ao meio ambiente, pormeio do <strong>de</strong>senvolvimento sustentável.Não obstante diversos avanços, <strong>como</strong> o fim <strong>da</strong>s ditaduras militares na América Latinae <strong>da</strong> guerra nos Bálcãs, ain<strong>da</strong> persistem guerras fratrici<strong>da</strong>s na África e na Ásia, o interminávelconflito geopolítico e religioso entre palestinos e israelenses, uma vela<strong>da</strong> discriminação raciale restrições aos imigrantes na Europa, sobretudo em relação a africanos, asiáticos e, em algunspaíses, especificamente a negros, bem <strong>como</strong> o <strong>de</strong>srespeito a outros <strong>direito</strong>s humanos eambientais em diversas nações africanas e asiáticas.A adversi<strong>da</strong><strong>de</strong>, contudo, tem sido, ao longo <strong>da</strong> História, responsável por <strong>de</strong>scobertascientíficas e ajustes sociais que contribuíram para aperfeiçoar as relações humanas, inclusiveno campo do trabalho, com a instituição <strong>de</strong> normas que dignificam o homem na sua fainadiária para se manter.Com efeito, nos Estados Unidos, a crise <strong>de</strong> 1929 arruinou as classes média e baixa,mas as classes dominantes não ficaram a salvo <strong>de</strong>la. Por causa disso, o mo<strong>de</strong>lo econômico docapitalismo liberal começou a ser contestado e logo surgiram economistas <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo aintervenção do Estado nas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s econômicas, para reestruturar as nações que estavam emcrise. Sobre a questão, ARRUDA 8 diz:8 ARRUDA. José Jobson. História Integra<strong>da</strong>, v. IV. São Paulo: Ática, 1995, p. 73.


28“O plano saneador <strong>da</strong> economia norte-americana recebeu o nome <strong>de</strong> New Deal efoi posto em prática no governo do presi<strong>de</strong>nte Franklin Delano Roosevelt (1933-45).Com essa nova política, o governo passou a conce<strong>de</strong>r créditos e facili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>investimento às empresas particulares, ao mesmo tempo em que garantia aostrabalhadores uma série <strong>de</strong> <strong>direito</strong>s: salário mínimo, jorna<strong>da</strong> máxima <strong>de</strong> trabalho,proibição do trabalho infantil e previdência social.”No Brasil, entre outros avanços nos campos econômico e social, salientem-se apromulgação <strong>da</strong> Consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>s Leis do Trabalho (CLT), em 1943, a ampliação <strong>da</strong> classemédia com a aceleração <strong>da</strong> industrialização e do processo <strong>de</strong> urbanização nos anos 1950, aolado <strong>de</strong> pontos negativos, <strong>como</strong> o aumento <strong>da</strong> população <strong>de</strong> miseráveis, que na vira<strong>da</strong> doséculo, há sete anos, somavam cerca <strong>de</strong> 32 milhões <strong>de</strong> pessoas que viviam com menos doequivalente a US$ 2 por dia, algo <strong>como</strong> R$ 4,00 ao câmbio do início <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2007.Atualmente, segundo os últimos <strong>da</strong>dos censitários do Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia eEstatística (IBGE), quem vive abaixo <strong>da</strong> linha <strong>da</strong> pobreza, forma um contingente <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong>25 milhões <strong>de</strong> pessoas, um avanço que advém <strong>da</strong> implantação <strong>de</strong> programas sociais, <strong>como</strong> oBolsa Família e o Bolsa Escola, que ampliaram a ren<strong>da</strong> <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> famílias.Neste quadro em que avanços socioeconômicos contrastam com a manutenção <strong>de</strong>estratos sociais ain<strong>da</strong> excluídos dos benefícios <strong>da</strong> industrialização e do crescimentoeconômico, também emergem os problemas ambientais, provocados tanto pelo forte ecrescente a<strong>de</strong>nsamento populacional quanto pelas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s produtivas intensivas emconsumo <strong>de</strong> recursos naturais, além do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> consumo ditado pelo capitalismo, que, porvia <strong>de</strong> conseqüência, pressiona os meios <strong>de</strong> produção.De fato, no momento, além <strong>de</strong> tantos problemas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m política, econômica e socialno Brasil, há todo um conjunto <strong>de</strong> questões políticas, econômicas, religiosas e geopolíticas,em nível global, <strong>como</strong> o interesse dos Estados Unidos pelo controle <strong>da</strong>s regiões que possuemas maiores reservas petrolíferas do mundo e produzem mais <strong>da</strong> meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> todo o óleoconsumido pelo mercado mundial. Ao lado <strong>de</strong>ssas questões, encontram-se as <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m<strong>ambiental</strong>.Nos últimos painéis promovidos pela ONU para avaliar o clima na Terra, foramdivulga<strong>da</strong>s projeções estarrecedoras e preocupantes <strong>de</strong> cientistas <strong>de</strong> todo o planeta. Emessência, o que eles dizem indica que se o homem não contiver o processo <strong>de</strong> poluição, <strong>de</strong>emissões <strong>de</strong> gases na atmosfera e outros <strong>da</strong>nos ao meio ambiente, por conta <strong>de</strong> um consumoexacerbado que exige gran<strong>de</strong>s produções <strong>de</strong> bens e <strong>de</strong> serviços, certamente po<strong>de</strong>rão sobrevirgraves problemas <strong>de</strong>correntes <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças climáticas que <strong>de</strong>verão ocorrer nas próximasdéca<strong>da</strong>s, com inevitáveis <strong>da</strong>nos ao meio ambiente e à Humani<strong>da</strong><strong>de</strong>.


1.1 - Justificativa29Mesmo que, muitas vezes, estratos sociais organizados não se disponham a proteger omeio ambiente, o público afetado pelos empreendimentos – incluindo a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> do seuentorno – po<strong>de</strong> contar a aju<strong>da</strong> do Ministério Público contra quaisquer riscos <strong>de</strong> <strong>da</strong>nosiminentes ou futuros. O <strong>de</strong>sinteresse <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados segmentos quanto aos efeitos negativos<strong>da</strong> ação antrópica sobre o ambiente provavelmente <strong>de</strong>corra do fato <strong>de</strong> eles não estarem sob aameaça ou diretamente afetados, mas, se valendo <strong>da</strong>s normas ambientais, alicerça<strong>da</strong>s noDireito Ambiental e esculpi<strong>da</strong>s na CF/88 e em farta legislação infraconstitucional, qualquerci<strong>da</strong>dão, a qualquer momento, po<strong>de</strong> invocar a interferência do Ministério Público.Se, há pouco menos <strong>de</strong> 20 anos, as condições no espaço <strong>de</strong> trabalho e no entorno <strong>de</strong><strong>de</strong>terminados empreendimentos eram, muitas vezes, <strong>de</strong> insalubri<strong>da</strong><strong>de</strong> e periculosi<strong>da</strong><strong>de</strong> paratrabalhadores e comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, <strong>de</strong>vido a impactos ambientais, sem que a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> acionasseos órgãos competentes para as providências cabíveis, a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> atual é bem distinta. Noscasos <strong>de</strong> poluição <strong>de</strong> cursos d’água, por exemplo, as populações à jusante <strong>da</strong>s áreas dosempreendimentos poluidores praticamente “não tinham voz”, no passado, via <strong>de</strong> regra, pornão disporem <strong>de</strong> “canais <strong>de</strong> acesso” às autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s para resolver a questão, exceto quando ospolíticos <strong>da</strong> região se mobilizavam, em face, talvez, <strong>de</strong>, também eles e suas famílias, seencontrarem prejudicados.Os avanços socioeconômicos e políticos ocorridos em nível mundial, nas últimasdéca<strong>da</strong>s, já apontados neste trabalho, não foram acompanhados, entretanto, pelos<strong>de</strong>sdobramentos perversos <strong>da</strong> globalização <strong>da</strong> economia, <strong>como</strong> a ferrenha e não raro antiéticadisputa pelo mercado, perpetuação <strong>da</strong> miséria, fome e propagação <strong>de</strong> doenças em diversasregiões, que já po<strong>de</strong>riam estar erradica<strong>da</strong>s em todo o planeta, além <strong>de</strong> <strong>da</strong>nos <strong>de</strong> vulto ao meioambiente e guerras civis fratrici<strong>da</strong>s, <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> dissensões religiosas, étnicas ei<strong>de</strong>ológicas, ao lado <strong>de</strong> escaramuças pelo po<strong>de</strong>r geopolítico.Num quadro <strong>como</strong> este, <strong>como</strong> as questões ambientais po<strong>de</strong>m, efetivamente, ganhar ointeresse <strong>da</strong>s empresas e, <strong>de</strong> resto, <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, incluindo o Po<strong>de</strong>r Público? Empiricamente,po<strong>de</strong>r-se-ia respon<strong>de</strong>r: <strong>da</strong>s empresas, por meio dos ganhos que <strong>de</strong>verão auferir aorespeitarem as normas ambientais, tendo o Direito Ambiental <strong>como</strong> um dos <strong>instrumento</strong>sfun<strong>da</strong>mentais do seu processo <strong>de</strong> gestão; ressalte-se que uma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> expressiva <strong>de</strong>organizações econômicas vem, há algum tempo, operando <strong>de</strong> acordo com a legislação<strong>ambiental</strong>, com vistas à sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>; <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, pela educação <strong>ambiental</strong>,


30conscientização pública, ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, mas, é provável, lamentavelmente, pelo que o homemmais tema, a ameaça iminente <strong>de</strong> catástrofes e prejuízos à sua porta, <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong>sse ou<strong>da</strong>quele empreendimento ou <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças climáticas globais que vêm sendo registra<strong>da</strong>s emritmo acelerado; do Po<strong>de</strong>r Público, enfim, pelo empenho <strong>de</strong> administrações responsáveis,pela pressão <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil ou pelo interesse que muitas vezes <strong>de</strong>monstra quando algo quepossa ser evitado represente risco do surgimento <strong>de</strong> problema a resolver em curto prazo e queexigirá a disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos financeiros, escassos ou inexistentes em seu caixa. OPo<strong>de</strong>r Público, a<strong>de</strong>mais, <strong>de</strong> forma geral, tem centrado o seu interesse, nos novoslicenciamentos e renovações dos que vêm causando <strong>da</strong>nos ambientais, na exigência <strong>da</strong> adoção<strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s compensatórias, direciona<strong>da</strong>s, principalmente, para a realização pelosempreen<strong>de</strong>dores <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> infra-estrutura pública. O financiamento <strong>de</strong>ssas obras pelainiciativa priva<strong>da</strong> é uma forma <strong>de</strong> a administração pública, sobretudo a municipal, resolverdois problemas <strong>de</strong> uma só vez: a mitigação <strong>de</strong> impactos ambientais pela ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> econômicae aliviar os seus cofres, em face <strong>da</strong> crise fiscal em que se encontra a maioria <strong>da</strong>s mais <strong>de</strong> 5.000prefeituras brasileiras.A<strong>de</strong>mais, os a<strong>de</strong>nsamentos resi<strong>de</strong>nciais, comerciais e <strong>de</strong> serviços nas zonas urbanassão um dos principais causadores <strong>de</strong> <strong>da</strong>nos ao ambiente. E isso ocorre tanto em áreas <strong>de</strong>periferia e favelas, em que a ausência ou <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> infra-estrutura pública implica a baixaquali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s populações, quanto em áreas ocupa<strong>da</strong>s por estratos sociais <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> epadrões <strong>de</strong> consumo mais elevados. Nestas, são produzidos fortes impactos ambientais, <strong>como</strong>,por exemplo, geração <strong>de</strong> mais resíduos sólidos para <strong>de</strong>scarte (embalagens <strong>de</strong> papelão, isopor,plástico e do tipo longa vi<strong>da</strong>, garrafas <strong>de</strong> vidro, ‘latinhas’ <strong>de</strong> alumínio e latas <strong>de</strong> aço utiliza<strong>da</strong>sno acondicionamento <strong>de</strong> alimentos industrializados, revistas e jornais usados, entre outrosresíduos). Além disso, os bairros cuja população apresenta boas condições socioeconômicas evive com relativo conforto têm trânsito <strong>de</strong>nso, pelo menos nas principais vias <strong>de</strong> acesso a eles,formado por uma gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> veículos particulares que trafegam, em geral, apenascom o condutor, com a inevitável <strong>de</strong>terioração <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar e elevação dos níveis <strong>de</strong>ruídos acima do suportável à audição humana.O tema <strong>de</strong>ste trabalho foi escolhido, assim, pelo fato <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s e municípios teremcrescido e continuarem se expandindo sem planejamento e, em especial, Belo Horizonte, nosúltimos 30 anos, na direção <strong>de</strong> seus eixos Sul e Norte e, também, na <strong>de</strong> diversos municípios<strong>da</strong> Região Metropolitana, principalmente Nova Lima, Brumadinho e Rio Acima, on<strong>de</strong> seinstalaram <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> empreendimentos imobiliários nesse período. Tudo isso tem causadoimpactos ambientais e, com a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> renovação <strong>de</strong> licenças <strong>de</strong> operação <strong>de</strong> diversos


31empreendimentos, o Direito Ambiental surge, mais uma vez, <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> essencialnesse processo.Também justifica a eleição do tema <strong>de</strong>ste trabalho o fato <strong>de</strong> que, há, ain<strong>da</strong>, olicenciamento para instalação <strong>de</strong> novos empreendimentos e para projetos <strong>de</strong> expansão <strong>de</strong>setores <strong>da</strong> economia que se encontram em situação <strong>de</strong> forte <strong>de</strong>man<strong>da</strong> internacional, <strong>como</strong> o <strong>da</strong>mineração e <strong>de</strong> algumas commodities (soja, milho e etanol). Também no plano internoregistra-se o aquecimento <strong>da</strong> construção civil e <strong>da</strong> indústria automobilística, com repercussõessobre os setores <strong>de</strong> mineração, si<strong>de</strong>rurgia, cimenteiro e <strong>de</strong> materiais em geral, <strong>como</strong> tubos <strong>de</strong>plástico, fios, cerâmicas, mármores, granitos, tijolos, telhas, vidros, alumínio, ma<strong>de</strong>ira, colas,tintas e vernizes, entre outros. A si<strong>de</strong>rurgia brasileira, que vem mostrando consi<strong>de</strong>rávelcrescimento nos últimos anos, também apresenta projetos <strong>de</strong> instalação <strong>de</strong> novas usinas e <strong>de</strong>expansão <strong>da</strong>s que se encontram em funcionamento. Desses setores <strong>da</strong> economia que estãoaquecidos, haverá <strong>de</strong>sdobramentos nas áreas <strong>de</strong> fornecedores, distribuidores, transportadores ecomércio.Paralelamente ao aquecimento <strong>de</strong> setores <strong>da</strong> iniciativa priva<strong>da</strong>, com a implantação doPrograma <strong>de</strong> Aceleração do Crescimento (PAC), pelo Governo Fe<strong>de</strong>ral, a partir <strong>de</strong> 2007 – atéabril haviam sido contratados R$ 1,92 bilhão, <strong>de</strong> um total <strong>de</strong> R$ 15,8 bilhões previstos para<strong>de</strong>sembolso com obras em 2007 – espera-se que a economia brasileira possa crescer a taxasmaiores do que as dos últimos anos, estimando-se algo em torno <strong>de</strong> 4,5% a 5% e até 5,5% aoano.Como muitos dos projetos do PAC são <strong>de</strong> infra-estrutura, resi<strong>de</strong>, aí, um dos motivos<strong>de</strong> o programa ain<strong>da</strong> não ter ganhado a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> espera<strong>da</strong>, pois não houve a liberação <strong>da</strong>Licença Prévia para eles. São os casos, por exemplo, <strong>da</strong>s usinas hidrelétricas <strong>de</strong> Jirau e SantoAntônio, que o Governo preten<strong>de</strong> construir no Rio Ma<strong>de</strong>ira, em Rondônia, 9 <strong>da</strong> implantação <strong>de</strong>uma linha <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> energia elétrica em Florianópolis, Santa Catarina, e <strong>da</strong> instalação<strong>da</strong> plataforma <strong>de</strong> petróleo e gás do Campo dos Golfinhos, no Espírito Santo, embora hajaoutros empreendimentos que também se encontram na <strong>de</strong>pendência <strong>da</strong> concessão <strong>da</strong> LP.Esses projetos contribuirão para a alavancagem <strong>de</strong> diversos setores <strong>da</strong> economia, haja vistaque irão <strong>de</strong>man<strong>da</strong>r quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s consi<strong>de</strong>ráveis <strong>de</strong> matérias-primas e equipamentos, além <strong>de</strong>gerarem novos postos <strong>de</strong> trabalho. Mas não <strong>de</strong>ixarão <strong>de</strong> produzir impactos ambientais eexigem, <strong>como</strong>, <strong>de</strong> fato, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis9 A Licença Prévia <strong>da</strong>s usinas hidrelétricas <strong>de</strong> Jirau e Santo Antônio, no Rio Ma<strong>de</strong>ira (RO), <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>finições sobre <strong>como</strong> proce<strong>de</strong>r a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>mente para evitar o <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> sedimentos nos lagos <strong>da</strong>s represas, oque po<strong>de</strong> levar à extinção <strong>de</strong> várias espécies <strong>de</strong> peixes, <strong>de</strong>ntre elas, os bagres.


32(Ibama) está proce<strong>de</strong>ndo, a elaboração <strong>de</strong> EIA/RIMA tecnicamente convincente quanto àsustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>les, o que abre novas, instigantes e alvissareiras oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<strong>de</strong> atuação para os operadores do Direito Ambiental.Por fim, pesquisar o Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong>s empresascontemporâneas é <strong>da</strong>r saliência a essa nova área <strong>da</strong>s Ciências Jurídicas, sem prejuízo <strong>da</strong>s<strong>de</strong>mais, em um contexto não só <strong>de</strong> economia globaliza<strong>da</strong>, mas <strong>de</strong> economia ca<strong>da</strong> vez maisatrela<strong>da</strong> às questões ambientais, que passam, indispensavelmente, pelo aparato normativo, queimpõe a participação do operador do Direito Ambiental em nível <strong>de</strong> gestor organizacional.Não há <strong>como</strong> dissociar a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> econômica <strong>da</strong>s questões ambientais e <strong>da</strong> tutela jurídica domeio ambiente.A maior parte dos novos projetos e dos empreendimentos em expansão, <strong>de</strong>vido à suadimensão e aos impactos que irão causar no meio ambiente, passará por processo <strong>de</strong>licenciamento <strong>ambiental</strong>. Isso enseja a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> o Direito Ambiental contribuir, <strong>de</strong>forma <strong>de</strong>cisiva, para que as plantas industriais, áreas <strong>de</strong> servidão <strong>da</strong>s re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong>energia elétrica, entorno <strong>da</strong>s áreas que serão submersas para a formação dos lagos <strong>de</strong>hidrelétricas, áreas <strong>de</strong> cultivo, áreas <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong> petróleo e gás, conjuntos <strong>de</strong> galpões,frotas <strong>de</strong> veículos e uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s comerciais estejam <strong>de</strong> acordo com as normas legais e participem<strong>da</strong> pavimentação <strong>de</strong> caminhos para o bem-estar social.Esta Dissertação – pe<strong>de</strong>-se venia para repetir – <strong>de</strong>corre do fato <strong>de</strong> que as empresasprecisam buscar no Direito Ambiental a <strong>de</strong>cisiva contribuição para uma GestãoOrganizacional que previna problemas que venham a afetar o meio ambiente e a própriaempresa, evitando-lhe contenciosos que, quando não representam per<strong>da</strong>s econômicofinanceirastangíveis, <strong>como</strong> nos casos <strong>de</strong> paralisação <strong>de</strong> suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, implicam prejuízos àsua imagem. Pior, ain<strong>da</strong>, quando ocorrem os dois problemas.As ações, tanto <strong>da</strong>s empresas, quanto <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e, ain<strong>da</strong>, do Po<strong>de</strong>r Público, comrelação às questões ambientais, encontram, na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, eficaz apoio no Direito Ambiental,não só <strong>de</strong>vido à rica legislação disponível, mas, também, pelo fato <strong>de</strong> os operadores <strong>de</strong>ssanova área do Direito reunirem condições <strong>de</strong> trabalhar <strong>de</strong> forma preventiva, atuandodiretamente no processo <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong>s organizações, o que faz <strong>da</strong> Empresa objeto do DireitoAmbiental.


1.2 - Objetivos33Os esforços <strong>de</strong>ste trabalho estão direcionados para a pesquisa <strong>da</strong>s exigências legais e<strong>da</strong>s condicionantes que o Po<strong>de</strong>r Público <strong>de</strong>ve impor, com fulcro na legislação, às empresasque se instalarem e/ou ampliarem suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s em qualquer parte do território brasileiro.Essa prática que ganhou ritmo crescente, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o advento <strong>da</strong> Lei n.º 6.938/81, que institui aPolítica Nacional do meio Ambiente e <strong>da</strong> promulgação <strong>da</strong> Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988(CF/88), bem <strong>como</strong> o Direito Ambiental po<strong>de</strong> atuar <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão empresarial.Para tanto, foram estu<strong>da</strong>dos 13 processos <strong>de</strong> licenciamento <strong>ambiental</strong> nos municípiosmineiros <strong>de</strong> Belo Horizonte, Rio Acima, Sabará e Nova Lima e analisados balanços anuais(relatórios <strong>da</strong> administração), fol<strong>de</strong>rs e sites na internet <strong>de</strong> 14 organizações empresariais <strong>de</strong>relevância na economia nacional e internacional, com interesses e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s nos estados doRio <strong>de</strong> Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Ceará e Espírito Santo, bem <strong>como</strong> naAmérica Latina, em países <strong>como</strong> o México, Venezuela e Argentina, entre outros.O estudo, ora apresentado, procura mostrar <strong>como</strong> o Direito Ambiental, empregado<strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong>s empresas contemporâneas, configura-se eficaz ferramenta <strong>de</strong>controle <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> empresarial no que se refere ao respeito ao meio ambiente e à promoçãosocial dos empregados <strong>da</strong> organização e <strong>da</strong> população que vive no seu entorno, assim <strong>como</strong>aos resultados econômicos e financeiros do empreendimento. Enfim, <strong>da</strong>r saliência àcontribuição do Direito Ambiental na organização <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> gestão que contemple orespeito ao ambiente e a busca <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, que somente po<strong>de</strong>rão ser alcançadosobservando-se as normas conti<strong>da</strong>s na legislação <strong>ambiental</strong>.Dessa forma, procurar-se-á reforçar a atenção ao emprego <strong>de</strong> meios legais e éticos quenão só eli<strong>da</strong>m ônus que representem prejuízos aos empreendimentos, <strong>como</strong> a postergação doinício do processo produtivo e <strong>da</strong> geração <strong>de</strong> receita, seja pelo custo financeiro <strong>de</strong>corrente <strong>da</strong><strong>de</strong>mora no retorno econômico do investimento, seja, <strong>de</strong> forma específica, pela necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>adoção <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s compensatórias e mitigadoras dos impactos projetados que po<strong>de</strong>riam tersido rapi<strong>da</strong>mente negocia<strong>da</strong>s ain<strong>da</strong> na fase <strong>da</strong> obtenção <strong>da</strong> Licença Prévia (LP), emprestandoceleri<strong>da</strong><strong>de</strong> à execução do projeto. Função tanto dos especialistas em impactos ambientais,quanto do operador do Direito Ambiental, pois há limites legais para o que os órgãoslicenciadores po<strong>de</strong>m exigir.Acor<strong>da</strong>r com o Po<strong>de</strong>r Público novas condicionantes com o projeto já em fase <strong>de</strong>implantação física, <strong>de</strong>vido à revisão do Estudo <strong>de</strong> Impacto Ambiental (EIA), <strong>da</strong> Avaliação <strong>de</strong>


34Impacto Ambiental (AIA) e do Relatório <strong>de</strong> Impacto Ambiental (RIMA), proveniente <strong>de</strong>erros na sua elaboração e no que foi <strong>de</strong>finido <strong>como</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> empresa na obtenção<strong>da</strong> LP, acarreta, inevitavelmente, dispêndios maiores do que se esses já estivessem<strong>de</strong>finitivamente adotados, <strong>de</strong> acordo com o que prevê a legislação. O Direito Ambiental entranessa fase inicial, pois <strong>de</strong>ve participar diretamente <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição <strong>da</strong>s diretrizes para a corretaelaboração dos estudos, avaliações e relatórios, numa ação normativa e preventiva. Postergaresse procedimento, <strong>de</strong>ixando-o para, <strong>como</strong> ocorria no passado, realizá-lo, muitas vezes, <strong>como</strong>medi<strong>da</strong> apenas paliativa, quase que concomitantemente com a entra<strong>da</strong> em operação <strong>da</strong> novaativi<strong>da</strong><strong>de</strong> econômica, não encontra mais espaço nos empreendimentos com elevado nível <strong>de</strong>governança, reconhecidos e legitimados pela socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. A esse respeito, o Presi<strong>de</strong>nteexecutivo do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS),Fernando Almei<strong>da</strong>, <strong>de</strong>staca:“A governança corporativa é um conceito <strong>de</strong> contornos ain<strong>da</strong> imprecisos, mas queestá relaciona<strong>da</strong> à sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Surgiu em meados <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1990, nosEstados Unidos e na Inglaterra, quando gran<strong>de</strong>s investidores institucionais, <strong>como</strong>seguradoras e fundos <strong>de</strong> pensão, começaram a <strong>de</strong>sconfiar que os conselhos <strong>de</strong>administração não estariam trabalhando <strong>direito</strong> no interesse dos acionistas eestimularam a elaboração <strong>de</strong> códigos <strong>de</strong> boas práticas. Dentro <strong>de</strong>ssa visão, ‘a boagovernança corporativa assegura aos sócios a eqüi<strong>da</strong><strong>de</strong>, transparência, prestação <strong>de</strong>contas (accountability) e responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> pelos resultados’... Tais atributosaplicam-se também, <strong>como</strong> requisitos <strong>de</strong>sejáveis, às relações <strong>da</strong> empresa com asocie<strong>da</strong><strong>de</strong> e com o meio ambiente. Por isso, parece inevitável que o conceito <strong>de</strong>governança corporativa evolua para abranger todos os stakehol<strong>de</strong>rs e não apenas osacionistas. Empresas na vanguar<strong>da</strong> <strong>da</strong>s práticas sustentáveis já perceberam asrelações entre sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e governança corporativa e começam a criar os<strong>instrumento</strong>s <strong>da</strong> governança sustentável.” 10Os lacunosos e obsoletos mecanismos que foram por muito tempo utilizados pelosempreendimentos não mais são aceitos, hoje, pela socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, ain<strong>da</strong> que haja tolerância ouomissão do Po<strong>de</strong>r Público, especialmente quando as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s empresariais trazem benefícioseconômicos imediatos, <strong>como</strong> geração <strong>de</strong> postos <strong>de</strong> trabalho e ren<strong>da</strong>, por conseguinte, receitatributária, não obstante a iminência, em alguns casos, <strong>de</strong> prejuízos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m <strong>ambiental</strong>, que,certamente, irão causar impactos <strong>de</strong> forma mais acentua<strong>da</strong> nos estratos sociais <strong>de</strong> menorren<strong>da</strong>, talvez, alguns dos beneficiários, no primeiro momento, dos novos empreendimentos.Um quadro outrora freqüente <strong>da</strong> retórica <strong>de</strong> políticos, ao anunciar em que <strong>de</strong>terminadoempreendimento seria “responsável pela geração <strong>de</strong> novos empregos e ren<strong>da</strong>”,in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente dos impactos sobre o meio ambiente, é pouco provável <strong>de</strong> ser visto neste10 ALMEIDA, Fernando. Meio Ambiente: negócios, p. 139. In: TRIGUEIRO, André (org). Meio Ambiente noSéculo 21. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Sextante, 2003.


35início <strong>de</strong> novo milênio. Os mecanismos jurídicos que po<strong>de</strong>m ser acionados pela socie<strong>da</strong><strong>de</strong>com base na legislação existente são suficientes e eficazes para coibir abusos.O Estatuto <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> (Lei n.° 10.257/2001), por exemplo, é um <strong>de</strong>les:“Política Urbana – Capítulo I: Diretrizes Gerais. Art.1.°, parágrafo único. Para todosos efeitos esta Lei, <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> Estatuto <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, estabelece normas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>mpública e interesse social que regulam o uso <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> urbana em prol do bemcoletivo, <strong>da</strong> segurança e do bem-estar dos ci<strong>da</strong>dãos, bem <strong>como</strong> do equilíbrio<strong>ambiental</strong>. Art. 2.°, Inciso X – a<strong>de</strong>quação dos <strong>instrumento</strong>s <strong>de</strong> política econômica,tributária e financeiras dos gastos públicos aos objetivos do <strong>de</strong>senvolvimentourbano, <strong>de</strong> modo a privilegiar os investimentos <strong>de</strong> bem-estar geral e a fruição dosbens pelos diferentes segmentos sociais.” 11Quando se chama a atenção para a importância do objeto do Direito Ambiental, não setrata, apenas, do que MILARÉ 12 afirma, com raro <strong>de</strong>scortino, ao abor<strong>da</strong>r o tema meioambiente e gestão pública, pois esta nova área <strong>da</strong>s Ciências Jurídicas vai além <strong>da</strong> busca <strong>de</strong>soluções para questões ambientais junto ao Po<strong>de</strong>r Público ou em outra esfera, constituindo-se<strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão e governança corporativas, que implicam procedimentos que se<strong>de</strong>stinam a evitar justamente o que conflita com as normas ambientais, pautados, sempre, pelaética do operador do Direito e <strong>da</strong> organização. MILARÉ diz que, “na vi<strong>da</strong> pública e noexercício <strong>da</strong> política, há uma forma sutil <strong>de</strong> imorali<strong>da</strong><strong>de</strong> (ou falta <strong>de</strong> ética), que é o abuso dopo<strong>de</strong>r, seja para restringir, seja para favorecer.” O autor lembra que essa colocação po<strong>de</strong>parecer “soar muito distante <strong>da</strong> questão <strong>ambiental</strong>, porém, o meio ambiente é uma <strong>da</strong>s vítimasmais insuspeitas e, ao mesmo tempo, menos percebi<strong>da</strong>s <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>svirtuação.” Ele fun<strong>da</strong>mentasua assertiva:“Para exemplificar, um famoso relatório <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção Dag Hammarsköld, elaboradocom a participação <strong>de</strong> pesquisadores e políticos <strong>de</strong> 48 países, e subvencionado peloPrograma <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s para o Meio Ambiente (PNUMA), aponta para aproblemática do abuso <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e sua interligação com a <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção <strong>ambiental</strong>. Citacomportamentos colonialistas e neocolonialistas em relação a uso do solo e minoriassociais. O ‘Relatório Brundtland’, que oficializa a posição <strong>da</strong> ONU sobre oDesenvolvimento Sustentável, parte <strong>de</strong> uma visão complexa <strong>da</strong>s causas dosproblemas socioeconômicos e ecológicos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> global, enfatizando a ligaçãoentre economia, tecnologia, socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e política, chamando a atenção para uma novapostura ética em face do meio ambiente. Alertas tão significativos e autorizadosdirigem-se, sobretudo, aos governos, e às elites e classes dominantes que, regra11 VADE MECUM: acadêmico <strong>de</strong> <strong>direito</strong>: Constituição Fe<strong>de</strong>ral e Emen<strong>da</strong>s Constitucionais, Código Civil,Código <strong>de</strong> Processo Civil, Código Penal, Código <strong>de</strong> Processo Penal, Código Tributário Nacional, Consoli<strong>da</strong>ção<strong>da</strong>s Leis do Trabalho, Código Comercial, Legislação <strong>de</strong> Direito Ambiental, Legislação <strong>de</strong> DireitoAdministrativo, Legislação Previ<strong>de</strong>nciária, Legislação complementar, Súmulas e Enunciados, p. 1.132.12 MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente: doutrina, jurisprudência e glossário. 4. ed. rev., atual. e ampl. – SãoPaulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2005, p. 93.


36geral, impõem rumos e tons à política. É assaz freqüente no serviço público aaplicação do perigoso aforismo: ‘Para os amigos tudo, para os inimigos a lei.’” 13Reportar-se à temática do Direito Ambiental não é tão-somente focalizar o emprego <strong>de</strong>conhecimentos jurídicos com a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se respeitar a legislação e evitar o <strong>da</strong>no<strong>ambiental</strong>. É algo além disso. É ter em tela fazer <strong>de</strong>sse novel <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestãoempresarial o que preconiza a rica legislação sobre meio ambiente: promover o bem-estarsocial, no tempo e no espaço, com olhos na sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. O Direito Ambiental não <strong>de</strong>veser <strong>instrumento</strong> para, sob o argumento <strong>de</strong> se estar procurando “respeitar a legislação”,interpretá-la ao sabor <strong>de</strong> interesses inconfessáveis, mas valer-se, sobretudo, do que olegislador reservou especificamente para os empreendimentos no ambiente urbano, seja peloque dispõe a Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988, em termos <strong>de</strong> política urbana, seja pelo que prevêo Estatuto <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> 2001, ou, ain<strong>da</strong>, pelo que se po<strong>de</strong> antever <strong>de</strong> impactos a seremcausados ao ambiente pelo empreendimento consi<strong>de</strong>rado, conforme dispõe a Lei n.º 6.938/81,que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente.A mesma lógica <strong>de</strong>ve se esten<strong>de</strong>r ao meio ambiente em geral, que inclui a área rural ealgumas interseções territoriais, <strong>como</strong> as zonas “rurbanas” – um espaço que reúnecaracterísticas urbanas e rurais –, bastante comum nas periferias <strong>da</strong> maioria <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>sbrasileiras, que cresceram <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>da</strong> a partir dos anos 1950. Nos “espaçosrurbanos”, é possível encontrar edificações que, embora simples e até pobres em termosarquitetônicos, dispõem <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s hidráulica e elétrica com materiais tecnologicamenteavançados, pisos <strong>de</strong> cerâmica <strong>de</strong> eleva<strong>da</strong> resistência e estrutura em aço e alvenaria, ao lado <strong>de</strong>habitações <strong>de</strong> pau-a-pique, o mesmo ocorrendo com as instalações <strong>de</strong> pequenas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>sartesanais e industriais, além <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>s à criação <strong>de</strong> animais e ao cultivo <strong>de</strong> hortas epomares familiares ou comunitários. Sobre meio ambiente, a CF/88 consagra:“Capítulo VI: DO MEIO AMBIENTE (CF/88). Art. 225. Todos têm <strong>direito</strong> ao meioambiente ecologicamente equilibrado, bem <strong>de</strong> uso comum do povo e essencial àsadia quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, impondo-se ao Po<strong>de</strong>r Público e à coletivi<strong>da</strong><strong>de</strong> o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong><strong>de</strong>fendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações...Inciso IV - exigir, naforma <strong>da</strong> lei, para a instalação <strong>de</strong> obra ou ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> potencialmente causadora <strong>de</strong>significativa <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção do meio ambiente, estudo prévio <strong>de</strong> impacto <strong>ambiental</strong>, aque se <strong>da</strong>rá publici<strong>da</strong><strong>de</strong>.” 14Assim, no processo <strong>de</strong> Licença Prévia (LP), que, conforme o Art. 6.° <strong>da</strong> Resolução237/97 do Conselho Nacional <strong>de</strong> Meio Ambiente (Conama), po<strong>de</strong> ser concedi<strong>da</strong> por um órgão13 MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente: doutrina, jurisprudência e glossário. 4. ed. rev., atual. e ampl. – SãoPaulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2005, p. 94.14 VADE MECUM: acadêmico <strong>de</strong> <strong>direito</strong>. Constituição Fe<strong>de</strong>ral. Capítulo VI: Do Meio Ambiente. Art. 225, p.88.


37<strong>ambiental</strong> municipal – no caso <strong>de</strong> Belo Horizonte, pelo Conselho Municipal <strong>de</strong> MeioAmbiente (Comam) –, <strong>de</strong>ve ser estabelecido, <strong>de</strong> acordo com o Art. 18, do mesmo diplomalegal, que o prazo <strong>de</strong> vali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> LP “<strong>de</strong>verá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma<strong>de</strong> elaboração dos planos, programas e projetos relativos ao empreendimento ou ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>,não po<strong>de</strong>ndo ser superior a 5 (cinco) anos.” É neste lapso <strong>de</strong> tempo, geralmente abreviado porinteresse dos próprios empreen<strong>de</strong>dores, que, <strong>de</strong> forma consensual, <strong>de</strong>vem ser negocia<strong>da</strong>s ascondicionantes, utilizando-se, para isto, a contribuição <strong>de</strong> outras áreas do conhecimento, <strong>como</strong>a pesquisa <strong>de</strong> opinião, além <strong>da</strong> obrigação legal <strong>da</strong> Audiência Pública 15 , uma vez que, nosórgãos <strong>de</strong> licenciamento, <strong>de</strong>vem estar representa<strong>da</strong>s não só as enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s técnicas <strong>da</strong>administração pública, mas os diversos segmentos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil.Há, ain<strong>da</strong>, as fases <strong>da</strong> Licença <strong>de</strong> Instalação (LI) e <strong>da</strong> Licença <strong>de</strong> Operação (LO), emque também po<strong>de</strong>m ser revistos pontos do projeto e suas condicionantes. Isso ocorre,principalmente, em empreendimentos realizados <strong>de</strong> forma mais lenta, que se beneficiam <strong>de</strong>todos os prazos para obtenção <strong>da</strong> LP, LI e LO. Por estarem sujeitos a profun<strong>da</strong>s alterações nasdinâmicas socioeconômica e socio<strong>ambiental</strong> <strong>da</strong>s áreas urbanas ou rurais on<strong>de</strong> se inserem,po<strong>de</strong>m obter vantagens.Condicionantes para implantação <strong>de</strong> empreendimentos potencialmente geradores <strong>de</strong>impactos no meio ambiente são, grosso modo, uma forma que a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil organiza<strong>da</strong> e asocie<strong>da</strong><strong>de</strong> política encontraram para não só evitar impactos ambientais, mas também para oPo<strong>de</strong>r Público melhorar as condições infra-estruturais <strong>de</strong> algumas áreas em que ele teria o<strong>de</strong>ver constitucional <strong>de</strong> investir, posto que dispõe <strong>de</strong> parcos recursos para tal, <strong>como</strong> járessaltado.Des<strong>de</strong> a reforma tributária dos anos 1970 e antes <strong>da</strong> vigência <strong>da</strong> Lei <strong>de</strong>Responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> Fiscal, a maioria <strong>da</strong>s prefeituras endividou-se e, com a aceleração doprocesso <strong>de</strong> urbanização, nas três últimas déca<strong>da</strong>s do século XX, não conseguiu realizarprojetos que ampliassem ou melhorassem a infra-estrutura <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s, que acompanhassem oaumento <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> <strong>de</strong>corrente do aumento <strong>da</strong> população. Há poucas exceções. Entretanto,em to<strong>da</strong>s elas, <strong>como</strong> Curitiba, no Paraná, persistem fortes contrastes: a mo<strong>de</strong>rnizaçãoempreendi<strong>da</strong> por sucessivas administrações municipais ao lado <strong>de</strong> um quadro <strong>de</strong> carênciassocioeconômicas.15VADE MECUM: acadêmico <strong>de</strong> <strong>direito</strong>. Estatuto <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> – Política Urbana (Lei n.º 10.257/2001. Art. 2.°,inciso XIII) – “audiência do Po<strong>de</strong>r Público municipal e <strong>da</strong> população interessa<strong>da</strong> nos processos <strong>de</strong> implantação<strong>de</strong> empreendimentos ou ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s com efeitos potencialmente negativos sobre meio ambiente natural ouconstruído, o conforto ou a segurança <strong>da</strong> população”, p. 1.132.


38Por outro lado, a Resolução Conama 237/97, ao regulamentar a Lei n.º 6.938/81,conforme salienta MILARÉ 16 , embutiu em todo o procedimento do licenciamento o caráter <strong>de</strong>atualização tecnológica: “Ao prever a revisão do licenciamento e ao falar em sua renovação, aResolução 237/97 pôs em relevo uma <strong>da</strong>s características <strong>da</strong> licença <strong>ambiental</strong> – a sua eficáciatemporal –, visando a impedir ‘a perenização <strong>de</strong> padrões que, sempre, são ultrapassadostecnologicamente.’” Novamente, as organizações precisam contar com a orientação jurídica<strong>ambiental</strong>, que <strong>de</strong>ve ser permanente. A<strong>de</strong>mais, to<strong>da</strong> a LO tem prazo <strong>de</strong> vali<strong>da</strong><strong>de</strong>, portanto,precisa ser renova<strong>da</strong> periodicamente.Sem entrar no mérito <strong>da</strong> matéria sob o ponto <strong>de</strong> vista Constitucional, do <strong>direito</strong>adquirido, do ato jurídico perfeito e <strong>da</strong> coisa julga<strong>da</strong>, MILARÉ (2005: 495), apud AntônioOliveira, ressalta:“A licença <strong>ambiental</strong>, vali<strong>da</strong>mente outorga<strong>da</strong>, assegura ao seu titular umaestabili<strong>da</strong><strong>de</strong> meramente temporal, não um <strong>direito</strong> adquirido <strong>de</strong> operar ad aeternum.‘Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, o licenciamento <strong>ambiental</strong> foi concebido e <strong>de</strong>ve ser entendido <strong>como</strong> sefosse um compromisso estabelecido entre o empreen<strong>de</strong>dor e o Po<strong>de</strong>r Público. De umlado, o empresário se compromete a implantar e operar a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> segundo ascondicionantes constantes dos alvarás <strong>de</strong> licença recebidos (grifo nosso) e, <strong>de</strong>outro lado, o Po<strong>de</strong>r Público lhe garante que durante o prazo <strong>de</strong> vigência <strong>da</strong> licença,obe<strong>de</strong>ci<strong>da</strong>s suas condicionantes, em circunstâncias normais, na<strong>da</strong> mais lhe seráexigido a título <strong>de</strong> proteção <strong>ambiental</strong>.’” 17A reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, entretanto, não é esta, <strong>como</strong> questiona MILARÉ (2005: 495): “Se nolapso temporal <strong>da</strong> licença apurar-se a nocivi<strong>da</strong><strong>de</strong> do empreendimento ao ambiente?” O autoradianta-se em respon<strong>de</strong>r, ao pon<strong>de</strong>rar que “a dinâmica <strong>da</strong> natureza nem sempre permite aoórgão licenciador entrever, à exaustão, to<strong>da</strong>s as condicionantes e medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> controlenecessárias para ca<strong>da</strong> caso.”De fato, o Art. 18, <strong>da</strong> Resolução Conama 237/97, prevê, no § 4.°, do Inciso III, que “arenovação <strong>da</strong> LO <strong>de</strong> uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> ou empreendimento <strong>de</strong>verá ser requeri<strong>da</strong> comantecedência mínima <strong>de</strong> 120 (cento e vinte) dias <strong>da</strong> expiração <strong>de</strong> seu prazo <strong>de</strong> vali<strong>da</strong><strong>de</strong>, fixadona respectiva licença, ficando este automaticamente prorrogado até a manifestação <strong>de</strong>finitivado órgão <strong>ambiental</strong> competente.”Surge, neste ponto, um dos principais indicadores <strong>da</strong> relevância do Direito Ambientalpara a a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> Gestão <strong>da</strong> Empresa, para a sua Governança. Estando a organização sempreatenta ao cumprimento <strong>da</strong>s condicionantes impostas na LP, LI e, principalmente, na LO, e não16 MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente: doutrina, jurisprudência e glossário. 4. ed. rev., atual. e ampl. – SãoPaulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2005, p. 494.17 MILARÉ Edis. Direito do Ambiente: doutrina, jurisprudência e glossário. 4. ed., rev. atual. e ampl. – SãoPaulo; Ed. revista dos Tribunais, 2005, apud OLIVEIRA, Antônio Inagê <strong>de</strong> Assis. O licenciamento <strong>ambiental</strong>.São Paulo: Iglu, 1999, p. 47.


39tendo havido, durante o prazo <strong>de</strong> vali<strong>da</strong><strong>de</strong> do licenciamento, alterações no ambiente em queela se encontra que impliquem impacto <strong>ambiental</strong> e, em alguns casos, quando as suasativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s se somam às <strong>de</strong> outros empreendimentos similares ou não, persistindo o quadro <strong>de</strong>legali<strong>da</strong><strong>de</strong>, não há razão para temer o processo <strong>de</strong> renovação <strong>da</strong> Licença <strong>de</strong> Operação.Sobre este aspecto comportamental <strong>da</strong> empresa, direcionado pelo operador do DireitoAmbiental, MILARÉ (2005: 495) frisa que “não foi estabelecido limite temporal àprorrogação automática prevista no § 4.° do Art. 18, <strong>da</strong> Resolução Conama 237/97, porreconhecer o legislador não ser justo que o empreen<strong>de</strong>dor diligente, que cumpre com suasobrigações e atua em conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> com a legislação <strong>ambiental</strong>, seja penalizado com amorosi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> administração pública”. Mas MILARÉ (2005: 495) adverte:“Excepcionalmente, caso nesse período a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> venha a tornar-se contrária aointeresse público, ou passe a ser exerci<strong>da</strong> em contrarie<strong>da</strong><strong>de</strong> às normas aplicáveis, acorrespon<strong>de</strong>nte licença po<strong>de</strong>rá e <strong>de</strong>verá ser altera<strong>da</strong> ou retira<strong>da</strong>, em ato expresso...Respeitado o balizamento estabelecido por essas diretrizes fe<strong>de</strong>rais básicas, po<strong>de</strong>m e<strong>de</strong>vem os legisladores estaduais e municipais, atendi<strong>da</strong>s as peculiari<strong>da</strong><strong>de</strong>s locais,prever prazos diferenciados <strong>de</strong> vigência <strong>da</strong>s licenças e, conseqüentemente, anecessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sua renovação.”A gestão <strong>da</strong> empresa <strong>de</strong>verá, portanto, estar sempre assessora<strong>da</strong>, entre outras áreas doconhecimento científico, pelo operador do Direito Ambiental, <strong>como</strong> forma <strong>de</strong> se manter,permanentemente, em conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> com o interesse <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, com as leis, com asnormas fixa<strong>da</strong>s pelo Po<strong>de</strong>r Público, evitando, assim, riscos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontinui<strong>da</strong><strong>de</strong> em suasativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e per<strong>da</strong>s <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> multas ou <strong>de</strong> ações <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>s à recuperação <strong>da</strong> <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>çãoeventualmente provoca<strong>da</strong> por ela.2 - Aspectos gerais <strong>da</strong> questão <strong>ambiental</strong> na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>A questão <strong>ambiental</strong> na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong> está em <strong>de</strong>staque na mídia (jornais, revistas eemissoras <strong>de</strong> rádio e <strong>de</strong> televisão), nos filmes, nos livros, no teatro, nas escolas, nas empresase, <strong>de</strong> modo especial, no dia-a-dia <strong>da</strong>s pessoas em to<strong>da</strong>s as partes do planeta. Entretanto,habitualmente, elas não fazem as conexões entre os impactos provocados pelas açõesantrópicas, muitas vezes responsáveis pelas mu<strong>da</strong>nças climáticas globais, e as catástrofes queprovocam, mas, apenas, do que ocorre na região em que vivem, na sua própria casa, rua ou


40bairro, <strong>como</strong> o esgoto a céu aberto ou cuja tubulação rompeu, causando odor fétido, ou àinvasão <strong>de</strong> insetos e ratos, condutores <strong>de</strong> doenças, e outros tipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconfortos e riscos.Com efeito, quando se discutem, <strong>como</strong> parte <strong>da</strong> questão <strong>ambiental</strong>, os problemas quegran<strong>de</strong>s populações enfrentam hoje, com o <strong>da</strong> falta d’água, por exemplo, as pessoas secomportam conforme a sua reali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Para as que têm água, <strong>como</strong> no caso <strong>da</strong> população belohorizontina,po<strong>de</strong>m parecer ficções as sucessivas secas no Nor<strong>de</strong>ste brasileiro e, há dois anos,na Amazônia Oci<strong>de</strong>ntal. O que ocorre com a maior parte dos países <strong>da</strong> enorme savanaafricana, que têm que conviver, todos os anos, com meses <strong>de</strong> seca inclemente, é outrareali<strong>da</strong><strong>de</strong> distante <strong>da</strong>s populações que po<strong>de</strong>m abrir a torneira todos os dias, a qualquer hora, eter água farta e <strong>de</strong> boa quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Dificilmente elas acreditariam que a água é um recursonatural escasso, que, em <strong>da</strong>do momento, se não houver consciência ecológica, reduzindo-se oseu gasto e se proce<strong>de</strong>ndo à gestão a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> dos meios hídricos, irá faltar on<strong>de</strong> na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>ela é distribuí<strong>da</strong> e usa<strong>da</strong> sem parcimônia.Segundo <strong>da</strong>dos do International Hydrological Programm (IHP), sediado nos EstadosUnidos, e <strong>de</strong> estudos <strong>da</strong> Organização <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s (ONU), 97,5% <strong>de</strong> to<strong>da</strong> águadisponível na Terra é salga<strong>da</strong> e que a água doce só representa 2,5% <strong>de</strong>sse total e está, em suamaior parte, nas calotas polares. O ser humano conta com apenas 0,3% <strong>da</strong> água disponível emlagos, rios e lençóis subterrâneos pouco profundos, mas continua <strong>de</strong>sperdiçando e poluindoum bem tão escasso. 18O distanciamento do problema <strong>da</strong> falta d’água para as pessoas que não têm queenfrentá-lo em seu dia-a-dia, numa comparação que po<strong>de</strong> parecer forte, mas reflete areali<strong>da</strong><strong>de</strong>, torna-o tão banal quanto o <strong>da</strong> violência nos centros urbanos para quem não foivítima <strong>de</strong>la.O Diretor <strong>da</strong> Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Gerenciamento dos Recursos Hídricos <strong>da</strong> ONU, PasqualeSteduto, 19 diz que “em 20 anos, dois terços <strong>da</strong> população do planeta enfrentarão total escassez<strong>de</strong> água”. O Brasil, apesar <strong>de</strong> ter 12% <strong>da</strong> água doce disponível na Terra, não está livre <strong>da</strong>ameaça.O senso comum, alimentado pelo noticiário geralmente superficial <strong>da</strong> imprensa, é <strong>de</strong>que a falta d’água se <strong>de</strong>ve exclusivamente à ação <strong>da</strong> natureza, proveniente <strong>de</strong> regimes <strong>de</strong>chuvas irregulares, baixos índices pluviométricos em <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s áreas, secas prolonga<strong>da</strong>s18 POR uma gota: reportagem traz <strong>da</strong>dos sobre a situação <strong>da</strong> disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> água doce no planeta, o seu<strong>de</strong>sperdício e <strong>da</strong>dos alarmantes sobre a escassez prevista para <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> 20 anos. ISTOÉ, São Paulo Paulo, 21 <strong>de</strong>mar. 2007. Seção Ciência & meio Ambiente, pp. 82-83.19 POR uma gota: reportagem traz <strong>da</strong>dos sobre a situação <strong>da</strong> disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> água doce no planeta, o seu<strong>de</strong>sperdício e <strong>da</strong>dos alarmantes sobre a escassez prevista para <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> 20 anos. ISTOÉ, São Paulo Paulo, 21 <strong>de</strong>mar. 2007. Seção Ciência & Meio Ambiente, p. 83.


41<strong>de</strong>vido a fenômenos <strong>como</strong> El Niño ou La Nina, escassez <strong>de</strong> água doce nas zonas <strong>de</strong>sérticas,ain<strong>da</strong> que estas se localizem em faixas litorâneas. E <strong>de</strong> que há muito pouco a fazer paramelhorar as condições <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s populações que vivem nas regiões afeta<strong>da</strong>s por essesfenômenos. Também quando se fala em tempesta<strong>de</strong>s, chuvas contínuas e por extensosperíodos e inun<strong>da</strong>ções, é provável que apenas uma pequena parcela <strong>da</strong> população saiba ouconsiga enten<strong>de</strong>r que o homem po<strong>de</strong> ter sido responsável – e, certamente, o foi – por parte ouagravamento <strong>de</strong>sses eventos climáticos com fortes repercussões sobre o ciclo hidrológico.O mesmo se aplica aos problemas do aquecimento global e ao <strong>de</strong>gelo <strong>da</strong>s calotaspolares e áreas mais eleva<strong>da</strong>s dos maciços montanhosos. Mais uma vez, certamente poucosenten<strong>de</strong>rão que o volume ca<strong>da</strong> vez maior <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> gás carbônico na atmosfera (CO 2 )está elevando a temperatura média do planeta, o que implicará graves problemas <strong>de</strong> naturezasocio<strong>ambiental</strong>. A organização humanitária Christian Aid, com se<strong>de</strong> em Londres, divulgou,no dia 14 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2007, um alerta à Humani<strong>da</strong><strong>de</strong>, intitulado “Fluxo humano: a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iracrise <strong>da</strong> migração”, em que confirma conclusões do painel intergovernamental criado pelaONU para <strong>de</strong>bater os efeitos do aquecimento global: “O aquecimento <strong>da</strong> Terra vai criar pelomenos 1 bilhão <strong>de</strong> refugiados até 2050, porque a falta <strong>de</strong> água e colheitas agrícolas <strong>de</strong>ficientesfarão com que as pessoas abandonem suas casas e saiam em busca <strong>da</strong> sobrevivência emregiões mais férteis.” 20O coor<strong>de</strong>nador do estudo <strong>da</strong> Christian Aid, John Davison, diz que acredita que “amigração força<strong>da</strong> é, atualmente, a ameaça mais urgente enfrenta<strong>da</strong> pelos pobres nos países em<strong>de</strong>senvolvimento”. Esse tipo <strong>de</strong> migração, porém, ocorre no Brasil há déca<strong>da</strong>s, comnor<strong>de</strong>stinos se <strong>de</strong>slocando para a Região Su<strong>de</strong>ste, o mesmo ocorrendo com parte <strong>da</strong> populaçãodos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, em Minas Gerais, que se mu<strong>da</strong>m para São Paulo e Rio<strong>de</strong> Janeiro, quando não para Belo Horizonte, fugindo <strong>da</strong>s conseqüências <strong>da</strong> seca.Para uma parte <strong>da</strong> população, o ceticismo quanto à questão <strong>da</strong> água <strong>de</strong>corre <strong>da</strong> falta <strong>de</strong>informação, ou <strong>de</strong> informação <strong>de</strong> má quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, e até <strong>da</strong> falta <strong>de</strong> educação formal, isto é, doque as pessoas po<strong>de</strong>riam ter aprendido nas aulas <strong>de</strong> Geografia no Ensino Básico. Para outra,to<strong>da</strong>via, mesmo tendo noções, ain<strong>da</strong> que elementares, <strong>da</strong> dinâmica climática e do ciclohidrológico, o ceticismo <strong>de</strong>correrá, quase sempre, <strong>de</strong> sua condição socioeconômica: quemmora em lugares em que a infra-estrutura urbana é boa, dispõe <strong>de</strong> água trata<strong>da</strong> e esgotocanalizado, vias com drenagem bem dimensiona<strong>da</strong> e po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> mobilização, preocupar-se com20 AQUECIMENTO global <strong>de</strong>ve criar 1 bilhão <strong>de</strong> refugiados: reportagem mostra que o aquecimento <strong>da</strong> Terraameaçará, em 2050, 1 bilhão <strong>de</strong> pessoas, que terão que migrar para regiões mais férteis para sobreviver. Estado<strong>de</strong> Minas, Belo Horizonte, 15 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2007. Seção Ciência (Meio Ambiente), p. 20.


42a seca no semi-árido nor<strong>de</strong>stino ou em parte <strong>da</strong> África é algo que “não faz sentido”, umavez que não se encontra no rol dos seus temas cotidianos. Não <strong>de</strong>veria ser assim, mas é.A questão <strong>ambiental</strong> tem essa amplitu<strong>de</strong> sociocultural, nos mais diversos níveis.Provavelmente, será um espanto e provocará até mesmo <strong>de</strong>sconfiança em muita gente (quenão dispõe <strong>de</strong> outros recursos energéticos) saber que, ao usar lenha para cozinhar ou aquecerágua, estará contribuindo para o aquecimento global, que po<strong>de</strong>rá provocar uma série <strong>de</strong>problemas climáticos. O agricultor <strong>de</strong>verá encontrar dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s para modificar suas práticas<strong>de</strong> manejo do solo, a começar <strong>da</strong> queima<strong>da</strong> do mato para preparar a terra para o plantio. Comoabandoná-la? Nas gran<strong>de</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s com plantações <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar, também <strong>de</strong>veráser difícil abolir a queima <strong>da</strong> cana para o corte. Os fazen<strong>de</strong>iros abrirão mão <strong>de</strong> queimar a matapara plantar grãos e criar gado em extensas pastagens? Tudo isso representa mais CO 2 lançadona atmosfera e, obviamente, temperaturas médias mais altas.Há que lembrar, ain<strong>da</strong>, que os proprietários e motoristas <strong>de</strong> veículos que consomemóleo diesel e gasolina também não vêem com bons olhos os estudos que dão conta <strong>de</strong> que elescontribuem – e muito – para <strong>de</strong>ixar a Terra, a ca<strong>da</strong> dia, mais aqueci<strong>da</strong>. No carvoejamento,além do corte quase sempre <strong>de</strong> mata nativa, mais emissões <strong>de</strong> gás carbônico. Nas si<strong>de</strong>rúrgicasque produzem ferro gusa, o carvão irá ser consumido nos altos fornos e, na maioria <strong>da</strong>s quefabricam aço, haverá a queima <strong>de</strong> carvão mineral, ambos os processos com fortes impactosambientais, a exemplo do que ocorre nas usinas <strong>de</strong> cimento, que usam óleo combustível erestos <strong>de</strong> pneus <strong>como</strong> insumos energéticos, altamente poluidores e emissores <strong>de</strong> CO 2 . Ou seja:mais aquecimento <strong>da</strong> atmosfera, maior <strong>de</strong>gelo <strong>da</strong>s calotas polares e <strong>de</strong> partes mais eleva<strong>da</strong>s<strong>da</strong>s montanhas e conseqüente elevação do nível dos oceanos.Ao lado <strong>de</strong> 1 bilhão <strong>de</strong> refugiados <strong>da</strong> seca, em 2050, a população planetária po<strong>de</strong>rá ter100 milhões ou mais <strong>de</strong> refugiados com a elevação <strong>de</strong> um metro <strong>da</strong>s águas dos oceanos emares. Até o fim do século, eles po<strong>de</strong>rão chegar a 400 milhões, com a elevação <strong>da</strong>s águasoceânicas atingindo seis metros. 21Mesmo com tantas advertências qualifica<strong>da</strong>s, muitas pessoas mantêm hábitos e rotinasinalterados, <strong>de</strong> consumo exacerbado e produção <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> resíduos e <strong>de</strong>poluição atmosférica, com a insistência do uso do automóvel para todos os seus<strong>de</strong>slocamentos, saturando o trânsito e promovendo novas emissões <strong>de</strong> CO 2 .21 AL GORE chama <strong>de</strong> imoral o aquecimento <strong>da</strong> Terra: reportagem diz que o ex-Vice-Presi<strong>de</strong>nte dos EstadosUnidos, orador <strong>da</strong> 1.ª Conferência Americana sobre Biocombustíveis, realiza<strong>da</strong> em Buenos Aires, Argentina,alerta para os perigos que o aquecimento global representa para as populações que habitam regiões litorâneas.Estado <strong>de</strong> Minas, Belo Horizonte, 13 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2007. Seção Ciência (Ecologia), p. 24.


43Outras dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s surgem no cenário <strong>ambiental</strong>, <strong>como</strong> a já cita<strong>da</strong> urbanização<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>da</strong>, com os a<strong>de</strong>nsamentos populacionais pressionando a infra-estrutura urbana,<strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ndo ambientes naturais e/ou construídos pelo homem e gerando diversos tipos <strong>de</strong>poluição.Em Belo Horizonte, a maioria <strong>de</strong>les <strong>de</strong>corre <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> loteamentos em seu EixoSul, compreendido por partes dos bairros Santa Lúcia, Alto Santa Lúcia, Sion e Belve<strong>de</strong>re,além <strong>de</strong> praticamente to<strong>da</strong> a área do Estoril e Buritis e dos condomínios <strong>de</strong> acesso controlado,nos municípios <strong>de</strong> Nova Lima, Brumadinho e Rio Acima, embora o lançamento <strong>de</strong> alguns<strong>de</strong>les <strong>da</strong>te <strong>de</strong> meados do século passado (Retiro <strong>da</strong>s Pedras e Morro do Chapéu, <strong>de</strong>ntreoutros), quando não existia a Região Metropolitana, cria<strong>da</strong> nos anos 1970.Além dos loteamentos para residências, instalaram-se, no Eixo Sul, empreendimentos<strong>como</strong> hospitais gerais, shopping centers, concessionárias e reven<strong>de</strong>doras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>veículos, hipermercados, diversos supermercados <strong>de</strong> médio porte e escolas, inclusive doiscampi universitários, estes, ain<strong>da</strong> no sítio urbano <strong>da</strong> Capital, <strong>como</strong> os Centros UniversitáriosUNI e UNA, ambos no vale do Córrego do Cercadinho, entre os bairros Estoril e Buritis.A<strong>de</strong>mais, na Região Sul-Sudoeste (para a administração municipal <strong>de</strong> Belo Horizonte, estaárea é compreendi<strong>da</strong>, oficialmente, pelas regiões Centro-Sul e Oeste, localizando-se nestaúltima os bairros Estoril e Buritis, que registram crescimento imobiliário acelerado), o Po<strong>de</strong>rPúblico, provavelmente sob a pressão <strong>de</strong> estratos sociais que <strong>de</strong>têm mais representaçãopolítica e são formadores <strong>de</strong> opinião, impôs, rapi<strong>da</strong>mente, condicionantes aos novosempreendimentos, ain<strong>da</strong> à época <strong>da</strong> rápi<strong>da</strong> concessão <strong>da</strong> LP, que correspondiam a antigasreivindicações <strong>da</strong> população. Foram realiza<strong>da</strong>s, sobretudo, obras viárias e cria<strong>da</strong>s áreas <strong>de</strong>preservação permanente.No entanto, vê-se que, em Belo Horizonte, mesmo consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s “medi<strong>da</strong>smitigadoras” pelo Comam, elas não foram suficientes para correspon<strong>de</strong>r à espera<strong>da</strong> atenuaçãodos impactos gerados pelas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s empresariais intensas e a multiplicação <strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong>sresi<strong>de</strong>nciais. Há um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>scompasso entre o dimensionamento <strong>da</strong>s obras executa<strong>da</strong>s e as<strong>de</strong>man<strong>da</strong>s sobre a infra-estrutura urbana, que, proporcionalmente, apresentam crescimentomaior. Na Região Sul, mantém-se elevado o ritmo <strong>de</strong> edificações, com múltiplos lançamentose os problemas ambientais <strong>de</strong>correntes do crescente a<strong>de</strong>nsamento populacional.A per<strong>da</strong> <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar, a impermeabilização do solo a impedir a infiltração <strong>de</strong>parte <strong>da</strong>s águas <strong>da</strong>s chuvas e a geração <strong>de</strong> ruídos durante a maior parte do dia são, apenas,alguns dos problemas ambientais causados pela explosão imobiliária e o a<strong>de</strong>nsamentopopulacional em parte expressiva do Eixo Sul. Se o elevado número <strong>de</strong> veículos em


44circulação <strong>de</strong>ixa o ar poluído e produz ruídos <strong>de</strong>sagradáveis, a impermeabilização do solopo<strong>de</strong> causar enchentes nos períodos <strong>de</strong> chuvas nas partes mais baixas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. O BairroBelve<strong>de</strong>re e as encostas dos bairros Santa Lúcia, Alto Santa Lúcia, Estoril e Buritis estão amontante, respectivamente, dos vales do Sereno, na divisa <strong>da</strong> Capital com Nova Lima, e <strong>da</strong>saveni<strong>da</strong>s Pru<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Morais e Barão Homem <strong>de</strong> Melo, assim <strong>como</strong> <strong>da</strong> <strong>de</strong>pressão do Centro<strong>de</strong> Belo Horizonte. Portanto, à exceção do Vale do Sereno, as duas aveni<strong>da</strong>s e o Centro <strong>da</strong>ci<strong>da</strong><strong>de</strong> recebem a quase totali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s águas <strong>da</strong>s chuvas, antes <strong>de</strong> levá-las até o Ribeirão doArru<strong>da</strong>s, já que a sua infiltração no solo tem sido reduzi<strong>da</strong>, em ritmo acelerado, com as novasconstruções e a diminuição <strong>de</strong> áreas ver<strong>de</strong>s para ampliação <strong>de</strong> vias e novos empreendimentos.Nessa equação, apenas dois fatores contribuem para a contenção e o controle do escoamento<strong>da</strong>s águas pluviais: a <strong>de</strong>pressão <strong>da</strong> Lagoa Seca, no Belve<strong>de</strong>re, e a lagoa <strong>da</strong> Barragem SantaLúcia, cujo espelho d’água faz parte do Parque Jornalista Eduardo Couri. Não se calculou atéquando elas terão eficácia no escoamento mais lento <strong>da</strong>s águas pluviais, mas já se po<strong>de</strong>antever o <strong>de</strong>sastre <strong>da</strong> volta <strong>da</strong>s enchentes em regiões nas quais o problema estava resolvido,provenientes <strong>da</strong> infiltração <strong>da</strong> água no solo ca<strong>da</strong> vez menor e <strong>de</strong> enxurra<strong>da</strong>s maiores.Os impactos ambientais também se acentuaram nas áreas periféricas <strong>de</strong> BeloHorizonte e em outros Eixos, <strong>como</strong> o Norte e o Noroeste. Ao longo <strong>da</strong>s últimas três déca<strong>da</strong>sdo século XX, ocorreu, em termos <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos empreendimentos imobiliários, o inversodo que foi constatado no Eixo Sul, embora, do ponto <strong>de</strong> vista <strong>da</strong> infra-estrutura urbana,também a população que mora, trabalha, estu<strong>da</strong>, vai às compras ou se diverte na Região Sulvem sendo vítima do que o senso comum convencionou chamar <strong>de</strong> “poluição”, que inclui umasérie <strong>de</strong> transtornos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m <strong>ambiental</strong>.Segundo COSTA 22 , a estrutura urbana <strong>da</strong>s regiões Norte e Nor<strong>de</strong>ste é o retrato <strong>de</strong> umprocesso <strong>de</strong> expansão urbana marcado pela especulação imobiliária em um quadro que lembratotal anomia urbanística.“A partir <strong>de</strong> meados dos anos 1970, configura-se um movimento <strong>de</strong> expansãometropolitana <strong>de</strong> importância inquestionável: a sistemática produção <strong>da</strong> periferia pormeio dos chamados loteamentos populares. Em termos espaciais, a conjugação <strong>de</strong>uma série <strong>de</strong> elementos, entre os quais o mercado fundiário, os critériosdiferenciados <strong>de</strong> parcelamento do solo nas legislações municipais, a ausência <strong>de</strong>programas habitacionais públicos, fizeram com que alguns municípiosconcentrassem esse tipo <strong>de</strong> ocupação urbana, <strong>como</strong> Ribeirão <strong>da</strong>s Neves, no final <strong>da</strong>déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1970, ou Ibirité, nos anos 1980. Embora tal processo tenha uma duraçãorelativamente curta, aproxima<strong>da</strong>mente uma déca<strong>da</strong>, seus impactos se fazem sentir <strong>de</strong>22 COSTA, Heloisa Soares <strong>de</strong> Moura. Natureza, mercado e cultura: caminhos <strong>da</strong> expansão metropolitana <strong>de</strong> BeloHorizonte. In: J. MENDONÇA; M. H. GODINHO (Org.) População, espaço e gestão na metrópole: novasconfigurações, velhas <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Belo Horizonte: PUC-Minas, 2003, pp. 163 e 164.


45forma ca<strong>da</strong> vez mais acentua<strong>da</strong>. As dimensões quantitativas <strong>de</strong>ssa forma <strong>de</strong>produção do espaço são tão alarmantes quanto as qualitativas, ou seja, foramproduzidos espaços <strong>de</strong> dimensões suficientes para abrigar algumas centenas <strong>de</strong>milhares <strong>de</strong> pessoas <strong>de</strong>sprovi<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s mais elementares condições <strong>de</strong> habitabili<strong>da</strong><strong>de</strong> eacessibili<strong>da</strong><strong>de</strong> urbana. São essas periferias que vão sofrer contínuo a<strong>de</strong>nsamentoconstrutivo e populacional nas déca<strong>da</strong>s subseqüentes.”O que COSTA (2003: 163) observou, com proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>, em seus estudos, há quatroanos, mantém-se, hoje, praticamente inalterado quanto às condições <strong>de</strong> habitabili<strong>da</strong><strong>de</strong> eacessibili<strong>da</strong><strong>de</strong> urbana, com perspectivas <strong>de</strong> algumas melhorias quase imediatas no segundoaspecto, em <strong>de</strong>corrência <strong>da</strong> construção <strong>da</strong> “Linha Ver<strong>de</strong>” e <strong>da</strong> finalização <strong>da</strong> duplicação <strong>da</strong>primeira etapa <strong>da</strong> Av. Antônio Carlos. Isso não quer dizer que, nos antigos loteamentospopulares, a urbanização vai chegar simultaneamente à conclusão <strong>da</strong>s obras nas duas gran<strong>de</strong>svias.A construção do Centro Administrativo do Governo do Estado, no antigo HipódromoSerra Ver<strong>de</strong>, <strong>de</strong>verá provocar na região uma <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s habitacionais <strong>de</strong> melhorquali<strong>da</strong><strong>de</strong> em áreas efetivamente urbaniza<strong>da</strong>s (ruas pavimenta<strong>da</strong>s, com re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> água e <strong>de</strong>esgoto, iluminação pública, serviços <strong>de</strong> telefonia e internet, TV a cabo e uma estruturacomercial e social – escolas e uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> – <strong>de</strong> melhor nível, além <strong>de</strong> segurança).Também não representa, obrigatoriamente, melhorias nos loteamentos populares existentes.Talvez até parte <strong>de</strong>les possa ser utiliza<strong>da</strong> em projetos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização, empurrando a suapopulação atual para áreas ain<strong>da</strong> mais distantes do Centro <strong>de</strong> Belo Horizonte, para on<strong>de</strong> amaioria <strong>de</strong>la se <strong>de</strong>sloca diariamente para trabalhar.COSTA (2003: 164) acrescenta:“Ao longo dos anos 1980 e 1990, a tendência <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> loteamentos popularesdiminui <strong>de</strong> intensi<strong>da</strong><strong>de</strong>, porém se mantém em periferias ca<strong>da</strong> vez mais distantes. Osespaços já parcelados são crescentemente edificados e a<strong>de</strong>nsados, na maioria <strong>da</strong>svezes reproduzindo a baixa quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> urbanização e <strong>da</strong> habitação típica <strong>de</strong>ocupações precárias <strong>da</strong>s áreas mais centrais. Em termos <strong>de</strong>mográficos, tala<strong>de</strong>nsamento se expressa tanto nas eleva<strong>da</strong>s taxas <strong>de</strong> crescimento dos municípiosmais distantes <strong>de</strong> Belo Horizonte, quanto no aumento do número <strong>de</strong> municípios quehoje constituem oficialmente a Região Metropolitana, tendo passado <strong>de</strong> 14municípios originais dos anos 1970 para 33, em 2000, e 34, em 2002. Tal aumento éreflexo tanto <strong>da</strong> expansão espacial <strong>da</strong> área comprometi<strong>da</strong> com a metropolização,incorporando novos municípios do entorno, quanto <strong>da</strong> emancipação <strong>de</strong> distritos, cujadinâmica econômica e <strong>de</strong>mográfica tornou-se tão ou mais relevante do que a dorestante do município que lhe <strong>de</strong>u origem.”Essas expansões <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>da</strong>s foram acompanha<strong>da</strong>s do surgimento <strong>de</strong> inúmerosproblemas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m <strong>ambiental</strong>, a começar do saneamento básico, coleta e disposição final dolixo, além <strong>de</strong> impactos na flora e fauna <strong>da</strong> Região Norte, com o <strong>de</strong>smatamento <strong>de</strong> extensasáreas para a abertura <strong>de</strong> loteamentos, o que acabou por comprometer as nascentes (a maioria


46simplesmente <strong>de</strong>sapareceu) e o rebaixamento e a contaminação do lençol freático pelolançamento <strong>de</strong> esgoto in natura, proveniente <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> fossas construí<strong>da</strong>s sem qualquerorientação técnica e sanitária.Por fim, COSTA (2003: 164) salienta com relação à corri<strong>da</strong> <strong>da</strong>s classes <strong>de</strong> melhorren<strong>da</strong> para o Eixo Sul <strong>de</strong> Belo Horizonte:“Paralelamente (referindo-se a essa expansão metropolitana praticamente<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>da</strong> em direção ao Eixo Norte), surgem e começam a se intensificar, com opassar do tempo, os parcelamentos <strong>de</strong>stinados a chácaras, sítios <strong>de</strong> recreio e oschamados condomínio fechados. A Região Sul <strong>da</strong> Região Metropolitana passa aconstituir o local preferencial <strong>de</strong>sses empreendimentos, reproduzindo, em escalametropolitana, a elitização e segregação <strong>da</strong> área central, on<strong>de</strong> a chama<strong>da</strong> ‘Zona Sul’,<strong>como</strong> em muitas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s brasileiras, correspon<strong>de</strong> às áreas <strong>de</strong> melhor quali<strong>da</strong><strong>de</strong> ecom maior <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> investimentos em urbanização, na qual resi<strong>de</strong>m as cama<strong>da</strong>s<strong>de</strong> maior ren<strong>da</strong> <strong>da</strong> população. Os municípios <strong>de</strong> Nova Lima, Brumadinho e RioAcima são típicos <strong>de</strong>ssa forma <strong>de</strong> urbanização, sendo que os dois primeiros, queconstituem o que chamamos <strong>de</strong> Eixo Sul <strong>de</strong> expansão <strong>da</strong> Região Metropolitana,concentram 62% dos lotes correspon<strong>de</strong>ntes a essa tipologia produzidos no período.”(apud MENDONÇA, J. G. Segregação e mobili<strong>da</strong><strong>de</strong> resi<strong>de</strong>ncial na RegiãoMetropolitana <strong>de</strong> Belo Horizonte, 2002. Tese (Doutorado) - Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>raldo Rio <strong>de</strong> Janeiro, Instituto <strong>de</strong> Pesquisas e Planejamento Urbano, Rio <strong>de</strong> Janeiro.Na esteira do crescimento <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s brasileiras, em Belo Horizonte, o nicho <strong>de</strong>construções <strong>de</strong> padrão elevado localizou-se, assim, no seu Eixo Sul, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as três últimasdéca<strong>da</strong>s do século passado, com diferenças na dimensão dos projetos <strong>de</strong> um bairro para outro,<strong>de</strong> acordo com as duas alterações promovi<strong>da</strong>s na Lei <strong>de</strong> Uso e Ocupação do Solo no mesmoperíodo. Os vultosos investimentos concentraram-se, basicamente, nos seguintes bairros:Belve<strong>de</strong>re e Alto Santa Lúcia (<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos 1990); parte do Santa Lúcia (déca<strong>da</strong>s <strong>de</strong> 1970 e1980, tendo sido retomados nos anos 2000); Savassi, Sion, São Pedro, Anchieta (<strong>de</strong>s<strong>de</strong> adéca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1970); Buritis e Estoril (<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1980); Luxemburgo e Vila Paris (<strong>de</strong>s<strong>de</strong>a déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1990); e Mangabeiras (<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos 1980).E, no bojo <strong>de</strong>ssas mu<strong>da</strong>nças na paisagem urbana do Eixo Sul <strong>de</strong> expansão <strong>de</strong> BeloHorizonte, há a <strong>de</strong>lica<strong>da</strong> questão <strong>ambiental</strong> naqueles bairros, pois, há algum tempo, verificaseque alterações, <strong>como</strong> a contínua verticalização e a<strong>de</strong>nsamento populacional, promoveramdiversos impactos, a começar <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s para a circulação <strong>de</strong> pessoas e mercadorias nos<strong>de</strong>nominados “horários <strong>de</strong> pico”, entre 7h e 8h 30 min e entre 18h e 19h 30 min. As retençõesno trânsito não produzem apenas o estresse nas pessoas, ao temerem não conseguir cumprirhorários, mas, ain<strong>da</strong>, a poluição atmosférica e sonora. Há outros impactos a consi<strong>de</strong>rar ediversas organizações que se instalaram nessa área tiveram que aten<strong>de</strong>r a condicionantes doComam para a obtenção <strong>da</strong> LO.


47A esse respeito, BARACHO JÚNIOR 23 <strong>de</strong>staca as consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> FERRAZ que,“ao afirmar que a ecologia está diretamente liga<strong>da</strong> à sobrevivência, e que esta fórmula éindissociável, ele nega o patrimônio <strong>ambiental</strong> <strong>como</strong> res nullius, e o aponta <strong>como</strong> resommium, <strong>como</strong> coisa <strong>de</strong> todos.”BARACHO JÚNIOR 24 acrescenta que, “partindo do entendimento <strong>de</strong> que o meioambiente é um patrimônio <strong>de</strong> todos, e não limitando a expressão ‘todos’ ao povo <strong>de</strong> um<strong>de</strong>terminado Estado, mas expandindo-a a um nível mundial, FERRAZ rediscute a noção <strong>de</strong>patrimônio, nos seguintes termos”:“Assim, uma <strong>da</strong>s primeiras metas do homem do Direito e do estadista residirá emformular preceitos que garantam uma tutela <strong>ambiental</strong>, que garantam amplamente aqualquer ci<strong>da</strong>dão a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>, ao se sentir ameaçado, buscar a proteção doDireito, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> legitimação lastrea<strong>da</strong>s em critérios<strong>de</strong> mero prejuízo patrimonial. Até porque o patrimônio maior não é o meropatrimônio econômico, mas o patrimônio <strong>de</strong> sobrevivência. O or<strong>de</strong>namento jurídicotem que ser acor<strong>da</strong>do para essa necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> gritante, para a qual persistimos,entretanto, tragicamente adormecidos.” (FERRAZ, 1977: 36).Os especialistas do Direito Ambiental nas empresas têm que estar atentos a essa “novaor<strong>de</strong>m” que vem grassando pelo mundo, principalmente a partir dos anos oitenta do séculoXX, em um processo crescente <strong>de</strong> conscientização popular, com a aju<strong>da</strong> <strong>da</strong> mídia, uma vezque, também nas organizações dos setores <strong>da</strong> economia, não existe apenas o patrimôniomaterial e financeiro, facilmente tangível, mas o patrimônio <strong>da</strong> sua imagem perante a opiniãopública, perante o mercado, <strong>de</strong> difícil aferição, não obstante o avanço tecnológico dosinstitutos <strong>de</strong> pesquisa, o que acaba formando seu patrimônio <strong>de</strong> sobrevivência, ou parteexpressiva <strong>de</strong>le.Observar a legislação <strong>ambiental</strong> é, na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, um dos pilares <strong>da</strong> gestão empresarial.Valer-se <strong>de</strong> condicionantes que agreguem valor à quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>ambiental</strong> <strong>da</strong>s áreas em que atuamé vital para o pleno funcionamento dos empreendimentos. Em alguns casos, até a participaçãoespontânea <strong>da</strong>s empresas em projetos socioambientais em espaços distantes <strong>da</strong> sua área <strong>de</strong>atuação enriquece o seu patrimônio intangível, por meio <strong>de</strong> uma imagem positiva e pró-ativajunto à comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um bairro, <strong>de</strong> uma ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> um estado, <strong>de</strong> um país, enfim, compossibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> ganhos em diversas dimensões, uma vez que o retorno, em nível <strong>de</strong> projeção<strong>como</strong> organização socio<strong>ambiental</strong>mente responsável <strong>de</strong>verá ser proporcional à extensão <strong>de</strong>23 BARACHO JÚNIOR, José Alfredo <strong>de</strong> Oliveira. Responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> civil por <strong>da</strong>no ao meio ambiente. BeloHorizonte: Del Rey, 1999, p. 317. Apud FERRAZ, Sérgio. Responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> civil por <strong>da</strong>no ecológico. Revista <strong>de</strong>Direito Público, São Paulo, v. 49-50, p. 36, 1977.24 BARACHO JÚNIOR, José Alfredo <strong>de</strong> Oliveira. Responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> civil por <strong>da</strong>no ao meio ambiente. BeloHorizonte: Del Rey, 1999, p. 317. Apud FERRAZ, Sérgio. Responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> civil por <strong>da</strong>no ecológico. Revista <strong>de</strong>Direito Público, São Paulo, v. 49-50, p. 36, 1977.


48suas ações. A Petrobras é um exemplo bem sucedido em iniciativas <strong>de</strong>ssa natureza, assim<strong>como</strong> a Companhia Energética <strong>de</strong> Minas Gerais (Cemig), entre outras empresas.Assim, todos os empreendimentos, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> custos originários doatendimento <strong>da</strong> norma legal – instituí<strong>da</strong>, no caso <strong>de</strong> Belo Horizonte, pelo Código <strong>de</strong> PosturasMunicipal, por intermédio do Conselho Municipal <strong>de</strong> Planejamento Urbano (Compur) – que,em geral, implica a adoção <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s mitigadoras e compensatórias exigi<strong>da</strong>s pelo ConselhoMunicipal <strong>de</strong> Meio Ambiente (Comam), <strong>de</strong>vem procurar a a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> seus projetos ao queo município <strong>de</strong>termina, com uma ressalva: no plano jurídico, os projetos empresariais <strong>de</strong>vemprimar pelo estrito atendimento <strong>da</strong> norma legal para que, havendo restrições por parte doPo<strong>de</strong>r Público, interponham-se recursos que reúnam condições <strong>de</strong> prosperar junto ao Compure ao Comam, com o acatamento <strong>da</strong>s alegações <strong>da</strong> empresa e sem que ela seja obriga<strong>da</strong> a fazermais do que suporta. Além disso, antecipando-se a situações excepcionais, os projetos <strong>de</strong>vemestar robustamente fun<strong>da</strong>mentados, com base não só no Direito Ambiental, no DireitoUrbanístico, no Direito Administrativo, e, sobretudo, no Direito Constitucional, <strong>de</strong> forma aque esses recursos reúnam condições <strong>de</strong> lograr êxito em Juízo. Agindo preventivamente,garantir-se-á que a tramitação dos processos <strong>de</strong> licenciamento para o início <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>seconômicas verifique-se sem percalços, com o fito <strong>de</strong> ensejar que o retorno do investimentoocorra no prazo estimado e nos níveis esperados pelos empreen<strong>de</strong>dores.A fun<strong>da</strong>mentação jurídica que irá embasar os projetos, quanto ao atendimento <strong>da</strong>sexigências ambientais, <strong>de</strong>ve ser objetivamente consistente <strong>como</strong>, por exemplo, quanto aosefeitos mitigadores que serão adotados, conforme a natureza do empreendimento, naocorrência, entre outros, <strong>de</strong> eventos <strong>como</strong> os relacionados adiante:a) impactos no trânsito e conseqüente per<strong>da</strong> <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ar e aumento do nível <strong>de</strong> ruídos;b) impermeabilização <strong>de</strong> parte do solo levando à baixa infiltração <strong>de</strong> água no solo,dificultando o reabastecimento dos aqüíferos subterrâneos;c) infiltração <strong>de</strong> efluentes no solo, prejudicando a fertili<strong>da</strong><strong>de</strong> e contaminando o lençol freático;d) impermeabilização e/ou compactação do solo formando gran<strong>de</strong>s enxurra<strong>da</strong>s e inun<strong>da</strong>çõesem partes mais baixas (jusantes <strong>de</strong> cursos d’água);e) retira<strong>da</strong> <strong>de</strong> vegetação <strong>de</strong> parte do solo promovendo erosões, especialmente em áreas com<strong>de</strong>clivi<strong>da</strong><strong>de</strong> acentua<strong>da</strong>;f) retira<strong>da</strong> <strong>de</strong> vegetação <strong>de</strong> parte do solo e cortes em talu<strong>de</strong> provocando <strong>de</strong>slizamentos eescorregamentos <strong>de</strong> encostas, com <strong>de</strong>sdobramentos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m diversa;g) riscos <strong>de</strong> incêndio, explosão e <strong>de</strong>sabamento no entorno do empreendimento;


49h) aumento exacerbado <strong>da</strong> pressão sobre as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> abastecimento d’água e <strong>de</strong>esgotamento sanitário, bem <strong>como</strong> sobre os sistemas <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> energia elétrica e <strong>de</strong>telecomunicações;i) excessiva geração <strong>de</strong> resíduos, transporte ina<strong>de</strong>quado e disposição final em via pública,terrenos urbanos ou na zona rural, ou, ain<strong>da</strong>, a céu aberto, em áreas não licencia<strong>da</strong>s, semplano <strong>de</strong> manejo;j) impactos sobre a fauna e flora, com riscos <strong>de</strong> extinção <strong>de</strong> espécies;l) impactos sobre a paisagem urbana e rural <strong>de</strong> áreas contíguas à do empreendimento;m) impactos sobre o patrimônio artístico e cultural existente em áreas contíguas.Po<strong>de</strong>-se admitir, contudo, que, mesmo com tantos problemas potenciais em ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>seconômicas e do dia-a-dia <strong>da</strong>s pessoas, as empresas já perceberam que os impactos <strong>de</strong> seufuncionamento no ambiente, já que contam com técnicos e especialistas que têm <strong>como</strong> avaliálos,po<strong>de</strong>m lhes trazer mais prejuízos do que se investissem na quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>ambiental</strong>, <strong>de</strong>ntro eno entorno do empreendimento. As organizações econômicas po<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>vem propor soluçõespara a mitigação dos impactos que produzem e pesquisar novas tecnologias para redução e atéeliminação <strong>de</strong> procedimentos <strong>da</strong>nosos ao meio ambiente e emprego <strong>de</strong> materiais menospoluentes, em face <strong>da</strong>s exigências legais. Com isso elas po<strong>de</strong>m se inserir em um seletoquadro <strong>de</strong> organizações que se encontram foca<strong>da</strong>s na sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.Nesta direção do aperfeiçoamento tecnológico do setor econômico, as empresaspo<strong>de</strong>m se valer, igualmente, <strong>de</strong> operadores do Direito Ambiental que, <strong>de</strong> acordo com asnormas legais, contribuiriam – <strong>como</strong>, <strong>de</strong> fato, muitos já o fazem hoje – para a construção<strong>de</strong>sse novo mo<strong>de</strong>lo operacional, benéfico ao meio ambiente e benéfico à socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Medi<strong>da</strong>que, certamente, ao aju<strong>da</strong>r a melhorar as condições ambientais, com repercussões <strong>de</strong> or<strong>de</strong>mglobal, uma vez que o meio ambiente já dá sinais <strong>de</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio, em várias regiões doplaneta, <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> um processo acelerado <strong>de</strong> uso excessivo ou até irracional dos recursosnaturais e surgimento <strong>de</strong> novos elementos poluidores.Uma extensa lista <strong>de</strong> exemplos po<strong>de</strong>ria ser elabora<strong>da</strong> com a problemática <strong>da</strong>compreensão <strong>da</strong>s questões ambientais por gran<strong>de</strong>s parcelas <strong>da</strong> população. Mas, a dificul<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> entendimento não se esgota em aspectos cognitivos. Afinal, há quem as enten<strong>da</strong>, inclusiveconsiga dissertar sobre ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s ações que impactam o meio ambiente, mas que,dificilmente, crerá que os problemas po<strong>de</strong>rão surgir em um prazo consi<strong>de</strong>ravelmente menordo que os mais pessimistas calculam. Há, por certo, além <strong>de</strong> ceticismo, egoísmo e umpreocupante <strong>de</strong>scaso com o que já está por <strong>de</strong>mais <strong>de</strong>monstrado, “cogito, ergo sum”, por meio<strong>de</strong> estudos elaborados por reconhecidos cientistas, sejam meteorologistas, físicos, químicos,


50biólogos, ecólogos ou matemáticos. Para os céticos, o que se anuncia jamais ocorrerá. Osnão-céticos, mas que vivem <strong>da</strong> arrogância, não conseguem divisar o perigo por resistirem àsevidências.Eventualmente, po<strong>de</strong>m vir a admitir a sua existência e iminência, mas,dificilmente, aceitarão que ele é uma ameaça real aos lugares on<strong>de</strong> vivem, a suas ilhas <strong>de</strong>pretensa segurança <strong>ambiental</strong>. O curioso é que essas pessoas constituem os públicosformadores <strong>de</strong> opinião, justamente os que têm mais acesso à informação.Se existem dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> entendimento e/ou aceitação que <strong>de</strong>terminadosprocedimentos impactam o ambiente, afetam a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> e po<strong>de</strong>m levar a catástrofes,indubitavelmente, assiste-se, na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, à predominância <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo consumista ditadopela socie<strong>da</strong><strong>de</strong> capitalista. São apelos mercadológicos <strong>de</strong> to<strong>da</strong> natureza: por novastecnologias, novos <strong>de</strong>signers, novas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s para o conforto e bem-estar pessoal, queimplicam mais aquisições <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> consumo, enfim, campanhas e processos sociaissuscitando nas pessoas uma quase compulsão a adquirir bens e serviços, estar “up-to-<strong>da</strong>te”.Diuturnamente, são lançados produtos no mercado, com novos “shapes” para atrair osconsumidores. A introdução <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados elementos na composição <strong>de</strong> diversos produtostambém faz com que os bens duráveis tenham vi<strong>da</strong> mais curta, sob o rótulo <strong>de</strong> serem“<strong>de</strong>scartáveis, mais práticos”. Conseqüentemente, neste novo mo<strong>de</strong>lo produtivo e <strong>de</strong>consumo, tem-se mais geração <strong>de</strong> resíduos sólidos (lixo), emprego <strong>de</strong> mais maquinário emsubstituição <strong>da</strong> mão-<strong>de</strong>-obra para se ganhar em escala (ocasionando <strong>de</strong>semprego peloinevitável avanço tecnológico), menos áreas ver<strong>de</strong>s (gran<strong>de</strong> parte dos espaços no entorno doscentros urbanos está sendo <strong>de</strong>stina<strong>da</strong> a habitações <strong>de</strong> baixo padrão e ao <strong>de</strong>scarte <strong>de</strong> resíduos,nos <strong>de</strong>nominados lixões e/ou aterros sanitários), assim <strong>como</strong> a proliferação <strong>de</strong> alguns tipos <strong>de</strong>ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s produtivas familiares (pequenas indústrias artesanais, <strong>de</strong> fundo <strong>de</strong> quintal). Oconsumo excessivo po<strong>de</strong> resultar, rapi<strong>da</strong>mente, no esgotamento <strong>de</strong> recursos naturais, já que asua exploração intensiva <strong>de</strong>stina-se à elaboração <strong>de</strong> insumos e matérias-primas para afabricação dos novos produtos que chegam ao mercado todos os dias. O petróleo, gran<strong>de</strong> vilãodo aquecimento global, <strong>de</strong>vido à sua queima intensiva, é um <strong>de</strong>les, apesar <strong>da</strong> <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong>novas reservas e do alargamento do prazo <strong>de</strong> seu esgotamento.Belo Horizonte é um dos exemplos do que esse comportamento consumista exige <strong>da</strong>natureza, pois enfrenta, no momento, um problema sério quanto à disposição final <strong>de</strong> mais <strong>de</strong>4,4 mil tonela<strong>da</strong>s diárias <strong>de</strong> lixo. O aterro sanitário <strong>da</strong> BR-040, entre o Bairro Califórnia e aCentrais <strong>de</strong> Abastecimento <strong>de</strong> Minas Gerais (Ceasa-MG), já ultrapassou a cota máxima emrelação ao nível do mar, estabeleci<strong>da</strong> quando <strong>de</strong> sua implantação, no último quartel do séculoXX.


51Após diversos entendimentos com o Conselho Estadual <strong>de</strong> Política Ambiental(Copam), elevou-se a sua cota original, em alguns metros e o aterro teve a vi<strong>da</strong> útil estendi<strong>da</strong>até <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2007. Por meio <strong>de</strong> processo licitatório, a Prefeitura Municipal <strong>de</strong> BeloHorizonte (PBH) preten<strong>de</strong> conseguir um município na Região Metropolitana para aterrar olixo produzido pela Capital. O que vencer a licitação receberá <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> quantia portonela<strong>da</strong> <strong>de</strong> resíduo sólido disposta em seu aterro. A dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> maior para a solução doproblema resi<strong>de</strong> no fato <strong>de</strong> não haver, hoje, nenhum aterro sanitário com Licença <strong>de</strong> Operaçãodo Copam, na Região Metropolitana, com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> para acolher as 4,4 mil tonela<strong>da</strong>s diárias<strong>de</strong> lixo produzi<strong>da</strong>s pelos belo-horizontinos, 60% <strong>da</strong>s quais <strong>de</strong> material orgânico.Retomando a questão <strong>da</strong> exploração excessiva dos recursos naturais, <strong>de</strong>ve se salientarque o homem precisa direcionar esforços para a evolução tecnológica, com a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>otimizar o seu uso, por meio <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> produção, <strong>de</strong> embalagem, armazenamento,distribuição (transportes) e comercialização mais mo<strong>de</strong>rnos e econômicos, que gerem menosper<strong>da</strong>s, resíduos e impactos ambientais. O mesmo <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico que se esperana <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> medicamentos para doenças que ain<strong>da</strong> não têm cura. Tudo, para o bem-estarcoletivo. O avanço tecnológico não po<strong>de</strong> ir <strong>de</strong> encontro à socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, afetando, <strong>de</strong> pronto, osmais carentes, com menor nível <strong>de</strong> escolari<strong>da</strong><strong>de</strong> e qualificação profissional, e, <strong>de</strong>pois, os <strong>de</strong>melhor condição socioeconômica, com incentivo ao consumo a partir <strong>da</strong> oferta <strong>de</strong> bens cujaprodução exige o uso intensivo <strong>de</strong> recursos naturais. Deve, sim, procurar meios para incluirto<strong>da</strong>s as pessoas em um processo <strong>de</strong> melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, por meio <strong>da</strong> construção <strong>de</strong>uma Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Sustentável. A sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> implicará, obrigatoriamente, a redução dosgran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sníveis socioeconômicos, por se tratar <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> participação, inclusão eacesso eqüitativo a bens e serviços ain<strong>da</strong> restritos a algumas parcelas <strong>da</strong> população e que<strong>de</strong>vem ser ofertados a partir <strong>de</strong> processos produtivos mais limpos, <strong>de</strong> baixo impacto<strong>ambiental</strong>.O uso dos recursos naturais <strong>de</strong>ve ser, assim, controlado por especialistas <strong>de</strong> váriasáreas, incluindo o operador do Direito Ambiental, para que o bem comum, consi<strong>de</strong>rando-seque os empreendimentos econômicos, gran<strong>de</strong>s propulsores e fomentadores do mo<strong>de</strong>locapitalista <strong>de</strong> consumo, <strong>de</strong>vem ser monitorados pelo Po<strong>de</strong>r Público. Esse monitoramentoimpedirá que causem mais impactos ambientais do que os já registrados ao longo <strong>da</strong> História,mais incisivamente a partir <strong>da</strong> primeira Revolução Industrial, inicia<strong>da</strong> no século XVIII.Impactos que, se não forem evitados, irão impedir que se alcance a sadia quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong><strong>da</strong>s populações, <strong>como</strong> propugna a CF/88.


3 - O Direito Ambiental523.1 - O Direito e o conceito <strong>de</strong> Direito AmbientalO Direito emerge <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> que a ele <strong>de</strong>ve se submeter. O Direito, ao ter <strong>como</strong>escopo estabelecer regras que visem à paz, harmonia e <strong>de</strong>senvolvimento social, é uma ciênciaem permanente evolução, procurando aten<strong>de</strong>r as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> em constantemutação. Neste sentido, GONÇALVES 25 é didático, ao afirmar que “o Direito é criado,formulado, para ser aplicado, e entre a sua ciência e os procedimentos a<strong>de</strong>quados para suaaplicação, <strong>de</strong>veria haver um indissociável liame, realimentado mutuamente, em razão <strong>de</strong> suanatureza, que o faz em permanente processo <strong>de</strong> construção.”O autor diz que a Ciência Jurídica necessitou constituir-se, primeiramente, a simesma, com o fito <strong>de</strong> regulamentar, <strong>de</strong> forma racional, procedimentos a<strong>de</strong>quados e legítimos.Assim, GONÇALVES afirma:“Os passos <strong>de</strong>ssa construção foram muito férteis, pois entre coerências econtradições, puseram em pauta as questões <strong>da</strong>s relações entre um <strong>direito</strong> i<strong>de</strong>al e um<strong>direito</strong> positivo, entre o <strong>direito</strong> natural e o <strong>direito</strong> estatal, e o que estava em jogo, naver<strong>da</strong><strong>de</strong>, eram os limites <strong>da</strong> intervenção social na liber<strong>da</strong><strong>de</strong> individual, e, logo, a suarecíproca, que entra em cena passa<strong>da</strong> a fase do individualismo: os limites <strong>da</strong>liber<strong>da</strong><strong>de</strong> humana <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> politicamente organiza<strong>da</strong>. Comoresultado <strong>de</strong>sse processo, uma multiplici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> temas e <strong>de</strong> perspectivas se abriupara a investigação do fenômeno jurídico, ou seja, do <strong>direito</strong> manifestado naexperiência, do <strong>direito</strong> positivo, com existência no tempo e no espaço. Do estudo <strong>da</strong>gênese <strong>da</strong>s normas até o estudo <strong>de</strong> sua aplicação há uma infini<strong>da</strong><strong>de</strong> inesgotável <strong>de</strong>reflexões, pois o que está envolvido, entre esses dois momentos, é a própriaexistência <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> humana, as formas <strong>de</strong> sua organização e <strong>de</strong> solução <strong>de</strong> seusconflitos.” 26O Direito Ambiental surge, assim, para regulamentar a proteção e o uso do meioambiente objetivando a sadia quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, indo ao encontro <strong>da</strong> nova reali<strong>da</strong><strong>de</strong> social,isto é, conforme salientado por GONÇALVES (1992: 28), erigido <strong>como</strong> <strong>direito</strong> positivo, estávoltado para “a própria existência <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> humana, as formas <strong>de</strong> sua organização e <strong>de</strong>solução <strong>de</strong> seus conflitos.”25 GONÇALVES, Aroldo Plínio. Técnica processual e teoria do processo. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Ai<strong>de</strong> Editora, 1992, p.27.26 GONÇALVES, Aroldo Plínio. Técnica processual e teoria do processo. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Ai<strong>de</strong> Editora, 1992,p.p. 27-28.


53De acordo com ANTUNES 27 , o Direito Ambiental é “um dos ramos do Direito quemais fortemente se relacionam com os <strong>de</strong>mais”. Ele observa:“Este fato, indiscutível por si só, é uma conseqüência lógica <strong>da</strong> transversali<strong>da</strong><strong>de</strong> queé, <strong>como</strong> sabemos, a característica mais marcante do DA. É muito difícil que seconsiga conceber o DA in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>da</strong>s normas próprias do DireitoAdministrativo, visto que a Administração Pública, pelo exercício do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>polícia <strong>ambiental</strong>, <strong>de</strong>sempenha um papel essencial na imensa maioria <strong>da</strong>s questõesambientais. A imposição <strong>de</strong> multas, a interdição <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, a oposição <strong>de</strong>embargos administrativos não po<strong>de</strong>m fugir dos cânones básicos do DireitoAdministrativo, tais <strong>como</strong> a observância do princípio <strong>da</strong> legali<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>da</strong>proporcionali<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>da</strong> impessoali<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> outros que lhe são relacionados. Omesmo se diga em relação ao Direito Constitucional.”Ain<strong>da</strong> sob o prisma <strong>da</strong> transversali<strong>da</strong><strong>de</strong>, ANTUNES (2006:49) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que o DireitoAmbiental também garante a tranqüili<strong>da</strong><strong>de</strong> e o sossego <strong>da</strong>s pessoas no que diz respeito à<strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> <strong>direito</strong>s privados, <strong>como</strong> o <strong>direito</strong> <strong>de</strong> vizinhança. O autor aduz:“No Direito Penal encontram-se diversas normas <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> e <strong>da</strong> ambiênciahumana. Também as normas <strong>de</strong> Direito Tributário po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>da</strong>s em <strong>de</strong>fesado meio ambiente... O DA penetra nos <strong>de</strong>mais ramos do Direito fazendo com queeles assumam uma ‘preocupação’ com os bens jurídicos tutelados pelo DA.”Embora seja relativamente novo, o Direito Ambiental é autônomo, <strong>de</strong>vido à naturezaespecífica <strong>de</strong> seu objeto (or<strong>de</strong>nação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do meio ambiente com vista a uma sadiaquali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>), com princípios próprios, previsão legal constitucional e regulamentaçãoinfraconstitucional – leis, atos internacionais firmados pelo Brasil, normas administrativasorigina<strong>da</strong>s dos órgãos competentes e a jurisprudência.“A CF <strong>de</strong>fine um mo<strong>de</strong>lo para que ca<strong>da</strong> lei <strong>de</strong> um ente fe<strong>de</strong>rativo seja váli<strong>da</strong> em<strong>de</strong>termina<strong>da</strong> esfera. Os atos internacionais ratificados pelo Brasil integram o Direitobrasileiro com a hierarquia <strong>de</strong> lei... As normas administrativas são muitoimportantes em DA. Argumenta-se que não é possível que o Congresso legisle coma veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> necessária para acompanhar <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s áreas científicas nas quais aevolução é extremamente rápi<strong>da</strong>, motivo pelo qual as normas administrativas <strong>de</strong>vemter o seu po<strong>de</strong>r ampliado... A jurisprudência é um fator fun<strong>da</strong>mental na construçãodo DA... Com efeito, muitos princípios básicos do DA foram construídos em litígiosjudiciais.” 2827 ANTUNES, Paulo <strong>de</strong> Bessa. Direito Ambiental. 9. ed. rev., ampl. e atual. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Ed. Lumen Juris,2006, p.p. 48-49.28 ANTUNES, Paulo <strong>de</strong> Bessa. Direito Ambiental. 9. ed. rev., ampl. e atual. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Ed. Lumen Juris,2006, p. 48.


Brasil:54São estes, em síntese, os principais diplomas legais que tutelam o meio ambiente no1 - Dispositivos constitucionais: no título VIII – Da Or<strong>de</strong>m Social –, Cap. VI, art. 225e seus parágrafos, encontra-se a base constitucional para a proteção <strong>ambiental</strong>. O caput do art.225 prevê o <strong>direito</strong> ao meio ambiente a todos.Na CF/88 encontra-se, também, a divisão <strong>de</strong> competências em matéria <strong>ambiental</strong>,sendo <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> a atuação <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> enti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração, tanto no aspecto legislativo quantono aspecto material (art. 20 e seus incisos; art. 21, XIX; art. 22, IV; art. 23, I, III, IV, VI, VII,XI; art. 24, I, VI, VII, VIII; art. 30, I, II, VIII e IX).Ain<strong>da</strong> na CF/88: O Conselho <strong>de</strong> Defesa Nacional, que, <strong>como</strong> órgão <strong>de</strong> consulta doPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> República, <strong>de</strong>ve observar a proteção dos recursos naturais ao propor critérios <strong>de</strong>áreas indispensáveis à segurança do território nacional (art. 91, § 1.°, III); quando se trata dosprincípios gerais <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> econômica (art. 170; art. 174, § 3.°; art. 177, § 4.°, II, b; art.186, II); na Or<strong>de</strong>m Social prevê-se a proteção <strong>ambiental</strong>: art. 200, VIII; art. 216, V; art. 220, §3.°, II; art. 225; art. 231, § 1.°; art 5.°, LXXIII (ação popular na <strong>de</strong>fesa do meio ambiente), e oart. 129, III (ação civil pública <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> tutela <strong>ambiental</strong>).2 - Dispositivos infraconstitucionais: LC n.º 14/73, que estabelece as regiõesmetropolitanas; LC n.º 20/74, que dispõe sobre a criação <strong>de</strong> Estados e Territórios. Lei n.°4.771/65 (Código Florestal); Lei n.º 6.803/80, (Zoneamento Industrial); Lei n.° 6.938/81(Política Nacional do Meio Ambiente); Lei n.° 7.347/85 (Ação Civil Pública); Lei n.°9.443/97 (Política Nacional dos Recursos Hídricos); Lei n.° 9.605/98 (Crimes Ambientais);Lei n.° 9.785/2000 (Sistema Nacional <strong>de</strong> Uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação); Lei n.° 10.257/2001(Estatuto <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>); bem <strong>como</strong> os atos internacionais firmados pelo Brasil, as normasadministrativas origina<strong>da</strong>s dos órgãos competentes e a jurisprudência tutelam, igualmente, omeio ambiente.O rol <strong>da</strong> tutela jurídica <strong>ambiental</strong> é extenso e rico, mas, por não estar codificado, 29dificulta, muitas vezes, o seu emprego, haja vista que, em sua maioria, os diplomas legaisestão esparsos. MILARÉ, explicita:“Como bem salientou Diogo <strong>de</strong> Figueiredo Moreira Neto - um dos gran<strong>de</strong>spioneiros do Direito Ambiental brasileiro -,‘além <strong>da</strong>s vantagens geralmentereconheci<strong>da</strong>s às codificações, teríamos, também, a <strong>de</strong> orientar a legislação dos29 MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente – doutrina, jurisprudência, glossário. 4. ed. rev. atual. e ampl. SãoPaulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2005, p. 145-146.


55Estados, do Distrito Fe<strong>de</strong>ral e dos Municípios, <strong>de</strong> facilitar a coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong>ações e <strong>de</strong> atuar pe<strong>da</strong>gogicamente sobre to<strong>da</strong> a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira.” 30A Lei n.º 6.938/81, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente, <strong>de</strong>fine, em seuartigo 3.°, que meio ambiente “é o conjunto <strong>de</strong> condições, leis, influências e interações <strong>de</strong>or<strong>de</strong>m física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vi<strong>da</strong> em to<strong>da</strong>s as suasformas.” 31 Assim, <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> esfera <strong>da</strong> tutela jurídica brasileira, po<strong>de</strong>-se dizer que meioambiente é o conjunto <strong>de</strong> elementos naturais (fauna, flora, ar, água, solo) e artificiais (ci<strong>da</strong><strong>de</strong>,patrimônio histórico, cultural, paisagístico) em que o homem vive e que com os quais eleinterage ininterruptamente.A Constituição <strong>da</strong> República do Brasil, no seu artigo 225, “caput”, assegura que“todos têm <strong>direito</strong> ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem <strong>de</strong> uso comum do povoe essencial à sadia quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, impondo-se ao Po<strong>de</strong>r Público e à coletivi<strong>da</strong><strong>de</strong> o <strong>de</strong>ver<strong>de</strong> <strong>de</strong>fendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. 32E o que as empresas têm em relação à tutela <strong>ambiental</strong>?Tudo! Afinal, todo empreendimento econômico, em algum momento, utiliza-se <strong>de</strong>algum recurso natural ou exige que alguém o faça, seja no processo <strong>de</strong> produção ou naarmazenagem, transporte, comercialização ou consumo. Em qualquer etapa, haverá pelomenos um impacto <strong>ambiental</strong>, <strong>de</strong>ntre eles, por exemplo, geração <strong>de</strong> odores <strong>de</strong>sagradáveis,emissão <strong>de</strong> ruídos, gases e efluentes, <strong>de</strong>scartes <strong>de</strong> resíduos, enfim, po<strong>de</strong> ocorrer todo umagama <strong>de</strong> implicações negativas a ameaçar a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do meio ambiente.A<strong>de</strong>mais, to<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> empresarial precisa obter resultados positivos, ser lucrativa,para que se mantenha. Isso envolve um amplo cenário, do qual participam osempreen<strong>de</strong>dores, empregados e fornecedores <strong>de</strong> serviços realizados no sítio <strong>da</strong> empresa. Esteé, em suma, o ambiente <strong>de</strong> trabalho, que também está incluído nas classificações quecorrespon<strong>de</strong>m ao meio ambiente tutelado pelo or<strong>de</strong>namento jurídico, este, incluindo, ain<strong>da</strong>, acomuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> seu entorno <strong>da</strong> organização.Com os alar<strong>de</strong>s ambientais publicados diuturnamente pela mídia, com a difusão <strong>da</strong>ecologia pela educação formal e com o aumento <strong>da</strong> consciência <strong>ambiental</strong>, as pessoas, <strong>de</strong>30 MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente – doutrina, jurisprudência, glossário. 4. ed. rev. atual. e ampl. SãoPaulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2005, p. 146-147.31 VADE MECUM: acadêmico <strong>de</strong> <strong>direito</strong>: Constituição Fe<strong>de</strong>ral e Emen<strong>da</strong>s Constitucionais, Código Civil,Código <strong>de</strong> Processo Civil, Código Penal, Código Processo Penal, Código Tributário Nacional, Consoli<strong>da</strong>ção<strong>da</strong>s Leis do Trabalho, Código Comercial, Legislação <strong>de</strong> Direito Ambiental, Legislação <strong>de</strong> DireitoAdministrativo, Legislação Previ<strong>de</strong>nciária, Legislação complementar, Súmulas e Enunciados, p. 870.32 BRASIL. CONSTITUIÇÃO FEDERAL, <strong>de</strong> 1988. Art. 225, “caput”, que trata do Meio Ambiente.


56modo geral, começam a <strong>da</strong>r preferência a empresas social e <strong>ambiental</strong>mente corretas.MARIANO FILHO diz:“TACHIZAWA (2002) caracteriza uma nova vertente <strong>de</strong> organização: ‘Em face <strong>da</strong>sconstantes e crescentes expectativas <strong>de</strong> clientes, <strong>de</strong> fornecedores, do pessoal internoe dos gestores, a empresa do futuro tem <strong>de</strong> agir <strong>de</strong> forma responsável em seusrelacionamentos internos e externos’. Esses novos tempos caracterizam-se por umarígi<strong>da</strong> postura <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> consumidora, que cobra postura ética <strong>da</strong> empresa nomercado, <strong>de</strong>vendo atuar <strong>de</strong> forma ecologicamente responsável.” 33As empresas, na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, tanto na implantação quanto na expansão dos seusnegócios, caso gerem impactos significativos, reforça-se a imposição legal, estão sujeitas à“Or<strong>de</strong>m Ambiental” e <strong>de</strong>vem, portanto, se submeter ao licenciamento <strong>ambiental</strong>, que exigirá,inevitavelmente, a adoção <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s mitigadoras e/ou compensatórias. Só assim essesempreendimentos estarão <strong>de</strong> acordo com o or<strong>de</strong>namento jurídico. Qualquer empreendimento<strong>de</strong> médio e gran<strong>de</strong> porte está ciente <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> obrigação, bem <strong>como</strong> diversas enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>classe, que, felizmente, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m a proteção <strong>ambiental</strong> no processo produtivo, <strong>como</strong> aFe<strong>de</strong>ração <strong>da</strong>s Indústrias do Estado <strong>de</strong> Minas Gerais (Fiemg).Para Robson Braga <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, Presi<strong>de</strong>nte do Sistema Fiemg, que inclui as seçõesmineiras do Serviço Social <strong>da</strong> Indústria (Sesi) e do Serviço Nacional <strong>de</strong> AprendizagemIndustrial (Senai), além do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e do Centro Industrial e Empresarial<strong>de</strong> Minas Gerais (Ciemg),“construir a gestão responsável para a sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, que significa harmonizar asrelações econômicas com o meio ambiente e com legítimas aspirações <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>,é hoje o principal compromisso <strong>da</strong>s empresas para garantir a sobrevivência <strong>da</strong>socie<strong>da</strong><strong>de</strong> global e <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> no planeta. Assim, empresas conscientes, orienta<strong>da</strong>s porvalores éticos, <strong>de</strong>vem passar <strong>da</strong> reflexão à ação, do discurso à prática.” 34A responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s organizações econômicas com relação ao meio ambiente, além<strong>de</strong> estar na pauta <strong>da</strong>s questões <strong>de</strong> relevância do meio científico, <strong>da</strong> Aca<strong>de</strong>mia e, <strong>como</strong> visto nocaso do Sistema Fiemg, <strong>da</strong>s enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> classe do setor produtivo, além <strong>de</strong> um sem-número<strong>de</strong> ONGs e OSCIPs, enfim, <strong>de</strong> praticamente to<strong>da</strong> a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, tornou-se tema recorrente <strong>de</strong>livros e artigos na imprensa, seguindo a tendência do interesse crescente <strong>da</strong> mídia pelo meioambiente. Provavelmente, nenhuma publicação <strong>da</strong> chama<strong>da</strong> “gran<strong>de</strong> imprensa” tenha uma só33 FILHO, Marino Alves <strong>de</strong> Faria. Responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> Social na preservação do Meio Ambiente Brasileiro:Inovação ou Modismo. Disponível em: http://www.ibta.com.br/portal/download.php?recid=72. Acesso 12 maio2007.34 Ética e ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia: o artigo fala sobre a classe empresarial que tem construído a gestão responsável para asustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Jornal Estado <strong>de</strong> Minas, Belo Horizonte, 5 <strong>de</strong> abr. 2007. Seção Opinião, p. 11.


57edição em que não haja, pelo menos, uma nota sobre questões ambientais <strong>de</strong>correntes,direta ou indiretamente, <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s empresariais.FRANCO 35 observa, em seu livro “Planejamento <strong>ambiental</strong> para a ci<strong>da</strong><strong>de</strong>sustentável”, sobre a importância <strong>de</strong> as empresas se voltarem para práticas ambientais sadias,sob pena <strong>de</strong> per<strong>de</strong>rem posição:“O mercado rapi<strong>da</strong>mente percebeu que, aten<strong>de</strong>ndo às exigências legais normativasou comunitárias, po<strong>de</strong> atuar fortemente em favor <strong>da</strong> competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uns emoposição à inviabilização <strong>de</strong> outros. O dilema <strong>da</strong> empresa mo<strong>de</strong>rna é a<strong>da</strong>ptar-se oucorrer o risco <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r espaços arduamente conquistados, sendo imperativo aplicarprincípios <strong>de</strong> gerenciamento <strong>ambiental</strong> condizentes com o <strong>de</strong>senvolvimentosustentável.”Já MARA LUQUET 36 , em artigo sob o título “O valor <strong>de</strong> ser sustentável”, no jornalVALOR Econômico, é taxativa com relação ao potencial <strong>de</strong> atração <strong>de</strong> investimentos pelasempresas que operam com respeito ao meio ambiente:“Boas práticas ambientais ganhamca<strong>da</strong> vez mais importância para o investidor na hora <strong>de</strong> avaliar a aplicação em ações.”Outro que adverte para a importância <strong>da</strong> gestão <strong>ambiental</strong> nas empresas éZAPAROLLI 37 , no artigo “Lucro sustentável”, publicado pelo jornal VALOR Econômico.“Adotar boas práticas <strong>de</strong> gerenciamento <strong>ambiental</strong> resulta em redução <strong>de</strong> custos operacionais,acesso a mercados e maior valor agregado aos produtos. E também em boa reputação para asempresas i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s <strong>como</strong> ecologicamente corretas”.3.2 - Características do Direito AmbientalSegundo vários doutrinadores, há uma dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> muito gran<strong>de</strong> para a a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>classificação e <strong>da</strong> natureza jurídica do <strong>direito</strong> ao ambiente, <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong> o meio ambientese tratar <strong>de</strong> um bem <strong>de</strong> fruição humana coletiva e que, portanto, <strong>de</strong>ve ser protegido. Assim, o<strong>direito</strong> ao ambiente não é passível <strong>de</strong> apropriação individual, por qualquer que seja a pessoafísica ou jurídica, seja <strong>de</strong> <strong>direito</strong> público ou <strong>de</strong> <strong>direito</strong> privado. Reveste-se <strong>da</strong> qualificação <strong>de</strong>“bem <strong>de</strong> uso comum do povo”, segundo o art. 225 <strong>da</strong> CF/88, ou “patrimônio público” a ser35 FRANCO, M. D. A. R. Planejamento <strong>ambiental</strong> para a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> sustentável, 2. ed. São Paulo: AnnablumeEditora: FAPESP, 2001, p. 50.36 LUQUET, Mara. O valor <strong>de</strong> ser sustentável. In: Jornal VALOR Econômico, 16 a 18 <strong>de</strong> mar. <strong>de</strong> 2007, p. D1.37 ZAPAROLLI, Domingos. Lucro sustentável. In: Jornal VALOR Econômico, 27 a 29 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2007, p. F1.


58assegurado e protegido, conforme dispõe a Lei n.º 6.938/81, art. 2.º, I (Lei <strong>da</strong> PolíticaNacional do meio Ambiente). 38Desta forma, vê-se que, legalmente, sobre o meio ambiente, há os interesses difusos,posto que a proteção do mesmo não pertence a uma pessoa individua<strong>da</strong>, exclusiva, seja elaquem for, mas, difusamente, sobre ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s pessoas e a to<strong>da</strong> a coletivi<strong>da</strong><strong>de</strong>.“A partir <strong>da</strong> toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> consciência sobre este fenômeno, passou-se a vislumbrar, emrelevantes ângulos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> mo<strong>de</strong>rna, um interesse geral, coletivo, não-individuado,<strong>de</strong> tutela <strong>de</strong> bens e valores, consagração, por certo, <strong>da</strong>quela terceira geração <strong>de</strong><strong>direito</strong>s apregoa<strong>da</strong>s por Noberto Bobbio, em seqüência aos <strong>direito</strong>s individuais <strong>da</strong>Revolução Francesa e aos <strong>direito</strong>s sociais emergentes <strong>da</strong> questão social.” (FÜHRER& MILARÉ: 2004). 39Decisão do Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral, no julgamento do MS 22.164, rel. MinistroCelso <strong>de</strong> Mello, Pleno, em 30/11/1995, dá conformação legal ao pensamento <strong>de</strong> BOBBIO. Dovoto do relator extrai-se:“O <strong>direito</strong> à integri<strong>da</strong><strong>de</strong> do meio ambiente - típico <strong>direito</strong> <strong>de</strong> terceira geração -constitui prerrogativa jurídica <strong>de</strong> titulari<strong>da</strong><strong>de</strong> coletiva, refletindo, <strong>de</strong>ntro do processo<strong>de</strong> afirmação dos <strong>direito</strong>s humanos, a expressão significativa <strong>de</strong> um po<strong>de</strong>r atribuído,não ao indivíduo i<strong>de</strong>ntificado em sua singulari<strong>da</strong><strong>de</strong>, mas, num sentidover<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente mais abrangente, à própria coletivi<strong>da</strong><strong>de</strong> social. Enquanto os <strong>direito</strong>s<strong>de</strong> primeira geração (<strong>direito</strong>s civis e políticos) - que compreen<strong>de</strong>m as liber<strong>da</strong><strong>de</strong>sclássicas, negativas ou formais - realçam o princípio <strong>da</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong>, e os <strong>direito</strong>s <strong>de</strong>segun<strong>da</strong> geração (<strong>direito</strong>s econômicos, sociais e culturais) - que se i<strong>de</strong>ntificam comas liber<strong>da</strong><strong>de</strong>s positivas, reais ou concretas - acentuam o princípio <strong>da</strong> igual<strong>da</strong><strong>de</strong>, os<strong>direito</strong>s <strong>de</strong> terceira geração, que materializam po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> titulari<strong>da</strong><strong>de</strong> coletivaatribuídos genericamente a to<strong>da</strong>s as formações sociais, consagram o princípio <strong>da</strong>soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong> e constituem um momento importante no processo <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento, expansão e reconhecimento dos <strong>direito</strong>s humanos, caracterizados,enquanto valores fun<strong>da</strong>mentais indisponíveis, pela nota <strong>de</strong> uma essencialinexauribili<strong>da</strong><strong>de</strong>”. 40O meio ambiente não po<strong>de</strong> ser, <strong>de</strong>ssa forma, concebido <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> dicotomiatradicional do Direito, isto é, <strong>direito</strong> público e <strong>direito</strong> privado, mas, por um <strong>direito</strong> <strong>de</strong> terceirageração ou <strong>direito</strong> difuso, haja vista que a tutela dos bens e valores <strong>da</strong><strong>da</strong> ao Direito do MeioAmbiente (também <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> Direito Ambiental) advém <strong>da</strong> coletivi<strong>da</strong><strong>de</strong>.38 FÜHRER, Maximilianus C. A. & MILARÉ, Édis. Manual <strong>de</strong> <strong>direito</strong> público e privado. 14. ed., rev. e atual.São Paulo: RT, 2004, p. 329.39 FÜHRER, Maximilianus C. A. & MILARÉ, Édis. Manual <strong>de</strong> <strong>direito</strong> público e privado. 14. ed., rev. e atual.São Paulo: RT, 2004 p. 329.40 FÜHRER, Maximilianus C. A. & MILARÉ, Édis. Manual <strong>de</strong> <strong>direito</strong> público e privado. 14. ed., rev. e atual.São Paulo: RT, 2004, p. 330.


3.3 - Questões ambientais históricas e o Direito Ambiental no Brasil59Houve tempo em que uma idéia, um pouco <strong>de</strong> criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, intuição, pertinácia,vocação, trabalho, algum conhecimento sobre <strong>de</strong>terminado setor e capital, muitas vezes,apenas uma pequena quantia, além <strong>de</strong> outros aspectos ou atributos, <strong>como</strong> a aventura, eramsuficientes para se “abrir um negócio”, <strong>da</strong>r início a uma “ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> empresarial”, sem se levarem conta, evi<strong>de</strong>ntemente, a burocracia, em se tratando, <strong>de</strong> empreendimentos regularmenteinstalados. Isso ocorria tanto na área rural quanto na urbana, fosse uma uni<strong>da</strong><strong>de</strong> agropecuária,uma indústria ou um comércio ou, ain<strong>da</strong>, uma organização para a prestação <strong>de</strong> serviços. Nainformali<strong>da</strong><strong>de</strong>, tais serviços eram executados em nível <strong>de</strong> biscates.Na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, nas periferias dos centros urbanos, nas favelas e em pequenaslocali<strong>da</strong><strong>de</strong>s do interior do País, há “negócios” ou ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s empresariais, por menor quesejam, que ain<strong>da</strong> são feitos <strong>de</strong>ssa forma e, <strong>como</strong> no passado, com relativo sucesso. Mas, em setratando do gran<strong>de</strong> mercado consumidor, habituado a adquirir bens e serviços que, em geral,<strong>de</strong>correm <strong>de</strong> pesquisas e <strong>de</strong>têm tecnologias avança<strong>da</strong>s, <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s a custos elevados, acomercialização é efetua<strong>da</strong> a preços que exigem uma clientela com po<strong>de</strong>r aquisitivoequivalente às características próprias <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> mercadoria e estruturas empresariais, que emna<strong>da</strong> se assemelham às <strong>da</strong>queles corajosos, <strong>de</strong>stemidos, quando não, inconseqüentes,empreen<strong>de</strong>dores pioneiros.Além do mercado se mostrar ca<strong>da</strong> vez mais competitivo e com níveis <strong>de</strong> exigênciassempre crescentes, existem as pressões <strong>de</strong>correntes do processo <strong>de</strong> globalização <strong>da</strong> economia,iniciado em fins do século XX e que acabou por se consoli<strong>da</strong>r e, com isso, anunciar que veiopara ficar, não se sabe por quanto tempo, mas, por ora, não há perspectivas <strong>de</strong> alterações emcurto e médio prazo. Os indícios são <strong>de</strong> irreversibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, enquanto não surgirem tecnologiasque possam mu<strong>da</strong>r um quadro que se mostra mais estruturado, a ca<strong>da</strong> dia.Nesse processo <strong>de</strong> economia globaliza<strong>da</strong>, a competição não só entre empresas, mastambém entre países e blocos econômicos (formados por um conjunto <strong>de</strong> países), está maisacirra<strong>da</strong> e, no seu rastro, organizações e países esforçam-se, sem <strong>de</strong>scanso, para manter suasposições. Projetos <strong>de</strong> novos empreendimentos e <strong>de</strong> expansão <strong>de</strong> antigos chegam quase quediariamente aos órgãos responsáveis pelo licenciamento <strong>ambiental</strong>. Muitos <strong>de</strong>les, com falhasgrosseiras com relação aos estudos <strong>de</strong> impacto no meio ambiente, o que tem retar<strong>da</strong>do aexpedição <strong>da</strong> sua LP.


60Na prática, nenhuma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> humana com dimensão que possa promoverimpactos ambientais está, nos dias atuais, dispensa<strong>da</strong> do cumprimento dos dispositivoscontidos na legislação <strong>ambiental</strong>, seja em que área for, com a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> proteger o meioambiente, “um bem jurídico novo”, conforme lembra MILARÉ 41 , embora o autor sustente quea questão <strong>ambiental</strong> seja antiga.“De fato, a proteção do ambiente, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os mais remotos tempos, vem sendo objeto<strong>de</strong> preocupação, em maior ou menor escala, <strong>de</strong> todos os povos. Vale lembrar, a título<strong>de</strong> ilustração, que noções precursoras sobre biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> e conservação <strong>da</strong>s espéciesanimais po<strong>de</strong>m ser encontra<strong>da</strong>s no Gênesis (Capítulos VI e VII). O Deuteronômio(Capítulo XX: 19 já proibia o corte <strong>de</strong> árvores frutíferas, mesmo em caso <strong>de</strong> guerra,com pena <strong>de</strong> açoite para os infratores” (Apud WAINER, 1977).” 42Com efeito, há muito o homem se preocupa com problemas ambientais, que estavaminseridos em outras categorias liga<strong>da</strong>s à saú<strong>de</strong> e bem-estar coletivos, <strong>como</strong> o saneamento e asmúltiplas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> vigilância sanitária, além <strong>da</strong> insalubri<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong> periculosi<strong>da</strong><strong>de</strong> nasrelações <strong>de</strong> emprego.Em fins do século passado, a cimenteira Itaú, em face <strong>da</strong>s pressões <strong>da</strong> opinião públicae <strong>de</strong> ações do Po<strong>de</strong>r Público, foi obriga<strong>da</strong> a <strong>de</strong>sativar a sua fábrica na Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> Industrial <strong>de</strong>Contagem, na divisa <strong>da</strong>quele município com Belo Horizonte. Além dos problemas ambientaisinternos comuns a antigas cimenteiras (atualmente, filtros e processos industriais maismo<strong>de</strong>rnos reduziram a emissão <strong>de</strong> gases e <strong>de</strong> partículas <strong>de</strong> pó <strong>de</strong> cimento na atmosfera), haviaos impactos na comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> do entorno, que, <strong>de</strong>vido aos gases e pó lançados pela fábrica,pa<strong>de</strong>cia não só com a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estar limpando a casa mais <strong>de</strong> uma vez ao dia, mas comproblemas respiratórios graves, que afetavam mais diretamente as populações infantil e idosa.Do ponto <strong>de</strong> vista legal, o Brasil possui legislação referente ao meio ambiente – nãoseria exagero afirmar-se – quase <strong>da</strong> época do seu <strong>de</strong>scobrimento. De fato, os diplomas legaisrelativos ao meio ambiente <strong>da</strong>tam do início <strong>da</strong> colonização, segundo WAINER (1997: 134),ao afirmar que “as primeiras formulações normativas dirigi<strong>da</strong>s à tutela do meio ambiente vãoser encontra<strong>da</strong>s na legislação portuguesa que aqui esteve em vigência até o advento doCódigo Civil <strong>de</strong> 1916.” O autor resume tal trajetória:“Como se sabe, não só durante o Período Colonial, mas mesmo após aIn<strong>de</strong>pendência, por força <strong>da</strong> Lei <strong>de</strong> 20/10/1823, continuou a vigorar no Império alegislação do Reino, até ser revoga<strong>da</strong> pelo art. 1.807 do Código Civil <strong>de</strong> 1916, já empleno Período Republicano.” 4341 MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente – doutrina, jurisprudência, glossário. 4. ed. rev. atual. e ampl. SãoPaulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2005, p. 134.42 WAINER, Ann Helen. Noé e a biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>. I<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>, v.. V., p. 44, 1997.43 WAINER, Ann Helen. Noé e a biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>. I<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>, v. V., p. 134, 1997.


61Embora <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Período Colonial existissem normas volta<strong>da</strong>s para a tutela do meioambiente, a exploração dos recursos naturais <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>da</strong> ocorreu, por,praticamente, cinco séculos, tanto na faixa litorânea, <strong>como</strong> no interior do Brasil.Ao longo dos litorais do Nor<strong>de</strong>ste e do Su<strong>de</strong>ste, se o ciclo exploratório e pre<strong>da</strong>tório doPau Brasil dizimou expressivas áreas <strong>de</strong> florestas nativas, com fortes impactos ambientais(rebaixamento do lençol freático, <strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> nascentes e <strong>de</strong> espécies vegetais eanimais no entorno <strong>da</strong>s áreas <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento, com efeitos <strong>da</strong>nosos sobre a biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>),o ciclo <strong>da</strong> Cana-<strong>de</strong>-Açúcar não foi diferente e, provavelmente, mais maléfico em termosambientais. Socialmente, a produção <strong>de</strong> açúcar a partir <strong>da</strong> cana inaugurou a fase doescravismo disseminado pelos engenhos. Gran<strong>de</strong>s extensões <strong>de</strong> florestas foram <strong>de</strong>rruba<strong>da</strong>spara <strong>da</strong>r lugar às culturas, com os mesmos impactos promovidos pela retira<strong>da</strong> intensiva <strong>de</strong>Pau Brasil e outras espécies <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras nobres, além do empobrecimento do solo, <strong>de</strong>corrente<strong>da</strong> prática <strong>da</strong> monocultura, com a plantação apenas <strong>de</strong> cana.No interior <strong>da</strong> Colônia, as <strong>de</strong>scobertas do ouro, diamantes e outras pedras preciosas<strong>de</strong>terminaram a implementação <strong>de</strong> um sistema igualmente pre<strong>da</strong>tório <strong>de</strong> exploração e <strong>de</strong>migração <strong>da</strong> escravidão. Inicialmente, a mineração era <strong>de</strong> aluvião, feita no leito dos riachos,com bateia. Logo em segui<strong>da</strong>, os mineradores <strong>de</strong>scobriram que, promovendo o<strong>de</strong>sbarrancamento <strong>da</strong>s margens dos cursos d’água, conseguiam aumentar as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>encontrar mais pepitas <strong>de</strong> ouro e gemas preciosas do que simplesmente empregando a bateiado material retirado diretamente <strong>da</strong> correnteza. Com isso, iniciavam-se os processos <strong>de</strong><strong>de</strong>struição <strong>da</strong>s matas ciliares e <strong>de</strong> acelerado assoreamento <strong>da</strong>s drenagens. No século XX, coma chega<strong>da</strong> <strong>de</strong> dragas equipa<strong>da</strong>s com motores à explosão – a maioria diesel –, o leito e asmargens dos rios passariam por um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>vastação ain<strong>da</strong> maior, afora o emprego domercúrio para separar o ouro do cascalho, que afetaria profun<strong>da</strong>mente a fauna aquática e asaú<strong>de</strong> do homem, ao consumir pescados <strong>de</strong> águas poluí<strong>da</strong>s.O Ciclo <strong>da</strong> Borracha, na Amazônia, também foi pre<strong>da</strong>tório, pois, aos proprietários dosgran<strong>de</strong>s seringais, só interessava a manutenção <strong>da</strong> seringueira. As <strong>de</strong>mais espécies <strong>de</strong> árvorespo<strong>de</strong>riam ser <strong>de</strong>rruba<strong>da</strong>s, sendo <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>s às construções <strong>de</strong> moradias, armazéns,embarcações e pontes, ou à ven<strong>da</strong> para mercados na região Centro-Sul do País e ao exterior.Outro ciclo que sustentou a economia caracteristicamente agrária do Brasil, atémeados do século XX, foi o <strong>da</strong> Cafeicultura, com profundos <strong>da</strong>nos ambientais, a exemplo doque havia ocorrido com o <strong>da</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar: gran<strong>de</strong>s extensões <strong>de</strong> florestas foram <strong>de</strong>rruba<strong>da</strong>spara <strong>da</strong>r lugar aos cafezais, monocultura que também comprometeu a biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>.


62A expansão <strong>da</strong> si<strong>de</strong>rurgia brasileira no século XX, com as usinas <strong>de</strong> ferro-gusaconsumindo gran<strong>de</strong>s quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> carvão vegetal, encarregou-se, também, <strong>de</strong> afetar umecossistema que, até a déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1960, só havia sido valorizado na literatura, principalmentepor Guimarães Rosa, na obra-prima “Gran<strong>de</strong> Sertão: Vere<strong>da</strong>s”, que completou 50 anos <strong>de</strong>lançamento em 2006, e pelos carvoeiros. Trata-se do Cerrado.Para o senso comum, as terras <strong>de</strong> Cerrado, caracteristicamente áci<strong>da</strong>s, não seprestavam às ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s agrícolas em níveis que merecessem investimentos empresariais. Asituação se alteraria, a partir dos anos 1960, com a introdução <strong>de</strong> novas tecnologias <strong>de</strong>correção <strong>da</strong> aci<strong>de</strong>z do solo, uso <strong>de</strong> fertilizantes e <strong>de</strong> <strong>de</strong>fensivos agrícolas – quando se per<strong>de</strong> abiodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>, em geral as pragas atacam e dizimam as lavouras, por não encontrarem seuspre<strong>da</strong>dores naturais – e, aproveitando a topografia pouco aci<strong>de</strong>nta<strong>da</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>sseecossistema, a mecanização e a irrigação por aspersão, com o emprego dos chamados pivôscentrais.Os anos 1960 <strong>de</strong>ram início, então, à exploração intensiva do Cerrado e, na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>,gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>le é ocupa<strong>da</strong> por pastagens e culturas que se esten<strong>de</strong>m por gran<strong>de</strong>s áreas,sobretudo as <strong>de</strong> soja. Para isso, contudo, ocorreu a <strong>de</strong>rruba<strong>da</strong> <strong>da</strong> sua vegetação nativa,transforma<strong>da</strong> em carvão vegetal para ser usado nos fornos <strong>de</strong> si<strong>de</strong>rúrgicas que produzemferro-gusa para exportação ou para abastecer usinas brasileiras que fabricam aço. Com aretira<strong>da</strong> <strong>da</strong> vegetação nativa, as vere<strong>da</strong>s (olhos e cursos d’água dos cerrados) <strong>de</strong>sapareceram,em sua maioria, e o lençol freático do ecossistema, que já era profundo, exigindo árvores comraízes pivotantes para alcançá-lo, está comprometido, consi<strong>de</strong>rando-se que a agriculturaintensiva e mecaniza<strong>da</strong> implementa<strong>da</strong> no Cerrado <strong>de</strong>man<strong>da</strong> gran<strong>de</strong>s quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> água parairrigação. Parte <strong>da</strong> água que sai dos pivôs centrais acaba evaporando – o índice <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong> noCerrado é baixo (variando entre 10% e 30%) e a temperatura, durante o dia, eleva<strong>da</strong> –, umpercentual vai para as culturas que o absorvem integralmente e, em termos práticos, nãoocorre a indispensável recarga dos aqüíferos subterrâneos, o que é preocupante nessas áreas,que registram, historicamente, baixos índices <strong>de</strong> pluviosi<strong>da</strong><strong>de</strong>.Os novos ciclos <strong>da</strong> Cana-<strong>de</strong>-Açúcar, dos anos 1980, quando do lançamento do Próálcool,e, agora, para a produção <strong>de</strong> etanol <strong>de</strong>stinado ao abastecimento <strong>da</strong> frota nacional <strong>de</strong>veículos biocombustíveis e movidos a gasolina (cuja composição tem 25% <strong>de</strong> álcool), além <strong>da</strong>perspectiva <strong>de</strong> sua exportação, ao lado <strong>da</strong> corri<strong>da</strong> para a produção <strong>de</strong> biodiesel, e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> oBrasil ter <strong>de</strong>rrubado florestas na Amazônia Oci<strong>de</strong>ntal para criar gado bovino (o País possui omaior rebanho do planeta) e expandir as áreas <strong>de</strong> cultura <strong>de</strong> soja, sorgo e milho, são novasameaças <strong>de</strong> impactos ambientais.


63Há, ain<strong>da</strong>, a expansão <strong>da</strong> mineração <strong>de</strong> ferro, não só em Minas Gerais e Goiás,<strong>como</strong> também no Pará e Amapá (manganês), <strong>de</strong> mármore e granito e outras pedrasornamentais, em Minas, Goiás, Bahia e Espírito Santo, <strong>de</strong> petróleo e gás nos litorais <strong>de</strong> SãoPaulo, Rio <strong>de</strong> Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Sergipe, afora as incursões <strong>da</strong> Petrobras para aprodução <strong>de</strong> petróleo na Bacia Amazônica. To<strong>da</strong>s, indiscutivelmente, ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s geradoras <strong>de</strong>impactos ambientais.O meio ambiente não é só impactado por essas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Des<strong>de</strong> o processo <strong>de</strong>substituição <strong>de</strong> importações, iniciado ain<strong>da</strong> em fins do século XIX, mas, efetivamenteincrementado a partir do Pós-Guerra, com a implantação <strong>da</strong> indústria <strong>de</strong> base no País, sendo oexemplo mais marcante o <strong>da</strong> Companhia Si<strong>de</strong>rúrgica Nacional (CSN), em Volta Redon<strong>da</strong>(RJ), na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1940, o Brasil passou a conviver com problemas ambientais <strong>de</strong> to<strong>da</strong>or<strong>de</strong>m, sobretudo com a urbanização <strong>da</strong> população (atualmente, mais <strong>de</strong> 80% dos 190 milhões<strong>de</strong> habitantes vivem em áreas urbanas). Dentre outras necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s a serem atendi<strong>da</strong>s, está a<strong>de</strong> produção <strong>de</strong> energia para a operação <strong>da</strong>s indústrias, funcionamento do comércio eiluminação <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s e <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s rurais, estas últimas, sujeitas a um processo lentoque ain<strong>da</strong> não se completou. Foi necessário, to<strong>da</strong>via, construir <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>shidrelétricas, cujos lagos que represam as águas para acionar as turbinas causam gran<strong>de</strong>simpactos no meio ambiente, usinas nucleares – ain<strong>da</strong> que apenas duas, em Parati, no litoral doRio <strong>de</strong> Janeiro –, e outras <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> usinas termelétricas, que usam óleo combustível paraproduzir vapor para o funcionamento <strong>da</strong>s turbinas, para que o País fizesse a transição <strong>de</strong> umaeconomia agropecuária e extrativista para industrializa<strong>da</strong>, com a sua pauta <strong>de</strong> exportaçõescontendo, hoje, centenas <strong>de</strong> itens com elevado valor agregado, além <strong>da</strong>s tradicionaiscommodities, <strong>como</strong> minérios e grãos, por exemplo.Como o funcionamento <strong>de</strong> qualquer ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> econômica <strong>de</strong>ve ser autorizado peloPo<strong>de</strong>r Público, em conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> com as normas legais, incluindo as referentes ao meioambiente, nos casos em que os empreendimentos sejam potencialmente impactantes, na<strong>da</strong>mais pô<strong>de</strong> ser feito ao alvedrio dos empreen<strong>de</strong>dores, <strong>de</strong> modo especial, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início dosanos 1980, com os adventos <strong>da</strong>s Leis n.º 6.803/80 – Lei <strong>de</strong> Zoneamento Industrial – e n.º6.938/81, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente.“Com a Lei n.º 6.803, <strong>de</strong> 2/7/1980, ‘Lei <strong>de</strong> Zoneamento Industrial’, que teve aprimazia <strong>de</strong> enunciar a questão <strong>ambiental</strong> sob uma ótica holística <strong>de</strong> MeioAmbiente”, e a Lei n.º 6.938/1981, que instituiu a ‘Política Nacional para o MeioAmbiente’, po<strong>de</strong>-se dizer que, principalmente com esta, foi lavra<strong>da</strong> a ‘certidão <strong>de</strong>nascimento’ do Direito Ambiental Brasileiro”. O art. 255 <strong>da</strong> Constituição Fe<strong>de</strong>ralincorporou ao or<strong>de</strong>namento jurídico institutos pouco conhecidos. ‘DesenvolvimentoSustentável e Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado’ passam a integrar o


64conceito <strong>de</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, influenciado pelos Direitos Humanos internacionalmentereconhecidos, <strong>como</strong> <strong>direito</strong> ao <strong>de</strong>senvolvimento, à saú<strong>de</strong> e à educação. A saú<strong>de</strong> dotrabalhador, diretamente atingi<strong>da</strong> pelos efeitos <strong>da</strong> poluição, é uma ban<strong>de</strong>ira queinteressava tanto ao Po<strong>de</strong>r Público quanto ao empresariado, pois empregado doentenão produz e representa <strong>de</strong>spesa previ<strong>de</strong>nciária. (SÉGUIN: 2006).” 44O novo arcabouço legal foi ampliado e estruturado, em face <strong>da</strong>s novas reali<strong>da</strong><strong>de</strong>ssocioeconômicas e <strong>de</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s impostas pelo surgimento <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s inimagináveis há30, 40 ou 50 anos. Apesar disso, não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar a existência <strong>de</strong> uma fiscalização<strong>de</strong>ficiente, nos níveis fe<strong>de</strong>ral e estadual, corrupção, <strong>de</strong>sinteresse <strong>de</strong> administrações municipaisem cumprir o seu papel normativo, quase sempre <strong>de</strong>vido a pressões políticas e econômicas,mormente em pequenos municípios – on<strong>de</strong> a tutela do meio ambiente seria, em tese, maisfácil, em termos operacionais, do que nos municípios <strong>de</strong> médio e gran<strong>de</strong> porte –, e, não raro, aprática <strong>de</strong> se tentar ou até mesmo proce<strong>de</strong>r <strong>de</strong> forma ilegal na expectativa, lamentavelmentefactível, <strong>de</strong> se obter o licenciamento em troca, a posteriori, <strong>da</strong> adoção <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s corretivase/ou compensatórias.Em parte, isso se <strong>de</strong>ve à <strong>de</strong>mora na <strong>de</strong>cisão ou “flexibilização” <strong>de</strong> conselhosmunicipais e estaduais para conce<strong>de</strong>r a LP. Decisões até mesmo controverti<strong>da</strong>s, que acabam,em muitos casos, reforma<strong>da</strong>s pela Justiça, mostrando a força e pertinência <strong>da</strong> existência <strong>de</strong>uma legislação mo<strong>de</strong>rna e rigorosa volta<strong>da</strong> para a prevenção, conservação e preservaçãoambientais.Ao que tudo indica, é do interesse <strong>da</strong>s gran<strong>de</strong>s empresas, sobretudo <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong><strong>de</strong>sanônimas, procurar fazer <strong>da</strong> aplicação <strong>da</strong> Legislação Ambiental, com o concurso do operadordo Direito Ambiental, <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> Gestão Organizacional, com a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> afastarqualquer possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> impedimentos que as façam registrar per<strong>da</strong>s, tanto <strong>de</strong> or<strong>de</strong>meconômico-financeira quanto <strong>de</strong> imagem. Não só. Também os pequenos e médiosempreendimentos estão interessados, provavelmente, muito mais do que os <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte,pois precisam cumprir rigi<strong>da</strong>mente cronogramas que <strong>de</strong>vem estar a<strong>de</strong>quados aos custosprevistos nos investimentos que não po<strong>de</strong>rão contar com novos aportes <strong>de</strong> capital, senão os jádisponibilizados.44 SÉGUIN, Eli<strong>da</strong>. O Direito Ambiental: Nossa Casa Planetária. 3. ed. rev. e atual. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Ed. Forense,2006, p. 57


3.4 - Princípios do Direito Ambiental65Os princípios <strong>de</strong> Direito Ambiental encontram-se, em gran<strong>de</strong> parte, na ConstituiçãoFe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988, no artigo 225, caput, incisos e parágrafos, em leis, normas, costumes,doutrinas e em tratados e convenções acor<strong>da</strong>dos pelo Brasil, afora na jurisprudência.Consi<strong>de</strong>rando-se que princípio é a origem, o começo, o alicerce <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a estrutura <strong>de</strong>uma ciência, o que lhe <strong>da</strong>rá a essência, ALBERGARIA afirma:“Nas Constituições Pátrias anteriores, podiam-se encontrar normas relativas ao meioambiente, contudo não tinham o espírito, a essência e o princípio <strong>de</strong> proteção<strong>ambiental</strong>. As normas constitucionais limitavam-se à <strong>de</strong>limitação <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> ente <strong>da</strong>Fe<strong>de</strong>ração sobre os setores do meio ambiente. Na Constituição <strong>de</strong> 1988, ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iraConstituição-ci<strong>da</strong>dã-<strong>ambiental</strong>, a tutela constitucional <strong>ambiental</strong> ganhou um capítulointeiro e, ain<strong>da</strong>, vários artigos espalhados pelo texto, <strong>de</strong> forma explícita eimplícita.” 45Ressalte-se que os princípios constitucionais ambientais visam à proteção <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, emqualquer forma, com garantia <strong>de</strong> padrão digno e saudável para as presentes e futuras gerações,em consonância com os dispositivos <strong>da</strong> CF/88.Diversos autores, doutrinadores, mesclaram os princípios ambientais ou ossubdividiram, mas, ain<strong>da</strong> assim, os relacionados a seguir sempre são encontrados nos textoslegais, constituindo-se no esteio do Direito Ambiental.De forma didática, REIS 46 relaciona os princípios do Direito Ambiental:1.º) Princípio <strong>da</strong> precaução: “...resume-se na busca do afastamento, no tempo e no espaço,do perigo; ... pois, uma vez <strong>de</strong>sequilibrado o meio ambiente, a reparação ou recomposição é,na maior parte <strong>da</strong>s vezes, difícil.”Pelo estado <strong>da</strong> arte, sabe-se que na natureza, um organismo leva milhares e atémilhões <strong>de</strong> anos para se <strong>de</strong>senvolver ou para que se a<strong>da</strong>pte ao meio ambiente alterado, isto é,sobreviva a um ou mais impactos. Portanto, ca<strong>da</strong> intervenção no meio natural, po<strong>de</strong> gerarconseqüências imensuráveis.A precaução li<strong>da</strong> com a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> abstrata do risco, sem saber ao certo se talativi<strong>da</strong><strong>de</strong> causará ou não <strong>da</strong>no <strong>ambiental</strong>.45 ALBERGARIA, Bruno. Responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> civil empresarial no <strong>da</strong>no <strong>ambiental</strong>, 2003, p. 67. Dissertação(Mestrado). Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito <strong>Milton</strong> <strong>Campos</strong>, Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito.46 REIS, Jair Teixeira dos. Resumo <strong>de</strong> Direito Ambiental, Niterói: Ímpetus , 2006, pp. 88, 89, 92, 95.


66“Baseado no fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> e/ou impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> reparação do<strong>da</strong>no <strong>ambiental</strong>, art. 225, § 1º, IV <strong>da</strong> CF, que exige EIA/RIMA e na Declaração doRio sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento <strong>de</strong> 1992, princípio 15, que diz ‘<strong>de</strong>modo a proteger o meio ambiente, o princípio <strong>da</strong> precaução <strong>de</strong>ve ser amplamenteobservado pelos Estados, <strong>de</strong> acordo com as suas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s’, quando houverameaça <strong>de</strong> <strong>da</strong>nos sérios ou irreversíveis, a ausência <strong>de</strong> absoluta certeza científica não<strong>de</strong>ve ser utiliza<strong>da</strong> <strong>como</strong> razão para postergar medi<strong>da</strong>s eficazes e economicamenteviáveis para prevenir a <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção <strong>ambiental</strong>.”A prevenção é o perigo concreto e, portanto, a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> exerci<strong>da</strong> é consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>perigosa, posto que já se tem o conhecimento <strong>de</strong> seus riscos, ou <strong>de</strong>, pelo menos, <strong>de</strong> que há aiminência <strong>de</strong> um risco.Alguns autores fazem a diferenciação <strong>de</strong>sses termos, precaução e prevenção, <strong>como</strong>,por exemplo, Paulo Afonso Leme Machado. Entretanto, outros, <strong>como</strong> Édis Milaré, emboraaceitem a diferenciação etimológica e, até mesmo reconhecendo <strong>como</strong> dois princípiosdistintos, adotam uma só <strong>de</strong>ssas <strong>de</strong>finições, na expectativa <strong>de</strong> <strong>da</strong>r um caráter prático à matéria.2.º) Princípio do poluidor-pagador: Este princípio diz “...quem estraga <strong>de</strong>ve consertar.”O princípio está estabelecido no art.16 <strong>da</strong> Declaração do Rio sobre Meio Ambiente eDesenvolvimento, <strong>de</strong> 1992, no art. 4.º <strong>da</strong> Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n.º6.938/81) e no art. 225, § 3º, <strong>da</strong> CF/88.3.º) Princípio do ônus social: “...as medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> implementação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>ambiental</strong><strong>de</strong>vem ter seus custos arcados pela coletivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, po<strong>de</strong>ndo o Estado contribuir com uma partedo custo, diminuindo a carga tributária que recairia sobre o ci<strong>da</strong>dão.”4.º) Princípio <strong>da</strong> cooperação: “...informa uma atuação conjunta do Estado e socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, naescolha <strong>de</strong> priori<strong>da</strong><strong>de</strong>s e nos processos <strong>de</strong>cisórios...”É <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> todos <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r e preservar o meio ambiente e, para tanto, havendo acooperação entre o Po<strong>de</strong>r Público e a coletivi<strong>da</strong><strong>de</strong> nessa questão, melhor tutelado estará oambiente.5.º) Princípio do <strong>de</strong>senvolvimento sustentável: propugna pela utilização equilibra<strong>da</strong> dosrecursos naturais e, também, do <strong>de</strong>senvolvimento socioeconômico.“A necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> preservação dos recursos naturais para as futuras gerações; aexploração racional dos recursos naturais; o uso eqüitativo dos recursos naturaisconsi<strong>de</strong>rando as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> todos os Estados; a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar omeio ambiente na <strong>de</strong>finição <strong>da</strong>s políticas públicas e planos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentosocial.”


676.º) Princípio <strong>da</strong> publici<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong> participação popular: <strong>como</strong> o meio ambiente é bem<strong>de</strong> uso comum do povo, tudo que o afeta ou po<strong>de</strong>rá alterá-lo <strong>de</strong>verá ser publicado e, portanto,caberá a todos participar <strong>da</strong>s <strong>de</strong>cisões acerca <strong>da</strong>s questões ambientais. A seguir, algumasobservações pertinentes feitas por REIS:“...não se po<strong>de</strong> admitir que haja segredos em questões ambientais, pois afetam a vi<strong>da</strong><strong>de</strong> todos. Tudo <strong>de</strong>ve ser feito, pelo Po<strong>de</strong>r Público principalmente, com a maiortransparência possível, <strong>de</strong> modo a permitir a participação na discussão dos projetos eproblemas dos ci<strong>da</strong>dãos <strong>de</strong> um modo geral.”“Os Estudos <strong>de</strong> Impacto Ambiental e os seus respectivos relatórios (EIA, RIMA) têmcaráter público por tratarem <strong>de</strong> envolvimento com elementos que compõem um bem<strong>de</strong> todos, ou seja, o meio ambiente sadio e equilibrado (art. 225 CF). Portanto, <strong>de</strong>vehaver publici<strong>da</strong><strong>de</strong>, ante a sua natureza pública. A Resolução n.º 9, <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong>1987, do Conama, disciplina a audiência pública na análise do RIMA.”“O Princípio 10 <strong>da</strong> Rio 92 está em conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> com o art. 225 <strong>da</strong> CF que fala que acoletivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ve preservar o meio ambiente, participar <strong>da</strong> elaboração <strong>de</strong> leis;participar <strong>da</strong>s políticas públicas, através <strong>de</strong> audiências públicas, e participar docontrole jurisdicional, através <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s judiciais <strong>como</strong>: ação civil pública, man<strong>da</strong>do<strong>de</strong> segurança coletivo, man<strong>da</strong>do <strong>de</strong> injunção e ação popular.”7.º) Princípio “in dubio, pro natura”: <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a conservação e preservação ambientais,acima <strong>de</strong> qualquer outro interesse.“É uma regra fun<strong>da</strong>mental <strong>de</strong> interpretação <strong>da</strong> legislação <strong>ambiental</strong>, que leva para aprepon<strong>de</strong>rância do interesse maior <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> em <strong>de</strong>trimento do interesseindividual e menor do empreen<strong>de</strong>dor ou <strong>de</strong> um <strong>da</strong>do projeto. Ressalta-se o princípio<strong>da</strong> subsidiarie<strong>da</strong><strong>de</strong> que <strong>de</strong>termina que, no exercício <strong>da</strong>s competências concorrentes,os Estados-membros po<strong>de</strong>m exercê-las <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que as instituições comunitárias não<strong>de</strong>monstrem que suas atuações são mais eficientes, ou seja, com relação ao meioambiente, as normas que têm vali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicação, entre as nacionais e as <strong>de</strong>política comum, são as que mais protejam a saú<strong>de</strong> humana e a conservação<strong>ambiental</strong>. ”Entretanto, REIS 47 relaciona outros princípios do Direito Ambiental:1.º) Princípio <strong>da</strong> legali<strong>da</strong><strong>de</strong>: O art. 5.°, II, <strong>da</strong> CF/88, diz que é preciso amparo legal paraobrigar-se a algo.2.º) Princípio <strong>da</strong> supremacia do interesse público: Pelo art. 225 <strong>da</strong> CF/88, caput, a proteção<strong>ambiental</strong> é um <strong>direito</strong> e obrigação <strong>de</strong> todos. ‘Isso <strong>de</strong>monstra a natureza pública <strong>de</strong>ste bem,que leva a sua proteção a obe<strong>de</strong>cer ao princípio <strong>de</strong> prevalência do interesse público sobre oprivado na questão <strong>de</strong> proteção <strong>ambiental</strong>.’47 REIS, Jair Teixeira dos. Resumo <strong>de</strong> <strong>direito</strong> <strong>ambiental</strong>. Niterói: Ímpetus, 2006, pp. 91-92.


683.º) Princípio <strong>da</strong> indisponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do interesse público: ‘Por ser o meio ambienteequilibrado um <strong>direito</strong> <strong>de</strong> todos (art. 225 <strong>da</strong> CF/88) e um bem <strong>de</strong> uso comum do povo, eletem caráter indisponível, já que não pertence a este ou aquele.’4.º) Princípio <strong>da</strong> obrigatorie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> proteção <strong>ambiental</strong>: Está estampado no art. 225 <strong>da</strong>CF, caput, posto que diz que o Po<strong>de</strong>r Público e a coletivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>vem assegurar a efetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>do <strong>direito</strong> ao meio ambiente sadio e equilibrado, o que só se obtém com a proteção <strong>ambiental</strong>em todos os níveis <strong>da</strong> esfera pública e do setor privado.5.º) Princípio <strong>da</strong> obrigatorie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> avaliação prévia em obras potencialmente <strong>da</strong>nosasao meio ambiente: ‘A obrigatorie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> avaliação prévia dos <strong>da</strong>nos ambientais em obraspúblicas potencialmente <strong>da</strong>nosas está disciplinado pelo art. 225 <strong>da</strong> CF/88, que obriga o Estudo<strong>de</strong> Impacto Ambiental e o seu respectivo relatório (EIA, RIMA).’6.º) Princípio <strong>da</strong> reparabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do <strong>da</strong>no <strong>ambiental</strong>:‘Este princípio vem estampado em vários dispositivos legais, iniciando-se pelaCF/88, art. 225, § 3.°: “as condutas e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s lesivas ao meioambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, às sanções penais eadministrativas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>da</strong> obrigação <strong>de</strong> reparar os <strong>da</strong>nos causados.”O art. 4.°, VII, <strong>da</strong> Lei n.º 6.938/85, também obriga ao poluidor e ao pre<strong>da</strong>dor aobrigação <strong>de</strong> recuperar e/ou in<strong>de</strong>nizar os <strong>da</strong>nos ambientais que ele eventualmentevier a causar.’7.º) Princípio <strong>da</strong> informação: ‘As informações quanto ao empreendimento <strong>de</strong>vem ser<strong>de</strong>monstra<strong>da</strong>s, posto que a sua sonegação po<strong>de</strong> gerar <strong>da</strong>nos irreparáveis à socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, naeventuali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>da</strong>no ao meio ambiente. Também, pelo EIA/RIMA, <strong>de</strong>verá ser <strong>da</strong><strong>da</strong> apublici<strong>da</strong><strong>de</strong> dos mesmos.’O art. 216, § 2.º, <strong>da</strong> CF/88, disciplina o patrimônio cultural. Traz, especificamente, que“cabem à administração pública, na forma <strong>da</strong> lei, a gestão <strong>da</strong> documentação governamental eas providências para franquear a sua consulta a quantos <strong>de</strong>la necessitem.”A<strong>de</strong>mais, a Política Nacional do Meio Ambiente prevê a divulgação <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos einformações ambientais para a formação <strong>de</strong> consciência pública sobre a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>preservação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>ambiental</strong> e do equilíbrio ecológico, e no seu art. 4.°, V, e no art. 9.º,está garanti<strong>da</strong> a prestação <strong>de</strong> informações relativas ao meio ambiente, obrigando-se ao Po<strong>de</strong>rPúblico produzi-las, inclusive, quando inexistentes.O Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA), instituído pelo Decreto n.º 98.161, <strong>de</strong>21/9/89, estipula, em seu art. 6.°, que é <strong>da</strong> competência do comitê que administra o fundo


69elaborar o relatório anual <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, promovendo sua divulgação. Assim, o EIA/RIMA<strong>de</strong> qualquer empreendimento potencialmente causador <strong>de</strong> impacto <strong>ambiental</strong> é <strong>de</strong> livre acessopúblico. E o conjunto <strong>de</strong> ações ambientais <strong>de</strong>ve ser compilado pelo FNMA.É rica a legislação quanto à obrigatorie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> divulgação <strong>da</strong>s informações sobreempreendimentos potencialmente causadores <strong>de</strong> <strong>da</strong>nos ao meio ambiente. REIS 48 faz umaextensa relação sobre esses dispositivos legais, a começar do Código <strong>de</strong> Defesa doConsumidor, Lei n.º 8.078/90, “que obriga a prestação <strong>de</strong> informações claras e precisas.”Ele acrescenta:“A Política Nacional <strong>de</strong> Arquivos, Lei Fe<strong>de</strong>ral 8.159, <strong>de</strong> 8/1/91, art. 22, assegura o<strong>direito</strong> ao acesso aos documentos públicos; a Lei <strong>de</strong> Biossegurança, Lei n.º8.974/95, no art. 7.º, diz que os órgãos responsáveis pela fiscalização <strong>de</strong>vemencaminhar para a publicação no ‘Diário Oficial <strong>da</strong> União’ o resultado dosprocessos e as conclusões dos pareceres técnicos; a Política Nacional <strong>de</strong> RecursosHídricos, Lei n.º 9.433/97, no art. 5.°, tem <strong>como</strong> um <strong>de</strong> seus <strong>instrumento</strong>s o Sistema<strong>de</strong> Informações sobre os Recursos Hídricos; o Plano Nacional <strong>de</strong> GerenciamentoCosteiro, Lei n.º 7.661/98, art. 8.º, <strong>de</strong>termina que os <strong>da</strong>dos e informações resultantesdo monitoramento exercido <strong>de</strong>vem integrar o Subsistema <strong>de</strong> GerenciamentoCosteiro, integrante do Sistema Nacional <strong>de</strong> Informação sobre o Meio Ambiente(Sinima); a Agen<strong>da</strong> 21, no capítulo 40, estabelece que o usuário e o provedor <strong>da</strong>informação <strong>de</strong>vem melhorar a disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> informação; a Convenção sobreDiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> Biológica, que tem a a<strong>de</strong>são do Brasil, por meio do Decreto n.º 2.519,<strong>de</strong> 16/3/98, no art. 17, prevê a obrigatorie<strong>da</strong><strong>de</strong> do intercâmbio <strong>de</strong> informações,disponibilizando-as ao público; a Convenção Internacional <strong>de</strong> Combate àDesertificação, por intermédio do Decreto n.º 2.741, <strong>de</strong> 20/8/98, no art. 18,<strong>de</strong>termina a divulgação <strong>da</strong> informação obti<strong>da</strong> nos trabalhos científicos.”8.º) Princípio <strong>da</strong> fusão socio<strong>ambiental</strong> <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>: ‘Segundo os arts. 5°, XXIII, 170,III, e 186, II, <strong>da</strong> CF/88, a proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> tem seu uso condicionado ao bem-estar social e a umafunção social e <strong>ambiental</strong>. Portanto, para o Direito Ambiental, o uso <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ve serconcedido, se respeita<strong>da</strong> a sua função socio<strong>ambiental</strong>.’Isso equivale dizer que o proprietário <strong>da</strong> terra mão po<strong>de</strong> <strong>de</strong>stiná-la a qualquer uso,indiscrimina<strong>da</strong>mente, do ponto <strong>de</strong> vista <strong>ambiental</strong>, ou seja, não po<strong>de</strong> fazer uso dos recursosnaturais sem uma avaliação prévia se a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> causará <strong>da</strong>nos ambientais e <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s que<strong>de</strong>verá adotar, na eventuali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sua ocorrência.9.º) Princípio <strong>da</strong> compensação: ‘Não está expressamente previsto na legislação, mas existe<strong>de</strong>vido à necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se ter uma forma <strong>de</strong> reparação do <strong>da</strong>no <strong>ambiental</strong>, sobretudo quandoeste for irreversível. O art. 8.º <strong>da</strong> Política Nacional do Meio Ambiente dá ao Conama acompetência para homologar acordos que visem à transformação <strong>de</strong> penali<strong>da</strong><strong>de</strong>s pecuniárias48 REIS, Jair Teixeira dos. Resumo <strong>de</strong> <strong>direito</strong> <strong>ambiental</strong>. Niterói: Ímpetus, 2006, pp. 93 e 94.


70na obrigação <strong>de</strong> executar medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> proteção <strong>ambiental</strong>. Portanto, a ação <strong>de</strong> compensaçãodo prejuízo <strong>de</strong>ve ser <strong>ambiental</strong>.’10.º) Princípio <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>: ‘As penas para as práticas <strong>de</strong> crimes ambientais estãonas esferas administrativa, penal e civil. A Lei n.º 9.605/98 trata dos crimes ambientais e aPolítica Nacional do Meio Ambiente, no art. 14, trata <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> objetiva do<strong>de</strong>gra<strong>da</strong>dor.’11.º) Princípio <strong>da</strong> educação <strong>ambiental</strong>: ‘Diz o art. 225, § 1.°, VI <strong>da</strong> CF/88, que compete aoPo<strong>de</strong>r Público promover a educação <strong>ambiental</strong> em todos os níveis <strong>de</strong> ensino e aconscientização pública para a preservação do meio ambiente. O mesmo consigna a Agen<strong>da</strong>21.’12.º) Princípio <strong>da</strong> cooperação internacional: ‘Há a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> cooperaçãointernacional, haja vista que os fenômenos ambientais são transfronteiriços, o que estáprevisto no princípio 2 <strong>da</strong> Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento(Rio-92).’13.º) Princípio <strong>da</strong> soberania dos Estados na política <strong>ambiental</strong>: Está previsto na Agen<strong>da</strong>21: ‘As Agen<strong>da</strong>s 21 estaduais e locais <strong>de</strong>veriam partir <strong>da</strong> Agen<strong>da</strong> Nacional, ou em suaelaboração ou em sua revisão. Isso garantiria maior sintonia e coesão às ações propostas pelosentes fe<strong>de</strong>rativos e facilitaria seu acompanhamento e avaliação.’ Não quer dizer, no entanto,que, em face <strong>de</strong> suas características naturais e estrutura socioeconômica, os Estados sejamobrigados a seguir um padrão que não lhes convenha do ponto <strong>de</strong> vista <strong>da</strong> conservação epreservação ambientais em articulação com políticas públicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>sa melhorar a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> sua população.“... A Agen<strong>da</strong> não se resume a um conjunto <strong>de</strong> políticas imediatas, <strong>de</strong> curto prazo.Ela <strong>de</strong>ve introduzir, em relação às questões mais <strong>de</strong>lica<strong>da</strong>s, compromissos graduais<strong>de</strong> médio ou <strong>de</strong> longos prazos, com tempo e condições para que as empresas e osagentes sociais se a<strong>da</strong>ptem à nova reali<strong>da</strong><strong>de</strong> e sejam capazes <strong>de</strong> superar,paulatinamente, os obstáculos à sua execução” (MILARÉ, 2005; 84, apud Agen<strong>da</strong>21 Brasileira - Ações prioritárias, p. 5).Contudo, todos esses princípios norteiam a tutela do Direito Ambiental e, porconseguinte, fomentam a aplicação <strong>da</strong>s normas legais por parte <strong>da</strong> administração pública, com<strong>instrumento</strong>s específicos, a exemplo do Estudo <strong>de</strong> Impacto Ambiental e do Relatório <strong>de</strong>


71Impacto Ambiental (EIA/RIMA), e <strong>da</strong> audiência pública, entre outros, nosempreendimentos que possam causar significativos impactos ambientais, com vistas à eficazproteção <strong>ambiental</strong>.3.5 - Classificação do meio ambienteDe início, registre-se que o Direito Ambiental tutela:1.º) o patrimônio <strong>ambiental</strong> natural (o meio ambiente natural): também <strong>de</strong>nominado meiofísico, constituído pelos recursos naturais <strong>de</strong> características planetárias: ar, água, solo, flora efauna, além <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> e patrimônio genético; Biossegurança; os gran<strong>de</strong>s ecossistemasbrasileiros e sua função geoeconômica; espaços territoriais especialmente protegidos – áreas<strong>de</strong> proteção especial, áreas <strong>de</strong> preservação permanente, reservas legais e uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>conservação;2.º) o patrimônio <strong>ambiental</strong> cultural (o meio ambiente cultural): <strong>de</strong> acordo com o art. 216“caput” <strong>da</strong> CF/88, é integrado pelo patrimônio histórico, artístico, paisagístico e turístico.Também consi<strong>de</strong>rado fruto <strong>da</strong> interação do homem com o meio natural, pelo valor especialque adquiriu ou <strong>de</strong> que se impregnou;3.º) o patrimônio <strong>ambiental</strong> artificial (o meio ambiente artificial): é o conjunto <strong>de</strong>edificações, construções, composto pelo espaço urbano construído (casas e edifícios,incluindo todos os prédios públicos, shopping centers, shopping malls, hospitais, escolas,<strong>de</strong>legacias <strong>de</strong> polícia, galerias e lojas <strong>de</strong> comércio, galpões <strong>de</strong> transportadoras, postos <strong>de</strong>combustíveis, bares e restaurantes, escritórios, entre outros) e pelos equipamentos públicos(ruas, praças, aveni<strong>da</strong>s, áreas ver<strong>de</strong>s), fruto <strong>da</strong> interação do homem com o meio;4.º) o meio ambiente <strong>de</strong> trabalho: entendido <strong>como</strong> o local on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolvem asativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do trabalho humano, isto é e especifica<strong>da</strong>mente o complexo <strong>de</strong> bens móveis e


72imóveis <strong>de</strong> uma empresa, <strong>de</strong>vendo se <strong>de</strong>stacar, portanto, que a sua proteção é vital para asaú<strong>de</strong> e integri<strong>da</strong><strong>de</strong> física dos trabalhadores. 49Assim, a proteção <strong>ambiental</strong> é bem abrangente, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o cui<strong>da</strong>do com as questõesnaturais, passando pelo ambiente cultural e artificial (ambos criados pelo homem), até o local(ambiente) <strong>de</strong> trabalho em que as pessoas se encontram inseri<strong>da</strong>s.Saliente-se que essa proteção <strong>ambiental</strong> é resguar<strong>da</strong><strong>da</strong> por meio <strong>da</strong>s PolíticasNacionais do Meio Ambiente, <strong>da</strong>s Resoluções Conama e, sobretudo, pela CF/88, <strong>como</strong>, porexemplo, no art. 7.°, XXII – “redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio <strong>de</strong> normas <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>, higiene e segurança” – e o art. 200, VIII – “colaborar na proteção do meio ambiente,nele compreendido o do trabalho”. Os dois artigos tratam, pontualmente, do meio ambientedo trabalho e <strong>da</strong>s leis infraconstitucionais, <strong>como</strong> as Leis Complementares, a Consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>sLeis do Trabalho (CLT) os Decretos-Lei, Decretos, entre outras, <strong>como</strong>, exemplificando, ostratados internacionais dos quais o Brasil é signatário, além <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s provisórias.Portanto, há, sobejamente, meios para coibir, inibir e punir as violações <strong>da</strong>s normasambientais, posto que as mesmas são <strong>instrumento</strong>s <strong>de</strong> controle para o resguardo do meioambiente saudável.Destaque-se, outrossim, que o <strong>da</strong>no <strong>ambiental</strong> e suas implicações estão insertos nasdiretrizes ambientais e em <strong>instrumento</strong>s <strong>como</strong> a AIA, os EIA, o RIMA, o PCA e as licençasambientais, que se valem <strong>da</strong> classificação <strong>de</strong> meio ambiente para a sua elaboração.3.6 - Reação jurídica ao <strong>da</strong>no <strong>ambiental</strong>O <strong>da</strong>no <strong>ambiental</strong> é amplamente disciplinado na legislação <strong>ambiental</strong>, <strong>como</strong> estáesculpido no art. 225, § 3.°, <strong>da</strong> CF/88: “As condutas e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s lesivas aomeio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais eadministrativas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>da</strong> obrigação <strong>de</strong> reparar os <strong>da</strong>nos causados.” 5049 CHIUVITE, Telma. B. S. Direito <strong>ambiental</strong>: Resumão Jurídico 17. São Paulo: Barros Fisher & AssociadosLt<strong>da</strong>., 2006, p. 1.50 MEDAUR, O<strong>de</strong>te (Org). Coletânea <strong>de</strong> Legislação Ambiental e Constituição Fe<strong>de</strong>ral. São Paulo: Revista dosTribunais, 2002, p.139.


73O art. 216, § 4.°, <strong>da</strong> CF/88 51 também trata <strong>da</strong> matéria, ao consignar que “os <strong>da</strong>nos eameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma <strong>da</strong> lei”, com conexão com o art. 5.°,XLV, <strong>da</strong> CF/88 52 : “nenhuma pena passará do con<strong>de</strong>nado, po<strong>de</strong>ndo a obrigação <strong>de</strong> reparar o<strong>da</strong>no e a <strong>de</strong>cretação do perdimento <strong>de</strong> bens ser, nos termos <strong>da</strong> lei, estendi<strong>da</strong>s aos sucessores econtra eles executa<strong>da</strong>s, até o limite do valor do patrimônio transferido”. No art. 37, § 6.°, <strong>da</strong>CF/88 53 , tem-se: “As pessoas jurídicas <strong>de</strong> <strong>direito</strong> público e as <strong>de</strong> <strong>direito</strong> privado, prestadoras<strong>de</strong> serviços públicos, respon<strong>de</strong>rão pelos <strong>da</strong>nos que seus agentes, nessa quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, causarem aterceiros, assegurado o <strong>direito</strong> <strong>de</strong> regresso contra os responsáveis no caso <strong>de</strong> dolo ou culpa.”Registre-se que o <strong>da</strong>no <strong>ambiental</strong> compreen<strong>de</strong> o <strong>da</strong>no ao conjunto <strong>de</strong> elementosnaturais, artificiais e culturais, po<strong>de</strong>ndo se <strong>da</strong>r a um só, ou a mais <strong>de</strong> um <strong>de</strong>les, simultânea econjuntamente.Na visão <strong>de</strong> CHIUVITE 54 , <strong>da</strong>no <strong>ambiental</strong> é qualquer efeito <strong>de</strong>letério causado aomeio ambiente por pessoa física ou jurídica, <strong>de</strong> <strong>direito</strong> público ou privado; é a lesão aosrecursos ambientais com conseqüente <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção, alteração adversa ou in pejus do equilíbrioecológico.”A autora acrescenta<strong>como</strong> exemplos <strong>de</strong> <strong>da</strong>nos ambientais: o <strong>de</strong>smatamento, olançamento <strong>de</strong> efluentes em corpos d’água, a disposição ina<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> <strong>de</strong> resíduos sólidos, acaptura <strong>de</strong> animais silvestres; que “o <strong>da</strong>no <strong>ambiental</strong> po<strong>de</strong> implicar a <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>do ambiente ou a poluição”. Ela faz a distinção entre <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção <strong>ambiental</strong> e poluição:“Degra<strong>da</strong>ção <strong>ambiental</strong> é a alteração adversa <strong>de</strong>sfavorável <strong>da</strong>s características domeio ambiente, enquanto poluição é a <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>ambiental</strong> resultante<strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que, direta ou indiretamente:a) prejudiquem a saú<strong>de</strong>, a segurança e o bem-estar <strong>da</strong> população;b) criem condições adversas às ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s sociais e econômicas;c) afetem <strong>de</strong>sfavoravelmente a biota;d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;e) lancem matérias ou energia em <strong>de</strong>sacordo com os padrões ambientaisestabelecidos (art. 3.°, III, <strong>da</strong> Lei n.° 6.938/81).”Além dos dispositivos constitucionais que asseguram a punição com reparação por<strong>da</strong>nos ambientais, a Lei n.° 6.938/81, art. 14, §1.°, diz:51 MEDAUR, O<strong>de</strong>te (Org). Coletânea <strong>de</strong> Legislação Ambiental e Constituição Fe<strong>de</strong>ral. São Paulo: Revista dosTribunais, 2002, p. 135.52 MEDAUR, O<strong>de</strong>te (Org). Coletânea <strong>de</strong> Legislação Ambiental e Constituição Fe<strong>de</strong>ral. São Paulo: Revista dosTribunais, 2002, p.27.53 MEDAUR, O<strong>de</strong>te (Org). Coletânea <strong>de</strong> Legislação Ambiental e Constituição Fe<strong>de</strong>ral. São Paulo: Revista dosTribunais, 2002, p.52.54 CHIUVITE, Telma. B. S. Direito <strong>ambiental</strong>: Resumão Jurídico 17. São Paulo: Barros Fisher & AssociadosLt<strong>da</strong>., 2006, p. 2.


74“Sem obstar a aplicação <strong>da</strong>s penali<strong>da</strong><strong>de</strong>s previstas neste artigo, é o poluidorobrigado, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> existência <strong>de</strong> culpa, a in<strong>de</strong>nizar ou reparar os <strong>da</strong>noscausados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>. O MinistérioPúblico <strong>da</strong> União e dos Estados terá legitimi<strong>da</strong><strong>de</strong> para propor ação <strong>de</strong>responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> civil e criminal, por <strong>da</strong>nos causados ao meio ambiente.” 55Assim, estão previstas duas mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>da</strong>no: a primeira, pelos <strong>da</strong>nos causados aomeio ambiente; a segun<strong>da</strong>, pelos <strong>da</strong>nos causados a terceiros.MILARÉ 56 ressalta que, no Direito, há:a) o <strong>da</strong>no <strong>ambiental</strong> coletivo: causado ao meio ambiente globalmente consi<strong>de</strong>rado, em suaconcepção difusa, <strong>como</strong> patrimônio coletivo;b) o <strong>da</strong>no <strong>ambiental</strong> individual: sofrido pelas pessoas e seus bens.As características do <strong>da</strong>no <strong>ambiental</strong> se dão <strong>da</strong> seguinte forma. Primeiro, pelapulverização <strong>da</strong>s vítimas, ou seja, a ampla dispersão <strong>de</strong> vítimas. Saliente-se que o <strong>da</strong>no<strong>ambiental</strong> é transfronteiriço, <strong>como</strong> o são os fenômenos ambientais, posto que queima<strong>da</strong>s noOeste <strong>de</strong> Minas Gerais po<strong>de</strong>m contribuir parar mu<strong>da</strong>nças climáticas no Sul do Estado einfluenciar até mesmo no clima mundial, por exemplo.Segundo, o <strong>da</strong>no <strong>ambiental</strong> é <strong>de</strong> difícil reparação, <strong>como</strong> já ressaltado. O papel <strong>da</strong>responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> civil, especialmente quando se trata <strong>de</strong> mera in<strong>de</strong>nização (não importa seuvalor) é sempre insuficiente. Portanto, a prevenção é a melhor solução, pois, quase sempre, aconsumação <strong>da</strong> lesão <strong>ambiental</strong> é irreparável. Mas, o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> reparar alcança os objetivosque <strong>de</strong>le se espera em diversos casos, <strong>como</strong> na hipótese do repovoamento <strong>de</strong> um rio ou <strong>de</strong>uma lagoa cujas águas foram contamina<strong>da</strong>s por efluentes tóxicos, levando à mortan<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>peixes.Há casos, to<strong>da</strong>via, em que não há meios para reparar o <strong>da</strong>no. São os em que areparação pecuniária não po<strong>de</strong>rá recompor o que foi <strong>de</strong>struído ou extinto, <strong>como</strong> o<strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> uma espécie, não obstante os avanços no campo <strong>da</strong> genética jápermitirem que se estruturem bancos com embriões <strong>de</strong> espécies em risco <strong>de</strong> extinção. Umprocesso caro que tem um limitador incomensurável: o homem ain<strong>da</strong> não conhece to<strong>da</strong>s asespécies que habitam o planeta. Fauna e flora guar<strong>da</strong>m segredos para a Ciência, em termos <strong>de</strong>quantas e quais espécies efetivamente existem, o que implica dizer que não se conhecem55 MEDAUR, O<strong>de</strong>te (Org). Coletânea <strong>de</strong> Legislação Ambiental e Constituição Fe<strong>de</strong>ral. São Paulo: Revista dosTribunais, 2002, pp. 790-791.56 MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente – doutrina, jurisprudência, glossário. 4. ed. rev. atual. e ampl. SãoPaulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2005, p. 737.


75todos os mecanismos, ou, pelo menos, to<strong>da</strong>s as espécies que integram a biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>diversos ecossistemas.Terceiro, <strong>como</strong> o <strong>da</strong>no <strong>ambiental</strong> é <strong>de</strong> difícil valoração, levando-se em conta que nemsempre é possível calcular a sua totali<strong>da</strong><strong>de</strong>, pois ele po<strong>de</strong> se esten<strong>de</strong>r além do que é visível etangível no local e no momento em que ocorreu ou que ele possa representar para o equilíbriodo ambiente. Assim, qual o valor, em parâmetros socioeconômicos, <strong>de</strong> uma espécie que foidizima<strong>da</strong> e, por conseguinte, <strong>de</strong>sapareceu?A<strong>de</strong>mais, <strong>como</strong> a Lei n.° 8.884/94, que transforma o Conselho Administrativo <strong>de</strong>Defesa Econômica (Ca<strong>de</strong>) em autarquia, no art. 88, prevê que também os <strong>da</strong>nos moraiscoletivos sejam objeto <strong>da</strong>s ações <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> civil em matéria <strong>de</strong> tutela <strong>de</strong> interessestransindividuais 57 , existe a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> cumulação dos <strong>da</strong>nos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m moral epatrimonial originários do mesmo fato, o que torna mais difícil e até mesmo improvável umcálculo criterioso do valor <strong>da</strong> in<strong>de</strong>nização.Talvez, essa seja uma <strong>da</strong>s explicações para o fato <strong>de</strong> tantos empreendimentos, regularou irregularmente implantados, burlarem as normas em matéria <strong>ambiental</strong>, afora o fato <strong>de</strong> oaparato <strong>de</strong> fiscalização apresentar <strong>de</strong>ficiências <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m diversa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> contingente reduzido<strong>de</strong> fiscais até atos <strong>de</strong> corrupção, passando, ain<strong>da</strong>, pela falta <strong>de</strong> veículos, embarcações eaeronaves para a eficaz execução <strong>de</strong> suas tarefas.Não obstante, já se dispõe, hoje, <strong>de</strong> uma ferramenta <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valia para omonitoramento e fiscalização do meio ambiente: trata-se dos Sistemas <strong>de</strong> InformaçõesGeográficas (SIG) que, por meio <strong>de</strong> satélites, recebem informações, em tempo real, sobrequeima<strong>da</strong>s, <strong>de</strong>smatamentos por via mecânica, assoreamento <strong>de</strong> drenagens (cursos d’água),poluição <strong>de</strong> aqüíferos, entre outros eventos <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>dores ou poluidores do meio ambiente. OsSIGs atuam em consonância com um Sistema <strong>de</strong> Sensoriamento Remoto (SSR), que lhesfornece informações durante as 24 horas do dia. Falta, portanto, completar os SIGs com umafiscalização que possa ser aciona<strong>da</strong> prontamente, sempre que necessário, <strong>de</strong>slocando-se comrapi<strong>de</strong>z para i<strong>de</strong>ntificar e <strong>de</strong>ter os responsáveis em flagrante e impedir que os <strong>da</strong>nosambientais sejam ain<strong>da</strong> maiores. Numa queima<strong>da</strong>, por exemplo, apenas algumas horas –muitas vezes, uns poucos minutos – po<strong>de</strong>m representar a perpetuação ou a extinção <strong>de</strong> uma oumais espécies, além <strong>de</strong> a recuperação <strong>da</strong> área <strong>de</strong>man<strong>da</strong>r anos e até déca<strong>da</strong>s.57 VADE MECUM: acadêmico <strong>de</strong> <strong>direito</strong>: Constituição Fe<strong>de</strong>ral e Emen<strong>da</strong>s Constitucionais, Código Civil,Código <strong>de</strong> Processo Civil, Código Penal, Código <strong>de</strong> Processo Penal, Código Tributário Nacional, Consoli<strong>da</strong>ção<strong>da</strong>s Leis do Trabalho, Código Comercial, Legislação <strong>de</strong> Direito Ambiental, Legislação <strong>de</strong> DireitoAdministrativo, Legislação Previ<strong>de</strong>nciária, Legislação complementar, Súmulas e Enunciados, p. 1013.


76Para as empresas em que a consciência e postura <strong>ambiental</strong> já são regra geral, oDireito Ambiental, novamente, entraria <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão, adotando asprovidências cabíveis à boa consecução dos empreendimentos, em qualquer setor <strong>de</strong>ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Seriam ações mais do que preventivas, pois, certamente, agregariam valor àimagem <strong>da</strong> empresa.3.7 - O Direito e a recuperação AmbientalAs formas <strong>de</strong> recuperação do <strong>da</strong>no <strong>ambiental</strong> estão previstas em lei, principalmente naPolítica Nacional do Meio Ambiente, que visa, entre outros objetivos, a imposição aopoluidor e ao pre<strong>da</strong>dor <strong>da</strong> obrigação <strong>de</strong> recuperar e/ou in<strong>de</strong>nizar os <strong>da</strong>nos causados e, aousuário, <strong>da</strong> contribuição pela utilização <strong>de</strong> recursos ambientais com fins econômicos,conforme o art. 4.°, VII, <strong>da</strong> Lei n.º 6.938/81. 58Segundo MILARÉ 59 , há duas formas principais <strong>de</strong> reparação do <strong>da</strong>no <strong>ambiental</strong>:1.ª) a recuperação natural ou o retorno ao “status quo ante”: implica voltar ao que eraantes do <strong>da</strong>no;2.ª) in<strong>de</strong>nização em dinheiro:Nota<strong>da</strong>mente, a primeira forma é a i<strong>de</strong>al, mesmo que seja mais onerosa: reconstituir ourecuperar o meio ambiente agredido, cessando-se, assim, a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> lesiva e revertendo-se a<strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção <strong>ambiental</strong>.Apenas quando a reconstituição não for viável – fática ou tecnicamente – é que sepermite a in<strong>de</strong>nização em dinheiro.Portanto, a in<strong>de</strong>nização financeira é a forma indireta <strong>de</strong> sanar a lesão.58 MEDAUR, O<strong>de</strong>te (Org). Coletânea <strong>de</strong> Legislação Ambiental e Constituição Fe<strong>de</strong>ral. São Paulo: Revista dosTribunais, 2002, p. 786.59 MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente – doutrina, jurisprudência, glossário. 4. ed. rev. atual. e ampl. SãoPaulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2005, pp. 741-742.


773.8 - Esferas <strong>de</strong> atuação do Direito AmbientalO Direito do Ambiental tem três esferas básicas <strong>de</strong> atuação: a preventiva, a reparatóriae a repressiva. A reparatória e a repressiva são ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s menos valiosas que a preventiva,haja vista que “cui<strong>da</strong>m” do <strong>da</strong>no causado, que – venia para a repetição – é difícil <strong>de</strong> sermensurado. Na esfera preventiva, há a ação inibitória, que é o âmago do Direito Ambiental,porquanto há <strong>da</strong>nos ambientais irreparáveis, <strong>como</strong> já exemplificado, no caso do<strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> uma espécie. O Direito Ambiental, quando é empregado na esferapreventiva, só po<strong>de</strong> resultar em ganhos para a empresa, para o meio ambiente, para o planeta,para a Humani<strong>da</strong><strong>de</strong>, sem que venha a tolher a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> produtiva, mas, tão-somente,empregando-se em balizá-la para que possa contribuir na busca <strong>da</strong> almeja<strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.Deve-se ter em tela, outrossim, que um mesmo ato atentatório ao ambiente po<strong>de</strong>ofen<strong>de</strong>r o or<strong>de</strong>namento jurídico <strong>de</strong> três maneiras distintas, possíveis <strong>de</strong> sançõesadministrativas, civis (o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> reparar o <strong>da</strong>no) e penais, segundo o art. 225, § 3.°, <strong>da</strong>CF/88.Na esfera administrativa, as sanções po<strong>de</strong>rão ser, conforme o art. 72, <strong>da</strong> Lei n.°6.905/98: 60 “As infrações administrativas serão puni<strong>da</strong>s com as seguintes sanções, observando odisposto no art. 6.°:I - advertência;II - multa simples;III - multa diária;IV - apreensão dos animais, produtos e substâncias <strong>da</strong> fauna e flora, <strong>instrumento</strong>s,petrechos, equipamentos ou veículos <strong>de</strong> qualquer natureza utilizados na infração: (§6.°);V - <strong>de</strong>struição ou inutilização do produto: (§ 6.°);VI - suspensão <strong>de</strong> ven<strong>da</strong> e fabricação do produto: (§ 7.°);VII - embargo <strong>de</strong> obra ou ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>: (§ 7.°);VIII - <strong>de</strong>molição <strong>de</strong> obra: (§ 7.°);IX - suspensão parcial ou total <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s: (§ 7.°);X – vetado;XI - restritiva <strong>de</strong> <strong>direito</strong>s: (§ 8°, I, II, III, IV e V).”MAZZINI 61 acrescenta que “a política <strong>de</strong> meio ambiente no Brasil é exerci<strong>da</strong> por meio<strong>de</strong> processo <strong>de</strong> Licenciamento Ambiental, <strong>da</strong> <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> normas e padrões <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>60 MEDAUR, O<strong>de</strong>te (Org). Coletânea <strong>de</strong> Legislação Ambiental e Constituição Fe<strong>de</strong>ral. São Paulo: Revista dosTribunais, 2002, p. 392.


78<strong>ambiental</strong> e <strong>de</strong> lançamento <strong>de</strong> efluentes, <strong>da</strong> fiscalização, <strong>da</strong> aplicação <strong>de</strong> multas e sançõesadministrativas e do monitoramento <strong>ambiental</strong>.”Portanto, a Política Nacional do Meio Ambiente é o <strong>instrumento</strong> estruturador enorteador <strong>da</strong>s ações volta<strong>da</strong>s para a proteção do meio ambiente no Brasil e o DireitoAmbiental opera em consonância com o que ela preceitua.“É uma política avança<strong>da</strong>, que consi<strong>de</strong>ra a questão <strong>da</strong> dinâmica <strong>ambiental</strong> eestabelece um conjunto <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s preventivas e corretivas. A Política Nacional doMeio Ambiente observa o princípio geral <strong>de</strong> que ca<strong>da</strong> esfera <strong>de</strong> governo <strong>de</strong>veassumir o tratamento <strong>de</strong> questões relaciona<strong>da</strong>s com sua área <strong>de</strong> abrangência. Esta leiestabelece o princípio <strong>de</strong> ação municipal na gestão <strong>ambiental</strong>, que foi consoli<strong>da</strong>dopela Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988. Assim, pela legislação atual, a instânciamunicipal possui competência privativa nos assuntos ambientais <strong>de</strong> interesse local ecompetência suplementar à União e à dos Estados, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que prevaleça a normamais restritiva, e po<strong>de</strong> assumir a competência do Licenciamento Ambiental, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>que exista no or<strong>de</strong>namento jurídico um órgão capacitado para o exercício <strong>da</strong>sativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> controle e fiscalização. No caso <strong>de</strong> incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> técnica ou omissão dopo<strong>de</strong>r local, <strong>de</strong>vem o Estado e a União agir <strong>de</strong> forma suplementar.” 623.9 - Diretrizes Ambientaisambiente.As diretrizes ambientais <strong>de</strong>finem <strong>como</strong> <strong>de</strong>vem ser feitas as proteções do meio3.9.1 - Conceitos <strong>de</strong> Avaliação, Estudos e Relatórios <strong>de</strong> Impactos AmbientaisConsi<strong>de</strong>ra-se impacto <strong>ambiental</strong> qualquer alteração <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s físicas, químicase biológicas do meio ambiente, causa<strong>da</strong> por qualquer forma <strong>de</strong> matéria ou energia resultante<strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saú<strong>de</strong>, a segurança e o bemestar<strong>da</strong> população; as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s sociais e econômicas; a biota, as condições estéticas esanitárias do meio ambiente; a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos recursos ambientais.A Avaliação <strong>de</strong> Impacto Ambiental (AIA) é o <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> política <strong>ambiental</strong>,formado por um conjunto <strong>de</strong> procedimentos capazes <strong>de</strong> assegurar, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do processo,61 MAZZINI, Ana Luiza Dolabela <strong>de</strong> Amorim. Dicionário educativo <strong>de</strong> termos ambientais, 2. ed. BeloHorizonte: A. L. D. Amorim Mazzini, 2004, p. 272.62 MAZZINI, Ana Luiza Dolabela <strong>de</strong> Amorim. Dicionário educativo <strong>de</strong> termos ambientais, 2. ed. BeloHorizonte: A. L. D. Amorim Mazzini, 2004, pp. 272-273.


79que se faça um exame sistemático dos impactos ambientais <strong>de</strong> uma ação proposta (projeto)e <strong>de</strong> suas alternativas, e cujos resultados sejam apresentados <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> ao público eaos responsáveis pela toma<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>de</strong>cisão, e por eles consi<strong>de</strong>rados. Além disso, osprocedimentos <strong>de</strong>vem garantir adoção <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> proteção do meio ambiente,<strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s no caso <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>da</strong> implantação do projeto.O Estudo <strong>de</strong> Impacto Ambiental (EIA) é um <strong>instrumento</strong> constitucional <strong>da</strong> PolíticaAmbiental e um dos elementos do processo <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> impacto <strong>ambiental</strong>. Trata-se <strong>de</strong>um trabalho executado por equipe multidisciplinar <strong>da</strong>s tarefas técnicas e científicas <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>sa analisar, sistematicamente, as conseqüências <strong>da</strong> implantação <strong>de</strong> um projeto, por métodos <strong>de</strong>AIA e técnicas <strong>de</strong> previsão dos impactos ambientais. O Estudo <strong>de</strong> Impacto Ambiental<strong>de</strong>senvolverá, no mínimo, as seguintes ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s técnicas:1.ª - Diagnóstico <strong>ambiental</strong> <strong>da</strong> área <strong>de</strong> influência do projeto: completa <strong>de</strong>scrição e análisedos recursos ambientais e suas interações, tal <strong>como</strong> existem, <strong>de</strong> modo a caracterizar a situação<strong>ambiental</strong> <strong>da</strong> área, antes <strong>da</strong> implantação do projeto, consi<strong>de</strong>rando: o meio físico, o subsolo, aságuas, o ar e o clima, <strong>de</strong>stacando os recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões dosolo, os corpos <strong>de</strong> água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntesatmosféricas;2.ª - Meio biológico <strong>da</strong> área <strong>de</strong> influência do projeto: completa <strong>de</strong>scrição e análise dosecossistemas naturais, <strong>da</strong> fauna e flora, <strong>de</strong>stacando-se as espécies indicadoras <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>ambiental</strong>, <strong>de</strong> valor científico e econômico, as espécies raras e ameaça<strong>da</strong>s <strong>de</strong> extinção e asáreas <strong>de</strong> preservação permanente;3.ª - Meio socioeconômico <strong>da</strong> área <strong>de</strong> influência do projeto: referências ao uso e ocupaçãodo solo, o(s) uso(s) <strong>da</strong> água e a socioeconomia local, <strong>de</strong>stacando os sítios e monumentosarqueológicos, históricos e culturais <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, as relações <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência entre asocie<strong>da</strong><strong>de</strong> local, os recursos ambientais e o potencial <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong>sses recursos.


3.9.2 - Descrição do projeto empresarial e suas alternativas803.9.2.1 - Etapas <strong>de</strong> planejamento, construção e operação empresarialInicialmente, são feitas a <strong>de</strong>limitação e o diagnóstico <strong>ambiental</strong> <strong>da</strong> área <strong>de</strong> influência,para <strong>de</strong>finir os limites <strong>da</strong> área geográfica a ser direta ou indiretamente afeta<strong>da</strong> pelos impactos,<strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> área <strong>de</strong> influência do projeto, consi<strong>de</strong>rando, em todos os casos, sem exceção, abacia hidrográfica na qual se localiza.Em segui<strong>da</strong>, faz-se a i<strong>de</strong>ntificação, medição e valorização dos impactos, ou seja,calcula-se a magnitu<strong>de</strong> e se proce<strong>de</strong> à interpretação dos prováveis impactos relevantes,discriminando os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos,imediatos e no médios e longos prazos, temporários e permanentes, seu grau <strong>de</strong>reversibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, suas proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s cumulativas e sinérgicas, e a distribuição <strong>de</strong> ônus ebenefícios sociais.A etapa seguinte do planejamento refere-se às medi<strong>da</strong>s mitigadoras que serão capazes<strong>de</strong> diminuir o impacto negativo, sendo, portanto, importante que tenham caráter preventivo eocorram nesta fase do empreendimento. Neste ponto, o Direito Ambiental assume projeção <strong>de</strong>relevo, em face <strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s que ele oferece ao empreen<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r <strong>da</strong> formamais econômica e consentânea <strong>como</strong> a norma legal na gestão do meio ambiente, <strong>de</strong> tal sorteque os processos <strong>de</strong> Licença Prévia, Licença <strong>de</strong> Implantação e Licença <strong>de</strong> Operação ocorramem conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> com o cronograma previsto.Também é necessário elaborar um programa <strong>de</strong> monitoramento dos impactos. Paratanto, <strong>de</strong>ve-se preparar o Relatório <strong>de</strong> Impacto Ambiental (RIMA), que é o documento queapresenta os resultados dos estudos técnicos e científicos <strong>da</strong> Avaliação <strong>de</strong> Impacto Ambiental(AIA). O RIMA <strong>de</strong>ve esclarecer todos os elementos <strong>da</strong> proposta em estudo, <strong>de</strong> modo quepossam ser divulgados e apreciados pelos grupos sociais interessados e por to<strong>da</strong>s asinstituições envolvi<strong>da</strong>s na toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, nas quais se incluem as do Po<strong>de</strong>r Público. Orelatório refletirá, enfim, as conclusões do EIA e <strong>da</strong> AIA, com os seguintes itens:a) objetivos e justificativas do projeto;


81b) a <strong>de</strong>scrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especificando paraca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>les, nas fases <strong>de</strong> construção e operação a área <strong>de</strong> influência, as matérias-primas emão-<strong>de</strong>-obra, as fontes <strong>de</strong> energia, os processos e técnicas operacionais, os prováveisefluentes, emissões, resíduos <strong>de</strong> energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados;c) a síntese dos resultados dos estudos e do diagnóstico <strong>ambiental</strong> <strong>da</strong> área <strong>de</strong> influência doprojeto;d) a <strong>de</strong>scrição dos prováveis impactos ambientais <strong>da</strong> implantação e operação <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>,consi<strong>de</strong>rando o projeto, suas alternativas, os horizontes <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> incidência dos impactos eindicando os métodos, técnicas e critérios adotados para sua i<strong>de</strong>ntificação, quantificação einterpretação;e) a caracterização <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>ambiental</strong> futura <strong>da</strong> área <strong>de</strong> influência, comparando com asexistentes;f) diferentes situações <strong>da</strong> adoção do projeto e suas alternativas, bem <strong>como</strong> a hipótese <strong>de</strong> suanão realização;g) a <strong>de</strong>scrição do efeito esperado <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s mitigadoras previstas em relação aos impactosnegativos, mencionando aqueles que não pu<strong>de</strong>rem ser evitados e o grau <strong>de</strong> alteração esperado;h) o programa <strong>de</strong> acompanhamento e monitoramento dos impactos;i) recomen<strong>da</strong>ção quanto à alternativa mais favorável (conclusões);Já o Plano <strong>de</strong> Controle Ambiental (PCA) reúne, em programas específicos, to<strong>da</strong>s asações e medi<strong>da</strong>s minimizadoras, compensatórias e potencializadoras dos impactos ambientaisprognosticados pelo EIA. É elaborado por equipe multidisciplinar composta por profissionais<strong>de</strong> diferentes áreas do conhecimento, conforme as medi<strong>da</strong>s a serem implementa<strong>da</strong>s.


3.9.2.2 - Licenciamento <strong>ambiental</strong>82O licenciamento <strong>ambiental</strong> é o procedimento administrativo pelo qual o órgão<strong>ambiental</strong> competente licencia a localização, instalação, ampliação, modificação e operação<strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e empreendimentos utilizadores <strong>de</strong> recursos ambientais consi<strong>de</strong>rados efetiva oupotencialmente poluidores ou <strong>da</strong>queles que, sob qualquer forma, possam causar <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção<strong>ambiental</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que verificado, em ca<strong>da</strong> caso concreto, que foram preenchidos peloempreen<strong>de</strong>dor os requisitos legais exigidos. Ressalte-se que o Conama, pela Resolução n.º237, <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1997, <strong>de</strong>finiu os empreendimentos e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que estão sujeitosao licenciamento <strong>ambiental</strong>. Esse licenciamento será efetuado em um único nível <strong>de</strong>competência, repartindo-se harmonicamente as atribuições entre Ibama, em nível fe<strong>de</strong>ral, osórgãos ambientais estaduais e os órgãos ambientais municipais.Em linhas gerais, ao Ibama compete o licenciamento <strong>de</strong> empreendimentos e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>scom impacto <strong>ambiental</strong> <strong>de</strong> âmbito nacional ou que afete diretamente o território <strong>de</strong> dois oumais Estados fe<strong>de</strong>rados, consi<strong>de</strong>rados os exames técnicos procedidos pelos órgãos ambientaisdos Estados e Municípios em que se localizar o empreendimento.Aos órgãos ambientais municipais compete o licenciamento <strong>de</strong> empreendimentos eativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> impacto local e dos que lhes forem <strong>de</strong>legados pelos Estados, por meio <strong>de</strong><strong>instrumento</strong> legal ou convênio.Compete aos órgãos ambientais estaduais ou do Distrito Fe<strong>de</strong>ral o licenciamento<strong>ambiental</strong> dos empreendimentos e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s cujos impactos diretos ultrapassem os limitesterritoriais <strong>de</strong> um ou mais municípios ou que estejam localizados em mais <strong>de</strong> um município,em uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservação <strong>de</strong> domínio estadual ou em florestas e <strong>de</strong>mais formas <strong>de</strong>vegetação natural <strong>de</strong> preservação permanente.Além disso, po<strong>de</strong> haver <strong>de</strong>legação do Ibama para os Estados, por <strong>instrumento</strong> legal ouconvênio.3.9.2.2.1 - O licenciamento em Minas GeraisEm Minas Gerais, o licenciamento <strong>ambiental</strong> é realizado <strong>de</strong> forma integra<strong>da</strong> pelos trêsórgãos seccionais <strong>da</strong> Secretaria <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável:


83Fun<strong>da</strong>ção Estadual do Meio Ambiente (Feam), Instituto Mineiro <strong>de</strong> Gestão <strong>da</strong>s Águas(Igam) e Instituto Estadual <strong>de</strong> Florestas (IEF). Entretanto, o licenciamento e a AutorizaçãoAmbiental <strong>de</strong> Funcionamento (AAF) são exercidos pelo Conselho Estadual <strong>de</strong> PolíticaAmbiental (Copam), por intermédio <strong>da</strong>s Câmaras Especializa<strong>da</strong>s, Feam, no tocante àsativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s industriais, minerárias e <strong>de</strong> infra-estrutura; IEF, quanto às ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s agrícolas,pecuárias e florestais; Uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s Regionais Colegia<strong>da</strong>s (URCs); e Superintendências Regionais<strong>de</strong> Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Suprams).Para a regularização <strong>ambiental</strong>, a DN Copam 74/04 consi<strong>de</strong>ra a classificação dosempreendimentos: classe I, os <strong>de</strong> pequeno porte e pequeno ou médio potencial poluidor;classe II, os <strong>de</strong> médio porte e pequeno potencial poluidor; classe III, os <strong>de</strong> pequeno porte egran<strong>de</strong> potencial poluidor ou médio porte e médio potencial poluidor; classe IV, os <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>porte e pequeno potencial poluidor; classe V, os <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte e médio potencial poluidorou médio porte e gran<strong>de</strong> potencial poluidor e classe VI, os <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte e gran<strong>de</strong> potencialpoluidor.Assim, para os empreendimentos <strong>da</strong>s classes I e II, é obrigatória a AAF, e para os <strong>da</strong>sclasses III, IV, V e VI, é necessário o licenciamento <strong>ambiental</strong> para a sua regularização<strong>ambiental</strong>, ou seja, a LP, LI e/ou LO.As bases legais para o licenciamento e o controle <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s efetiva oupotencialmente poluidoras estão estabeleci<strong>da</strong>s na Lei n.º 7.772, <strong>de</strong> 8 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1980, eno Decreto n.º 39.424, <strong>de</strong> 5 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1998, que a regulamenta, compatibilizados com alegislação fe<strong>de</strong>ral. E, complementar ao <strong>de</strong>creto, as <strong>de</strong>liberações normativas e as resoluções doCopam dão as condições para o sistema <strong>de</strong> licenciamento <strong>ambiental</strong>, classificam osempreendimentos e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s segundo o porte e potencial poluidor, estabelecem limites parao lançamento <strong>de</strong> substâncias poluidoras no ar, na água e no solo, <strong>de</strong> forma a garantir aquali<strong>da</strong><strong>de</strong> do meio ambiente, bem <strong>como</strong> <strong>de</strong>finem os procedimentos a serem adotados peloempreen<strong>de</strong>dor para a obtenção <strong>da</strong>s licenças ambientais.Há três tipos <strong>de</strong> licença: Licença Prévia (LP); Licença <strong>de</strong> Instalação (LI) e Licença <strong>de</strong>Operação (LO), as quais po<strong>de</strong>rão ser expedi<strong>da</strong>s isola<strong>da</strong> ou sucessivamente, <strong>de</strong> acordo com anatureza, características e fase do empreendimento ou ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>.Entretanto, para os empreendimentos já existentes, em Minas Gerais, anteriores amarço <strong>de</strong> 1981, quando foi regulamenta<strong>da</strong> a Lei Ambiental do Estado, é adotado o chamadolicenciamento corretivo, por meio do registro, com o objetivo <strong>de</strong> permitir a regularização <strong>da</strong>ssuas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Nesse caso, a regularização é obti<strong>da</strong> mediante a obtenção <strong>da</strong> Licença <strong>de</strong>


84Operação, condiciona<strong>da</strong> ao cumprimento <strong>de</strong> PCA (Plano <strong>de</strong> Controle Ambiental), aprovadopela competente Câmara Especializa<strong>da</strong> do Copam.Os órgãos e enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> administração estadual, direta e indireta somente aprovamprojeto <strong>de</strong> implantação ou ampliação <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s efetiva ou potencialmente <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>doras domeio ambiente após o licenciamento <strong>ambiental</strong>, sob pena <strong>de</strong> responsabilização administrativae nuli<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> seus atos. Dessa forma, para a liberação <strong>de</strong> recursos referentes a concessão <strong>de</strong>incentivos fiscais ou financeiros, a empresa beneficiária <strong>de</strong>ve apresentar a licença do Copam.Os tipos <strong>de</strong> Licenciamento <strong>ambiental</strong> são:1) Licença Prévia (LP): é requeri<strong>da</strong> na fase preliminar <strong>de</strong> planejamento doempreendimento ou ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Nessa primeira fase do licenciamento, o órgão <strong>ambiental</strong>avalia a localização e a concepção do empreendimento, atestando a sua viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>ambiental</strong>e estabelecendo os requisitos básicos a serem atendidos nas próximas fases. E, para tanto, sãonecessários o requerimento <strong>da</strong> licença pelo empreen<strong>de</strong>dor, a <strong>de</strong>claração <strong>da</strong> prefeituramunicipal atestando que o tipo <strong>de</strong> empreendimento e o local <strong>de</strong> sua instalação estão <strong>de</strong> acordocom as leis e regulamentos administrativos aplicáveis ao uso e ocupação do solo; oFormulário <strong>de</strong> Caracterização do Empreendimento Integrado (FCEI), preenchido pelorepresentante legal; o Relatório <strong>de</strong> Controle Ambiental (RCA), elaborado <strong>de</strong> acordo com asinstruções do órgão <strong>ambiental</strong>, por profissional legalmente habilitado, e acompanhado <strong>da</strong>anotação <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> técnica; os Estudos <strong>de</strong> Impacto Ambiental (EIA) e o respectivoRelatório <strong>de</strong> Impacto Ambiental (RIMA), no caso <strong>de</strong> empreendimentos <strong>de</strong> elevado impacto<strong>ambiental</strong>, listados no artigo 2.º <strong>da</strong> Resolução Conama n.º 001/86 ou outros, <strong>de</strong>finidos pelaFeam; a certidão negativa <strong>de</strong> débito financeiro <strong>de</strong> natureza <strong>ambiental</strong>, expedi<strong>da</strong> pela Feam, apedido do interessado; para o setor elétrico, documentação especifica<strong>da</strong> na ResoluçãoConama n.º 006/87; o comprovante <strong>de</strong> recolhimento do custo <strong>de</strong> análise do pedido <strong>de</strong> licença,<strong>de</strong> acordo com as Deliberações Normativas n.º 01/90 e 15/96; a autorização Igam para<strong>de</strong>rivação <strong>de</strong> águas públicas, quando for o caso; a autorização do IEF para supressão <strong>de</strong>vegetação, quando for o caso; a cópia <strong>da</strong> publicação do pedido <strong>de</strong> LP em periódico, regionalou local, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> circulação na área do empreendimento, <strong>de</strong> acordo com a DeliberaçãoNormativa n.º 13/95.Durante a análise <strong>da</strong> LP po<strong>de</strong> ocorrer a audiência pública, nos termos <strong>da</strong> DN n.º 12/94,cuja finali<strong>da</strong><strong>de</strong> é expor o projeto e seus estudos ambientais às comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s interessa<strong>da</strong>s,dirimindo dúvi<strong>da</strong>s e recolhendo do público críticas e sugestões.A LP não conce<strong>de</strong> qualquer <strong>direito</strong> <strong>de</strong> intervenção no meio ambiente, correspon<strong>de</strong>ndoà etapa <strong>de</strong> estudo e planejamento do futuro empreendimento. O seu prazo <strong>de</strong> vali<strong>da</strong><strong>de</strong> é


85<strong>de</strong>finido pelo cronograma apresentado pelo empreen<strong>de</strong>dor para a elaboração dos planos,programas e projetos, não po<strong>de</strong>ndo ser superior a quatro anos, conforme dispõe a DN n.º17/96, modifica<strong>da</strong> pela DN n.º 23/97.2) Licença <strong>de</strong> Instalação (LI): é a segun<strong>da</strong> fase do licenciamento <strong>ambiental</strong>, quandosão analisados e aprovados os projetos executivos <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> poluição e as medi<strong>da</strong>scompensatórias, que compõem o documento <strong>de</strong>nominado PCA. A LI gera o <strong>direito</strong> àinstalação do empreendimento ou sua ampliação, ou seja, a implantação do canteiro <strong>de</strong> obras,movimentos <strong>de</strong> terra, abertura <strong>de</strong> vias, construção <strong>de</strong> galpões, edificações e montagens <strong>de</strong>equipamentos.Uma vez concedi<strong>da</strong>, a LI especifica as obrigações do empreen<strong>de</strong>dor no que se refere àsmedi<strong>da</strong>s mitigadoras dos impactos ambientais, sendo exigido o emprego <strong>da</strong> melhor tecnologiadisponível para prevenir a poluição.Para a formalização do processo <strong>de</strong> LI são necessários os seguintes documentos: orequerimento <strong>da</strong> licença pelo empreen<strong>de</strong>dor; o PCA, elaborado <strong>de</strong> acordo com as instruçõesdo órgão <strong>ambiental</strong>, muitas <strong>da</strong>s vezes pela Feam, por profissional legalmente habilitado eacompanhado <strong>da</strong> anotação <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> técnica; a certidão negativa <strong>de</strong> débitofinanceiro <strong>de</strong> natureza <strong>ambiental</strong>, expedi<strong>da</strong> pela Feam, a pedido do interessado; ocomprovante <strong>de</strong> recolhimento do custo <strong>de</strong> análise do pedido <strong>de</strong> licença, <strong>de</strong> acordo com as DNn.º 01/90 e 15/96; a cópia <strong>da</strong> publicação <strong>da</strong> concessão <strong>da</strong> LP e do pedido <strong>de</strong> LI em periódico,regional ou local, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> circulação na área do empreendimento, <strong>de</strong> acordo com a DN n.º13/95.Quando o empreendimento já iniciou as obras <strong>de</strong> implantação sem haver se submetidoà avaliação <strong>ambiental</strong> prévia, é cabível a LI, <strong>de</strong> caráter corretivo, estando o interessadoobrigado a apresentar os documentos referentes à etapa <strong>de</strong> obtenção <strong>da</strong> LP, juntamente com osrelativos à fase <strong>de</strong> LI.O prazo <strong>de</strong> vali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> LI correspon<strong>de</strong>, no mínimo, ao estabelecido pelo cronograma<strong>de</strong> implantação do empreendimento, não po<strong>de</strong>ndo ser superior a seis anos. A LI po<strong>de</strong> ter seuprazo <strong>de</strong> vali<strong>da</strong><strong>de</strong> prorrogado por dois anos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não seja ultrapassado o limite máximo<strong>de</strong> seis anos.3) Licença <strong>de</strong> Operação (LO): autoriza a operação do empreendimento, após averificação do efetivo cumprimento do que consta <strong>da</strong>s licenças anteriores, com as medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong>controle <strong>ambiental</strong> e condicionantes <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s para a operação. Assim, a concessão <strong>da</strong> LOvai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do cumprimento <strong>da</strong>quilo que foi examinado e <strong>de</strong>ferido nas fases <strong>de</strong> LP e LI.


86A LO <strong>de</strong>ve ser requeri<strong>da</strong> quando o novo empreendimento (ou sua ampliação) estáinstalado e preste a entrar em operação (licenciamento preventivo) ou já está operando(licenciamento corretivo).Para a formalização do processo <strong>de</strong> LO são necessários os seguintes documentos: orequerimento <strong>da</strong> licença pelo empreen<strong>de</strong>dor; a certidão negativa <strong>de</strong> débito financeiro <strong>de</strong>natureza <strong>ambiental</strong>, expedi<strong>da</strong> pelo órgão <strong>ambiental</strong>, a pedido do interessado; o comprovante<strong>de</strong> recolhimento do custo <strong>de</strong> análise do pedido <strong>de</strong> licença, <strong>de</strong> acordo com as DeliberaçõesNormativas 01/90 e 15/96; a cópia <strong>da</strong>s publicações <strong>da</strong> concessão <strong>da</strong> LI e do pedido <strong>de</strong> LO emperiódico, regional ou local, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> circulação na área do empreendimento, <strong>de</strong> acordo coma DN n.º 13/95.Para os empreendimentos em operação, sem haver obtido as licenças ambientais, aformalização do processo requer a apresentação conjunta dos documentos, estudos e projetosprevistos para as fases <strong>de</strong> LP, LI e LO.A Legislação Ambiental prevê dois tipos especiais <strong>de</strong> LO. O primeiro tipo é a LicençaSumária, cabível somente para os empreendimentos e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> pequeno porte, nãolistados na Deliberação Normativa n.º 01/90, cujas especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>s, a critério <strong>da</strong> Feam, nãoexijam a elaboração <strong>de</strong> estudos ambientais. Nesse caso, o licenciamento compete aoSecretário Executivo do Copam, mediante a apresentação à Feam do Formulário <strong>de</strong>Caracterização do Empreendimento, preenchido pelo requerente. O segundo tipo é a LicençaPrecária, concedi<strong>da</strong> quando for necessária a entra<strong>da</strong> em operação do empreendimentoexclusivamente para teste <strong>de</strong> eficiência <strong>de</strong> sistema <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> poluição, com vali<strong>da</strong><strong>de</strong>nunca superior a seis meses.Contudo, o prazo <strong>de</strong> vali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> LO <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar o PCA, sendo <strong>de</strong>, no mínimo,quatro anos e, no máximo, oito anos, em função <strong>da</strong> classificação do empreendimento, segundoo porte e o potencial poluidor, estabeleci<strong>da</strong> pela DN n.º 01/90.Prazos <strong>da</strong> Feam para a análise dos processos <strong>de</strong> licenciamento em mesesClassificação do empreendimento (1)63Prazo <strong>de</strong> análise 64Prazo <strong>de</strong> análise se houverEIA/RIMA ou audiência públicaClasse I 2 4Classe II 4 8Classe III 6 12Quadro 01- Prazos para análise dos processos <strong>de</strong> licenciamento <strong>da</strong> FeamFonte: site <strong>da</strong> Feam, acessado em 3 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2007.63 Segundo a Deliberação Normativa Copam n.º 01/90.64 Instrução <strong>de</strong> Serviço Feam n.º 08/98.


Prazo <strong>de</strong> vali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> licença em anosTipo <strong>de</strong> Licença Classe I Classe II Classe IIILicença Prévia (1) < 4 < 4 < 4Licença <strong>de</strong> Instalação(1)< 6(prorrogávelpor mais dois)< 6(prorrogávelpor mais dois)< 6(prorrogávelpor mais dois)Licença <strong>de</strong> Operação 8 6 4Quadro 02 - Prazo <strong>de</strong> vali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> licença.Fonte: site <strong>da</strong> Feam, acessado em 3 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2007.(1) Deve correspon<strong>de</strong>r ao prazo previsto no cronograma constante do projeto relativo ao empreendimento.87Entretanto, para o empreendimento que não sofrer penali<strong>da</strong><strong>de</strong> durante a vigência <strong>da</strong>LO, o prazo <strong>de</strong> vali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> licença será acrescido <strong>de</strong> dois anos, até o limite máximo <strong>de</strong> oitoanos. Mas, se o empreendimento tiver sido penalizado durante a vigência <strong>da</strong> LO, atingindoseis pontos ou mais, o prazo <strong>de</strong> vali<strong>da</strong><strong>de</strong> subseqüente será reduzido <strong>de</strong> dois anos, até o limitemínimo <strong>de</strong> quatro anos. Ressalte-se que a infração leve correspon<strong>de</strong> a dois pontos, a grave atrês pontos e a gravíssima, a seis pontos.O empreen<strong>de</strong>dor po<strong>de</strong>rá no pleito <strong>de</strong> um Licenciamento Ambiental ter <strong>como</strong> roteiro:o preenchimento do Formulário <strong>de</strong> Caracterização do Empreendimento Integrado (FCEI),protocolado na Divisão <strong>de</strong> Documentação e Informação <strong>da</strong> Feam, em duas vias; aDIINF/Feam emite o Formulário <strong>de</strong> Orientação Básica Integrado (Fobi) <strong>de</strong> imediato ou enviaao empreen<strong>de</strong>dor através do correio por AR (Aviso <strong>de</strong> Recebimento), incluindo custos <strong>de</strong>ressarcimento 65 <strong>de</strong> análise para o Licenciamento Ambiental (DN 01/90). O Fobi contém aetapa do licenciamento e <strong>de</strong>talha os tipos <strong>de</strong> estudos e documentos necessários à formalizaçãodo requerimento.Portanto, o empreen<strong>de</strong>dor terá até 180 dias ou <strong>de</strong> acordo com <strong>de</strong>terminação específica<strong>da</strong> Câmara Especializa<strong>da</strong> do Copam, contados do recebimento do Fobi, para protocolar e,conseqüentemente, formalizar o seu pedido <strong>de</strong> licença na Feam.Assim, protocolará o pedido <strong>de</strong> licença, que <strong>de</strong>verá estar acompanhado <strong>de</strong> to<strong>da</strong> adocumentação exigi<strong>da</strong> no Fobi, e recibo <strong>de</strong> pagamento dos custos para análise do processo <strong>de</strong>licenciamento.No entanto, caso o empreendimento tenha débito <strong>de</strong> natureza <strong>ambiental</strong>, o processonão será formalizado e a empresa <strong>de</strong>verá quitar o débito que po<strong>de</strong> ser parcelado <strong>de</strong> acordocom a DN 35/99.65 Os custos são corrigidos <strong>de</strong> acordo com o Índice Nacional <strong>de</strong> Preços ao Consumidor (Resolução n.º 23/98) epo<strong>de</strong>m ser parcelados em até três vezes, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a parcela mínima não seja inferior a R$ 1 mil – DN 19/97 –,e <strong>de</strong>vem ser quitados por meio <strong>de</strong> boletos bancários emitidos pela Feam.


88Caberá a DIINF/Feam conferir to<strong>da</strong> a documentação apresenta<strong>da</strong> pelo solicitante eformalizar o processo <strong>de</strong> licença, que receberá numeração própria, com a publicação dorequerimento <strong>de</strong> Licença no Diário Oficial "Minas Gerais".Mas, caso o empreendimento esteja sujeito a apresentação <strong>de</strong> EIA/RIMA 66 <strong>de</strong>verá seraberto o prazo <strong>de</strong> 45 dias para solicitação <strong>de</strong> audiência pública por parte <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>afeta<strong>da</strong>, segundo a DN Copam n.º 12, <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1994. O empreendimento recebenúmero <strong>de</strong> processo e publica o requerimento em jornal <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> circulação na área <strong>de</strong>influência do mesmo, <strong>de</strong> acordo com a DN 013/95.Após a formalização do processo <strong>de</strong> licenciamento na DIINF, ele é encaminhado àDiretoria Técnica para as análises, vistorias e elaboração <strong>de</strong> um parecer técnico e enviado àAssessoria Jurídica para análise, e parecer e encaminhamento ao fórum <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão. 67 Dessaforma, <strong>de</strong>pois do parecer <strong>da</strong> Assessoria Jurídica <strong>da</strong> Feam, o processo é consi<strong>de</strong>radoformalmente concluído e enviado às Câmaras Especializa<strong>da</strong>s do Copam para análise ejulgamento <strong>da</strong> Licença Requeri<strong>da</strong> ou pela Presidência e Diretorias <strong>da</strong> Feam, <strong>de</strong> acordo com aclasse do empreendimento registrado no Fobi.Contudo, a DIINF incluirá o processo <strong>de</strong> licenciamento na pauta <strong>da</strong> Câmara Técnicacompetente para análise, julgamento e <strong>de</strong>cisão <strong>da</strong> licença requeri<strong>da</strong>, além <strong>de</strong> publicar a pautano "Minas Gerais", com cinco dias <strong>de</strong> antecedência <strong>da</strong> <strong>da</strong>ta prevista <strong>da</strong> reunião. As CâmarasTécnicas do Copam, em reuniões programa<strong>da</strong>s, avaliam, julgam e <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m sobre os processos<strong>de</strong> licenciamento. Após a <strong>de</strong>cisão <strong>da</strong>s mesmas, o processo <strong>de</strong> licenciamento é encaminhado aoPresi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Feam, por intermédio <strong>da</strong> DIINF, para assinatura do certificado ou <strong>da</strong> notificaçãodo in<strong>de</strong>ferimento e posterior comunicação ao interessado.Estes roteiros valem para LP, LI, LO classe III, enquanto que as licenças corretivas,in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>da</strong> classe a que pertençam, e as licenças prévias são julga<strong>da</strong>s pelasCâmaras Especializa<strong>da</strong>s do Copam e as licenças preventivas classe I são julga<strong>da</strong>s pelasdiretorias <strong>da</strong> Feam. As licenças preventivas classe II são julga<strong>da</strong>s pelo presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Feam.Segundo art. 8.º <strong>da</strong> DN 01/90, a licença para as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> pequeno porte, nãolista<strong>da</strong>s nela, cujas especifici<strong>da</strong><strong>de</strong>s, a critério <strong>da</strong> Feam, não exigirem a elaboração <strong>de</strong> estudosambientais, se <strong>da</strong>rá pela emissão <strong>de</strong> uma certidão em que conste que o empreendimento não épassível <strong>de</strong> licenciamento <strong>ambiental</strong>, pois o seu porte e potencial poluidor são inferiores ao66 Estão sujeitas à apresentação <strong>de</strong> EIA/RIMA as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s lista<strong>da</strong>s no art. 2.º <strong>da</strong> Resolução Conama 001/86,bem <strong>como</strong> aquelas que se encontram em áreas <strong>de</strong> relevante interesse <strong>ambiental</strong>, que, a critério do órgãolicenciador, <strong>de</strong>verão ser precedi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> audiência pública, ou nos casos previstos na DN 12/94.67 Nesta fase é verifica<strong>da</strong> a instrução legal, bem <strong>como</strong> se to<strong>da</strong>s as parcelas <strong>de</strong> ressarcimento dos custos <strong>de</strong> análisee <strong>de</strong> débito <strong>de</strong> natureza <strong>ambiental</strong> foram quita<strong>da</strong>s.


89menor relacionado na DN Copam n.º 01, <strong>de</strong> 22 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1990, ou sua ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> não estáenquadra<strong>da</strong> na referi<strong>da</strong> <strong>de</strong>liberação, bem <strong>como</strong> não faz parte do Anexo I <strong>da</strong> ResoluçãoConama n.° 237, <strong>de</strong> 22 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1997.Os casos omissos serão resolvidos pelo Presi<strong>de</strong>nte, ad referendum do Plenário doCopam, ou seja, o licenciamento ad referendum é prerrogativa do presi<strong>de</strong>nte do órgãolicenciador, que, nos casos <strong>de</strong> urgência ou inadiáveis, po<strong>de</strong>rá concedê-lo, mas tal ato <strong>de</strong>veráser referen<strong>da</strong>do pela Câmara Especializa<strong>da</strong> do Copam, no prazo <strong>de</strong> até 60 dias.Caso haja acometimento <strong>de</strong> infração pelo empreen<strong>de</strong>dor que requeira o LicenciamentoCorretivo, a Câmara Técnica do Copam analisará distintamente os processos <strong>de</strong> licenciamentoe do auto <strong>de</strong> infração.As medi<strong>da</strong>s adota<strong>da</strong>s nos procedimentos licenciatórios ambientais, <strong>como</strong>, porexemplo, as medi<strong>da</strong>s mitigadoras e compensatórias, são espécies <strong>de</strong> reparação <strong>ambiental</strong>. Oque se observa é a adoção pelo Po<strong>de</strong>r Público <strong>de</strong> padrões que salvaguar<strong>de</strong>m a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> sadiado meio ambiente.“Padrão: nível legalmente permitido para a manutenção <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>terminados fatores ambientais – água, ar e solo – e para o lançamento <strong>de</strong>poluentes. Em sentido restrito, padrão é o nível ou grau <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um fator<strong>ambiental</strong> que é próprio ou a<strong>de</strong>quado a um propósito. ” 68“Parâmetro <strong>ambiental</strong>: diz-se <strong>da</strong>s variáveis físicas, químicas e biológicas às quaissão atribuídos valores (padrões) permitidos pela legislação <strong>ambiental</strong>.” 69A<strong>de</strong>mais, o art. 170 caput e inciso VI <strong>da</strong> CF/88 estabelece que “a or<strong>de</strong>m econômica,fun<strong>da</strong><strong>da</strong> na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por objetivo assegurar atodos a existência digna, conforme os ditames <strong>de</strong> justiça social, observado, <strong>de</strong>ntre outrosprincípios, a <strong>de</strong>fesa do meio ambiente, inclusive diante <strong>de</strong> tratamento diferenciadoconforme o impacto <strong>ambiental</strong> dos produtos e serviços e <strong>de</strong> seus processos <strong>de</strong> elaboração eprestação.”Entretanto, a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> empresarial não <strong>de</strong>ve ser “prejudica<strong>da</strong>” por questões quepo<strong>de</strong>m ser dirimi<strong>da</strong>s por acordos entre população, empreen<strong>de</strong>dor e órgãos públicos, semprevisando à sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> socio<strong>ambiental</strong>.O operador do Direito Ambiental <strong>de</strong>verá, necessariamente, participar <strong>de</strong>sses acordosem conjunto com outros especialistas, para balizá-los nos limites <strong>da</strong> legislação.68 MAZZINI, Ana Luiza Dolabela <strong>de</strong> Amorim. Dicionário educativo <strong>de</strong> termos ambientais. 2. ed. BeloHorizonte: A. L. D. Amorim Mazzini, 2004, p.255.69 MAZZINI, Ana Luiza Dolabela <strong>de</strong> Amorim. Dicionário educativo <strong>de</strong> termos ambientais. 2. ed. BeloHorizonte: A. L. D. Amorim Mazzini, 2004, p. 259.


3.10 - Custos do estudo e do processo <strong>de</strong> Avaliação do Impacto Ambiental (AIA)90Certamente, na literatura, encontram-se poucos estudos sobre os custos do processo <strong>de</strong>avaliação do impacto <strong>ambiental</strong> que, segundo SÁNCHEZ, <strong>de</strong>corre do fato <strong>de</strong> as empresasmanterem sigilo, <strong>de</strong>vido aos itens <strong>de</strong> custo que po<strong>de</strong>m nem mesmo ser apropriadoscontabilmente pelas mesmas: “muitas vezes não há registros <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas especifica<strong>da</strong>menteimputáveis ao processo <strong>de</strong> AIA.” 70SÁNCHES (2006: 175) acrescenta que “os custos dos processos <strong>de</strong> AIA sãoclassificados <strong>como</strong> custos <strong>de</strong> investimento ou custos <strong>de</strong> capital. Estes custos são arcados peloempreen<strong>de</strong>dor, entretanto, parte <strong>de</strong>le também é assumi<strong>da</strong> pelo Po<strong>de</strong>r Público, sobretudo para aanálise do EIA.”O autor ain<strong>da</strong> observa que, “para o investidor, <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados principalmenteos custos <strong>de</strong> elaboração do EIA e <strong>da</strong> organização <strong>da</strong> consulta pública. Sabe-se que, emalgumas jurisdições, o Po<strong>de</strong>r Público po<strong>de</strong> cobrar taxas ou um ressarcimento <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>spesas<strong>de</strong> análise do EIA” (SÁNCHES, 2006: 175). Na maioria dos casos, estes custos situam-seabaixo <strong>de</strong> 1% do valor do investimento e, freqüentemente, abaixo <strong>de</strong> 0,5%.Ressalte-se que o principal objetivo <strong>da</strong> AIA é prevenir os <strong>da</strong>nos ambientais.Contudo, o empreen<strong>de</strong>dor estará sempre interessado em saber quanto será o custo <strong>de</strong>mitigação e compensação, haja vista que estas medi<strong>da</strong>s incorporar-se-ão nos custos totais doprojeto e <strong>de</strong>verão ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s para análise <strong>da</strong> sua viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> econômica.Nota<strong>da</strong>mente, sabe-se que para o Po<strong>de</strong>r Público esses valores não são <strong>de</strong> interesse,mas, para o empresariado são <strong>de</strong> suma relevância, posto que influenciam na sua relação custobenefício,enfim, na rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> estima<strong>da</strong> para o projeto.A<strong>de</strong>mais, os estudos complementares e subseqüentes, que, no Brasil, po<strong>de</strong>m serexigidos para a obtenção <strong>da</strong>s Licenças <strong>de</strong> Instalação e Operação e os custos <strong>da</strong> etapa <strong>de</strong>acompanhamento que po<strong>de</strong>m incluir supervisão, auditoria e monitoramento <strong>ambiental</strong>, sãooutros componentes <strong>de</strong> custo, conforme frisa SÁNCHES (2006: 175).Por fim, SÁNCHEZ (2006: 175, apud HOLLICK, 1986; World Bank, 1991a) <strong>de</strong>stacaque as informações disponíveis ao público sugerem que o custo <strong>de</strong> preparação <strong>de</strong> um EIAgeralmente situa-se na faixa entre 0,1% e 1,0% do custo do investimento e, conforme o BancoMundial, os custos <strong>de</strong> consulta pública, para projetos financiados por ele, constituíram-se em70 SÁNCHEZ, Luís Enrique. Avaliação <strong>de</strong> impacto <strong>ambiental</strong>: conceitos e métodos. São Paulo: Oficina <strong>de</strong>Textos, 2006, p. 174.


91torno <strong>de</strong> 0,0025% do valor dos investimentos, enquanto, em números absolutos, variaramentre US$ 25 mil e US$ 1,5 milhão.4 - O Direito Ambiental <strong>como</strong> regulador <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> empresarial“As ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s empresariais públicas ou priva<strong>da</strong>s serão exerci<strong>da</strong>s em consonância comas diretrizes <strong>da</strong> Política Nacional do Meio Ambiente (Lei. n.º 6.938/81, art. 5.º, parágrafoúnico).”O fato <strong>de</strong> o Direito Ambiental não estar codificado, a complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s exigênciaspara o licenciamento <strong>de</strong> empreendimentos geradores <strong>de</strong> impactos no meio ambiente e a<strong>de</strong>monstração, ca<strong>da</strong> vez maior, <strong>de</strong> a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> ter incorporado a noção <strong>de</strong> que po<strong>de</strong> acionar oPo<strong>de</strong>r Público para a adoção <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s que lhe garantam a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>ambiental</strong> fazem <strong>de</strong>stenovo ramo <strong>da</strong>s Ciências Jurídicas um indispensável e eficaz <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> empresacontemporânea.Não se trata mais, na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> as empresas, quando <strong>de</strong> sua implantação ouexpansão, valerem-se <strong>de</strong> simples “<strong>de</strong>spachantes” para obterem as licenças junto aos órgãosambientais. Trata-se, sim, <strong>de</strong> todo um trabalho a ser executado por uma equipe técnicatransdisciplinar que encontrará, no operador do Direito, a correta interpretação <strong>da</strong>s exigênciaslegais para o bom an<strong>da</strong>mento do processo licenciatório. Neste ponto, mergulha-se no âmago<strong>da</strong> gestão organizacional, consi<strong>de</strong>rando-se que as empresas precisam não só <strong>de</strong> eficiência paraatingir os seus objetivos, mas, também, <strong>de</strong> eficácia <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> setor e <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a sua estrutura, <strong>de</strong>forma articula<strong>da</strong> e sistêmica. Assim, o Direito Ambiental, até mesmo por sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>acionar mecanismos preventivos, estará contribuindo para a almeja<strong>da</strong> eficácia na gestãocorporativa.No processo <strong>de</strong> licenciamento <strong>ambiental</strong>, um dos pontos mais importantes para o êxito<strong>da</strong> empresa é o <strong>de</strong> ter bem claramente <strong>de</strong>finidos os procedimentos que <strong>de</strong>verá adotar para quenão só o obtenha com celeri<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>como</strong> também se mantenha pari passu com as mu<strong>da</strong>nçascientíficas e tecnológicas e conseqüentes novas exigências. Essa postura organizacional, quenão <strong>de</strong>ve prescindir do Direito Ambiental, certamente contribuirá, <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>cisiva, para apermanência <strong>da</strong> empresa no mercado. Mais ain<strong>da</strong>: as empresas que optaram não só poraten<strong>de</strong>r às exigências legais, mas envere<strong>da</strong>ram-se pelo caminho <strong>da</strong> busca <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>,tiveram um plus, haja vista os exemplos <strong>da</strong> Cemig, bancos Itaú e Bra<strong>de</strong>sco e <strong>da</strong> Petrobras,


92únicas organizações brasileiras inseri<strong>da</strong>s, <strong>como</strong> se verá adiante, no índice Dow Jones <strong>de</strong>Sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong>ntre cerca <strong>de</strong> 300 empresas <strong>de</strong> diversos países.O Direito Ambiental po<strong>de</strong> contribuir para o êxito empresarial também na adoção <strong>de</strong>condicionantes ambientais exigi<strong>da</strong>s para o licenciamento, ao agilizar a sua estruturação, embases estritamente legais, promovendo a economia <strong>de</strong> tempo e recursos, o que está atrelado auma gestão pós-mo<strong>de</strong>rna, porquanto contemporânea, e que vai ao encontro <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>.Segundo MAZZINI 71 , as “medi<strong>da</strong>s mitigadoras <strong>de</strong>stinam-se a prevenir impactosambientais negativos ou a reduzir a sua magnitu<strong>de</strong>. Elas po<strong>de</strong>m ser constituí<strong>da</strong>s por ações <strong>de</strong>mitigação, equipamentos ou sistemas <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> efluentes, e sua eficácia estádiretamente relaciona<strong>da</strong> à eficiência dos meios empregados.”aspectos:MAZZINI (2004: 228) classificou as medi<strong>da</strong>s mitigadoras <strong>de</strong> acordo com os seguintes“natureza – preventivas ou corretivas (inclusive os equipamentos <strong>de</strong> controle <strong>de</strong>poluição); fase do empreendimento em que <strong>de</strong>verão ser adota<strong>da</strong>s –planejamento, implantação, operação e <strong>de</strong>sativação e, também, em caso <strong>de</strong>aci<strong>de</strong>ntes; meio a que se <strong>de</strong>stinam – físico, biológico ou socioeconômico; prazo <strong>de</strong>permanência <strong>de</strong> sua aplicação – curto, médio ou longo prazo; responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>por sua implementação – empreen<strong>de</strong>dor, Po<strong>de</strong>r Público, outros. É importanteressaltar que existem impactos adversos, que não po<strong>de</strong>m ser evitados ou mitigados,caso em que <strong>de</strong>verão ser implementa<strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s compensatórias que signifiquemabran<strong>da</strong>mento, suavização.”Já as medi<strong>da</strong>s preventivas (MAZZINI, 2004: 228) “<strong>de</strong>stinam-se a evitar ou diminuira poluição, contribuindo para uma Produção mais Limpa. As medi<strong>da</strong>s preventivas <strong>de</strong>vem serprioriza<strong>da</strong>s em relação às medi<strong>da</strong>s corretivas e, normalmente, <strong>de</strong>man<strong>da</strong>m menores custos <strong>de</strong>implantação.”Para corrigir aspectos que causam poluição ou <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção <strong>ambiental</strong> “aplicam-se asmedi<strong>da</strong>s corretivas” (MAZZINI, 2004: 228).Neste sentido, SÁNCHES (2006:338) salienta:“As ações propostas com a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> reduzir a magnitu<strong>de</strong> ou a importância dosimpactos ambientais adversos são chama<strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s mitigadoras ou <strong>de</strong> atenuação.Medi<strong>da</strong>s típicas incluem sistemas <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> poluentes, <strong>como</strong> o tratamento <strong>de</strong>efluentes líquidos, a instalação <strong>de</strong> barreiras anti-ruído e o abatimento <strong>da</strong>s emissõesatmosféricas por meio <strong>de</strong> instalação <strong>de</strong> filtros..., instalação <strong>de</strong> bacias <strong>de</strong> <strong>de</strong>cantação<strong>de</strong> águas pluviais para reter partículas sóli<strong>da</strong>s e evitar seu transporte para os cursosd’água durante a etapa <strong>de</strong> construção e, até mesmo, o emprego <strong>de</strong> técnicassofistica<strong>da</strong>s <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> emissões atmosféricas.”71 MAZZINI, Ana Luiza Dolabela <strong>de</strong> Amorim. Dicionário educativo <strong>de</strong> termos ambientais. 2. ed. BeloHorizonte: A. L. D. Amorim Mazzini, 2004, p. 228.


93Assim, po<strong>de</strong>-se afirmar que as medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> recuperação do ambiente que seráimpacto também fazem parte do plano <strong>de</strong> gestão <strong>ambiental</strong> <strong>da</strong> empresa. ConformeSÁNCHES (2006: 339), “po<strong>de</strong>-se propor a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> preferência para as medi<strong>da</strong>smitigadoras.”Evitar impactos e prevenir riscos↓Reduzir ou minimizarimpactos negativos↓Compensar impactos negativos quenão po<strong>de</strong>m ser evitados ou reduzidos↓Recuperar o ambiente <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>do ao final <strong>de</strong>ca<strong>da</strong> etapa do ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> do empreendimentoFigura 01. Preferência no controle <strong>de</strong> impactos ambientais.Fonte: SÁNCHES (2006: 339).Neste sentido, a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> preferência na adoção <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s mitigadoras encontraamparo nos princípios <strong>de</strong> Direito Ambiental, bem <strong>como</strong> no or<strong>de</strong>namento jurídico sobre omeio ambiente. Por exemplo, a preferência para “evitar impactos e prevenir riscos” está emconsonância com o art. 9.º <strong>da</strong> Lei n.º 6.938/81, inciso I - “o estabelecimento <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong>quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>ambiental</strong>”. A<strong>de</strong>mais, o inciso V reforça a ação preventiva: “os incentivos àprodução e instalação <strong>de</strong> equipamentos e a criação ou absorção <strong>de</strong> tecnologia, voltados para amelhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>ambiental</strong>.” Assim, essa preferência, alicerça<strong>da</strong> na legislação, aten<strong>de</strong>aos princípios <strong>da</strong> prevenção e <strong>da</strong> cooperação entre os povos do Direito Ambiental.O art. 225, inciso V, <strong>da</strong> CF/88, oferece, nos planos <strong>de</strong> gestão <strong>ambiental</strong>, quando sepassa à segun<strong>da</strong> preferência, em uma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> quatro, <strong>como</strong> a estabeleci<strong>da</strong> por SÁNCHES(2206: 339) – “reduzir ou minimizar impactos negativos” –, o embasamento jurídiconecessário: “controlar a produção, a comercialização e o emprego <strong>de</strong> técnicas, métodos e


94substâncias que comportem risco para a vi<strong>da</strong>, a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> e o meio ambiente”, ouseja, propugna-se pelo princípio do <strong>de</strong>senvolvimento sustentável do Direito Ambiental.“As condutas e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s lesivas ao meio ambiente sujeitarão osinfratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<strong>da</strong> obrigação <strong>de</strong> reparar os <strong>da</strong>nos causados (CF/88, art. 225, § 3.º)”. Dessa forma, “compensarimpactos negativos que não po<strong>de</strong>m ser evitados ou reduzidos”, no rol <strong>de</strong> preferência nocontrole <strong>de</strong> impactos ambientais, ain<strong>da</strong> na acepção <strong>de</strong> SÁNCHES (2006: 339), encontra econos princípios do poluidor-pagador e <strong>da</strong> compensação do Direito Ambiental.Por fim, a quarta medi<strong>da</strong> mitigadora, na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> preferência estabeleci<strong>da</strong> porSÁNCHES (2006; 339), “recuperar o ambiente <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>do ao final <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> etapa do ciclo <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> do empreendimento”, é, basicamente, o que estabelece a Política Nacional do MeioAmbiente (Lei. n.º 6.938/81), em seu art. 2.º caput: “... tem por objetivo a preservação,melhoria e recuperação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>ambiental</strong> propícia à vi<strong>da</strong> ..., atendidos os seguintesprincípios ... (inciso VIII) recuperação <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gra<strong>da</strong><strong>da</strong>s”, que se coaduna com o princípio<strong>da</strong> reparabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do <strong>da</strong>no <strong>ambiental</strong> do Direito Ambiental.As condicionantes ambientais são as medi<strong>da</strong>s mitigadoras e/ou medi<strong>da</strong>scompensatórias aplica<strong>da</strong>s pelo Po<strong>de</strong>r Público a empreendimentos que tiveram que adotarprocedimentos que mitigassem ou compensassem seus respectivos impactos socioambientais,ao longo do processo <strong>de</strong> obtenção <strong>da</strong>s suas respectivas licenças ambientais (LP, LI e/ou LO,inclusive na LOC).Medi<strong>da</strong>s compensatórias: termo utilizado na área <strong>ambiental</strong> para <strong>de</strong>signar asmedi<strong>da</strong>s implementa<strong>da</strong>s <strong>como</strong> compensação por impactos ambientais negativos,especialmente custos sociais que não po<strong>de</strong>m ser evitados, uso <strong>de</strong> recursosambientais não renováveis e impactos ambientais irreversíveis. As medi<strong>da</strong>scompensatórias po<strong>de</strong>m ser pratica<strong>da</strong>s em favor <strong>de</strong> outro fator <strong>ambiental</strong> diferente<strong>da</strong>quele contra o qual foi praticado o impacto. Nesses casos po<strong>de</strong> ocorrer, porexemplo, que um impacto <strong>ambiental</strong> sobre o meio físico seja compensado por umamedi<strong>da</strong> adota<strong>da</strong> para beneficiar o meio socioeconômico, em função <strong>da</strong> conseqüênciado impacto sobre este último meio.” MAZZINI 72 .A respeito <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s compensatórias, que se encontram regulamenta<strong>da</strong>s na Lei doSistema Nacional <strong>de</strong> Uni<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Conservação (Lei n.º 9.985/2000), tem-se, no Art. 36: “Noscasos <strong>de</strong> licenciamento <strong>ambiental</strong> <strong>de</strong> empreendimentos <strong>de</strong> significativo impacto <strong>ambiental</strong> ...,o empreen<strong>de</strong>dor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção <strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> conservação72 MAZZINI, Ana Luiza Dolabela <strong>de</strong> Amorim. Dicionário educativo <strong>de</strong> termos ambientais. Belo Horizonte: A.L. D. Amorim Mazzini, 2004, p. 228. MAZZINI, Ana Luiza Dolabela <strong>de</strong> Amorim. Dicionário educativo <strong>de</strong>termos ambientais. Belo Horizonte: A. L. D. Amorim Mazzini, 2004, p. 228.


95do Grupo <strong>de</strong> Proteção Integral.” 73 Esta Lei manteve o percentual mínimo <strong>de</strong> 0,5% doscustos totais previstos para a implantação do empreendimento a ser aplicado em uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>conservação, cabendo ao órgão licenciador eventualmente estabelecer percentual maior, <strong>de</strong>acordo com o grau do impacto <strong>ambiental</strong> causado. No entanto, não existe regra clara para oestabelecimento do montante a ser empregado na compensação. A<strong>de</strong>mais, a ResoluçãoConama n.º 357/2006 <strong>de</strong>talhou a aplicação dos recursos <strong>da</strong> compensação <strong>ambiental</strong>(SÁNCHES, 2006: 349-349).73 O Grupo <strong>de</strong> Proteção Integral inclui os tipos <strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservação <strong>de</strong> maior restrição para o uso direto,<strong>como</strong> os parques nacionais, estações ecológicas, reservas biológicas, monumentos naturais e refúgios <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>silvestre (SÁNCHES, 2006: 348).


4.1 - O Direito Ambiental nas empresas96Para se ter uma visão mais ampla sobre o teor <strong>da</strong>s condicionantes impostas aempreendimentos potencialmente impactantes, foram analisados 13 processos <strong>de</strong>licenciamento junto à Semma e à Feam.4.1.1 - Análise <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s mitigadoras e/ou compensatórias <strong>de</strong> 13 empresas4.1.1.1 - Empresa: Ale Postos <strong>de</strong> Serviços Lt<strong>da</strong>. CNPJ 23.314.594/0006-15 - Posto EscolaPonteioLocalização: Rodovia BR 356, n° 20- KM 04. Bairro Santa Lúcia- BH/MGMedi<strong>da</strong> Mitigadora:Condicionantes para a Licença <strong>de</strong> Operação n.° 0068/05:1) comprovação do cumprimento <strong>da</strong>s condicionantes fixa<strong>da</strong>s pela BHTrans: projeto dosacessos <strong>de</strong> veículos e pe<strong>de</strong>stres, manutenção <strong>da</strong> sinalização horizontal e vertical em frenteao posto;2) comprovação <strong>da</strong> a<strong>de</strong>quação <strong>da</strong> drenagem pluvial implanta<strong>da</strong>: PCA, laudo <strong>da</strong> CopasaMG comprovando a conexão dos efluentes ao sistema <strong>de</strong> esgotamento sanitário público;3) a<strong>de</strong>quar o SASC ao art. 10 <strong>da</strong> Deliberação Normativa Comam n.° 32/00 (tanques emonitoramento intersticial): comprovação ou contratação <strong>da</strong> EPAE, apresentar nome <strong>da</strong>empresa coletora <strong>de</strong> óleos <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente cre<strong>de</strong>ncia<strong>da</strong> pela ANP, inclusive forma <strong>de</strong>acondicionamento <strong>de</strong>stes resíduos e informar o <strong>de</strong>stino dos <strong>de</strong>mais resíduos provenientes<strong>da</strong> caixa separadora <strong>de</strong> óleo e graxa.4) Realizar ensaio <strong>de</strong> estanquei<strong>da</strong><strong>de</strong> anual.Medi<strong>da</strong> Compensatória:De acordo com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, em BH não existem medi<strong>da</strong>scompensatórias em postos <strong>de</strong> abastecimentosQuadro 03 - Medi<strong>da</strong>s mitigadoras e compensatórias do Ale Postos <strong>de</strong> Serviços Lt<strong>da</strong>.Fonte: Processo n.° 01.055.107/03-47- Semma.Assim, tem-se assegurados os princípios do <strong>de</strong>senvolvimento sustentável, <strong>da</strong>precaução e <strong>da</strong> obrigatorie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> proteção <strong>ambiental</strong>.


4.1.1.2 - Empresa: Alsco Toalheiro Brasil Lt<strong>da</strong>.97Localização: Galpão situado em Zona <strong>de</strong> Gran<strong>de</strong>s equipamentos do Distrito Industrial doVale do Jatobá-BH/MG, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong> Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE).Medi<strong>da</strong> Mitigadora:O licenciamento <strong>ambiental</strong> <strong>de</strong>ste empreendimento foi feito <strong>de</strong> acordo com o art. 5.°, III, <strong>da</strong>DN 19/98 do Comam, posto que o mesmo foi construído antes <strong>da</strong> Lei n.º 7.277/97.Necessita <strong>de</strong> PCA e RCA, ao invés <strong>de</strong> EIA/RIMA. Assim, na LOC são condicionantes:1) apresentação do laudo do Corpo <strong>de</strong> Bombeiros relativo às condições <strong>de</strong> segurança <strong>da</strong>sinstalações;2) implantação <strong>de</strong> bacia <strong>de</strong> contenção e a compatibili<strong>da</strong><strong>de</strong> química, nos locais <strong>de</strong>armazenagem <strong>de</strong> óleo combustível e <strong>de</strong> produtos químicos;3) monitoramento <strong>da</strong>s emissões atmosféricas resultantes <strong>da</strong> queima <strong>de</strong> óleo combustível <strong>da</strong>cal<strong>de</strong>ira;4) a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pintura só po<strong>de</strong>rá ser exerci<strong>da</strong> após a implantação e funcionamentosatisfatório do sistema <strong>de</strong> exaustão <strong>da</strong> empresa;5) parecer favorável <strong>da</strong> Su<strong>de</strong>cap relativo ao esgotamento pluvial <strong>da</strong> empresa;6) entregar preenchido o formulário do processo para ca<strong>da</strong> resíduo com o intuito <strong>de</strong> sefazer o respectivo acompanhamento <strong>de</strong> sua movimentação pela Semma;7) apresentar laudo <strong>de</strong> análise do teor <strong>de</strong> percloroetileno na borra oleosa resultante <strong>da</strong>lavagem a seco;8) apresentar laudo <strong>de</strong> medição dos níveis <strong>de</strong> ruído <strong>de</strong> acordo com a legislação <strong>ambiental</strong>.Medi<strong>da</strong> Compensatória:Não tem.Quadro 04 - Medi<strong>da</strong>s mitigadoras e compensatórias <strong>da</strong> Alsco Toalheiro Brasil Lt<strong>da</strong>.Fonte: Processo: n.° 01.023480.00.78 e 01.122.133.99.28 <strong>da</strong> Semma.Assim, estão assegurados os princípios do <strong>de</strong>senvolvimento sustentável, <strong>da</strong>obrigatorie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> avaliação prévia em obras potencialmente <strong>da</strong>nosas ao meio ambiente, <strong>da</strong>precaução e <strong>da</strong> obrigatorie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> proteção <strong>ambiental</strong>.


984.1.1.3 - Empresa: Anglogold Ashanti Mineração Lt<strong>da</strong>: empreendimento Mina CuiabáCNPJ 42.138.891/0001-97Localização: Estra<strong>da</strong> Mestre Caetano s/ n.° - Sabará - MG.Medi<strong>da</strong> Mitigadora:Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>: expansão <strong>da</strong>s instalações industriais.Condicionantes <strong>da</strong> LI:1) programa <strong>de</strong> controle <strong>da</strong>s emissões atmosféricas- aspersão <strong>de</strong> água nos pisos; acessos nohorário <strong>da</strong>s 7 às 17 h;2) programa <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> efluentes líquidos: Efluentes oleosos - serão enviados para caixasseparadoras água-óleo, <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong>s normas <strong>da</strong> ABNT; impermeabilização do piso <strong>da</strong>s áreason<strong>de</strong> serão executa<strong>da</strong>s as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong> veículos e construção <strong>de</strong> canaletas<strong>de</strong> drenagem para direcionamento do efluente oleoso para as caixas separadoras <strong>de</strong> água eóleo; o efluente final tratado <strong>da</strong> caixa <strong>de</strong>verá ser lançado na drenagem natural, havendouma caixa <strong>de</strong> passagem para a coleta <strong>de</strong> amostras; o lado <strong>da</strong>s caixas separadoras assim<strong>como</strong> materiais contaminados com óleo <strong>de</strong>verão ser <strong>de</strong>stinados à reciclagem ou coprocessamento;efluentes sanitários serão direcionados para sistemas <strong>de</strong> tratamentocompostos <strong>de</strong> fossa séptica e filtro anaeróbio; o lado <strong>da</strong>s fossas é <strong>de</strong>stinado para a ETEArru<strong>da</strong>s; efluentes pluviais <strong>de</strong>correntes <strong>da</strong>s chuvas <strong>de</strong> incidência na área <strong>de</strong> trabalho serãodirecionados para drenagens naturais; programa <strong>de</strong> resíduos sólidos e suas <strong>de</strong>stinação final;medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> controles <strong>de</strong> ruídos para intensificar as já existentes; sistema <strong>de</strong> proteção <strong>de</strong>rejeitos; novos pontos <strong>de</strong> monitoramento hídrico e <strong>de</strong> efluentes <strong>de</strong>vido à expansão erecobrimento <strong>da</strong>s superfícies <strong>de</strong>snu<strong>da</strong>s.Medi<strong>da</strong> Compensatória:1) Enriquecimento florístico e reabilitação <strong>de</strong> 1 ha <strong>de</strong> Cerrado, localizado no ParqueMunicipal Natural Chácara do Lessa;2) Criação <strong>de</strong> um centro <strong>de</strong> Educação Ambiental <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma APAQuadro 05 - Medi<strong>da</strong>s mitigadoras e compensatórias <strong>da</strong> AngloGold Ashanti Mineração Lt<strong>da</strong>: empreendimentoMina Cuiabá.Fonte: Processo Feam/Copam n.° 89/1985/035/2005.Assim, estão assegurados os princípios do <strong>de</strong>senvolvimento sustentável, <strong>da</strong>compensação, “in dúbio pro natura” e <strong>da</strong> educação <strong>ambiental</strong>.


4.1.1.4 - Empresa: Carrefour Comércio e Indústria Lt<strong>da</strong> - Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> Pampulha 74 .99Localização: Av. Presi<strong>de</strong>nte Carlos Luz, n.° 4055. B. Pampulha - BH/MGMedi<strong>da</strong> Mitigadora:Compromissos entre Carrefour e PBH (1.ª fase), TAC (2.ª fase) e na LO:1) implantação <strong>de</strong> área jardina<strong>da</strong>;2) caixa <strong>de</strong> retenção <strong>de</strong> águas pluviais;3) complementação <strong>da</strong>s obras viárias;4) plano <strong>de</strong> segurança;5) estudo técnico <strong>da</strong> ilha <strong>de</strong> calor: sugere o plantio <strong>de</strong> árvores em dois pontos;6) tratamento térmico anti-reflexo;7) plano <strong>de</strong> comunicação social;8) implantação do Parque Dona Clara;9) alargamento <strong>da</strong> pista <strong>da</strong> Av. Pres. Carlos Luz (Praça Usiminas à Av. Alfredo Camaratti);10) alargamento <strong>da</strong> Rua Conceição do Mato Dentro;11) alargamento <strong>da</strong> via entre a Av. Carlos Luz e R. Des. Paulo Mota;12) drenagem pluvial <strong>da</strong> Av. Presi<strong>de</strong>nte Carlos Luz;13) laudo <strong>da</strong> Copasa: instalação do Sistema <strong>de</strong> Esgotamento;14) manual <strong>de</strong> operação <strong>da</strong> ETE e monitoramento dos efluentes (uma análise mensal);15) estudo <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s econômicas tradicionais <strong>da</strong> área (informações complementares);16) conversão à esquer<strong>da</strong> (Centro-bairro): Av. Carlos Luz para a R. Conceição do M. Dentro;17) acesso ao Carrefour Pampulha dos veículos <strong>da</strong> Av. Carlos Luz, no sentido Centro-bairro,através <strong>de</strong> retorno no cruzamento com a Av. Alfredo Camaratti;18) tratamento adicional <strong>da</strong> interseção <strong>da</strong>s Av. Alfredo Camaratti e Otacílio Negrão <strong>de</strong> Lima;19) alargamento (3m) <strong>da</strong> R. Conceição do Mato Dentro: Posto Man<strong>da</strong>rim à Praça Mohamed;20) rua <strong>de</strong> pe<strong>de</strong>stre e “coul <strong>de</strong> sac”;21) acesso ao <strong>de</strong>ficiente físico;22) implantação <strong>de</strong> área <strong>de</strong> lazer e recreação <strong>da</strong> Rua Desembargador Paulo Mota;23) muro <strong>de</strong> segurança e microdrenagem entre a obra e o parque <strong>da</strong> R. Des. Paulo Mota;24) plantio <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>s;25) investimento <strong>de</strong> R$ 150.000,00 em parques e áreas ver<strong>de</strong>s;26) <strong>de</strong>mais <strong>de</strong>terminações do Comam e outros órgãos públicos.Medi<strong>da</strong> Compensatória:Não tem.Quadro 06 - Medi<strong>da</strong>s mitigadoras e compensatórias do Carrefour Com. e Ind. Lt<strong>da</strong>. - Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> Pampulha.Fonte: Processo: n.° 01.026.856.98.91 <strong>da</strong> Semma.74 Inaugura<strong>da</strong> em abril <strong>de</strong> 1998, a loja foi construí<strong>da</strong> em um terreno caracterizado pela presença <strong>de</strong> vegetação epela não ocupação em gran<strong>de</strong> parte. Durante a construção, houve problemas relacionados ao projeto e à<strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção <strong>ambiental</strong>, que implicaram o embargo <strong>da</strong>s obras e a cassação <strong>da</strong> Licença <strong>de</strong> Instalação. As obrasforam retoma<strong>da</strong>s após correções no projeto original e o cumprimento <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s compensatórias. O CarrefourPampulha foi o primeiro empreendimento em Belo Horizonte a se submeter à nova legislação <strong>ambiental</strong>,<strong>de</strong>termina<strong>da</strong> pelo Plano Diretor (PD/1996) e pela Lei <strong>de</strong> Produção, Ocupação e Uso do Solo (LPOUS/96).Baseado nessa regulamentação, o empreendimento foi classificado <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte e potencialmente poluidor,impondo ao empreen<strong>de</strong>dor a requisição <strong>da</strong>s três licenças ambientais: LP, LI e LO. O processo <strong>de</strong> licenciamentofoi polêmico e tumultuado: por ter sido o primeiro empreendimento envolvido com a nova legislação, gerouexpectativa nos profissionais que participaram do processo e angústia e ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> nos moradores do Bairro OuroPreto, local do hipermercado. Assim, três agentes atuaram no processo <strong>de</strong> licenciamento: o Grupo Carrefour,proprietário, o Estado (empregando a legislação <strong>ambiental</strong> e urbanística) e as associações comunitárias <strong>da</strong>região. In: PEREIRA, Soraya Roberta. (Re)Produção Espaço em BH: a intervenção do hipermercado CarrefourPampulha. Monografia (Bacharelado). IGC/UFMG, 2001.


100Dessa forma, estão assegurados os princípios do <strong>de</strong>senvolvimento sustentável, <strong>da</strong>supremacia do interesse público e <strong>da</strong> fusão socio<strong>ambiental</strong> <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>.4.1.1.5 – Empresa: Centro Universitário <strong>de</strong> Belo Horizonte (UNI-BH) - Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> Estoril IILocalização: Av. Professor Mário Werneck, 1.685, lotes 01 a 19 do quarteirão 21 do B.Buritis - BH/MG.Medi<strong>da</strong> Mitigadora:Des<strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2000 o empreendimento está em processo <strong>de</strong> regularização, mas somenteem 12 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2005 foi aberto o processo <strong>de</strong> regularização.LOC:1) apresentar pareceres conclusivos <strong>da</strong> BHTrans, SLU, Su<strong>de</strong>cap, SMARU e Copasa;2) apresentar relatório <strong>de</strong> Análise <strong>de</strong> Projetos <strong>de</strong> Geometria e Drenagem do Alargamento<strong>da</strong> R. José Rodrigues Pereira;3) apresentar os Planos <strong>de</strong> gerenciamento <strong>de</strong> Resíduos Especiais e Resíduos <strong>de</strong> Serviço <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong>, protocolizados na SLU e na Secretaria Municipal <strong>de</strong> Meio Ambiente;4) informações complementares do Projeto <strong>de</strong> Geometria e Drenagem do Alargamento <strong>da</strong>R. José Rodrigues Pereira;5) apresentação à Semma <strong>de</strong> relatório mensal <strong>de</strong>monstrando o cumprimento <strong>de</strong> oitocondicionantes <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s pelo Comam, <strong>de</strong>ntre elas, no prazo máximo <strong>de</strong> 60 dias,“conce<strong>de</strong>r estacionamento gratuito aos alunos, professores e funcionários, conforme oTAC a ser firmado com a SMRU”.Medi<strong>da</strong> Compensatória:1) Arcar com as obras e manutenção na Av. Mário Werneck, em frente ao empreendimento;2) retira<strong>da</strong> <strong>da</strong>s árvores em frente ao empreendimento e construir uma rotatória.Quadro 07 - Medi<strong>da</strong>s mitigadoras e compensatórias do Centro Universitário <strong>de</strong> Belo Horizonte (UNI-BH) -Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> Estoril II.Fonte: Processo: n.° 01.006.348/05-89 <strong>da</strong> Semma.Contudo, estão assegurados os princípios do Direito Ambiental, isto é, o princípio do<strong>de</strong>senvolvimento sustentável, <strong>da</strong> informação, <strong>da</strong> publici<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>da</strong> participação popular, além doprincípio <strong>da</strong> compensação.


1014.1.1.6 - Empresa: Estação Rádio Base (ERB): ERB BH e PUC (Pontifícia Universi<strong>da</strong><strong>de</strong>Católica)- Telemig Celular S.A. - CNPJ 02.320.739/0001-06Localização: Prédio 43, <strong>da</strong> PUC Minas, Campus Coração Eucarístico, implanta<strong>da</strong> no lote06 do quarteirão 038, na Av. Dom José Gaspar n.° 500. Bairro Dom Cabral/CoraçãoEucarístico, em BH/MG.Medi<strong>da</strong> Mitigadora:LI: protocolizar junto à Geolia o FCE visando obter a OLA.LO:1) relatório fotográfico <strong>da</strong>s antenas instala<strong>da</strong>s com a <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> harmonização estética com asfacha<strong>da</strong>s <strong>de</strong> acordo com a Lei n.º 8.210/01, art. 6.°, II.2) apresentar laudo radiométrico com a radiação total emiti<strong>da</strong> pelas antenas, acresci<strong>da</strong> <strong>de</strong>back ground para os mesmos pontos <strong>de</strong> medição especificados no PCA após aimplantação <strong>da</strong> ERB, com respectiva ART junto ao CREA-MG e certificado <strong>de</strong> calibraçãodos equipamentos.3) apresentar laudo <strong>de</strong> mediação dos níveis <strong>de</strong> pressão sonora, referente aos ruídosprovenientes do funcionamento dos equipamentos <strong>da</strong> estação <strong>de</strong> transmissão, frente àlegislação <strong>ambiental</strong> municipal em vigor, com respectiva ART junto ao CREA-MG ecertificado <strong>de</strong> calibração dos equipamentos.Medi<strong>da</strong> Compensatória:Executar o plantio <strong>de</strong> <strong>de</strong>z espécimes arbóreos sob orientação <strong>da</strong> Gerência <strong>de</strong> Jardins eÁreas Ver<strong>de</strong>s <strong>da</strong> Secretaria <strong>de</strong> Administração Regional Municipal Noroeste - SARMU-NOe conforme DN Comam n.° 09/92.Quadro 08 - Medi<strong>da</strong>s mitigadoras e compensatórias <strong>da</strong> Estação Rádio Base (ERB) BH e PUC Telemig CelularS.A..Fonte: Processo: n.° 01.093358/05-73 <strong>da</strong> Semma.Portanto, tem-se garantido os seguintes princípios do Direito Ambiental: o princípiodo <strong>de</strong>senvolvimento sustentável, <strong>da</strong> informação, <strong>da</strong> prevenção e <strong>da</strong> compensação.


4.1.1.7 - Empresa: Mineração Itajobi Lt<strong>da</strong>.102Localização: Fazen<strong>da</strong> Engenho d’Água - Município Rio Acima, MG.Medi<strong>da</strong> Mitigadora:Condicionantes para a LI:1) apresentar projetos <strong>de</strong> resgate <strong>de</strong> flora, contemplando coletas <strong>de</strong> sementes e resgate <strong>da</strong>sespécies <strong>de</strong> Cerrado, germinação e cultivo em viveiro e reintrodução em áreas naturaispróximas ao local do empreendimento;2) monitoramento <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s águas superficiais e efluentes na área doempreendimento;3) implantação <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> drenagem e contenção <strong>de</strong> sedimentos na área on<strong>de</strong> houverintervenção.Condicionantes para a LO:1) o sistema <strong>de</strong> tratamento sanitário na Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Britagem Espírito Santo <strong>de</strong>verá serotimizado, com implantação <strong>de</strong> filtros anaeróbios, segundo a norma técnica pertinente;2) <strong>de</strong>verão ser implementa<strong>da</strong>s as medi<strong>da</strong>s do RCA: programas <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> emissõesatmosféricas - os efluentes gerados na oficina <strong>de</strong>verão ser enviados para as caixasseparadoras <strong>de</strong> óleo; no programa <strong>de</strong> resíduos sólidos, <strong>de</strong>verão ser instalados elementos<strong>de</strong>stinados à reciclagem ou co-processamento; efluentes sanitários gerados nas áreasadministrativas e operacionais serão direcionados para sistemas <strong>de</strong> tratamentos compostos<strong>de</strong> fossa séptica e filtro anaeróbio; efluentes fluviais <strong>de</strong>correntes <strong>da</strong>s chuvas terão seu fluxocontrolado e direcionado para as drenagens naturais; para conter os ruídos, serão adota<strong>da</strong>smedi<strong>da</strong>s <strong>como</strong> portas e janelas <strong>de</strong> material acústico, atenuador acústico e barreirasacústicas; disposição <strong>de</strong> rejeitos: parte do rejeito será aproveita<strong>da</strong> com o enchimento <strong>de</strong>realces lavrados <strong>da</strong> mina subterrânea e outra parte será disposta em uma barragem <strong>de</strong>rejeitos; monitoramento hídrico e <strong>de</strong> efluentes para avaliar continuamente a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>ságuas superficiais, <strong>de</strong> efluentes líquidos e para verificar a eficácia <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> controle<strong>ambiental</strong>; programa <strong>de</strong> reabilitação <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gra<strong>da</strong><strong>da</strong>s com o recobrimento <strong>de</strong>superfícies <strong>de</strong>snu<strong>da</strong>s (previne e remedia os processos erosivos), por meio <strong>da</strong> imediatarevegetação;3) Apresentar Relatório <strong>de</strong> Desenvolvimento Ambiental sucinto.Medi<strong>da</strong> Compensatória:Não tem.Quadro 09 - Medi<strong>da</strong>s mitigadoras e compensatórias <strong>da</strong> Mineração Itajobi Lt<strong>da</strong>..Fonte: Processo: Feam/Copam n.° 038/94/01/94.Observa-se a guar<strong>da</strong> pelos princípios <strong>da</strong> prevenção, do <strong>de</strong>senvolvimento sustentável,<strong>da</strong> obrigatorie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> proteção <strong>ambiental</strong> e do poluidor-pagador do Direito Ambiental.


1034.1.1.8 - Empresa: Mineração Morro Velho Lt<strong>da</strong>. Empreendimento: Circuito <strong>de</strong> Raposos -Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Britagem Espírito SantoLocalização: Planta Industrial do Queiroz - Nova Lima, MG, Fazen<strong>da</strong> Rapaunha s/n.°,Bairro Galo, Nova Lima/MG.Medi<strong>da</strong> Mitigadora:Ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>: Exploração <strong>de</strong> ouro a céu aberto.LOC nas uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s: recebimento e estocagem <strong>de</strong> minério, moagem e gravimetria,espessamento <strong>da</strong> gravimetria, lixiviação, carvão em polpa.1) A empresa implantou, quanto à minimização <strong>da</strong> geração <strong>de</strong> efluentes e resíduos sólidos,o sistema <strong>de</strong> coleta seletiva <strong>de</strong> resíduos sólidos, bem <strong>como</strong> o sistema <strong>de</strong> abatimentos <strong>de</strong> pópara reduzir ou eliminar a geração <strong>de</strong> poeira durante o processo <strong>de</strong> britagem <strong>de</strong> minério.2) o sistema <strong>de</strong> fossas sépticas será otimizado, com implantação <strong>de</strong> filtro anaeróbio,segundo a ABNT;3) monitoramento <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s águas superficiais, subterrâneas e dos efluenteslíquidos;4) apresentar relatório <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho <strong>ambiental</strong> sucinto, consi<strong>de</strong>rando as condicionantes<strong>de</strong>ssa licença, as ações <strong>de</strong> PCA e RCA.Medi<strong>da</strong> Compensatória:Não tem.Quadro 10 - Medi<strong>da</strong>s mitigadoras e compensatórias <strong>da</strong> Mineração Morro Velho Lt<strong>da</strong>. Empreendimento: Circuito<strong>de</strong> Raposos - Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Britagem Espírito Santo.Fonte: Processo: Feam/Copam n.° 089/1985/027/2002.Prima-se pelo cumprimento dos princípios <strong>da</strong> prevenção, <strong>da</strong> precaução, do<strong>de</strong>senvolvimento sustentável, <strong>da</strong> obrigatorie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> proteção <strong>ambiental</strong> e <strong>da</strong> informação,todos, princípios do Direito Ambiental.


4.1.1.9 - Empresa: Paragem Shopping - Paragem Administradora <strong>de</strong> Shopping CenterLt<strong>da</strong>. 75 - (SMP Participações Lt<strong>da</strong>.)Localização: Av. Professor Mário Werneck n.° 1360. B. Buritis. BH/MG.104Medi<strong>da</strong> Mitigadora:Para a LO foram impostas as condicionantes:1) Em relação aos ruídos: s fontes geradoras <strong>de</strong> ruídos são as uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s con<strong>de</strong>nsadoras e oschillers do sistema <strong>de</strong> ar condicionado, bem <strong>como</strong> os lavadores <strong>de</strong> gordura <strong>da</strong>s cozinhas eos ventiladores <strong>da</strong>s coifas: assim, os equipamentos <strong>de</strong>vem ter tratamento acústico;2) Resíduos sólidos: implantação do Plano <strong>de</strong> gerenciamento dos resíduos especiais:implementação <strong>da</strong> coleta seletiva;3) Água e esgoto: <strong>de</strong>vem estar <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong>s normas <strong>da</strong> Copasa e o respectivo lançamento nare<strong>de</strong> pública;4) Drenagem pluvial: parate <strong>da</strong> água que não for diretamente infiltra<strong>da</strong> no solo <strong>de</strong>verá serdireciona<strong>da</strong> superficialmente para o sistema público e <strong>de</strong>verão ser implantados o sistema<strong>de</strong> coleta, condução, caixa <strong>de</strong> retenção, lançamentos e bocas <strong>de</strong> lobo;5) Paisagismo: projeto paisagístico que permita o tratamento a<strong>de</strong>quado <strong>da</strong>s áreas doempreendimento e que tenha funcionabili<strong>da</strong><strong>de</strong> assegura<strong>da</strong> na melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>ambiental</strong> do mesmo.6) Circulação: acessos, estacionamento (há uma vaga para ca<strong>da</strong> quatro poltronas docinema, totalizando 177 vagas), carga e <strong>de</strong>scarga, embarque e <strong>de</strong>sembarque para mitigar osimpactos <strong>da</strong> circulação.Medi<strong>da</strong> Compensatória:Manutenção <strong>de</strong> um Parque Ecológico no Bairro Buritis.Quadro 11- Medi<strong>da</strong>s mitigadoras e compensatórias do Paragem Shopping - SMP Participações Lt<strong>da</strong>..Fonte: Processo: n.° 01.159467-04-50 <strong>da</strong> Semma.Busca-se a tutela dos princípios <strong>da</strong> prevenção, do <strong>de</strong>senvolvimento sustentável, dopoluidor-pagador, <strong>da</strong> obrigatorie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> proteção <strong>ambiental</strong> e <strong>da</strong> compensação, do DireitoAmbiental.75 Data <strong>de</strong> Inauguração: 26/10/2005. Área total do terreno: 12.150,00 m². Área bruta locável: 3.151,65 m²(aproxima<strong>da</strong>). Número <strong>de</strong> lojas: 51 (aproximado). Número <strong>de</strong> vagas no estacionamento: 400 (aproximado).Número <strong>de</strong> salas <strong>de</strong> cinema: cinco do tipo stadium. Número <strong>de</strong> pavimentos: dois.http://www.intershopnegocios.com.br/shopping/paragem/ficha.htm acessado em 01 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2007.


4.1.1.10 - Empresa: Ponteio Lar Shopping - CNPJ 00.699.724/0001-75.105Localização: Quarteirão 406, lote 01, na BR-356 número 2.500. B. Santa Lúcia- BH/MG.Medi<strong>da</strong> Mitigadora:Ampliação do empreendimento: Licença <strong>ambiental</strong> n.° 1.461/06 - LI:1) apresentar parecer a Su<strong>de</strong>cap <strong>de</strong> aprovação do projeto <strong>de</strong> drenagem pluvial;2) apresentar parecer técnico emitido pela SLU, aprovando e liberando o uso do sistema <strong>de</strong>armazenamento <strong>de</strong> resíduos sólidos;3) apresentar e aprovar junto a BHTrans e ao DNIT, estudos e projetos executivos <strong>de</strong>tratamentos viários (projetos geométricos e <strong>de</strong> sinalização horizontal e vertical), visandoalargamento <strong>da</strong> pista <strong>da</strong> BR-356, no sentido Savassi/ Rio <strong>de</strong> Janeiro, no trecho em frente aoempreendimento, <strong>da</strong>ndo continui<strong>da</strong><strong>de</strong> às três faixas <strong>de</strong> tráfego existentes na BR-356, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>a Av. do Contorno até o trevo do BH Shopping;4) implantar projetos constantes <strong>da</strong> condicionante acima;5) apresentar <strong>de</strong>claração quanto à concepção do local on<strong>de</strong> serão dispostas as 200 novasvagas para o estacionamento <strong>de</strong> veículos leves;6) reformular o projeto arquitetônico junto à BHTrans e à SMARU, tendo em vista asseguintes diretrizes: a) representar as alterações implanta<strong>da</strong>s em relação aos projetosanteriormente aprovados e as ampliações previstas com a expansão, incluindo memória <strong>de</strong>cálculo <strong>de</strong> área líqui<strong>da</strong> e <strong>de</strong> ABL; b) <strong>de</strong>marcar, além <strong>da</strong>s 677 vagas existentes, 200 novasvagas para o estacionamento <strong>de</strong> veículos leves, reservando 6 vagas para portadores <strong>de</strong>mobili<strong>da</strong><strong>de</strong> reduzi<strong>da</strong>; c) as vagas <strong>de</strong>verão ser numera<strong>da</strong>s e cota<strong>da</strong>s e <strong>de</strong>verão possuirespaço <strong>de</strong> circulação e manobras a<strong>de</strong>quado; d) indicar a circulação dos veículos em to<strong>da</strong>área do estacionamento; e) avaliar a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ampliação do número <strong>de</strong> vagas paramotocicletas e prever vagas para bicicletas; f) representar as faixas <strong>de</strong> acumulação comextensão correspon<strong>de</strong>nte a 4% do número <strong>de</strong> vagas, ou seja, a extensão <strong>de</strong> 135 metros paravagas existentes e 40 metros para as novas vagas; g) prever pontos <strong>de</strong> controle, comcancela, no final <strong>da</strong> faixa <strong>de</strong> acumulação;7) apresentar para avaliação <strong>da</strong> BHTrans, estudos para a verificação <strong>da</strong> real <strong>de</strong>man<strong>da</strong> porvagas <strong>de</strong> carga e <strong>de</strong>scarga gera<strong>da</strong> pelo empreendimento atualmente e com a ampliaçãoprevista, visando a avaliação <strong>de</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> inclusão <strong>de</strong> novas vagas;8) apresentar para a avaliação <strong>da</strong> BHTrans diagnóstico <strong>da</strong>s atuais condições <strong>de</strong> circulação(conforto e segurança) e travessia dos pe<strong>de</strong>stres, na área frontal ao empreendimento, juntoà BR-356;9) reformular o projeto <strong>de</strong> acessos e <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> área frontal do shopping e aprovarjunto à BHTrans e ao DNIT, tendo em vista: a) ampliação <strong>da</strong> área <strong>de</strong>stina<strong>da</strong> a operação <strong>de</strong>carga e <strong>de</strong>scarga e <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> área <strong>de</strong> estocagem para caminhões, a partir dos resultadosdos estudos do item 7; b) melhoria <strong>da</strong>s condições <strong>de</strong> circulação dos pe<strong>de</strong>stres, tendo emvista as <strong>de</strong>ficiências constata<strong>da</strong>s no diagnóstico constante do item 8 e prevendo tratamentodos pontos <strong>de</strong> interseção dos fluxos <strong>de</strong> veículos e pe<strong>de</strong>stres e dos percursos até os PEDsexistentes na BR-356; c) tratamento do entorno dos PEDs existentes na BR-356 paramelhor a<strong>como</strong><strong>da</strong>r os usuários do transporte coletivo; d) prever alterações <strong>de</strong> geometria e <strong>de</strong>sinalização horizontal e vertical visando melhorias na canalização dos fluxos <strong>de</strong> veículos epe<strong>de</strong>stres, objetivando a organização <strong>da</strong> circulação e a restrição <strong>de</strong> manobras irregulares; e)regularização <strong>da</strong> geometria, próximo à entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> loja Ricardo Eletro, altera<strong>da</strong> <strong>de</strong> formairregular, permitindo ligação <strong>da</strong> área <strong>de</strong> estacionamento, em frente à referi<strong>da</strong> loja, com apista marginal <strong>da</strong> rodovia; f) a<strong>de</strong>quação <strong>da</strong> área <strong>de</strong> embarque e <strong>de</strong>sembarque;10) implantar os projetos <strong>da</strong> condicionante 9;11) realizar pesquisas <strong>de</strong> monitoração <strong>da</strong>s áreas <strong>de</strong> estacionamento e <strong>de</strong> carga e <strong>de</strong>scarga,


106conforme diretrizes <strong>da</strong> BHTrans, e apresentar estudos sobre sua ocupação, a ca<strong>da</strong> 60 dias,no período <strong>de</strong> 18 meses após a inauguração <strong>da</strong> expansão prevista, assumindo oempreen<strong>de</strong>dor o compromisso <strong>de</strong> buscar soluções no sentido <strong>de</strong> ampliar a oferta <strong>de</strong> vagas,caso a monitoração aponte tal necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>;12) evitar que as áreas <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>s ao estacionamento <strong>de</strong> veículos sejam utiliza<strong>da</strong>s para arealização <strong>de</strong> eventos ou outras ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que possam comprometer sua ocupação etransferir parte <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por estacionamento para a via pública;13) garantir a ausência <strong>de</strong> caminhões, no entorno do empreendimento, fora <strong>da</strong> área<strong>de</strong>stina<strong>da</strong> a este fim, na condição <strong>de</strong> espera por vaga para operação <strong>de</strong> carga e <strong>de</strong>scarga <strong>de</strong>mercadorias;14) disponibilizar as vagas <strong>de</strong> estacionamento e <strong>de</strong> carga e <strong>de</strong>scarga para aten<strong>de</strong>r a<strong>de</strong>man<strong>da</strong> gera<strong>da</strong> pela expansão do empreendimento, conforme condicionantes 6 e 9;15) as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e eventos a serem realizados no “Home Hall” (terraço) <strong>de</strong>verão respeitaros limites impostos pela legislação municipal referente à emissão <strong>de</strong> pressão sonora,especialmente após as 22 h.Medi<strong>da</strong> Compensatória:Condicionantes <strong>da</strong> LO:1) apresentar estudo <strong>de</strong> estado <strong>de</strong> conservação e estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do talu<strong>de</strong> ao longo <strong>da</strong> BR-356, na área em frente ao empreendimento.2) implantar um mirante com acesso ao público no alto <strong>da</strong> edificação, permitindo àpopulação a fruição <strong>da</strong> paisagem cênica;3) revitalizar o túnel Engenheiro Otávio Pinto <strong>da</strong> Silva, localizado na BR-356 em frete aoempreendimento e realizar a manutenção periódica do mesmo durante a operação doempreendimento, conforme Fotos 01 e 02.4) elaborar e implantar projeto paisagístico para o entorno do empreendimento, sendo queo mesmo <strong>de</strong>verá incluir tratamento paisagístico com inserção <strong>de</strong> forrações e espécimesarbóreos nativos <strong>da</strong> flora <strong>da</strong> Serra do Curral; retira<strong>da</strong> <strong>de</strong> alambrados e outdoors existentes<strong>de</strong>ntro do limite do Parque <strong>da</strong>s Nações e implantação <strong>de</strong> passeio para pe<strong>de</strong>stres ao longo <strong>da</strong>BR-356, nos trechos compreendidos entre o Posto Xuá e Posto Ale, que <strong>de</strong>verá serapresentado e aprovado pela Gerência <strong>de</strong> Patrimônio Histórico Urbano (GEPH).Quadro 12 - Medi<strong>da</strong>s mitigadoras e compensatórias do Ponteio Lar Shopping.Fonte: Processo: n.° 01.041469/02-89 <strong>da</strong> Semma.Fotos 01 e 02 - Medi<strong>da</strong> compensatória: manutenção do Túnel Engenheiro Otávio Pinto <strong>da</strong> Silva.Fonte: Liciane Faria Traverso Gonçalves.Nota-se a tutela dos princípios <strong>da</strong> prevenção, do <strong>de</strong>senvolvimento sustentável, <strong>da</strong>publici<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>da</strong> participação popular, <strong>da</strong> supremacia do interesse público, “in dubio pro


107natura”, <strong>da</strong> obrigatorie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> proteção <strong>ambiental</strong>, <strong>da</strong> função socio<strong>ambiental</strong> <strong>da</strong>proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong> compensação, todos, do Direito Ambiental.4.1.1.11 - Posto Luxemburgo S.A. (posto <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> combustíveis paraveículos).Localização: Rua Guaicuí, esquina <strong>de</strong> Rua Luiz Soares Rocha.Medi<strong>da</strong> mitigadora:Condicionantes:1- apresentar à SMRU projeto dos acessos compatibilizado com o Projeto Geométrico e <strong>de</strong>Sinalização <strong>de</strong>scrito no item seguinte;2- apresentar e aprovar, junto à BHTrans, projeto geométrico e <strong>de</strong> sinalização horizontal evertical na área <strong>de</strong> influência <strong>da</strong> interseção <strong>da</strong> Av. Guaicuí e Rua Luiz Soares <strong>da</strong> Rocha, notrecho compreendido entre as ruas Alves do Vale, Rua João Martins e Rua Professor JúlioMachado, consi<strong>de</strong>rando a implantação <strong>de</strong> rotatória nessa interseção;3- implantar o projeto dos acessos, aprovado pela BHTrans;4- implantar o projeto geométrico e <strong>de</strong> sinalização, aprovado junto à BHTrans.Medi<strong>da</strong> compensatória:Não tem.Quadro 13 - Medi<strong>da</strong>s mitigadoras e compensatórias do Posto Luxemburgo S..A..Fonte: Processo n.° 01-068669/03-60 - LI n.º 0073/03.Percebe-se a busca pelo cumprimento dos princípios <strong>da</strong> prevenção, do<strong>de</strong>senvolvimento sustentável, <strong>da</strong> supremacia do interesse público para a realização <strong>de</strong>stenegócio.


1084.1.1.12 - Empresa: Terra Santa Parque Cemitério - VHR Empreendimentos eParticipações Lt<strong>da</strong>. (VHREP) - CNPJ/MF n.° 04.997.348/0001-56.Localização: Sabará-MG, Rodovia MGT - 262 - Km 6.Medi<strong>da</strong> Mitigadora:Condicionantes LI:1) apresentar levantamento topográfico planialtímero do empreendimento na escala1:2000;2) apresentar estudo <strong>de</strong> <strong>de</strong>clivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s do empreendimento, i<strong>de</strong>ntificando os intervalos <strong>de</strong> 0 a30%, <strong>de</strong> 30% a 47%, em papel vegetal na escala 1:2000;3) apresentar mapeamento <strong>da</strong> re<strong>de</strong> hidrográfica local, i<strong>de</strong>ntificando as áreas <strong>de</strong>preservação, na escala 1:2000, conforme <strong>de</strong>creto Municipal n.° 258/2002;4) apresentar Anotações <strong>de</strong> Responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> Técnica (ART) dos projetos que não foramcom as respectivas ARTs;5) solicitar aos técnicos responsáveis dos projetos a assinatura dos mesmos;6) apresentar a cópia do projeto arquitetônico completo;7) apresentar estudos complementares <strong>de</strong> son<strong>da</strong>gem mecânica para a caracterização dosubsolo e que sejam suficientes e a<strong>de</strong>quados á área e caracterização do terreno;8) apresentar complementação dos estudos geológico/geotécnica, comprovando que o nívelmáximo do aqüífero freático, ao final <strong>da</strong> estação <strong>de</strong> maior precipitação pluviométrica, sesituam a 1,5 m do fundo <strong>da</strong>s sepulturas e distanciam 5m dos limites dos cursos d’água;9) apresentar nova caracterização geológica, hidrológica e geotécnica <strong>da</strong> área doempreendimento, tendo <strong>como</strong> bases os estudos acima solicitados;10) rever as medi<strong>da</strong>s mitigadoras para controle <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> poluição do lençol freático,tendo em vista as informações apresenta<strong>da</strong>s (RCA p. 54 a 57 do processo);11) apresentar estudos complementares <strong>da</strong> caracterização <strong>da</strong> cobertura vegetal, através <strong>da</strong>elaboração do Inventário Vegetacional <strong>da</strong> área do cemitério, incluindo um EstudoQuantitativo e Qualitativo <strong>da</strong>s Tipologias Vegetais <strong>da</strong>s áreas <strong>de</strong> Preservação e ÁreasVer<strong>de</strong>s, incluindo mapeamento com dimensionamento <strong>da</strong>s áreas na escala 1:2000;12) apresentar autorização <strong>da</strong> Semma para a supressão <strong>de</strong> espécimes arbóreos que tenhamsido i<strong>de</strong>ntificados no Inventário Vegetacional;13) caso esteja previsto a intervenção nas áreas <strong>de</strong> preservação, apresentar a anuência doIEF;14) reavaliar projeto urbanístico com indicação <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as áreas <strong>de</strong> sepultamento (recuomínimo <strong>de</strong> 5m em relação ao perímetro do cemitério), inclusive às áreas <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>s áprefeitura; indicação <strong>da</strong>s áreas ver<strong>de</strong>s, áreas non aecandi, <strong>da</strong> área do heliponto, número <strong>de</strong>vagas para estacionamentos, sanitários, uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> apoio, áreas <strong>de</strong> armazenagem <strong>de</strong>resíduos apresentando os limites <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> área na escala 1:2000;15) apresentar o quadro estatístico <strong>da</strong> distribuição <strong>de</strong> áreas propostas para oempreendimento, quadro com os parâmetros urbanísticos a serem adotados <strong>como</strong> a largura<strong>da</strong>s vias, pistas <strong>de</strong> rolamento, passeios, passagem <strong>de</strong> pe<strong>de</strong>stre, canteiros, <strong>de</strong>ntre outros equadro com geração <strong>de</strong> empregos em to<strong>da</strong>s as fases do empreendimento;16) informar local <strong>de</strong> bota-fora <strong>de</strong> material orgânico e inerte a serem utilizados nas obras<strong>de</strong> instalação, tendo em vista que o material orgânico não po<strong>de</strong>rá ser queimado;17) apresentar autorização <strong>da</strong> Semma para a execução do bota-fora;18) apresentar manifestação <strong>da</strong> empresa concessionária <strong>de</strong> energia elétrica na região, sobrea capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento à <strong>de</strong>man<strong>da</strong> a ser gera<strong>da</strong> pela implantação doempreendimento;19) apresentar solução <strong>da</strong>s questões referentes ao abastecimento <strong>de</strong> água e esgotamento


109sanitários;20) apresentar laudos <strong>de</strong> análise <strong>da</strong>s águas superficiais e subterrâneas <strong>da</strong> área doempreendimento, a montante e a jusante.Medi<strong>da</strong> Compensatória:Elaboração <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong> ação <strong>de</strong> Educação Ambiental e <strong>de</strong> Conscientização Ambientalcom objetivos, metas, ações previstas e cronograma <strong>de</strong> execução, que aten<strong>de</strong>rá,principalmente, a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> local, funcionários e escolas próximas à área doempreendimento.Quadro 14 - Medi<strong>da</strong>s mitigadoras e compensatórias do Terra Santa Parque Cemitério - VHR Empreendimentose Participações Lt<strong>da</strong>. (VHREP).Fonte: Processo: Co<strong>de</strong>ma n.° 1.485/05.Detecta-se o cumprimento dos princípios <strong>da</strong> prevenção, do <strong>de</strong>senvolvimentosustentável, <strong>da</strong> publici<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>da</strong> participação popular, <strong>da</strong> informação, <strong>da</strong> educação <strong>ambiental</strong> e<strong>da</strong> compensação na realização <strong>de</strong>sse empreendimento.


1104.1.1.13 - Empresa: Usina Hidrelétrica <strong>de</strong> Irapé, pertencente à Companhia Energética <strong>de</strong>Minas Gerais (Cemig) - CNPJ17155730/0001-64.Localização: Localiza<strong>da</strong> nos municípios <strong>de</strong> Berilo, José Gonçalves <strong>de</strong> Minas, Leme doPrado e Turmalina (margem direita do Rio Jequitinhonha) e Grão Mogol, Cristália eBotumirim (margem esquer<strong>da</strong> do Rio Jequitinhonha), em Minas Gerais.Para a LI:1) PCA;2) anotações <strong>de</strong> ART dos profissionais responsáveis pelos PCA;3) protocolo <strong>de</strong> pedido <strong>de</strong> licença <strong>de</strong> <strong>de</strong>smate junto ao IEF, conforme Nota Técnica AJU-NT-017/2001;4) certidão negativa <strong>de</strong> débito financeiro <strong>de</strong> natureza <strong>ambiental</strong>;5) cópia <strong>da</strong> Publicação <strong>da</strong> concessão <strong>da</strong> LP;6) outorga <strong>da</strong> concessão junto à Aneel;7) comprovante <strong>de</strong> recolhimento do custo <strong>de</strong> ressarcimento <strong>de</strong> análise do pedido <strong>de</strong>licenciamento <strong>ambiental</strong> no valor <strong>de</strong> R$ 6.992,48;8) cópia <strong>da</strong> publicação do requerimento <strong>da</strong> LI.PCA:1) submeter os estudos ambientais ao Ibama;2) a apresentação no PCA <strong>de</strong> todos os projetos relativos a serviços básicos <strong>de</strong>recomposição <strong>de</strong> infra-estrutura <strong>de</strong>ve-se fazer acompanhar <strong>de</strong> <strong>de</strong>claração <strong>da</strong>s prefeiturasmunicipais atestando sua concordância com as ações propostas;3) apresentar no PCA a comprovação <strong>da</strong> aquisição <strong>da</strong>s áreas necessárias à implantação doempreendimento: canteiro <strong>de</strong> obras, bota-fora, empréstimo e barramento;4) apresentar no PCA, para os produtores e famílias que optarem pela in<strong>de</strong>nização,comprovação <strong>de</strong> sua intenção em negociar os bens <strong>de</strong> sua proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> com oempreen<strong>de</strong>dor;5) quanto aos projetos <strong>de</strong> reassentamento e <strong>de</strong> relocação dos povoados <strong>de</strong>vem serobservados: comprovação <strong>da</strong> aquisição <strong>da</strong>s terras necessárias ao reassentamento <strong>da</strong>sfamílias e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s produtivas afeta<strong>da</strong>s e à relocação do povoado <strong>de</strong> Peixe Cru e parcialdo povoado <strong>de</strong> Man<strong>da</strong>ssaia; apresentar para aprovação <strong>da</strong> Feam, em período anterior àaquisição <strong>de</strong> terras, as áreas seleciona<strong>da</strong>s e os anteprojetos <strong>de</strong> reassentamentos e <strong>de</strong>relocação dos povoados; o reassentamento e a relocação dos povoados <strong>de</strong>vem estarconcluídos dois anos antes do início do enchimento do reservatório, permitindo tempohábil para sua avaliação e aplicação <strong>de</strong> eventuais medi<strong>da</strong>s corretivas; os ante projetos <strong>de</strong>reassentamento e relocação <strong>de</strong>vem conter: memorial <strong>de</strong>scritivo <strong>da</strong>s áreas, localização <strong>da</strong>sáreas no mapa, com referência dos núcleos urbanos e serviços próximos; lay out doparcelamento; anteprojeto arquitetônico <strong>da</strong>s casas, benfeitorias e equipamentoscomunitários; anteprojeto <strong>da</strong> infra-estrutura <strong>de</strong> saneamento básico; previsão do uso eocupação potenciais do solo; área <strong>de</strong> cultivo, produto e produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s espera<strong>da</strong>s; áreas <strong>de</strong>pastagem, capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> suporte, rebanho previsto; mecanismos e responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s pelaimplantação <strong>da</strong> infra-estrutura e operacionalização do programa; titulação <strong>da</strong>s terras aosreassentados; mecanismos <strong>de</strong> transferência <strong>da</strong> população/assistência social; alternativas <strong>de</strong>sustentação <strong>da</strong>s famílias até o pleno restabelecimento <strong>de</strong> suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s econômicas(colheita <strong>da</strong> primeira safra); assistência técnica; monitoramento do programa; referendum<strong>da</strong> Comissão dos atingidos pela Barragem <strong>de</strong> Irapé e <strong>da</strong>s Prefeituras Municipais; garantiràs famílias e produtores água para abastecimento doméstico (captação e transporte); áreas<strong>de</strong> cultivo já <strong>de</strong>stoca<strong>da</strong>s; acesso a núcleos urbanos em condições permanentes <strong>de</strong> tráfego;ressarcimento <strong>de</strong> bens intangíveis e <strong>de</strong> difícil valoração em bases monetárias; garantia <strong>de</strong>


acesso à terra aos meeiros, parceiros e agregados.Medi<strong>da</strong> Compensatória:Não tem.Quadro 15 - Medi<strong>da</strong>s mitigadoras e compensatórias <strong>da</strong> Usina Hidrelétrica <strong>de</strong> Irapé.Fonte: Processo: n.° 049017/2001/Feam. 76111Denota-se os princípios <strong>da</strong> prevenção, do <strong>de</strong>senvolvimento sustentável, <strong>da</strong>informação, <strong>da</strong> publici<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>da</strong> participação popular, <strong>da</strong> fusão socio<strong>ambiental</strong> <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> regulador <strong>de</strong>sse negócio.76 Irapé afeta 750 famílias que vivem em condições sociais, econômicas e culturais muito específicas, o que vemexigir, segundo a Feam, todo cui<strong>da</strong>do e cautela, tanto na verificação <strong>de</strong>ssas condições, <strong>como</strong> na avaliação <strong>da</strong>a<strong>de</strong>quação e suficiência <strong>da</strong>s novas áreas <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>s à realocação <strong>da</strong>s famílias para garantir a sua reproduçãosocial. A Usina <strong>de</strong> Irapé está em funcionamento e é o mais importante empreendimento já realizado no Vale doJequitinhonha, com investimentos que somam R$ 1 bilhão.


1125 - Sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>Respeitar o meio ambiente – pessoas, flora, fauna e recursos naturais, enfim, osecossistemas sociais, urbanos ou rurais, ou, ain<strong>da</strong>, <strong>de</strong> regiões consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s anecúmenas, <strong>como</strong>as áreas mais altas <strong>da</strong>s montanhas, on<strong>de</strong> o ar é rarefeito e o frio, intenso, ou os <strong>de</strong>sertos, aslatitu<strong>de</strong>s mais eleva<strong>da</strong>s próximas aos pólos, florestas equatoriais <strong>de</strong>nsas e uma diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ecossistemas oceânicos –, é, na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, um imperativo que vai além <strong>da</strong>s ações <strong>de</strong> grupos<strong>ambiental</strong>istas que surgiram após a II Guerra Mundial, sobretudo a partir <strong>de</strong> fins dos anos1950 e ao longo <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1960. 77Tais ecossistemas e a tênue atmosfera que os envolve, formando a biosfera, apesar <strong>da</strong>capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> recuperação <strong>da</strong> natureza, precisam estar equilibrados, constituindo um sóecossistema terrestre harmônico, <strong>como</strong> qualquer organismo vivo, para que se apresentesaudável, uma tarefa <strong>da</strong> Humani<strong>da</strong><strong>de</strong>. Para isso, portanto, não bastam ações isola<strong>da</strong>s, pontuaisque, se trazem em seu bojo importantes aspectos pe<strong>da</strong>gógicos, têm pouca eficácia imediataem face <strong>da</strong> rapi<strong>de</strong>z e intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> com que os impactos ambientais ocorrem no dia-a-dia e oseu <strong>de</strong>scolamento <strong>da</strong>s ações dos <strong>de</strong>mais membros <strong>da</strong>s diversas comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s.Como salientado anteriormente, as organizações empresariais, sobretudo as <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>porte e que provocam impactos ambientais muitas vezes <strong>de</strong> diversos tipos e intensi<strong>da</strong><strong>de</strong>,passaram a investir em ações volta<strong>da</strong>s para a prevenção, conservação, preservação erecuperação <strong>ambiental</strong>, tendência verifica<strong>da</strong> no Brasil, não é <strong>de</strong>mais reprisar, principalmente apartir <strong>da</strong>s duas últimas déca<strong>da</strong>s do século XX, reali<strong>da</strong><strong>de</strong> que se amplia neste início <strong>de</strong> terceiromilênio.77 “O <strong>ambiental</strong>ismo era encarado por muitos <strong>como</strong> uma tentativa <strong>de</strong> proteger tanto um estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>privilegiado quanto um conjunto <strong>de</strong> valores culturais elitistas. Mas, contra esse ponto <strong>de</strong> vista unilateral, foinecessário estabelecer a contribuição <strong>de</strong> um <strong>ambiental</strong>ismo ‘progressista’, o qual, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XIX,<strong>de</strong>nunciava a <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção <strong>ambiental</strong> <strong>da</strong>s áreas resi<strong>de</strong>nciais <strong>da</strong> classe operária, <strong>de</strong>stacava as ligações entrepoluição <strong>ambiental</strong>, pobreza e falta <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, e pugnava por abor<strong>da</strong>gens <strong>ambiental</strong>mente informa<strong>da</strong>s para aarquitetura e o planejamento urbano. A partir dos anos 1960, os termos do <strong>de</strong>bate sobre o meio ambiente têmsido radicalmente transformados por dois <strong>de</strong>sdobramentos principais: a integração <strong>da</strong> Ecologia científica aopensamento social e político e o reconhecimento do impacto global <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> econômica e social humana<strong>como</strong> ameaça à sobrevivência”. BENTON, Ted. Realism and social science. In: A Radical Philosophy Rea<strong>de</strong>r.Org. R. Edgley e P. Osborne. Nova York: Routledge, 1985.


113Assim, a priori, a observância pelas empresas <strong>da</strong>s disposições legais pertinentes aomeio ambiente tem origem na questão econômica. Afinal, atrasos na obtenção <strong>de</strong>licenciamentos, dispêndios com medi<strong>da</strong>s corretivas ou obras <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> <strong>da</strong>noscausados por aci<strong>de</strong>ntes ambientais ou pagamentos <strong>de</strong> multas por ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s ilegais ouprocedimentos operacionais ina<strong>de</strong>quados representam per<strong>da</strong>s para qualquer empreendimento.Ain<strong>da</strong> nesse aspecto, há outros interesses econômicos em jogo, consi<strong>de</strong>rando-se queorganismos <strong>de</strong> fomento internacional <strong>como</strong> o Banco Mundial (Bird) e o Banco Interamericano<strong>de</strong> Desenvolvimento (BID), além do Eximbank japonês, entre outras instituições, nãofinanciam projetos que não contenham ações volta<strong>da</strong>s para a gestão <strong>ambiental</strong> e asustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Por fim, e, indiretamente, também com implicações <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m econômica,estão as questões <strong>de</strong> segurança no ambiente <strong>de</strong> trabalho e <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s situa<strong>da</strong>s noentorno <strong>da</strong>s áreas <strong>de</strong> produção, sejam <strong>de</strong> que natureza for, mas causadoras <strong>de</strong> impactos.Fatores poluidores que possam causar moléstias e, conseqüentemente, licenças paratratamento <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, que<strong>da</strong> <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e autuações pela fiscalização dos órgãospúblicos também acabam por afetar os resultados <strong>da</strong> empresa. Assim <strong>como</strong>, em casos <strong>de</strong>organizações que elaboram produtos finais que, após saírem <strong>da</strong>s fábricas, vão direto paradistribuidores e lojas, <strong>como</strong> os alimentos, há a questão <strong>da</strong> imagem. Uma vez que a opiniãopública seja informa<strong>da</strong> sobre ações <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> empresa que possam afetar-lhe o bemestare a saú<strong>de</strong>, a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> per<strong>da</strong>s <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s não <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>spreza<strong>da</strong>. Consi<strong>de</strong>re-se,também, que há o marketing, que procura mostrar que este ou aquele produto foi elaborado <strong>de</strong>forma “ecologicamente correta” e que, em sua constituição, não há ingredientes nocivos àsaú<strong>de</strong>, <strong>como</strong> ocorreu, recentemente, com as gorduras trans que entravam nas fórmulas <strong>de</strong>inúmeros produtos. Sobre este ponto, CRESPO 78 , pesquisadora <strong>da</strong> USP, revela, em um artigosobre “Opinião Púbica”, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> constatar que a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira, em geral, ain<strong>da</strong> nãotem consciência plena a respeito <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> ações conjuntas e coor<strong>de</strong>na<strong>da</strong>s paracorreta gestão do meio ambiente:“Com relação ao consumo, aliás, temos boas notícias. É surpreen<strong>de</strong>nte o número <strong>de</strong>pessoas que alegam ler os rótulos dos produtos que compram e se sentirem maisdispostas a consumir produtos que afirmem ser produzidos <strong>de</strong>ntro dos padrõesambientais mais rigorosos. É crescente a atenção com as embalagens – 31% afirmaevitar produtos que venham embalados em isopor ou plástico –, e o marketingecológico, importante estratégia <strong>de</strong> negócios, funciona mesmo. Na<strong>da</strong> menos que81% <strong>de</strong>clararam se sentir mais motiva<strong>da</strong>s a comprar quando lêem que o produto foielaborado <strong>de</strong> maneira correta, do ponto <strong>de</strong> vista <strong>ambiental</strong>, e 73% se o produto é‘orgânico’ (cultivado sem produtos químicos). Mais <strong>da</strong> meta<strong>de</strong> <strong>da</strong> população não78 CRESPO, Samyra. Opinião Pública. In: Meio Ambiente no Século 21. Org. André Trigueiro. Rio <strong>de</strong> Janeiro:Sextante, 2003, p. 68-69.


114sabe o que são transgênicos (organismos geneticamente modificados). Ain<strong>da</strong>assim, mais <strong>de</strong> 70% consi<strong>de</strong>ram que eles trazem riscos à saú<strong>de</strong> e que seria melhornão consumi-los”.Por fim, há a questão <strong>da</strong>s certificações quanto à gestão <strong>ambiental</strong>, segurança e higieneno trabalho e transparência administrativa <strong>da</strong> empresa, bem <strong>como</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> organizaçãosindical <strong>de</strong> seus empregados, pontos que pesam – e muito –, sobretudo no caso <strong>da</strong>sorganizações exportadoras e <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s anônimas, com relação à cotação <strong>de</strong> suas ações enos processos <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> capital, com lançamento <strong>de</strong> novos papéis, no momento <strong>da</strong>concretização <strong>de</strong> negócios. O mercado internacional é exigente, em gran<strong>de</strong> parte, com relaçãoa estes pontos, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> os importadores originarem-se <strong>de</strong> países que ain<strong>da</strong> praticamum tipo <strong>de</strong> poluição consi<strong>de</strong>rado crucial para o futuro do planeta: os elevados índices <strong>de</strong>emissão <strong>de</strong> CO 2 que estariam acelerando o aquecimento global e provocando mu<strong>da</strong>nçasclimáticas preocupantes e <strong>de</strong> efeitos praticamente imprevisíveis.Seja <strong>como</strong> for e <strong>como</strong> ressalta Fernando Almei<strong>da</strong>, Presi<strong>de</strong>nte-Executivo do ConselhoEmpresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), em artigo intitulado‘Meio Ambiente – Negócios’, “embora ain<strong>da</strong> seja raro encontrar a questão <strong>ambiental</strong> trata<strong>da</strong><strong>de</strong> fato <strong>como</strong> parte integrante <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> – entendi<strong>da</strong> esta <strong>como</strong> resultado doequilíbrio entre as dimensões <strong>ambiental</strong>, econômica e social nos empreendimentoshumanos” 79 –, há fatos que geram otimismo para uma nova postura <strong>da</strong>s empresas com relaçãoà matéria:“O êxito do processo <strong>de</strong> construção <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> está diretamente ligado àconstrução do chamado mundo tripolar, no qual os resultados serão tanto maispalpáveis e consistentes quanto maior a integração entre empresa, governo esocie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil. A percepção <strong>de</strong> que a sobrevivência no competitivo mundoempresarial contemporâneo <strong>de</strong>man<strong>da</strong> o pensamento holístico integrador <strong>da</strong>s trêsdimensões propiciou ao setor <strong>de</strong> negócios responsável gran<strong>de</strong>s avanços entre 1992(ano <strong>da</strong> realização <strong>da</strong> Rio-92, no Rio <strong>de</strong> Janeiro) e 2002 (ano <strong>da</strong> realização <strong>da</strong>Rio+10, em Joanesburgo, África do Sul). Na Rio-92, apenas um lí<strong>de</strong>r empresarial, osuíço Stephan Schmidheiny, falou pelo setor. Na reunião <strong>de</strong> Joanesburgo, mais <strong>de</strong>1.000 presi<strong>de</strong>ntes e diretores <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s empresas se reuniram no Business Day,evento organizado pela Business Action for Sustainable Development, umainiciativa do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD) e <strong>da</strong>International Chamber of Commerce. Na ocasião, a própria Organização <strong>da</strong>s NaçõesUni<strong>da</strong>s recomendou formalmente que as parcerias entre governos e OrganizaçõesNão-Governamentais (ONGs) envolvam, também, as empresas”. 8079 ALMEIDA, Fernando. Meio Ambiente - Negócios. In: Meio Ambiente no Século 21. Org. André Trigueiro. Rio<strong>de</strong> Janeiro: Sextante, 2003, p. 124-125.80 ALMEIDA, Fernando. Meio Ambiente - Negócios. In: Meio Ambiente no Século 21. Org. André Trigueiro. Rio<strong>de</strong> Janeiro: Sextante, 2003, p. 124-125.


115A Cúpula <strong>da</strong> Rio+10, em Joanesburgo, estabeleceu o “Millennium DevelopmentGoals” (Metas <strong>de</strong> Desenvolvimento para o Milênio), em número <strong>de</strong> oito, que precisam seralcança<strong>da</strong>s até 2015, isto é, <strong>da</strong>qui a apenas oito anos. Várias <strong>de</strong>las vêm sendo persegui<strong>da</strong>s porempresas que incluíram em sua política <strong>de</strong> administração a gestão <strong>ambiental</strong> e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>como</strong>pontos essenciais.Sem embargo, a maioria <strong>da</strong>s oito metas encontra-se nas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> gestão <strong>ambiental</strong>e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>da</strong>s 14 empresas cujos relatórios <strong>da</strong> administração referentes a 2006 estãoanalisados nesta dissertação. São elas:1.ª meta - “reduzir à meta<strong>de</strong> o número <strong>de</strong> pessoas (estimado, em 2002, em 1,2 bilhão) quevivem com menos <strong>de</strong> um dólar por dia”. As empresas relaciona<strong>da</strong>s <strong>de</strong>senvolvem programasvoltados para a geração e/ou ampliação <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> nas comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s regiões em que atuam,por meio <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> formação e <strong>de</strong> treinamento, bem <strong>como</strong> organizando cooperativas <strong>de</strong>trabalho e condições para a comercialização <strong>da</strong> produção local.2.ª meta - “alcançar a educação primária universal (113 milhões <strong>de</strong> crianças no mundo nãofreqüentavam a escola há cinco anos)”. Igualmente, as empresas pesquisa<strong>da</strong>s, conforme operfil <strong>de</strong> seus empregados e <strong>da</strong>s populações que vivem no seu entorno, realizam programaseducacionais não só para crianças, mas, ain<strong>da</strong>, para jovens e adultos.3.ª meta - “promover a eqüi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> homens e mulheres (em 2002, dois terços dos analfabetosdo mundo eram mulheres e 80% dos refugiados, mulheres e crianças)”. No plano educacional,quase to<strong>da</strong>s as empresas pesquisa<strong>da</strong>s, <strong>como</strong> se afirmou nos comentários sobre a 2.ª meta,promovem cursos <strong>de</strong> alfabetização e qualificação profissional. Nenhuma <strong>de</strong>las, contudo, estáinseri<strong>da</strong> em qualquer programa <strong>de</strong> acolhimento ou apoio a refugiados, nem mesmo <strong>de</strong>mulheres e crianças. Mas, em nível <strong>de</strong> Brasil, há muitos refugiados, que foram recebidos comsuas famílias <strong>de</strong>s<strong>de</strong> antes <strong>da</strong> I Guerra Mundial, passando pela II Gran<strong>de</strong> Guerra e os conflitosno Su<strong>de</strong>ste <strong>da</strong> Ásia <strong>da</strong>s déca<strong>da</strong>s <strong>de</strong> 1950, 60 e 70, guerras civis na América Central e naÁfrica, golpes <strong>de</strong> Estado na América Latina e em outros continentes, além <strong>da</strong>s ações bélicasno Iraque, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Guerra do Golfo, <strong>de</strong> 1991. Atualmente, muitos refugiados trabalhamnormalmente em empresas ou têm seus próprios empreendimentos.4.ª meta - “reduzir em dois terços a mortali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> crianças com menos <strong>de</strong> cinco anos”. Comos programas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que realizam com seus empregados e nas comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s vizinhas,


116também a maioria <strong>da</strong>s 14 empresas estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s certamente está contribuindo para que essameta seja atingi<strong>da</strong>, ain<strong>da</strong> mais que programas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública e segurança alimentar, quandobem executados, vêm sendo responsáveis, no Brasil, pela que<strong>da</strong> dos índices <strong>de</strong> mortali<strong>da</strong><strong>de</strong>não só <strong>de</strong> crianças com menos <strong>de</strong> cinco anos, mas, <strong>da</strong>quelas com até um ano <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>,fazendo <strong>de</strong>clinar os índices <strong>de</strong> mortali<strong>da</strong><strong>de</strong> infantil.5.ª meta - “reduzir em dois terços a mortali<strong>da</strong><strong>de</strong> perinatal”. Mais uma vez, os programas<strong>de</strong>senvolvidos por quase to<strong>da</strong>s as empresas que tiveram seus relatórios <strong>da</strong> administraçãoreferentes ao exercício <strong>de</strong> 2006 esmiuçados apontam para cui<strong>da</strong>dos especiais com asgestantes, no pré-natal, e com os recém-nascidos, o que, igualmente, <strong>de</strong>ve estar contribuindopara o cumprimento <strong>da</strong> 5.ª meta estabeleci<strong>da</strong> pela Cúpula <strong>de</strong> Joanesburgo.6.ª meta - “combater a AIDS, a malária e outras doenças infecciosas, reduzindo à meta<strong>de</strong> onúmero <strong>de</strong> novos casos”. A Concepa, do grupo Triunfo Participações e Investimentos S.A.(TPI), e atual concessionária <strong>da</strong> rodovia Osório-Porto Alegre, no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, inseri<strong>da</strong>neste estudo, <strong>de</strong>senvolveu, em 2006, com investimentos próprios e aju<strong>da</strong> <strong>de</strong> voluntários,quase todos empregados <strong>da</strong> empresa, uma campanha <strong>de</strong> prevenção à AIDS e a outras DSTs,fazendo a distribuição, em suas praças <strong>de</strong> pedágio, <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 100 mil preservativos, além <strong>de</strong>outras ações no campo <strong>da</strong> educação sexual para adolescentes em escolas. As outras 13empresas pesquisa<strong>da</strong>s também se preocupam constantemente com a saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> seusempregados, <strong>de</strong> suas famílias e <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s que se localizam na área <strong>de</strong> influência <strong>de</strong>suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s.7.ª meta - “reduzir à meta<strong>de</strong> o número <strong>de</strong> pessoas sem acesso a água potável e introduzir oconceito <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável nas políticas públicas dos países-membros”. Istovem sendo feito no Brasil e as empresas pesquisa<strong>da</strong>s, muitas <strong>da</strong>s quais por serem pioneiras emparte <strong>da</strong>s áreas em que atuam, <strong>como</strong> no caso <strong>da</strong> Usiminas e a AngloGold Ashanti,contribuíram para a captação, tratamento e distribuição <strong>de</strong> água potável à população, quando opo<strong>de</strong>r público encontrava dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s para fazê-lo. Provavelmente, com os conclavesinternacionais sobre a matéria, os avanços tecnológicos, as pressões <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civilorganiza<strong>da</strong> sobre as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s produtivas e, certamente, com a força <strong>da</strong> lei para impedir que aação antrópica e os interesses econômicos se sobreponham ao respeito e ao a<strong>de</strong>quado uso dosrecursos naturais, não há <strong>como</strong> o po<strong>de</strong>r público ignorar o conceito <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentosustentável, não <strong>de</strong> forma romântica ou retórica, mas com a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e o


117enfrentamento técnico-científico que a questão impõe. Muitas empresas já caminhamnessa direção, <strong>como</strong> ressaltado anteriormente, ain<strong>da</strong> que <strong>de</strong> forma pragmática, mas comindiscutíveis benefícios socioambientais. O exemplo vem precisamente do setor que foi éain<strong>da</strong> é muito criticado por movimentos <strong>ambiental</strong>istas: o <strong>de</strong> mineração.8.ª meta - “<strong>de</strong>senvolver uma parceria global para o <strong>de</strong>senvolvimento que inclui assistênciaoficial para o <strong>de</strong>senvolvimento, acesso a mercados e redução <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> externa”. Esta é umameta que está na or<strong>de</strong>m do dia na economia brasileira, <strong>de</strong> modo especial para as empresasexportadoras. Das 14 empresas pesquisa<strong>da</strong>s, to<strong>da</strong>s, sem exceção, têm interesses no mercadoexterno, não só pela exportação <strong>de</strong> bens e serviços, <strong>como</strong> também pela questão cambial, jáque, com a apreciação do real, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> fins <strong>de</strong> 2005 frente ao dólar, elas têm perdidofaturamento e competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, com raras exceções, estas, em face <strong>da</strong> valorização <strong>de</strong> algumascommodities, <strong>como</strong> o minério <strong>de</strong> ferro e o alumínio, <strong>de</strong>corrente do aquecimento do mercadoprovocado pelo aumento <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> <strong>da</strong> China, que passa por um período <strong>de</strong> crescimento ataxas anuais <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 10%. To<strong>da</strong>s, entretanto, que exportaram em 2006, contribuíramconsi<strong>de</strong>ravelmente para que o superávit comercial brasileiro repetisse o êxito <strong>de</strong> 2005,superando os US$ 40 bilhões. A<strong>de</strong>mais, o País fechou o mês <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2007 com mais <strong>de</strong>US$ 100 bilhões em reservas cambiais. Mas, a dívi<strong>da</strong> externa, embora com seu perfilalongado por negociações dos últimos anos, mantém-se eleva<strong>da</strong> e a interna, <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> R$ 1trilhão, s. m. j., impagável no médio prazo.Não é <strong>de</strong>mais salientar o que ALMEIDA 81 sustenta em seu artigo:“A transparência vem se tornando chave para a sobrevivência no mundo empresarialcontemporâneo. Os stakehol<strong>de</strong>rs (partes interessa<strong>da</strong>s forma<strong>da</strong>s por pessoas ouinstituições que representam ou integram grupos que, <strong>de</strong> alguma forma, sãoafetados, positiva ou negativamente, pelas ações <strong>da</strong> empresa) crescentementeexigem mecanismos <strong>de</strong> diálogo para serem ouvidos. Mais <strong>de</strong> 2.000 companhias nomundo já apresentam rotineiramente relatórios <strong>de</strong> sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, documentosmais abrangentes que os tradicionais relatórios financeiros. No Brasil, o ConselhoEmpresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável publica, a ca<strong>da</strong> doisanos, seu Relatório <strong>de</strong> Sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> Empresarial, consoli<strong>da</strong>ndo os <strong>da</strong>dosrelativos ao <strong>de</strong>sempenho econômico, <strong>ambiental</strong> e social <strong>de</strong> suas associa<strong>da</strong>s.”Os Relatórios <strong>da</strong> Administração <strong>de</strong> 2006 <strong>da</strong>s empresas aqui relaciona<strong>da</strong>s consoli<strong>da</strong>mexatamente estes <strong>da</strong>dos quanto ao <strong>de</strong>sempenho econômico, <strong>ambiental</strong> e social, bem <strong>como</strong> os<strong>de</strong> suas associa<strong>da</strong>s ou controla<strong>da</strong>s, já que “a percepção contemporânea dos ativos <strong>de</strong> uma81 ALMEIDA, Fernando. Meio Ambiente - Negócios. In: Meio Ambiente no Século 21. Org. André Trigueiro.Rio <strong>de</strong> Janeiro: Sextante, 2003, p. 132.


118empresa vai muito além <strong>de</strong> imóveis e máquinas. Inclui bens intangíveis <strong>como</strong> reputação,marca, diálogo com os stakehol<strong>de</strong>rs e capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer parcerias com governos eorganizações <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil”, acrescenta ALMEIDA. 82De fato, as empresas estão atentas ao fato <strong>de</strong> que esses itens integram a extensa lista <strong>de</strong>critério do Índice Dow Jones <strong>de</strong> Sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, criado em 1999 para orientar osinvestidores internacionais a i<strong>de</strong>ntificar ações diferencia<strong>da</strong>s no mercado e <strong>da</strong>r preferência aempreendimentos que, a um só tempo, sejam sólidos e financeiramente rentáveis e estejamcomprometidos com o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável. ALMEIDA lembra que “as açõesincluí<strong>da</strong>s no Índice Dow Jones <strong>de</strong> Sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> chegam a valer, em média, 20% mais queas do Índice Dow Jones Tradicional”. Mas, adverte: “Para serem incluí<strong>da</strong>s no Índice DowJones <strong>de</strong> Sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, as empresas passam por rigorosa seleção e a participação é revistaanualmente. Dentre as três centenas que fazem parte do Dow Jones <strong>de</strong> Sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, cincosão brasileiras: Cemig, Itaú, Bra<strong>de</strong>sco, Petrobras e Aracruz Celulose”. 83 Não mais. Em 2006,além <strong>da</strong> Cemig e dos bancos Itaú e Bra<strong>de</strong>sco, uma quarta empresa incorporou-se a esse seletogrupo: a Petrobras. Explica-se o aparente <strong>de</strong>sencontro <strong>de</strong> informações. O artigo <strong>de</strong> ALMEIDAfoi publicado em 2003 e se referia ao Dow Jones <strong>de</strong> 2002. Depois disso, a Aracruz Celulose<strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> participar do índice e ingressou o Unibanco, que também não se manteve, em 2006.Afinal, quais os <strong>instrumento</strong>s para a sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> que uma empresa <strong>de</strong>ve adotar?Segundo ain<strong>da</strong> o Presi<strong>de</strong>nte-Executivo do Conselho Empresarial Brasileiro para oDesenvolvimento Sustentável, “grosso modo, a sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> empresarial é resultado <strong>da</strong>prática e mecanismos que visem à busca <strong>da</strong> ecoeficiência e ao exercício <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>social corporativa”. Justo o que procuram realizar as 14 empresas pesquisa<strong>da</strong>s para estadissertação, isto é, empregar o Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>ambiental</strong>, uma<strong>da</strong>s estratégias <strong>da</strong>s corporações objetivando não somente resultados econômico-financeiros,mas, também, respaldo <strong>da</strong> opinião pública e do mercado seletivo que canaliza seusinvestimentos para empreendimentos que operem em padrões <strong>de</strong> sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Nessesentido, as empresas esforçam-se para se alicerçar sobre três pilares: a ecoeficiência, aresponsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> social corporativa e a governança corporativa.As questões socioambientais, já que não há <strong>como</strong> dissociar o ambiente natural domodificado, “construído” pelo homem, são visíveis no dia-a-dia e, ao que tudo indica,82 ALMEIDA, Fernando. Meio Ambiente - Negócios. In: Meio Ambiente no Século 21. Org. André Trigueiro.Rio <strong>de</strong> Janeiro: Sextante, 2003, p. 132..83 ALMEIDA, Fernando. Meio Ambiente - Negócios. In: Meio Ambiente no Século 21. Org. André Trigueiro.Rio <strong>de</strong> Janeiro: Sextante, 2003, p. 132.


119doravante, <strong>de</strong>verão pautar as discussões nos âmbitos do Po<strong>de</strong>r Público, <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civilorganiza<strong>da</strong> e <strong>da</strong>s empresas, além <strong>de</strong> organismos internacionais <strong>como</strong> bancos <strong>de</strong> fomento,comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> países e a própria ONU, tal a dimensão que elas ganharam, em nível global, eos <strong>de</strong>sdobramentos que implicarão para as organizações que não observarem o or<strong>de</strong>namentojurídico sobre o meio ambiente. O Direito Ambiental é, pois, um dos mais importantes<strong>instrumento</strong>s <strong>de</strong> Gestão <strong>da</strong>s Organizações Contemporâneas.


6 - Empresas que aplicam o Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão120Foram examina<strong>da</strong>s 14 empresas, duas <strong>de</strong>las – Cemig e Petrobras – pertencentes ao grupo <strong>de</strong>apenas quatro organizações brasileiras que integram o Índice Dow Jones <strong>de</strong> Sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, criadoem 1999 e constituído por, aproxima<strong>da</strong>mente, 300 companhias <strong>de</strong> diversos países, o que po<strong>de</strong>valorizar as suas ações em até 20%. Todos os anos, o comportamento <strong>ambiental</strong> <strong>da</strong>s empresas que seencontram no índice é analisado, bem <strong>como</strong> o <strong>da</strong>s que aspiram a integrá-lo. A Companhia Energética<strong>de</strong> Minas Gerais (Cemig) obteve, em 2006, a sua sétima inserção consecutiva no índice.6.1 - Razão Social: AngloGold AshantiÁrea(s) <strong>de</strong> atuaçãoNa atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, é uma <strong>da</strong>s principais organizações produtoras mundiais <strong>de</strong> ouro, com 22operações em quatro continentes, em que extrai uma média anual <strong>de</strong> 17 tonela<strong>da</strong>s <strong>de</strong> ouro.No Brasil, sua se<strong>de</strong> é em Nova Lima, Minas Gerais.LocalizaçãoMunicípios <strong>de</strong> Sabará e Santa Bárbara, ambos em Minas Gerais, Crixás, em Goiás. EmSabará, explora a Mina Cuiabá e, em Santa Bárbara, a Mina Córrego do Sítio. Já emCrixás, explora a Mina Serra Gran<strong>de</strong>. A Mina <strong>de</strong> Morro Velho, em Nova Lima, produziuouro até 1983, quando foi <strong>de</strong>sativa<strong>da</strong>.Ação(ões) executa<strong>da</strong>(s)A Mina Cuiabá, localiza<strong>da</strong> em Sabará, terá sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produção amplia<strong>da</strong> e suavi<strong>da</strong> útil prolonga<strong>da</strong> para até 2019. Com investimentos <strong>de</strong> US$ 121 milhões, o projeto <strong>de</strong>expansão visa ao acesso dos corpos <strong>de</strong> minério i<strong>de</strong>ntificados nas pesquisas <strong>de</strong> son<strong>da</strong>gem eque contabilizam 60% dos recursos minerais totais <strong>da</strong> mina.“A expansão inclui melhorias na capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> transporte e prevê a construção <strong>de</strong> algumasetapas do processo metalúrgico no entorno <strong>da</strong> mina. To<strong>da</strong>s as ações serão feitas com oacompanhamento <strong>de</strong> especialistas para garantir os menores impactos ambientais e amanutenção <strong>de</strong> excelentes condições <strong>de</strong> trabalho no subsolo”.Na esgota<strong>da</strong> Mina <strong>de</strong> Morro Velho, em Nova Lima (MG), vêm sendo realizados trabalhos<strong>de</strong> drenagem e tratamento biológico do efluente constituído <strong>da</strong> água <strong>de</strong> chuva que infiltrano subsolo e atinge o interior <strong>da</strong> mina através <strong>de</strong> fraturas nas rochas. Como essa água temseu pH modificado pela ação <strong>de</strong> microorganismos presentes na mina, <strong>de</strong>sativa<strong>da</strong> em 1983,ela se torna imprópria para o consumo. Daí, a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tratá-la, para que possa ser<strong>de</strong>volvi<strong>da</strong> ao meio ambiente nos padrões permitidos para <strong>de</strong>scarte, “o que vem ocorrendo<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1999”.“A AngloGold Ashanti mantém em suas uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s operacionais reservas ambientais abertasao público, com enfoque em ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s educativas. Em Nova Lima (MG), por exemplo, oCentro <strong>de</strong> Educação Ambiental Harry Oppenheimer funciona <strong>como</strong> um espaço <strong>de</strong>aprendizagem para empregados, prestadores <strong>de</strong> serviço, estu<strong>da</strong>ntes e a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> em


121geral. O centro conta com uma ampla infra-estrutura (biblioteca, praça, lago, mirante eauditório, entre outros equipamentos) e abriga uma reserva <strong>de</strong> 147 ha <strong>de</strong> mata nativa, cujabiodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> é alvo <strong>de</strong> estudos <strong>da</strong> empresa. Em Crixás (GO), a Mineração Serra Gran<strong>de</strong>mantém preserva<strong>da</strong>s flora e fauna regionais no Centro <strong>de</strong> Preservação Ecológica, uma áreaver<strong>de</strong> com mais <strong>de</strong> 5 mil ha <strong>de</strong> mata nativa, incluindo viveiro <strong>de</strong> pássaros, viveiro <strong>de</strong>mu<strong>da</strong>s e área <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong> animais silvestres. Em Santa Bárbara (MG), a AngloGoldAshanti apoiou a construção do Centro <strong>de</strong> Educação Ambiental Parque Recanto Ver<strong>de</strong>,aberto à comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>”.“A ação responsável para com o meio ambiente é um valor essencial na atuação do grupo.Por essa razão, a AngloGold Ashanti conta com um corpo técnico <strong>da</strong> melhor qualificação<strong>de</strong>dicado ao aprimoramento contínuo <strong>da</strong> gestão <strong>ambiental</strong>. A excelência do trabalhorealizado é comprova<strong>da</strong> pela Certificação ISO 14001, obti<strong>da</strong> por suas operações no Brasil ena Argentina”.“A empresa mantém, ain<strong>da</strong>, uma série <strong>de</strong> programas voltados para a valorização esegurança <strong>de</strong> seus empregados e famílias, bem <strong>como</strong> <strong>de</strong> promoção <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>diversas comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Trata-se <strong>de</strong> programas <strong>como</strong> o ‘Trainee: preparando profissionaispara o mercado <strong>de</strong> trabalho’. O programa garante aos recém-formados a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>atuarem em suas respectivas áreas, participando <strong>da</strong> estrutura <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> empresa, cujosvalores ultrapassam as fronteiras do conhecimento técnico e teórico aprendido na escola.Outro programa é o <strong>de</strong> ‘Capacitação Técnica e Bolsa <strong>de</strong> Estudos: diferentes maneiras <strong>de</strong>investir na qualificação’. O Programa <strong>de</strong> Capacitação Técnica incentiva a formação,especialização e atualização por meio <strong>de</strong> cursos elaborados especialmente para eles ea<strong>da</strong>ptados à reali<strong>da</strong><strong>de</strong> e às <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s internas <strong>da</strong> empresa. Já o Programa Bolsa <strong>de</strong> Estudosconce<strong>de</strong> subsídios para a realização <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> idiomas, graduação e pós-graduação,sem- pré que necessários. Essas ações representam para os trabalhadores a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>crescerem junto com a empresa”.“Por meio do Programa Empresa Aberta, a AngloGold Ashanti abre as portas <strong>de</strong> suasoperações para receber a visita dos trabalhadores e seus convi<strong>da</strong>dos, o que contribui parauma melhor compreensão <strong>da</strong> atuação <strong>da</strong> organização, além <strong>de</strong> estreitar a relação com afamília dos empregados. E, por intermédio dos programas Central <strong>de</strong> Idéias e Quadro <strong>de</strong>Melhoria Contínua, a mineradora apóia a participação <strong>de</strong> empregados, estagiários eterceirizados no aprimoramento contínuo <strong>da</strong>s áreas <strong>de</strong> segurança, saú<strong>de</strong> e meio ambiente.Da mesma forma, valoriza as condições <strong>de</strong> trabalho e os processos <strong>de</strong> produção”.“Em reconhecimento aos seus cui<strong>da</strong>dos com a segurança, meio ambiente e saú<strong>de</strong>ocupacional, as operações <strong>da</strong> AngloGold Ashanti na América do Sul conquistaram agraduação máxima na Certificação Internacional NOSA. A base do trabalho realizado é o‘Programa <strong>de</strong> Gerenciamento <strong>de</strong> Riscos (PGR)’”.Criado para difundir seus valores <strong>de</strong> segurança entre a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, o ‘Programa Esposas<strong>de</strong> Ouro’ vigora em to<strong>da</strong>s as operações <strong>da</strong> AngloGold na América do Sul e “já seconsolidou <strong>como</strong> uma importante ferramenta no processo <strong>de</strong> relacionamento empresaempregado.Por meio <strong>da</strong> participação voluntária, as esposas <strong>de</strong> empregados conhecem asinstalações <strong>da</strong> mineradora, acompanham o trabalho dos maridos, recebem treinamentos eorientações sobre segurança, saú<strong>de</strong> ocupacional, preservação <strong>ambiental</strong> e prevenção <strong>de</strong>aci<strong>de</strong>ntes. Em segui<strong>da</strong>, divulgam esses conhecimentos para os trabalhadores <strong>da</strong> empresa,vizinhos e amigos’, garantindo, também em casa, os cui<strong>da</strong>dos com a segurança e o meioambiente”.O fol<strong>de</strong>r institucional <strong>da</strong> AngloGold Ashanti registra que a empresa “busca sempre o<strong>de</strong>senvolvimento econômico <strong>da</strong>s regiões on<strong>de</strong> atua. Nova Lima e Sabará, em Minas Gerais,e San Julian, na Argentina, são ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s já efetivamente contempla<strong>da</strong>s com a criação <strong>de</strong>‘Agências <strong>de</strong> Desenvolvimento’ – instituições <strong>de</strong> fomento ao emprego e


122empreen<strong>de</strong>dorismo, pauta<strong>da</strong>s pela parceria entre setores públicos e privados, quediagnosticam e estu<strong>da</strong>m novas opções evocações para o <strong>de</strong>senvolvimento socioeconômicolocal. Em Raposos, município nas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Nova Lima, a empresa tem adotadoiniciativas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do cooperativismo para incremento <strong>da</strong> economia e <strong>da</strong>geração <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> para a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>”.“Em dia com a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> social, a AngloGold Ashanti promove o programa <strong>de</strong>voluntariado ‘De Mãos Da<strong>da</strong>s’, para que seus empregados doem parte <strong>de</strong> seu talento àcomuni<strong>da</strong><strong>de</strong>. As ações vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> inclusão digital até a mobilização conjunta <strong>de</strong>empregados e familiares para participação no ‘Dia V’, <strong>de</strong>dicado à soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong> voluntária.Um comitê <strong>de</strong> trabalhadores orienta o conjunto <strong>da</strong>s ações e os voluntários inscritos sãopreparados para o trabalho”.Ain<strong>da</strong> nessa linha comunitária, a empresa, “visando estreitar o relacionamento com ascomuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s vizinhas às suas operações, promove encontros com li<strong>de</strong>ranças <strong>de</strong> bairros, emque são discutidos temas <strong>de</strong> interesse, <strong>de</strong>finidos pelos próprios lí<strong>de</strong>res comunitários. Oprincipal objetivo do ‘Programa Boa Vizinhança’ é antecipar soluções a potenciaisproblemas <strong>de</strong> relacionamento com os moradores <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Nova Lima, Sabará,Santa Bárbara e entorno”.“Sempre atenta ao seu compromisso <strong>de</strong> valorizar as comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, a AngloGold Ashantiapóia diversas iniciativas <strong>de</strong> preservação do patrimônio histórico e cultural <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>son<strong>de</strong> atua. Com o co-patrocínio <strong>da</strong> empresa, Nova Lima foi beneficia<strong>da</strong> com a restauraçãoarquitetônica do Teatro Municipal. Além disso, a organização empresarial mantém naci<strong>da</strong><strong>de</strong> o Centro <strong>de</strong> Memória Morro Velho, um espaço sempre aberto ao público em geral,que preserva a antiga história <strong>da</strong> mineração local. A Casa Gran<strong>de</strong>, Pensão Retiro e o antigoHospital Morro Velho são outras preciosi<strong>da</strong><strong>de</strong>s preserva<strong>da</strong>s. Em Sabará, a empresafinanciou a revitalização do Museu do Ouro”.A AngloGold Ashanti insiste que “a parceria com as comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s on<strong>de</strong> atua e seu entornoé basea<strong>da</strong> no respeito. Como prova disso, a Mineração Serra Gran<strong>de</strong> (GO) realiza diversasações em benefício <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s on<strong>de</strong> opera. Um bom exemplo é o do judoca e<strong>de</strong>ficiente visual Hél<strong>de</strong>r Maciel que, patrocinado pela empresa, participou <strong>de</strong> diversascompetições mundiais, além <strong>da</strong>s Paraolimpía<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Atlanta, há 11 anos. Na área <strong>de</strong>Educação, a Serra Gran<strong>de</strong> apóia a Creche Municipal Arco-íRis, firmou parceria com oSistema <strong>de</strong> Ensino COC, passando a oferecer uma estrutura escolar <strong>de</strong> excelente quali<strong>da</strong><strong>de</strong>.A Mineração Serra Gran<strong>de</strong> também financiou a construção <strong>de</strong> uma nova se<strong>de</strong> para a APAE<strong>de</strong> Crixás e colabora permanentemente com a instituição, garantindo melhor quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> não só para os alunos e suas famílias, mas também para to<strong>da</strong> a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>”.Proprietária <strong>da</strong>s maiores extensões territoriais do município <strong>de</strong> Nova Lima, a AngloGoldAshanti vem, nos últimos anos, em parceria com empreen<strong>de</strong>dores do setor imobiliário,lançando loteamentos para as classes média e alta, na forma <strong>de</strong> “condomínios fechados”,embora ca<strong>da</strong> projeto contemple áreas <strong>de</strong> preservação <strong>ambiental</strong>, rígi<strong>da</strong>s normas <strong>de</strong>construção e a empresa garanta que os impactos ambientais serão “muito pequenos”.Para especialistas em análise <strong>ambiental</strong>, no entanto, a abertura <strong>de</strong>sses loteamentos estáafetando ecossistemas <strong>como</strong> o Cerrado e a Mata Atlântica, que predominam em NovaLima, ao lado <strong>de</strong> uns poucos campos <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. Com a ação impactante nessesecossistemas, a biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> vem sendo comprometi<strong>da</strong>, ain<strong>da</strong> mais que as áreas naturaispara um sem-número <strong>de</strong> animais e vegetais se encontram entrecorta<strong>da</strong>s e reduzi<strong>da</strong>s. Surge,hoje, uma gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> animais em antigos condomínios, <strong>como</strong> o Vila Del Rey eo Vila Castela, expulsos <strong>de</strong> seus territórios nativos e, certamente, à procura <strong>de</strong> alimentos.A expansão urbana para áreas <strong>de</strong> mata preserva<strong>da</strong>s pela AngloGold Ashanti até duas outrês déca<strong>da</strong>s atrás po<strong>de</strong> comprometer, entretanto, os esforços realizados em Nova Limavoltados para a sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. A discussão do assunto, to<strong>da</strong>via, parece proibi<strong>da</strong> na


123empresa, mas os impactos ambientais visíveis <strong>de</strong>verão inserir, na pauta <strong>ambiental</strong> <strong>da</strong>Região Metropolitana <strong>de</strong> Belo Horizonte, a proliferação <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> ocupação. Restasaber quando isso ocorrerá e se haverá tempo para impedir novos e irreversíveis <strong>da</strong>nos.Quadro 16 - O Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> AngloGold Ashanti.Fonte: Fol<strong>de</strong>r <strong>da</strong> AngloGoldAshanti,6.2 - Razão Social: SotreqÁrea(s) <strong>de</strong> atuaçãoRepresentante do grupo Caterpillar (equipamentos pesados), atuando no atendimentoespecializado aos segmentos <strong>de</strong> mineração, construção civil e pesa<strong>da</strong>, <strong>de</strong> energia,petrolífero, marítimo, industrial e agroflorestal.LocalizaçãoCom 32 filiais e sucursais, opera em 75% do território nacional, embora tenha a sua se<strong>de</strong>na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro.Ação(ões) executa<strong>da</strong>(s)Segundo a Sotreq, a empresa “ganhou maior soli<strong>de</strong>z em suas ações, práticas e estratégiasnas áreas <strong>de</strong> segurança, saú<strong>de</strong> e meio ambiente em 2006 e que, através do Instituto SocialSotreq (ISO), a organização vem incorporando práticas <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> social <strong>de</strong> modosistemático e estruturado, <strong>de</strong>senvolvendo programas <strong>de</strong> educação, capacitação profissionale ações sociais às comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, respeitando e valorizando o ser humano”.Associa<strong>da</strong> a Caterpillar, a Sotreq apóia o Instituto Floresta Tropical, com se<strong>de</strong> em Belém,que dissemina práticas <strong>de</strong> manejo sustentável <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira nativa na Amazônia, assim <strong>como</strong>promove ações culturais e educativas que buscam inibir impactos sobre recursos naturais.Por meio <strong>de</strong> seu pessoal <strong>de</strong> engenharia mecânica estimula o uso <strong>de</strong> fontes alternativas <strong>de</strong>energia, auxiliando na redução do efeito estufa.Ain<strong>da</strong> com foco no meio ambiente, a Sotreq construiu, em 2006, uma estação <strong>de</strong>tratamento <strong>de</strong> efluentes em sua maior filial, em Contagem (MG), permitindo a reutilização<strong>de</strong> 100% <strong>da</strong> água consumi<strong>da</strong> nos processos <strong>de</strong> lavagem e reparo <strong>de</strong> máquinas. A Sotreqplaneja construir uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>como</strong> essa em to<strong>da</strong>s as suas maiores instalações”.Quadro 17 - O Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> Sotreq.Fonte: Balanço Anual (Relatório <strong>da</strong> Administração) referente a 2006, publicado no jornal “VALOREconômico”, p. A 9, edição <strong>de</strong> 26/4/2007.Percebe-se a busca pelo cumprimento dos princípios <strong>da</strong> prevenção, do<strong>de</strong>senvolvimento sustentável, <strong>da</strong> supremacia do interesse público para a realização <strong>de</strong>stenegócio.


6.3 - Razão Social: Andra<strong>de</strong> Gutierrez S.A.124Área(as) <strong>de</strong> atuaçãoHolding que controla empresas <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> engenharia, construção e concessão <strong>de</strong>serviços públicos e serviços na área <strong>de</strong> telecomunicações.LocalizaçãoA Andra<strong>de</strong> Gutierrez atua no Brasil e no exterior. Na <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> 31/12/06, <strong>de</strong>tinha contratos novalor <strong>de</strong> R$ 5,2 bilhões no Brasil e <strong>de</strong> R$ 3 bilhões no exterior.Ação(ões) executa<strong>da</strong>(s)O ano <strong>de</strong> 2006 foi marcado na Andra<strong>de</strong> Gutierrez pela implantação <strong>da</strong> metodologia doBalanced Scorecard (SC), pelo aprimoramento do Sistema <strong>de</strong> Gestão Integra<strong>da</strong> (SGI) e pelaconsoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> norma <strong>de</strong> Responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> Social SA 8000.O SGI foi recertificado segundo as normas ISO 9001 (Quali<strong>da</strong><strong>de</strong>) e ISO 14001 (MeioAmbiente) e especificação OHSAS 18001 (Segurança do Trabalho e Saú<strong>de</strong> Ocupacional),assim <strong>como</strong> seu Sistema <strong>de</strong> Gestão <strong>de</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> pelo Sistema <strong>de</strong> Avaliação <strong>da</strong>Conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Empresas e Obras <strong>da</strong> Construção Civil (SIAC) no Programa Brasileiro <strong>de</strong>Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e Produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> – Habitat (PBQP-H), para o escopo <strong>de</strong> Saneamento Básico,certificação compatível a todos os Programas Setoriais do Brasil.O grupo manteve a certificação <strong>de</strong> seu sistema <strong>de</strong> gestão, com base na norma internacional<strong>de</strong> Responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> Social, SA 8000.Quadro 18 - O Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> Andra<strong>de</strong> Gutierrez S.A..Fonte: Balanço Anual (Relatório <strong>da</strong> Administração) <strong>de</strong> 2006, publicado no jornal “VALOR Econômico”, p. B 10,edição <strong>de</strong> 25/4/2007.


6.4 - Razão Social: Camargo Corrêa Cimentos S.A. e Controla<strong>da</strong>s125Área(as) <strong>de</strong> atuaçãoO grupo atua na produção <strong>de</strong> cimento cinza e branco e <strong>de</strong> concreto. Emprega resíduosindustriais <strong>como</strong> fonte <strong>de</strong> energia térmica e reduz rejeitos.LocalizaçãoA Camargo Corrêa Cimentos S.A. e Controla<strong>da</strong>s atua há muito no mercado brasileiro e,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2005, no argentino, quando adquiriu a cimenteira Loma Negra.Ação(ões) executa<strong>da</strong>(s)Em 2006, o Instituto Camargo Corrêa manteve o “Programa Todos pela Educação”, emparceria com o Conselho Municipal do Direito <strong>da</strong> Criança e do Adolescente <strong>de</strong> Apiaí-SP eBodoquena-MS.Em Apiaí, os principais projetos focalizaram o alcoolismo juvenil, gravi<strong>de</strong>z na adolescência,geração <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> e formação profissional, beneficiando cerca <strong>de</strong> 1.500 crianças eadolescentes. Em Bodoquena foram 1.280 crianças e adolescentes beneficiados comprojetos direcionados para as áreas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, cultura e esportes.Na mesma linha, Pedro Leopoldo e Ijaci, ambos em MG, mobilizaram-se para implementarprojetos similares. O “Projeto Jovens Profissionais”, implantado em Pedro Leopoldo,trabalhou com formação profissional com 300 alunos <strong>da</strong> re<strong>de</strong> pública. A uni<strong>da</strong><strong>de</strong> Ijaciconcluiu o plantio <strong>de</strong> 136 mil mu<strong>da</strong>s <strong>de</strong> árvores ao redor <strong>da</strong> fábrica, reflorestando 70 ha eteve eventos <strong>de</strong> educação <strong>ambiental</strong>.Quadro 19 - O Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> Camargo Corrêa Cimentos S.A. e Controla<strong>da</strong>s.Fonte: Balanço Anual (Relatório <strong>da</strong> Administração) <strong>de</strong> 2006, publicado no jornal “VALOR Econômico”, p. C 5,edição dos dias 21, 22 e 23 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2007 (sábado, domingo e segun<strong>da</strong>-feira).


6.5 - Razão Social: Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos S.A.126Área(s) <strong>de</strong> atuaçãoA empresa fabrica, compra, ven<strong>de</strong>, importa e exporta produtos químicos, orgânicos einorgânicos, além <strong>de</strong> produtos farmacêuticos e antibióticos.LocalizaçãoSedia<strong>da</strong> em São Paulo, a uni<strong>da</strong><strong>de</strong> fabril e exportadora fica no Rio <strong>de</strong> Janeiro; adistribuidora em Anápolis, Goiás. As ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> P&D realizam-se no exterior.Ação(ões) executa<strong>da</strong>(s)Em 2006, a Roche investiu R$ 67 milhões em ações sociais internas, o que correspon<strong>de</strong>u a43% do valor <strong>da</strong> sua Folha <strong>de</strong> Pagamento Bruta. Esses indicadores sociais referem-se àalimentação, encargos sociais compulsórios, previdência priva<strong>da</strong>, saú<strong>de</strong>, segurança e saú<strong>de</strong>no trabalho, educação, cultura, capacitação e <strong>de</strong>senvolvimento profissional, creches eauxílio-creche, participação dos lucros e outros. Os indicadores sociais externos mostramque a Roche investiu R$ 222 milhões em educação cultura, saú<strong>de</strong> e saneamento, esporte,combate à fome e segurança alimentar e outros itens, <strong>como</strong> Campanhas Sociais, Quali<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> Vi<strong>da</strong>, Aids Walk e Cozinheiro Ci<strong>da</strong>dão.Quanto aos Indicadores Ambientais, a Roche, com o fito <strong>de</strong> minimizar resíduos, consumoem geral na produção/operação e aumentar a eficácia na utilização <strong>de</strong> recursos naturais,cumpriu metas anuais em percentual entre 76 e 100%.Em relação a 2005, ampliou em 65 o número <strong>de</strong> empregados e os com i<strong>da</strong><strong>de</strong> acima <strong>de</strong> 45anos, em 26. As emprega<strong>da</strong>s passaram <strong>de</strong> 468 para 527 e o percentual <strong>de</strong>las em cargos <strong>de</strong>chefia saltou <strong>de</strong> 6% para 39,1%. O número <strong>de</strong> negros foi <strong>de</strong> 60 para 62, mas nenhum estáem chefia. Os portadores <strong>de</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s especiais foram <strong>de</strong> 7 para 13. A relação entremaior e menor remuneração ain<strong>da</strong> é alta: 157,33.Os projetos sociais e ambientais <strong>da</strong> empresa foram <strong>de</strong>finidos por todos os empregados, bem<strong>como</strong> os padrões <strong>de</strong> segurança e insalubri<strong>da</strong><strong>de</strong> no ambiente <strong>de</strong> trabalho, com participação <strong>da</strong>CIPA. Sobre a liber<strong>da</strong><strong>de</strong> sindical, <strong>direito</strong> <strong>de</strong> negociação coletiva e representação interna dostrabalhadores, a Roche segue as normas <strong>da</strong> OIT. Todos os empregados têm previdênciapriva<strong>da</strong> e participam dos lucros. Na seleção dos fornecedores, sugerem-se apenas osmesmos padrões éticos e <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> social e <strong>ambiental</strong> <strong>da</strong> Roche. A empresarecebeu, em 2006, 2.337 reclamações e críticas <strong>de</strong> consumidores.Nenhuma chegou aoProcon ou à Justiça. To<strong>da</strong>s foram soluciona<strong>da</strong>s pela Roche.Quadro 20 - O Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos S.A..Fonte: Balanço Anual (Relatório <strong>da</strong> Diretoria) <strong>de</strong> 2006, publicado no jornal “VALOR Econômico”, p. C 8, edição<strong>de</strong> 18/4/2007.


6.6 - Razão Social: Companhia Energética do Ceará (Coelce)127Área(s) <strong>de</strong> atuaçãoA Coelce atua na distribuição <strong>de</strong> energia elétrica no Ceará, tendo chegado à marca <strong>de</strong> 2,5milhões <strong>de</strong> clientes, em 2006, quando se incorporaram 105 mil novas uni<strong>da</strong><strong>de</strong>sconsumidoras, em relação a 2005, tendo havido, ain<strong>da</strong>, crescimento <strong>de</strong> 2,4% na quanti<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> energia comercializa<strong>da</strong>.LocalizaçãoA Coelce atua somente no Estado do Ceará.Ação(ões) executa<strong>da</strong>(s)"A Coelce melhorou, em 2006, o seu <strong>de</strong>sempenho no atendimento <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> energiaà população, com a introdução <strong>de</strong> novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão e mo<strong>de</strong>rnas tecnologias, e criou oInova Coelce, um processo <strong>de</strong> incentivo e implementação <strong>de</strong> inovações. O Inova é ummo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão por competências, que a<strong>da</strong>pta a política <strong>de</strong> remunerações e benefícios,recrutamento, promoções e capacitação, <strong>como</strong> forma <strong>de</strong> manter um quadro <strong>de</strong> profissionaismotivado e comprometido com os objetivos corporativos. O índice <strong>de</strong> satisfação doscolaboradores subiu <strong>de</strong> 84%, em 2005, para 92%, em 2006”.Ain<strong>da</strong> em 2006, a Coelce <strong>de</strong>senvolveu e incentivou diversos projetos sociais e ambientais.Foi implantando, por exemplo, o Sistema <strong>de</strong> Gestão Ambiental <strong>da</strong> empresa, certificado pelanorma ISO 14001, além <strong>de</strong> ter realizado o Projeto Ecoelce, que consiste em coletar resíduossólidos para reciclagem, conce<strong>de</strong>ndo bônus financeiro na conta <strong>de</strong> energia dos clientes quea<strong>de</strong>rirem.Em Educação, foi lançado o Projeto Escola Coelce - Caminhos Eficientes, que utiliza umacarreta equipa<strong>da</strong> com sala <strong>de</strong> aula, maquetes, teatro e cinema, “levando conhecimentos parao uso eficiente <strong>de</strong> energia e preservação <strong>ambiental</strong> a municípios cearenses, objetivando asustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>”.A empresa realiza o Projeto Coelce Solidária com a Saú<strong>de</strong> Pública, para reduzir o consumo<strong>de</strong> energia no uso <strong>de</strong> aparelhos.Em RH, promoveu a qualificação e o aperfeiçoamento profissional, com treinamentos. Paraassegurar “as melhores condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e segurança a seus colaboradores, a Coelceconcluiu os requisitos para atendimento <strong>da</strong> norma Occupational Health and SafetyAssessment Series – OSHAS 18001, obtendo a certificação. A companhia tambémpatrocina o fundo <strong>de</strong> pensão <strong>de</strong> benefício <strong>de</strong>finido, que complementa os benefícios do INSS.Como patrocinadora, a Coelce contribui com uma parcela mensal proporcional à dosempregados”.Quadro 21 - O Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> Companhia Energética do Ceará (Coelce).Fonte: Balanço Anual (Relatório <strong>da</strong> Administração) <strong>de</strong> 2006, publicado em ca<strong>de</strong>rno especial do jornal “VALOREconômico”, p. A 19 a A 27, edição <strong>de</strong> 20/4/2007.


6.7 - Razão Social:Furnas Centrais Elétricas S.A.128Área(s) <strong>de</strong> atuaçãoFurnas é uma companhia <strong>de</strong> economia mista, com controle acionário do Governo Fe<strong>de</strong>ral,que atua na produção e transmissão <strong>de</strong> energia elétrica.LocalizaçãoCom se<strong>de</strong> na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro, Furnas, para a produção <strong>de</strong> energia, tem as águas doimenso lago <strong>de</strong> sua usina pioneira em terras submersas no sudoeste <strong>de</strong> Minas Gerais e nasfímbrias do Noroeste <strong>de</strong> São Paulo.Ação(ões) executa<strong>da</strong>(s)Furnas é uma <strong>da</strong>s empresas que mais <strong>de</strong>stacam, em seus balanços anuais, as ações que adotaobjetivando o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável. Com efeito, o relatório <strong>de</strong> 2006, logo após frisaro que realizou em P&D, dá ênfase, <strong>como</strong> parte do item “Desenvolvimento Sustentável”, ao“Compromisso Social” e ao que <strong>de</strong>nomina “Informações Relevantes quanto ao exercício <strong>da</strong>Ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia Empresarial”, em que diz que “acredita no <strong>de</strong>senvolvimento que valoriza apessoa, a inclusão social e a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, <strong>da</strong>í, investir emalternativas <strong>de</strong> intervenção territorial que visam à promoção <strong>da</strong> educação, ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia ecultura, melhoria <strong>da</strong>s condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e geração <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>, com a participação <strong>da</strong>scomuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s locais e do voluntariado corporativo”.Para fomentar projetos sociais sustentáveis do ponto <strong>de</strong> vista econômico, sociocultural e<strong>ambiental</strong>, “Furnas prioriza a implantação <strong>da</strong>queles que promovam um <strong>de</strong>senvolvimentoque seja politicamente horizontal, respeitando as comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s e suas reali<strong>da</strong><strong>de</strong>s;economicamente distributivo, com iniciativas <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>; e socialmente inclusivo,promovendo a ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia para milhares <strong>de</strong> brasileiros. Em 2006, foram realizados 117projetos, com cerca <strong>de</strong> 134 mil beneficiados”.Ao lado dos Programas Furnas Educação e Formação, Furnas Ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia e Direitos, FurnasSaú<strong>de</strong> e Nutrição e Furnas Trabalho e Ren<strong>da</strong>, com seus 134.092 beneficiados, foi realizado,em 2006, o Programa <strong>de</strong> Mobilização Interna - Voluntariado, que conta com 1.390empregados (20% do total <strong>da</strong> companhia), contribuindo para o êxito <strong>da</strong>s ações sociais.Enquanto o programa <strong>de</strong> Patrocínio Cultural contemplou 38 projetos com práticas <strong>de</strong><strong>de</strong>mocratização dos bens culturais; o do Espaço Furnas Cultural realizou 16 exposições coma finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> promover novos talentos e a aproximação com a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, tendo recebidoum público superior a 12 mil pessoas. Outro programa <strong>de</strong>senvolvido foi o do Uso Racional<strong>de</strong> Energia e Água. “No que se refere aos estudos e programas <strong>de</strong> conservação <strong>de</strong> energia,foram elaborados 60 projetos com seus respectivos indicadores e metas, <strong>de</strong>senvolvidos nosestados do Rio <strong>de</strong> Janeiro, São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Espírito Santo e noDistrito Fe<strong>de</strong>ral, sendo realiza<strong>da</strong>s parcerias com a Eletrobrás, secretarias <strong>de</strong> Educação, <strong>de</strong>Energia, <strong>de</strong> Meio Ambiente e Cultura, órgãos <strong>da</strong> Defesa Civil, parques públicos,concessionárias <strong>de</strong> energia elétrica, jornais, associações comerciais, indústrias, zoológicos eUniversi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, abrangendo as esferas fe<strong>de</strong>ral, estadual e municipal. Foram realiza<strong>da</strong>sativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s educativas sobre uso racional <strong>da</strong> energia elétrica e água envolvendo cerca <strong>de</strong> 267mil pessoas. Além disso, realizaram-se 85 estudos <strong>de</strong> aumento <strong>da</strong> eficiência energética emescolas e prédios públicos, nos estados em que a empresa opera e projetos <strong>de</strong> iluminação noTeatro Villa-Lobos e no Museu <strong>da</strong> República, no Rio <strong>de</strong> Janeiro”.Furnas relata outras realizações em prol do meio ambiente, não obstante a previsão <strong>de</strong> novasusinas, que exigem licenciamentos específicos: “O Licenciamento Ambiental representa acapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> nominal instala<strong>da</strong> <strong>da</strong>s usinas hidrelétricas e termelétricas licencia<strong>da</strong>s (4.960


129MW) e a potência natural <strong>da</strong>s linhas <strong>de</strong> transmissão <strong>da</strong> empresa, também licencia<strong>da</strong>s(15.274 MW), com tensão variando <strong>de</strong> 138 a 750 KV. Consi<strong>de</strong>ra-se licenciado oempreendimento que dispõe <strong>de</strong> pelo menos uma <strong>da</strong>s três mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> licençasambientais previstas no Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama): licença prévia,licença <strong>de</strong> instalação ou <strong>de</strong> operação. O acréscimo na capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> nominal instala<strong>da</strong>, em2006, resultou <strong>da</strong> inclusão <strong>da</strong>s UHE Serra do Facão, Foz do Chapecó, Retiro Baixo eBaguari, que estão sendo construí<strong>da</strong>s em parceria com a iniciativa priva<strong>da</strong>”. “Comocompensação <strong>ambiental</strong> pela implantação dos empreendimentos, a empresa tem investido naconsoli<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservação instituí<strong>da</strong>s pelo po<strong>de</strong>r público, <strong>como</strong> parquesnacionais, estaduais e municipais, reservas biológicas, estações ecológicas e áreas <strong>de</strong>proteção <strong>ambiental</strong>, bem <strong>como</strong> em reservas indígenas. Trata-se <strong>de</strong> investimento para aconservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong> dos ecossistemas, nos quais a empresa tem atuado (MataAtlântica e Cerrado), cobrindo uma área <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 1.230 mil ha”.Furnas manteve entendimentos junto ao Ibama, em 2006, para o estabelecimento <strong>de</strong> novomecanismo contratual padrão visando à aplicação dos recursos financeiros <strong>da</strong> compensação<strong>ambiental</strong>, bem <strong>como</strong> para a eventual a<strong>de</strong>são ao Fundo <strong>de</strong> Compensação Ambientaladministrado pela Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral.No período 2002-06, 110.337 alunos participaram <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> educação <strong>ambiental</strong>,distribuídos em 122 municípios situados na área sob influência <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> transmissão <strong>da</strong>empresa e <strong>da</strong> UHE Manso”.Em 2006, houve o prosseguimento do “Projeto Furnas e as Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s do Milênio”, parai<strong>de</strong>ntificar potenciais e construir um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento socioeconômico ecultural em comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s do entorno <strong>da</strong>s 44 bases geográficas <strong>da</strong> atuação <strong>da</strong> empresa;participação no projeto do Complexo do Rio Ma<strong>de</strong>ira (RO), por meio <strong>de</strong> iniciativas <strong>de</strong>capacitação para as comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Embaúba e Cachoeira do Teotônio, e <strong>de</strong> geração <strong>de</strong>trabalho e ren<strong>da</strong> para as comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s ribeirinhas; continuação do acordo <strong>de</strong> cooperaçãofirmado entre Furnas e o MEC, o que garantiu a alfabetização <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 5.000 jovens eadultos; manutenção <strong>da</strong> articulação, pelo fato <strong>de</strong> Furnas ser a organização responsável pelaSecretaria Executiva do Comitê <strong>de</strong> Enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> Combate à Fome e pela Vi<strong>da</strong> (Coep), commais <strong>de</strong> mil enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s associa<strong>da</strong>s, 27 comitês estaduais e 25 comitês municipais, emdiversas regiões do País, possibilitando o apoio a projetos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento humano esocial, em consonância com objetivos <strong>de</strong> se buscar a sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.Quadro 22 - O Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> Furnas Centrais Elétricas S.A..Fonte: Balanço Anual (Relatório <strong>da</strong> Administração) <strong>de</strong> 2006, publicado no jornal “Estado <strong>de</strong> Minas”, p. 15 e 16,edição <strong>de</strong> 17/4/2006.


6.8 - Razão Social: Triunfo Participações e Investimentos S.A. (TPI)130Área(s) <strong>de</strong> atuaçãoCompanhia holding, a TIP tem <strong>como</strong> objeto a participação acionária em concessionárias <strong>de</strong>serviços públicos, <strong>como</strong> operações em rodovias, geração <strong>de</strong> energia, gestão <strong>de</strong>estacionamentos e exploração <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s portuárias.LocalizaçãoA TPI está sedia<strong>da</strong> na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, mas, <strong>de</strong>vido à natureza <strong>de</strong> suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, atuaem vários Estados, por meio <strong>de</strong> empresas controla<strong>da</strong>s.Ação(ões) executa<strong>da</strong>(s)A empresa dá gran<strong>de</strong> ênfase à sua responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> social, promoção socioeconômica <strong>da</strong>sáreas sob influência <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s por ela e à proteção do meio ambiente.Nesse sentido, a TPI vem buscando esten<strong>de</strong>r a sua ação para além dos limites <strong>de</strong> suaativi<strong>da</strong><strong>de</strong> principal, agindo <strong>de</strong> forma afirmativa e viabilizando o uso <strong>de</strong> benefícios fiscais emprol <strong>da</strong> cultura e <strong>da</strong> promoção social.Para tanto, encontra-se em fase final <strong>de</strong> constituição a criação <strong>de</strong> uma instituição sem finslucrativos, cuja finali<strong>da</strong><strong>de</strong> será a <strong>de</strong> promover o <strong>de</strong>senvolvimento social, artístico, cultural,<strong>ambiental</strong>, tecnológico, educacional e esportivo nas áreas <strong>de</strong> ação <strong>da</strong>s empresas vincula<strong>da</strong>s àTPI. Trata-se do Instituto Sócio-Cultural TPI.Algumas <strong>da</strong>s iniciativas previstas já estão em curso. A primeira será a publicação <strong>de</strong> umlivro vinculado ao patrimônio cultural <strong>da</strong> área abrangi<strong>da</strong> pela Companhia <strong>de</strong> ConcessãoRodoviária Rio-Juiz <strong>de</strong> Fora (Concer). A obra, aprova<strong>da</strong> pelo Ministério <strong>da</strong> Cultura, seintitulará “Caminho do Rio às Minas Gerais”, com lançamento previsto para fins <strong>de</strong> 2007. Asegun<strong>da</strong> iniciativa será a publicação <strong>de</strong> um livro comemorativo dos <strong>de</strong>z anos <strong>da</strong>Concessionária <strong>da</strong> Rodovia Osório-Porto Alegre (Concepa), que terá <strong>como</strong> tema “A Pontedo Guaíba” e visará <strong>de</strong>stacar o alto significado do projeto <strong>de</strong> engenharia realizado ain<strong>da</strong> nosanos 1950.Como controladora <strong>de</strong> empresas prestadoras <strong>de</strong> serviços públicos, a TPI promove programassociais para usuários <strong>de</strong> seus serviços e comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s carentes próximas às regiões on<strong>de</strong>atua.Dentre diversos eventos realizados pela Concepa, em 2006, foi <strong>da</strong><strong>da</strong> seqüência à campanhacontra AIDS/DST, com a distribuição <strong>de</strong> 100 mil preservativos nas praças <strong>de</strong> pedágio. AEconorte, acreditando que “a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> social faz parte <strong>da</strong> própria natureza <strong>da</strong>ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma concessionária <strong>de</strong> rodovias, busca contemplar as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s particularese as peculiari<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um dos 15 municípios que aten<strong>de</strong>, apoiando e implantandoprojetos sociais e educativos”.A TPI exige que as empresas nas quais é acionista tenham um <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> política<strong>ambiental</strong> próprio para que a legislação seja observa<strong>da</strong>. Em 2006, por exemplo, a Conceparealizou tratos culturais, <strong>como</strong> combate a formigas, adubação e coroamento nas mu<strong>da</strong>sexistentes no canteiro central <strong>da</strong> faixa <strong>de</strong> domínio, em uma extensão <strong>de</strong> 96 quilômetros. Asmu<strong>da</strong>s integram o projeto <strong>de</strong> compensação florestal. Ain<strong>da</strong> em 2006, foi realizado oenleivamento em uma área superior a 45 mil m 2 <strong>da</strong> rodovia manti<strong>da</strong> pela Concepa e oinvestimento em meio ambiente, com licenças, consultorias e fornecedores, somou R4$ 104mil. Além disso, a Concepa investiu mais R$ 780 mil, em 2006, na Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Conservação<strong>da</strong> Reserva Biológica <strong>da</strong> Serra Geral.Antes <strong>da</strong> execução dos projetos <strong>da</strong>s usinas hidroelétricas <strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong> e Rio Verdinhorealizaram-se estudos para reduzir os impactos no meio ambiente.


131Na área <strong>de</strong>stina<strong>da</strong> à operação do Porto <strong>de</strong> Navegantes, foram reservados 40 mil m 2 <strong>de</strong>terreno nativo para a preservação <strong>da</strong> fauna e <strong>da</strong> flora local. O estuário será <strong>ambiental</strong>mentemonitorado. Além <strong>da</strong> área <strong>de</strong> preservação permanente, os efluentes do porto irão para umaestação <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> esgoto interna. Outras ações socioambientais são <strong>de</strong>staca<strong>da</strong>s norelatório <strong>da</strong> TPI, bem <strong>como</strong> os investimentos no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> recursos humanos. NaConcer, Concepa, Econorte e Cinelândia, “há uma política <strong>de</strong> financiamento acadêmico,com 75% dos custos reembolsados pelas companhias. As nossas concessionárias investemna melhoria social <strong>de</strong> seus funcionários, oferecendo plano assistencial, visando à melhoriado ambiente organizacional”.Quadro 23 - O Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> Triunfo Participações e Investimentos S.A..Fonte: Balanço Anual (Relatório <strong>da</strong> Administração) <strong>de</strong> 2006, publicado no jornal “VALOR Econômico”, p. C 5 aC 7, edição <strong>de</strong> 19/4/2007.


6.9 - Razão Social: Paranapanema S.A.132Área(s) <strong>de</strong> atuaçãoHolding <strong>de</strong> empresas que extraem e industrializam cassiterita e cobre; produzem extru<strong>da</strong>dose laminados <strong>de</strong> cobre e outros minerais não ferrosos, além <strong>de</strong> insumos para fertilizantesLocalizaçãoSe<strong>de</strong> em Santo André, São Paulo, embora suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s ocorram em plantas minerárias eindustriais em diferentes pontos do País.Ação(ões) executa<strong>da</strong>(s)A Paranapanema é outra organização que <strong>de</strong>staca a sua responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> social, napromoção <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia.Registra que a Caraíba Metais, uma <strong>de</strong> suas controla<strong>da</strong>s, “continua <strong>de</strong>senvolvendo eampliando seu programa ‘Produção Mais Limpa’, baseado nas parcerias com aUniversi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> Bahia e com o Centro <strong>de</strong> Tecnologia Mineral (Cetem), além <strong>de</strong>contar com o apoio <strong>da</strong> Financiadora <strong>de</strong> Estudos e Projetos (Finep)”.“Em 2006, foi elaborado mais um projeto, o Energiba, voltado para a otimização e aconservação <strong>de</strong> energéticos. Esse projeto veio se somar aos <strong>de</strong>mais, que tratam <strong>da</strong> redução edo volume e reaproveitamento <strong>de</strong> resíduos (Recupera), assim <strong>como</strong> <strong>da</strong> otimização do uso <strong>da</strong>água nos processos industriais (Aguaíba)”. “Des<strong>de</strong> a sua implantação, o programa <strong>de</strong> Gestão<strong>de</strong> Segurança, Meio Ambiente e Saú<strong>de</strong> Ocupacional tem permitido à empresa alcançarsucesso na redução <strong>da</strong>s taxas <strong>de</strong> freqüência <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes com afastamento e <strong>de</strong> gravi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>aci<strong>de</strong>ntes, além <strong>da</strong> diminuição <strong>da</strong>s emissões gasosas e <strong>de</strong> metais nos efluentes”.Em 2006, a Caraíba, por suas ações em favor do ambiente, recebeu novamente o SeloAmigo do Catador <strong>de</strong> Materiais Recicláveis, pelo apoio ao projeto <strong>de</strong> reciclagem doMovimento Nacional <strong>de</strong> Catadores e do Centro <strong>de</strong> Estudos Socioambientais <strong>da</strong> Bahia,auxiliando-os na tarefa <strong>de</strong> sensibilizar a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> e o po<strong>de</strong>r público para oreconhecimento <strong>da</strong> importância <strong>da</strong> categoria e estimular a coleta seletiva, base do sustento<strong>de</strong> <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> famílias.“Em convênio com enti<strong>da</strong><strong>de</strong> especializa<strong>da</strong>, a empresa participa <strong>de</strong> ação <strong>de</strong> inclusão social <strong>de</strong>portadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência cognitiva e, por meio <strong>de</strong> seu ‘Programa <strong>de</strong> Apoio à Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>’,continuou <strong>de</strong>senvolvendo trabalhos integrados com comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s do interior, com melhoriasnas áreas <strong>de</strong> educação, saú<strong>de</strong>, saneamento básico e meio ambiente. Também implantou oprograma ‘Agentes Ambientais’, com estratégias volta<strong>da</strong>s para a resolução <strong>de</strong> problemassocioambientais nas comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s”.“No que se refere à Eluma, ao final <strong>de</strong> 2005 a empresa elaborou o ‘Programa <strong>de</strong>Alfabetização Eluma’, com o objetivo <strong>de</strong> possibilitar aos seus empregados a conclusão <strong>da</strong>escolari<strong>da</strong><strong>de</strong> em diversos níveis. Em 2006, formou 46 alunos no Ensino Fun<strong>da</strong>mental I (1.ª a4.ª série). Em 2007, iniciou o Ensino Fun<strong>da</strong>mental II (5.ª a 8.ª série), que já conta com 120alunos que se formarão em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2008. O programa também trabalha os aspectosoperacionais <strong>da</strong> empresa, com <strong>de</strong>staque para as normas <strong>de</strong> segurança, o uso <strong>de</strong>equipamentos e sua importância. Com isto, a Eluma passou a oferecer a seus empregadostodo o espectro <strong>da</strong> educação formal, vez que foi implantado, ain<strong>da</strong>, o ‘Programa <strong>de</strong> AuxílioEducação Eluma’, com auxílio <strong>de</strong> 50% do valor <strong>da</strong> mensali<strong>da</strong><strong>de</strong> para cursos técnicos, <strong>de</strong>graduação e pós-graduação, <strong>de</strong> acordo com a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> bolsas prévia e anualmenteaprova<strong>da</strong>”.Diz mais o relatório: “Em relação à Mineração Taboca, que opera próximo a Pitinga (AM)há mais <strong>de</strong> 20 anos, sempre <strong>de</strong>senvolveu suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s observando as condições sensíveis


133<strong>da</strong> região. Mesmo com área <strong>de</strong> 400 mil ha, durante a exploração <strong>da</strong>s reservas <strong>de</strong> aluvião,apenas cerca <strong>de</strong> 2% ou 7.200 ha foram impactados pela ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, dos quais já foramrecuperados 2.900 ha, com o plantio <strong>de</strong> 700 mil mu<strong>da</strong>s <strong>de</strong> espécies florestais nativas e <strong>de</strong>plantas ornamentais. Os impactos ambientais foram minimizados com a exploração <strong>da</strong> rochaprimária”. A Paranapanema mantém, também, plano <strong>de</strong> previdência complementar econtrato <strong>de</strong> seguro <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> com cobertura por sobrevivência, instituídos com recursos <strong>da</strong>holding e empresas controla<strong>da</strong>s. Trata-se <strong>de</strong> um Plano Gerador <strong>de</strong> Benefício Livre (PGBL) e<strong>de</strong> um Plano <strong>de</strong> Vi<strong>da</strong> Gerador <strong>de</strong> Benefício Livre (VGBL), com administração contrata<strong>da</strong> àBrasilPrev, e contribuições <strong>da</strong> Paranapanema, <strong>da</strong>s empresas controla<strong>da</strong>s e dos empregados.Quadro 24 - O Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> Paranapanema S.A..Fonte: Balanço Anual (Relatório <strong>da</strong> Administração) <strong>de</strong> 2006, publicado no jornal “VALOR Econômico”,p. A 8, A 9 e A 10, edição <strong>de</strong> 24/4/2007.


6.10 - Razão Social: Samarco Mineração S.A.134Área(s) <strong>de</strong> atuaçãoÉ uma empresa brasileira fornecedora <strong>de</strong> pelotas <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro <strong>de</strong> alta quali<strong>da</strong><strong>de</strong> paraa indústria si<strong>de</strong>rúrgica mundial.LocalizaçãoCom se<strong>de</strong> em Belo Horizonte, MG, a Samarco possui a mina, <strong>de</strong> Mariana (MG), duas usinas<strong>de</strong> pelotização em Anchieta (ES), um mineroduto <strong>de</strong> 396 quilômetros <strong>de</strong> extensão, ligandoMinas ao Espírito Santo, e um porto marítimo, em Ponta Ubu, (ES).Ação(ões) executa<strong>da</strong>(s)Em 2006, “visando ao crescimento <strong>da</strong>s suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, a Samarco incorporou, formalmente,o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável à sua estratégia. A empresa <strong>de</strong>finiu o uso <strong>de</strong> recursosnaturais, a gestão <strong>de</strong> impactos e do relacionamento com as partes interessa<strong>da</strong>s <strong>como</strong>fun<strong>da</strong>mentais para o seu sucesso nos negócios. No seu mapa estratégico – baseado noBalanced Score Card –, a perspectiva <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> recebe a mesma importância <strong>da</strong>s<strong>de</strong>mais perspectivas, tornando-se uma <strong>da</strong>s condições para a Samarco atingir a excelênciaempresarial”.A gestão <strong>ambiental</strong> <strong>da</strong> Samarco é orienta<strong>da</strong> pelo objetivo estratégico que prevê a promoçãodo <strong>de</strong>senvolvimento sustentável <strong>de</strong> acordo com o <strong>de</strong>finido pela Organização <strong>da</strong>s NaçõesUni<strong>da</strong>s (ONU) <strong>como</strong> “atendimento <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s gerações atuais, sem comprometera possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> satisfação <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong>s gerações futuras”. Para isso, a empresapossui mecanismos <strong>de</strong> controle que aju<strong>da</strong>m a prevenir e a minimizar impactos ambientais<strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> sua ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> industrial.“Com o objetivo <strong>de</strong> tornar ain<strong>da</strong> mais rigoroso o controle sobre as emissões <strong>de</strong> particuladosem Ponta Ubu (ES), foi adotado, em 2006, um sistema <strong>de</strong> monitoramento atmosférico porcâmeras. Ao todo, foram instala<strong>da</strong>s nove câmeras em pontos estratégicos <strong>da</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong> e umana comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Meaípe. Elas fornecem visão geral <strong>da</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong> e são capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectarqualquer anormali<strong>da</strong><strong>de</strong> nas emissões. O monitoramento é feito em tempo real, por meio <strong>de</strong>televisores dispostos nas salas <strong>de</strong> controle. Os recursos aten<strong>de</strong>m a uma <strong>de</strong>man<strong>da</strong> prevista naLicença <strong>de</strong> Operação (LO) <strong>da</strong>s usinas <strong>de</strong> pelotização 1 e 2, que previa a instalação <strong>de</strong> duascâmeras. Foram investidos no projeto R$ 750 mil”.“A empresa também participa <strong>de</strong> fóruns <strong>de</strong> discussão sobre o fenômeno do aquecimentoglobal e possui um representante na <strong>de</strong>legação brasileira para o Protocolo <strong>de</strong> Kyoto e nocomitê <strong>da</strong> ISO 14064, que trata <strong>da</strong> emissão <strong>de</strong> gases causadores do efeito estufa. Em 2006, aSamarco intensificou os esforços para reduzir as emissões <strong>de</strong> CO 2 que, <strong>de</strong>vido aos volumes<strong>de</strong> produção e conseqüente aumento na utilização <strong>de</strong> insumos, continuam acima <strong>de</strong> suameta. Nesse sentido, a empresa investiu no projeto-piloto <strong>de</strong> substituição do óleocombustível por carvão mineral no processo <strong>de</strong> queima <strong>da</strong>s pelotas nos fornos <strong>de</strong>pelotização. O insumo a<strong>da</strong>ptou-se tão bem ao processo produtivo que a empresa estu<strong>da</strong> apossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> testar o carvão vegetal nos queimadores, contribuindo, assim, para reduzira geração <strong>de</strong> CO 2 na atmosfera e, conseqüentemente, para aten<strong>de</strong>r às premissas doProtocolo <strong>de</strong> Kyoto”.“Ain<strong>da</strong> em 2006, a Samarco consolidou sua participação nos Comitês <strong>de</strong> BaciasHidrográficas em Minas Gerais (Rios Doce, Piracicaba e Piranga) e Espírito Santo (RiosBenevente e Itapemirim), com o objetivo <strong>de</strong> contribuir mais ativamente nas discussõessobre gerenciamento <strong>de</strong> recursos hídricos no País”.A<strong>de</strong>mais, “a Samarco vem revisando seus princípios <strong>de</strong> investimento social, tomando por


135base a experiência obti<strong>da</strong> com o Programa Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> Ci<strong>da</strong>dã. Implementado em 2005, oprograma, pautado nas reais necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos municípios, adota mo<strong>de</strong>lo calcado naparticipação, na construção <strong>de</strong> alianças e formação <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> relacionamento entrerepresentantes <strong>de</strong> empresas, do po<strong>de</strong>r público e <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil organiza<strong>da</strong>. Dessa forma,a Samarco espera contribuir para o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, a partir<strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo em que os moradores sejam agentes do <strong>de</strong>senvolvimento local e a empresa,um dos parceiros <strong>de</strong>ssa empreita<strong>da</strong>.A partir <strong>de</strong> pesquisas nos municípios vizinhos, a organização <strong>de</strong>finiu três áreas <strong>de</strong> atuação:educação, geração <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> e empreen<strong>de</strong>dorismo, e capacitação para o trabalho formal, Emlinha com essa nova postura, a Samarco participa, em Guarapari (ES), <strong>da</strong> Re<strong>de</strong> <strong>de</strong>Desenvolvimento Local volta<strong>da</strong> para promover o <strong>de</strong>senvolvimento do capital humano esocial <strong>da</strong> região. Foram realizados cursos <strong>de</strong> qualificação profissional e empreen<strong>de</strong>dorismo,conforme as carências e vocações locais, <strong>como</strong> recepcionista <strong>de</strong> hotel, administração <strong>de</strong>pequenos hotéis e pousa<strong>da</strong>s, organização <strong>de</strong> eventos, elaboração <strong>de</strong> projetos sociais ecaptação <strong>de</strong> recursos, criação e montagem <strong>de</strong> bijuterias, culinária, manicure, <strong>de</strong>pilação, entreoutros”. “Em 2006, a Samarco também participou, <strong>como</strong> articuladora, financiadora eassessora técnica, do <strong>de</strong>senvolvimento do Plano Municipal <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> Anchieta. Odocumento contém diretrizes para a gestão escolar até 2016 e foi construído a partir <strong>de</strong> umcenso que traçou um retrato do sistema <strong>de</strong> ensino do município”.Além disso, a empresa “estreitou o relacionamento com as comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> faixa <strong>de</strong>servidão do mineroduto <strong>de</strong> 396 quilômetros <strong>de</strong> extensão que liga a uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Germano, emMariana (MG), às usinas <strong>de</strong> pelotização <strong>de</strong> Ponta Ubu, em Anchieta (ES), atravessando 24municípios nos dois estados.O mineroduto ganhará uma segun<strong>da</strong> linha paralela à existente. A partir <strong>de</strong> visitas aprefeituras e li<strong>de</strong>ranças comunitárias foram <strong>de</strong>tecta<strong>da</strong>s <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s locais e <strong>de</strong>finidosinvestimentos <strong>de</strong> R$ 4 milhões para a construção <strong>de</strong> creches, escolas, igrejas e quadraspoliesportivas. As obras, inicia<strong>da</strong>s em 2007, beneficiarão 22 municípios”.A Samarco dá <strong>de</strong>staque, no Relatório <strong>da</strong> Administração <strong>de</strong> 2006, “à inauguração do Centro<strong>de</strong> Convivência e Educação Ambiental (Ceam), um espaço para integração com ascomuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s do entorno <strong>de</strong> Ponta Ubu em eventos especiais, ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s sociais e programas<strong>de</strong> preservação do meio ambiente. Com ampla infra-estrutura que inclui espaço paraexposições e recreação, refeitório, salas <strong>de</strong> pesquisa e monitoramento, sistema para captação<strong>de</strong> água, horta orgânica pe<strong>da</strong>gógica e auditório para 150 pessoas, o Ceam reúne informaçõessocioambientais <strong>da</strong> região e documentos relacionados ao licenciamento e <strong>de</strong>sempenho<strong>ambiental</strong> <strong>da</strong> Samarco. Para a sua instalação, o Ceam recebeu investimentos <strong>de</strong> R$ 1,25milhão.”Em seu processo produtivo integrado, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a mina, em Germano (Mariana-MG), até oporto, em Ponta Ubu (Anchieta-ES), a Samarco observa cui<strong>da</strong>dos ambientais, já tendoobtido diversas certificações. Além <strong>da</strong>s questões <strong>de</strong> segurança operacional, tendo a empresaregistrado, em 2006, pelo segundo ano consecutivo, “a menor taxa <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntesclassificados (aci<strong>de</strong>ntes com per<strong>da</strong> <strong>de</strong> tempo e aci<strong>de</strong>ntes sem per<strong>da</strong> <strong>de</strong> tempo com ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>restrita) <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2003: 1,08 (em 2005, havia sido <strong>de</strong> 1,11)”, há uma série <strong>de</strong> aspectos quefazem <strong>de</strong> uma mineradora uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> que po<strong>de</strong> representar riscos ambientais, <strong>como</strong> naeventuali<strong>da</strong><strong>de</strong> do rompimento <strong>de</strong> barragens <strong>de</strong> rejeitos produzidos no processo <strong>de</strong>beneficiamento.No caso <strong>da</strong> Samarco, há, ain<strong>da</strong>, o mineroduto, que, igualmente na eventuali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>rompimento, ain<strong>da</strong> que o transporte do material possa ser imediatamente interrompido, não<strong>de</strong>ixaria <strong>de</strong> causar <strong>da</strong>nos ambientais, mesmo <strong>de</strong> pequeno impacto.Ao lado dos cui<strong>da</strong>dos com a extração e beneficiamento do minério <strong>de</strong> ferro, disposição <strong>de</strong>rejeitos, transporte do minério beneficiado pelo mineroduto e sua pelotização nas duas


136usinas <strong>de</strong> Ponta Ubu, outras normas ambientais são observa<strong>da</strong>s pela Samarco, <strong>como</strong> na áreaenergética.“Parte <strong>da</strong> autonomia produtiva <strong>da</strong> empresa é assegura<strong>da</strong> pela autogeração <strong>de</strong> energia, nashidrelétricas <strong>de</strong> Muniz Freire (ES) e Guilman-Amorim (MG). “Juntas, elas fornecemaproxima<strong>da</strong>mente 31% do total <strong>de</strong> energia consumi<strong>da</strong>, com o máximo controle <strong>ambiental</strong>.As duas hidrelétricas são certifica<strong>da</strong>s pela norma ISO 14001 (meio ambiente) e a <strong>de</strong> MunizFreire possui, ain<strong>da</strong>, o certificado <strong>de</strong> conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> com a norma OHSAS 18001, <strong>de</strong>segurança e saú<strong>de</strong> do trabalho.O porto <strong>da</strong> Samarco situado em Ponta Ubu (Anchieta-ES) é certificado nas normas ISO9001:2000, ISO 14001, ISO 27001 e OHSAS 18001. Possui, também, a CertificaçãoInternacional <strong>de</strong> Segurança (ISPS Co<strong>de</strong>), em atendimento a uma <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong>Organização Marítima Internacional (IMO), que visa à prevenção do terrorismo e dotransporte ilegal <strong>de</strong> drogas e armas”.Retomando a política <strong>da</strong> empresa volta<strong>da</strong> para saú<strong>de</strong>, segurança, bem-estar social eseguri<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> seus empregados, o Relatório <strong>da</strong> Administração <strong>de</strong>staca, finalmente, osseguintes pontos:“Em 2006, to<strong>da</strong>s as áreas <strong>da</strong> empresa e dos prestadores <strong>de</strong> serviços internos passaram porinspeções trimestrais e por auditorias <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e segurança realiza<strong>da</strong>s pela Diretoria <strong>da</strong>Samarco, O resultado global mostrou que a meta traça<strong>da</strong> para o período foi cumpri<strong>da</strong>. OPrograma <strong>de</strong> Prevenção ao Uso In<strong>de</strong>vido <strong>de</strong> Álcool e Outras Drogas, já consoli<strong>da</strong>do <strong>como</strong>prática usual na empresa, teve continui<strong>da</strong><strong>de</strong> em 2006, com a realização <strong>de</strong> testagens e <strong>de</strong>encaminhamentos para tratamento. O número <strong>de</strong> testes positivos foi inferior ao <strong>de</strong> anosanteriores, levando a crer que as ações educativas e a cultura <strong>de</strong> co-responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> pelasegurança nas operações estão surtindo efeito”. “A empresa continuou, em 2006, a repassarrecursos para a Cooperativa Habitacional dos Empregados <strong>da</strong> Samarco (Cohesa), por meio<strong>de</strong> convênio para a implantação <strong>de</strong> plano habitacional, assinado em 1.º <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1994,objetivando o financiamento para aquisição <strong>de</strong> imóveis pelos empregados, com prazos quevariam <strong>de</strong> 8 a 12 anos. Os valores são atualizados pelos índices <strong>de</strong> correção salarialcoletivos praticados pela empresa e serão recebidos em sua totali<strong>da</strong><strong>de</strong> quando doencerramento do Plano Habitacional Samarco (PHS), ou seja, na liqui<strong>da</strong>ção dofinanciamento pelos empregados”.A Samarco mantém, ain<strong>da</strong>, o Plano <strong>de</strong> Benefícios ValiaPrev, gerido pela Fun<strong>da</strong>ção Vale dorio Doce <strong>de</strong> Seguri<strong>da</strong><strong>de</strong> Social (Valia). Trata-se <strong>de</strong> um “plano <strong>de</strong> contribuição <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> parabenefícios <strong>de</strong> aposentadoria por tempo normal e aposentadoria antecipa<strong>da</strong>, e <strong>de</strong> benefício<strong>de</strong>finido para cobertura <strong>de</strong> invali<strong>de</strong>z <strong>de</strong> participantes ativos, <strong>de</strong> morte <strong>de</strong> participantes ativose aposentadoria e <strong>de</strong> abono anual dos participantes aposentados ou beneficiários”.Quadro 25 - O Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> Samarco Mineração S.A..Fonte: Balanço Anual (Relatório <strong>da</strong> Administração) <strong>de</strong> 2006, publicado no jornal “Estado <strong>de</strong> Minas”, pp. 6, 17, 18e 19, edição <strong>de</strong> 15/3/2007.


6.11 - Razão Social: Companhia Vale do Rio Doce (CVRD)137Área(s) <strong>de</strong> atuaçãoA Vale é, hoje, uma organização internacional, com participação acionária em diversasempresas e o controle acionário <strong>de</strong> boa parte <strong>de</strong>las, atuando nos setores <strong>de</strong> mineração,si<strong>de</strong>rurgia, produção <strong>de</strong> hidroeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong>, transporte ferroviário, ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s portuárias elogística, entre outros.LocalizaçãoCom se<strong>de</strong> na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro (RJ), atua no exterior e em diversos estados e regiõesbrasileiras, seja por meio <strong>de</strong> sua empresa mater, a Cia. Vale do Rio Doce, seja por suascontrola<strong>da</strong>s ou nas quais <strong>de</strong>tém parte expressiva do capital.Ação(ões) executa<strong>da</strong>(s)O ca<strong>de</strong>rno especial com 14 páginas publicado pelo jornal “VALOR Econômico”, no dia 3<strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2007, trazendo o Relatório <strong>da</strong> Administração <strong>de</strong> 2006, expressa, na capa, o querepresentam para a Cia. Vale do Rio Doce, em termos <strong>de</strong> gestão empresarial, o meioambiente e a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Sobre uma gran<strong>de</strong> foto <strong>de</strong> uma floresta corta<strong>da</strong> por um rio rico emmatas ciliares e quatro fotos menores, relaciona<strong>da</strong>s com as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s produtivas esocioambientais <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s pela empresa, há um título instigante: “Vale. Crescendo nomundo e ampliando seu compromisso com o meio ambiente e a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>”. Alusões àconsoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> internacionalização <strong>da</strong> empresa, que adquiriu, em 2006, a mineradoracana<strong>de</strong>nse Inco, maior produtora mundial <strong>de</strong> níquel; ao volume <strong>de</strong> suas exportações líqui<strong>da</strong>stotais que atingiram US$ 8,8 bilhões (cerca <strong>de</strong> 20% do saldo <strong>da</strong> balança comercialbrasileira); nos investimentos feitos em seus recursos humanos; e nas inversões no meioambiente e em projetos <strong>de</strong> alcance social nas comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s on<strong>de</strong> atua e em outras áreas.A Mensagem <strong>da</strong> Presidência sintetiza tais ações. A seguir, partes <strong>de</strong>la.“O ano <strong>de</strong> 2006 concretizou um marco na história <strong>da</strong> Vale. Consoli<strong>da</strong>mos nosso processo <strong>de</strong>internacionalização, por meio <strong>da</strong> aquisição <strong>da</strong> mineradora cana<strong>de</strong>nse Inco, maior produtoramundial <strong>de</strong> níquel... Os <strong>de</strong>safios são ca<strong>da</strong> vez maiores para uma companhia que se encontraem uma trajetória ascen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> diversificação geográfica e <strong>de</strong> produtos... Os excelentesresultados alcançados em 2006 <strong>de</strong>monstram que nosso posicionamento <strong>de</strong> mercado vem sefortalecendo <strong>de</strong> forma sustenta<strong>da</strong>, pautado por uma gestão transparente, pelo respeito aomeio ambiente, pelo <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> nossos empregados e pela melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s próximas às nossas operações... A Vale é hoje a segun<strong>da</strong> maiorempresa global <strong>da</strong> indústria <strong>de</strong> mineração e metais em termos <strong>de</strong> valor <strong>de</strong> mercado... Além<strong>da</strong> Inco, cujo investimento <strong>de</strong> US$ 19 bilhões traduziu-se na maior aquisição já feita poruma organização brasileira, a Vale concluiu, em 2006, a compra <strong>de</strong> outras três empresasestratégicas para seus negócios - Caemi, Rio Ver<strong>de</strong> e Valesul... Ain<strong>da</strong> em 2006, concluímosco sucesso projetos <strong>de</strong> expansão <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> produtiva <strong>de</strong> minério <strong>de</strong> ferro e <strong>de</strong> alumina.Para assegurar nossas condições <strong>de</strong> crescimento, investimos no aumento <strong>da</strong> frota <strong>de</strong>lo<strong>como</strong>tivas e vagões <strong>de</strong> nossas ferrovias e na construção <strong>de</strong> mais um complexohidrelétrico, o <strong>de</strong> Capim Branco, no Triângulo Mineiro”.“Sabemos que o real valor dos nossos resultados se expressa nas pessoas e nas relações quecom elas mantemos, <strong>de</strong>ntro e fora <strong>da</strong> companhia... A Vale <strong>de</strong>staca-se na geração <strong>de</strong> postos<strong>de</strong> trabalho, buscando sempre o crescimento conjunto dos negócios e <strong>da</strong>s pessoas. Em 2006,criamos aproxima<strong>da</strong>mente 4 mil empregos diretos. Hoje, além dos 12 mil empregados <strong>da</strong>CVRD Inco, contamos com cerca <strong>de</strong> 44 mil empregados próprios. Além disso, <strong>de</strong> formaindireta, ca<strong>da</strong> emprego <strong>da</strong> Vale representa cinco novas vagas na ca<strong>de</strong>ia produtiva. A


138preocupação com os empregados está no topo <strong>da</strong>s nossas priori<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Além <strong>de</strong> investircontinuamente em treinamento, a Vale criou o Departamento <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e Segurança, a fim<strong>de</strong> alcançar padrões internacionais <strong>de</strong> controle e prevenção <strong>de</strong> doenças e aci<strong>de</strong>ntes. Graçasaos esforços empreendidos, o índice <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes com afastamento por 1 milhão <strong>de</strong>homens/horas trabalhas vem diminuindo continuamente, passando <strong>de</strong> 4,7, em 2003, para1,9, em 2006”.“To<strong>da</strong>s as nossas ações são orienta<strong>da</strong>s para o <strong>de</strong>senvolvimento integrado social, <strong>ambiental</strong> eeconômico. Ao investir nos nossos negócios, adotamos processos que promovem o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, protegem os recursos naturais e dinamizam a economiados territórios, contribuindo para a construção <strong>de</strong> um futuro sustentável... Em 2006, aFun<strong>da</strong>ção Vale do Rio Doce assumiu um posicionamento ain<strong>da</strong> mais estratégico. Além dosprogramas sociais, <strong>de</strong>senvolvidos <strong>de</strong> forma participativa e estruturante, <strong>de</strong>u início àrealização <strong>de</strong> diagnósticos socieconômicos, visando a i<strong>de</strong>ntificar necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s epotenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> território. Os investimentos sociais, realizados pela Vale e pelaFun<strong>da</strong>ção, foram <strong>de</strong> R$ 286 milhões”.“Trabalhamos <strong>de</strong> forma a contribuir para a preservação dos recursos naturais. Em açõesambientais, nossos investimentos totalizaram R$ 317 milhões, em 2006, incluindo areabilitação <strong>de</strong> espécies nativas dos ecossistemas <strong>da</strong> Mata Atlântica, do Cerrado e <strong>da</strong>Amazônia. Nossas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s têm uma tradição <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>ambiental</strong>; utilizamosas tecnologias mais avança<strong>da</strong>s e os controles mais rigorosos para prevenir e minimizarpossíveis impactos”.O Relatório <strong>da</strong> Administração <strong>da</strong> Cia. Vale do Rio Doce mostra, também, que a empresaain<strong>da</strong> está distante <strong>de</strong> uma gestão participativa com relação aos projetos sociais e ambientaise aos padrões <strong>de</strong> segurança e salubri<strong>da</strong><strong>de</strong> no ambiente <strong>de</strong> trabalho.Quadro sinótico do item 35 (Balanço Social) informa:“Os projetos sociais e ambientais <strong>de</strong>senvolvidos pela empresa foram <strong>de</strong>finidos pela direçãoe gerências”, quando po<strong>de</strong>riam ter sido “por todos os empregados”. Pior, ain<strong>da</strong>, quanto aos<strong>de</strong>nominados “padrões <strong>de</strong> segurança e salubri<strong>da</strong><strong>de</strong> no ambiente <strong>de</strong> trabalho, <strong>de</strong>finidos peladireção e gerências”, e não “por todos os empregados” ou, ain<strong>da</strong>, “por todos mais osmembros integrantes <strong>da</strong> Cipa”.Com relação “à liber<strong>da</strong><strong>de</strong> sindical, ao <strong>direito</strong> <strong>de</strong> negociação coletiva e à representaçãointerna dos trabalhadores”, a Vale “não se envolve”, quando po<strong>de</strong>ria “seguir as normas <strong>da</strong>OIT” ou, até mesmo, “incentivar aquelas ações e seguir as normas <strong>da</strong> OIT”.Mas, há, também, pontos positivos, <strong>como</strong> os fatos <strong>de</strong> “a previdência priva<strong>da</strong> e a participaçãodos lucros ou resultados contemplar todos os empregados”, assim <strong>como</strong>, “na seleção <strong>de</strong>fornecedores, exigir os mesmos padrões éticos e <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> social e <strong>ambiental</strong>adotados pela empresa”. A<strong>de</strong>mais, a Companhia Vale do Rio Doce assegurar que “organizae incentiva a participação <strong>de</strong> empregados em programas <strong>de</strong> trabalho voluntário”.Quadro 26 - O Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> Companhia Vale do Rio Doce.Fonte: Balanço Anual (Relatório <strong>da</strong> Administração) <strong>de</strong> 2006, publicado em forma <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>rno especial, com 14páginas, pelo jornal “VALOR Econômico”, p. A 17 a A 30, edição <strong>de</strong> 3/4/2007.


6.12 - Razão Social: Usinas Si<strong>de</strong>rúrgicas <strong>de</strong> Minas Gerais (Usiminas)139Área(s) <strong>de</strong> atuaçãoÉ, hoje, uma holding, com participação em diversos empreendimentos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a suaprivatização no início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1990. Originalmente uma empresa si<strong>de</strong>rúrgica, passou areunir interesses em outras áreas, <strong>como</strong> estratégia <strong>de</strong> expansão e sobrevivência em ummercado altamente competitivo.LocalizaçãoTem se<strong>de</strong> em Belo Horizonte (MG), embora opere usinas em Ipatinga (MG) e Cubatão(SP); participe <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> MRS Logística, <strong>como</strong> um <strong>de</strong> seus acionistas e <strong>de</strong>empreendimentos no exterior, na Argentina, Venezuela, e México.Ação(ões) executa<strong>da</strong>(s)A Usiminas tem longa tradição <strong>de</strong> atuação no setor social, trabalho iniciado logo após a suaentra<strong>da</strong> em operação ain<strong>da</strong> na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1960.O item 9 do Relatório <strong>da</strong> Administração – Responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> Socio<strong>ambiental</strong> – está divididoem sete subitens que reúnem as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> organização neste campo.Diz o documento: “O Sistema Usiminas mantém um diálogo aberto com todos os públicosinteressados e investe constantemente no relacionamento com seus empregados, com ascomuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s e com a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira. Além disso, monitora seus impactos no meioambiente e trabalha para reduzi-los”.Ao todo, entre empregados próprios (21.495) e terceirizados, além dos que laboram nasempresas <strong>da</strong>s quais participa no exterior, o Sistema Usiminas mantém 63.900 empregosdiretos.“No Brasil, foram investidos, em 2006, cerca <strong>de</strong> R$ 9,68 milhões em programas <strong>de</strong>educação, treinamento e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> pessoal”.Já os benefícios sociais proporcionados aos empregados e seus <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes totalizaram R$529,96 milhões, ao incluírem aposentadoria suplementar, alimentação, assistência social,médica, hospitalar e odontológica, educação, lazer, esporte e seguro”.Tanto a Usiminas quanto a controla<strong>da</strong> Cosipa mantêm planos <strong>de</strong> previdência complementar.O Relatório <strong>da</strong> Administração registra, também, que “a Usiminas mantém umrelacionamento constante com representantes <strong>de</strong> organizações <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil e <strong>da</strong>comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> organiza<strong>da</strong>, canalizando anseios e monitorando os impactos <strong>da</strong>s suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>sprodutivas. Nas locali<strong>da</strong><strong>de</strong>s on<strong>de</strong> é maior a importância relativa <strong>da</strong> presença <strong>da</strong> empresaquanto à comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>como</strong> em Cubatão, no litoral paulista, e em Ipatinga, no chamado“Vale do Aço” mineiro, são manti<strong>da</strong>s estruturas organizacionais específicas para aabor<strong>da</strong>gem <strong>de</strong>ssas questões”.“O Sistema Usiminas atua no apoio ao <strong>de</strong>senvolvimento urbano, no apoio aocooperativismo, no incentivo ao trabalho voluntário <strong>de</strong> seus empregados e na promoção <strong>da</strong>saú<strong>de</strong>, <strong>da</strong> educação, do esporte e lazer, e, ain<strong>da</strong>, <strong>da</strong> cultura <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s”.Conforme a organização, “<strong>de</strong>ntre as suas principais iniciativas, em áreas tão diversas,<strong>de</strong>stacam-se: a Fun<strong>da</strong>ção São Francisco Xavier, instituição sem fins lucrativos ereconheci<strong>da</strong> <strong>como</strong> <strong>de</strong> utili<strong>da</strong><strong>de</strong> pública, que administra o Colégio São Francisco Xavier; oHospital Márcio Cunha; o Centro <strong>de</strong> Odontologia Integra<strong>da</strong>; e o Instituto CulturalUsiminas”.“O Colégio São Francisco Xavier, com cerca <strong>de</strong> 3 mil alunos, do pré-escolar ao ensinomédio, <strong>de</strong>vido à quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do ensino ministrado e infra-estrutura <strong>de</strong> suas instalações, obteveuma conquista pioneira no Brasil, em 1997, com a certificação ISO 9002”.


140“Embora situado em Ipatinga, o Hospital Márcio Cunha, ao atuar em 30 especiali<strong>da</strong><strong>de</strong>smédicas, é um hospital geral, aten<strong>de</strong>ndo a uma microrregião com população superior a 620mil pessoas”.Com o Instituto Cultural Usiminas (Usicultura), “as empresas do Sistema Usiminas buscampromover o <strong>de</strong>senvolvimento social também por meio do estímulo às diversasmanifestações culturais e artísticas, principalmente nas comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s próximas às suasinstalações”.“Nas empresas do Sistema Usiminas, a conservação e o uso racional dos recursos naturais, apreservação do meio ambiente e o fomento ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma postura<strong>ambiental</strong>ista entre empregados, clientes, fornecedores e a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> estão sempreassociados a um plano ecológico integrado, regido por princípios do <strong>de</strong>senvolvimentosustentado, promovido em respeito às gerações presentes e futuras”.Para executar esses planos, segundo a Usiminas, “constantes investimentos são realizadospara reduzir os impactos dos processos produtivos”.Com efeito, na Usina Inten<strong>de</strong>nte Câmara, em Ipatinga (Minas Gerais), esses investimentostotalizaram R$ 1,2 bilhão, até 2006. Na Usina José Bonifácio <strong>de</strong> Andra<strong>da</strong> e Silva, emCubatão (São Paulo), os investimentos chegaram, em 13 anos, a R$ 815,2 milhões, noperíodo 1994 a 2006”.Informa, ain<strong>da</strong>, a holding em seu balanço referente ao exercício <strong>de</strong> 2006: “Certificaçõesinternacionais comprovam o compromisso <strong>da</strong>s empresas do Sistema Usiminas em relaçãoao impacto <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s industriais no meio ambiente. As usinas <strong>de</strong> Ipatinga e <strong>de</strong> Cubatãoe as outras empresas do grupo possuem os seus Sistemas <strong>de</strong> Gestão Ambiental certificadosem conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> com a Norma ISO 14001:2004”.Quadro 27 - O Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> Usinas Si<strong>de</strong>rúrgicas <strong>de</strong> Minas Gerais.Fonte: Balanço Anual (Relatório <strong>da</strong> Administração) <strong>de</strong> 2006, publicado no jornal “Estado <strong>de</strong> Minas”, pp. 11 a 17,edição <strong>de</strong> 29/3/2007.


6.13 - Razão Social: Companhia Energética <strong>de</strong> Minas Gerais (Cemig) e subsidiárias141Área(s) <strong>de</strong> atuaçãoÉ uma empresa <strong>de</strong> economia mista. O Governo <strong>de</strong> Minas é seu principal acionista, com50,96% <strong>da</strong>s ações ordinárias <strong>da</strong> companhia, que também está presente, por meio <strong>de</strong>empreendimentos <strong>de</strong> geração ou <strong>de</strong> comercialização <strong>de</strong> energia, em Santa Catarina, Rio <strong>de</strong>Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.Pelo sétimo ano sucessivo, a Cemig faz parte do Índice Dow Jones <strong>de</strong> Sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, quetem apenas quatro empresas brasileiras a integrá-lo – além <strong>da</strong> Cemig, os grupos financeirosItaú e Bra<strong>de</strong>sco e Petrobras.LocalizaçãoCom se<strong>de</strong> em Belo Horizonte, a companhia cobre 96,7% do território <strong>de</strong> Minas Gerais.Possui 57 usinas em operação, oito <strong>de</strong>las em sistema <strong>de</strong> parcerias com grupos empresariais.Com isso, a companhia produz energia para aten<strong>de</strong>r a mais <strong>de</strong> 17 milhões <strong>de</strong> pessoas em774 dos 853 municípios mineiros. Com 60% do capital social <strong>da</strong> empresa, mantém, emparceria com a Petrobras, a Gasmig.Ação(ões) executa<strong>da</strong>(s)Em seu site na internet, a Cemig afirma que “o compromisso com a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>ambiental</strong> é acondição básica dos princípios que regem as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> empresa. Por meio <strong>de</strong> seusprogramas, ela busca imprimir em seus empregados e parceiros a conscientização para aquestão <strong>ambiental</strong>. Essa forma <strong>de</strong> agir, prevista na política <strong>ambiental</strong> <strong>da</strong> empresa e presenteem ca<strong>da</strong> etapa dos trabalhos, valoriza os empregados, a companhia e a garante o<strong>de</strong>senvolvimento sustentável”.Segundo ain<strong>da</strong> a empresa, “além do compromisso com a proteção do meio ambiente, aCemig investe em programas <strong>de</strong> conservação <strong>de</strong> energia e em pesquisas <strong>de</strong> novas fontesalternativas, <strong>como</strong> energia solar térmica e fotovoltaica, eólica e a partir do gás natural”.Para a companhia, “as suas ações ambientais po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s pioneiras no contextoestadual e nacional. Por intermédio <strong>de</strong> parcerias nas pesquisas e nos levantamentos comUniversi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e centros <strong>de</strong> pesquisa, a Cemig possui um gran<strong>de</strong> acervo <strong>de</strong> <strong>da</strong>dosambientais, que tem servido ao meio científico, aos órgãos e enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s interessa<strong>da</strong>s napreservação do meio ambiente e, sobretudo, à socie<strong>da</strong><strong>de</strong>”. Dessa forma, “atuando em váriasfrentes, a Cemig tem por conceito o homem e suas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e, por isso, sente-se nocompromisso <strong>de</strong> controlar os impactos <strong>de</strong> suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e incentivar melhorias no meioambiente <strong>da</strong>s regiões on<strong>de</strong> atua”.“Esta postura é refleti<strong>da</strong> na execução <strong>de</strong> programas ambientais, que vão além doatendimento às leis e às normas dos órgãos competentes, e confirmam o engajamento <strong>da</strong>Cemig com a questão <strong>ambiental</strong>”.Mas, o que é a política <strong>ambiental</strong> <strong>da</strong> Cemig?A empresa informa que o seu fun<strong>da</strong>mento básico “é a utilização racional dos recursosnaturais com a <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> preservação do meio ambiente, <strong>de</strong>finindo a postura <strong>da</strong> Cemig peranteos recursos naturais e estabelecendo normas e mecanismos que possibilitem aos empregadose parceiros transformá-la em ações”.Nesse sentido, a política <strong>ambiental</strong> <strong>da</strong> Cemig estabeleceu sete princípios, “com a finali<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> explicitar as metas que irão orientar os trabalhos <strong>de</strong> redução, compensação ou eliminaçãodos impactos ambientais gerados pelas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s empresariais, para garantir o<strong>de</strong>senvolvimento sustentável:1.º - planejar, projetar e <strong>de</strong>senvolver as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, levando em consi<strong>de</strong>ração as implicações


142relativas ao meio ambiente;2.º - administrar preventivamente as implicações ambientais <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s;3.º - administrar os impactos ambientais significativos <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, adotando medi<strong>da</strong>smitigadoras e práticas a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s;4.º - buscar a valorização <strong>ambiental</strong> viável que po<strong>de</strong> ir além <strong>da</strong> administração <strong>de</strong> impactosexigidos pela legislação, sem, contudo, assumir funções <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> outrosórgãos dos governos Fe<strong>de</strong>ral, estaduais ou municipais;5.º - consi<strong>de</strong>rar enriquecedora a participação <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s afeta<strong>da</strong>s ou interessa<strong>da</strong>s,durante as fases <strong>de</strong> projeto <strong>de</strong> suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s;6.º - ao cumprir as leis, regulamentos e políticas governamentais aplicáveis, a Cemig po<strong>de</strong>rácomplementá-los com suas próprias regras, se necessário;7.º - o respeito e a valorização do meio ambiente constituem responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> todos osempregados e parceiros <strong>da</strong> Cemig e suas subsidiárias”.Especificamente na área <strong>ambiental</strong>, há todo um trabalho <strong>de</strong> diagnósticos e planejamentopara a construção <strong>de</strong> uma nova usina geradora e instalação <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> transmissão e <strong>de</strong>distribuição <strong>de</strong> energia. Eles vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong> Impacto Ambiental (EIA) até minuciososRelatórios <strong>de</strong> Impacto no Meio Ambiente (RIMA), bem <strong>como</strong> são adota<strong>da</strong>s diversas açõescom relação à flora e fauna, sobretudo esta última, para não se falar <strong>de</strong> todos os cui<strong>da</strong>dos eatenções com as populações <strong>da</strong>s áreas a serem submersas ou no seu entorno. Afinal, trata-senão só <strong>da</strong> remoção <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s volumes <strong>de</strong> terra, mas, ain<strong>da</strong>, <strong>da</strong> construção <strong>da</strong> barragem,com complexa e intensa movimentação no canteiro <strong>de</strong> obras, após o <strong>de</strong>svio do leito naturaldo rio, e, <strong>de</strong>pois, a formação dos lagos, com muitos impactos, que po<strong>de</strong>m ser minimizados.No entanto, a Cemig tem atuado, também, em ações volta<strong>da</strong>s para a geração <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> eci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia e para a educação <strong>ambiental</strong>.“Adote uma nascente, em Campanha”, é uma <strong>de</strong>ssas ações volta<strong>da</strong>s tanto para a educação<strong>ambiental</strong> quanto para a conservação <strong>de</strong> recursos naturais”.Já o projeto “Coleta seletiva, em Araguari”, tem os objetivos <strong>de</strong> melhorar as condiçõesambientais, gerar ren<strong>da</strong> e trabalhar a auto-estima <strong>da</strong>s pessoas envolvi<strong>da</strong>s.Em Igarapé, o projeto “Cultivo <strong>de</strong> plantas frutíferas e ornamentais” é outro exemplo <strong>de</strong>geração <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>, educação <strong>ambiental</strong> e ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia.A Cemig ain<strong>da</strong> mantém os seguintes projetos ambientais: “Ecoci<strong>da</strong>dão”, em Passos;“Espelhos d’água” - Sistema <strong>de</strong> coleta seletiva <strong>de</strong> lixo, em Divinópolis; “Recicla” –Coletiva seletiva, em Ituiutaba; “Estação Ambiental Jacob”; Estação <strong>de</strong> Piscicultura”; um <strong>de</strong>amplitu<strong>de</strong> estadual <strong>de</strong>nominado “Projeto Educação Ambiental”, além do “Projeto Jaguara”edo Projeto Ambiental Taquaril”, estes dois últimos voltados, a um só tempo, para educação<strong>ambiental</strong>, geração <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> e ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia.O fato <strong>de</strong> a Cemig ter sido relaciona<strong>da</strong>, pelo sétimo ano consecutivo, em 2006, entre ascerca <strong>de</strong> 300 empresas <strong>de</strong> todo o mundo que integram o prestigiado Índice Dow Jones<strong>de</strong> Sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, não se <strong>de</strong>ve, apenas, <strong>como</strong> se sabe, ao que ela tem feito em termos<strong>de</strong> valorização do meio ambiente.Sem embargo, além <strong>da</strong>s ações preventivas e mitigadoras <strong>de</strong> impactos, a Cemig realizapromoções que, simultaneamente, fomentam a consciência <strong>ambiental</strong> <strong>de</strong> seusempregados, fornecedores e <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s nas regiões em que atua – 96,7% doterritório mineiro – e em mais cinco Estados <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração.Há, também, um consi<strong>de</strong>rável portfólio <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s no campo social, <strong>como</strong> vistoanteriormente, que geram ren<strong>da</strong>, oferecem assistência nas áreas <strong>de</strong> Educação e <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong>, melhorando a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s populações, e que constroem ou resgatama ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia <strong>de</strong> crianças e adolescentes que se encontravam em situação <strong>de</strong> risco socialou <strong>de</strong> adultos que, indiscutivelmente, constituíam contingentes <strong>de</strong> segregados nosplanos social, cultural e econômico.


143Por fim, os expressivos resultados econômico-financeiros <strong>da</strong> Cemig e suas controla<strong>da</strong>sconferem-lhe a terceira dimensão para estar inseri<strong>da</strong>, entre apenas quatro empresasbrasileiras – as outras são Petrobras, Itaú e Bra<strong>de</strong>sco – no Índice Dow Jones <strong>de</strong>Sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.Quadro 28 - O Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> Companhia Energética <strong>de</strong> Minas Gerais (Cemig)e subsidiárias.Fonte: Disponível em: . Acesso em: 5 maio 2007.


6.14 - Razão Social: Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras)144Área(s) <strong>de</strong> atuaçãoÉ uma empresa <strong>de</strong> economia mista, com o Governo Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>tendo mais <strong>de</strong> 50% <strong>da</strong>s açõesordinárias <strong>de</strong> seu capital. Por <strong>de</strong>sfrutar do reconhecimento internacional, com tecnologiaprópria para águas ultra-profun<strong>da</strong>s, a Petrobras está produzindo petróleo a preçoscompetitivos em campos offshore (marítimos), a profundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s ca<strong>da</strong> vez maiores, atraindo ointeresse <strong>de</strong> companhias petrolíferas <strong>de</strong> todo o mundo, com as quais está assinando acordos<strong>de</strong> parceria para a exploração e produção <strong>de</strong> suas reservas na enorme plataforma submarinabrasileira. A empresa também produz gás, faz o refino do óleo, seu transporte earmazenamento, além <strong>da</strong> distribuição. É, na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, uma <strong>da</strong>s mais importantescompanhias petrolíferas do mundo, sobretudo em termos <strong>de</strong> P&D, e integra o seleto rol <strong>da</strong>squatro empresas brasileiras que integram o cobiçado e valorizado Índice Dow Jones <strong>de</strong>Sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.LocalizaçãoA se<strong>de</strong> <strong>da</strong> empresa localiza-se na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro, embora a sua atuação estejapresente não só em gran<strong>de</strong> parte do litoral brasileiro e, no continente, nos estados em quemantém refinarias, oleodutos e gasodutos, assim <strong>como</strong> campos <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong> gás e <strong>de</strong>novas prospecções para retira<strong>da</strong> <strong>de</strong> petróleo. Com <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> tecnologia, a Petrobras atua,hoje, em diversos países, seja <strong>como</strong> controladora <strong>de</strong> empresas ou, ain<strong>da</strong>, prestadora <strong>de</strong>serviços.Ação(ões) executa<strong>da</strong>(s)A Petrobras produz gás natural, um combustível limpo, sem restrições ambientais e quereduz significativamente os índices <strong>de</strong> poluição. “O combustível do futuro, <strong>como</strong> já estásendo chamado, colabora diretamente para a melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> nas gran<strong>de</strong>smetrópoles. Utilizado <strong>como</strong> matéria-prima nas indústrias si<strong>de</strong>rúrgicas, química,petroquímica e <strong>de</strong> fertilizantes, o gás natural fornece calor, gera eletrici<strong>da</strong><strong>de</strong> e força motriz.Na área <strong>de</strong> transportes, tem a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> substituir o óleo diesel, a gasolina e o álcool,participando, assim, direta e indiretamente, <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a população”.A Petrobras chama a atenção para o fato <strong>de</strong> “o gás natural ser uma nova e promissorafronteira que se abre no horizonte energético brasileiro. Por to<strong>da</strong>s as suas virtu<strong>de</strong>senergéticas, econômicas e ambientais, o gás natural <strong>de</strong>verá multiplicar a sua presença namatriz energética brasileira, saltando dos atuais 8,9% para 12%, em 2015. Além disso, aárea <strong>de</strong> ‘Gás & Energia’ <strong>da</strong> empresa atua no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> fontes alternativas <strong>de</strong>energia e investe em conservação <strong>de</strong> energia, além <strong>de</strong> energia renovável, <strong>como</strong> forma <strong>de</strong>agregar valor aos seus negócios”.Informa ain<strong>da</strong> o site <strong>da</strong> Petrobras que, “neste início <strong>de</strong> novo milênio, a empresa começou aimplementar um importante plano <strong>de</strong> reestruturação com o objetivo <strong>de</strong> se tornar umacompanhia <strong>de</strong> energia. A Petrobras produz energia para o conforto do homem e usa to<strong>da</strong> atecnologia a seu alcance para transformar as diferentes fontes energéticas em progresso ecrescimento. Ao investir em energia eólica, solar, biodiesel, biogás, entre outras, acompanhia aju<strong>da</strong> a diversificar a matriz energética brasileira. Essas ações fazem parte do‘plano Estratégico <strong>da</strong> Petrobras’ que, entre suas metas, prevê para 2010, que 10% <strong>da</strong> energiaelétrica consumi<strong>da</strong> em to<strong>da</strong> a empresa seja obti<strong>da</strong> a partir <strong>de</strong> fontes renováveis”.A empresa também se <strong>de</strong>staca nas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> refino, transporte e armazenamento, além<strong>de</strong> distribuição, permitindo-lhe obter excelentes resultados financeiros, o que já cre<strong>de</strong>ncia,em parte, a ser incluí<strong>da</strong> no Índice Dow Jones <strong>de</strong> Sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.


145No entanto, isola<strong>da</strong>mente, tais resultados jamais a colocariam nessa situação <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque,pois, para a sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, a Petrobras teria que ter atuação <strong>de</strong>staca<strong>da</strong> em duas outrasáreas, <strong>como</strong>, <strong>de</strong> fato, ela tem: na promoção social e no respeito ao meio ambiente, por meio<strong>de</strong> ações que mitigam os impactos ambientais <strong>de</strong> suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e na prevenção,conservação e preservação <strong>de</strong> recursos naturais, espécies animais e do bem-estar humano.“A Petrobras é uma empresa comprometi<strong>da</strong> com o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável”,asseguram os seus relatórios <strong>da</strong> administração dos balanços dos últimos anos.“Ao interagir com o meio ambiente e consumir seus recursos naturais, a companhia enten<strong>de</strong>que <strong>de</strong>ve prestar contas à socie<strong>da</strong><strong>de</strong> sobre o impacto <strong>de</strong> suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s na biosfera econtribuir para a melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> população. Nesse sentido, a empresa temuma gran<strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> socio<strong>ambiental</strong> e investe em programas que, além <strong>de</strong><strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rem a conservação e até mesmo a preservação do meio ambiente, incentivam o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma consciência ecológica junto às comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s”.“Nos últimos três anos, a Petrobras investiu cerca <strong>de</strong> R$ 5,2 bilhões na segurança <strong>ambiental</strong><strong>de</strong> suas instalações e mais <strong>de</strong> R$ 18 milhões em patrocínio <strong>ambiental</strong>, <strong>como</strong>, por exemplo,nos projetos Tâmara, Baleia Jubarte e Peixe-Boi. Quando comemorou os seus 50 anos, em2003, a empresa aprimorou a sua política <strong>de</strong> patrocínio, lançando, em outubro <strong>da</strong>quele ano,o ‘Programa Petrobras Ambiental’, que, para sua primeira edição, elegeu o tema ‘Água’.Com projetos escolhidos por seleção pública, o ‘Petrobras Ambiental’ contemplou,inicialmente, investimentos <strong>de</strong> R$ 40 milhões”.Além dos projetos Tâmara, Baleia Jubarte e Peixe-Boi, são <strong>de</strong>senvolvidos, atualmente, pelo‘Programa Petrobras Ambiental’, os seguintes projetos: Mata Atlântica; Pomar; Brasil <strong>da</strong>sÁguas; Baleia Franca; Golfinho Rotador; Educando sobre as Águas; Recuperação eValorização <strong>da</strong>s Nascentes do Rio Jaguaribe; Água Quente; Preservação do Rio Aiuruoca eDesenvolvimento Sustentável; Uso <strong>de</strong> Agroflorestamento na Recuperação <strong>de</strong> Solos e MatasCiliares em dois distritos do Crato; Igatu; Água Criando soluções; Água e Ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia noSemi-árido – <strong>da</strong> escassez à sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>; Piava; e Projeto Mogi-Guaçu”. Todos têm altarelevância socio<strong>ambiental</strong>.Além disso, “a Petrobras incorporou a seus negócios os princípios <strong>de</strong> <strong>direito</strong>s humanos,trabalho, meio ambiente e combate à corrupção, ao a<strong>de</strong>rir, em 2003, a uma <strong>da</strong>s maisimportantes iniciativas <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> social corporativa no mundo, o ‘GlobalCompact’.De fato, a companhia estabeleceu o que ela <strong>de</strong>nomina “um novo marco <strong>de</strong> atuação na área<strong>de</strong> Responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> Social, ao lançar, em setembro <strong>de</strong> 2003, o ‘Programa Petrobras FomeZero’, tendo investido, até fins <strong>de</strong> 2006, R$ 303 milhões em ações <strong>de</strong> fortalecimento <strong>da</strong>spolíticas públicas <strong>de</strong> combate à miséria e à fome. Inúmeras ações vêm sendo implanta<strong>da</strong>s<strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, em todo o Brasil, com a participação direta <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, contribuindopara a melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> população”.Um processo <strong>de</strong> seleção pública está permitindo à companhia “escolher projetos queestejam a<strong>de</strong>quados às linhas <strong>de</strong> atuação do ‘Programa Petrobras Fome Zero’, ao priorizarema educação e qualificação profissional, geração <strong>de</strong> emprego e ren<strong>da</strong>, garantia dos <strong>direito</strong>s <strong>da</strong>criança e do adolescente, empreendimentos sociais e voluntariado”.Certamente que, ao ser inseri<strong>da</strong> entre as empresas que compõem o Índice Dow Jones<strong>de</strong> Sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, foi levado em conta, ao lado <strong>da</strong>s ações que a Petrobras pratica, ocompromisso público assumido pela companhia <strong>de</strong> que “o seu <strong>de</strong>sempenhoempresarial <strong>de</strong>ve englobar aspectos econômicos, sociais e ambientais”. “Reconheci<strong>da</strong> asua marca <strong>de</strong> excelência na produção <strong>de</strong> petróleo, gás e <strong>de</strong>rivados, a Petrobras tem ocompromisso <strong>de</strong> esten<strong>de</strong>r à área socio<strong>ambiental</strong> a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> nos resultados <strong>de</strong> suasações em benefício <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s. O ‘Programa Petrobras Fome Zero’ consoli<strong>da</strong> anova visão <strong>da</strong> empresa <strong>de</strong> colocar a sua tecnologia e força <strong>de</strong> trabalho à disposição do


146bem-estar <strong>da</strong> população, com o objetivo <strong>de</strong> transformar a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>smais pobres do País, permitindo que elas possam se inserir com digni<strong>da</strong><strong>de</strong> nasocie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira. Este é o caminho proposto pela Petrobras para combater amiséria no Brasil: Desenvolvimento com Ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia”.Quadro 29 - O Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> Petrobras.Fonte: Disponível em: < www.petrobras.com.br >. Acesso em: 5 maio 2007.


7 - Sistema <strong>de</strong> Gestão Ambiental na Empresa147Na gestão empresarial, <strong>de</strong>ve-se estar diuturnamente buscando atitu<strong>de</strong>s e posturasecologicamente corretas, para que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a idéia <strong>de</strong> se montar um empreendimento e/ouexpandi-lo (LP e LI), ou até mesmo nos casos <strong>de</strong> renovações <strong>de</strong> licenças operacionais, seevitem que os projetos sejam procrastinados ou mais onerados pela <strong>de</strong>mora, assim <strong>como</strong>tenham que adotar medi<strong>da</strong>s corretivas, exponham-se a multas, suspensão <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> e, casoextremo, tenham as suas licenças cassa<strong>da</strong>s e, por conseguinte, o encerramento <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s.Dessa forma, os empreen<strong>de</strong>dores estarão aplicando a ecoeficiência, ou seja, suasempresas terão seus trabalhos direcionados a minimizar os impactos ambientais, <strong>de</strong>vido aouso reduzido <strong>de</strong> matérias-primas; produzindo mais, com menos consumo o que lhes <strong>da</strong>rávantagens competitivas, principalmente quando a empresa tiver que li<strong>da</strong>r com asregulamentações ambientais mais severas <strong>como</strong> o processo <strong>de</strong> licenciamento, nas audiênciaspúblicas com as pressões <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> por melhor <strong>de</strong>sempenho <strong>ambiental</strong>, <strong>de</strong>vido aocrescimento <strong>da</strong> consciência <strong>ambiental</strong>, além do progressivo aumento <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> porprodutos e serviços <strong>ambiental</strong>mente corretos, ao lado do atendimento dos padrõesinternacionais (ISOs, tratados e convenções). 84Em 1992, no Brasil, mais precisamente no Rio <strong>de</strong> Janeiro, ocorreu a Rio-92, reunião<strong>da</strong> Confe<strong>de</strong>ração <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Meio Ambiente e Desenvolvimento, que teve <strong>como</strong>proposta a criação <strong>de</strong> um grupo especial na ISO 85 para elaborar normas sobre o meioambiente.Daí, surgiu o comitê técnico ISO/TC207, <strong>de</strong> Gestão Ambiental, que elaborou asnormas <strong>da</strong> série ISO 14000, <strong>de</strong>stina<strong>da</strong> à integração clara entre os conceitos <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> emeio ambiente. 86A ISO 14000 é dividi<strong>da</strong> em normas volta<strong>da</strong>s para a avaliação do produto (rotulagem<strong>ambiental</strong>, ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> do produto e aspectos ambientais em normas <strong>de</strong> produtos) e normasvolta<strong>da</strong>s para a avaliação <strong>da</strong> organização (sistema <strong>de</strong> gestão <strong>ambiental</strong>, <strong>de</strong>sempenho <strong>ambiental</strong>e auditoria <strong>ambiental</strong>).84 GIANNETI, B. F.; ALMEIDA, C. M. V. B. Ecologia industrial: conceitos, ferramentas e aplicações. SãoPaulo: Edgard Blücher, 2006, p.17.85 Organização não-governamental mundial, com se<strong>de</strong> em Genebra, Suíça, composta <strong>de</strong> organismos <strong>de</strong>normalização nacionais acerca <strong>de</strong> 140 países para promover o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> padronização e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>srelaciona<strong>da</strong>s. No Brasil, a ISO é representa<strong>da</strong> pela Associação Brasileira <strong>de</strong> normas Técnicas (ABNT).KRIEGER, M. G. et al. Glossário <strong>de</strong> gestão <strong>ambiental</strong>. São Paulo: Disal, 2006, p. 58.86 OLIVEIRA, M. A. Em busca <strong>da</strong> excelência empresarial. São Paulo: DVS Editora, 2004, p. 89.


Conforme OLIVEIRA,:148“ A postura gerencial <strong>da</strong>s empresas com relação ao meio ambiente <strong>de</strong>ve ser,inicialmente, a <strong>de</strong> cumprir as exigências legais, em segui<strong>da</strong>, promover a integração<strong>da</strong> função gerencial <strong>de</strong> controle <strong>ambiental</strong> ao processo produtivo e, <strong>como</strong> últimoestágio e resultante <strong>da</strong>s iniciativas anteriores, obter um sistema <strong>de</strong> gestão <strong>ambiental</strong>implantado 87 , <strong>de</strong> acordo com a figura 02:Figura 02: Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Sistema <strong>de</strong> Gestão proposto pela ISO 14.001Fonte: Disponível em: . Acesso em:5 maio 2007.“A implantação do SGA foi conquista<strong>da</strong> a partir <strong>de</strong> um criterioso trabalho <strong>de</strong>fortalecimento <strong>da</strong> consciência <strong>ambiental</strong>. O processo <strong>de</strong> certificação inclui auditoriasinternas e externas, com as quais a empresa po<strong>de</strong> verificar sua conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> com alegislação <strong>ambiental</strong> e com a própria ISO 14001, através <strong>da</strong> adoção <strong>de</strong> políticaspreservacionistas e ações <strong>de</strong> antipoluição.” 88Po<strong>de</strong>-se ver, com clareza, que o operador do Direito Ambiental <strong>de</strong>verá participar,ain<strong>da</strong> que indiretamente, <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as etapas sinergéticas do SGA, inserindo-se, assim, em seuprocesso <strong>de</strong> gestão organizacional.87 OLIVEIRA, M. A. Em busca <strong>da</strong> excelência empresarial. São Paulo: DVS Editora, 2004, p. 90.88 Disponível em: .Acesso em: 9 abr. 2007.


149A implementação <strong>de</strong> um SGA apresenta inúmeras vantagens para empresa, querem nível interno, quer externo, <strong>da</strong>s quais, se <strong>de</strong>stacam:Melhoria OrganizacionalGestão <strong>ambiental</strong> sistematiza<strong>da</strong>;Integração <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>ambiental</strong> à gestão dosnegócios <strong>da</strong> empresa;Conscientização <strong>ambiental</strong> dos funcionários;Relacionamento <strong>de</strong> parceria com a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>.Segurança legal;Minimização dos RiscosSegurança <strong>da</strong>s informações;Minimização dos aci<strong>de</strong>ntes e passivos ambientais;Minimização dos riscos dos produtos;I<strong>de</strong>ntificação <strong>da</strong>s vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s.Minimização dos CustosEliminação dos <strong>de</strong>sperdícios;Conquista <strong>da</strong> conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> ao menor custo;Racionalização <strong>da</strong> alocação <strong>de</strong> recursos humanos,físicos e financeiros.Diferencial CompetitivoMelhoria <strong>da</strong> imagem <strong>da</strong> organização;Aumento <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>;Conquista <strong>de</strong> novos mercados;Gestão <strong>ambiental</strong> sistematiza<strong>da</strong>;Integração <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>ambiental</strong> à gestão dosnegócios <strong>da</strong> empresa;Conscientização <strong>ambiental</strong> dos funcionários.Quadro 30 - Benefícios do SGA para a Empresa.Fonte: Disponível em: . Acesso em:5 maio 2007.O Posto Ale, por exemplo, em junho <strong>de</strong> 2003, com a implantação <strong>de</strong> um SGA, recebeua certificação ISO 14001, conforme a figura abaixo:Figura 03: Política Ambiental <strong>da</strong> ALE.Fonte: Disponível em: . Acesso em: 14 maio 2007.


150Sem dúvi<strong>da</strong>, os resíduos encarecem o processo produtivo <strong>de</strong> uma empresa, hajavista que a mesma, muitas <strong>da</strong>s vezes, <strong>de</strong>ve <strong>da</strong>r a a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> <strong>de</strong>stinação ao seu lixo. Assim,empresários querem “melhorar” seus respectivos parques industriais para otimizar o consumo<strong>de</strong> matérias primas, evitar <strong>de</strong>sperdícios, diminuir resíduos e, por conseguinte, obter maiorlucrativi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Por exemplo, a revista ISTOÉ publicou alguns produtos que têm sido <strong>de</strong>staque,mercadologicamente, por estar em consonância com o meio ambiente e com os i<strong>de</strong>aisambientais:“ A vez dos ecocarros: agência americana elege os mo<strong>de</strong>los mais ecológicos eEuropa abre guerra aos poluentesConforto e potência já não são os primeiros requisitos na hora <strong>de</strong> adquirir um carro.Hoje, a maioria dos compradores quer saber se a fábrica agri<strong>de</strong> o meio ambiente, seo combustível utilizado é ecologicamente correto e se a emissão <strong>de</strong> gases está <strong>de</strong>ntrodos limites <strong>da</strong> ética ver<strong>de</strong>. Tanto é ver<strong>da</strong><strong>de</strong> que, em quatro anos, os veículosbiocombustíveis (ou flex) viraram mania no Brasil e já correspon<strong>de</strong>m por 77% <strong>da</strong>sven<strong>da</strong>s, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes <strong>de</strong> Veículos Automotores...(Seção Comportamento - ISTOÉ/1951, <strong>de</strong> 21/03/2007, p. 66)Roupas criam raízes: cientistas <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Nebraska, em Lincoln, estão<strong>de</strong>senvolvendo maneiras <strong>de</strong> produzir têxteis a partir <strong>de</strong> resíduos agrícolas, <strong>como</strong>palha <strong>de</strong> arroz, penas <strong>de</strong> frangos e palha <strong>de</strong> milho. Esses tecidos inovadores fazemparte <strong>de</strong> uma tendência à adoção <strong>de</strong> materiais sintéticos ecossustentáveis...Calças <strong>de</strong> bambu: o bambu cresce rapi<strong>da</strong>mente e é resistente tanto a secas quanto aenchentes. Como o tecido é antimicrobial por natureza, torna-se apropriado pararoupas <strong>de</strong> ginástica macias e que não têm cheiro...Camisas <strong>de</strong> coco: ...camisas <strong>de</strong> poliéster reciclado reforça<strong>da</strong>s com carbono <strong>de</strong> coco,que absorve odores. As camisas garantem proteção solar e absorvem a umi<strong>da</strong><strong>de</strong> emduas vezes menos tempo que o poliéster tradicional.Roupas <strong>de</strong> milho: O ingeo é feito <strong>de</strong> milho - um tecido que não apenas é produzidoa partir <strong>de</strong> um cultivo sustentável, <strong>como</strong> é bio<strong>de</strong>gradável. A fibra já vem sendousa<strong>da</strong> em camisas <strong>de</strong> caminha<strong>da</strong> ...e em peças <strong>de</strong> mo<strong>da</strong> chique <strong>de</strong> grifes...(SeçãoMo<strong>da</strong> - <strong>da</strong>s páginas <strong>da</strong> TIME - ISTOÉ/1951 - 21/03/2007, p. 100).”“Preciclar é <strong>da</strong>r preferência a produtos que não agri<strong>de</strong>m o meio ambiente. Ela ocorrequando se dá preferência a produtos que comprova<strong>da</strong>mente exibam cui<strong>da</strong>dos com omeio ambiente: sabão bio<strong>de</strong>gradável, papel reciclado, sprays sem CFCs eoutros.Agindo <strong>de</strong>ssa forma são estimula<strong>da</strong>s as indústrias que investem na evolução<strong>de</strong> seus produtos, tornando-os <strong>ambiental</strong>mente corretos, <strong>de</strong>ixando nas prateleirasaqueles produtos <strong>da</strong>s indústrias atrasa<strong>da</strong>s, que ain<strong>da</strong> agri<strong>de</strong>m o ambiente”. 89A criação <strong>de</strong> selos por parte do Po<strong>de</strong>r Público, em parcerias com instituições <strong>de</strong>pesquisas, cria certificadoras ambientais, que atestam a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>socio<strong>ambiental</strong> dos bens e serviços engendrados pelas empresas. Por exemplo, os Selos <strong>de</strong>89 DIAS, Genebaldo Freire. Ecopercepção: um resumo didático dos <strong>de</strong>safios socioambientais. São Paulo: Gaia,2004, p. 40.


151Origem Florestal (SOF) e <strong>de</strong> Origem Florestal para Exportação (Sofex), conformeilustração, que estão em vigor <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1.º <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2004. Fazem parte <strong>da</strong> estratégia do IEFpara aperfeiçoar o controle sobre transporte <strong>de</strong> carvão empacotado, inibindo, assim, asfalsificações <strong>de</strong> selos e coibindo o uso e transporte ilegal <strong>de</strong> produtos e subprodutos florestais.“Os SOF para carvão <strong>de</strong> uso doméstico e o Sofex são fornecidos pela AssociaçãoBrasileira <strong>de</strong> Produtores <strong>de</strong> Eucalipto para uso Doméstico (ABEPD) aosempacotadores, com autorização do IEF, mediante prova <strong>de</strong> origem do carvãovegetal utilizado e o volume. É regulamentado pela Portaria 98, <strong>de</strong> 16 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong>2004.Para obtenção do selo, são necessários os seguintes documentos: prova <strong>de</strong> registrojunto ao IEF na categoria <strong>de</strong> comerciante/exportador ou produtor/empacotador enota fiscal <strong>de</strong> origem, acompanha<strong>da</strong> <strong>de</strong> documento <strong>ambiental</strong> correspon<strong>de</strong>nte.O número <strong>de</strong> selos por comerciante/empacotador será proporcional ao volume <strong>de</strong>carvão apresentado convertido em quilogramas para cálculo do número <strong>de</strong>embalagens a serem utiliza<strong>da</strong>s observa<strong>da</strong>s as seguintes proporções: Para carvão <strong>de</strong>origem nativa – 1 mdc = 230 kg; Para carvão <strong>de</strong> eucalipto – 1 mdc = 220 kg; Paracarvão <strong>de</strong> pinus – 1 mdc = 160 kg. Po<strong>de</strong>rão ser aceitas outras espécies ouparâmentos diferentes, mediante justificativa técnica assina<strong>da</strong> por profissionalhabilitado com recolhimento <strong>de</strong> ART.A prestação <strong>de</strong> contas dos selos SOF e Sofex é feita trimestralmente,in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> terem sido utilizados ou não, mediante apresentação <strong>da</strong>comprovação <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s por notas fiscais e o saldo <strong>de</strong> selos remanescentes emrelação ao estoque existente, apresentados em relatório.” 90Figura 04: Selo Sofex.Fonte: IEF.90 Fonte: Disponível em: Acesso em: 14maio 2007.


152Hoje, um empresário para se estabelecer e permanecer no mercado, <strong>de</strong> acordo coma Legislação Positiva Brasileira, <strong>de</strong>ve adotar o Direito Ambiental em sua gestão e, ain<strong>da</strong> maisque, <strong>de</strong> certa forma, o empreen<strong>de</strong>dor tem “arcado” também com parte do déficit financeiro dogoverno, posto que algumas exigências do Po<strong>de</strong>r Público, <strong>como</strong> forma <strong>de</strong> “mitigar” e/ou,“compensar” a atuação, implantação ou modificação <strong>de</strong> seu empreendimento fica sob a égi<strong>de</strong><strong>da</strong> nascente cultura socio<strong>ambiental</strong> brasileira. Por exemplo, o Shopping Diamond Mall,localizado na Aveni<strong>da</strong> Olegário Maciel, no Bairro <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s, BH/MG, para proce<strong>de</strong>r aampliação no seu prédio, teve que refazer to<strong>da</strong> a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> drenagem pluvial <strong>da</strong> Rua dosTimbiras, <strong>como</strong> medi<strong>da</strong> mitigadora:Foto 03: Vista lateral do Shopping Diamond Mall.Fonte: Liciane Faria Traverso Gonçalves.Foto 04: Placa <strong>da</strong> medi<strong>da</strong> mitigadora do Diamond Mall.Fonte: Liciane Faria Traverso Gonçalves.


153Outro exemplo é do Extra Hipermercados, situado na BR-356, ao lado <strong>da</strong>concessionária <strong>de</strong> veículos GM-Jorlan. O Extra foi obrigado a construir uma trincheira <strong>de</strong>retorno na BR-356, além <strong>de</strong> alargar o viaduto sobre a BR-356, antiga BR-040. As duas obrasforam realiza<strong>da</strong>s <strong>como</strong> medi<strong>da</strong>s mitigadoras.Foto 05: Facha<strong>da</strong> do Extra Hipermercados, às margens <strong>da</strong> BR-356.Fonte: Liciane Faria Traverso Gonçalves.Foto 06: Placa <strong>de</strong> medi<strong>da</strong> mitigadora do Extra Hipermercados.Fonte: Liciane Faria Traverso Gonçalves.


154Foto 07: Placa <strong>de</strong> medi<strong>da</strong> mitigadora do Extra Hipermercados.Fonte: Liciane Faria Traverso Gonçalves.Foto 08: Placa <strong>de</strong> medi<strong>da</strong> mitigadora do Extra Hipermercados: construção <strong>da</strong>Trincheira na BR-356.Fonte: Liciane Faria Traverso Gonçalves.


155Foto 09: Medi<strong>da</strong> mitigadora: Trincheira na BR-356.Fonte: Liciane Faria Traverso Gonçalves.Na saí<strong>da</strong> do hipermercado, os clientes têm a alternativa <strong>de</strong> retorno à BR- 356, por umatrincheira construí<strong>da</strong> a um 1 Km do Extra, <strong>como</strong> medi<strong>da</strong> mitigadora.Foto 10: Medi<strong>da</strong> mitigadora: Trincheira na BR-356.Fonte: Liciane Faria Traverso GonçalvesFoto 11: Placa <strong>da</strong> Trincheira na BR-356.Fonte: Liciane Faria Traverso Gonçalves.


156Mais um exemplo é o projeto do Centro Universitário UNA, que, em 2002, abriu oseu terceiro campus, no Bairro Buritis, em BH/MG, e teve que adotar, <strong>como</strong> medi<strong>da</strong>compensatória, a criação e manutenção do Parque Ecológico do Buritis.Foto 12: Placa do Parque Ecológico Buritis.Fonte: Liciane Faria Traverso Gonçalves.Foto 13: Placa <strong>da</strong> medi<strong>da</strong> compensatória imposta à UNA, que foi obriga<strong>da</strong>a estruturar e manter o Parque Ecológico Buritis.Fonte: Liciane Faria Traverso Gonçalves.


157Foto 14: Vista parcial do Parque Ecológico Buritis.Fonte: Pedro Pereira Ruas.7.1 - Marketing empresarialFazem parte do marketing empresarial, segundo BORDIN: 911) RELAÇÕES COM A COMUNIDADE“Empresa alguma é uma ilha. Ela é parte integrante <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve interagircom esta <strong>de</strong> forma harmoniosa e benéfica para ambos.Além <strong>de</strong> valorizar a imagem <strong>da</strong> empresa, investir no relacionamento com acomuni<strong>da</strong><strong>de</strong> propiciará um sentimento <strong>de</strong> respeito e admiração para com osproprietários, colaboradores, produtos e serviços <strong>da</strong> empresa.Outros benefícios que ela colherá investindo neste tipo <strong>de</strong> ação serão a facili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>selecionar profissionais altamente qualificados e maior po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> barganha com seusfornecedores.Geralmente, profissionais mais qualificados preferem trabalhar em empresas bemconceitua<strong>da</strong>s, mesmo que o salário não seja o melhor do mercado.”91 BORDIN, Sady. Marketing empresarial: 1000 dicas para valorizar a imagem <strong>de</strong> sua empresa. Rio <strong>de</strong> Janeiro:Record, 2004, p.131.


158Nota<strong>da</strong>mente, várias empresas têm conseguido se promover, por meio <strong>de</strong> açõessociais, <strong>como</strong> ruas <strong>de</strong> lazer, projetos sociais <strong>de</strong> educação <strong>de</strong> jovem-adultos, ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>sesportivas, entre outras. Na Aveni<strong>da</strong> Bento Simão, Bairro São Bento, em BH/MG, o ShoppingFalls contribuiu com a reforma <strong>da</strong> área <strong>de</strong> lazer na pista <strong>de</strong> cooper, beneficiando, assim, apopulação, conforme registra a placa abaixo.Foto 15: Placa <strong>da</strong> área <strong>de</strong> lazer na Av. Bento Simão.Fonte: Liciane Faria Traverso Gonçalves.Também na Aveni<strong>da</strong> Bento Simão, a Unimed colocou na área <strong>de</strong> lazer esta placa queorienta exercícios <strong>de</strong> alongamento.Foto 16: Placa <strong>da</strong> Unimed: orientação <strong>de</strong> exercícios.Fonte: Liciane Faria Traverso Gonçalves.


2) ADOTE UMA PRAÇA159“Todos sabemos que os municípios vivem com os orçamentos limitados e recursosescassos, e que embelezar praças não está entre as priori<strong>da</strong><strong>de</strong>s sociais <strong>de</strong> umaprefeitura.Adotar uma pequena praça próxima à se<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua empresa, mantendo-a semprelimpa, sem mato, com a grama constantemente apara<strong>da</strong> e com as flores rega<strong>da</strong>s, emtroca <strong>de</strong> uma placa informando que aquela praça é manti<strong>da</strong> por sua empresa,contribui para a valorização <strong>da</strong> imagem <strong>de</strong> ambos, ou seja: <strong>da</strong> empresa e <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.Quando você investe na imagem <strong>de</strong> sua empresa está fazendo, também, umacontribuição direta para a própria comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> on<strong>de</strong> a empresa se insere.” 92A fábrica <strong>de</strong> cimentos Cauê cui<strong>da</strong> <strong>da</strong> praça que fica entre a Rua Carvalho <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong>,esquina com a Rua Bernardo Mascarenhas, no Bairro Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> Jardim, BH/MG.Foto 17: Placa <strong>da</strong> Cauê, que cui<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma praça.Fonte: Daniel Bitencourt Rebouças.Outro exemplo é o <strong>da</strong> Escola Infantil Recreio, que cui<strong>da</strong> <strong>da</strong> Praça Carmo Couri, noBairro São Bento, BH/MG, manti<strong>da</strong> pela escola, que funciona nas suas proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>s.Foto 18: Placa <strong>da</strong> Escola Recreio, que cui<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma praça.Fonte: Daniel Bitencourt Rebouças.92 BORDIN, Sady. Marketing empresarial: 1000 dicas para valorizar a imagem <strong>de</strong> sua empresa. Rio <strong>de</strong> Janeiro:Record, 2004, p. 135.


160Adotar um canteiro é algo que as empresas têm feito para promover a sua imagemjunto à opinião pública. Assim, o Mercado Central <strong>de</strong> BH/MG adotou o canteiro que fica naAveni<strong>da</strong> Augusto <strong>de</strong> Lima, esquina com Rua Curitiba.Foto 19: Placa do Mercado Central, que adota um canteiro.Fonte: Daniel Bitencourt Rebouças.A empresa Pink também adotou o canteiro que fica na Aveni<strong>da</strong> Pru<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Morais,no Bairro Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> Jardim, em BH/MG.Foto 20: Placa <strong>da</strong> Pink, que adota um canteiro.Fonte: Daniel Bitencourt Rebouças.


161A concessionária <strong>de</strong> veículos Recreio, instala<strong>da</strong> na Aveni<strong>da</strong> Barão Homem <strong>de</strong>Melo, contribui para o programa BH VERDE, ao promover a preservação <strong>da</strong> área ao lado doseu empreendimento, <strong>de</strong> acordo com a legislação <strong>ambiental</strong> sobre medi<strong>da</strong>s compensatórias.Foto 21: Placa <strong>da</strong> concessionária Recreio, que criou uma área <strong>de</strong> preservação.Fonte: Pedro Pereira Ruas.A Rua Frei Hilário Meeks, à direita, foi aberta pela concessionária <strong>de</strong> veículosRecreio, <strong>como</strong> condicionante <strong>ambiental</strong> para sua instalação na Aveni<strong>da</strong> Barão Homem <strong>de</strong>Melo, em BH/MG.Foto 22: Rua Frei Hilário Meeks.Fonte: Pedro Pereira Ruas.


3) CONTRIBUA PARA UMA ENTIDADE ASSISTENCIAL162“O governo não tem condições materiais e humanas <strong>de</strong> cui<strong>da</strong>r <strong>de</strong> todos os problemassociais que afligem um país com a dimensão e população do Brasil.A melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s famílias carentes exige que as enti<strong>da</strong><strong>de</strong>sassistenciais tenham recursos para levar a cabo sua nobre missão. Há inúmerasenti<strong>da</strong><strong>de</strong>s beneficentes sérias, sem fins lucrativos, regionais, nacionais e até mesmointernacionais, em praticamente to<strong>da</strong>s as ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s do país.Sua empresa po<strong>de</strong> contribuir financeiramente ou com produtos e serviços queoferece ao mercado. Tudo po<strong>de</strong> ser revertido para aqueles que pouco ou na<strong>da</strong> têm.Automóveis, móveis, linhas telefônicas, computadores, impressoras,eletrodomésticos, alimentos, roupas, médicos, <strong>de</strong>ntistas, enfermeiros, psicólogos.Enfim, qualquer coisa em bom estado ou serviço profissional é bem-vindo.A idéia aqui não é fazer propagan<strong>da</strong> <strong>da</strong> generosi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sua empresa, mas mostrarpara seus clientes, que, por eles terem comprado em seu estabelecimento, suaempresa pô<strong>de</strong> contribuir com uma enti<strong>da</strong><strong>de</strong> beneficente. Para tornar esta ação socialain<strong>da</strong> mais transparente, basta acrescentar ao contrato social ou ao estatuto <strong>da</strong>empresa uma cláusula que reze que um <strong>de</strong>terminado percentual do lucro <strong>de</strong>staempresa será <strong>de</strong>stinado a uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> instituição ou programa social.O McDonald’s, por exemplo, faz anualmente uma promoção, já tradicional, emâmbito nacional, o famoso McDia Feliz, no qual o dinheiro arreca<strong>da</strong>do com a ven<strong>da</strong><strong>de</strong> Big Macs nas lojas <strong>de</strong> todo o país é doado para enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s especializa<strong>da</strong>s nocombate ao câncer.Esse dia é sempre um sucesso <strong>de</strong> público, pois os consumidores gostam <strong>de</strong> participar<strong>de</strong> programas <strong>de</strong> cunho social.” 93As ações sociais que o McDonald’s promove estão estampa<strong>da</strong>s em um dos folhetosque forram as ban<strong>de</strong>jas usa<strong>da</strong>s em suas lojas.Figura 05: Folheto utilizado nas ban<strong>de</strong>jas do McDonald’s – ações sociaisfeitas com a arreca<strong>da</strong>ção do Mc Dia Feliz.Fonte: Pedro Pereira Ruas.93 BORDIN, Sady. Marketing empresarial: 1000 dicas para valorizar a imagem <strong>de</strong> sua empresa. Rio <strong>de</strong> Janeiro:Record, 2004, p.136 - 137.


4) RESPEITE O MEIO AMBIENTE163“Em época alguma <strong>da</strong> história do homem falou-se tanto a respeito <strong>de</strong> preservar omeio ambiente quanto nos dias <strong>de</strong> hoje.E você não po<strong>de</strong> virar as costas para este assunto. Ao contrário: sua empresa tem aobrigação <strong>de</strong> se engajar no movimento mundial <strong>de</strong> preservação do meio ambiente,pois ele é completamente irreversível. Não é uma questão <strong>de</strong> escolha. É uma questão<strong>de</strong> sobrevivência.Poluir o ar, o solo ou os rios é totalmente inaceitável, seja do ponto <strong>de</strong> vista legal oumoral. Trata-se <strong>de</strong> um atentado à vi<strong>da</strong>. A empresa <strong>de</strong>ve trabalhar em harmonia <strong>como</strong> meio ambiente e praticar ações <strong>de</strong> preservação, <strong>como</strong> sistemas <strong>de</strong> filtragem dosgases e líquidos que saem <strong>da</strong> fábrica, bem <strong>como</strong> separando os resíduos industriais.Entretanto, não basta investir em tecnologia <strong>de</strong> preservação. É importante que osconsumidores saibam que não estão contribuindo para a <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> natureza aocomprar os produtos <strong>de</strong> sua empresa. Estes <strong>de</strong>vem ser informados sobre as medi<strong>da</strong>s<strong>de</strong> proteção ao meio ambiente adota<strong>da</strong>s pela companhia, seja através <strong>de</strong> anúncios <strong>de</strong>jornais, revistas, seja através <strong>de</strong> embalagens <strong>de</strong> seus produtos ou na página <strong>da</strong>empresa na internet.” 94Figura 06: Bateria.Fonte: jornal Estado <strong>de</strong> Minas, 26 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2006, seção Economia, p. 4.94 BORDIN, Sady. Marketing empresarial: 1000 dicas para valorizar a imagem <strong>de</strong> sua empresa. Rio <strong>de</strong> Janeiro:Record, 2004. p. 141.


164“O McDonald’s <strong>de</strong>termina que os pastos para a criação do gado <strong>de</strong>vem estar bemlonge <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> preservação <strong>ambiental</strong>. Assim, a gente evita qualquer possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>smatamento” (Figura 07).Figura 07: Folheto utilizado nas ban<strong>de</strong>jas do McDonald’s.Fonte: Liciane Faria Traverso Gonçalves.Os impressos <strong>de</strong> uso interno, folhetos, talões e folhas <strong>de</strong> cheques, entre outros itensutilizados pelo Banco Real, são fabricados com 100% <strong>de</strong> papel reciclado. O lema <strong>da</strong> empresano que versa sobre o meio ambiente é: “Preservar o meio ambiente é cui<strong>da</strong>r do nosso futuro.”Figura 08: Folheto do Banco Real.Fonte: Banco Real.


165O supermercado EXTRA, do Minas Shopping, em BH/MG, promove a coleta <strong>de</strong>latas <strong>de</strong> alumínio para reciclagem, em parceria com a empresa Hellmans.Foto 23: Lugar para <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> latas <strong>de</strong> alumínio.Fonte: Liciane Faria Traverso Gonçalves.5) MOSTRE CUIDADOS COM A PRODUÇÃO“As empresas que produzem roupas a partir <strong>da</strong> pele <strong>de</strong> animais também sofrem <strong>como</strong>s ataques <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> proteção <strong>ambiental</strong>.O que estes grupos mais gostam <strong>de</strong> fazer para sensibilizar a opinião pública émostrar aquelas imagens horríveis dos pobres e in<strong>de</strong>fesos animais sendo brutalmenteexecutados pelos caçadores <strong>de</strong> peles.Ora, vamos com calma! Há diversos produtores sérios <strong>de</strong> casacos <strong>de</strong> pele, que têm asua própria criação, tratando os simpáticos bichinhos <strong>da</strong> mesma forma que oscriadores <strong>de</strong> qualquer outro animal, respeitando a digni<strong>da</strong><strong>de</strong> dos animais e impondolheso menor sofrimento possível.Da mesma forma, os ecologistas também adoram mostrar cenas <strong>de</strong> queima<strong>da</strong>s <strong>de</strong>florestas, culpando sistematicamente os ma<strong>de</strong>ireiros. Ocorre que quem queima e<strong>de</strong>smata a floresta não são os ma<strong>de</strong>ireiros, que retiram apenas as ma<strong>de</strong>iras que lhesinteressam, mas sim os agropecuaristas, que precisam <strong>da</strong> terra <strong>de</strong>smata<strong>da</strong> paraplantar pastagens e criar gado.Cabe à indústria atingi<strong>da</strong> pelos ruidosos movimentos hostis esclarecer a opiniãopública, que acredita piamente no que dizem os movimentos.” 9595 BORDIN, Sady. Marketing empresarial: 1000 dicas para valorizar a imagem <strong>de</strong> sua empresa.Rio <strong>de</strong> Janeiro:Record, 2004, p.170.


166A Sorvetes Kibon usa ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> reflorestamento, <strong>como</strong> princípio <strong>de</strong>sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>:Foto 24: Palito <strong>de</strong> picolé feito com ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> reflorestamento.Fonte: Escaneado por Liciane Faria Traverso Gonçalves.A empresa <strong>de</strong> carpetes, Interface Carpetes, Bra<strong>de</strong>sco Capitalização, Bra<strong>de</strong>sco Cartões,Caminhões Volkswagen, Citizen, Coca-Cola FEMSA, Dez Brasil Propagan<strong>da</strong>, Dixie Toga,EPR Soluções Ambientais, Gênesis Empreendimentos, Lao Engenharia, Martins Atacadista-Distribuidor, Repsol YPF, Revista Istoé e Rodovia <strong>da</strong>s Colinas participam do ProgramaFlorestas do Futuro que visa à proteção e plantio <strong>de</strong> árvores nas margens.“Proteger e plantar árvores nas margens é fun<strong>da</strong>mental para a sobrevivência <strong>de</strong>nossos rios. Por isso a Fun<strong>da</strong>ção SOS Mata Atlântica <strong>de</strong>senvolveu o ProgramaFlorestas do Futuro, uma iniciativa que viabiliza, por meio <strong>de</strong> parcerias comempresas, o plantio <strong>de</strong> árvores na mata ciliar, protegendo as bacias hidrográficas epromovendo educação <strong>ambiental</strong> junto às comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s.” (Figura 09)Figura 09: Propagan<strong>da</strong> <strong>da</strong> Interface Carpetes.Fonte: Propagan<strong>da</strong> na Revista ISTOÉ.


6) AJUDE A SOLUCIONAR OS PROBLEMAS167“Tornar público um problema e assumir a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> é apenas parte <strong>da</strong>estratégia para preservar a imagem <strong>de</strong> uma empresa. A segun<strong>da</strong> etapa é solucionar oproblema.Em 1989, quando o superpetroleiro Exxon Val<strong>de</strong>z encalhou na costa do Alasca,<strong>de</strong>ixando vazar 40 milhões <strong>de</strong> litros <strong>de</strong> óleo no mar, culminando num dos maiores<strong>de</strong>sastres ecológicos do mundo, a Exxon prontificou-se imediatamente a colaborarcom ecologistas, cientistas e com o governo norte-americano para auxiliar nasolução dos problemas. Colocou aviões à disposição <strong>de</strong>ssas pessoas, provi<strong>de</strong>ncioua<strong>como</strong><strong>da</strong>ções e não economizou um centavo sequer para aju<strong>da</strong>r a minimizar oestrago....Esclarecimento e pronta colaboração àqueles atingidos por imprevistos po<strong>de</strong>mpreservar uma imagem positiva arduamente conquista<strong>da</strong> durante déca<strong>da</strong>s.” 967) AGREGANDO VALOR À MARCA – OBTENHA CERTIFICAÇÕES“ ‘Soja tradicional certifica<strong>da</strong> vale mais’ (Gazeta do Povo, 19/10/03).Se sua empresa é boa no que faz, então trate <strong>de</strong> provar. Além <strong>de</strong> agregar valor àimagem <strong>de</strong> sua empresa, uma certificação é a chave para abrir as portas para<strong>de</strong>terminados mercados.A melhor prova <strong>de</strong> competência e <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma empresa é a obtenção <strong>de</strong> umdocumento público que comprove sua quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, emitido por um órgão sério ereconhecido e sem qualquer ligação com a empresa contratante.Para mostrar aos clientes e fornecedores que a sua empresa fabrica produtos e quepresta serviços <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> mundialmente aceitos, ela necessita<strong>de</strong> uma certificação, que na<strong>da</strong> mais é do que um atestado, on<strong>de</strong> está escrito que<strong>de</strong>terminado produto, serviço ou processo está em perfeita conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> com o queestabelece a norma aplica<strong>da</strong> para aquela situação.As normas para as certificações variam <strong>de</strong> acordo com que a empresa quer certificar.Tanto po<strong>de</strong> ser um produto quanto uma fábrica inteira, a prestação <strong>de</strong> um serviço ourelacionamento <strong>da</strong> empresa com o meio ambiente.O trabalho <strong>de</strong> certificação é rigoroso e <strong>de</strong>morado, passando pela análise <strong>de</strong>documentos <strong>da</strong> empresa, inspeções na linha <strong>de</strong> montagem e dos produtos acabados,no estoque e no ponto-<strong>de</strong>-ven<strong>da</strong>, prestação <strong>de</strong> serviço, garantia, assistência técnica,lixo industrial, etc.Dentre as diversas certificações existentes, po<strong>de</strong>mos citar as séries ISO 9000 e14000, que tratam do Sistema <strong>de</strong> Garantia <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong> Proteção ao MeioAmbiente, respectivamente, e a AS 8000, que trata <strong>da</strong>s condições <strong>de</strong> trabalho,internacionalmente reconheci<strong>da</strong>s e, em muitos casos, exigi<strong>da</strong>s para exportação.No Brasil, a ABNT- Associação Brasileiras <strong>de</strong> Normas Técnicas, enti<strong>da</strong><strong>de</strong> prova<strong>da</strong>sem fins lucrativos - fun<strong>da</strong><strong>da</strong> em 1940, é o órgão responsável pela normalizaçãotécnica no país e é também membro fun<strong>da</strong>dor <strong>da</strong> ISO (International Organizationfor Stan<strong>da</strong>rdization)...Os benefícios para a imagem <strong>de</strong> uma empresa certifica<strong>da</strong> são vários. Primeiro,<strong>de</strong>monstra que a empresa é séria e está preocupa<strong>da</strong> com a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do que produz.Segundo, que ela está up-to-<strong>da</strong>te com o mundo, pois a maioria <strong>da</strong>s certificaçõessegue padrões mundiais <strong>de</strong> padronização e quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Terceiro, 97 que ela éconfiável, pois po<strong>de</strong> comprovar a sua quali<strong>da</strong><strong>de</strong>.”O Brasil já possui 1.000 certificações ambientais, ou seja, 1.000 certificações <strong>de</strong>empresas com a adoção <strong>da</strong>s normas ISO 14001, que integra a ISO 14000, uma série <strong>de</strong>96 BORDIN, Sady. Marketing empresarial: 1000 dicas para valorizar a imagem <strong>de</strong> sua empresa. Rio <strong>de</strong> Janeiro:Record, 2004, p.175 -176.97 BORDIN, Sady. Marketing empresarial: 1000 dicas para valorizar a imagem <strong>de</strong> sua empresa. Rio <strong>de</strong> Janeiro:Record, 2004, p.185-186.


168normas edita<strong>da</strong>s pela International Organizations for Stan<strong>da</strong>rtdization (ISO) em 1995,visando padronizar a implementação voluntária <strong>de</strong> Sistemas <strong>de</strong> Gerenciamento Ambiental(SGA) ou, em inglês, Environmental Management System (EMS), nos diversos ramos <strong>da</strong>sativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s humanas que, sem dúvi<strong>da</strong>, em termos organizacionais, favorece a imagem <strong>da</strong>empresa e cria uma re<strong>de</strong> <strong>ambiental</strong>mente sustentável.Assim, a implementação do SGA constitui estratégia para que o empresárioi<strong>de</strong>ntifique, continuamente, oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> melhorias que reduzam os impactos <strong>da</strong>sativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> sua empresa sobre o meio ambiente <strong>de</strong> forma integra<strong>da</strong> aos mecanismos <strong>de</strong>conquista <strong>de</strong> mercado e <strong>de</strong> lucrativi<strong>da</strong><strong>de</strong>.Segundo Alexandre Vala<strong>da</strong>res Mello, assessor <strong>de</strong> Meio Ambiente <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração <strong>da</strong>sIndústrias do Estado <strong>de</strong> Minas Gerais (Fiemg), em 2003, a conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> conquista<strong>da</strong> pelaadoção do SGA mostrou-se estável e sustentável porque se alicerçou no compromisso <strong>da</strong>empresa e <strong>de</strong> seus empregados com programas e procedimentos específicos. Isso representa oestágio <strong>de</strong> excelência <strong>da</strong> empresa em relação a seu comprometimento com o meio ambiente.Em 2003, foi constatado que, em Minas Gerais, havia mais <strong>de</strong> 80 empresas que já possuíamcertificações pela norma <strong>ambiental</strong>.Há quatro anos (em 2003), a Belgo Mineira (atual Arcelor) reduziu o uso <strong>da</strong> água:98% <strong>de</strong>la passaram a recircular no processo produtivo. A empresa havia tido <strong>como</strong>experiência piloto a certificadora ISO 14001 e BS 8800 (cuja nomenclatura atual é OSHAS18001 e se refere à segurança ocupacional) <strong>da</strong> Usina <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora, em 1997. SegundoFídias <strong>de</strong> Miran<strong>da</strong>, gerente corporativo <strong>de</strong> Meio Ambiente <strong>da</strong> Arcelor/Belgo Mineira, em2003, “o trabalho <strong>da</strong> empresa baseou-se em três pilares: cumprimento <strong>da</strong> legislação<strong>ambiental</strong>, prevenção <strong>da</strong> poluição e melhoria contínua” (grifo nosso), que envolve otreinamento, capacitação e conscientização dos funcionários.Também a Minerações Brasileiras Reuni<strong>da</strong>s S.A. (MBR) recebeu a certificação,segundo as normas ISO 14001 (meio ambiente), OSHAS 18001 (segurança e saú<strong>de</strong>ocupacional) e ISO 9001/2000 (quali<strong>da</strong><strong>de</strong> do processo e satisfação do cliente), em <strong>de</strong>zembro<strong>de</strong> 2002. A certificação ocorreu após auditorias nas cinco uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> mineradora, pela DetNorske Veritas (DNV). De acordo com Francisco Assis Lafetá Couto, coor<strong>de</strong>nador <strong>da</strong>implantação <strong>da</strong> ISO 14001 na MBR, o processo foi intensificado com o Sistema Integrado<strong>de</strong> Melhorias (SIM). Este sistema na área <strong>ambiental</strong> prevê programas <strong>de</strong>monitoramento, recuperação <strong>da</strong>s áreas minera<strong>da</strong>s, educação <strong>ambiental</strong> para acomuni<strong>da</strong><strong>de</strong> e empregados, licenciamento <strong>ambiental</strong> <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s e combate a incêndiosflorestais, entre outros.


169Os aspectos legais e controles <strong>de</strong> impactos são analisados para a obtenção <strong>de</strong>certificadoras.Segundo Pedro Gusato, Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Associação Brasileira <strong>de</strong> Normas Técnicas(ABNT), <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2003, qualquer empreendimento po<strong>de</strong> se certificar com a ISO 14001.“A primeira etapa é o levantamento <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a documentação <strong>da</strong> empresa, exigidopara ver se ela está em conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> com as leis fe<strong>de</strong>rais, estaduais emunicipais (grifo nosso). Depois, passa-se para o levantamento dos aspectos dosimpactos ambientais a partir <strong>da</strong> <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> controles e procedimentos. Entretanto,durante todo o processo, o treinamento do pessoal é fun<strong>da</strong>mental.”Gusato afirma que a certificação <strong>de</strong>monstra o comprometimento com o cliente e acomuni<strong>da</strong><strong>de</strong> e a preocupação <strong>ambiental</strong> <strong>da</strong> empresa que, sob o ponto <strong>de</strong> vista financeiro,ganha em rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, ao evitar <strong>de</strong>sperdícios, e, com relação à sua imagem, o retorno que omercado proporciona.O fabricante do secador Turbo Wind informa ao consumidor que o produto possui acertificadora ‘Selo Ruído’, do ‘Programa ao Silêncio’.“O PROGRAMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO E CONTROLE DA POLUIÇÃOSONORA – SILÊNCIO - foi instituído pela Resolução Conama nº 2, <strong>de</strong> 8/3/90,consi<strong>de</strong>rando a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer normas, métodos e ações para controlar oruído excessivo que interfere na saú<strong>de</strong> e bem estar <strong>da</strong> população. A coor<strong>de</strong>nação doprograma compete ao Ibama. Aos Estados e municípios compete o estabelecimentoe implementação dos programas estaduais <strong>de</strong> educação e controle <strong>da</strong> poluiçãosonora, em conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> com o estabelecido no Programa SILÊNCIO. Um dosobjetivos do programa é ‘incentivar a fabricação e uso <strong>de</strong> máquinas, motores,equipamentos e dispositivos com menor intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ruído quando <strong>de</strong> suautilização na indústria, em veículos em geral, construção civil e utili<strong>da</strong><strong>de</strong>sdomésticas. Visando a alcançá-lo, em 7/12/94, foi publica<strong>da</strong> a Resolução Conaman.º 20/94, instituindo a obrigatorie<strong>da</strong><strong>de</strong> do uso do SELO RUÍDO emeletrodomésticos produzidos e importados e que gerem ruído no seufuncionamento.” (Disponível em: .Acesso em: 25 maio 2007).Foto 25: Caixa <strong>de</strong> secador que contém o selo <strong>ambiental</strong>.Fonte: Liciane Faria Traverso Gonçalves.


170A empresa TOK & STOK garante que trabalha com objetos fabricados comma<strong>de</strong>iras que têm procedência legal, em consonância com a legislação <strong>ambiental</strong>.“Responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> Social: Tok & Stock Ecossocial - Programa ‘Ma<strong>de</strong>iraCertifica<strong>da</strong>’: A Tok & Stok” mantém seu compromisso e preocupação em<strong>de</strong>senvolver gra<strong>da</strong>tivamente novas linhas <strong>de</strong> produtos certificados, semprerespeitando, porém, a premissa <strong>de</strong> criar produtos que sejam economicamente viáveise que possam ser oferecidos ao mercado <strong>de</strong> forma competitiva, o que ain<strong>da</strong>representa um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio.A ma<strong>de</strong>ira certifica<strong>da</strong> é extraí<strong>da</strong> <strong>de</strong> florestas reconheci<strong>da</strong>s <strong>como</strong> corretamentemaneja<strong>da</strong>s pelo Forest Stewardship Council (FSC) - Conselho <strong>de</strong> Manejo Florestal -,uma enti<strong>da</strong><strong>de</strong> cria<strong>da</strong> por profissionais e associações <strong>de</strong> 25 países.” (Figura 12).Figura 10: Propagan<strong>da</strong> <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> social <strong>da</strong> TOK & STOK.Fonte: fol<strong>de</strong>r encartado no jornal Estado <strong>de</strong> Minas.


171A Companhia Energética <strong>de</strong> Minas Gerais (Cemig) obteve, em 2005, ascertificadoras <strong>ambiental</strong> e social <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, gestão <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e trabalho. Segundo LuizAugusto Barcelos <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong>, superinten<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação Ambiental e Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>Cemig, em 2003, “no Brasil, a certificação funcionava <strong>como</strong> um atestado <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>ambiental</strong> que melhorava a imagem <strong>da</strong> empresa.” Em 2006, pelo sétimo ano consecutivo, aCemig integrou o Índice Dow Jones <strong>de</strong> Sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, conquista restrita a 300 empresas <strong>de</strong>diversos países, quatro <strong>de</strong>las, brasileiras, <strong>como</strong> já salientado.Figura 11: Cemig anuncia a sua responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>ambiental</strong>.Fonte: Propagan<strong>da</strong> inseri<strong>da</strong> na Revista ISTOÉ.


172A<strong>de</strong>mais, buscando mitigar os impactos ambientais visuais na paisagem natural,tutelados pelo Direito Ambiental, <strong>como</strong> <strong>de</strong>monstram as fotos a seguir, as torres <strong>de</strong> telefoniaforam camufla<strong>da</strong>s pela vegetação.Foto 26: Torre camufla<strong>da</strong> <strong>da</strong> UFMG.Fonte: Boletim Informativo <strong>da</strong> UFMG, n.º 1.375, ano XIX , 21 nov. 2002.Foto 27: Torres camufla<strong>da</strong>s <strong>da</strong> empresa Larson Company.Fonte: Disponível em: . Acesso em: 5 maio 2005.


8 - Conclusão173Para a conclusão <strong>de</strong>sta dissertação, po<strong>de</strong>r-se-ia fazer, <strong>de</strong> início, uma pergunta que,aparentemente, teria uma resposta fácil: o que faz uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> funcionar <strong>de</strong> formaharmônica, respeitando o <strong>direito</strong> à digni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> seus integrantes?Efetivamente, conforme o estado <strong>da</strong> arte <strong>da</strong>s Ciências Humanas, Ciências SociaisAplica<strong>da</strong>s, em que se incluem as Ciências Jurídicas, na mais recente classificação <strong>da</strong>s ciênciasfeita pela Organização Educacional, Científica e Cultural <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s (Unesco), além<strong>da</strong>s Ciências Biológicas e dos <strong>de</strong>mais ramos do conhecimento científico, qualquer socie<strong>da</strong><strong>de</strong>,para dignificar ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong> seus membros, em todos os seus estratos, necessita <strong>de</strong> normas. Aanomia, provavelmente, venha a ser o pior dos inimigos do “homem civilizado”. Um ser quedispõe, hoje, <strong>de</strong> um sem-número <strong>de</strong> recursos tecnológicos que, em relação aos mais po<strong>de</strong>rososintegrantes <strong>da</strong>s mais <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s e ricas socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> um passado não tão distante, são,indiscutivelmente, privilegiados. Alguns, por disporem <strong>de</strong> recursos financeiros consi<strong>de</strong>ráveis,terem posição social <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque, residirem em confortáveis habitações em áreas comcompleta infra-estrutura urbana e sem necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s materiais a serem supri<strong>da</strong>s com urgênciaconsi<strong>de</strong>ram-se, em geral, auto-suficientes e inatingíveis, posto que vivem em locais tidos<strong>como</strong> inexpugnáveis, seguros e imunes a tudo, inclusive à força <strong>da</strong> natureza e às alteraçõesclimáticas <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s antrópicas <strong>de</strong>smesuráveis e francamente <strong>da</strong>nosas ao meioambiente. Esses homens dispõem, assim, <strong>de</strong> autênticas fortalezas forma<strong>da</strong>s por redomas nasquais só se inserem numa pretensa privaci<strong>da</strong><strong>de</strong>, por certo, <strong>de</strong>snecessária, porquanto excessivae discriminatória, e <strong>de</strong> conforto material, ao lado, provavelmente, <strong>da</strong> alienação total comrelação à reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>ambiental</strong> e os prognósticos na<strong>da</strong> alvissareiros sobre o <strong>de</strong>stino <strong>da</strong>Humani<strong>da</strong><strong>de</strong>, a persistir o quadro francamente <strong>da</strong>noso ao meio ambiente.Mesmo contando na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong> com um rico e diversificado or<strong>de</strong>namento normativo, asocie<strong>da</strong><strong>de</strong> vem encontrando dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s para que todos, indistintamente, possam vivercondignamente.Com efeito, se a globalização <strong>da</strong> economia fez emergir novos centros <strong>de</strong> produção eampliou mercados, levando riquezas a <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s áreas, também implicou <strong>de</strong>sdobramentossocialmente perversos. Isso, para se falar apenas dos anos 1980 e 1990 e <strong>de</strong>ste início <strong>de</strong>milênio. O crescimento econômico mundial <strong>da</strong>s últimas déca<strong>da</strong>s, promovido a partir, <strong>de</strong> umlado, pelos avanços <strong>da</strong> ciência e <strong>da</strong> tecnologia, além do protecionismo estatal dos países<strong>de</strong>senvolvidos a setores <strong>como</strong> o <strong>da</strong> agricultura, e, <strong>de</strong> outro, pela exploração <strong>da</strong> mão-<strong>de</strong>-obra


174barata e até escrava, manteve as gran<strong>de</strong>s dispari<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> e <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>entre as populações <strong>de</strong> países, regiões, ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s ou, ain<strong>da</strong>, entre as pessoas que vivem eminterseções <strong>de</strong> bairros bem estruturados e favelas.Um quadro à primeira vista <strong>de</strong>sanimador, em termos <strong>de</strong> aspectos sociais, que,certamente, será palco para novos contenciosos internacionais, continentais, nacionais elocais, que, para a sua solução, não po<strong>de</strong>rão prescindir do Direito, seja em que nível espacialfor.Ao lado <strong>da</strong>s normas legais, com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> mídia eletrônica, sobretudo <strong>da</strong>TV, cujo po<strong>de</strong>r advém, basicamente, do fantástico recurso <strong>da</strong> imagem, po<strong>de</strong>ndo hoje sertransmiti<strong>da</strong> em tempo real, a opinião pública tem aju<strong>da</strong>do <strong>de</strong>cisivamente para que ocorramavanços no que tange à conservação e preservação do meio ambiente. Assim, o Po<strong>de</strong>r Públiconão está mais sozinho na luta contra a <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção <strong>ambiental</strong>.A<strong>de</strong>mais, se a falta <strong>de</strong> regras po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sfavorecer o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>shumanas, há que registrar que, mesmo com o robusto e rico arcabouço normativo construídopelo homem ao longo <strong>de</strong> milênios, sobre os mais diversos campos do saber jurídico, a misériae a fome ain<strong>da</strong> não foram erradica<strong>da</strong>s e atingem, neste início <strong>de</strong> milênio, mais <strong>de</strong> 1 bilhão <strong>de</strong>seres humanos. Ou seja, não basta haver regras; é preciso aplicá-las em benefício <strong>de</strong> todos,não apenas <strong>da</strong> minoria. E não só com a força legal do Estado, mas, também, com aparticipação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Neste sentido, saliente-se que o homem não po<strong>de</strong> prescindir <strong>da</strong>prevalência do aparato normativo nas relações sociais, bem <strong>como</strong>, nas questões ambientais, <strong>da</strong>res publica sobre o interesse particular <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> pessoa, <strong>de</strong> um grupo social, <strong>de</strong> uma empresa.Desta forma, o Direito Ambiental não veio para acolher – não obstante o <strong>direito</strong>inalienável ao contraditório, à <strong>de</strong>fesa ampla –, em sua rica legislação, aqueles que seacostumaram, por muito tempo, a <strong>de</strong>srespeitar o meio ambiente sem que na<strong>da</strong> lhes obstasse oupenalizasse.No Brasil, foi assim – ao alvedrio do explorador inconseqüente e irresponsável –,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primórdios do Período Colonial, apesar <strong>de</strong>, àquela época, já existirem diplomaslegais que tivessem <strong>como</strong> impedir a <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção <strong>ambiental</strong>, marca<strong>da</strong>, sobretudo, pelo corteintensivo e indiscriminado <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras – não só do Pau Brasil, para o contrabando. Daí, tersurgido a expressão “ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> lei”, atribuí<strong>da</strong> ao mogno, cerejeira, ipê e jacarandá, que,entre diversas espécies <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras, estavam protegi<strong>da</strong>s pela Coroa.Outras leis volta<strong>da</strong>s para a conservação e preservação ambientais foram edita<strong>da</strong>s até apromulgação <strong>da</strong> Lei n.º 6.938/81, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente, e, seteanos <strong>de</strong>pois, <strong>da</strong> Constituição <strong>da</strong> República Fe<strong>de</strong>rativa do Brasil, <strong>de</strong> 1988, que consagrou, no


175art. 225, caput, <strong>de</strong> vez, a proteção ao meio ambiente, lastreando todo um aparatonormativo elaborado para colocar o País nos trilhos que levam à busca <strong>da</strong> sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>; docrescimento econômico com <strong>de</strong>senvolvimento; <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> econômica respeitando a naturezae o homem em sua digni<strong>da</strong><strong>de</strong>.A<strong>de</strong>mais, com a CF/88, o Brasil pô<strong>de</strong> se ombrear aos países que tratam o meioambiente com o cui<strong>da</strong>do que ele impõe <strong>como</strong> ecúmeno, <strong>como</strong> a mora<strong>da</strong> do homem. Se a casa<strong>de</strong> ca<strong>da</strong> ser humano que habita o planeta, embora mais <strong>de</strong> 20% <strong>da</strong> população mundial nãodisponham <strong>de</strong> teto para abrigá-la <strong>da</strong>s intempéries, po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>, em tese, um espaçoem que ele se sinta protegido, seguro, também po<strong>de</strong> vir a representar o seu próprio túmulo, seele não se voltar para os graves problemas que afetam o clima, em <strong>de</strong>corrência <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>santrópicas <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s sem o <strong>de</strong>vido zelo <strong>ambiental</strong> e em <strong>de</strong>sacordo com as normas legais.A exigência legal <strong>da</strong> avaliação dos impactos ambientais dos empreendimentospotencialmente geradores <strong>de</strong> <strong>da</strong>nos ao meio ambiente, <strong>como</strong> os elencados neste trabalho (porexemplo, mineradoras, postos <strong>de</strong> ven<strong>da</strong> <strong>de</strong> combustíveis, si<strong>de</strong>rúrgicas, shoppings, cemitério,fábricas <strong>de</strong> cimento, companhias hidrelétricas, entre outros), terminou por proporcionarbenefícios para a população, <strong>de</strong> modo geral, e, especificamente, para os empregados <strong>da</strong>empresa e para as pessoas que vivem no seu entorno, conforme dispõe a legislação. Trata-se,aqui, <strong>da</strong> proteção que se <strong>de</strong>ve <strong>da</strong>r ao ambiente, <strong>de</strong> forma ampla, incluindo-se,indispensavelmente, o do trabalho e o <strong>da</strong>s áreas <strong>de</strong> influência dos empreendimentos.As empresas ora estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s, em sua maioria, já animavam ou estão reaquecendo aeconomia <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado município, estado, região ou até do País, ain<strong>da</strong> que <strong>de</strong> formaindireta, por meio do recolhimento <strong>de</strong> tributos, exportação <strong>de</strong> bens e/ou <strong>de</strong> serviços. Nosplanos municipal e estadual, com a geração <strong>de</strong> empregos, ren<strong>da</strong> e tributos, <strong>como</strong>, também,conforme a sua natureza, promovendo a atração <strong>de</strong> novos empreendimentos, além <strong>da</strong>s açõesque executam, quando comprometi<strong>da</strong>s com a sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> socio<strong>ambiental</strong>, com ascomuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s que vivem em seu entorno. Se os impactos que promovem no meio ambientesão consi<strong>de</strong>rados espacial e socialmente gran<strong>de</strong>s, as medi<strong>da</strong>s mitigadoras e compensatóriastambém produzem efeitos positivos para o coletivo social, a começar do fato <strong>de</strong> que,habitualmente, os órgãos licenciadores as impõem em obras infra-estruturais, porquanto oPo<strong>de</strong>r Público não tem, muitas vezes, <strong>como</strong> realizá-las, em face <strong>da</strong> crise fiscal em quemergulharam Estados e municípios (são mais <strong>de</strong> 5 mil no País), <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a reforma tributária dofinal <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1960, e <strong>da</strong> qual a maioria ain<strong>da</strong> não se recuperou.Quando um gran<strong>de</strong> empreendimento se instala em uma área já consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>, muitas <strong>da</strong>svezes, ele traz transtornos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m diversa, quando, não, problemas para a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>. Nos


176casos <strong>de</strong> empreendimentos que contam com equipes multidisciplinares para a elaboraçãodo projeto <strong>de</strong> instalação, esses transtornos e problemas po<strong>de</strong>m ser evitados, ain<strong>da</strong> na fase <strong>de</strong>obtenção <strong>da</strong> Licença Prévia (LP) junto ao Po<strong>de</strong>r Público. Trabalho que, indispensavelmente,<strong>de</strong>verá contar com a participação do operador do Direito Ambiental na empresa.Assim, o Direito Ambiental <strong>de</strong>ve ser utilizado <strong>como</strong> eficaz ferramenta preventiva, noprocesso <strong>de</strong> regularização e licenciamento do empreendimento, que po<strong>de</strong> passar, ain<strong>da</strong>,conforme a sua dimensão e potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> impactar o meio ambiente, pelas Licenças <strong>de</strong>Instalação (LI) e <strong>de</strong> Operação (LO). Não há mais sentido, nos dias atuais, respeitando-se oprincípio jurídico <strong>da</strong> prevalência <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, não fossem outros a se observar, umempreendimento obter a LO e, logo em segui<strong>da</strong>, ao <strong>de</strong>srespeitar as normas legais, afetando omeio ambiente, ter a licença cassa<strong>da</strong>. Ou, então, submeter-se à obtenção <strong>da</strong> Licença <strong>de</strong>Operação Corretiva (LOC). A<strong>de</strong>mais, há, periodicamente, a renovação <strong>da</strong> LO, quando to<strong>da</strong>sas normas impostas originalmente ao empreendimento serão revistas, com o fito <strong>de</strong> severificar se foram cumpri<strong>da</strong>s. Não só as normas, mas as eventuais medi<strong>da</strong>s mitigadoras oucompensatórias, impostas pelo Po<strong>de</strong>r Público, com o concurso <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, que,praticamente, as <strong>de</strong>finiu em Audiência Pública.Cabe, portanto, ao operador do Direito Ambiental <strong>da</strong> empresa direcionar a sua gestãopara que o complexo processo <strong>de</strong> licenciamento ocorra não somente com celeri<strong>da</strong><strong>de</strong>, mas comto<strong>da</strong> a segurança, <strong>de</strong> forma a garantir ao empreendimento êxito em to<strong>da</strong>s as etapas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> aconcessão <strong>da</strong> Licença Prévia (LP) até a Licença <strong>de</strong> Operação (LO), passando pela Licença <strong>de</strong>Instalação (LI) e todos os procedimentos que <strong>de</strong>vem ser adotados em nível <strong>de</strong> estudostécnicos com relação a potenciais impactos no meio ambiente (AIA, EIA/RIMA,indispensavelmente).Como a formali<strong>da</strong><strong>de</strong> para se permitir a instalação e ou expansão <strong>de</strong> uma empresageradora <strong>de</strong> impactos relevantes centra-se nos estudos que implicam a Avaliação <strong>de</strong> ImpactosAmbientais (AIA), direcionados para os impactos no solo, aqüíferos, ar, fauna, flora, tráfego,propagação <strong>de</strong> sons, acervos culturais e monumentos naturais, enfim, nos bens <strong>da</strong> natureza enos <strong>de</strong> origem social, bem <strong>como</strong> no EIA/RIMA, e, especificamente, nas exigências conti<strong>da</strong>snas LP, LI, LO, LOC, TAC, PCA, os quais, somados à busca por resultados econômicos eurbanísticos positivos para a ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, além <strong>da</strong> adoção <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s compensatórias, resultam naminimização dos impactos negativos, ao se direcionem ao <strong>de</strong>senvolvimento socioeconômicolocal e à promoção <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> urbana com quali<strong>da</strong><strong>de</strong>. O mesmo se aplica ao setor rural.Ao se falar em Direito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> empresacontemporânea, há o risco pleonástico, o risco <strong>da</strong> redundância, consi<strong>de</strong>rando-se que nenhuma


177empresa <strong>de</strong> médio para gran<strong>de</strong> porte atua hoje no mercado sem contar em sua equipemultidisciplinar <strong>de</strong> gestores com um consultor jurídico especializado na área <strong>de</strong> meioambiente. Guar<strong>da</strong><strong>da</strong>s as proporções naturais, é <strong>como</strong> se o cirurgião fosse para umaintervenção <strong>de</strong> porte sem o anestesista e, ele próprio, se encarregasse <strong>da</strong>s duas funçõessimultaneamente. Obviamente, seria um <strong>de</strong>sastre.A complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s normas ambientais, esculpi<strong>da</strong>s tanto na CF/88 <strong>como</strong> em fartalegislação infraconstitucional, ao lado do fato <strong>de</strong> o Direito Ambiental não se encontrarcodificado, exige maior cui<strong>da</strong>do ain<strong>da</strong> com a matéria. Nas três últimas déca<strong>da</strong>s do séculopassado, <strong>de</strong> modo especial nos anos 1980 e 1990, inúmeros advogados especializaram-se emDireito Ambiental para fazer face à crescente <strong>de</strong>man<strong>da</strong> do mercado por profissionais com essaqualificação.Levando-se em conta que, em termos globais, as questões ambientais ganharamamplitu<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rável, inicialmente na Europa, logo após o término <strong>da</strong> II Guerra Mundial(1939-45), espalhando-se, em segui<strong>da</strong>, rapi<strong>da</strong>mente, por todo o planeta, e, hoje, fazem parte<strong>da</strong>s preocupações cotidianas <strong>de</strong> expressiva parcela <strong>da</strong> população mundial, que propugna pelo<strong>de</strong>senvolvimento sustentável, tudo leva a crer que o homem elegeu este pleito <strong>como</strong> uma <strong>de</strong>suas priori<strong>da</strong><strong>de</strong>s, para a qual não <strong>de</strong>fine limites temporais, nem po<strong>de</strong>rá ou <strong>de</strong>verá fazê-lo, atémesmo por coerência.Po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>r do panorama atual e dos cenários projetados para o futuro que ointeresse pela sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> não só é <strong>de</strong> natureza permanente, assim <strong>como</strong> mereceráconstantes estudos do Direito Positivo para o aperfeiçoamento <strong>da</strong>s normas. As disponíveis, nomomento, têm condições <strong>de</strong> garantir, contudo, o que propugna a Carta Magna brasileira, sea<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>mente aplica<strong>da</strong>s pelo Po<strong>de</strong>r Público, com o concurso dos operadores do DireitoAmbiental nas empresas e <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, com o objetivo <strong>de</strong> fazer valer o seu art. 225, caput:“Todos têm <strong>direito</strong> ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem <strong>de</strong> uso comum dopovo e essencial à sadia quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, impondo-se ao Po<strong>de</strong>r Público e à coletivi<strong>da</strong><strong>de</strong> o<strong>de</strong>ver <strong>de</strong> <strong>de</strong>fendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”Para tal, contudo, são necessários esforços que <strong>de</strong>ságüem no interesse econscientização <strong>da</strong>s empresas, do Po<strong>de</strong>r Público e do restante <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil organiza<strong>da</strong>para a importância <strong>da</strong> implementação <strong>da</strong>s normas ambientais no dia-a-dia <strong>da</strong>s organizaçõeseconômicas, <strong>da</strong> administração pública e <strong>da</strong>s pessoas em geral. Nas empresas, com os gestoresdo processo <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>ambiental</strong>, <strong>de</strong>ntre eles, o operador do Direito Ambiental. Naadministração pública, com os órgãos responsáveis pelo licenciamento dos empreendimentose sua fiscalização, em consonância com as normas legais e os limites econômico-financeiros


178<strong>da</strong>s empresas. Na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> em geral, com o acatamento <strong>da</strong>s normas, promoção <strong>da</strong>educação <strong>ambiental</strong> – que também é <strong>de</strong>ver constitucional do Estado – e <strong>de</strong>cisiva participaçãona construção <strong>de</strong> uma postura efetivamente comprometi<strong>da</strong> com o interesse geral <strong>de</strong> emprestarquali<strong>da</strong><strong>de</strong> ao meio ambiente, conservando-o, preservando-o e o recuperando no que foiafetado, quando técnica e economicamente viável, ou, ain<strong>da</strong>, adotando práticas <strong>de</strong> promoção<strong>ambiental</strong>. Afinal, todos po<strong>de</strong>m ser voluntários em iniciativas contra a <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção <strong>ambiental</strong>,a começar pela redução do consumo <strong>de</strong> bens e <strong>de</strong> serviços em níveis <strong>de</strong>snecessários,conquanto excessivos, indo até projetos <strong>de</strong> melhoria <strong>ambiental</strong>, <strong>como</strong> plantio <strong>de</strong> mais espéciesarbóreas, emprego <strong>de</strong> fontes naturais <strong>de</strong> energia e comedimento no uso <strong>de</strong> recursos naturais.Os 13 processos <strong>de</strong> licenciamento aqui analisados, com suas medi<strong>da</strong>s mitigadoras ecompensatórias e planos <strong>de</strong> controle <strong>ambiental</strong>, <strong>de</strong>finidos que foram pelo Po<strong>de</strong>r Público,assim <strong>como</strong> as 14 empresas <strong>de</strong> distintos setores econômicos pesquisa<strong>da</strong>s sobre as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>sque <strong>de</strong>senvolvem na promoção socio<strong>ambiental</strong>, com vistas à sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, espelham o quevem ocorrendo no País em termos <strong>de</strong> avanços na aplicação dos conhecimentos sobre a normalegal para a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>ambiental</strong>.As ações <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s pelas 13 empresas que passaram por processo <strong>de</strong>licenciamento e <strong>da</strong>s 14 organizações que atuam no mercado há mais tempo e vêm sesubmetendo a renovações <strong>da</strong> Licença <strong>de</strong> Operação (LO) <strong>de</strong>monstram que o atendimento àsnormas legais insere ingredientes que extrapolam o campo <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>ambiental</strong> e resvalampara o atendimento <strong>de</strong> condicionantes que suprem a ausência do Po<strong>de</strong>r Público em obras quepo<strong>de</strong>m reduzir impactos em áreas urbanas e rurais e, simultaneamente, melhorar as condições<strong>da</strong> infra-estrutura, tanto nas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s quanto no campo, o que <strong>de</strong>veria ser <strong>da</strong> exclusivaresponsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do Estado.Também neste ponto são fun<strong>da</strong>mentais a acurácia e o <strong>de</strong>scortino do gestor jurídico, aotrabalhar com o Direito Ambiental, tanto nos licenciamentos para instalação e início <strong>de</strong>operação quanto nos <strong>de</strong> renovação para que os empreendimentos se mantenham operando.Não há, na legislação, limitadores ao que o Po<strong>de</strong>r Público, inclusive nos casos em que éexigi<strong>da</strong> a Audiência Pública, e sobretudo nestes, po<strong>de</strong> impor ao empreendimento, <strong>como</strong>medi<strong>da</strong>s compensatórias. Cabe, assim, tanto aos especialistas <strong>da</strong>s áreas próprias <strong>de</strong> atuação <strong>de</strong>ca<strong>da</strong> empresa, bem <strong>como</strong> urbanistas e engenheiros agrônomos, respectivamente para questõesrelativas à ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e ao campo, trabalharem em comunhão com o operador do DireitoAmbiental, que, inclusive, <strong>de</strong>verá se valer do princípio <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> econômica(contributiva) do empreen<strong>de</strong>dor para que não se exija, <strong>como</strong> condicionantes, mais do que oprojeto suporte.


179Não obstante tais cui<strong>da</strong>dos, o Direito Ambiental <strong>de</strong>verá nortear osempreendimentos <strong>de</strong> acordo com o que está esculpido na CF/88, art. 170, caput, e incisos:“A or<strong>de</strong>m econômica, fun<strong>da</strong><strong>da</strong> na valorização do trabalho humano e na livreiniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames <strong>da</strong>justiça social, observados os seguintes princípios: soberania nacional; proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>priva<strong>da</strong>; função social <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>; livre concorrência; <strong>de</strong>fesa do consumidor;<strong>de</strong>fesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conformeo impacto <strong>ambiental</strong> dos produtos e serviços e <strong>de</strong> seus produtos <strong>de</strong> elaboração eprestação (grifo nosso); redução <strong>da</strong>s <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s regionais e sociais; busca dopleno emprego; tratamento favorecido para as empresas <strong>de</strong> pequeno porteconstituí<strong>da</strong>s sob as leis brasileiras e que tenham sua se<strong>de</strong> administrativa no País.”Desse modo, consi<strong>de</strong>rando-se a crise fiscal do Estado, cuja capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> investimentoestá, efetivamente, aquém <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s sociais do País, <strong>de</strong> modo especial <strong>da</strong>s cama<strong>da</strong>smais pobres <strong>da</strong> população, tantos as empresas já instala<strong>da</strong>s quanto os novos empreendimentostêm papel relevante no atendimento do que dispõe a Carta Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988, no que tange àor<strong>de</strong>m econômica e financeira. Saliente-se que muitas empresas vêm operando nessa direçãohá longo tempo, sobremaneira na área socio<strong>ambiental</strong>, bem anteriormente ao tratamentocui<strong>da</strong>doso que a CF/88 reservou ao meio ambiente, no Capítulo V, art. 225, caput e incisos.Mas, nem sempre o caminho é tranqüilo para as empresas. Segundo José Afonso <strong>da</strong>Silva 98 , as fontes tributárias, os fundos públicos, os programas <strong>de</strong> financiamento, todos,<strong>instrumento</strong>s jurídicos <strong>de</strong> captação <strong>de</strong> recursos para o financiar as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s urbanísticasempreendi<strong>da</strong>s pelo Po<strong>de</strong>r Público, especialmente o municipal, são <strong>de</strong> naturezas diversas,sujeitando-se basicamente ao regime <strong>de</strong> Direito Público, mas, também, ao <strong>de</strong> Direito Privado.Assim, quando uma empresa <strong>de</strong>seja se instalar ou expandir seus negócios construindoem um espaço maior, ou modificando a sua atual estrutura, <strong>como</strong> entra<strong>da</strong>s, colocação <strong>de</strong>coberturas, inclusive toldos, tem assumido, nessas operações, diversas obrigações que seriamdo Po<strong>de</strong>r Público, ao argumento <strong>de</strong> serem medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> compensação <strong>ambiental</strong> doempreendimento. A colocação <strong>de</strong> um simples toldo po<strong>de</strong> representar <strong>de</strong>sembolsos <strong>de</strong> vulto naexecução, por exemplo, <strong>de</strong> uma obra viária: a abertura, pavimentação e implantação <strong>da</strong>s re<strong>de</strong>s<strong>de</strong> drenagem pluvial, <strong>de</strong> abastecimento d’água e <strong>de</strong> esgoto ao longo <strong>de</strong> um quarteirão, algo emtorno <strong>de</strong> 100m <strong>de</strong> extensão e área <strong>de</strong> aproxima<strong>da</strong>mente 1.000m 2 . Po<strong>de</strong> ocorrer, assim, aexigência <strong>da</strong> adoção <strong>de</strong> uma medi<strong>da</strong> compensatória <strong>de</strong>sproporcional ao impacto provocadopela colocação do toldo, que teria se baseado no argumento, no caso <strong>de</strong> um restaurante, queele estaria, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, ampliando a sua área – o que efetivamente po<strong>de</strong> até ocorrer – e, com98 DA SILVA, José A. Direito Urbanístico Brasileiro. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Malheiros, 2000, p.439-440.


180isso, gerando maior impacto sonoro, na emissão <strong>de</strong> gases na atmosfera e na circulação <strong>de</strong>veículos. Ain<strong>da</strong> assim, talvez uma medi<strong>da</strong> excessiva. Novamente, a participação do gestorjurídico <strong>da</strong> empresa, valendo-se do Direito Ambiental, que tem raízes em outras áreas doDireito, <strong>como</strong> no Administrativo, Comercial, Econômico, Tributário, Trabalhista, Civil ePenal, afora o Constitucional, será vital para que, ain<strong>da</strong> na obtenção <strong>da</strong> Licença Prévia (LP),qualquer condicionante aventa<strong>da</strong> pelo Po<strong>de</strong>r Público possa ser objeto <strong>de</strong> negociação. Se for ocaso <strong>de</strong> empreendimentos potencialmente geradores <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s impactos ambientais, e queexigirão a Audiência Pública, o gestor jurídico <strong>de</strong>verá estar à frente <strong>de</strong> uma equipemultidisciplinar <strong>de</strong> especialistas, para a sustentação oral <strong>da</strong> posição <strong>da</strong> empresa.Destarte, para um empreen<strong>de</strong>dor do final do século XX e <strong>de</strong>ste início <strong>de</strong> milênio, oDireito Ambiental, que po<strong>de</strong>ria ter sido oneroso a ele no passado, é, na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, uminvestimento para vencer o excesso <strong>de</strong> burocracia nos processos licenciatórios e negociar aatenuação <strong>de</strong> condicionantes, em nível <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s compensatórias, muitas vezes<strong>de</strong>sproporcionais à dimensão do empreendimento e aos impactos ambientais projetadosquando <strong>de</strong> sua entra<strong>da</strong> em operação ou expansão.A<strong>de</strong>mais, o Brasil projeta-se no cenário internacional pelo riquíssimo or<strong>de</strong>namentonormativo <strong>de</strong> Direito Ambiental <strong>de</strong> que dispõe, a tutelar praticamente qualquer ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>humana, elaborado que foi em virtu<strong>de</strong>, principalmente, <strong>de</strong> pretéritas intervençõesinconseqüentes no meio ambiente, que <strong>de</strong>ixaram um passivo <strong>ambiental</strong> praticamenteirrecuperável, <strong>como</strong> no caso <strong>da</strong> Mata Atlântica, que correspon<strong>de</strong>, na atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, a pouco mais<strong>de</strong> 3% do que era quando aqui chegaram os portugueses em 1500.Com isso, a legislação <strong>ambiental</strong> brasileira, presente no dia-a-dia <strong>da</strong>s pessoas, ain<strong>da</strong>que somente aos poucos elas comecem a ter consciência <strong>de</strong>sse processo que embute em suaessência a própria preservação humana, inseriu-se na gestão <strong>da</strong>s organizações, <strong>de</strong> tal sorte queconselhos <strong>de</strong> administração, consultivos e fiscais, além <strong>de</strong> executivos <strong>de</strong> primeiro nível,assimilaram, rapi<strong>da</strong>mente, a conveniência <strong>de</strong> o Direito Ambiental situar-se no patamar <strong>de</strong>gestão <strong>da</strong> empresa. Da empresa contemporânea, volta<strong>da</strong> não só para o que preconizavam osvelhos manuais <strong>de</strong> administração, ain<strong>da</strong> hoje importantes do ponto <strong>de</strong> vista capitalista, emboratambém o capitalismo já tenha mu<strong>da</strong>do a sua postura frente ao interesse e à valorização que aopinião pública conferiu às questões ambientais. Fala-se, agora, <strong>de</strong> crescimento sustentável,<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento com promoção socio<strong>ambiental</strong>. Fala-se <strong>de</strong> sustentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Fala-se noDireito Ambiental <strong>como</strong> <strong>instrumento</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>da</strong> empresa contemporânea.


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