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A Escrava Isaura

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logo ao primeiro encontro a benevolência de todos.<strong>Isaura</strong> tornou-se imediatamente, não direi a mucama favorita, masa fiel companheira, a amiga de Malvina que, afeita aos prazerese passatempos da corte, muito folgou de encontrar tão boa e amávelcompanhia na solidão que ia habitar.- Por que razão não libertam esta menina? - dizia ela um dia àsua sogra. - Uma tão boa e interessante criatura não nasceu para ser escrava.- Tem razão, minha filha, - respondeu bondosamente a velha;- mas que quer você?... não tenho ânimo de soltar este passarinhoque o céu me deu para me consolar e tornar mais suportáveis aspesadas e compridas horas da velhice.E também libertá-la para quê? Ela aqui é livre, mais livre doque eu mesma, coitada de mim, que já não tenho gostos na vida nemforças para gozar da liberdade. Quer que eu solte a minha patativa? ese ela transviar-se por aí, e nunca mais acertar com a porta da gaiola?... Não,não, minha filha; enquanto eu for viva, quero tê-la sempre bempertinho de mim, quero que seja minha, e minha só. Você há de estardizendo lá consigo - forte egoísmo de velha! - mas também eu jápoucos dias terei de vida; o sacrifício não será grande. Por minha morteficará livre, e eu terei o cuidado de deixar-lhe um bom legado.De feito, a boa velha tentou por diversas vezes escrever seutestamento a fim de garantir o futuro de sua escravinha, de sua queridapupila; mas o comendador, auxiliado por seu filho com delongase fúteis pretextos, conseguia ir sempre adiando a satisfação do louvável esanto desejo de sua esposa, até o dia em que, fulminada por um ataquede paralisia geral, ela sucumbiu em poucas horas sem ter tido um sómomento de lucidez e reanimação para expressar sua última vontade.Malvina jurou sobre o cadáver de sua sogra continuar para com ainfeliz escrava a mesma proteção e solicitude que a defunta lhe haviaprodigalizado. <strong>Isaura</strong> pranteou por muito tempo a morte daquela quehavia sido para ela mãe desvelada e carinhosa; e continuou a ser escravanão já de uma boa e virtuosa senhora, mas de senhores caprichosos,devassos e cruéis.Capitulo 3Falta-nos ainda conhecer mais de perto a Henrique, o cunhado deLeôncio. Era ele um elegante e bonito rapaz de vinte anos, frívolo, estouvadoe vaidoso, como são quase sempre todos os jovens, mormentequando lhes coube a ventura de terem nascido de um pai rico. Nãoobstante esses ligeiros senões, tinha bom coração e bastante dignidade enobreza de alma. Era estudante de medicina, e como estava-se emférias, Leôncio o convidara a vir visitar a irmã e passar alguns dias em suafazenda.Os dois mancebos chegavam de Campos, onde Leôncio desde avéspera linha ido ao encontro do cunhado.Só depois de casado Leôncio, que antes disso poucas e brevesestadas fizera na casa paterna, começou a prestar atenção à extremabeleza e às graças incomparáveis de <strong>Isaura</strong>. Posto que lhe coubesse emsorte uma linda e excelente mulher, ele não se havia casado por amor,sentimento esse a que seu coração até ali parecia absolutamente

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