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A Escrava Isaura

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a soma convencionada.- Dez contos!... oh! - vinha ele pensando. - uma fortuna!agora sim, posso eu viver independente!... Adeus, surrados bancos deAcademia!... adeus, livros sebosos, que tanto tempo andei folheando àtoa!... vou atirar-vos pela janela a fora; não preciso mais de vós: meufuturo está feito. Em breve serei capitalista, banqueiro, comendador, barão,e verão para quanto presto!...E à força de multiplicar cálculos de usura e agiotagem, já Martinhohavia centuplicado aquela soma em sua imaginação.- Meu caro senhor Álvaro, - veio logo dizendo sem mais preâmbulos,- está tudo arranjado à medida de nossos desejos. Pode V. S.ª viver tranqüiloem companhia da gentil fugitiva, que daqui em diante ninguém mais o importunará.De feito o procedimento de V. S.ª nesta questão tem sido muito belo e dignode elogios; é próprio de um coração grande e generoso como o de V. S.ª. Nãose dá maiar desaforo! no cativeiro uma menina tão mimosa e tão prendada!...Agora aqui está a carta, que escrevo ao lorpa do sultãozinho. Prego-lhemeia dúzia de carapetões, que o hão de desorientar completamente.Assim falando, Martinho desdobrou a carta, e já começava a lê-la,quando Álvaro impacientado o interrompeu.- Basta, senhor Martinho, - disse-lhe com mau humor; - o negócioestá arranjado; não preciso mais de seus serviços.Arranjado!... como?...- A escrava está em poder de seu senhor.- De Leôncio!... impossível!- Entretanto, é a pura verdade; se quiser saber mais vá à polícia,e indague.- E os meus dez contos?...- Creio que não lhos devo mais.Martinho soltou um urro de desespero, e saiu da casa de Álvarocom tal precipitação, que parecia ir rolando pelas escadas abaixo.Descrever o mísero estado em que ficou aquela pobre alma, é empresaem que não me meto; os leitores que façam idéia.O cão faminto, iludido pela sombra, largou a carne que tinhaentre os dentes, e ficou sem uma nem outra.Capítulo 19- Olha como arranjas isso, Rosa; esta rapariga é mesmo umaestouvada; não tem jeito para nada. Bem mostras que não nascestepara a sala; o teu lugar é na cozinha.- Ora vejam lá a figura de quem quer me dar regras!... quem techamou aqui, intrometido? O teu lugar também não é aqui, é lá naestrebaria. Vai lá governar os teus cavalos, André, e não te intrometasno que não te importa.- Cala-te dai, toleirona; - replicou André mudando de lugaralgumas cadeiras. - O que sabes é só tagarelar. Não é aqui o lugardestas cadeiras... Olha como estão estes jarros!... ainda nem alimpasteos espelhos!... forte desajeitada e preguiçosa que és!... No tempo de<strong>Isaura</strong> andava tudo isto aqui que era um mimo; fazia gosto entrar-senesta sala. Agora, é isto. Está claro que não és para estas coisas.

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