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construindo a cidadania: avanços e limites do ... - Inclusive Cities

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Uma demonstração pública histórica é a de seis de setembro de 1991, onde oscata<strong>do</strong>res sairam em passeata até a Câmara Municipal (na época localizada à ruaTamoios) onde acontecia o “Seminário sobre Coleta Seletiva de Lixo em BeloHorizonte”. Os cata<strong>do</strong>res temiam que a Prefeitura contratasse uma empreiteirapara realizar a coleta seletiva na cidade, retiran<strong>do</strong>, assim, <strong>do</strong>s cata<strong>do</strong>res a suafonte de sobrevivência. 82 Assim, a aludida passeata era um momento dereivindicação, um momento de mostrar à cidade que o trabalho <strong>do</strong> cata<strong>do</strong>rcumpria uma importante função ecológica. E os cata<strong>do</strong>res conseguem que aPrefeitura recuasse na sua intenção de implantação <strong>do</strong> projeto de um projeto decoleta seletiva terceirizada. Nessa passeata, os cata<strong>do</strong>res lançaram a suaprimeira camiseta. Dona Geralda relembra: “a primeira luta foi para que apopulação reconhecesse nós como trabalha<strong>do</strong>r. A gente teve até que usar camisavermelha prá ser visto na rua e escrito COLETA SELETIVA, ESSE É O NOSSOPAPEL. A cor vermelha era prá chamar atenção que nós tava na rua e que nósera trabalha<strong>do</strong>r “. 83No contato que vai se travan<strong>do</strong> entre cata<strong>do</strong>res e a administração pública,observa-se que, pouco a pouco, a relação começa por se humanizar e que asreivindicações <strong>do</strong>s cata<strong>do</strong>res começam a encontrar alguma ressonância. Ostécnicos da Secretaria Municipal de Ação Comunitária, responsáveis pelocadastramento <strong>do</strong>s cata<strong>do</strong>res (1989), começam a perceber a relação deexpoliação a que os cata<strong>do</strong>res estavam submeti<strong>do</strong>s, conforme atesta o relatórioda pesquisa. O ex-chefe da Divisão de Limpeza Pública de Venda Nova, recordaque o diretor da Regional Centro-Sul dessa época tentava “...conversar, chegavalá e comprava o material <strong>do</strong> pessoal. ‘ Quanto é que vocês acham que tem aqui?Ah, tem tantos quilos? Então me dá isso aí, é meu, bota em cima <strong>do</strong> caminhão’.82 Birkbeck, assim registra os riscos que a modernização traz à atividade de catação: “ifmodernization were to come, then the garbage pickers would not be able to participate, owing totheir lack of access to the means of production – the garbage itself, and the capital necessary totechnify its recuperation. Whilst the future of recuperation is assured, that of garbage picking is not“ (1978:1175).83 Entrevista em 14/08/01.61

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