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construindo a cidadania: avanços e limites do ... - Inclusive Cities

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na ASMARE. Isso se expressa em afirmações frequentes feitas pelos cata<strong>do</strong>resde que o “galpão é minha casa”. Como observa Sanchis, estamos longe, no casoda ASMARE, “...<strong>do</strong> esquema friamente racional das relações de assalariamentocuja universalização constitui o horizonte habitual <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s sobre o trabalho noPrimeiro Mun<strong>do</strong>. (...) Aqui, não é possível separar rigidamente o espaço <strong>do</strong>‘trabalho’, como lugar da produção, <strong>do</strong> locus <strong>do</strong> desenrolar da ‘vida’ na sua frágilplenitude” (2000:35).Este clima de “casa” é eiva<strong>do</strong>, no dia-a-dia, de conflitos, de formas diferentes dese relacionar com os espaços de trabalho. Como lembra um cata<strong>do</strong>r, o galpão“...é como se fosse uma comunidade e toda comunidade tem personalidadesdiferentes, né?” 131 São os associa<strong>do</strong>s os responsáveis pela manutenção dalimpeza <strong>do</strong>s galpões, participan<strong>do</strong> <strong>do</strong>s mutirões de limpeza, obedecen<strong>do</strong> a escalade lavação <strong>do</strong>s banheiros, varren<strong>do</strong> os pátios, ensacan<strong>do</strong> os rejeitos. No entanto,conseguir a participação de to<strong>do</strong>s nem sempre é fácil. Há aqueles que sãoespecialistas em driblar as escalas, tornan<strong>do</strong> o cotidiano de trabalho difícil parato<strong>do</strong>s e, principalmente, para os membros da diretoria e das comissões detrabalho.Brigas entre os associa<strong>do</strong>s acontecem, nos galpões e oficinas, por disputaspessoais, por conflitos gera<strong>do</strong>s a partir da apropriação indevida de áreascoletivas, por abuso de bebida alcoólica. O caso de um cata<strong>do</strong>r <strong>do</strong> galpão daCuritiba suspenso, por 6 meses, da ASMARE por problema crônico de bebida emserviço, é emblemático da complexidade <strong>do</strong> público integrante da Associação: “seeu sair da ASMARE, eu vou aprontar, vou pegar um revolver e sair atiran<strong>do</strong> poraí. No depósito é difícil, eu não vou dar conta” 132 . Essa história de vida, que não éúnica, dá conta da responsabilidade colocada sobre a ASMARE. Este cata<strong>do</strong>r sóconsegue ficar longe da marginalidade por estar na Associação. Dá para se teruma idéia <strong>do</strong> desafio enfrenta<strong>do</strong> pela ASMARE. Qual seja, o de se manter nummerca<strong>do</strong> da reciclagem cada vez mais competitivo e, ao mesmo tempo,compatibilizar a permanência daqueles indivíduos que vão fican<strong>do</strong> “para trás”, que131 Entrevista de Luiz Henrique, 21/08/01.132 Pedrão; reunião da coordenação colegiada (12/08/01)127

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