feita pelas equipes da SLU e Pastoral na fase inicial da parceria (duranteaproximadamente um ano anteceden<strong>do</strong> a implantação <strong>do</strong> galpão), na avaliaçãoda Pastoral de Rua “...não foi permiti<strong>do</strong>, até por uma questão <strong>do</strong> tempo político, otempo necessário aos cata<strong>do</strong>res para entender o significa<strong>do</strong> daquela mudança.Na verdade, nós criamos um campo de concentração, que foi extremamenteproblemático” 146 . A administração precisava, principalmente no início da primeiragestão petista, mostrar à cidade a sua capacidade de administrar os problemas: aquestão da triagem nas vias públicas era crítico, com sérios transtornos àmanutenção da limpeza urbana. As reclamações da população da presença decata<strong>do</strong>res na rua eram muitas 147 , assim, a implantação <strong>do</strong> galpão da Curitiba erauma prioridade em termos da limpeza urbana.Observa-se que a questão da menor identidade entre os usuários condicionouenormemente, pelo menos nos seus anos iniciais, a dinâmica participativa nestegalpão. O teci<strong>do</strong> relacional estabeleci<strong>do</strong> neste galpão, mais <strong>do</strong> que em nenhumoutro foi caracteriza<strong>do</strong>, inicialmente, por uma ambiguidade: de um la<strong>do</strong> relaçõesde afeto e solidariedade e, <strong>do</strong> outro, hostilidades e brigas ( roubos de pertencespessoais, disputas por espaços nos boxes, ciúmes, agressões físicas, nãocooperação nas tarefas coletivas, tentativas de lesar a associação como, porexemplo, a colocação de objetos pesa<strong>do</strong>s entre os recicláveis para que o far<strong>do</strong>pese mais). Situações que reproduzem o clima de incerteza e desconfiançaprevalescente nas ruas. Não que isso não ocorresse nos outros galpões, masnesse a sua intensidade era maior. O sentimento mais generaliza<strong>do</strong>, entre osusuários desse espaço, era o de lhe ser alheio, um sentimento quase de ser umestrangeiro dentro dele.Mas, no entanto, o cotidiano é capaz de atribuir, pouco a pouco, novossignifica<strong>do</strong>s aos espaços habita<strong>do</strong>s e novas sociabilidades são construídas. Aqui,a contribuição de Rocha e Oliveira traz pontos significativos para se pensar o146 Entrevista com membro da Pastoral de Rua, 10/07/01.147 Somente em junho de 1994, a equipe da SLU respondeu a 36 reclamações escritas e 70 portelefone. Fonte: Relatório Parcial – Pesquisa Cata<strong>do</strong>res de Material Reciclável, arquivoCEMP/SLU.132
teci<strong>do</strong> relacional nos galpões quan<strong>do</strong> nos fala da sociabilidade enquanto uma“...experiência de ação e/ou representação social que envolve direta ouindiretamente outros indivíduos, de forma consciente ou inconsciente, e cujacaracterística principal é a ritualização <strong>do</strong> cotidiano (grifo no original), isto é areatualização da vida social no cotidiano, seja como processo de construção denovas identidades, seja como processo simbólico de construção de um novoterritório (real ou imaginário) no plano da vida urbana” (1997:61).Observa-se, hoje, que os cata<strong>do</strong>res deste galpão já assimilaram mais a lógica daparticipação, já que as brigas entre eles e mesmo a resistência frente às tarefascoletivas reduziram-se dramaticamente. Isso vem contribuin<strong>do</strong> para ofortalecimento de laços de cooperação e para a formação de uma maioridentificação com o coletivo de associa<strong>do</strong>s da ASMARE. Uma série de fatoresvem contribuin<strong>do</strong> para isso: a alocação estratégica de cata<strong>do</strong>res históricos nestegalpão, um acompanhamento cotidiano nos primeiros anos da equipe social daPastoral de Rua e da SLU, o repasse gradual <strong>do</strong> gerenciamento para os próprioscata<strong>do</strong>res, a rotinização das assembléias mensais <strong>do</strong> galpão e o próprioamadurecimento <strong>do</strong>s cata<strong>do</strong>res que ali foram absorvi<strong>do</strong>s, em relação à práticacoletiva.O galpão da Itambé, inaugura<strong>do</strong> em 1996 e desativa<strong>do</strong> em novembro de 2001, foiinaugura<strong>do</strong> para atender um grupo de cata<strong>do</strong>res (cerca de 15 à época) quetriavam material na chamada área <strong>do</strong> Perrela, um antigo ponto crítico de triagemna rua, objeto de inúmeras reclamações por parte da população da região devi<strong>do</strong>à sujeira <strong>do</strong> local. Neste galpão funcionava, também, somente a coleta por traçãohumana responden<strong>do</strong> por cerca de 4% da produção de recicláveis. O cata<strong>do</strong>r queé um <strong>do</strong>s coordena<strong>do</strong>res <strong>do</strong> galpão, reporta a diferença desse galpão em relaçãoaos outros: “ ...aqui é sempre mais trabalho, eles não ligam assim muito pra festa.O negócio deles é trabalho e o cata<strong>do</strong>r não pode só trabalhar. Tem que participardas coisas, tem que saber o que está acontecen<strong>do</strong>. O povo só pensa emtrabalho” 148 . Apesar da incidência de brigas sempre ter si<strong>do</strong> menor, o associa<strong>do</strong>deste galpão participa menos <strong>do</strong>s momentos celebratórios e de luta da148 Entrevista de Cláudio, 21/08/01.133
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