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A Escrava Isaura

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- Essa agora é bem lembrada! - retorquiu Rosa, altamentedespeitada. - Se tens saudades do tempo de <strong>Isaura</strong>, vai lá tirá-la doquarto escuro do tronco, onde ela está morando. Esse decerto ela nãohá de ter gosto para enfeitá-lo de flores.- Cala a boca, Rosa; olha que tu também lá podes ir parar.- Eu não, que não sou fujona.- Por que não achas quem te carregue, se não fugirias até com odiabo. Coitada da <strong>Isaura</strong>! uma rapariga tão boa e tão mimosa, tratadacomo uma negra da cozinha! e não tens pena dela, Rosa?- Pena por que, agora?... quem mandou ela fazer das suas?- Pois olha, Rosa, eu estava pronto a agüentar a metade do castigoque ela está sofrendo, mas na companhia dela, está entendido.- Isso pouco custa, André; é fazer o que ela fez. Vai, como ela,tomar ares em Pernambuco, que infalivelmente vais para a companhiade <strong>Isaura</strong>.- Quem dera!... se soubesse que me prendiam com ela, isso éque era um fugir. Mas o diabo é que a pobre <strong>Isaura</strong> agora vai deixar anós todos para sempre. Que falta não vai fazer nesta casa!...- Deixar como?- Você verá.- Foi vendida?...- Qual vendida!- Alheada?- Nem isso- Está forra?...- Que abelhuda!... Espera, Rosa; tem paciência um pouco, quehoje mesmo talvez você venha a saber tudo.- Ora ponha-se com mistérios... então o que você sabe os outrosnão podem saber?...- Não é mistério, Rosa; é desconfiança minha. Aqui em casa nãotarda a haver novidade grossa; vai escutando.- Ah! ah! - respondeu Rosa galhofando. - Você mesmo estácom cara de novidade.- Psiu!... bico calado, Rosa!... ai vem nhonhô.Pelo diálogo acima o leitor bem vê, que nos achamos de novo nafazenda de Leôncio, no município de Campos, e na mesma sala, emque no começo desta história encontramos <strong>Isaura</strong> entoando sua cançãofavorita.Cerca de dois meses são decorridos depois que Leôncio fora aoRecife apreender sua escrava. Leôncio e Malvina tinham-se reconciliado,e vindos da corte tinham chegado à fazenda na véspera. Alguns escravos,entre os quais se acham Rosa e André, estão asseando o soalho,arranjando e espanando os móveis daquele rico salão, testemunha impassíveldos mistérios da família, de tantas cenas ora tocantes e enlevadoras, oravergonhosas e sinistras, e que durante a ausência de Malvina se conservarasempre fechado.Qual é, porém, a sorte de <strong>Isaura</strong> e de Miguel, desde que deixaramPernambuco? que destino deu Leôncio ou pretende dar àquela?... porque maneira se reconciliou com sua mulher?Eis o que passamos a explicar ao leitor, antes de prosseguirmosnesta narrativa.

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