13.07.2015 Views

construindo a cidadania: avanços e limites do ... - Inclusive Cities

construindo a cidadania: avanços e limites do ... - Inclusive Cities

construindo a cidadania: avanços e limites do ... - Inclusive Cities

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

públicos o discurso relativo à ASMARE passa a enfatizar de tal forma odesenvolvimento autônomo da associação que acaba por gerar uma duplareação. Por um la<strong>do</strong>, surgem descontentamentos dentro não somente da SLU,mas também em outros níveis <strong>do</strong> governo e <strong>do</strong> próprio gabinete <strong>do</strong> Prefeito emrelação ao não reconhecimento <strong>do</strong> papel desempenha<strong>do</strong> pelo poder público. Poroutro la<strong>do</strong>, este discurso começou a provocar um sentimento, de certa formageneraliza<strong>do</strong>, de que a ASMARE já não precisava mais <strong>do</strong>s subsídios <strong>do</strong> governo,tanto dentro <strong>do</strong> governo, quanto fora dele. Aumentaram as consultas à equipetécnica <strong>do</strong> projeto por parte de associações de bairros (principalmente de vilas efavelas) e de outros grupos reivindicativos, que passaram a disputar incentivospara a implementação de programas de geração de renda através da reciclagem.Ou seja, a experiência passa a ser vítima da sua própria história de “sucesso”. Oque se vem perceben<strong>do</strong> é que a oferta de recicláveis vem, paulatinamente, semodifican<strong>do</strong> devi<strong>do</strong> ao fato da reciclagem se apresentar cada vez mais como umaalternativa – algo que o “sucesso” da ASMARE confere uma maior visibilidade -,haven<strong>do</strong> uma disputa não só por parte <strong>do</strong>s cata<strong>do</strong>res de depósitos, mas, também,dentro das empresas cada vez mais os funcionários de serviços gerais passam aser autoriza<strong>do</strong>s pela própria direção a venderem os recicláveis como forma decomplementar seus salários, sen<strong>do</strong> muito comum os técnicos da SLU ouviremdessas empresas que a “ASMARE já não precisa mais”.Uma nova mudança no discurso, poderia ser identificada a partir de 2000 quan<strong>do</strong>frente aos desafios e <strong>limites</strong> postos à ASMARE pela queda da produção derecicláveis e pela constatação de que ainda há uma dependência significativa damesma em relação aos subsídios municipais, passa-se a reconhecer, novamente,a contribuição <strong>do</strong> poder público caminhan<strong>do</strong> para uma posição de que este apoio<strong>do</strong> governo poderia ser fomenta<strong>do</strong>r da autonomia.A respeito <strong>do</strong>s movimentos sociais, Doimo (1995) observa a existência daquiloque ela chama de uma “sociabilidade altamente cambiante”, ou seja umaoscilação entre a negação e a afirmação da institucionalidade política. Uma hora oque pre<strong>do</strong>mina é a dinâmica da atuação prática, outra hora é a face contesta<strong>do</strong>ra<strong>do</strong> movimento. No caso <strong>do</strong>s cata<strong>do</strong>res em questão, o movimento tem combina<strong>do</strong>ambas as faces: a sua face contesta<strong>do</strong>ra expressa-se nas marchas, nas168

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!