13.07.2015 Views

construindo a cidadania: avanços e limites do ... - Inclusive Cities

construindo a cidadania: avanços e limites do ... - Inclusive Cities

construindo a cidadania: avanços e limites do ... - Inclusive Cities

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

social exclusion and harassment from official<strong>do</strong>m (1997:2) 34 . Ainda se referin<strong>do</strong>aos trapeiros parisienses, a autora observa que uma imagem socialextremamente negativa reforçava e sustentava a marginalização <strong>do</strong>s trapeirosparisienses, sen<strong>do</strong> os mesmos retrata<strong>do</strong>s como vagabun<strong>do</strong>s e bárbaros, sen<strong>do</strong>constantemente responsabiliza<strong>do</strong>s pelas <strong>do</strong>enças da sociedade: a violência einsegurança urbana, roubos e epidemias (p.3). Como coloca<strong>do</strong> por Douglas, “...areação à sujeira é contínua com outras reações à ambiguidade ouanormalidade...” e o reconhecimento dessa anormalidade ou anomalia “...conduzà ansiedade e daí ao ato de suprimir ou evitar”(1976:15-16).Séculos e séculos mais tarde a história se repete: tanto em Madras quanto emSão Paulo, no Cairo quanto em Medéllin, em Manila quanto na cidade <strong>do</strong> México,aqueles que vivem das sobras humanas vêm sen<strong>do</strong> retrata<strong>do</strong>s como os párias dasociedade. Em Cali, Colômbia eles são apelida<strong>do</strong>s de urubus. Também na línguainglesa eles eram designa<strong>do</strong>s como urubus (“scavengers”). A substituição <strong>do</strong>termo “scavenger” por “waste picker”, pela comunidade científica de línguainglesa é relativamente recente. Só recentemente, também é que o fenômeno dacatação passou a ser estuda<strong>do</strong> e valoriza<strong>do</strong> pelo seu potencial ecológico e social.Falar <strong>do</strong> lugar ocupa<strong>do</strong> pelos cata<strong>do</strong>res no imaginário social, implica,necessariamente, em falar, mesmo que muito sucintamente, sobre osestereótipos historicamente atribuí<strong>do</strong>s à figura <strong>do</strong> pobre 35 .A substituição da idealização da pobreza (o seu senti<strong>do</strong> religioso e de redenção),característica da idade média, começa a se operar a partir <strong>do</strong> século XIV com adisseminação da ética protestante, que denegria a pobreza e valorizava a riqueza34 Tradução: Os trapeiros de Paris sempre foram despreza<strong>do</strong>s e marginaliza<strong>do</strong>s como a castamais baixa, submeti<strong>do</strong>s à exclusão social e à perseguição oficial.35 Para uma discussão sobre as representações sociais da pobreza e o lugar ocupa<strong>do</strong> pelo ‘pobre’nas hierarquias simbólicas da sociedade, ver Escorel (1999). Ver também Patto (1999), Rago(1987) e Chalhoub (1996) e o panorama histórico <strong>do</strong> desabrigo e da pobreza traça<strong>do</strong> por Snow (1998 ).40

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!