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construindo a cidadania: avanços e limites do ... - Inclusive Cities

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surgimento da idéia de que uma cidade poderia ser administrada com base emcritérios meramente técnico-científicos:...trata-se da crença de que haveria uma racionalidade extrínseca àsdesigualdades sociais urbanas, e que deveria nortear então acondução não-política, “competente”, “eficiente”, das políticaspúblicas. Essas duas crenças, combinadas, têm contribuí<strong>do</strong> muito,em nossa história, para a inibição <strong>do</strong> exercício da <strong>cidadania</strong>, quan<strong>do</strong>não para o genocídio mesmo de cidadãos (1996:20).Assim é, como registra Chalhoub, que a associação de pobreza e perigorepercutirá na história subsequente <strong>do</strong> Brasil.Apesar das várias mudanças na configuração <strong>do</strong> fenômeno da pobreza urbana,ao longo <strong>do</strong> século XX, “...<strong>do</strong>is traços foram permanentes: a naturalização e aestigmatização da pobreza” (Escorel, 1999:38). Ou seja, o fenômeno aparecerácomo desgarra<strong>do</strong> <strong>do</strong>s parâmetros que regem as relações sociais e como pólo deincivilidade.O lugar ocupa<strong>do</strong> pelos cata<strong>do</strong>res no imaginário social é o de pobre e marginal.Apesar da importante função ecológica por eles desempenhada – enquanto“...media<strong>do</strong>res na relação entre as sociedades e o meio ambiente” (Downs &Medina, 2000) - o descaso, o preconceito e a violência sempre permearam arelação da população e <strong>do</strong> poder público em relação à esse segmento.Trabalhan<strong>do</strong> de forma isolada e dispersa, vítimas da exploração <strong>do</strong>s grandesdepósitos que intermediam a venda <strong>do</strong>s recicláveis junto às indústrias, a autoimagemdesses indivíduos também reflete o estigma <strong>do</strong>s “não sujeitos” ou “précidadãos”(Telles,1992). Confundi<strong>do</strong>s com a matéria prima da qual eles extraem asua sobrevivência – o lixo -, a relação da sociedade com os cata<strong>do</strong>res sempreesteve impregnada <strong>do</strong>s estigmas associa<strong>do</strong>s ao lixo e aos pobres:Vivíamos sen<strong>do</strong> marginaliza<strong>do</strong>s, chama<strong>do</strong>s de vagabun<strong>do</strong>s, ladrões,ninguém, levava em conta o nosso trabalho. Éramos persegui<strong>do</strong>spela prefeitura e pela polícia (...) trabalhamos no sol e na chuva, sem42

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