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construindo a cidadania: avanços e limites do ... - Inclusive Cities

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serem libera<strong>do</strong>s, quan<strong>do</strong> conseguem comprovarem, através dedepósitos e número de carrinhos que são cata<strong>do</strong>res de papel. (...)Alguns citaram, 6,5% (sic) dificuldades com as formiguinhas, porquetêm que separar o papel na própria rua”(p.5).De fato o cotidiano de trabalho <strong>do</strong>s cata<strong>do</strong>res era extremamente dificulta<strong>do</strong> pelaação da Prefeitura, nas chamadas “operações limpeza” . Essas operações eram oresulta<strong>do</strong> tanto da pressão colocada pelas reclamações da população quanto àlimpeza das ruas, quanto da própria racionalidade técnica que permeava oimaginário <strong>do</strong>s funcionários da limpeza urbana, que viam a sua ação comosanea<strong>do</strong>ra, como imbuídas de ideais, digamos, higienistas. Chalhoub, referin<strong>do</strong>seà erradicação <strong>do</strong>s cortiços no Brasil Imperial, observa que a alegação de“cientificidade” dessas ações “...traz sempre em seu cerne a violência contra a<strong>cidadania</strong>” (1996:58). No caso dessas operações da SLU, o suporte legal eraencontra<strong>do</strong> no próprio Regulamento de Limpeza Urbana (RLU) conforme registra<strong>do</strong>cumento de circulação interna de 1979:O trabalho exerci<strong>do</strong> por esses indivíduos prejudica a SLU,atrapalhan<strong>do</strong> em quase a sua totalidade, a preparação da limpezade Belo Horizonte. Estatui o Regulamento de Limpeza urbana daSLU, em seu artigo 25, “in verbis”: “o lixo apresenta<strong>do</strong> à coletaconstitui propriedade exclusiva da Superintendência de LimpezaUrbana – SLU. 51Portanto, é dentro dessa ótica – <strong>do</strong> lixo enquanto patrimônio exclusivo da SLU 52 –que se justificavam, à época, as ações de retirada, muitas vezes violenta, <strong>do</strong>scata<strong>do</strong>res, já que os mesmos eram “...indivíduos simples, sem nenhumaorientação, que seriam incapazes de medir qualquer atitude para que pudessem51 Documento DI 004/ RD.52 “...se trabalhava muito no imediativo (sic) das coisas, ou seja, sujou, limpa, tira. O lixo é nosso,aquela coisa... O lixo não é de ninguém, o lixo é da SLU. Toda vez que tem o lixo a gente tem queir JÁ e limpar. Então a filosofia que eu assim dei de cara vin<strong>do</strong> para cá era (...) sujou, vamos limpar(...) não era mais nada <strong>do</strong> que isso: a gente tem que fazer é manter a cidade limpinha, era varrer aAfonso Pena dez vezes por dia, lavar a Afonso pena, era manter a cidade limpa, enfim...”Entrevista com funcionário da SLU, integrante <strong>do</strong> grupo responsável pela “Operação Cata<strong>do</strong>res”47

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