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construindo a cidadania: avanços e limites do ... - Inclusive Cities

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mundana como um sinal divino 36 . Essa mudança na percepção da pobreza éacompanhada por diferentes classificações <strong>do</strong>s pobres em categoriasmerece<strong>do</strong>ras e não merece<strong>do</strong>ras de apoio , como ilustra a evolução na Inglaterradaquilo que veio a ser denomina<strong>do</strong> de Leis <strong>do</strong>s Pobres 37 . A figura <strong>do</strong> vadio,emerge no contexto das sociedades pré-industriais, assim como as primeiras leisde vadiagem 38 .No Brasil, a estigmatização <strong>do</strong>s pobres como “vadios” é um da<strong>do</strong> que remonta aoperío<strong>do</strong> colonial. Como nos relata Patto, desemprega<strong>do</strong>s e subemprega<strong>do</strong>saparecem nos relatórios oficiais como “vadios” e “incansáveis parasitas”,bastan<strong>do</strong> “...ser pobre, não-branco, desemprega<strong>do</strong> ou insubmisso para estar sobsuspeita e cair nas malhas da polícia”(1999:175).O processo de desqualificação <strong>do</strong>s pobres 39 na Primeira República, nos lembraPatto, encontrou um forte alia<strong>do</strong> na ciência da época, principalmente com omovimento higienista. A pobreza “...passou a significar sujeira, que significa<strong>do</strong>ença, que significava degradação, que significa imoralidade, que significasubversão” (1999:184).Chalhoub, ao analisar a destruição, em 1893, <strong>do</strong> mais famoso cortiço carioca <strong>do</strong>século XIX o Cabeça de Porco, localiza <strong>do</strong>is pontos fundamentais que situa esseepisódio como emblemático de toda uma forma de gestão das diferenças sociaisna cidade. O primeiro ponto, seria a construção da noção de que “classes pobres”e “classes perigosas” descreveriam a mesma “realidade”. O segun<strong>do</strong>, refere-se ao36 A Revolução Industrial, encontrará nessa mudança da representação social da pobreza orespal<strong>do</strong> necessário ao estabelecimento de regulamentos punitivos e criminalizantes (Escorel,1999:34).37 As Leis <strong>do</strong>s Pobres, na Inglaterra, remontam aos tempos elisabetanos. A Lei <strong>do</strong>s Pobres de1834, por exemplo, classificava os pobres nas seguintes categorias: (1) os velhos everdadeiramente incapazes; (2) as crianças; (3) as mulheres com capacidade física e (4) oshomens com capacidade física, sen<strong>do</strong> este último, o grupo considera<strong>do</strong> como o mais“...moralmente defeituoso e considera<strong>do</strong> menos merece<strong>do</strong>r de apoio”(Snow & Anderson, 1998:28).Sobre as Leis <strong>do</strong>s Pobres, ver também Bresciani (1982).38 Snow & Anderson (1998:30) e Escorel (1999:34).39 Para uma discussão pormenorizada desse processo de desqualificação <strong>do</strong> pobre na PrimeiraRepública e o papel justifica<strong>do</strong>r da ciência da época, ver Patto (1999). Para uma discussão dagestão higiênica da miséria ver também os trabalhos de Chalhoub (1996) e Rago (1987).41

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